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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS

MARINA REIS PIVA

Orientador: Ivan Felipe Silva dos Santos

Análise energética e econômica da gaseificação de resíduos sólidos urbanos da cidade de


Pouso Alegre

ITAJUBÁ
Abril de 2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Análise energética e econômica da gaseificação de resíduos sólidos urbanos da cidade de


Pouso Alegre

Trabalho final de graduação apresentado ao curso de


graduação em Engenharia Química para obtenção do
título de bacharel em Engenharia Química

MARINA REIS PIVA

Orientador: Ivan Felipe Silva dos Santos

ITAJUBÁ
Abril de 2019
Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais Eni e Angelo como gratidão ao apoio que sempre me
deram.
Agradecimentos

Agradeço a Deus, por ter me capacitado para concluir este trabalho.


Ao Ivan, por ter sido o melhor orientador que eu poderia ter.
À minha família por me apoiarem e torcerem pelo meu sucesso.
Aos meus amigos que me acompanharam nesse percurso e sobretudo à Verônica, por
ter me incentivado no início da caminhada.
RESUMO

Em meio às crescentes gerações de resíduos sólidos urbanos e à crescente demanda de


energia, o processo de valorização energética dos resíduos por meio de sua gaseificação e
queima dos gases combustíveis gerados revela-se como uma alternativa eficaz. O objetivo do
presente trabalho é avaliar os aspectos ambiental, econômico e energético da implantação de
um gaseificador para tratar os resíduos do município de Pouso Alegre (MG) e estudar
alternativas para a sua viabilização. Foi calculada a quantidade de resíduo passível de
gaseificação gerada pelos habitantes de Pouso Alegre e planejado dois cenários de
gaseificadores compatíveis com esta demanda. Elaborou-se um fluxo de caixa com base nas
receitas e despesas gerada pela aquisição e operação do equipamento e calculou-se o valor
presente líquido (VPL) do projeto, o qual o revelou inviável. Foram estudadas maneiras de
viabilizar o projeto, as quais passam pelo pagamento do investimento por parte da população,
da prefeitura da cidade, ou por iniciativas governamentais visando o aumento das receitas e
redução dos custos do projeto. Concluiu-se que sua instalação será possível e ambientalmente
benéfica para a região, caso haja interesse e colaboração por parte do governo, da população
ou das indústrias ali localizadas.

Palavras-chave: Resíduos sólidos urbanos, gaseificação e viabilidade econômica.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Geração total e per capta de RSU por ano.............................................................. 11


Figura 2 - Alcance do serviço de coleta seletiva no Brasil e em cada uma de suas regiões... 12
Figura 3 - Destino dos resíduos sólidos no Brasil em 2014 e 2015........................................ 13
Figura 4 - Exemplo de lixão.................................................................................................... 13
Figura 5 - Esquema de um aterro controlado. ........................................................................ 14
Figura 6 - Esquema de um aterro sanitário. ........................................................................... 15
Figura 7: Número de plantas de incineração e quantidade de lixo incinerado na Europa em
25
2106..........................................................................................................................................
Figura 8 - Esquema das etapas do processo de gaseificação, com as respectivas equações,
reagentes e
produtos............................................................................................................................. 27
Figura 9 - Gaseificador Co-corrente, detalhamento da garganta localizada na zona de
combustão e seus injetores de ar............................................................................................. 30
Figura 10 - Fluxograma do processo de gaseificação.............................................................. 31
Figura 11 - Gráficos da potência pelo tempo dos gaseificadores dos cenários 1 e 2............. 38
Figura 12 - Gráfico do número de habitantes do município em função do tempo.................. 41
Figura 13 - Vazão anual de resíduos emitida pela população de Pouso Alegre..................... 41
Figura 14 - Gráfico das fontes que geram a energia consumida pela população de Pouso
Alegre em 2020........................................................................................................................ 44
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação entre grau de desenvolvimento e análise gravimétrica dos resíduos gerados. 9
Tabela 2 - Estimativa da composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2008...... 9
Tabela 3 - Proporção de resíduos sólidos gerados em cada região do Brasil em 2015.................. 10
Tabela 4 - Vantagens e desvantagens do processo de incineração................................................. 22
Tabela 5 - Poder calorífico inferior (PCI) de alguns resíduos sólidos urbanos.............................. 24
Tabela 6 - Detalhes acerca das principais impurezas contidas nos gases de síntese...................... 33
Tabela 7 - População do município de Pouso Alegre em diferentes anos...................................... 35
Tabela 8 - Composição gravimétrica dos RSU da cidade de Itajubá – MG................................... 36
Tabela 9 - Parâmetros do CDR, gaseificador e motogerador utilizados...................................... 37
Tabela 10 - Custos das seções e equipamentos considerados no estudo........................................ 39
Tabela 11 - Consumo de potência e custo de instalação de cada seção do gaseificador para os
42
cenários 1 e 2.........................................................................................................................
Tabela 12 - Energia gerada pelo gaseificador no cenário 2 a cada ano........................................ 43
Tabela 13 - Faixa dos custos nivelados de energia das tecnologias de tratamento de RSU........... 45
Tabela 14 - Comparação entre os gaseificadores propostos pelos dois cenários .......................... 46
NOMENCLATURA

°C - Graus Celsius
ABES -Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
Abraceel - Associação brasileira dos comercializadores de energia
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
ANEEL - Agencia Nacional de Energia Elétrica
BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento
CDR - Combustível derivado de resíduos
CETESB – Companhia Tecnologia e Saneamento Ambiental
CEWEP - Confederation of European Waste-to-Energy plants
CH4 - Metano
CO - Monóxido de carbono
CO2 - Dióxido de carbono
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.
COPAM- Conselho Estadual de Política Ambiental
DEFRA - Department for Environment, Food and Rural Affairs
EPA – U.S. environmental protection agency
FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente
GLP - Gás liquefeito de petróleo
H2 - Hidrogênio
H2S - Gás sulfídrico
Hab - Habitantes
HCl - Ácido Clorídrico
HF - Ácido Fluorídrico
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Kg - Quilogramas
kW - Quilowatt
LCOE - Levelized Cost of Energy
MCI - Motores de combustão interna
MJ – Megajoule
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MWh - Megawatt-hora
N2 - Nitrogênio
NBR - Norma brasileira registrada
NH3 - Amônia
Nm³ - Normal metro cúbico
NOx - Óxido de nitrogênio
O2 - Oxigênio
PCI - Poder calorífico inferior
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Custódia
SOx - Óxido de enxofre
t- tonelada
TMA - Taxa mínima de atratividade
UNESP - Universidade Estadual Paulista
US$ - Dólares americanos
VPL - Valor presente líquido
WtE - Waste-to-Energy
XCMG - Xuzhou Construction Machinery Group
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 8
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ............................................................................. 8
2.1.1 Definição .................................................................................................................... 8
2.1.2 Composição típica ...................................................................................................... 8
2.1.3 Cenário Brasileiro .................................................................................................... 10
2.1.4 Política nacional de Resíduos Sólidos ..................................................................... 15
2.2 TECNOLOGIA PARA TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DOS RSU ................. 16
2.2.1 Aterro sanitário......................................................................................................... 16
2.2.1.1 Aspectos de um aterro sanitário ........................................................................ 16
2.2.1.2 Aproveitamento do biogás ................................................................................ 18
2.2.2 Incineração ............................................................................................................... 21
2.2.3 Gaseificação ............................................................................................................. 25
2.3 GASEIFICAÇÃO ........................................................................................................... 26
2.3.1 Tipos de gaseificadores ........................................................................................... 27
2.3.1.1Gaseificadores de leito fluidizado ..................................................................... 28
2.3.1.2 Gaseificadores de leito fixo .............................................................................. 28
2.3.2 Gaseificação de RSU ............................................................................................... 30
3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................. 35
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 41
4.1 CÁLCULO DA VIABILIDADE DO PROJETO NOS CENÁRIOS 1 E 2......41
4.2 ALTERNATIVAS PARA A VIABILIZAÇÃO DO PROJETO.......................45
5. CONCLUSÕES................................................................................................................... 48
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................49
7

1. INTRODUÇÃO
O aumento da produção de resíduos sólidos urbanos devido ao crescimento
populacional e ao crescimento da quantidade de resíduos produzida per capta tem levado todo
o planeta a enfrentar problemas de gestão e disposição final de tais materiais. Deste fato,
decorre a poluição do solo e dos cursos de água, a qual provoca problemas ambientais,
prejudica a fauna e a saúde humana.
Paralelo a isto, a elevação dos níveis de consumo leva a uma demanda de energia cada
vez maior por parte da população em geral e da indústria. Nesse âmbito, surge a necessidade
da busca de novas fontes de energia, já que os consolidados combustíveis fósseis, usados
atualmente para a geração, tem um fim anunciado, uma vez que são recursos não renováveis.
Além disto, a queima de tais combustíveis gera gases causadores do efeito estufa, um
problema relevante uma vez que já estão sendo sentidos seus efeitos, tais como a elevação da
temperatura, reflexo do aquecimento global.
Neste cenário, destaca-se o processo de gaseificação, que consiste na conversão de
materiais carboníferos ou orgânicos em um combustível gasoso, tecnologia que data do fim
do século XVIII (REED, 1981 apud CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008). Embora o processo
seja antigo, a ideia de utilizar como matéria prima os resíduos sólidos urbanos (RSU) é
recente e revela-se interessante, pois os materiais a serem gaseificados já se encontram
coletados e armazenados, sem que seja necessário comprá-los, ao mesmo tempo em que
proporciona uma destinação adequada aos resíduos. A utilização de tal método atende aos
objetivos sancionados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos de proteção a saúde pública
e a qualidade ambiental, tratamento dos resíduos sólidos, adoção de tecnologias limpas como
formas de minimizar impactos ambientais, redução do volume e da periculosidade dos
resíduos, gestão integrada de resíduos, entre outros (BRASIL, 2010).
O processo de gaseificação representa, portanto, uma forma muito eficaz de gerar
energia limpa e de tratar os resíduos sólidos urbanos, gerando benefícios para a sociedade ao
solucionar as duas grandes problemáticas anteriormente levantadas.
O presente estudo faz uma análise econômica da implantação da gaseificação dos RSU
da cidade de Pouso Alegre, situada no Sul do Estado de Minas Gerais, a fim de melhorar o
método de tratamento dos resíduos da cidade por meio de sua valorização energética.
8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU)

2.1.1 Definição

Os resíduos sólidos são definidos pela NBR 10.004 da Associação Brasileira de


Normas Técnicas, da seguinte forma:

“Resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades de origem


industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de
água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem
como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso
soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível” (ABNT, 2004, p.4).

Os resíduos sólidos urbanos, de acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos,
promulgada através da Lei Federal n° 12.305/2010, Art.13, Inciso I são compostos por
resíduos domiciliares (produzidos a partir de atividades domésticas em residências urbanas) e
resíduos de limpeza urbana (consequência dos serviços de limpeza urbana, tais como varrição,
limpeza de logradouros e vias públicas) (BRASIL, 2010).
A referida lei inclui ainda, na definição de resíduos sólidos, gases contidos em
recipientes, além dos demais itens da NBR 10.004. São definidos também, pela Política
Nacional dos Resíduos Sólidos, os rejeitos, que consistem nos resíduos sólidos cujo único
destino possível é a disposição final ambientalmente adequada, após esgotadas todas as
alternativas de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e
economicamente viáveis. Tal disposição final ambientalmente adequada consiste, segundo o
Art.3º, Inciso VIII dessa lei, na distribuição ordenada dos rejeitos em aterros observando
normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

2.1.2 Composição típica

A composição gravimétrica é uma propriedade física dos resíduos sólidos que expõe
os valores percentuais (em peso) que cada diferente componente representa em uma amostra
dos resíduos. Tais componentes podem ser apresentados de modo geral ou mais detalhado de
acordo com a finalidade desejada. A composição gravimétrica varia de acordo com critérios
socioeconômicos e culturais dos diferentes países e regiões, conforme mostrado na Tabela 1, e
9

a importância do conhecimento dessa propriedade está ligada à determinação da melhor opção


de tratamento para os resíduos. (BARROS, Regina, 2012).

Tabela 1- Relação entre grau de desenvolvimento e análise gravimétrica dos resíduos gerados
% dos componentes
Componentes do Países Países em Países
RSU subdesenvolvidos desenvolvimento Desenvolvidos
Orgânicos 4 - 85 20 - 65 20 - 30
Papel 1 - 10 15 - 30 15 - 40
Plásticos 1-5 2-6 2 - 10
Metal 1-5 1-5 3 - 13
Vidro 1 - 10 1 - 10 4 - 10
Borracha 1-5 1-5 2 - 10
Outros 15 - 60 15 - 60 2 - 10
Fonte: LUZ (2013)

Observa-se que o aumento do grau de desenvolvimento do país acompanha a redução


na quantidade de matéria orgânica gerada e o aumento das quantidades de papel, plástico,
metal e vidro. Tal evidência pode ser relacionada aos hábitos alimentares – a maior produção
e consumo de alimentos industrializados nos países desenvolvidos gera um maior volume de
embalagens necessárias para uma menor quantidade de matéria orgânica. Já a variação de
umidade se deve a sua relação com o tipo de resíduo e sua destinação. Na Tabela 2 está
disposta a composição gravimétrica média dos resíduos sólidos no Brasil no ano de 2008.

Tabela 2- Estimativa da composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos no Brasil em 2008


Materiais Participação (%)
Material reciclável 31,9
Metais 2,9
Aço 2,3
Alumínio 0,6
Papel, papelão, tetrapark 13,1
Plástico total 13,5
Plástico-filme 8,9
Plástico rígido 4,6
Vidro 2,4
Matéria orgânica 51,4
Outros 16,7
Total 100,0
Fonte: Adaptado de IPEA (2012)
10

Observa-se que, segundo o IPEA, a grande a maioria dos resíduos sólidos gerados
nesse ano (52,4%) é composta de matéria orgânica, o que corresponde a uma característica
típica de países em desenvolvimento, confirmando o exposto pela Tabela 1.

2.1.3 Cenário Brasileiro

A geração de resíduos sólidos tem aumentado, sobretudo nas grandes cidades, devido
ao crescimento populacional, à industrialização e ao avanço tecnológico. A intensificação da
produção, aliados a estratégias de marketing, incitaram a adoção de um estilo de vida
consumista. Dessa forma, alimenta-se um padrão insustentável de produção e consumo
pautado pela obsolescência programada: a cada vez que uma versão mais moderna de um
produto é lançada, a versão antiga é descartada, tornando-se um resíduo sólido a ser gerido, e
a velocidade com que esse processo ocorre torna-se cada vez maior (JACOBI e BESEN,
2006).
Tais mudanças não afetam apenas o volume de resíduos produzidos, mas também a
sua composição, tornado-a mais complexa, incluindo componentes sintéticos e nocivos ao
meio ambiente e aos seres humanos. Dessa forma, conclui-se que a geração de resíduos varia
de acordo com os hábitos de consumo da população, sendo que a parcela da população com
maior poder aquisitivo tende a consumir e, portanto, descartar mais. Esse fato é evidenciado
na Tabela 3, que mostra que a região sudeste, a mais desenvolvida do país, contribui com
quase metade dos resíduos gerados no Brasil. Vale ressaltar que há outros parâmetros que
influenciam em tal relação, como o tamanho da população (GOUVEIA, 2012).

Tabela 3: Proporção de resíduos sólidos gerados em cada região do Brasil em 2015


Região Parcela de RSU gerados em relação ao total (%)
Norte 6,4%
Nordeste 22,1%
Centro- Oeste 8,2%
Sudeste 52,6%
Sul 10,7%
Fonte: Adaptada de ABRELPE (2015).

O referido crescimento na produção de resíduos, ilustrado através da Figura 1, consiste


em um sério problema socioambiental. Isso se deve à dificuldade inerente de gerir um volume
tão grande de resíduos, de forma que grande parte deles é disposta de maneira inadequada,
degradando o solo, comprometendo corpos d’água e mananciais, poluindo o ar e facilitando a
proliferação de vetores de doenças, bem como incentivando a atividade de catadores em
condições insalubres e expondo-os ao risco de contaminação (JACOBI E BESEN, 2006).
11

Figura 1 - Geração total e per capta de RSU por ano

Geração RSU (Mton/ano)


78,583405 79,88901

66,975129

45,727565
35,144755

1989 2000 2008 2014 2015

Geração de RSU per capita (kg/hab/ano)

387,63 390,915
353,08

269,3
239,36

1989 2000 2008 2014 2015

Fonte: Elaborado a partir de IBGE (2010) e ABRELPE (2015)

Segundo os dados do IBGE e da ABRELPE, expostos na Figura 1, a geração de RSU


cresceu cerca de 23% de 1989 para o ano de 2000, 31% de 2000 para 2008, 15% de 2008 para
2014 e 1,7% de 2014 para 2015. Tal padrão confirma o contínuo aumento da geração de
resíduos sólidos.
Ainda segundo dados da ABRELPE, em 2014 e 2015 foram coletados,
respectivamente, 195.233 t de RSU/dia e 198 750.233 t de RSU/dia, sendo que, nos mesmos
anos, foram gerados 215.297 t de RSU/dia e 218.874 t de RSU/dia, respectivamente, o que
mostra que mais de 20 000 t de resíduos sólidos gerados diariamente no país deixam de ser
coletados.
12

A problemática da destinação inadequada dos resíduos no Brasil não se restringe, no


entanto, à falta de coleta, mas ao destino dado aos resíduos posteriormente. A reciclagem, por
exemplo, é um destino preferencial para os resíduos não orgânicos, pois promove a sua
valorização, contribui para a minimização da quantidade de rejeitos a serem dispostos e poupa
a extração de novas matérias primas. Porém, a realização desse processo requer uma etapa
precedente de separação do lixo reciclável do não reciclável – a coleta seletiva (BARROS,
Raphael, 2012).
A Figura 2 mostra o quanto essa iniciativa acontecia em cada região do país, bem
como globalmente, no ano de 2016, evidenciando que quase um terço dos municípios
brasileiros ainda não tem acesso a esse serviço, e que ele se mostra mais escasso nas regiões
norte, nordeste e centro-oeste.

Figura 2 - Alcance do serviço de coleta seletiva no Brasil e em cada uma de suas regiões.

Fonte: ABRELPE (2016)

Vale ressaltar, no entanto, que em muitos dos municípios nos quais a coleta seletiva já
foi implantada, sua realização não ocorre de forma adequada e muitas vezes não atende toda a
cidade, de forma que necessita da colaboração da população. Além da coleta seletiva, os
destinos mais comuns para a disposição dos RSU no Brasil são os aterros sanitários, aterros
controlados e lixões, conforme mostra a Figura 3. Observa-se na Figura 3 que, embora a Lei
Federal nº 12.305/2010 no artigo nº 54 da PNRS, regulamentada por Decreto Presidencial, em
02 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), tenha proibido totalmente a deposição de resíduos a
céu aberto (lixões) no Brasil, ainda há uma quantidade significativa de resíduos que são
dispostas desta maneira.
13

Figura 3 - Destino dos resíduos sólidos no Brasil em 2014 e 2015 (t/dia)

Fonte: ABRELPE (2015)

Os lixões ou vazadouros foram proibidos, pois consistem em uma forma inadequada


de disposição final: correspondem à simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de
proteção ao meio ambiente e à saúde pública. Resíduos domiciliares e comerciais de baixa
periculosidade misturam-se aos de grande poder poluidor, como os industriais e hospitalares.
Há ainda uma série de possíveis problemas associados, como o risco de incêndios, devido aos
gases provenientes da decomposição dos resíduos, de escorregamentos, já que as pilhas de
lixo são feitas sem critérios técnicos, bem como riscos de contaminação de animais e pessoas
que podem residir no local, conforme observado na Figura 4 (UNESP, 2015).

Figura 4 - Exemplo de lixão.

Fonte: CENED (2008).

Já os aterros controlados, consistem, de acordo com a norma ABNT/NBR 8849


(ABNT, 1985) em uma técnica de dispor no solo os resíduos sólidos urbanos e confiná-los
através de princípios de engenharia, por meio de sua cobertura com uma camada de material
14

inerte após cada jornada de trabalho. Dessa forma, são minimizados os impactos ambientais e
não são causados danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança.
No entanto, tal técnica não inclui a coleta e o tratamento dos efluentes líquidos
(lixiviado) e gasosos provenientes dos resíduos, os quais podem contaminar o solo e do lençol
freático, já que o terreno não é impermeabilizado de forma ideal, conforme mostrado na
Figura 5. Dessa forma, embora seja adequado à legislação, este tipo de empreendimento é
insuficiente do ponto de vista ambiental (CORREA e LANÇA, 2008).

Figura 5 - Esquema de um aterro controlado.

Fonte: ZANTA e FERREIRA (2003)

Por fim, os aterros sanitários consistem na forma mais segura de disposição final de
resíduos dentre as citadas anteriormente, uma vez que são projetados de forma a ocupar o menor
espaço e volume possível, nele os resíduos são compactados e completamente confinados e há um
planejamento da área escolhida, o qual leva em consideração a topografia, a hidrologia e a
geologia locais. Sua principal diferença em relação aos aterros controlados é a presença de drenos
de biogás, canais para drenagem das águas pluviais, de coleta e tratamento do chorume e dos
percolados (água e chorume que infiltram no solo) e de sistema de impermeabilização do solo,
conforme pode se observar na Figura 6 (PAIVA, 2015). Tais estruturas serão vistas de maneira
mais detalhada na seção 2.2.1.
Apesar de serem as mais adequadas dentre as alternativas usadas no Brasil, os aterros
sanitários têm sido criticados por não terem como finalidade o tratamento ou a reciclagem dos
15

RSU. Consistem apenas em uma forma de disposição e armazenamento dos RSU no solo, o que
requer grandes áreas, as quais tendem a se tornar cada vez mais difíceis de se obter. (CETESB,
2018).
Figura 6 - Esquema de um aterro sanitário.

Fonte: FERRAZ (2015)

2.1.4 Política nacional de Resíduos Sólidos

Diante do cenário de destinação inadequada e não sustentável de resíduos no Brasil


discorrido anteriormente, foi instituída, através da lei nº 12.305/10, a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, visando definir o papel do estado para a melhoria do gerenciamento dos
resíduos no país. Tal atitude visa o desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente
sustentável, através da atenção aos problemas ambientais, sociais e econômicos enfrentados.
(BRASIL, 2012).
A PNRS é constituída por um conjunto de princípios, objetivos, instrumentos,
diretrizes, metas e ações adotadas pelo governo Federal, municípios e particulares, visando a
gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos (BRASIL,
2012).
Seus objetivos incluem proteger a saúde pública e a qualidade ambiental; incentivar o
uso e o desenvolvimento de tecnologias limpas; a gestão integrada dos resíduos sólidos
através da articulação entre as diferentes esferas do poder público e o setor empresarial; a
melhoria geral dos serviços de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, a fim de
16

assegurar a recuperação dos custos dos serviços prestados; a capacitação técnica continuada
na área de resíduos sólidos; a integração de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis; a
disposição adequada dos rejeitos, mas antes disso, a promoção de sua não geração, redução,
reutilização e reciclagem, bem como o tratamento dos resíduos sólidos (BRASIL, 2012).
Para atingir os objetivos citados, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos se pauta nos
princípios do poluidor-pagador e do protetor-recebedor (obrigação do poluidor de pagar pela
reparação dos danos por ele causados ao meio ambiente e na remuneração ao protetor, que
deixou de explorar ou promoveu algum bem socioambiental), da visão sistêmica da gestão
dos resíduos sólidos; do fornecimento a preços competitivos de bens e serviços com impacto
ambiental reduzido; do desenvolvimento sustentável e do reconhecimento do resíduo sólido
como um bem econômico e de valor social (BRASIL, 2012).
Em síntese, a PNRS foi instituída não apenas para propor uma melhoria no tratamento
dos resíduos, mas uma transformação mais ampla da consciência de consumo e produção,
fazendo com que sejam pautados na sustentabilidade. Infelizmente, após 8 anos da sua
instituição, observa-se que a política ainda não foi definitivamente implantada no Brasil, pois
os lixões ainda constituem uma das principais formas de disposição dos resíduos, e a prática
da reciclagem no país ainda é baixa, conforme exposto no item anterior.

2.2 TECNOLOGIA PARA TRATAMENTO E DESTINAÇÃO DOS RSU

2.2.1 Aterro sanitário

2.2.1.1 Aspectos de um aterro sanitário

Pode-se considerar o aterro sanitário como um grande reator biológico que tem como
principais entradas resíduos e água e como saídas gases e chorume (MMA, 2018). Essa
técnica de disposição de resíduos remete a uma das mais antigas utilizadas na humanidade: o
aterramento. Tal método foi aprimorado através de critérios de engenharia e normas
operacionais específicas, como as da ABNT, de forma a reduzir os danos causados à saúde
pública e ao meio ambiente, conforme discorrido anteriormente (CETESB, 2018).
Alguns dos requisitos para a operação de um aterro, segundo Barros, Regina (2012)
são a compactação dos resíduos sólidos e seu recobrimento diário com argila; a manutenção
dos seus acessos, instalações e equipamentos; o monitoramento das águas subterrâneas e a
análise do resíduo em conformidade com a legislação, para que não haja risco de disposição
inadequada de resíduos perigosos no aterro ou incompatibilidade entre os resíduos aterrados.
17

A cobertura diária dos resíduos é de extrema importância, pois dificulta o escape de


biogás para a atmosfera, bem como a penetração de águas pluviais, reduz a proliferação de
vetores de doenças e impede que os materiais leves se espalhem com o vento. Após esgotada
a capacidade do aterro procede-se a cobertura final, que deve ser mais espessa que a diária,
sobre as superfícies que ficarão expostas permanentemente. Com o passar do tempo e devido
ao contato com o ambiente externo, essa proteção pode ser reduzida. Depois do recobrimento,
deve-se plantar grama sobre a cobertura como forma de proteção contra a erosão e recobrir as
áreas que serão submetidas ao tráfego operacional com uma camada de cascalho (CARMO,
2012; MARIANO, 2008).
De acordo com Monteiro et al. (2001), para que a operação do aterro seja viável, ele
deve conter as seguintes unidades operacionais:
• células de lixo domiciliar;
• células de lixo hospitalar (em municípios que não possuem processos mais efetivos
para dispor esse tipo de resíduo);
• impermeabilização, sendo a de fundo obrigatória e a superior opcional;
• sistema de coleta e tratamento dos líquidos percolados (chorume);
• sistema de coleta e queima (ou beneficiamento) do biogás;
• sistema de drenagem e afastamento das águas pluviais;
• sistemas de monitoramento ambiental, topográfico e geotécnico;
• pátio de estocagem de materiais.
Os autores afirmam ainda a necessidade de existência das seguintes unidades de apoio:
• cerca e barreira vegetal;
• estradas de acesso e de serviço;
• balança rodoviária e sistema de controle de resíduos;
• guarita de entrada e prédio administrativo;
• oficina e borracharia.
A norma ABNT NBR 13896/97 exige que o sistema de drenagem de líquido percolado
seja instalado acima da camada impermeabilizante, seja constituído de material quimicamente
resistente ao resíduo, ao líquido percolado e às pressões provenientes da estrutura do aterro e
dos equipamentos nele utilizados. O sistema não pode sofrer obstrução durante ou após o
tempo de vida útil do aterro, e deve ser projetado em conjunto a um sistema de tratamento do
líquido percolado, o qual deve gerar efluentes que atendam aos padrões de emissão e ser
monitorado ao menos quatro vezes no ano (ABNT, 1997).
18

Tais preocupações em relação à manipulação dos líquidos percolados se devem à


natureza de seu principal componente: o chorume, um dos resíduos mais poluentes existentes,
que afeta a qualidade da água de lençóis freáticos e de cursos da água com os quais entra em
contato. Dessa forma, o líquido deve ser recolhido e tratado no local através de lagoas de
decantação ou enviado à estação de tratamento de esgoto. Após o tratamento resta a água
descontaminada, a qual pode ser lançada em córregos e rios, e o lodo que é aterrado no
próprio aterro (POLZER, 2013).
De acordo com a quantidade de resíduo recebida por um aterro, a Copam (1994) o
classifica como sendo de pequeno, médio ou grande porte. Segundo tal classificação, o aterro
que recebe até 15 toneladas de resíduos por dia é considerado de pequeno porte, o que recebe
entre 15 e 100 toneladas diárias é considerado de médio porte, e a partir de 100 toneladas por
dia tem-se um aterro de grande porte. No entanto, uma resolução do CONAMA (2008)
definiu que os aterros que recebem até 20 toneladas de resíduos por dia passam a ser
considerados de pequeno porte.
Após esgotada a capacidade de um aterro sanitário para receber resíduos, ele passa por
um período de acompanhamento e manutenção. Nesta fase a matéria orgânica continua a se
decompor, portanto devem-se realizar levantamentos para prevenir desbarrancamentos de
terra acidentais, contaminação do ar e dos lençóis freáticos (POLZER, 2013). A ABNT NBR
13896 (1997) estabelece um prazo de 20 anos (ou 10 anos no caso de aterro de pequeno
porte), após o fechamento da instalação, para o monitoramento das águas subterrâneas, e
especifica que os sistemas de coleta de gases, drenagem e detecção de vazamento do líquido
percolado devem permanecer em manutenção até o término da geração dos líquidos e gases.

2.2.1.2 Aproveitamento do biogás

Durante o período de deposição dos resíduos no aterro, tem início o processo de


decomposição aeróbia dos resíduos. Em seguida, a matéria orgânica passa a ser degradada
através da decomposição anaeróbia, na qual ocorre geração de biogás (BORBA, 2006).
Estima-se que em toda a vida útil de um aterro pode-se gerar entre 150-250 m³ de biogás por
tonelada de resíduos depositados. Tal gás é incolor, insolúvel, leve, de baixa densidade e,
quando não possui muitas impurezas, inodoro. Possui médio teor combustível e grande
potencial energético, aproximadamente 16,8 MJ/m³ e pode ser aproveitado através da
conversão em outras formas de energia, as quais serão vistas detalhadamente adiante (Banco
Mundial, 2004).
19

Em relação aos seus componentes, o principal é o metano (CH4), seguido do dióxido


de carbono (CO2), ambos gerados durante a decomposição anaeróbia do RSU. Há ainda
amônia (NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico (H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2),
presentes em menores quantidades, sendo que o percentual de cada um dos componentes varia
de acordo com a idade do aterro (MMA, 2018). Além de tais componentes básicos, existem
ainda os componentes traço, os quais representam em média 1% do biogás e podem englobar
até 150 substâncias diferentes, dentre as quais se encontram o benzeno, mercúrio, furano,
entre outros componentes que geram grande impacto toxicológico (PARKER et all, 2012).
De acordo com Bidone e Povinelli, (1999, apud PAIVA, 2015), o processo de geração
de biogás ocorre em 5 fases:
 Fase I – Ajustamento inicial: Os resíduos são dispostos, há acúmulo de umidade e
mudanças nos parâmetros ambientais, que indicam o início do processo de
estabilização.
 Fase II – Transição: A concentração de O2 decai, o que leva a transição da fase aeróbia
para a anaeróbia. Formam-se o chorume e compostos intermediários, tais como ácidos
voláteis.
 Fase III – Formação de Ácidos: As reações iniciadas na fase anterior são aceleradas,
de forma que a concentração de ácidos voláteis aumenta. São liberados nutrientes com
nitrogênio e potássio, os quais possibilitarão o crescimento da biomassa, bem como
gás hidrogênio, que afere a natureza e o tipo dos produtos intermediários em
formação.
 Fase IV – Fermentação metânica: Os intermediários são convertidos em CH4 e CO2,
logo, a produção de gás aumenta. Ocorre aumento do pH e redução do DQO e do
DBO do lixiviado
 Fase V – Maturação final: A escassez de nutrientes provoca estabilização da atividade
biológica e consequentemente, paralisação da produção de gás. As condições
ambientais naturais predominam, aparecem O2 e espécies oxidadas e os materiais
orgânicos resistentes aos micro-organismos são lentamente convertidos em
substâncias húmicas.
A taxa de emissão de metano em um aterro pode variar de 5 a 300 m3/t e é, em média,
igual a 170m³/t (CONESTOGA-ROVERS & ASSOCIATES, 2004 apud SANTOS, BARROS
e FILHO, no prelo). Tal valor está sujeito a diversos fatores que influenciam o processo de
produção de biogás, sendo que os principais, segundo Borba (2006), são:
20

 Composição do resíduo
 Umidade
 Tamanho das partículas
 Temperatura
 pH
 Idade do resíduo
 Projeto do aterro
 Operação
O gás metano é um dos principais gases causadores de efeito estufa e, nesse aspecto, é
de 28 a 36 vezes mais nocivo que o gás carbônico (EPA, 2019). Os aterros emitem uma
quantidade muito alta desse composto, uma vez que sua produção se inicia nos três primeiros
meses após a disposição dos resíduos e pode continuar até mais de 30 anos após o
encerramento do aterro (MMA, 2018). Dessa forma, é de extrema importância que o biogás
gerado nos aterros seja devidamente controlado, através de sistemas de coleta e
aproveitamento e pela queima em flare. Caso isso não ocorra, o biogás pode provocar
explosões, emanar pela superfície, contribuindo com o efeito estufa, conforme discorrido
anteriormente, ou ainda migrar para as redondezas, provocando danos à saúde humana e ao
ecossistema em geral (PECORA ET AL, 2008).
O sistema de coleta é composto por poços de coleta, tubos condutores além de um
compressor e um sistema de purificação do gás. O excesso do biogás pode ser destinado a
um instrumento denominado flare ou queimador, o qual queima o biogás em altas
temperaturas, de maneira segura, evitando danos ao meio ambiente pela liberação de metano e
outros poluentes atmosféricos, uma vez que reduz o metano em gás carbônico. (LEME, 2010;
WILLUMSEN, 2001).
Normalmente, os sistemas de coleta são capazes de captar entre 60% e 85% do total de
biogás gerado, sendo que normalmente a média de 75% é assumida. (EPA, 2011). Dessa
forma, haverá sempre uma parcela de gás que o sistema de coleta não será capaz de capturar,
a qual escapará para a atmosfera, conhecida como emissão fugitiva.
O biogás pode ser aproveitado para a geração de energia térmica, elétrica, para co-
geração, ou ainda como combustível, quando submetido a processos de tratamento. O destino
dado a tal combustível depende do nível de tratamento ao qual ele é submetido. Nesse
aspecto, segundo o Banco Mundial (2004) o biogás pode ser dividido nas 3 categorias
seguintes:
21

 Combustível de baixo teor – passa por um processamento mínimo, que envolve a


redução da umidade presente no gás por meio da adição ao sistema de coleta de uma
câmara de remoção de condensado e de locais para a decantação de umidade.
 Combustível de médio teor – Através da compressão, refrigeração, tratamento químico
e purificação do biogás é extraída uma maior quantidade de umidade, a qual pode
conter contaminantes e matéria particulada fina.
 Combustível de alto teor – Ocorre um extensor pré-tratamento que visa a separação do
metano dos demais componentes e impurezas, bem como a desidratação do gás, feita
por meio da compressão.
Conclui-se, portanto, que o aterro sanitário, embora seja um método convencional de
armazenamento de resíduos, não é ambientalmente adequado devido aos problemas gerados
pelas emissões fugitivas: de ordem climática, graças ao metano e toxicológica, devido aos
componentes traços. Além do mais, o fato de ocuparem grandes espaços nas cidades, aliado
ao crescimento populacional, causam um problema social (CHAE, KNAK et al., 2006, apud
LUZ, 2013).

2.2.2 Incineração

A incineração consiste em uma forma de tratamento térmico de resíduos que adere à


tendência mundial de recuperação de energia dos resíduos sólidos urbanos, tecnologia mais
aplicada atualmente para o sistema de gestão de resíduos e conhecida como “Waste-to-Energy
(WtE) Plants” (Centrais de resíduos para energia, em português) (BARROS, Regina, 2012).
Tais usinas podem reduzir o volume dos resíduos em cerca de 80%. A qualidade da queima
do resíduo está condicionada a seu poder calorífico e a parâmetros de combustão (FEAM,
2010).
No caso da incineração, a combustão dos RSU ocorre em temperaturas superiores a
850 ºC, em sistema fechado, na presença de oxigênio suficiente para oxidar completamente os
resíduos e de um combustível auxiliar. Através de tal tratamento, os resíduos são convertidos
em sólidos (cinzas) dotados de uma pequena quantidade de carbono residual, gases
(majoritariamente CO2) e água e ocorre liberação de calor, o qual pode ser convertido em
energia (DEFRA, 2007).
O calor gerado no processo pode ser utilizado para aquecimento direto, em processo
de vaporização ou para gerar eletricidade, o que ocorre normalmente através do
22

direcionamento dos gases quentes para uma caldeira, onde são gerados vapores que acionam
um grupo gerador com capacidade de produzir eletricidade (BURANI et al., 2006).
As vantagens e desvantagens da incineração estão dispostas na Tabela 4.

Tabela 4 – Vantagens e desvantagens do processo de incineração


Vantagens Desvantagens
Redução das emissões de gás carbônico. Emissão de uma vasta gama de poluentes
Graças às tecnologias de limpezas de gases, (dioxinas, furanos, partículas sólidas,
são respeitados os padrões de emissões das resíduos ricos em metais, HCl, HF, NOx,
legislações mais restritivas. SOx), o que dificulta o tratamento e
Ideal para grandes cidades: diminuição do purificação dos gases, encarecendo a
volume e da massa dos resíduos e operação do incinerador.
possibilidade de reutilização das cinzas reduz
a ocupação dos aterros sanitários
Destruição completa da maioria dos resíduos Produz gases carcinogênicos (dioxinas,
orgânicos perigosos e agentes patogênicos. furanos).
Planta pode ser implantada em locais Inadequada para resíduos úmidos, de baixo
estratégicos a fim de reduzir custos e poder calorífico, compostos clorados e
emissões relacionadas ao transporte, pois materiais de alta granulometria.
requer pouca área
Possibilidade de geração de energia. Necessidade de mão-de-obra especializada

Higiênico. Alto custo de implantação.

Baixo nível de ruído e odores. Cinzas podem conter material tóxico


Alta taxa de alimentação e rendimento Os óxidos produzidos (CO2, NOx, e SOx) são
possíveis. precursores da chuva ácida.
Fonte: Elaborado a partir de BRERETON (1996); HEBERLEIN e MURPHY (2008)
MALKOW (2004); FEAM (2010).

Nos incineradores de resíduos sólidos urbanos, os RSU desempenham o papel de matéria-


prima na pré-combustão, a qual ocorre em uma grelha. Durante a pós-combustão, gás, cinzas e
escórias são produzidos. Deve-se realizar, dessa forma, a gestão de tais resíduos como etapa
posterior. O gás de combustão é limpo por absorção de água ou diferentes métodos de filtragem e
posteriormente liberado para a atmosfera através de uma chaminé (HENRIQUES, 2004). As
escórias e cinzas são encaminhadas ao aterro, os efluentes líquidos para estação de tratamento,
23

e os gases da queima, após o tratamento descrito, são monitorados através de parâmetros


como vazão, temperatura, níveis de O2, CO e também índices de NOx, SOx e materiais
particulados (LAURENT BONTOUX, 1999).
Nas usinas de incineração, há uma fornalha onde os resíduos são queimados e a água é
vaporizada, podendo ser reaproveitada posteriormente. A capacidade de queima das
instalações de menor escala varia entre 50 e 100 t/dia, enquanto as de grande escala queimam
de 500 e 1000 t/dia de resíduos e possuem maior eficiência, já que utilizam turbinas a vapor
maiores. É vantajoso implantar usinas de escala reduzida onde a geração de RSU se situa
entre 50 e 200 t/dia, o que ocorre normalmente em localidades cuja população é de 30 a 200
mil habitantes (BURANI et al., 2006).
As usinas normalmente realizam a queima bruta dos resíduos sem tratamento prévio,
exceto pela detecção visual e retirada de itens muito grandes, tais como eletrodomésticos, que
podem prejudicar o processo. Na Europa, os sistemas são desenvolvidos com capacidades
entre 45 e 900 t/dia (EMEP, 2009), no entanto, segundo Menezes, Gerlach e Mezezes (2000),
a capacidade de processamento deve ser superior a 250 t/dia para que a geração de energia se
torne rentável, sendo que plantas com capacidade inferior geram energia apenas para uso
próprio.
Pode-se realizar também a incineração de combustível derivado de resíduos (CDR).
Nesse caso, a técnica é aplicada como etapa posterior a um pré-processamento que visa
separar os materiais combustíveis dos não combustíveis, fragmentar e processar a fração de
maior poder calorífico em pellets de uso comercial, resultando no CDR, um substituto eficaz
para combustíveis fósseis com baixo custo de produção (LEME, 2010; LUZ, 2013).
A fim de evitar problemas de corrosão, os incineradores estão submetidos a limites de
pressão e temperatura do vapor, o que os torna menos eficientes em relação às fontes
convencionais de energia. A eficiência elétrica média de uma planta de incineração para
geração de eletricidade é de cerca de 18% e sua produção de calor em média de 63%
(REIMANN, 2018).
De acordo com Tolmasquim (2003) apud Gonçalves (2007), uma usina termelétrica
com potência instalada de 16 MW é capaz de processar 500 toneladas diárias, ou seja, seu
potencial energético é cerca de 0,7 MWh/t, o que corrobora com o exposto por Menezes,
Gerlach e Mezezes (2000), segundo o qual de que os sistemas de incineração instalados geram,
via de regra, de 0,4 a 0,95 MWh/t, sendo que o valor do potencial varia de acordo com a
quantidade de resíduos incinerados e de seu poder calorífico inferior médio.
24

O poder calorífico consiste na quantidade de energia que um material tem capacidade


potencial de liberar quando submetido à queima. As frações de RSU que apresentam maior
poder calorífico, conforme observado na Tabela 5 são o plástico e a borracha. Conforme
exposto na Tabela 2, mais da metade dos resíduos sólidos urbanos produzidos no Brasil é
composto por matéria orgânica, a qual apresenta elevada umidade, o que reduz o poder
calorífico global dos resíduos e aumenta a necessidade de combustíveis auxiliares (FEAM,
2012).

Tabela 5 - Poder calorífico inferior (PCI) de alguns resíduos sólidos urbanos.


RSU PCI (base seca) kcal/kg Umidade (%) PCI (base úmida) kcal/kg
Matéria orgânica 4.300 66 712
Papel e papelão 3.800 21 2.729
Têxteis e couro 4.200 36 1.921
Madeira 3.700 25 2.490
Plástico 10.300 17 8.193
Borracha 9.700 5 8.633
Fonte: adaptado de CEMIG GT e FEAM (2011) apud FEAM (2012).

A técnica de incineração é antiga, no entanto, começou a ser estudada com fins de


geração de energia a partir década de 90, em virtude da crise do petróleo, na década de 70 e
início da década de 80, que fez necessária a busca por fontes alternativas de energia. Ao longo
do século XX, foram implantados alguns incineradores no Brasil de forma arcaica, altamente
poluente e sem geração de energia, de modo que a incineração foi intensamente criticada e
ainda hoje não é, muitas vezes, bem vista no país. Dessa forma, no Brasil, a incineração ainda
se restringe a equipamentos de pequeno porte, destinados ao processamento de resíduos
perigosos e de alto risco, instalados principalmente em hospitais, e por vezes em indústrias e
aeroportos (MENEZES, GERLACH e MEZEZES, 2000).
A tecnologia vem sendo, no entanto, aprimorada e atualmente conta com modernos
sistemas de controle operacional, de tratamento dos resíduos gerados e de monitoramento das
emissões atmosféricas, o que a torna confiável. Dessa forma, sua prática se revela como uma
boa opção para complementar os processos de reciclagem, compostagem e aterramento
(POLZER, 2013). Segundo STEHLIK (2009) os novos sistemas de incineração figuram entre
as mais limpas e confiáveis fontes de energia baseadas em calor e eletricidade.
25

Em países desenvolvidos a incineração é amplamente utilizada, sendo que em muitos


deles já operam também termelétricas movidas a carvão e resíduos, com ciclos de vapor
integrados na geração de energia elétrica (MENEZES, GERLACH E MEZEZES, 2000). Tal
cenário encontra-se ilustrado na Figura 7, segundo a qual, em 2016, já operavam 488 plantas
de incineração na Europa, tranado 93,9 milhões de toneladas de lixo.

Figura 7: Número de plantas de incineração e quantidade de lixo incinerado na Europa em


2106

Fonte: CEWEP (2019)

2.2.3 Gaseificação

A gaseificação consiste na conversão, através de reações termoquímicas, de sólidos ou


líquidos em um gás combustível, chamado de producer gas ou gás pobre. O material a ser
gaseificado é oxidado parcialmente em temperaturas intermediárias, situadas entre as das
operações de combustão e de pirólise. O processo deve ser suprido com quantidades limitadas
de oxigênio, sendo ele na forma de oxigênio puro ou de ar atmosférico (agentes de
gaseificação), aos quais pode ser misturado vapor d’água superaquecido, a fim se obter um
gás mais rico em hidrogênio e monóxido de carbono, denominado gás de síntese. (CORTEZ,
LORA e GÓMEZ, 2008).
A escolha do agente gaseificante depende da aplicação pretendida, pois quanto menor
a quantidade de nitrogênio nele presente, maior será o PCI do combustível gerado. Quando ar
26

é empregado, o PCI resultante situa-se na faixa de 3 a 6 MJ/Nm³, o qual pode aumentar para
valores entre 10 e 19 MJ/Nm³) quando se emprega oxigênio puro. (WYMAN et al., 1992 apud
LORA e VENTURINI, 2012).
O gás produzido pelo processo de gaseificação pode ser utilizado na síntese catalítica
de produtos como diesel, gasolina, etanol, metanol, hidrogênio, amônia; na geração de energia
mecânica e elétrica, através da alimentação de motores de combustão interna e turbinas a gás
ou ainda a produção direta de calor (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
A utilização do processo de gaseificação para o tratamento de RSU apresenta diversas
vantagens, tais como a não emissão atmosférica de gases poluentes, a maior facilidade de
manipular gases do que sólidos, a maior eficiência em relação ao processo de incineração, a
redução de peso e volume dos resíduos (75% e 90%, respectivamente), a necessidade de um
espaço menor (em relação a outros métodos) para a implantação da planta (KUMAR, 2000).
Além do mais, a gaseificação possibilita uma menor dependência às alterações nos valores
dos combustíveis importados (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
As desvantagens da utilização do presente método incluem a necessidade de
manutenção regular para a limpeza do sistema e o cuidado em relação a possíveis casos de
vazamentos (CORTEZ e LORA, 1997 apud PAIVA, 2015; KUMAR, 2000).
No Brasil,

2.3 GASEIFICAÇÃO

O processo de gaseificação ocorre no interior de reatores denominados gaseificadores


e pode ser dividido em quatro fases. A primeira fase é a secagem, na qual a ocorre a remoção
da umidade da biomassa, a fim de garantir que os parâmetros de composição e PCI do gás
resultante estejam dentro das composições desejadas (MELO, 2008). Esta etapa ocorre à
temperatura de 100°C e permite que a umidade da biomassa, a qual pode alcançar o valor
inicial de até 60% seja reduzida para valores entre 10% e 20%, sendo que o preferível é de
aproximadamente 10% (ANDRADE 2007).
A etapa seguinte é denominada pirólise, na qual ocorre a decomposição térmica da
biomassa, na ausência ou presença em baixíssima quantidade de oxigênio (MELO, 2008).
Essa fase ocorre em temperaturas entre 280°C e 450°C e nela são formados carvão vegetal,
um condensado composto ácidos leves, alcatrão, bem como gases não condensáveis (CO,
CO2, H2, CH4 e O2) (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
27

O alcatrão consiste em uma mistura de hidrocarbonetos condensáveis, cujas


características físico-químicas inviabilizam sua aplicação direta em motores de combustão
interna. Tal substancia pode obstruir as válvulas de injeção do motor, colaborar com a
corrosão das paredes do pistão, etc (LUZ, 2013)
Após a pirólise, ocorre a combustão ou oxidação, que consiste na reação entre o
oxigênio e o carbono e hidrogênio presentes na biomassa. Tal etapa se dá em temperaturas
compreendidas entre 700°C e 1000°C. São produzidos CO2, vapor d’água e ocorre liberação
de energia, a qual é utilizada nas reações da etapa anterior (em processos subsequentes) e na
etapa posterior (MELO, 2008; LUZ, 2013).
A última fase, chamada de redução, é realizada em temperaturas na faixa de 800°C a
1000°C. Ocorrem reações endotérmicas cujos principais produtos são CO, H2, CH4 e H2O
(ANDRADE 2007).
Todas essas fases estão ilustradas esquematicamente na Figura 8.

Figura 8 - Esquema das etapas do processo de gaseificação, com as respectivas equações,


reagentes e produtos.

Fonte: BIOMASS TECHNOLOGY GROUP (2005) apud ANDRADE (2007).

2.3.1 Tipos de gaseificadores


28

Os gaseificadores podem ser divididos de acordo com seu tipo de leito e sua pressão
de trabalho (CIFRENO e MARANO, 2002 apud LUZ, 2013). Os principais tipos desses
equipamentos estão apresentados a seguir.

2.3.1.1 Gaseificadores de leito fluidizado

Gaseificadores de leito fluidizado possuem um leito de partículas inertes no qual as


moléculas do combustível são mantidas suspensas. O agente de gaseificação promove a
fluidização das partículas, promovendo condições propícias para a transferência de calor e
tornando o leito isotérmico (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
Ao contrário dos gaseificadores de leito fixo, não apresentam zonas diferenciadas de
reação. A temperatura média do leito varia entre 700°C e 900°C (BELGIORNO et al, 2003
apud LORA e VENTURINI, 2012).
A grande vantagem da utilização destes equipamentos é a facilidade de controle de
temperatura do leito, através da alimentação de ar e combustível, enquanto as desvantagens
são a necessidade de um dispositivo que controle as vazões de entrada de ar e combustível
quando o consumo de gás produzido é alterado, além da existência, no gás produzido, de
materiais que devem ser posteriormente removidos, tais como carbono não queimado, alcatrão
e cinzas (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
Os principais tipos de gaseificador de leito fluidizado são o borbulhante e o circulante.
O primeiro deles apresenta eficiência e conversão de carbono menores que o segundo e sua
alimentação se da em uma placa de distribuição, a qual injeta ar no equipamento. Já o
gaseificador circulante promove a recirculação de partículas sólidas, o que aumenta o tempo
de residência das partículas combustíveis e consequentemente a taxa de conversão de carbono
(MELO,2008).

2.3.1.2 Gaseificadores de leito fixo

Existem ainda os gaseificadores de leito fixo, nos quais a matéria se move de forma
descendente e exclusivamente devido à ação da gravidade. Os sistemas são mais simples que
os de leito fluidizado, vantajosos para a utilização em pequena escala e apresentam elevada
eficiência (MELO, 2008). De acordo com Andrade (2007), trata-se do gaseificador mais
antigo e conhecido. É dividido nas seguintes subcategorias:
 Gaseificadores Contracorrente ou “Up Draft”
29

A entrada de ar se situa na parte inferior do reator, contrária à entrada de biomassa


(combustível). O combustível se move graças à força gravitacional na medida em que é
consumido. A grelha é um item importante no projeto do equipamento, visto que se situa
diretamente na zona de combustão, logo, deve ser capaz de operar em altas temperaturas
(acima de 1300°C) e permitir a queda das cinzas sem excessiva perda de combustível
(CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
Os gases oriundos da combustão passam pelo combustível e o pré-aquecem, o que leva
os gaseificadores contracorrente a apresentarem alta eficiência térmica. No entanto, produzem
um gás com alto teor de alcatrão, uma vez que os produtos da pirólise são levados pelos gases
ascendentes, de modo que não são craqueados na zona de combustão. Tal substância causa
incrustações e entupimentos no equipamento (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
 Gaseificadores Concorrente, Co-corrente ou “Drowdaft”
Segundo Foley e Geoffrey (1983) apud Cortez, Lora e Gómez (2008), trata-se do tipo
mais difundido de gaseificadores, os quais eram amplamente utilizados em veículos durante a
Segunda Guerra.
As alimentações de ar e combustível são descendentes. A biomassa é aplicada no topo,
enquanto o ar é injetado mais abaixo e passa apenas pelas zonas de combustão e redução. Seu
projeto é feito de modo a fazer com que os produtos da pirólise passem pela zona de
combustão, de modo que o alcatrão é craqueado (transformando-se em coque – material com
menor peso molecular) e seu teor na saída do gaseificador atinge valores entre 0,1 e 1,2g/Nm³.
Tal zona possui altas temperaturas a fim de impedir a passagem de substâncias voláteis
contaminantes. Além do mais, seu diâmetro interno é reduzido originando uma garganta, na
qual os injetores de ar são posicionados de forma a maximizar a uniformidade na distribuição
do ar. A construção da garganta consiste em um ponto crítico do projeto, uma vez que limita a
capacidade do gaseificador. Seu objetivo é manter uma temperatura adequada ao longo da
seção, de forma a craquear todo o alcatrão que passe por ela. Assim, o diâmetro da garganta
deve ser limitado, já que a temperatura é máxima nas entradas de ar e se reduz em regiões
afastadas delas (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008).
O gás expelido pela zona de redução possui uma quantidade considerável de cinza e
fuligem, o que torna o gaseificador co-corrente vulnerável a problemas causados por tais
materiais (CORTEZ, LORA e GÓMEZ, 2008). No entanto, este tipo de equipamento
apresenta boa eficiência e é, muitas vezes, considerado como uma melhor tecnologia para
obtenção de energia mecânica quando acoplado a MCI (motores de combustão interna),
graças aos baixos teores de alcatrão no gás (JAIN e GOSS, 2000 apud LORA e VENTURINI,
30

2012). A eficiência a frio desse tipo de gaseificador varia entre 50% e 80% (MARTINEZ,
LORA ET AL, 2012 apud LUZ, 2013).
Observa-se na Figura 9 uma ilustração do gaseificador co-corrente, bem como sua
garganta com os injetores de ar.

Figura 9 – Gaseificador Co-corrente, detalhamento da garganta localizada na zona de


combustão e seus injetores de ar

Fonte: LUZ (2013).

 Gaseificadores de fluxo cruzado


Os gaseificadores de fluxo cruzado tem construção simples: a entrada de ar e a saída
do gás encontram-se na lateral e na mesma altura. A liberação dos gases ocorre de forma
rápida e a temperatura da zona de combustão é alta, já que a taxa de fornecimento de ar é
superior à dos demais tipos de gaseificadores. Já o gás combustível possui características
intermediárias entre eles. O gás liberado contém grande quantidade de alcatrão e poder
calorífico reduzido (PAIVA, 2015).
O equipamento é altamente sensível à umidade e à granulometria da biomassa a ele
fornecida, portanto, tem aplicação limitada (ANDRADE, 2007).

2.3.2 Gaseificação de RSU

A utilização dos RSU como combustível no processo de gaseificação mostra-se como


uma solução eficiente para uma série de problemas enfrentados atualmente: o aumento da
produção de RSU e a consequente dificuldade de gestão de tais resíduos, aliada ao aumento
31

do consumo de energia, e da consequente escassez de combustíveis fósseis esperada para um


futuro próximo (LUZ, 2013; PAIVA, 2015).
No Brasil já existe uma planta de gaseificação em fase de implantação na cidade de
Boa Esperança (MG), cujo projeto foi regulado pelo departamento de pesquisa e
desenvolvimento da Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e está sendo executado
pela concessionária de energia Furnas Centrais Elétricas S.A (ABES, 2018).
Tal solução revela-se viável uma vez que os resíduos sólidos urbanos encontram-se, de
antemão, coletados, armazenados e possuem potencial energético. No entanto,
particularidades desses materiais, tais como umidade e irregularidade na granulometria
influenciam no projeto do gaseificador, respectivamente, reduzindo o poder calorífico do gás
produzido e dificultando a alimentação no equipamento. Tais aspectos justificam a
necessidade de um esquema preliminar de secagem e de mecanismos mecânicos para
alimentação do equipamento, para a redução da granulometria (LUZ, 2013).
As etapas necessárias para a ocorrência do processo de gaseificação de resíduos
sólidos urbanos encontram-se detalhadas adiante e ilustradas na Figura 10.

Figura 10 - Fluxograma do processo de gaseificação

Fonte: LUZ (2013).

Primeiramente, os resíduos são coletados e então triados, a fim de dividi-los em


grupos de acordo com a sua natureza específica. Efetua-se uma separação manual seguida da
retirada dos metais, por meio de imã eletromagnético. Os materiais recicláveis são separados
32

excetuando-se papel e papelão, uma vez que as fibras destes, de acordo com o Ministério do
Meio Ambiente (2019), perdem as propriedades físico-químicas ao longo dos processos de
reciclagem. Os demais resíduos seguem para a etapa de trituração, seguida da secagem até
uma umidade na faixa de 8 a 15%, para que as partículas possam ser então aglomeradas por
compactação, visando à produção de Combustível derivado de resíduos (CDR). É importante
que a trituração preceda a secagem, pois as dimensões de alguns materiais podem ser
reduzidas com o calor. (LUZ, 2013). O processo de fabricação dos briquetes CDR reduz o
volume inicial dos resíduos, aumenta seu poder calorífico e facilita a manipulação, o
transporte e a utilização do combustível (PERNES, 2008 apud PAIVA, 2015).
Em seguida, o CDR é armazenado próximo ao gaseificador, para facilitar a sua
alimentação, e garantir que seja gerada energia ainda que haja paradas nas etapas anteriores.
Deve-se ter o cuidado de que não haja fontes de calor no local de armazenamento e que ele
seja ventilado, a fim de evitar incêndios (LUZ, 2013).
O CDR segue então para o reator de gaseificação, do qual resulta um gás que contém
impurezas que podem danificar o sistema gerador de energia e deve seguir, portanto, para um
sistema de limpeza. Existem sistemas de limpeza por via úmida e seca, sendo que em ambos o
gás pode passar previamente por um processo de craqueamento do alcatrão (LUZ, 2013).
Na limpeza úmida, as impurezas sólidas são removidas em um ciclone e em seguida o
gás é resfriado à temperatura de orvalho, para que os componentes mais pesados do alcatrão
sejam condensados. Em seguida, o gás passa por um filtro de manga a cerca de 260°C,
temperatura na qual os álcalis e materiais particulados podem ser removidos (CONSONNI e
LARSON, 1994 apud LORA e VENTURINI, 2012). O gás de síntese é então lavado para a
retirada de partículas, gases e vapores residuais. Caso seja necessária a retirada de CO2, pode
ser usado um processo de absorção. A eficiência de remoção do alcatrão pelo presente método
pode chegar a 50% ou 97% quando seguido por um lavador venturi (LORA e VENTURINI,
2012). Apesar de consumir uma grande quantidade de energia e do efluente gerado pela
limpeza úmida necessitar de tratamento, este método é o mais eficiente para o tratamento dos
gases. (CARDENAS, 2006 apud LORA e VENTURINI, 2012).
Já a limpeza a seco é eficiente para a remoção do material particulado, mas não de
alcatrão e óleos, pois a temperatura de operação é alta, o que inviabiliza sua condensação.
Nesta via, cinzas são extraídas dos gases por meio de ciclones, lavadores de gases ou filtros
cerâmicos de alta temperatura. (LORA e VENTURINI, 2012).
33

Após ambos os processos de limpeza é necessária a remoção, transporte e disposição


adequada das cinzas. Ainda segundo Lora e Venturini (2012) a escolha do sistema de limpeza
dos gases depende de uma série de particularidades características de cada processo.
As principais impurezas que podem estar presentes no gás de síntese, bem como suas
respectivas fontes e mecanismos de controle estão dispostos na Tabela 6.

Tabela 6 – Detalhes acerca das principais impurezas contidas nos gases de síntese
Mecanismos de controle
Impurezas Fonte Possíveis Problemas
e/ou mitigação
Erosão,
Cinza, carbono, aglomerações,
Particulados Filtragem, lavagem do gás
material do leito incrustações e
poluição ambiental
Metais alcalinos Resfriamento,
(sólido e/ou potássio Cinzas Corrosão condensação, filtragem,
nas cinzas) adsorção
Tratamento com
Compostos
Reação do nitrogênio substâncias de caráter
nitrogenados (NOx,
do ar e do combustível básico, utilizando de
NH3, HCN) Corrosão, poluição
oxigênio puro no processo
ambiental
Compostos de Reação do enxofre e do
Lavagem, captura com
enxofre e cloro cloro presente no
CaCO3.
(HCl, H2S) combustível
Baixa temperatura no Corrosão,
Alcatrão (mistura
processo, quantidade aglomerações e
complexa de Remoção, craqueamento
considerável de voláteis incrustações, efeitos
hidrocarbonetos)
no combustível sobre a saúde
Fonte: LORA e VENTURINI (2012).

Por fim, o gás de síntese limpo segue para a última etapa: geração de energia. De
acordo com Miranda (2014) o gaseificador deve ser integrado a motores de combustão interna
por ciclo de Otto ou diesel. Deve-se acoplar ao motor um gerador elétrico. Os gases
misturam-se ao ar em um coletor de admissão antes de entrarem nos cilindros do motor e,
uma vez que sua qualidade é inferior a do GLP e do gás natural, é preciso modificar a
34

configuração dos motores. Os parâmetros a serem observados são potência, torque, eficiência,
emissões atmosféricas, temperatura dos gases na exaustão, análise da tendência de pré-ignição
e influência da relação ar/combustível e das taxas de compressão. Tais modificações são, no
entanto, dispensáveis para motores a diesel com substituição de até 80% do combustível
original. Outras vantagens desse tipo de motor são a maior eficiência em função da maior taxa
de compressão, maior durabilidade e baixa manutenção (LUZ, 2013).
O estudo realizado por LUZ (2013) demonstrou que a implantação de plantas de
gaseificação dos RSU do Brasil é viável e que sua implantação possibilitaria a produção de
mais de 3% de toda energia elétrica produzida a partir de biomassa da matriz energética do
país.
35

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A avaliação econômica da implantação do gaseificador foi realizada para o município


de Pouso Alegre, localizado no sul de Minas Gerais. Os motivos da escolha de tal localidade
foram sua proximidade com a Universidade na qual o presente estudo foi desenvolvido, o
nível de desenvolvimento econômico do município, o qual, segundo G1 (2017), corresponde à
maior economia do sul de Minas. Considerou-se ainda o grande porte do aterro situado na
cidade, uma vez que este recebe o lixo proveniente de outros 8 municípios da região, logo, tal
escolha resulta em um projeto de grande impacto e o orçamento da prefeitura do município, o
qual é condizente com o investimento necessário para o empreendimento, conforme será visto
adiante (GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 2015).
O estudo foi realizado para um período de 20 anos, que corresponde ao tempo médio
de vida útil de um gaseificador. Considerou-se, o ano de 2020 como ano de implantação do
gaseificador. Dessa forma, foi realizada a projeção populacional da cidade do período de 2020
até 2039. Utilizou-se o método da curva logística (Equação (1)) (VON SPERLING,1996).

()
(1)
( )

Na qual: P(t) = número de habitantes, t = ano e os parâmetros Ps, a e c são dados pelas
Equações de (2) a (4), respectivamente.

( ) (2)

( ) (3)
[ ]
( )

(4)

Nas quais os valores de P0, P1 e P2 consistem em valores de população da cidade nos


anos t0, t1,t2. Os dados utilizados para tais parâmetros estão dispostos na Tabela 7.
36

Tabela 7: População do município de Pouso Alegre em diferentes anos


Ano (t) População (P)
1991 81836
2000 106776
2010 130615
Fonte: IBGE (2016).

Em seguida, foi calculada a vazão de resíduos sólidos gerada em cada ano do estudo, a
partir da Equação (5).

(5)

Na qual: R = vazão de resíduos gerada pela cidade [kg/ano], P = população, I = índice


de geração per capta = 0,687 kg/hab.dia para o ano de 2015 (SANTOS,2015). Considerou-se
que o índice de geração cresce anualmente a uma taxa de 1%, conforme sugerido por Barros
(2012).
Tal vazão foi então detalhada de acordo com a composição gravimétrica dos resíduos.
Na ausência de dados recentes sobre a composição gravimétrica de Pouso Alegre, considerou-
se que seus valores são aproximadamente iguais aos do município mais próximo disponíveis
(Itajubá). Tais dados estão dispostos na Tabela 8.

Tabela 8 – Composição gravimétrica dos RSU da cidade de Itajubá – MG.


Componente Matéria orgânica Papel e papelão Metal Plástico Vidro Outros
% 64,15 9,7 2,3 11,8 2,2 9,85
Fonte: GONÇALVES (2007).

Segundo o art. 9º da Lei nº 12.305, deve-se separar os materiais passíveis de


reciclagem antes do tratamento e/ou disposição final correta. Dessa forma, considera-se que o
serviço de coleta seletiva visando a destinação para reciclagem funciona corretamente e
encarrega-se de encaminhar a esse fim os metais, plásticos e vidros coletados. Nos cálculos,
admite-se que todos os resíduos pertencentes às categorias “Matéria orgânica” e “Papel e
papelão” devem ser destinados ao gaseificador. Para passar pelo processo de briquetagem o
material deve estar seco, conforme visto na seção anterior. Dessa forma, utiliza-se a Equação
(6) (LUZ, 2013) para a estimativa da vazão de resíduo seco, que corresponde à vazão do
37

combustível que alimentará o gaseificador, uma vez que o processo de briquetagem não altera
a massa do resíduo.
(6)

Na qual: Rseco = Vazão de resíduos secos e Rumido = Vazão de papel, papelão e matéria
orgânica úmidos.
O gaseificador co-corrente de leito fixo foi utilizado para o projeto deste trabalho. A
potência elétrica disponível, após a passagem do combustível pelo gaseificador e em seguida
pelo motogerador pode ser calculada a partir da Equação (7).

(7)

Na qual: P = Potência elétrica disponível (MJ/s), = Vazão de CDR (kg/s) =


Vazão de resíduos secos (calculada anteriormente), = Poder calorífico inferior do CDR
(MJ/kg), = Eficiência do gaseificador e = Eficiência do motogerador. Os valores
considerados para os três últimos parâmetros estão dispostos na Tabela 9.

Tabela 9: Parâmetros do CDR, gaseificador e motogerador utilizados.


14 MJ/kg
70%
28%
Fonte: PAIVA (2015).

A partir do valor de potência elétrica, pode-se calcular a energia gerada pelo


gaseificador a cada ano por meio da Equação (8). Considerou-se que o gaseificador irá operar
durante 80% do ano, ou seja, seu fator de capacidade é de 0,8.

(8)

Na qual: P = Potência elétrica (kW), E = Energia gerada (MWh/ano) e = 8760


h/ano.
Foram feitas análises para 2 cenários: o primeiro consiste em um gaseificador
projetado de modo a atender a demanda do ano inicial do projeto (2020) e o segundo em
38

atender a demanda do último ano da vida útil do equipamento (2039). Na gaseificação, a


capacidade de conversão de energia é limitada pela quantidade de biomassa em estoque,
disponível para este fim (HENRIQUES, 2009). Portanto, no primeiro cenário o gaseificador
gerará a mesma quantidade de energia em todos os anos, conforme pode-se observar na Figura 11,
e, a partir do segundo ano, não atenderá a demanda total de resíduos do município, os quais
deverão continuar sendo adequadamente destinados, da forma como era feito antes da
implantação do gaseificador. No segundo cenário, a energia gerada aumentará a cada ano de
acordo com a quantidade de resíduos gerados, atingindo seu máximo no último ano, e todos
os resíduos gerados pelo município ao longo do tempo de vida útil do equipamento poderão
ser destinados a abastecê-lo, o que, naturalmente, aumentará seu custo. A Figura 11 ilustra a
diferença entre os cenários propostos, na qual as quantidades E1 e E2, representadas pelo
espaço hachurado, representam as quantidades de energia geradas pelos gaseificadores em
cada cenário.

Figura 11 - Gráficos da potência pelo tempo dos gaseificadores dos cenários 1 e 2.

Potência
disponível
Pf

E2
P0
E1

Ano
Cenário 1 Cenário 2

Fonte: Autoria própria (2019).

Foram considerados apenas matéria orgânica, papel e papelão secos, uma vez que já
há na cidade coleta seletiva. Dessa forma, não se pode considerar o lucro obtido com a venda
dos materiais recicláveis como inerente à operação do gaseificador. Assim sendo, a seção de
separação primária destina-se apenas à separação de eventuais materiais intrusos que não
tenham sido corretamente separados. Obteve-se que a capacidade de processamento do
gaseificador no primeiro cenário deve ser de 0,99 ton/h e no segundo de 1,14 ton/h.
39

A partir desse dado foram calculados os custos de cada um dos gaseificadores. Em


relação aos custos de instalação da separação primária e do tratamento mecânico, realizou-se
interpolação com base nos dados da Tabela 10.

Tabela 10: Custos das seções e equipamentos considerados no estudo


Capacidade Consumo de potência Custo de instalação
Etapa
(ton/h) (kW) (U$)
Separação 0,4 25,75 92187
primária 2,1 44,15 311111
Tratamento 0,8 55,2 144356
mecânico 1 66,2 159022
Fonte: LUZ et al (2015).

O custo relacionado à seção de gaseificação e limpeza do gás pode ser calculado por
meio da Equação (9).

(9)

Na qual: Cg = Custo da gaseificação (US$), P = Potência (kW) e Cu = Custo unitário


(US$/kW) = 1500,00 US$/kW. Adotou-se o valor médio de custo unitário de gaseificação
com base nos estudos de LORA, ARADAS e ANDRADE (2004), e INFIESTA (2015).
A cotação usada para converter os valores foi a média de 2018, correspondente a
R$3,67 para cada US$ (UOL, 2018). Dessa forma, pode-se calcular o investimento do projeto,
correspondente ao ano zero do fluxo de caixa, através da Equação (10).

( ) ( ) (10)

Na qual: I= investimento (R$), Cp = Custo da separação primária (US$), Cm= Custo da


separação de tratamento mecânico (US$), Cg = Custo da gaseificação (US$) e t = taxa de
importação = 41,75% (Secretaria da Receita Federal do Brasil, 2018).
A partir dos dados referidos anteriormente, pode-se elaborar o fluxo de caixa para o
período de operação do gaseificador, instrumento que será, posteriormente, utilizado para
avaliar a viabilidade do projeto de instalação e utilização do equipamento. O Fluxo de caixa
para cada ano pode ser calculado a partir da Equação (11).
40

(11)

Na qual FC = fluxo de caixa referente ao ano i, i = ano = [0,20] sendo 2019 o ano 0 e
assim por diante, E = entradas e S = saídas. No ano 0 não há entradas e a saída corresponde ao
investimento, calculado em (10). Nos demais anos, a entrada corresponde à venda da energia
corrigida gerada pelo gaseificador calculada pela Equação (8), porém subtraindo da potência o
consumo de potência obtido à partir das interpolações da Tabela 10. A tarifa considerada foi
de 308 R$/MWh, de acordo com o edital do leilão de geração Nº 03/2018 - “A-6” para o
Produto Disponibilidade Termelétrica (a Biomassa, a Carvão e a Gás Natural) (ANEEL,
2018). Já a saída consiste nos custos operacionais e de manutenção do gaseificador,
considerados como sendo 10% do valor do investimento. Em outro estudo sobre o processo
de gaseificação (PAIVA, 2015) adotou-se a margem de 5% do investimento, no entanto, optou-se
pela elevação de tal valor uma vez que não foram considerados custos de instalação e frete do
equipamento.
Para a avaliação econômica do projeto, utilizou-se o método do valor presente líquido
(VPL), o qual consiste na transferência de todas as variações de caixa esperadas para o
instante presente, descontando-as na Taxa Mínima de Atratividade (TMA), que consiste na
mínima taxa que um investidor se propõe a ganhar. Tal taxa foi definida como sendo 8,9%,
2% superior à SELIC (6,9% a.a) (BBC, 2018).
Um valor negativo de VPL indica que o projeto é inviável, um valor nulo indica que as
receitas e despesas se igualam, ou seja, que a decisão de investir no projeto é neutra e um
valor positivo indica que a proposta de investimento é atrativa, sendo que a atratividade
aumenta com o aumento do valor do VPL. O VPL é calculado de acordo com a Equação
(12) (PAMPLONA e MONTEVECHI, 2012).

(12)

( )

Na qual: VPL = Valor presente líquido, FCj = Fluxo de caixa referente ao ano j, J=ano,
i= taxa de juros (TMA).
41

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 CÁLCULO DA VIABILIDADE DO PROJETO NOS CENÁRIOS 1 E 2

A partir da metodologia descrita, foi realizada a projeção populacional do município,


por meio das Equações (1) a (5). Os resultados estão dispostos na Figura 12. Observa-se que o
modelo não alcançou a estabilidade populacional dentro do período projetado.

Figura 12 – Gráfico do número de habitantes do município em função do tempo.


178000

173000

168000
População

163000

158000

153000

148000
2020 2025 2030 2035 2040
Ano

Fonte: Autoria própria (2019).

Já os resultados de vazão de resíduos emitidos pela população, calculados por meio da


Equação (5), estão ilustrados na Figura 13.

Figura 13 – Vazão anual de resíduos emitida pela população de Pouso Alegre.


59000000
Vazão de resíduos (kg/ano)

55000000

51000000

47000000

43000000

39000000
2020 2025 2030 2035 2040
Ano

Fonte: Autoria própria (2019).


42

Observa-se, na Figura 13, o intenso crescimento da vazão de resíduos do município, o


qual traria a necessidade de aumentar o espaço do aterro sanitário para sua disposição. A
implantação do gaseificador, no entanto, ira sanar tal problema, bem como reduzir tanto o
risco de contaminação de águas superficiais e subterrâneas quanto as emissões de metano, os
quais são realidades dos aterros.
Vale ressaltar também os ganhos no aspecto social da redução dos aterros sanitários,
pois estes propiciam a coleta manual de catadores, expondo-os ao risco de doenças, além de
se tratarem de áreas que não são desejadas pela população, devido aos eventuais odores
gerados pela decomposição dos resíduos, bem como a atração de insetos, roedores e outros
animais daninhos. A gaseificação torna o processo de eliminação dos resíduos mais higiênico,
rápido e eficiente e, através desse processo, pode-se disponibilizar os eventuais matérias
recicláveis aos catadores de forma mais salubre.
O consumo de potência, bem como o custo de instalação de cada seção do gaseificador
está disposto na Tabela 11.

Tabela 11 – Consumo de potência e custo de instalação de cada seção do gaseificador para


os cenários 1 e 2.
Cenário 1 Cenário 2
Seção do Consumo de Custo de Consumo de Custo de
equipamento potência (kW) instalação (U$) potência (kW) instalação (U$)
Separação primária 32,17 168544,14 36,68 222241,13
Tratamento
65,81 158503,74 88,74 189080,19
mecânico
Gaseificação e
- 340575,8251 - 483596,7578
limpeza do gás

Calculou-se, por meio da Equação (7), a potência elétrica do gaseificador necessária


para o projeto, sendo que no primeiro cenário a potência será de 756,84kW e no segundo de
1074,66 kW.
Para calcular a energia gerada pelo gaseificador em 1 ano, subtraiu-se a potência
elétrica total obtida por meio da Equação (7) pelas potências consumidas disposta na Tabela
11, substituindo tal valor na Equação (8), e obtendo 4.617,26 MWh para o cenário 1, o que
resulta em um total de 92.345,29MWh gerados ao fim de sua vida útil.
A energia gerada no segundo cenário varia para cada ano, sendo que os valores estão
dispostos na Tabela 12 e o valor total de energia gerado ao fim de sua vida útil é de
110.840,99 MWh.
43

Tabela 12 - Energia gerada pelo gaseificador no cenário 2 a cada ano.


Ano Energia gerada com correção (MWh/ano)
2020 4424,92
2021 4542,90
2022 4660,92
2023 4778,95
2024 4896,94
2025 5014,88
2026 5132,73
2027 5250,48
2028 5368,11
2029 5485,60
2030 5602,95
2031 5720,14
2032 5837,17
2033 5954,04
2034 6070,76
2035 6187,32
2036 6303,74
2037 6420,02
2038 6536,18
2039 6652,23

De acordo com a EPE (2017), o consumo médio residencial de energia para o ano de
2016 foi de 160 kWh/mês. Considerando-se uma média de residentes por domicilio igual a 3
(Rosas et al., 2016), conclui-se que a energia produzida pelo processo de gaseificação dos
resíduos é capaz de suprir, em média a demanda energética de cerca de 7.214 habitantes no
ano de 2020, ou seja, apenas 4,84% da população, no primeiro cenário, e cerca de 6913,94
habitantes ou 4,64% da população no segundo cenário, considerando que o aumento do
consumo per capta entre 2016 e 2020 seja irrelevante. Tal análise mostra um valor inferior de
população suprida para o segundo cenário pois o primeiro ano é o que ele trabalha em sua
menor performance. Não se pode estimar o consumo per capta para o fim da vida útil dos
gaseificadores, quando o desempenho do equipamento proposto pelo ando cenário 2 será o
44

melhor, no entanto, fazendo o cálculo com a mesma referência, apenas a título de


comparação, obtém-se, que a parcela da população suprida no cenário 1 cairia para 4,12%,
enquanto no cenário, subiria para 5,93%, o que corresponde a cerca de 10.394 habitantes. Tais
valores mostram que o incremento de energia gerada pelo cenário 2 em relação ao cenário 1 é
desprezível ante ao porte da demanda energética e do crescimento populacional da cidade.
Observa-se, portanto, que o foco principal do projeto é o a gestão dos RSU, uma vez
que a energia gerada pode contribuir para a demanda da cidade apenas de forma
complementar, conforme pode-se observar na Figura 14, que mostra o gráfico de uma das
análises realizadas, já que os valores das quatro análises são próximos.

Figura 14 - Gráfico das fontes que geram a energia consumida pela população de Pouso
Alegre em 2020.
Energia consumida pela população

Parcela da população suprida com a energia do gaseificador


(cenário 1)
Necessidade de fontes externas
4,84%

95,16%

Fonte: Autoria própria (2019)

Por outro lado, a implantação do equipamento trará ganhos no âmbito ambiental, uma
vez que cerca de 579.872,5t de resíduos deixarão de ser depositadas no aterro ao longo dos 20
anos de operação do equipamento, no primeiro caso e 702.007,7t no segundo caso, o que
representa uma grande redução no volume dos resíduos e, consequentemente, na área
necessária para sua disposição no aterro. Além do mais, não será formado chorume a partir de
tais resíduos, serão destruídos os patógenos nele existentes e os materiais recicláveis
descartados erroneamente junto com a matéria orgânica poderão ser recuperados, melhorando
45

assim o programa de reciclagem existente e, consequentemente, poupando à extração de


matéria prima do meio ambiente para a fabricação de diversos produtos.
O custo do investimento, calculado a partir da Equação (10), é de R$ 7.607.216,88
para o primeiro cenário e R$ 10.525.716,55 para o segundo. O pagamento do investimento é
plausível para a prefeitura da cidade de Pouso Alegre, uma vez que o orçamento da receita do
município para o ano de 2019 é de aproximadamente R$813.000.000,00
(POUSOALEGRE.NET, 2019), ou seja, o projeto corresponde a cerca de apenas 0,94% do
orçamento da cidade para o ano presente no primeiro caso e 1,29 % no segundo caso. Tal
alternativa revela-se como uma opção viável, uma vez que o gasto com o investimento
representa um valor muito pequeno ante ao orçamento da prefeitura.
O cálculo do VPL (Valor presente líquido) do fluxo de caixa do projeto, efetuado
conforme a Equação (12), resultou em um valor de -R$ 1.522.008,37 para o primeiro cenário
e -R$5.403.963,06. O valor negativo do VPL indica que o projeto é inviável, devido ao alto
valor do investimento, o qual não pode ser pago dentro do período de vida útil do
equipamento.
De acordo com a taxa de câmbio utilizada, o custo da energia gerada por tal tecnologia
é de 93,69 US$/MWh e 114,55 US$/MWh para os cenários 1 e 2, respectivamente. Observa-
se, por meio dos dados dispostos na Tabela 13 que os valores revelam-se competitivos quando
comparados com os custos nivelados de energia (LCOE) característicos de outros tipos de
tecnologia de disposição final.

Tabela 13 - Faixa dos custos nivelados de energia das tecnologias de tratamento de RSU.
LCOE mínimo LCOE máximo
Tratamento de RSU
(US$/MWh) (US$/MWh)
Aterro Sanitário 69,91 107,75
Incineração 113,32 183,24
Digestão anaeróbica 103,56 156,36
Digestão anaeróbica + Incineração 109,79 170,42
Fonte: SANTOS et al. (2019).

Nota-se que o custo do cenário 1 é inferior ao custo mínimo da energia gerada pela
maioria dos tipos de tratamento apresentados, inclusive pela incineração, que é o processo
mais similar e situa-se na faixa característica dos valores de LCOE para aterros sanitários. Já
o custo da energia gerada a partir do cenário 2 excede o custo apenas da energia gerada por
46

meio da queima de biogás em aterros sanitários, pois trata-se de um processo mais simples,
sendo bem próximo do valor mínimo de LCOE para a incineração e compatível com os
valores referentes à energia proveniente do processo de digestão anaeróbica, seguido ou não
de incineração.
A Tabela 14 dispõe uma comparação entre os principais aspectos dos gaseificadores
dos dois cenários propostos, através da qual se pode notar como a maior capacidade do
gaseificador no segundo caso impacta aumentando seu custo, mas também os resultados por
ele gerados.

Tabela 14 - Comparação entre os gaseificadores propostos pelos dois cenários.


Cenário 1 Cenário 2
Potência elétrica (kW) 756,84 1074,66

Energia total gerada ao fim da vida útil (MWh) 92.345,29 110.840,99


Massa total de RSU tratados ao fim da vida útil (t) 579.872,5 702.007,7
Custo do investimento (R$) 7.607.216,88 10.525.716,55
Investimento/Massa (R$/t) 13,12 14,99
VPL (R$) - 1.522.008,37 - 5.403.963,06
Tarifa mínima de venda de energia para 343,83 420,41
viabilização (R$/MWh)

A partir da comparação dos dados da Tabela 14, conclui-se que o cenário 2 é o mais
viável ambientalmente e energeticamente, pois, ao fim de sua vida útil, o gaseificador tratará
uma quantidade superior de resíduos e gerará mais energia. O cenário 1, por outro lado, é o
mais viável economicamente, pois todos os parâmetros econômicos possuem menor quando
comparados aos do cenário 2.

4.2 ALTERNATIVAS PARA A VIABILIZAÇÃO DO PROJETO

Iniciativas governamentais que poderiam ser tomadas a fim de viabilizar a utilização


da tecnologia em questão incluem:
 Redução da taxa de importação do equipamento, como já feito anteriormente com os
equipamentos de coleta do Biogás;
 Incentivo à produção nacional de gaseificadores, reduzindo assim o custo do
investimento necessário para sua compra.
47

 Redução das taxas de juros, de modo a facilitar que o investimento se pague em longo
prazo.
 Difusão do conhecimento da tecnologia, visando à descoberta de formas para
aumentar sua rentabilidade.
 Aumento da tarifa de venda dessa fonte de energia no leilão, custeado pela redução
das demais tarifas.
Outra opção para a viabilização do empreendimento é onerar para a população a
diferença entre a mínima tarifa de venda que torna o empreendimento viável e a tarifa de
venda estabelecida pela ANEEL. Substituindo os valores referentes às condições adotadas,
nas equações (11) e (12), obtém-se um VPL nulo quando o valor de venda de energia, ou seja,
a mínima tarifa de venda, é de 343,83R$/MWh para o primeiro cenário. A população da
cidade em 2020, de acordo com a Equação (1) será de 148.969 habitantes e a quantidade de
energia gerada nesse foi anteriormente calculada pela Equação 7, dessa forma, o valor a ser
pago pela população por toda energia gerada a cada ano é de R$3,00/ano per capta.
No segundo cenário, a tarifa mínima de venda é de 420,41 R$/MWh. Neste caso a
energia gerada varia ano a ano, dessa forma, a tarifa a ser paga pela população para a
viabilização do empreendimento foi obtida dividindo-se os valores de energia gerada (Tabela
12) de cada ano pela sua população correspondente (Figura 10). A média de tais valores
resultou em uma taxa de R$3,80/ano per capta. Uma vez que o pagamento desses valores seria
praticamente indiferente em ambos os casos, tal alternativa revela-se como uma opção
fortemente considerável.
Uma última opção possível é a compra e utilização do equipamento por uma grande
indústria presente no município, a qual poderia ser enquadrada na pauta de responsabilidade
social da empresa e esta poderia utilizar a energia gerada para consumo próprio, conforme a
Resolução 687 da ANEEL (ANEEL, 2015). Tal alternativa baseia-se na presença de um polo
industrial na cidade que conta com grandes nomes, tais como: XCMG, UNILEVER e
CIMED. A tarifa necessária para a viabilização do projeto em ambos os cenários é, no
entanto, superior à tarifa paga pelas indústrias no mercado livre de energia a longo prazo pela
energia incentivada, ou seja, proveniente de fontes renováveis, que corresponde a 203
R$/MWh (ABRACEEL, 2019).
48

5. CONCLUSÕES

A proposta do presente trabalho foi a análise energética e econômica da implantação


de um gaseificador para tratar os Resíduos Sólidos Urbanos do município de Pouso Alegre –
MG. Foram analisados dois cenários para os quais foram adotadas diferentes capacidades para
o equipamento. Observou-se que a quantidade de energia gerada pelo gaseificador é pequena
ante a demanda da cidade, de modo que seu foco principal é promover a destinação correta
dos resíduos e evitar todos os tipos de problemas ambientais que podem ser decorrentes deles.
Uma vez que não se trata de uma tecnologia difundida no país, o investimento inicial
necessário para a aquisição do equipamento é elevado, o que torna o VPL do projeto negativo.
No entanto pode-se viabilizar o projeto por meio do pagamento do investimento por parte da
população ou da prefeitura da cidade, visto que as tarifas necessárias para isto irrisórias em
ambos os casos. Conta-se ainda com uma terceira opção de viabilização: a aquisição do
equipamento e utilização da energia por ele gerada por uma das indústrias presentes na região.
Dentre os dois cenários estudados, o primeiro possui menor custo em relação ao
segundo, mas é capaz de tratar menos resíduos e gerar uma menor quantidade de energia, de
modo que a escolha entre eles depende dos critérios levados em consideração pelo investidor.
Dessa forma, conclui-se que a aquisição e instalação do equipamento são viáveis e
benéficas, não apenas ambientalmente para o município, mas também no que concerne a
geração de empregos para funcionários que operarão os equipamentos, desde que haja
compreensão e colaboração por parte da população, da indústria ou da prefeitura local, sendo
que ações governamentais podem colaborar para uma maior rentabilidade do projeto, e
consequentemente inspirar a adoção do método de gaseificação de resíduos para demais
localidades.
Algumas sugestões de análises válidas para trabalhos futuros são o estudo da
implantação do gaseificador em uma comunidade rural, para a utilização da energia por parte
dessa população, bem como a análise de como a capacidade ociosa no cenário 2 impacta no
rendimento e no consumo de potência do equipamento, e ainda uma análise de qual o
tamanho de população seria necessário para viabilizar o projeto de implantação e operação do
gaseificador.
49

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