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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE GEOLOGIA

MAX CARVALHO VASKE

ALTERNATIVAS PARA O CONTROLE DE INUNDAÇÕES NO


MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ - RS

São Leopoldo
2019
MAX CARVALHO VASKE

ALTERNATIVAS PARA O CONTROLE DE INUNDAÇÕES NO


MUNICÍPIO DE SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ - RS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Geologia, ao Curso de
Geologia da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos - UNISINOS

Orientador: Prof. MSc. Thiago Peixoto de Araújo

São Leopoldo
2019
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço à minha família: ao meu pai Max por ser geólogo
e me auxiliar ao longo do curso; a minha mãe Evanir por também me proporcionar
estudar geologia e me prestar todo apoio possível; a minha irmã Maithe por me dar
suporte e incentivo no decorrer do trabalho e a minha cachorra Jade pela companhia
durante os momentos de concentração, os quais tenho profunda admiração.
Ao amigo e coordenador da Defesa Civil de São Sebastião do Caí, Pedro
Griebler, por me ceder diversos dados históricos da Prefeitura Municipal sobre as
inundações e proporcionar a saída de campo pelo Rio Caí através de seu barco,
sendo de fundamental importância para a realização do trabalho.
Ao meu orientador e professor Thiago Peixoto de Araújo, pelo seu tempo
dentro do possível, sempre me recebeu cordialmente e conseguimos desempenhar
bem o papel a ser elaborado.
Ao professor Cássio Arthur Wollmann por me ceder diversos materiais sobre
as enchentes/inundações na cidade e por me conceder parte de seu tempo,
indicando sugestões no projeto.
À equipe da CPRM – Serviço Geológico do Brasil da Superintendência de
Porto Alegre, o engenheiro hidrólogo Emanuel Duarte Silva e a geóloga Débora
Lamperty, pelas conversas que tivemos, visando um melhor desenvolvimento do
trabalho, fornecendo-me dicas importantes que foram essenciais para formalizar a
proposta de zoneamento.
Ao senhor Frederico Kayser por me fornecer o material de estudo
desenvolvido pela Magna Engenharia e Ltda e registros das inundações, citados no
trabalho.
A todos os meus colegas e eternos amigos que o curso me permitiu conhecer
e participaram de histórias que só a Geologia poderia me proporcionar, em especial,
ao Geotendel, amizades verdadeiras que levarei para o resto da vida.
A todos os professores do curso que sempre foram excelentes profissionais
nas salas de aulas e durante as épicas e memoráveis saídas de campo, pelo quais
sou muito grato pelos conhecimentos passados que serão valorosos no decorrer da
profissão.
A todos os outros profissionais e amigos que de certa forma contribuíram para
que este processo de formação fosse possível, prestando-me algum auxílio durante
esse tempo de faculdade.
RESUMO

O crescente processo de urbanização e o desenvolvimento desorganizado


das cidades fazem com que áreas localizadas próximas a corpos hídricos sejam
habitadas sem um controle ajustado. E, levando em conta diversos fatores, como
desmatamento em Áreas de Preservação Permanente (APPs), descarte de lixo em
locais impróprios, moradias irregulares, entre outros, são elementos que influenciam
nas causas de inundações. Dentro desse contexto, está englobado o município de
São Sebastião do Caí, estabelecido às margens do baixo trecho do Rio Caí,
caracterizado como uma região extremamente suscetível à ocorrência de enchentes
e inundações, por estar localizado em uma área de relevo plano e cotas baixas, o
município, desde o final do século XIX, sofre constantemente com as cheias deste
rio. Grande parte da sua área urbanizada está localizada dentro da planície de
inundação, que causam impactos sociais e econômicos significativos. Baseado
nestes relatos, este trabalho aponta as principais causas destes eventos, delimita as
áreas de inundação com intuito de planejar um desenvolvimento coerente e
ordenado para o município. Também são demonstradas alternativas de projetos
estruturais desenvolvidos ao longo dos anos, com o propósito de reduzir os impactos
causados pelas cheias. E com base nos dados gerados pelo autor, utilizando
conhecimentos geológicos, considerando as características locais, forma, relevo e
cotas de enchente, fundamentou-se uma proposta de alternativa não-estrutural,
onde são demonstradas possíveis áreas para expansão urbana do município, sem
riscos de inundação. Contudo, entendeu-se que a cheia do Rio Caí é um fenômeno
natural que faz parte da dinâmica fluvial, na qual, o rio chega atingir 12 metros acima
do seu nível normal, inundando os bairros: Navegantes, Vila Rica, Quilombo e
Centro, ou seja, a cidade está posicionada no lugar errado. Após analisar todos
projetos e levando em conta, os custos e a eficácia das soluções apresentadas,
concluiu-se que a alternativa mais objetiva para o município seria um plano de
zoneamento, onde seriam apontadas as áreas mais elevadas e distantes das áreas
inundadas, para uma habitação segura e sem transtornos com as cheias do Rio Caí.

Palavras-chave: Enchentes. Inundações. São Sebastião do Caí. Zoneamento.


Expansão Urbana.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Notícias sobre maiores enchentes ocorridas na cidade. A primeira ocorrida


em junho de 1982, atingindo a cota de 14,70 m, e a segunda em outubro de 2000,
com 14,75 m.............................................................................................................. 13
Figura 2 - O ciclo hidrológico, com o fluxo de transferência de água, por ano, entre
os reservatórios. Pela evapotranspiração, a água é transferida dos continentes e
oceanos para a atmosfera, de onde retorna para a superfície pela precipitação
(chuva). A evaporação mais elevada a partir dos oceanos em relação a precipitação
sobre os continentes (em relação a evaporação), que retorna para os oceanos. ..... 17
Figura 3 - Perfil esquemático de funcionamento do escoamento. ............................. 18
Figura 4 - Assoreamento no leito de um rio............................................................... 19
Figura 5 - Perfil esquemático dos elementos de uma bacia hidrográfica. ................. 20
Figura 6 - Desenho ilustrando a planície de inundação de um rio............................. 21
Figura 7 - Elevação do nível de um rio provocada pelas águas da chuva, do nível
normal a inundação. .................................................................................................. 23
Figura 8 - Ilustração de uma caixa de expansão. ...................................................... 25
Figura 9 - Ilustração de um dique. ............................................................................. 26
Figura 10 - Ilustração de um canal de desvio ............................................................ 26
Figura 11- Ilustração de um canal paralelo. .............................................................. 27
Figura 12 - Ilustração de retificação no leito de um rio. ............................................. 27
Figura 13 - Melhoramentos do álveo de um rio. ........................................................ 28
Figura 14 - Mapa de localização do município de São Sebastião do Caí ................. 31
Figura 15 - Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Caí. ................................................. 33
Figura 16 - Mapa Geológico de São Sebastião do Caí. ............................................ 35
Figura 17 - Mapa de Relevo de São Sebastião do Caí. ............................................ 37
Figura 18 - Mapa de Solos de São Sebastião do Caí. .............................................. 39
Figura 19 - Extração de Argila em São Sebastião do Caí. ........................................ 39
Figura 20 - Mapa Hidrogeológico de São Sebastião do Caí. .................................... 40
Figura 21 - Mapa Hidrográfico de São Sebastião do Caí. ........................................ 42
Figura 22 - Estação fluviométrica Barca do Caí. ....................................................... 48
Figura 23 - Zona urbana inundada pelas cheias do Rio Caí. .................................... 50
Figura 24 - Foto aérea da zona urbana de São Sebastião do Caí proximal ao Rio
Caí. ............................................................................................................................ 52
Figura 25 - Mancha de inundação na área urbana.................................................... 53
Figura 26 - Trechos de assoreamento (seixos) na Várzea do Rio Branco. ............... 54
Figura 27 - Mapa dos trechos de assoreamento do Rio Caí. ................................... 55
Figura 28 - Pontos de assoreamento ao longo do Rio Caí........................................ 56
Figura 29 - Saída de campo pelo Rio Caí. ............................................................... 57
Figura 30 - Reportagem: “Porque São Sebastião do Caí tem rotina de enchentes”. 58
Figura 31 - Materiais perdidos após a inundação de 2007. ...................................... 60
Figura 32 - Casa com marca de inundação proximal ao Rio Caí. ............................. 60
Figura 33 - Mapa de Inundação de São Sebastião do Caí. ....................................... 62
Figura 34 - Manchas de inundação em São Sebastião do Caí por variação de cotas.
.................................................................................................................................. 64
Figura 35 - Mancha de inundação em São Sebastião do Caí por tempo de retorno. 64
Figura 36 - Mapeamento de 2012, indicando a mancha de inundação no município.
.................................................................................................................................. 65
Figura 37 - Mapeamento de 2019, comparativo com as áreas identificadas em 2012,
agregando áreas com risco de movimento de massa. .............................................. 66
Figura 38 - Dique de proteção total a zona urbana. .................................................. 68
Figura 39 - Dique de proteção parcial a zona urbana. .............................................. 69
Figura 40 - Mapa de localização do Dique-Estrada................................................... 70
Figura 41 - Dique de proteção – São Sebastião do Caí. ........................................... 72
Figura 42 - Trecho de rebaixamento do fundo da calha do rio. ................................. 73
Figura 43 - Mapa de Zoneamento de usos de São Sebastião Caí. .......................... 75
Figura 44 - Mapa de Modelo de Elevação Digital de São Sebastião......................... 77
Figura 45 - Mapa de Declividade de São Sebastião do Caí. ..................................... 79
Figura 46 - Mapa de Uso e Cobertura do Solo de São Sebastião do Caí. ................ 80
Figura 47 - Mapa de Zoneamento Ambiental de São Sebastião do Caí ................... 82
Figura 48 - Proposta de mapa com áreas para expansão urbana ............................ 84
Figura 49 - Sistema de Alerta monitorado pela CPRM .............................................. 86
Figura 50 - Pluviômetro automático monitorado pelo CEMADEN. ............................ 87
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Maiores inundações ocorridas em São Sebastião do Caí ....................... 51


LISTA DE QUADROS

Quadro 2 - Prós e contras dos métodos de zoneamento e diques/polders. .............. 92


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Maiores cheias do Rio Caí em São Sebastião do Caí.............................. 49


Tabela 2 - Prejuízos estimados com as inundações dos respectivos anos em São
Sebastião do Caí. ...................................................................................................... 59
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................ 13
1.2 OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS ................................................................. 14
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 16
2.1 CICLO HIDROLÓGICO ....................................................................................... 16
2.2 ESCOAMENTO SUPERFICIAL .......................................................................... 17
2.3 ASSOREAMENTO .............................................................................................. 18
2.4 BACIA HIDROGRÁFICA ..................................................................................... 19
2.5 PLANÍCIE DE INUNDAÇÃO.................................................................................21
2.6 ENCHENTES E INUNDAÇÕES .......................................................................... 22
2.6.1 Controle de Enchentes e Inundações........................................................... 24
2.6.2 Medidas Estruturais ....................................................................................... 24
2.6.2.1 Reservatórios e Caixa de Expansão ............................................................. 24
2.6.2.2 Diques e Polders ........................................................................................... 25
2.6.2.3 Canais de desvio e Canais paralelos ............................................................ 26
2.6.2.4 Retificações ................................................................................................... 27
2.6.2.5 Melhoramentos do álveo ............................................................................... 27
2.6.3 Medidas Não-Estruturais ............................................................................... 28
2.6.3.1 Sistema de Alerta .......................................................................................... 29
2.6.3.2 Seguros contra enchente .............................................................................. 29
2.6.3.3 Mapas de inundação ..................................................................................... 29
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 30
3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA................................................................................... 30
3.2 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAÍ................................................................. 32
3.3 CLIMA ................................................................................................................. 33
3.4 REGIME DE CHUVAS.........................................................................................33
3.5 GEOLOGIA...........................................................................................................34
3.5.1 Depósitos Aluvionares................................................................................... 34
3.5.2 Formação Botucatu ........................................................................................ 36
3.5.3 Formação Serra Geral .................................................................................... 36
3.6 RELEVO .............................................................................................................. 37
3.7 SOLOS.................................................................................................................38
3.8 HIDROGEOLOGIA .............................................................................................. 40
3.8.1 Aquífero Botucatu .......................................................................................... 41
3.8.2 Aquífero Botucatu/Pirambóia ........................................................................ 41
3.8.3 Aquífero Serra Geral ...................................................................................... 41
3.9 HIDROGRAFIA ................................................................................................... 42
4. METODOLOGIA ................................................................................................... 44
4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 44
4.2 BASE DE DADOS ............................................................................................... 44
4.2.1 Mapa de Declividade e Modelo Digital de Elevação .................................... 45
4.3 ENTREVISTAS ................................................................................................... 46
4.4 SAÍDA DE CAMPO ............................................................................................. 47
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 48
5.1 MAIORES CHEIAS ............................................................................................. 48
5.2 CAUSAS...............................................................................................................52
5.2.1 Área Urbana proximal ao Rio Caí .................................................................. 52
5.2.2 Assoreamento ................................................................................................ 53
5.2.3 Causa Natural ................................................................................................. 58
5.3 PREJUÍZOS ........................................................................................................ 59
5.4 ÁREAS DE INUNDAÇÃO .................................................................................... 61
5.4.1 Área Alagável Atual ........................................................................................ 61
5.4.2 Definição das Manchas de Inundação de São Sebastião do Caí ............... 63
5.4.3 Mapeamentos da Mancha de Inundação – Serviço Geológico do Brasil .. 65
5.5 ESTUDOS DE MEDIDAS-ESTRUTURAIS EXISTENTES .................................. 67
5.5.1 Empresa Alemã – 1970................................................................................... 67
5.5.2 Magna Engenharia Ltda – 1988 ..................................................................... 67
5.5.3 Dique-Estrada – UFSM - 2013 ........................................................................ 69
5.5.4 Metroplan - Engeplus e Aerogeo – 2014....................................................... 71
5.5.4.1 Dique de Proteção ......................................................................................... 71
5.5.4.2 Rebaixamento de Fundo da Calha do Caí .................................................... 73
5.6 PROPOSTA DE ZONEAMENTO ........................................................................ 74
5.6.1 Zoneamento Atual .......................................................................................... 74
5.6.2 Proposta de Zoneamento Futuro .................................................................. 76
5.6.2.1 Modelo de Elevação Digital ........................................................................... 76
5.6.2.2 Mapa de Declividade ..................................................................................... 78
5.6.2.3 Uso e Cobertura do Solo ............................................................................... 79
5.6.2.4 Zoneamento Ambiental ................................................................................. 81
5.6.2.5 Áreas Futuras para Expansão Urbana .......................................................... 82
5.7 MEDIDAS NÃO-ESTRUTURAIS ATIVAS ........................................................... 85
5.7.1 Sistema de Alerta – Serviço Geológico do Brasil ........................................ 85
5.7.2 Pluviômetro Automático - CEMADEN ........................................................... 87
5.8 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS ....................................................................... 88
5.8.1 Método de Diques........................................................................................... 88
5.8.2 Método de Zoneamento ................................................................................. 89
5.8.3 Aspectos Positivos e Negativos ................................................................... 92
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 93
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 96
APÊNDICE A .......................................................................................................... 101
12

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Oliveira, Saldanha e Guasselli (2010), a humanidade,


historicamente, estabeleceu-se nas proximidades dos corpos hídricos,
principalmente em virtude do uso da água, tanto para o consumo direto quanto para
atividades como a agricultura, a pecuária e a indústria. Ademais, os rios são
importantes vias de transporte, interligando comunidades ribeirinhas, localizadas nas
várzeas e planícies dos rios, os quais constituem terrenos sujeitos às inundações
provocadas pelas cheias.
Ocupando essas áreas próximas aos cursos d’água, a população está
suscetível aos desastres naturais, enfrentando grandes problemas com o regime
natural dos recursos hídricos. Todavia, também são reforçados por alguns fatores
como: construção de moradias irregulares em áreas ribeirinhas, retirada de
vegetação das margens dos rios, descarte inadequado de lixo, falta de planejamento
urbano das cidades, entre outros.
Dentro deste contexto enquadra-se a cidade de São Sebastião do Caí,
localizada no baixo trecho do Rio Caí, na qual uma parte considerável da sua zona
urbana está inserida dentro da planície de inundação do rio e é constantemente
inundada desde seus primeiros anos de existência até os dias de hoje.
Com base nesse problema, o presente trabalho tem por objetivo apresentar
opções de soluções que minimizem os impactos causados pelas inundações. Deste
modo, serão apresentadas alternativas estruturais e não-estruturais que contenham,
monitorem ou solucionem definitivamente, o avanço das cheias em direção à área
urbanizada de São Sebastião do Caí, que sejam exequíveis, efetivas e reduzam as
adversidades enfrentadas pela população local.
13

1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

O município de São Sebastião do Caí, localizado paralelamente à beira do baixo


trecho do Rio Caí, é descrito como uma área extremamente sujeita à ocorrência de
enchentes/inundações. Por estar estabelecido em uma área de relevo plano e cotas
baixas, o município, desde o final do século XIX, sofre constantemente com as
cheias deste rio, que causam impactos sociais e econômicos significativos.
Essas inundações têm sido bastante recorrentes ao longo das últimas décadas,
inundando a área urbana em torno de duas vezes ao ano, conforme a variação do
volume de chuvas na região. Tal problema gera uma série de transtornos na cidade,
sendo os bairros da zona urbana: Navegantes, Quilombo, Vila Rica e Centro, os
mais atingidos pelo aumento do nível do rio.
Esses eventos de cheias (Figura 1) fazem com que as estradas que costeiam a
margem do Rio Caí, importantes vias de acesso e transporte para agricultura,
pecuária, indústria e ingresso à cidade, sejam interditadas. Ademais, algumas
famílias, que residem próximas ao rio, como nos bairros citados, precisam ser
realocadas para abrigos fora da área inundada. E também causam prejuízos no
setor industrial, entre outros fatores que prejudicam o município até os dias atuais.

Figura 1 - Notícias sobre maiores enchentes ocorridas na cidade. A primeira ocorrida em


junho de 1982, atingindo a cota de 14,70 m, e a segunda em outubro de 2000, com 14,75 m.

A) B)

Fonte: Acervo Jornal Fato Novo.


14

1.2 OBJETIVO GERAL E ESPECÍFICOS

O objetivo geral deste trabalho consiste em apresentar alternativas estruturais


e não estruturais para o controle de enchentes/inundações em São Sebastião do
Caí, com o intuito de minimizar os impactos sofridos pela população ao longo dos
anos.
Para alcançar este objetivo, pretende-se:
- Identificar as principais causas;
- Delimitar as áreas inundáveis a fim de planejar um desenvolvimento
ordenado para o município, distante da zona de inundação;
- Propor uma alternativa estrutural ou não-estrutural para minimizar ou resolver
problema das enchentes/inundações, utilizando conhecimentos geológicos e
levando em consideração as características locais, formas de relevo e cotas de
enchente/inundação na cidade.

1.3 JUSTIFICATIVA

O ciclo hidrológico natural é constituído por diferentes processos físicos,


químicos e biológicos. Quando o homem entra dentro desse sistema e se concentra
no espaço, produz grandes alterações que modificam dramaticamente esse ciclo e
trazem consigo impactos significativos (muitas vezes de forma irreversível) no
próprio homem e na natureza (TUCCI; BERTONI, 2003).
Segundo Oliveira, Saldanha e Guasselli (2010) o crescente processo de
urbanização e o crescimento desordenado das cidades fazem com que áreas
localizadas próximas a corpos hídricos sejam habitadas sem um controle adequado.
E, ainda, levando em conta diversos fatores, como desmatamento em Áreas de
Preservação Permanente (APPs), descarte de lixo em locais impróprios, moradias
irregulares, entre outros, a natureza acaba por cobrar caro por isso, acarretando em
desastres naturais que prejudicam a humanidade, como, por exemplo, grandes
inundações nas cidades onde habitamos.
Esse contexto, abrange a cidade de São Sebastião do Caí. Por estar
localizada às margens do Rio Caí, ou seja, dentro da planície de inundação do rio,
sofre constantemente com as inundações que invadem grande parte da sua área
15

urbana, um problema recorrente desde o final do século XIX que tem se agravado
ao longo dos anos.
Este trabalho visa apresentar alternativas que minimizem os impactos na área
urbana do município, como obras de engenharia, sistemas de controle contra
inundações, zoneamento da área territorial, em resumo, propostas que sejam viáveis
a ponto de reduzir os efeitos causados pelas cheias, melhorando a qualidade de
vida dos moradores.
16

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CICLO HIDROLÓGICO

O ciclo hidrológico é o fenômeno global de circulação fechada da água entre


a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionado pela energia solar associado à gravidade e à
rotação terrestre. Parte do ciclo hidrológico é constituído pela circulação da água na própria superfície
terrestre, isto é: a água circula no interior e na superfície dos solos e rochas, nos oceanos e nos seres
vivos (SILVEIRA in TUCCI, 1993, p. 35).
Segundo Bourotte (2014), o ciclo hidrológico (Figura 2) funciona da seguinte
forma: o calor fornece energia para a transformação da água líquida em vapor, em
toda a superfície do globo, nos oceanos, ocorre apenas à evaporação. Já nos
continentes, ocorre tanto a evaporação das águas livres como a transpiração dos
seres vivos, por isso o processo nos continentes é chamado de evapotranspiração.
Os produtos da evaporação e evapotranspiração se acumulam na atmosfera, em
forma de nuvens que se movimentam, distribuindo a água na atmosfera.
Assim, parte da água que evaporou dos oceanos passa para o estado líquido,
precipitando-se como chuva ou neve sobre os continentes, que, de outra parte,
mantêm o trabalho de escoamento superficial e subterrâneo, promovendo
intemperismo das rochas, cujos produtos (materiais soltos) são erodidos e
transportados em direção aos oceanos, principalmente carregados pelos rios
(BOUROTTE, 2014).
Mello e Silva (2013) apontam que o fluxo sobre a superfície terrestre é
positivo (precipitação menos evaporação), resultando nas vazões dos rios em
direção aos oceanos, já o fluxo vertical dos oceanos é negativo, com maior
evaporação que precipitação. O volume evaporado adicional se desloca para os
continentes através do sistema de circulação da atmosfera e ocorre a precipitação.
De acordo com Silveira (1993), a evaporação direta dos oceanos para a
atmosfera corresponde a cerca de 85% do total evaporado, sendo os 15%
complementares devido à evapotranspiração dos continentes. No balanço das
precipitações, os percentuais se diferem um pouco, com a atmosfera devolvendo
aos oceanos cerca de 77% do total precipitado, cabendo aos continentes receberem
23% restantes. A diferença entre o que é precipitado nos continentes e o que é
evapotranspirado corresponde à água infiltrada no solo e ao escoamento superficial.
17

Cabe ressaltar também que o ciclo hidrológico não apresenta um


começo nem um fim, já que a água está em movimento contínuo, sendo o início da descrição do
ciclo realizado a partir da evaporação dos oceanos apenas por questões didáticas. Outro fato a
ser ressaltado é que a evaporação está presente em quase todas as etapas do ciclo (PAZ, 2004,
p.8).

Figura 2 - O ciclo hidrológico, com o fluxo de transferência de água, por ano, entre os
reservatórios. Pela evapotranspiração, a água é transferida dos continentes e oceanos
para a atmosfera, de onde retorna para a superfície pela precipitação (chuva). A
evaporação mais elevada a partir dos oceanos em relação a precipitação sobre os
continentes (em relação a evaporação), que retorna para os oceanos.

Fonte: Bourotte (2014).

2.2 ESCOAMENTO SUPERFICIAL

O escoamento superficial é a fase do ciclo hidrológico que trata da água


oriunda das precipitações. Engloba, portanto, o volume de água precipitada sobre o solo saturado ou
uma superfície impermeável que escoa superficialmente, seguindo linhas de maior declive, na direção
de um curso de água mais próximo (TUCCI, 2000, p. 39).
O escoamento superficial é impulsionado pela gravidade para as cotas mais
baixas, vencendo, principalmente o atrito com a superfície do solo. Manifesta-se, inicialmente, na
forma de pequenos filetes de água que se moldam ao microrrelevo do solo. A erosão de partículas do
solo pelos filetes em seus trajetos, aliada a topografia preexistente, molda por sua vez, uma
microrrede de drenagem efêmera que converge para a rede de cursos de água mais estável, formada
por arroios e rios. A presença de vegetação na superfície do solo contribui para obstruir o
escoamento superficial, favorecendo a infiltração no percurso. Com raras exceções, a água escoada
pela rede de drenagem mais estável destina-se aos oceanos (SILVEIRA in TUCCI, 1993, p.37). De
18

acordo com Tucci (2014) a sua duração está associada praticamente à duração da
precipitação.
O escoamento pode ser dividido em três componentes (Figura 3):
escoamento superficial direto, escoamento subsuperficial e escoamento base ou
subterrâneo. O primeiro componente é gerado pelo excesso de precipitação que
escoa diretamente sobre a superfície, provocado pela saturação do solo, reduzindo
sua capacidade de infiltração ou pela intensa precipitação, a qual supera a
capacidade de infiltração atual do solo, provocando seu escoamento (MELLO;
SILVA, 2013).
O subsuperficial ocorre numa camada de solo saturada próxima à superfície,
contribuindo com o escoamento superficial direto e o escoamento base é aquele
produzido pela drenagem natural do aquífero. Alguns fatores que influenciam
diretamente no escoamento superficial, como por exemplo: - os fatores climáticos:
estão ligados à intensidade, duração da chuva e a chuva antecedente; e os fatores
fisiográficos: - relacionados à área e forma da bacia, à permeabilidade e capacidade
de infiltração e à topografia da bacia (MELLO; SILVA, 2013).

Figura 3 - Perfil esquemático de funcionamento do escoamento.

Fonte: Escoamento...(2016).

2.3 ASSOREAMENTO

Na concepção de Infanti e Fornasari (1998), o assoreamento (Figura 4) é um


processo que consiste na acumulação de partículas sólidas (sedimento) em meio
aquoso, ocorrendo quando a força do agente transportador natural é superada pela
força da gravidade ou quando a supersaturação das águas permite a deposição. A
intensificação deste processo (assoreamento) decorre, em geral, das atividades
19

antrópicas, relacionado diretamente ao aumento da erosão pluvial, por práticas


agrícolas inadequadas e infraestrutura precária de urbanização, bem como da
modificação da velocidade dos cursos d’água por barramentos, desvios, entre
outros. Sperling (1999) aponta que o intenso aporte de material mineral
(principalmente areia, silte e argila) é o fenômeno causador do assoreamento em
corpos d’água.
Segundo Guerra e Cunha (1995), o processo de assoreamento numa bacia
hidrográfica está diretamente relacionado aos processos erosivos que nela ocorrem,
uma vez que este processo é que fornece os materiais que resultarão no
assoreamento. Quando a capacidade de energia não for suficiente para transportar
o material erodido, este material é depositado.
De uma forma geral, a erosão do solo e o transporte de sedimentos por
escoamento superficial, são os processos causadores do “assoreamento” em corpos
d’água, ou seja, processos naturais que ocorrem dentro de uma bacia hidrográfica
ou podendo também ser consequência do acúmulo de lixo ao longo do canal do rio.

Figura 4 - Assoreamento no leito de um rio.

Fonte: O que são... (2018)

2.4 BACIA HIDROGRÁFICA

A definição de bacia hidrográfica refere-se a uma área de captação natural


da precipitação delimitada topograficamente por divisores de água, é composta basicamente de um
conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem constituída por cursos de água que
confluem e cujo escoamento converge para um mesmo ponto, denominado exutório. A bacia
hidrográfica é o elemento fundamental de análise no ciclo hidrológico, principalmente na sua fase
terrestre, que engloba a infiltração e o escoamento superficial (SILVEIRA, 1993, p.40).
20

Os elementos que constituem uma bacia hidrográfica, representados na


(Figura 5), influenciam diretamente nas respostas aos eventos de precipitação,
destacando-se as suas unidades pedológicas (solos), cobertura vegetal,
características geomorfológicas (declividade, formato, área e rede de drenagem) e
também as características geológicas (AVANZI, 2005). A maior área de captação
das bacias encontra-se em terrenos do embasamento com declividades elevadas a
médias, enquanto que o restante da bacia está implantado sobre terrenos de
planície costeira, com declividades baixas até nulas. Com isso, os rios de planície
costeira recebem enorme volume de água proveniente das encostas, mas o
coeficiente de escoamento diminui fortemente devido às baixas declividades
(SOUZA, 2005).
A bacia hidrográfica pode ser então considerada um ente sistêmico, onde se
realizam os balanços de entrada proveniente da chuva e saída de água através do
exutório, permitindo que sejam delineadas bacias e sub-bacias, cuja interconexão se
dá pelos sistemas hídricos (PORTO; PORTO, 2008). É sobre este território que se
desenvolvem as atividades humanas, áreas urbanas, industriais, agrícolas ou de
preservação pertencentes a uma bacia hidrográfica, sendo representados no seu
exutório. Todos os processos que fazem parte deste sistema, e que ali ocorrem são
consequência das formas de ocupação do território e da utilização das águas que
para ali convergem (COSTA, 2009).

Figura 5 - Perfil esquemático dos elementos de uma bacia hidrográfica.

Fonte: Rede... (2013).


21

2.5 PLANÍCIE DE INUNDAÇÃO

A planície de inundação (Figura 6) é tomada como uma feição deposicional


do vale do rio, associada com um clima particular ou com o regime hidrológico da
bacia de drenagem. Os sedimentos são temporariamente estocados na planície
durante a rota de fluxo para o vale e, sob condição de equilíbrio durante um período
de anos, a taxa de entrada de sedimentos é igual à de saída na bacia (ROCHA,
2011). É definida como uma superfície plana adjacente ao canal fluvial, modelada
pela ação erosiva ou deposicional do fluxo das cheias e inundada pelo menos uma
vez a cada dois anos (FERNANDEZ, 2003).
As planícies de inundação ocorrem normalmente no baixo curso dos rios,
onde o relevo é mais desbastado pela erosão do que a montante. Apresentam
pequeno gradiente topográfico, ou seja, baixas declividades, em consequência, a
energia da corrente fluvial é reduzida e não consegue carregar muito da carga
sedimentar do rio, que é depositada no fundo, o que faz com que as águas no
período de chuvas mais recorrentes extravasem preenchendo estas áreas (WINGE
et al., 2001).
.
Figura 6 - Desenho ilustrando a planície de inundação de um rio.

Fonte: Paz, Collischonn e Tucci (2010).


22

2.6 ENCHENTES E INUNDAÇÕES

Enchentes e inundações são fenômenos naturais que ocorrem com


frequência nos cursos d’água, geralmente deflagrados por chuvas fortes e rápidas
ou chuvas de longa duração e baixa intensidade, estes eventos naturais têm sido
intensificados, principalmente, nas áreas urbanas por alterações antrópicas
(BRAGA, 2016).
O conceito de enchentes é caracterizado pela elevação do nível de água no
canal devido ao aumento da vazão, atingindo a cota máxima sem extravasar. O
conceito de inundação abrange o transbordamento de água do curso fluvial que
passa de seu leito menor para o seu leito maior, de modo que atinja uma planície de
inundação ou área de várzea (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2011).
Para Bigarella (2003), a enchente pode ser vista a partir de uma leitura
geomorfológica das bacias de inundação, como períodos de transbordamentos dos
rios, nos quais o transporte, em suspensão, de grânulos finos (silte e argila) são os
principais materiais construtores das planícies de inundação ou várzeas. Castro
(1998) define inundação como o extravasamento das águas do leito de escoamento
(leito menor) de um corpo hídrico para a planície de inundação (leito maior), em
virtude do excesso de volume de água não drenado pela falta de capacidade do
sistema fluvial. Pisani (2001) caracteriza inundações como um fenômeno natural,
que ocorre quando a vazão a ser escoada é maior que a capacidade de descarga do
sistema hídrico.
Estes episódios ocorrem, principalmente, pelo processo natural no qual o rio
escoa pelo seu leito maior, em decorrência do processo natural do ciclo hidrológico e
aumentam sua frequência e magnitude devido à impermeabilização do solo,
ocupação e a construção de condutos pluviais. O desenvolvimento urbano pode
produzir também obstruções ao escoamento e condutos, como aterros e pontes,
drenagens inadequadas e assoreamento (TUCCI; BERTONI, 2003).
Segundo Wollmann e Sartori (2008), tais eventos podem ser considerados
uma das consequências da atuação e dinâmica de sistemas naturais sobre a
superfície terrestre que maiores alterações provocam no espaço geográfico. Essa
dinâmica não se restringe apenas ao aumento da vazão que leva à enchente, mas
também aos movimentos atmosféricos, aos processos geomorfológicos e,
principalmente, às repercussões ocorridas nas áreas afetadas pelas enchentes, em
23

especial nas áreas urbanas situadas às margens dos rios, onde estes processos são
frequentes. Estes desastres naturais, segundo Alcántara-Ayala (2002), ocorrem em
todo o mundo, mas seu impacto é maior em países em desenvolvimento, onde são
mais frequentes. Além da alta frequência dos desastres naturais, as baixas
condições sociais e econômicas têm como resultado grandes perdas,
principalmente, humanas, além da grande dificuldade da reconstrução pós-desastre.
A Figura 7 demonstra a diferença entre os níveis de um rio em estágio de
cheia, iniciando pelo nível normal, em seguida o nível de enchente no qual o rio está
na sua capacidade máxima e, posteriormente o nível de inundação, onde o rio
extravasa inundando as áreas proximais.

Figura 7 - Elevação do nível de um rio provocada pelas águas da chuva, do nível


normal ao de inundação.

Fonte: Goerl e Kobiyama (2005).

No Brasil, as inundações são os mais frequentes casos de desastres naturais


observados, causando danos de elevada significância para as populações atingidas
(TUCCI; BERTONI, 2003). Apesar de no país, serem os desastres naturais mais
comuns, na maioria das cidades atingidas, observam-se poucos investimentos a fim
de evitar ou minimizar os impactos desses eventos. No Rio Grande do Sul, as
enchentes constituem-se em fenômenos naturais já conhecidos pela população, em
24

especial, aquelas que habitam os vales dos principais rios sul-rio-grandenses


(WOLLMANN; SARTORI, 2008).

2.6.1 Controle de Enchentes e Inundações

As medidas para o controle de inundações podem ser do tipo estrutural e não-


estrutural. As medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema fluvial
evitando prejuízos decorrentes das enchentes, enquanto que as medidas não-
estruturais são aquelas em que os prejuízos são reduzidos pela melhor convivência
da população com as enchentes, estas medidas sempre visam minimizar as
consequências (TUCCI, 2014). As medidas são classificadas como estruturais
quando o homem modifica o rio, e em não-estruturais, quando o homem convive
com o rio. No primeiro caso, estão as medidas de controle através de obras de
engenharia, tais como barragens, diques, canalização, entre outras. No segundo
caso, encontram-se medidas do tipo preventivo, tais como zoneamento de áreas de
inundação, alerta e seguros (TUCCI; BERTONI, 2003).

2.6.2 Medidas Estruturais

As medidas estruturais, podem ser caracterizadas como intensivas, que são


obras de engenharia implementadas para reduzir o risco de enchentes e
inundações, as quais se destacam algumas, como as mais utilizadas: diques,
polders, reservatórios, canais de desvio ou paralelos. Ou então como extensivas,
quando são feitas modificações no leito rio que visam aumentar a sua vazão, a
velocidade, com a recomposição de cobertura vegetal, controle de erosão, tirando
obstruções ao escoamento, dragando o rio, aumentando a declividade pelo corte de
meandros ou aprofundando o rio.

2.6.2.1 Reservatórios e Caixa de Expansão

Os reservatórios têm a função de armazenar a água, reter parte do volume da


enchente e restituir tal volume ao rio após a onda da cheia ter passado, e reduzem a
vazão natural, procurando manter o rio em uma vazão inferior àquela que provocava
o extravasamento (inundação). O reservatório deve permanecer sempre vazio
25

esperando o próximo evento de cheia, é uma obra que demonstra bom potencial
para cheias de pequeno e médio porte, mas não tão aconselhada para grandes
inundações (CORDERO; MEDEIROS; TERAN, 1999).
Uma caixa de expansão (Figura 8) é corretamente indicada para aquela
área alagável destinada a exercitar um efeito de decapitação da onda de cheia que se propaga ao
longo de um curso d’água. A função de uma caixa de expansão é similar a de um reservatório de
laminação de cheia. As caixas de expansões geralmente são executadas no pé da montanha ou na
zona de planície, em série, em paralelo ou de modo misto em respeito ao curso d’água. Muitas
planícies funcionam como caixas de expansão naturais, pois no momento das enchentes elas são
inundadas, armazenando grande volume d’água, que retorna ao rio principal quando as águas
começam a baixar (CORDERO; MEDEIROS; TERAN, 1999, p. 5).

Figura 8 - Ilustração de uma caixa de expansão.

Fonte: Cordero, Medeiros e Teran (1999).

2.6.2.2 Diques e Polders

Os diques (Figura 9) são barramentos ou muros laterais de terra ou de


concreto, inclinados ou retos, construídos ao longo das margens do rio, de altura tal
que contenham as vazões no canal principal a um valor limite estabelecido em
projeto. Esse tipo de obra assegura o controle completo das cheias que tenham o
seu pico inferior ao limite estabelecido, mas nenhuma proteção para as vazões que
ultrapassam tal limite, que passarão sobre tais muros. O tipo de obra em questão é
uma das mais antigas medidas estruturais de controle de cheias (CORDERO;
MEDEIROS; TERAN, 1999).
Os polders são utilizados para proteger áreas restritas. A distinção entre
diques e polders é que estes últimos utilizam uma estação de bombeamento para retirar as águas
que chegam à área protegida durante uma enchente. Neste tipo de obra geralmente há necessidade
de construir uma galeria com comportas reguláveis para evitar a entrada da água do rio principal na
26

área protegida e propiciar a saída da água do ribeirão quando a situação voltar ao normal
(CORDERO; MEDEIROS; TERAN, 1999, p.6).

Figura 9 - Ilustração de um dique.

Fonte: Cordero, Medeiros e Teran (1999).

2.6.2.3 Canais de desvio e Canais paralelos

Um canal de desvio (Figura 10) serve para desviar parte da vazão da cheia do
curso d’água principal, diminuindo assim a vazão do rio na zona que se deseja
proteger. Neste tipo particular de obra em geral a água desviada não retorna mais
ao canal principal, mas sim para um lago, outro curso d’água ou diretamente ao mar
(CORDERO; MEDEIROS; TERAN, 1999).

Figura 10 - Ilustração de um canal de desvio.


.

Fonte: Cordero, Medeiros e Teran (1999).

Um canal paralelo (Figura 11) é utilizado quando, por diversas razões, não se
pode incrementar a capacidade do canal principal. Neste tipo de obra a vazão é
repartida em dois ou mais ramos, por certo trecho, após o desvio a água retorna a
escoar por um único canal. Assim, o nível da cheia do canal principal no trecho
interessado diminui (CORDERO; MEDEIROS; TERAN, 1999).
27

Figura 11- Ilustração de um canal paralelo.

Fonte: Cordero, Medeiros e Teran (1999).

O problema neste tipo de obra, é que, subdividindo a vazão entre mais de um


canal, a velocidade da água diminui e com isso se reduz a capacidade de transporte
dos materiais (sedimentos), elevando o leito do rio, podendo provocar inundações
ainda maiores.

2.6.2.4 Retificações

Uma retificação de um rio (Figura 12) consiste na construção de um novo leito


para o rio, retilíneo ou quase, em uma zona no qual em geral o rio percorre
numerosos meandros. O primeiro efeito de uma retificação é a redução do percurso
d’água com consequente aumento da declividade, haverá uma maior velocidade na
corrente, as cheias se propagarão mais rapidamente para a jusante, seja em
consequência do menor percurso, seja devido a maior velocidade (CORDERO;
MEDEIROS; TERAN, 1999). Este tipo de obra pode causar com o passar do tempo,
a inundação de novas áreas antes não atingidas e assoreamento do leito do rio,
além do impacto ambiental.

Figura 12 - Ilustração de retificação no leito de um rio.

Fonte: Cordero, Medeiros e Teran (1999).


28

2.6.2.5 Melhoramentos do álveo

Os melhoramentos no álveo do rio (Figura 13) têm o propósito de diminuir a


diferença de vazão em pontos do corpo hídrico, buscando encontrar uma vazão
equivalente para o maior número de pontos do curso do rio. Esses procedimentos
podem ser feitos através da retirada de obstruções (possível assoreamento), de
diminuições da rugosidade ou então do aumento da declividade do rio. Essas
medidas devem ser feitas com muito cuidado no álveo, pois podem causar danos
ambientais consideráveis, como deslizamento de taludes, aumento de sedimentação
entre outros (CORDERO; MEDEIROS; TERAN, 1999).

Figura 13 - Melhoramentos do álveo de um rio.

Fonte: Cordero, Medeiros e Teran (1999).

2.6.3 Medidas Não-Estruturais

As medidas não-estruturais não são projetadas para dar uma proteção


completa. As mesmas, juntamente com as estruturais ou sem essas, podem
minimizar significativamente os prejuízos com um custo menor. Algumas delas são
bastante utilizadas em cidades que sofrem com esses desastres naturais, dentre as
quais, se podem citar o sistema de previsão de alerta, o seguro contra enchentes, o
mapeamento das áreas de inundação e o Plano de Defesa Civil. Este último envolve
todas as ações individuais ou de comunidade para reduzir as perdas durante as
inundações, geralmente administrado pela prefeitura da cidade atingida em conjunto
com o governo do Estado.
29

2.6.3.1 Sistema de Alerta

O sistema de alerta serve para alertar as pessoas que habitam zonas


ribeirinhas sobre os riscos e a eminência de uma enchente/inundação. Trata-se de
um sistema composto de aquisição de dados em tempo real, com a transmissão de
informação para um centro de análise. Os alertas são baseados nas previsões dos
eventos de cheia com uma previsão em tempo real por meio de um modelo
matemático (TUCCI, 2014).

2.6.3.2 Seguros contra enchente

Os seguros contra enchentes são apólices de seguro, estipuladas por


companhias especializadas, para aquelas habitações, indústrias ou casas
comerciais localizadas nas zonas sujeitas a inundações, que permitem aos
indivíduos ou empresas a obtenção de uma proteção econômica para eventuais
perdas (TUCCI, 2014).

2.6.3.3 Mapas de inundação

Os mapas de inundação podem ser de dois tipos: “mapa de planejamento ou


carta enchente” e “mapa de alerta ou mapa cota enchente”. O mapa de
planejamento define as áreas atingidas por cheias de tempo de retorno escolhidos.
O mapa de alerta informa em cada esquina ou ponto de controle, o nível da régua no
qual inicia a inundação. Esse mapa permite o acompanhamento da evolução da
enchente, com base nas observações da régua, pelos moradores nos diferentes
locais da cidade, sendo essa informação transmitida geralmente pelas estações de
rádio da cidade (TUCCI, 2014).
A medida em questão pode ser utilizada para delimitar áreas de inundação ao
longo dos anos, sendo uma ferramenta muito importante para apontar as áreas onde
o município deve expandir no futuro, visando um desenvolvimento adequado, fora
das zonas de risco.
30

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

3.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

O município de São Sebastião do Caí está situado na porção nordeste do


Estado do Rio Grande do Sul (Figura 14), entre a latitude 29°35’12’’S e longitude
51°22’32’’W. Possui uma área territorial de 112,334 km², tem uma população
estimada de 25.000 pessoas (IBGE, 2018), sendo a população no último censo de
21.932 pessoas (IBGE, 2010). A economia municipal baseia-se nos três setores,
agricultura, pecuária e industrial, sendo um dos municípios com economia mais
diversificada do Vale do Caí, bem como do Rio Grande do Sul. O município está
dividido em 3 zonas distintas, com uma sede municipal, composta por sete bairros:
Centro, Navegantes, Quilombo, Angico, Vila Rica, Progresso e Rio Branco. Uma
zona rural que se divide em 7 distritos rurais: Várzea, Vigia, Chapadão, Lajeadinho,
Campestre, Tafona e Pareci Velho e 2 aglomerações urbanas: Conceição e Areião.
O processo de colonização da região teve início no começo do século XIX,
com a chegada dos imigrantes alemães. Entretanto, a cidade foi fundada por
portugueses em 1° de maio de 1875, e colonizada então pelos alemães que já
viviam em seu território. São Sebastião do Caí originou-se em função da construção
do Cais do Porto, pois era o local mais adequado do trecho navegável do Rio Caí
com a finalidade de escoar a produção rural regional para Porto Alegre.
31
Figura 14 - Mapa de localização do município de São Sebastião do Caí.
.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A cidade se localiza as margens da rodovia RS 122, sendo seu acesso feito


pela mesma, há cerca de 70 km da capital gaúcha, Porto Alegre, e também,
aproximadamente, 60 km das cidades de Caxias do Sul e Bento Gonçalves,
localizadas na Serra Gaúcha. Faz parte da Região Metropolitana de Porto Alegre
(RMPA) desde 2012 e tem como municípios vizinhos: Harmonia, Bom Princípio,
Feliz, Pareci Novo, Capela de Santana, Portão e São José do Hortêncio.
O município de São Sebastião do Caí, estabelecido às margens do Rio Caí,
por ser uma ótima via de escoamento da produção da região antigamente, sofre
32

desde os primeiros anos de sua existência, no final do século XIX, com as


inundações causadas pelas cheias.
Sendo a zona urbana localizada mais próxima às margens do corpo hídrico,
com o Bairro Navegantes, inserido dentro da planície de inundação do rio, o mais
afetado pelas águas. Com menos impactos sofridos, os bairros Quilombo, Vila Rica
e Centro, também são atingidos pelas enchentes/inundações, que ocorrem
periodicamente de uma a duas vezes ao ano, variando conforme o período de
chuvas na região.

3.2 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAÍ

Conforme mostra a Figura 15, a bacia do rio Caí localiza-se integralmente no


Estado do Rio Grande do Sul, na região Hidrográfica do Guaíba. Possui como
bacias hidrográficas limítrofes ao sul a Bacia Hidrográfica do Baixo-Jacuí; a leste a
Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos; e a oeste e norte, a Bacia Hidrográfica do
Taquari-Antas. Ao total, a bacia do Rio Caí possui uma área aproximada de 5.000
km², atingindo 41 municípios gaúchos, com seus territórios total e parcialmente
inseridos na bacia (WOLLMANN; SARTORI, 2010). A população estimada é de 540
mil habitantes assim distribuída em: 82,5% na área urbana e 17,5% na área rural,
correspondendo a 5% da população do Estado (PROFILL, 2007).
A Bacia Hidrográfica do Rio Caí está inserida em dois compartimentos
geomorfológicos do Rio Grande do Sul: a Depressão Periférica e o Planalto da bacia
do Paraná. Também é significativo o número de morros testemunhos na bacia,
resultado do recuo da escarpa ao longo de milhões de anos pela erosão
(WOLLMANN; SARTORI, 2010).
A densidade de drenagem na bacia é de 1,1 km por km², indicando que a
bacia é mal drenada devido à alta permeabilidade do solo. A Bacia Hidrográfica do
Rio Caí apresenta uma elevada amplitude altimétrica, sendo que a altitude média é
de 457 m e a máxima é de 1.027 m registrada no Planalto da bacia do Paraná. As
áreas mais elevadas estão localizadas na porção nordeste da bacia, enquanto as
mais baixas estão a sudoeste, indicando também a direção preferencial dos rios
(PROFILL, 2007).
33
Figura 15 - Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.3 CLIMA

Em São Sebastião do Caí, o clima é quente e temperado e existe uma


pluviosidade significativa ao longo do ano. Mesmo no mês mais seco, maio, ocorre
ainda muita pluviosidade, sendo a temperatura média de 19.7 °C. No mês mais
quente do ano, no verão, a temperatura média é de 25 °C. A temperatura média em
junho, no inverno, é de 15.2 °C. Em geral, as temperaturas médias têm uma
variação de 9.8 °C durante ao ano (Climate-Data.org).

3.4 REGIME DE CHUVAS

Segundo Wollmann e Sartori (2008) as chuvas no Estado do Rio Grande do


Sul têm sua origem ligada às correntes perturbadas de Sul (frentes polares), e de
Oeste (instabilidades tropicais), com um forte predomínio das primeiras sobre as
segundas. Com base nessa afirmação, os volumes de chuvas produzidos pelas
frentes polares são muito superiores aos provocados pelas instabilidades tropicais, o
34

que provoca a ocorrência de enchentes no Estado, principalmente no inverno, em


função de um maior desenvolvimento das massas de ar polares em confronto com
as de origem tropical, que intensificam o processo de geração de descontinuidades
atmosféricas e elevam em alguns casos, os índices pluviométricos.
Há dois tipos de chuva. O primeiro é o do Oeste, inicia-se em março e
termina em junho, e pode ser chamado de chuvas de outono; já o segundo, é o da
parte Leste, inicia-se em junho e finaliza em setembro, acentuando-se em: agosto e
setembro na parte nordeste do estado, e pode ser chamado de chuvas de inverno
(WOLLMANN; SARTORI, 2008).
O município de São Sebastião do Caí segundo dados da página Climate-
Data.org, apresenta uma pluviosidade média anual de 1425 mm. O mês mais seco é
maio com 99 mm. A maioria da precipitação cai no mês de setembro, com uma
média de 135 mm, no qual foram registradas algumas das inundações mais
significativas na cidade. Quando comparados o mês mais seco, maio tem uma
diferença de precipitação de 36 mm em relação ao mês mais chuvoso que é
setembro.

3.5 GEOLOGIA

Segundo a base de dados do Serviço Geológico do Brasil (2009), observada


através da (Figura 16), o mapa geológico do município de São Sebastião do Caí
identifica as principais unidades geológicas aflorantes na área de estudo. Com os
depósitos aluvionares (rochas quaternárias) mais proximais aos rios, os basaltos da
Formação Serra Geral representados pelas partes mais altas nos morros
testemunhos e os arenitos da Formação Botucatu na parte intermediária do relevo.

3.5.1 Depósitos Aluvionares

Os colúvios são solos ou fragmentos rochosos transportados ao longo das


encostas de morros, devido à ação combinada da gravidade e da água, possuem
características diferentes das rochas subjacentes (HOLZ; DE ROS, 2000).
Os depósitos aluviais são caracterizados por sedimentos aluvionares
inconsolidados constituídos por seixos, areias finas a grossas, com níveis de
cascalhos, lentes de material siltoargiloso e restos de matéria orgânica, relacionados
35

a planícies de inundação, barras de canal e canais fluviais atuais (HOLZ; DE ROS,


2000).
À medida que se acumulam, dão origem às planícies aluviais, sendo
constituídos por intercalações de camadas e lentes de diversas granulometrias,
variando da fração argilosa à conglomerática, devido a variação dos cursos fluviais.
Também são comuns em áreas atravessadas pelos cursos d’água barras de
cascalho compostas por seixos e matacões das rochas que compõe as áreas-fonte
(HOLZ; DE ROS, 2000).

Figura 16 - Mapa Geológico de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.


36

3.5.2 Formação Botucatu

A Formação Botucatu é caracterizada por arenitos quartzosos a


subarcoseanos em tons de cinza-avermelhados, com presença de cimento silicoso
ou ferruginoso, de grãos arredondados a subarredondados e com geometria tabular
ou lenticular. Apresentam estratificações cruzadas acanaladas, cunhas planares e
tabulares de médio a grande porte. Também é possível identificar nas rochas
estratificações plano-paralelas, correlacionadas à laminação do tipo ripple,
caracterizando um ambiente de interduna (MILANI, 1997).
Na deposição da Formação Botucatu, predominou um ambiente eólico,
vinculado aos ambientes desérticos; em algumas localidades, é possível encontrar
depósitos subaquosos de areias conglomeráticas e conglomerados depositados sob
condições de alta energia, mas também siltitos e argilitos depositados em ambientes
de baixa energia (MANIERI, 2010). Os contatos da Formação Botucatu são com as
rochas basálticas da Formação Serra Geral na porção superior e com a Formação
Rio do Rastro na parte inferior.

3.5.3 Formação Serra Geral

Litologicamente, a Formação Serra Geral é constituída de rochas originadas


da consolidação de lavas efusivas predominantemente básicas, contendo domínios
subordinados intermediários e ácidos, correspondente a um vulcanismo linear ou
fissural. Os basaltos desta Formação são, em grande parte, maciços, com alguns
níveis vesiculares e/ou amigdaloidais, de coloração cinza a negra, adquirindo
tonalidades verde-amarronzadas devido ao intemperismo e apresentando frequentes
fraturas (MANIERI, 2010).
Litoestratigraficamente, a Formação Serra Geral faz parte do Grupo São
Bento e é subdividida em oito Fácies (ROISENBERG; VIERO, 2000). A
predominante no município de São Sebastião do Caí, é a Fácies Gramado sendo
caracterizada por derrames basálticos, de textura granular fina a média, com
estruturas de fluxo e vesículas preenchidas por carbonato e zeolitas mais
comumente. Ocorrem geralmente na parte basal intercalações com os arenitos da
Formação Botucatu (MANIERI, 2010).
37

3.6 RELEVO

O relevo do município insere-se em duas compartimentações


geomorfológicas presentes no Rio Grande do Sul: a Depressão Periférica sul-rio-
grandense, localizada na parte oeste e sul do Município; e o Planalto da Bacia do
Paraná, cujos morros testemunhos oriundos das escarpas do rebordo do planalto
são marcas na paisagem municipal e as rochas sedimentares do período
Quaternário correspondem às áreas de várzea do município (WOLLMANN;
SARTORI, 2010). Na (Figura 17), o mapa apresenta os diferentes tipos de terrenos
no município.
Figura 17 - Mapa de Relevo de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.


38

A altimetria de São Sebastião do Caí varia poucas dezenas de metros,


variando em altitudes de 10 a 20 metros acima do nível do mar, na várzea do Rio
Caí, até altitudes superiores a 200 metros, no topo dos morros testemunhos do
Planalto da Bacia do Paraná. Assim podem ser destacados alguns morros que
fazem parte da geomorfologia do município, como o Morro da Vigia (234 m), o Morro
da Conceição (165 m), o Morro do São Rafael (101 m), o Morro do Martim (117 m), o
Morro do Pareci Velho (121 m) e o Morro dos Berwanger (72 m) (WOLLMANN;
SARTORI, 2010).

3.7 SOLOS

Segundo Viero e Silva (2010), a área de estudo está dividida em 4 tipos de


solos representados na (Figura 18): argissolos, chernossolos, neossolos e
nitossolos. Esses solos apresentam coloração em tons de vermelho e amarelo e são
originários de rochas constituídas de sódio, potássio e alcalinos terrosos (cálcio e
magnésio) e por vezes alumínio.
São caracterizados pela presença de argilominerais (partículas extremamente
finas), que são silicatos hidratados de alumínio e ferro. Podem ser moderadamente
ácidos ou alcalinos a fortemente alcalinos, com eventual acumulação de carbonato
de cálcio e enriquecimento em matéria orgânica. São heterogêneos, gerados a partir
do intemperismo de rochas que contenham minerais primários, que se
alteram/desagregam principalmente sob a ação das águas das chuvas,
correlacionados com planícies aluviais e gerados pelo retrabalhamento de
superfícies ricas em sedimentos inconsolidados (SANTOS et al., 2018).
Esses solos remetem ao município de São Sebastião do Caí ser o maior
produtor de argila do Estado do Rio Grande do Sul, com muitas áreas requeridas na
ANM – Agência Nacional de Mineração para extração do material (Figura 19), sendo
a Barra do Cadeia, Passo da Taquara e Várzeas da Vila Rica e Rio Branco, as
principais localidades que concentram esta atividade.
39

Figura 18 - Mapa de Solos de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 19 - Extração de Argila em São Sebastião do Caí.

Fonte: Registrado pelo autor.


40

3.8 HIDROGEOLOGIA

A Hidrogeologia local de acordo com Machado e Freitas (2005) é composta


por três aquíferos distintos: Botucatu, Botucatu Pirambóia e Serra Geral. Esses
nomes estão correlacionados com as formações rochosas que afloram na região.
Também é importante salientar que os três sistemas aquíferos estão inseridos
dentro do Aquífero Guarani, que aflora no Brasil nos estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. E
também ocupando parte dos territórios de Uruguai, Argentina e Paraguai. A Figura
20 apresenta o mapa Hidrogeológico da área de estudo, concomitante com as
descrições dos respectivos aquíferos.

Figura 20 - Mapa Hidrogeológico de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.


41

3.8.1 Aquífero Botucatu

De acordo com Machado (2016), a unidade hidroestratigráfica Botucatu se


localiza no topo do Sistema Aquífero Guarani, sendo também o principal aquífero
captado pelos poços profundos, podendo ser obtidas vazões superiores a 500 m³/h,
na fronteira oeste do Estado do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, as
capacidade específicas variam de 5 e 10 m³/h/m. O Aquífero Botucatu apresenta
uma baixa a média porosidade para águas subterrâneas, em rochas com porosidade
por fraturas (MACHADO; FREITAS, 2005).

3.8.2 Aquífero Botucatu/Pirambóia

Segundo Machado (2016) a unidade hidroestratigráfica Piramboia, inferior,


apresenta-se quase sempre associada com a unidade Botucatu, em poços de maior
profundidade e consequentemente maior confinamento pela unidade
hidroestratigráfica Serra Geral. Essa associação forma o sistema aquífero,
denominado de Botucatu/Piramboia.
O Aquífero Botucatu Pirambóia que corresponde a maior parte dentro da área
de estudo é caracterizado, segundo Machado e Freitas (2005), como um aquífero de
baixa a média porosidade para águas subterrâneas em rochas e sedimentos com
porosidade intergranular.

3.8.3 Aquífero Serra Geral

O Sistema Aquífero Serra Geral possui grande importância hidrogeológica no


sul do Brasil. É constituído por aquíferos fraturados que estão associados a
diferentes estruturas presentes nas rochas vulcânicas. Devido as suas
características litológicas, não apresentam porosidade e permeabilidade primárias
importantes para o armazenamento de grandes volumes de água subterrânea. Suas
características hidrogeológicas (fraturas, falhas e zonas vesiculares) permitem a
explotação de grandes volumes de águas subterrâneas a profundidades
economicamente viáveis, variando em torno de 110 metros, considerado um
aquífero de alta produtividade (SOARES, 2016).
42

3.9 HIDROGRAFIA

Na Figura 19, o mapa hidrográfico aponta os principais rios que cruzam o


município, seus arroios (afluentes) e os açudes utilizados para irrigação e plantio na
região.
O Rio Caí nasce no município de São Francisco de Paula entre as altitudes
de 900 a 1100, possui comprimento aproximado de 208 km, enquanto a distância
entre seus pontos extremos é de 89 km. Seus principais afluentes pela margem
esquerda são os rios do Caracol, Pinto, Pirajá e Cadeia, e pela margem direita são
os rios Divisa, Muniz, Macaco, Piaí, Pinhal, Ouro, Mauá e Maratá.

Figura 21 - Mapa Hidrográfico de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.


43

No município de São Sebastião do Caí, o Rio Caí se concentra na parte


oeste, muito próximo ao bairro Navegantes na área urbana. E proximal aos bairros
Quilombo e Vila Rica e à zona rural, costeando o distrito da Várzea.
Também é possível identificar no mapa que o Rio Cadeia cruza o município
no sentido oeste/leste e se concentra mais proximal ao bairro Quilombo e às
localidades de Barra do Cadeia e Pareci Velho.
Os principais arroios do município são sete e estão estabelecidos ao longo de
toda a área municipal. No Noroeste do município, o Arroio da Várzea deságua no
Arroio Coutinho e posteriormente no Rio Caí. No Sul, os Arroios da Conceição e
Picaça deságuam no Rio Cadeia e o Arroio Malé é afluente do Rio Caí. No Norte, os
Arroios Três Marias, dos Lajes e Paradiso desembocam no Rio Caí e ao Leste os
Arroios da Vigia e Bonito migram em direção ao Rio Cadeia.
44

4. METODOLOGIA

Para construção e desenvolvimento do vigente trabalho, foram empregados


diferentes métodos, os quais foram muito importantes para a efetivação e princípios
dos resultados a serem demonstrados a seguir.

4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A fundamentação teórica se baseou no agrupamento de distintas informações


relacionadas a conceitos importantes sobre o tema como: ciclo hidrológico e seu
funcionamento, escoamento superficial, assoreamento, bacia hidrográfica, planície
de inundação, enchentes e inundações.
Essa pesquisa foi realizada em maior parte por meio de artigos científicos,
livros e sites. Com base na compilação desse conjunto de referências, fundamentou-
se o escopo inicial do trabalho, possibilitando uma forma mais clara e objetiva de
interpretação sobre o tema a ser abordado neste presente trabalho, sendo esses
dados representados no capítulo 2. Também foram buscadas informações relativas
à área de estudo como: clima, regime de chuvas, geologia, hidrologia, hidrografia,
relevo e solos.
Ainda foram utilizados relatórios técnicos de projetos e monitoramento do Rio
Caí, disponibilizados pela Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e
Regional – METROPLAN e Serviço Geológico do Brasil – CPRM, respectivamente,
além de dados históricos fornecidos pela equipe de Defesa Civil de São Sebastião
do Caí e reportagens de jornais locais.

4.2 BASE DE DADOS

A base de dados cartográficos que deu suporte a este trabalho foi


diversificada e disponibilizada gratuitamente pelos departamentos vinculados a
Prefeitura Municipal de São Sebastião do Caí e órgãos responsáveis pelo
monitoramento do Rio Caí.
Os mapas inseridos neste trabalho foram confeccionados com a utilização do
software ArcMap versão 10.5 (2016), utilizando a base de dados Geodiversidade da
45

CPRM – Serviço Geológico do Brasil (2009) e dados cartográficos fornecidos pelo


Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de São Sebastião do Caí.
Utilizou-se o Datum: SIRGAS 2000 e o sistema de projeção de coordenadas
UTM, região 22 S. Primeiramente foram carregados os arquivos shapefile
respectivos de cada mapa de interesse, empregou-se a ferramenta Hillshade do
Spatial Analyst Tools no ArcToolbox, que possibilita enxergar em três dimensões as
diferenças de altitude do terreno na área de estudo.
Foram desenvolvidos os mapas de localização da área de estudo, mapa da
Bacia Hidrográfica do Rio Caí que infere a nascente do Rio Caí e expõe todo
caminho percorrido do corpo hídrico até chegar ao município, o mapa geológico que
demonstra os diferentes tipos de rochas e depósitos aflorantes na área. Em seguida
o de relevo que caracteriza a região de suave, ondulado ou montanhoso, o de solos
que expõe os diferentes tipos de solo originários da decomposição das rochas
locais, o hidrogeológico que apresenta os respectivos aquíferos aflorantes na área e
o hidrográfico que demonstra a hidrografia presente no município com açudes,
arroios e rios.
Por fim, o mapa de inundação demonstra a área alagável atual do município.
O mapa de uso e cobertura do solo apresenta as principais atividades desenvolvidas
e as áreas de floresta. E o mapa de zoneamento ambiental que expões as APPS e
as zonas de uso restrito e intensivo.

4.2.1 Mapa de Declividade e Modelo Digital de Elevação

Para gerar o mapa de declividade, utilizou-se o MDE da ALOS fornecido pelo


site (https://vertex.daac.asf.alaska.edu/#), após aplicou-se a ferramenta Slope no
ArcToolbox do Spatial Analyst Tools, originando o arquivo Slope.tif com os valores
de declividade do terreno. Logo após novamente no ArcToolbox do Spatial Analyst
Tools, no Extraction, empregou-se o utensílio Extract by Mask, no qual o arquivo.tif
foi clipado dentro do shape da área do município, apresentando os valores de
declividade, ou seja, os graus de inclinação da área.
O mapa de Modelo Digital de Elevação (MDE) foi gerado através da base de
dados fornecida pela Prefeitura Municipal de São Sebastião do Caí, no qual foi
utilizado o arquivo shapefile Curvas_de_nível_5_metros.shp. Então se aplicou o
46

método Create TIN do Spatial Analyst Tools e originou-se o MDE, demonstrando os


diferentes níveis de elevação da área municipal.

4.3 ENTREVISTAS

As entrevistas foram feitas com pessoas que conhecem bem o problema que
o município enfrenta desde sua formação e órgãos competentes responsáveis por
ações de mitigação nos eventos de cheias e monitoramento do Rio Caí. O roteiro foi
livre, sem perguntas determinadas, um bate papo sobre os níveis das cheias do Rio
Caí, dos projetos sugeridos até então e ações de realocação das famílias nas zonas
atingidas pelas inundações.
O primeiro entrevistado foi o senhor Frederico Kayser, engenheiro eletricista
de formação, com especialização em transferência de fluídos, nascido em São
Sebastião do Caí e residente em Porto Alegre, que, no final da década de 80,
contratou a Empresa Magna Engenharia Ltda para a realização de um estudo na
área atingida pelas inundações. A mesma desenvolveu um projeto com o intuito de
minimizar os impactos causados pelas cheias.
O segundo foi o senhor Pedro Griebler, coordenador da Defesa Civil de São
Sebastião do Caí desde 2012, conhecedor profundo do Rio Caí e encarregado pelo
controle de todas as ações e trâmites relacionados às inundações no município.
Posteriormente o contato foi com a equipe de hidrologia da CPRM – Serviço
Geológico do Brasil, na Superintendência Regional de Porto Alegre, representados
pela engenheira civil, mestre em recursos hídricos e saneamento ambiental, Andréa
Germano, o engenheiro hidrólogo Emanuel Duarte Silva, responsáveis por monitorar
o sistema de alerta de cheias. Já implantado no baixo trecho do Rio Caí, e a geóloga
Débora Lamberty, encarregada por avaliar as áreas de risco geológico no município.
Além disso, obtiveram-se informações durante os anos em que o autor deste
trabalho residiu na cidade, desde o seu nascimento até os 23 anos de idade. Ao
longo desse período, o mesmo explorou muito as margens do rio, andou de bicicleta
nas ruas alagadas quando ocorreriam inundações, socorreu amigos, ajudando na
retirada dos pertences de suas casas, realizou estágio no Departamento de Meio
Ambiente da Prefeitura Municipal e participou da remoção das famílias para locais
fora da zona inundação, nos eventos de cheia do rio. Em virtude desses fatos, o
47

autor é um conhecedor profundo do município, do Rio Caí e dos níveis que a água
atinge nas ruas da cidade, quando o rio extravasa.

4.4 SAÍDA DE CAMPO

No dia 26 de outubro, realizou-se a saída de campo do presente trabalho,


com o intuito de identificar os principais pontos de assoreamento no Rio Caí.
Utilizou-se o GPS (Garmin) para demarcação dos pontos e máquina fotográfica
(Nikon) para registro dos locais de assoreamento no trajeto hidroviário realizado
entre os municípios de São Sebastião do Caí, Pareci Novo e Montenegro. Foram
percorridos 70 quilômetros ao longo do rio, com a participação do senhor Pedro
Griebler, coordenador da Defesa Civil do município e proprietário do barco. Também
participou do trajeto o geólogo Max Ottomar Vaske, técnico do Serviço de Pesquisa
e Recursos Minerais (SEREM), na gerência regional de Porto Alegre da Agência
Nacional de Mineração (ANM). Este é o órgão responsável por emitir licenças de
pesquisa e extração, e fiscalizar atividades relacionadas à mineração em todo Brasil.
48

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 MAIORES CHEIAS

A cheia na Bacia Hidrográfica do Rio Caí é um fenômeno natural que faz


parte da dinâmica fluvial. São cheias do tipo rápido, ou seja, com duração de alguns dias, que
ocorrem em qualquer época do ano. Quando as chuvas persistem por um longo período criam-se as
condições para a saturação do solo, onde qualquer chuva adicional poderá gerar escoamento
superficial que, ao alcançar os canais naturais, extrapolam a sua capacidade de transporte (SILVA,
2016, p.8).
Segundo o coordenador da Defesa Civil de São Sebastião do Caí, o senhor
Pedro Griebler, que começou a coordenar o setor em 2012, o nível normal do Rio
Caí é de 2,40 metros. Quando atinge os 5 metros, está na cota de atenção, aos 7,5
metros, passa para o estado de alerta e, quando alcança a cota de 10 metros, entra
em nível de inundação. Assim extrapola a sua capacidade máxima (nível enchente)
e atinge a área urbana do município, totalizando mais de 115 eventos, desde abril de
1947, quando iniciou a operação da estação fluviométrica (Figura 22) da Agência
Nacional de Águas (ANA).

Figura 22 - Estação fluviométrica Barca do Caí.


.
A) B)

Fonte: Registrado pelo autor.

A Tabela 1 demonstra as inundações mais consideráveis, já ocorridas no


município de São Sebastião do Caí que iniciaram no final no século XIX, nos
primeiros anos de existência do município e se sucedem até os dias de hoje. Dentre
estes eventos ocorridos, podem-se destacar as maiores cheias: em 1878 com 14,82
metros; em junho de 1982 com 14,70 metros; em outubro de 2000 com 14,75
49

metros; em setembro de 2007 com 14,65 metros (Figura 23 A); em julho de 2011
com 14,80 metros (Figura 23 B) e em setembro de 2016 com 14,66 metros.

Tabela 1- Maiores cheias do Rio Caí em São Sebastião do Caí.

Data Cota Máxima


1878 14,82 m
1928 13,62 m
1932 13,80 m
1936 13,62 m
1941/maio 13,52 m
1941/novembro 13,40 m
1954 13,32 m
1956 13,04 m
1965 13,16 m
1980 13,16 m
1982/junho 14,70 m
1985 12,87 m
1990 12,91 m
1997 12,82 m
2000/outubro 14,75 m
2001/setembro 12,90 m
2002/junho 12,48 m
2003/fevereiro 13,32 m
2005/setembro 11,72 m
2007/setembro 14,65 m
2008/outubro 13,40 m
2009/setembro 14,10 m
2011/março 11,20 m
2011/abril 11,50 m
2011/julho 14,80 m
2011/agosto 13,40 m
2011/setembro 12,98 m
2012/setembro 11,30 m
2013/agosto 13,88 m
2013/novembro 13,64 m
2015/julho 12,49 m
2015/julho 12,90 m
2015/setembro 12,40 m
2015/outubro 13,60 m
2015/outubro 10,95 m
2016/outubro 14,66 m
50

Data Cota Máxima


2017/maio 12,65 m
2017/junho 13,05 m
2018/agosto 11,10 m

Fonte: Acervo Defesa Civil de São Sebastião do Caí.

Figura 23 - Zona urbana inundada pelas cheias do Rio Caí.


A)

B)

Fonte: A) Foto: Arivaldo Chaves/Agência RBS (2007). B) Foto: ACOM/Montenegro


(2011).

No Gráfico 1 são demonstradas as maiores inundações que já ocorreram no


município. Com destaque para a segunda maior cheia já citada anteriormente, que
51

ocorreu em julho de 2011 com o Rio Caí atingindo 14,80 metros, cerca de 12 metros
acima do seu nível normal. Importante salientar que neste ano de 2011 ocorreram
cinco eventos de cheia, sendo o mais crítico de todos os tempos em desastres
naturais na cidade, juntamente com o ano de 2015. Nos anos de 2000 e 2007,
também ocorreram inundações de grande magnitude, e pôr fim a mais recente em
2016.

Gráfico 1 - Maiores inundações ocorridas em São Sebastião do Caí.

Fonte: Acervo Defesa Civil de São Sebastião do Caí.

Essas cheias do Rio Caí são um grande problema, que afetam


consideravelmente a economia local, acarretando perdas significativas na
agricultura. Nesta, a cidade é grande produtora de frutas cítricas e alagando
importantes vias de acesso para a entrada e saída do município como a ERS-124,
além de prejudicar o comércio varejista e os moradores locais.
Além de tudo, o rio, quando extravasa, carrega consigo uma imensa
quantidade de sedimentos, que fica acumulada nas ruas e casas. À medida que
diminui o nível da água, torna-se uma lama densa e pegajosa. Também sempre que
a água recua em direção ao canal natural, o rio leva consigo uma imensa quantidade
de lixo que estava aglomerada nas ruas da cidade, poluindo ainda mais o corpo
hídrico.
52

5.2 CAUSAS

5.2.1 Área Urbana proximal ao Rio Caí

A principal causa de ocorrência destes desastres naturais que geram


prejuízos econômicos ao município é a proximidade do Rio Caí com a zona urbana
de São Sebastião do Caí (Figura 24), pois a mesma está inserida dentro da planície
de inundação do rio. Por ser uma região de cotas baixas, que variam entre 10 e 20
metros, praticamente no mesmo nível do rio, é constantemente alagada de 1 a 2
vezes por ano em média, com alguns casos extremos.
Com essa área de baixo relevo, onde se localiza a cidade, o rio que tem uma
capacidade de escoamento alta a média a montante, quando encontra estas regiões
de planície, com maior subsidência, onde o coeficiente de escoamento superficial é
baixo e o fluxo de energia diminui consideravelmente, o rio tende a extravasar e
inundar áreas próximas a sua margem. Importante enfatizar que a mancha de
inundação (Figura 25), respeita alguns quarteirões, pois muitos terrenos foram
aterrados, com isso evitando com que água atinja os mesmos.
Isso ocorre de acordo com a variação do volume de chuvas na bacia, que
ocasiona um acúmulo de água no qual escoa muito lentamente em virtude de ser
uma área plana e muito baixa, acarretando em grandes inundações, atingindo
aproximadamente 50% da população local.

Figura 24 - Foto aérea da zona urbana de São Sebastião do Caí proximal ao Rio Caí.

Fonte: METROPLAN (2014).


53

Figura 25 - Mancha de inundação na área urbana.

Fonte: Modificado de METROPLAN (2014).

5.2.2 Assoreamento

O Assoreamento ocorre em virtude de o município se localizar em uma região


baixa, conhecida como baixo trecho do Rio Caí, onde a capacidade de energia do rio
diminui significativamente, ocasionando uma deposição de sedimentos mais
acentuada por consequência da baixa competência em carregar partículas.
Isso faz com que esses sedimentos que eram carregados por maior
intensidade a montante, depositem-se ao fundo, preenchendo os espaços antes não
ocupados, provocando o processo de “assoreamento”, consequentemente elevando
o nível da água e gerando inundações.
O mapa da Figura 27 infere os principais pontos do assoreamento do Rio Caí
dentro do município, com as áreas assoreadas representadas na cor laranja, nestes
trechos a profundidade do rio varia de 1 a 2,5 metros. Essas áreas de assoreamento
se concentram na maior parte nas Várzeas do Rio Branco e Vila Rica (Figura 26 A e
B). Onde se tem uma grande concentração de seixos (cascalho), provenientes dos
trechos acima com maior competência de energia e quando atingem esses pontos
se acumulam nas margens e no fundo rio em consequência da baixa eficácia de
transporte.
54

Figura 26 - Trechos de assoreamento (seixos) na Várzea do Rio Branco.

A)

B)

Fonte: Registrado pelo autor.


55

Figura 27 - Mapa dos trechos de assoreamento do Rio Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.


56

A erosão do solo, consequência do volume de chuvas e da retirada das matas


ciliares ao longo das margens do rio, também contribui para o assoreamento, pois
são as raízes das árvores que sustentam o solo marginal ao rio. Sem as mesmas, o
solo perde a fixação e acaba desmoronando, carregando sedimentos para dentro do
canal.
Exatamente o que ocorre, nos outros pontos onde o rio está assoreado com
sedimento de granulação, fina a média (Figura 28 D) e muitos pedaços de árvores
(Figura 28 A, B e C). Os mesmos são originários do escorregamento das margens,
localizados ao longo da zona urbana de São Sebastião do Caí até o encontro com o
Rio Cadeia na localidade da Barra do Cadeia, onde somente barcos de pequeno
porte navegam em decorrência da baixa profundidade.

Figura 28 - Pontos de assoreamento ao longo do Rio Caí.

A) B)

C) D)

Fonte: Registrado pelo autor.


57

O processo de assoreamento também pode ocorrer por fatores antrópicos


através do descarte de lixo inadequado por pessoas sem educação/orientação ao
longo do rio e afluentes. O mesmo se acumula nos canais diminuindo a vazão
normal do corpo hídrico e causando a obstrução. Assim não permitindo a passagem
d’água em sua vazão natural e consequentemente aumentando o seu nível, fazendo
com que ocorram inundações.
Ao longo do trajeto hidroviário percorrido entre São Sebastião do Caí e
Montenegro pelo Rio Caí (Figura 29 A), o coordenador da Defesa Civil, Pedro
Griebler comentou que em outras ocasiões encalhou seu barco (Petrus), em razão
da baixa lâmina da água em alguns pontos entre as duas cidades. Este equipado
com ecobatímetro que mede profundidade do rio (Figura 29 B), Pedro também
salientou que já encontrou pedaços de bicicletas entre outros materiais dentro do rio.
O aparelho do barco também registrou pontos mais profundos variando de 10 a 13
metros, que antigamente eram mais fundos (entre 15 e 17 metros), segundo relatos
de moradores locais conhecedores da região, o que comprova o assoreamento do
rio.

Figura 29 - Saída de campo pelo Rio Caí.

A) B)

1.4

1.5

Fonte: Registrado pelo autor.


58

5.2.3 Causa Natural

Muitos moradores locais acreditam que as frequentes enchentes/inundações


estão relacionadas à urbanização e a retirada de matas ciliares nas margens do rio,
mas segundo o geógrafo Cássio Arthur Wollmann da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM), esses eventos são fenômenos muito maiores e a urbanização
apenas aumenta os impactos locais.
O mesmo revelou em entrevista ao Jornal Zero Hora (Figura 30), que as
cheias do Rio Caí são absolutamente naturais e são consequências do volume de
chuvas que ocorrem nos municípios da Serra Gaúcha: Gramado, Canela, Caxias do
Sul, Farroupilha e com menos intensidade em São Francisco de Paula, município
onde nasce o Rio Caí. Já a precipitação que cai em São Sebastião do Caí acaba
saturando o solo e dificultando a absorção da água, que cai nos municípios da serra
e chega ao Caí por afluentes, com isso causando inundações no município que está
estabelecido as margens do baixo trecho do Rio Caí.

Figura 30 - Reportagem: “Porque São Sebastião do Caí tem rotina de enchentes”.

Fonte: Acervo pessoal Cássio Arthur Wollmann.


59

5.3 PREJUÍZOS

Conforme entrevista com o senhor Pedro Griebler coordenador da Defesa


Civil de São Sebastião do Caí, responsável por comandar as ações de mitigação
quando ocorrem inundações no município e por cadastrar estes desastres naturais
no Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC).
Os prejuízos são muitos e giram em torno de milhões a cada vez que a
cidade é atingida pelas cheias do Rio Caí, indagando que com esse dinheiro todo
que as águas do rio levaram embora, as autoridades responsáveis já poderiam ter
tomado medidas que resolvessem o problema recorrente.
Através de medidas estruturais, como obras de engenharia, que de certa
forma controlariam o avanço das águas e não trariam mais tantos prejuízos a
cidade. O mesmo também comentou que muitos moradores são realocados,
ganham moradias distantes da zona de inundação, mas acabam vendendo as casas
e voltando para o lugar anterior proximal ao rio. Pois não há uma fiscalização
adequada e incisiva.
Segundo consulta feita no site do Governo Federal do Sistema Integrado de
Informações sobre Desastres (S2iD), que armazena os dados de desastres naturais
ocorridos em todo território brasileiro. As perdas nos anos de 2015, 2016 e 2017 em
São Sebastião do Caí (Tabela 2), anos os quais ocorreram cheias de média a
grande magnitude, foram muito danosos à economia do município, causando
grandes perdas na agricultura, pecuária, indústria e comércio varejista em geral.

Tabela 2 - Prejuízos estimados com as inundações dos respectivos anos no município.

Prejuízos Prejuízos
Nº de Econômicos Econômicos
Data Cota afetados Públicos Privados Total
09/10/2015 13,60 m 17.009 R$ 2.078.000,00 R$ 5.900.000,00 R$ 7.978.000,00
18/10/2016 14,66 m 14.230 R$ 5.830.000,00 R$ 15.949.000,00 R$ 21.779.000,00
28/05/2017 12,65 m 4.746 R$ 168.000,00 R$ 6.507.000,00 R$ 6.675.000,00
Fonte: Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (2019).

É importante salientar que estes dados apresentados são estimativas, não


sendo levados em conta, a perca de móveis e eletrodomésticos entre outros
materiais (Figura 31 A e B) das casas dos moradores atingidos pelas cheias (Figura
60

32). Caso fossem levados em consideração todos os fatores, esses prejuízos


chegariam a valores muito maiores.

Figura 31 - Materiais perdidos após a inundação de 2007.

A) B)

Fonte: Acervo pessoal Frederico Kayser.

Todos estes danos poderiam ter sido evitados se os governantes dos


municípios, Estado e União fossem mais incisivos e buscassem uma solução
juntamente com as outras prefeituras de Pareci Novo e Montenegro, que também
são constantemente atingidas por esse fenômeno natural, que é a cheia do Rio Caí.

Figura 32 - Casa com marca de inundação proximal ao Rio Caí.

Fonte: Registrado pelo autor.


61

5.4 ÁREAS DE INUNDAÇÃO

5.4.1 Área Alagável Atual

O município de São Sebastião do Caí está localizado na porção média da


Bacia Hidrográfica do Rio Caí, no baixo trecho, onde a ocupação urbana se
concentra sobre as planícies de inundação do rio e seus afluentes, como o Rio
Cadeia. A maior parte da cidade está inserida sobre estas planícies suscetíveis a
inundações sazonais, que ocorrem de forma sucessiva, variando de acordo com o
regime de chuvas na nascente da bacia (PEIXOTO; LAMBERTY, 2019).
Na Figura 33 podem ser observadas as áreas alagadas segundo dados
passados pela Prefeitura Municipal de São Sebastião do Caí. Onde se percebe que
uma grande porção da área urbana é atingida, demonstrando a área alagada pelos
Rio Caí que costeia toda parte Oeste do município e o Rio Cadeia que atravessa a
área municipal de Oeste a Leste. Estima-se que aproximadamente 50% da
população é atingida segundo estudos anteriores.
O mapa demonstra que a mancha de inundação se concentra na área urbana
nos bairros: Navegantes, o mais atingindo pela proximidade com o corpo hídrico e
também por suas baixas cotas que variam entre 10, 15 e 20 metros, Quilombo e Vila
Rica por também estarem localizados dentro da planície de inundação do rio e o
Centro, o menos atingido por estar concentrado numa região de cotas mais
elevadas.
A cheia também atinge parte da zona rural, nos distritos da Várzea do Rio
Branco, Várzea da Vila Rica e Barra do Cadeia, onde se concentram parte das
atividades de agricultura e pecuária do município e não há grande densidade
demográfica. A mesma, interdita às estradas que interligam essas localidades a área
urbana.
62

Figura 33 - Mapa de Inundação de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.


63

5.4.2 Definição das Manchas de Inundação de São Sebastião do Caí

No estudo para definição de machas de inundação dispostas por variação de


cotas e tempo de retorno, desenvolvido pelo engenheiro hidrólogo Emanuel Duarte
Silva do Serviço Geológico do Brasil - CPRM. No XXII Simpósio Brasileiro de
Recursos Hídricos (2017), no qual se baseou na estação de monitoramento do nível
do Rio Caí (Barca do Caí), gerida pela CPRM e englobada no Sistema de Alerta de
Eventos Críticos (SACE).
Esta, utilizada para minimizar os impactos causados pelas inundações na
região, se percebe que o problema das inundações em São Sebastião do Caí é
muito mais complexo do que se imagina. O trabalho elaborado previu a projeção de
cheias provocadas exclusivamente pelos níveis do Rio Caí.
A Figura 34 apresenta as manchas de inundação no município de acordo com
a variação de cotas do nível do Rio Caí. Nota-se que o nível do rio varia da cota 7,50
metros (cota de atenção) em tons de cinza, aproximadamente 5 metros acima do
seu nível normal, migrando para o nível de enchente quando atinge a cota entre 9 e
10 metros, o mesmo está na sua capacidade máxima.
Nos níveis em azul onde a cota está acima de 10 metros, já é considerado
nível de inundação e os órgãos competentes devem gerir ações de realocação das
pessoas nas áreas atingidas. Por fim chegando à cota máxima segundo o estudo de
16 metros, que alagaria toda a área urbana praticamente até o limite com a RS-122,
restando apenas à parte mais alta da área central.
A Figura 35 demonstra as manchas de inundação sobre a área de estudo,
com os tempos de retorno de 1, 3, 5, 10, 25, 50 e 100 anos. O mapa evidencia que o
problema é muito grave e aponta que a zona urbana atual pode ficar completamente
de baixo d’água daqui a 50 ou 100 anos.
Apenas uma pequena parte da área central com maior elevação se salvaria
da inundação, o que necessariamente demonstra que é preciso buscar uma solução
para o problema. Já que este poderá se tornar ainda mais recorrente ao longo dos
anos, com eventos de maior magnitude que causarão diversas perdas para a
população local.
64

Figura 34 - Manchas de inundação em São Sebastião do Caí por variação de cotas.

Fonte: SILVA (2017).

Figura 35 - Mancha de inundação em São Sebastião do Caí por tempo de retorno.

Fonte: SILVA (2017).


65

5.4.3 Mapeamentos da Mancha de Inundação – Serviço Geológico do Brasil

Também foram realizados dois mapeamentos pelo Serviço Geológico do


Brasil – CPRM, em São Sebastião do Caí. Um em novembro de 2012 a fim de
delimitar as áreas de inundação e o mais recente em maio de 2019, no qual se fez
uma atualização dos setores de risco de inundação e se agregou as áreas com
perigo de deslizamento.
No mapeamento de 2012 procurou-se delimitar a mancha de inundação
causada pelo Rio Caí, demarcada em vermelho na (Figura 36). Com o intuito de
demonstrar o perímetro atingido pelas cheias e manter o município sempre em alerta
para eventos de precipitações intensas que podem ocasionar o extravasamento do
Rio Caí.
rio.
Figura 36 - Mapeamento de 2012, indicando a mancha de inundação no município.

Fonte: ZWIRTES; PARISI (2012).

No mapeamento realizado em maio de 2019 (Figura 37), realizou-se um


comparativo com as áreas identificadas em 2012 a nível de inundação, onde as
mesmas foram atualizadas e classificadas como de risco alto (em amarelo) e muito
alto (em vermelho) aos eventos de inundação e deslizamentos.
No presente trabalho foram identificados nove setores relacionados a risco de
inundação, decorrente da ocupação nas áreas de planície do Rio Caí e afluentes e
um setor de risco a movimentos de massa.
66

Figura 37 - Mapeamento de 2019, comparativo com as áreas identificadas em 2012,


agregando áreas com risco de movimento de massa.

Fonte: PEIXOTO; LAMBERTY (2019).

Por fim, se identificou 2.731 imóveis em áreas de risco e uma estimativa de


10.900 pessoas vivendo em zonas de risco, representando aproximadamente 43%
da população municipal (PEIXOTO; LAMBERTY, 2019). Esses dados demonstram a
falta de uma política de zoneamento e orientação aos moradores, por parte do poder
público. Por isso é importante apontar as coordenadas, para onde a cidade deve
expandir-se no futuro, indicando áreas seguras que não sejam afetadas por esses
desastres naturais.
67

5.5 ESTUDOS DE MEDIDAS-ESTRUTURAIS EXISTENTES

5.5.1 Empresa Alemã – 1970

Ao longo destes anos todos foram desenvolvidos alguns projetos, com foco
no controle das cheias para zona urbana de São Sebastião do Caí. O primeiro foi
desempenhado por uma empresa alemã em 1970, no qual se estudou
detalhadamente a Bacia do Rio Caí. Então, elaborou-se um planejamento
hidrológico de uso e ordenação em termos de obras de regularização e proteção
contra inundações no baixo trecho do Rio Caí. O projeto propunha a possibilidade de
construção de um dique que contornaria a zona urbana, junto com uma casa de
bombas. Após analisar bem o relatório do projeto, os alemães concluíram que seria
inviável economicamente e previram apenas a adoção de um sistema de alerta e ao
mesmo tempo regulamentos referentes a zoneamento para a construção. Mas
também destacaram que seria conveniente realizar um estudo mais aprofundado
sobre a viabilidade para construção das referidas obras (MAGNA ENGENHARIA
LTDA, 1988).
Ocorre, entretanto, que a zona urbana de São Sebastião do Caí se expandiu
consideravelmente em direção à várzea do rio após a data daquele estudo (1970).
Não sendo implantado um zoneamento de uso adequado conforme recomendado
pelos alemães, ocasionando em prejuízos muito superiores ao daquela época, o que
viabilizaria o projeto do ponto de vista econômico naquele período.

5.5.2 Magna Engenharia Ltda – 1988

Em 1988, um senhor chamado Frederico Kayser (engenheiro) então residente


de São Sebastião do Caí, proprietário de uma empresa de materiais hidráulicos. O
mesmo, cansado de sofrer inúmeras vezes com o problema das cheias da Bacia do
Rio Caí, contratou uma empresa de engenharia para desenvolver um estudo da área
e projetar uma obra a fim de solucionar o problema das constantes inundações.
Esta empresa era a Magna Engenharia Ltda que realizou um estudo
preliminar considerando as áreas inundáveis pelas cheias, tendo com a base a
inundação ocorrida em 1982 que atingiu a cota de 14,70 metros, a qual se tinha na
época o mapeamento das áreas atingidas.
68

Após a realização do estudo se considerou a necessidade de novas áreas


para expansão urbana e se identificou duas alternativas estruturais possíveis, ambas
projetadas ao longo da margem direita do rio com intuito de proteger a área urbana.
A primeira alternativa (Figura 38 A e B) previa a proteção total da sede
municipal, com um dique/polder interligando as duas elevações norte e sul da
cidade, com 2 estações de bombeamento, localizadas na foz do Arroio da Areia e na
foz do Arroio Oderich, com uma extensão aproximada de 3,5 quilômetros,
protegendo 280 hectares (MAGNA ENGENHARIA LTDA, 1988).

Figura 38 - Dique de proteção total a zona urbana.

A) B)

A) B)

Fonte: MAGNA ENGENHARIA LTDA (1988).

Na segunda alternativa (Figura 39 A e B), a obra protegeria parcialmente


grande parte da zona urbana, com o dique/polder sendo diferente apenas no trecho
norte, sendo construída a margem esquerda do Arroio da Areia, se interligando com
a RS-122 e com somente uma estação de bombeamento, esta teria uma extensão
de 4,4 quilômetros e beneficiaria 215 hectares (MAGNA ENGENHARIA LTDA,
1988).
69

No final da década de 90 se fez uma avaliação preliminar dos custos de


quanto seria o valor de implantação do dique/polder sugerido para minimizar os
impactos das inundações, e se chegou a um valor estimado de R$ 2.500.000
naquela época.

Figura 39 - Dique de proteção parcial a zona urbana.

A) B)

Fonte: MAGNA ENGENHARIA LTDA (1988).

5.5.3 Dique-Estrada – UFSM - 2013

Em 2013, dois alunos da Universidade Federal de Santa Maria orientados


pelo professor Cássio Arthur Wollmann redigiram um artigo com o seguinte nome:
Controle de Enchentes e Aproveitamento Rodoviário no Município de São Sebastião
do Caí: Estudo de Caso sobre a Viabilidade de Construção de um Dique-Estrada
como Forma de Planejamento Regional Integrado no Vale do Caí, RS. Este projeto
foi apresentado no Simpósio de Geografia Física Aplicada em Vitória no Espírito
Santo.
70

Esta obra além de controlar o avanço das cheias do Rio Caí sobre a área
urbana, também serviria como um anel rodoviário, pois o município se localiza em
uma área estratégica, sendo considerado um meio logístico, que interliga as cidades
do Vale do Taquari, Região Metropolitana e Serra Gaúcha. Segundo os autores do
trabalho, o projeto teve grande aceitação por parte da população.
Após a realização de mapeamentos de localização da obra, área de
desapropriação e área de indenização, ficou definido que o dique (Figura 40)
tangenciaria a cidade com uma extensão de 4 quilômetros. Na área oeste o dique
passaria entre o Rio Caí e a área urbana, onde haveria o maior número de
desapropriações. Na parte norte a obra iria até o morro São Rafael não havendo a
necessidade de ir até a RS-122, pois o morro serve como uma espécie de barreira
contra as inundações, protegendo toda a parte norte da cidade.
Nesta área seria construída apenas uma rodovia como ponto de encontro até
a RS-122. Constatou-se que aproximadamente 207 residências deveriam ser
realocadas, respeitando a faixa de domínio estabelecida pelo DAER-RS de no
mínimo de 16 metros para cada lado da rodovia (SIMIONI; WEBER; WOLLMANN,
2013).
Figura 40 - Mapa de localização do Dique-Estrada.

Fonte: SIMIONI; WEBER; WOLLMANN (2013).

Esta obra traria benefícios à cidade, contendo as águas das cheias,


melhorando o tráfego rodoviário, que atualmente cruza por dento da área urbana
com veículos de grande ponte e influenciaria no desenvolvimento da região. Mas
71

também teria impactos negativos como a mudança da paisagem natural,


desapropriações, perca do contato direto com o rio entre outros. Também estaria
prevista no projeto uma ponte que ligaria o dique-estrada a ERS-124, localizada na
Rua São João no bairro Navegantes em São Sebastião do Caí.

5.5.4 Metroplan - Engeplus e Aerogeo – 2014

Em junho de 2014, a Secretaria de Obras Públicas, Irrigação e


Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul (SOP) firmou um contrato com a
empresa Engeplus - Engenharia e Consultoria Ltda em consórcio técnico com a
empresa Aerogeo – Aerofotogrametria, Geoprocessamento e Engenharia Ltda. Este
termo previa a realização de um mapeamento detalhado na área do baixo trecho do
Rio Caí, onde além de São Sebastião do Caí estão localizadas as cidades de
Harmonia, Pareci Novo e Montenegro.
No trabalho foram desenvolvidos diversos estudos e serviços técnicos, tais
como levantamento aerofotogramétrico, topobatimetria, restituição
aerofotogramétrica, estudos e simulações hidrológicas para espacialização das
cheias, estudos de alternativas de intervenção, proposta de soluções (obras de
contenção). Com o objetivo geral de propor alternativas, para minimizar os impactos
causados pelas cheias do Rio Caí, dado que esta região sofre seguidamente com
inundações, que acarretam em muitos prejuízos aos municípios. Com base nestes
levantamentos sugeriram-se duas alternativas possíveis para a diminuição dos
impactos referentes às inundações em São Sebastião do Caí, através de um dique
de proteção ou rebaixamento do fundo da calha do rio (METROPLAN, 2014).

5.5.4.1 Dique de Proteção

A primeira alternativa previa a construção de um dique (Figura 41) que


contornaria toda a zona urbana de São Sebastião do Caí. A obra teria uma extensão
de 4,4 quilômetros e altura média de 4,50 metros, com uma largura de coroamento
de 10 metros, com 5 estações de bombeamento para casos extremos de aumento
do nível da água e galerias de transposição livre quando o nível estivesse baixo.
Também seria possível a implantação de uma estrada de circulação pavimentada
com a possibilidade de construção de uma ponte para travessia da rua São João à
72

ERS-124. A obra teria início na Rua Lindolfo Collor no bairro Vila Rica, seguindo
paralelamente ao Arroio Coutinho, contornado a margem esquerda até a Rua São
João no bairro Navegantes, subindo até a altura das Conservas Oderich, sendo
finalizada na Rua Saturnino da Silva no bairro Quilombo. Para implantação deste
dique seria necessário à desapropriação de 220.000 m² de áreas urbanas,
suburbanas e rurais com um custo aproximado de R$ 18.0000.000 (METROPLAN,
2014).
De acordo com os estudos realizados, acredita-se que este dique protegeria
cerca de 10.000 moradores da zona urbana (aproximadamente 50% da área
urbana). A estimativa de custo dessa obra seria em torno de R$ 48.000.000, além de
custos para a realização do projeto executivo de engenharia e estudo de impactos
ambientais para o licenciamento da construção do dique (METROPLAN, 2014).

Figura 41 - Dique de proteção – São Sebastião do Caí.

Fonte: METROPLAN (2014).

Juntamente com a implantação da obra deveriam ser implementadas medidas


não-estruturais complementares como sistema de alerta e zoneamento das áreas
inundáveis. Outro ponto relevante a salientar, é que mesmo que o dique fosse
implementado apenas na margem esquerda do rio, não haveria um aumento
significativo na margem direita, sendo calculado em menos de 30 centímetros.
Posteriormente em uma segunda etapa se construiria um dique de proteção na
73

margem direita, para proteção da ERS-124, localizada nos municípios de Harmonia


e Pareci Novo.

5.5.4.2 Rebaixamento de Fundo da Calha do Caí

Com o propósito de reduzir o nível das cheias ocorridas, foi sugerida uma
segunda alternativa que seria um rebaixamento da calha do fundo do rio. Após os
estudos definiu-se uma cota de 5,50 metros, tendo em vista que com 10 metros, não
ocorreria inundação na área urbana de São Sebastião do Caí.
O rebaixamento do fundo da calha do rio Caí (Figura 42) iniciaria a jusante da
ponte de acesso a São Sebastião do Caí e se prolongaria por 27,6 quilômetros
(alcançando a cidade de Montenegro). A largura das escavações foi considerada
como a largura da própria calha do rio que corresponde a 50 metros (METROPLAN,
2014).

Figura 42 - Trecho de rebaixamento do fundo da calha do rio.

Fonte: METROPLAN (2014).


74

Esta alternativa sendo uma obra de grandes proporções e impacto ambiental


expressivo teria um custo estimado de R$ 304.000.000. A mesma não demostrou
ser muito favorável, devido à complexidade das escavações e mudanças
significativas no escoamento fluvial do rio no trecho em questão. E não garantiria
uma proteção relevante às áreas urbanas de São Sebastião do Caí, tendo sido
descartada no presente estudo realizado pela empresa (METROPLAN, 2014).

5.6 PROPOSTA DE ZONEAMENTO

O zoneamento é uma medida não-estrutural que basicamente visa regras


para habitação das áreas com maior risco de inundação, ou seja, uma política de
regras com o propósito futuro de reduzir danos materiais e humanos, causados
pelas cheias.

5.6.1 Zoneamento Atual

Como antigamente se utilizava muito os rios como vias de transporte para


escoamento da produção local, São Sebastião do Caí se estabeleceu às margens
do Rio Caí e desde os primeiros anos desde sua fundação no final do século de XIX
já era atingido pelas cheias. Pois a sua zona urbana desenvolveu-se ao longo da
planície inundação do rio. Naquela época não havia um mapeamento das áreas de
inundação, assim permitindo que a cidade evoluísse sem um planejamento
adequado, o que causou grandes transtornos recorrentes a população que se
estende até os dias de hoje.
Esgotados com tantos eventos de cheias, o poder público decidiu contatar
empresas que apresentassem soluções para o problema. E desde os primeiros
estudos realizados em 1970 por alemães, sugeriu se a possibilidade de realocação
da cidade para áreas distantes do rio.
A Figura 43 demonstra os usos de zoneamento do município desenvolvido
pela administração (2005-2008), indicando as áreas residenciais, comerciais e
industriais no geral no ano de 2006, nos dias atuais a cidade está mais
desenvolvida, mas a ocupação destas áreas de planície de inundação permanece,
sem um controle condizente com o problema.
75

Figura 43 - Mapa de Zoneamento de usos de São Sebastião Caí.

Fonte: Acervo Prefeitura Municipal de São Sebastião do Caí.

No mês de junho deste ano (2019) a câmara de vereadores de São Sebastião


do Caí apresentou o Projeto de Lei Complementar N° 036/2019, que institui uma
nova política de zoneamento para o município, a qual está em processo de
andamento. Nesta proposta, visa-se um zoneamento ecológico-econômico, que
consiste em identificar e avaliar o potencial e a limitação do uso sustentável dos
recursos naturais dos espaços, levando em consideração características
socioambientais e culturais.
Um planejamento adequado para o desenvolvimento da cidade,
estabelecendo a destinação correta das áreas conforme a sua vocação, com isso
76

instruir investimentos, ações de governo e ações dos produtores locais. Também um


zoneamento urbano que se fundamenta numa reorganização espacial da cidade,
distinguindo áreas e apontando faixas de terra seguras sem riscos de desastres
naturais.
Neste caso, como a cidade de São Sebastião do Caí, possui muitas áreas
para expansão distantes do rio, esta seria uma alternativa fundamental e eficaz a
longo prazo que reduziria consideravelmente os prejuízos, se aplicada de forma
coerente, com um mapeamento apropriado, inferindo áreas seguras para o
desenvolvimento do município.

5.6.2 Proposta de Zoneamento Futuro

Para fundamentar a proposta de um zoneamento futuro para a cidade de São


Sebastião do Caí, foram gerados o mapa de modelo de elevação digital do município
de São Sebastião do Caí e o mapa com os respectivos graus de declividade nas
encostas. A fim de delimitar as áreas que possam ser ocupadas futuramente que
não sofram com eventos de inundações ou deslizamentos, ou seja, áreas seguras
que não sejam atingidas por desastres naturais.
Nas quais, a população local possa se estabelecer sem sofrer transtornos e
prejuízos. Também foram confeccionados os mapas de uso e cobertura do solo que
expõe como a área de terra do município é utilizada e o mapa de zoneamento
ambiental que demonstra as principais unidades de preservação.

5.6.2.1 Modelo de Elevação Digital

O Modelo Digital de Elevação (MDE) é uma ferramenta utilizada para um


conhecimento mais aprofundado da superfície terrestre. Este permite identificar os
diferentes níveis de altitude na área, informações sobre declividade, exposição solar
e mapeamento da rede de drenagem. Assim, auxiliando num melhor entendimento e
percepção do relevo da área de interesse.
No mapa de MDE (Figura 44), são demonstradas as altitudes da área de
estudo, comprovando como o relevo é baixo e plano, caracterizando uma planície de
inundação, a qual sofre o processo natural de inundação de uma vez a cada dois
anos.
77

Figura 44 - Mapa de Modelo de Elevação Digital de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.


78

Nos tons de azul claro estão às áreas mais baixas proximais aos rios Caí e
Cadeia que são atingidas pelas inundações com cotas de 10 a 20 metros, onde está
situada parte da área urbana, e consequentemente não poderiam ser habitadas. Em
tons de verde, com cotas que variam de 30 a 60 metros, áreas que não são
inundadas pelas cheias e são habitadas sem riscos.
Já em tons de amarelo e marrom estão localizadas áreas mais altas com
altitudes de 60 a 195 metros, onde estão inseridos alguns morros da cidade: o Morro
dos Berwanger (72 m), o Morro do São Rafael (101 m), o Morro do Martim (117 m), o
Morro do Pareci Velho (121 m), o Morro do Chapadão (145 m) e o Morro da
Conceição (165 m), quase todos com parte já habitadas, mas pouco desenvolvidos.
Por fim os picos mais altos do município com cotas de 195 a 250 metros em tons de
cinza, onde está o Morro da Vigia (234 m).
De acordo com o plano diretor do município para a construção de um novo
empreendimento seguro e dentro das normas estabelecidas, a cota referência
considerada deve ser superior a 15 metros. Salientando que as maiores inundações
já ocorridas chegaram quase a este nível, sendo a maior em 1878 com 14,82
metros, ou seja, também não se tem uma garantia de que obra não irá ser atingida
pelas cheias, pois as condições dos fenômenos naturais são imprevisíveis.

5.6.2.2 Mapa de Declividade

O mapa de declividade da área (Figura 45) serviu para identificar e delimitar o


grau de inclinação de determinadas encostas ou morros que fazem parte da
geomorfologia local. Visando demonstrar locais seguros que possam ser habitados
futuramente sem riscos, e também áreas que não devem ser ocupadas em virtude
dos riscos de deslizamentos.
Em tons de verde os graus de inclinação são os mais baixos, variando de 0º a
10º. Em tons de amarelo e laranja os valores de inclinação variam de 10° a 21°,
estes valores configuram áreas que poderiam ser habitadas sem riscos. Isto,
dependendo da altitude do terreno, que se deve ser considerada acima dos 15
metros. Em tons de vermelho estão os maiores valores que giram em torno de 21º e
37º, algumas áreas incluídas na zona de uso restrito, que não podem ser habitadas
se apresentarem graus de inclinação entre 25° e 35° com algum risco de
deslizamentos, localizadas nas bases dos morros.
79
Figura 45 - Mapa de Declividade de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.6.2.3 Uso e Cobertura do Solo

O uso e cobertura do solo correspondem ao conjunto de atividades,


processos de produção e reprodução (agrícola, pecuária entre outros) de uma
sociedade sobre uma aglomeração urbana. É o ajuste de um tipo de uso (atividade)
e de um tipo de construção (FAU – USP, 2011). Este uso admite uma variedade tão
grande quanto às atividades da própria sociedade, como: agricultura, pecuária,
industrial, comercial, moradia entre outros.
80

Na Figura 46 o mapa de uso do solo segundo dados da Prefeitura Municipal,


são demonstradas as principais atividades exercidas na área do município, que
movimentam a economia local, gerando empregos e renda.

Figura 46 - Mapa de Uso e Cobertura do Solo de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.

É possível observar no mapa que existem muitas áreas de floresta no


município em tons esverdeados, áreas para onde a cidade pode expandir
futuramente, longe das áreas de inundação. Também é perceptível identificar na cor
laranja que várias porções da área municipal são utilizadas para fruticultura, na qual
a cidade é grande produtora de frutas cítricas sendo intitulada com a Terra da
Bergamota.
81

Em marrom estão representadas as áreas empregadas na agricultura, que se


estendem por grande parte do território local. Em verde claro, as áreas de pastagem
para criação de gado. E por fim a área urbanizada em vermelho que se estende de
norte a sul, estabelecida mais ao oeste da área municipal, parte dela inserida dentro
da zona de inundação.

5.6.2.4 Zoneamento Ambiental

O zoneamento ambiental é definido como o conjunto de áreas legalmente


estabelecidas pelo poder público, as quais são protegidas por leis, e devem
permanecer preservadas em suas condições naturais. A Política Nacional do Meio
Ambiente – PNMA por meio da Lei 6.938/81 em seu 9° artigo, inciso II, define o
zoneamento ambiental como um instrumento da política nacional do meio ambiente.
Constituem essas áreas, os Parques ecológicos e as Reservas Biológicas,
Ecológicas, Florestais e Extrativistas. Nestas áreas podem estar presentes áreas
menores como as estações ecológicas, áreas de proteção ambiental (APA), áreas
de relevante interesse ecológico (ARIE), área sob proteção especial (ASPE),
Monumentos Naturais e Reservas do Patrimônio Mundial (GIEHL, 2007).
O mapa de zoneamento ambiental (Figura 47) apresenta a divisão das zonas
relativa à área municipal, de acordo com as normas ambientais. Em verde estão
representadas as Áreas de Preservação Permanente (APPS) que se localizam nos
topos de morros e nas margens dos rios e arroios do município. Algumas delas não
respeitadas, em virtude de antigamente não ter um controle rígido e adequado.
A área urbanizada está demarcada em cinza se estendo de norte a sul,
posicionada mais ao oeste da área do munícipio. A cor laranja se refere à zona de
uso restrito que são os pântanos, planícies costeiras e áreas com inclinação entre
25° e 35°. Áreas sensíveis cuja exploração requer a adoção de boas práticas
agropecuárias e florestais, instituída pela Lei 12.651/2012 do novo código florestal.
Em marrom estão classificadas as zonas de uso intensivo que são
constituídas por áreas naturais ou alteradas pelo homem, onde se é recomendado
manter a área mais perto do natural. Nestas faixas de terra, podem se instalar
museus, parques e outros espaços com a finalidade de manter uma conscientização
adequada para com o meio ambiente. E por fim em azul está representada a
82

hidrografia local, os rios e arroios que cruzam a cidade e também, inseridos dentro
das APPS.

Figura 47 - Mapa de Zoneamento Ambiental de São Sebastião do Caí.

Fonte: Elaborado pelo autor.

5.6.2.5 Áreas Futuras para Expansão Urbana

Como a cidade sofre desde os primeiros anos de sua fundação com as cheias
do Rio Caí, devido à proximidade de sua área urbanizada com este rio, e este
problema tem se agravado ao longo dos anos. Entende-se que é de extrema
importância apontar áreas para que ocorra um desenvolvimento urbano adequado,
longe das áreas de planície, constantemente inundadas pelas águas.
83

E como São Sebastião do Caí, possuí muitas áreas de terra altas e planas
distantes do rio, essa é uma questão de planejamento a longo prazo. Uma medida
necessária que deve ser aplicada, mudando parte da cidade de lugar, com um
posicionamento ajustado, onde não haja riscos de inundações. Para que ocorra esta
dita expansão, deve-se respeitar as leis ambientais instituídas pelos órgãos
ambientais e as diretrizes estabelecidas no Plano Diretor Municipal.
Para se gerar a proposta de mapa com áreas para expansão urbana,
usufruiu-se como base o modelo de elevação digital de terreno. No qual, apontou as
áreas de planície, as mais baixas e proximais aos dois rios que cruzam a cidade e
variam entre 10 a 20 metros de altitude. Estas, que são constantemente inundadas
quando os rios extravasam. Onde está posicionada parte da zona urbana que
deveria ser realocada para áreas altas e afastada dessa região.
Também se utilizou para estabelecer a proposta, o mapa com os graus de
declividade, com o intuito de apontar os maiores valores de declividade na base das
encostas. Estas identificadas como zona de uso restrito com graus entre 25° e 35°,
onde não pode haver habitação. E por fim usufrui-se do mapa de zoneamento
ambiental que demonstra as unidades de conservação, localizadas nas margens dos
arroios e rios que cruzam a cidade e nos topos dos morros, caracterizadas como
Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Na Figura 48, o mapa exibe em amarelo as áreas futuras possíveis para a
expansão urbana do município, respeitando as APPS (verde) e as áreas com declive
entre 25° e 35° (laranja). Estas áreas estão localizadas em áreas com cotas
superiores a 25 metros, próximas a área urbanizada atual, como nas localidades de
Mato Grande e Maçonaria, paralelas a ERS-122 e variam de 120 até 240 metros nos
Morros do Chapadão, Vigia e Arroio Bonito.
Em muitas delas já existem moradias, mas não há um desenvolvimento
urbano evoluído e sim atividades de agricultura e pecuária, responsáveis por grande
parte da renda municipal, pois são regiões mais afastadas da região central da
cidade, onde está o comércio varejista e as indústrias locais.
84

Figura 48 - Proposta de mapa com áreas para expansão urbana.

Fonte: Elaborado pelo autor.


85

Portanto, haveria de ser feito um mapeamento mais detalhado que


identificasse estas áreas de produção agrícola, e a população pudesse habitar os
locais apropriados sem interferir na produtividade local que é umas das principais
atividades que movimentam a economia no município.
Pois esta medida de zoneamento é de fundamental necessidade para
resolver o problema de São Sebastião do Caí. Caso as autoridades não tomem
providências, a cidade continuará perdurando com o problema das inundações, que
poderão se tornar cada vez maiores, atingindo mais localidades e aumentando os
recorrentes prejuízos.
É importante salientar que este mapa é apenas uma sugestão de proposta
para uma expansão urbana longe das áreas de inundação com base nos dados
gerados no trabalho. Para pôr em prática esta alternativa seria necessário um
estudo bastante aprofundado com uma equipe técnica especializada, com
arquitetos, engenheiros, geólogos, sociólogos entre outros.

5.7 MEDIDAS NÃO-ESTRUTURAIS ATIVAS

5.7.1 Sistema de Alerta – Serviço Geológico do Brasil

O Sistema de Alerta de Eventos Críticos (SACE) é a plataforma desenvolvida


pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM, para disponibilizar instantaneamente os
dados e previsões que ajudam a prevenir danos e preservar vidas em eventos de
cheias e inundações. Este produto monitora os níveis de vazão dos rios via
plataformas de coletas de dados (PCDs), localizadas nas margens dos rios, que
enviam em tempo real o nível do rio e o volume de chuva acumulado nos locais de
interesse.
Os dados são transmitidos a cada 15 minutos, através de tecnologia
GSM/GPRS/GOES, a um centro de previsão de cheias (Figura 49 B e C). No qual,
estão concentradas as seguintes atividades: recepção e processamento de
informações: análise dos dados, previsão de níveis com modelo matemático, e
avaliação dos resultados; divulgação e emissão, se necessário, de alerta hidrológico
à Defesa Civil. O órgão responsável por ações de medidas preventivas em relação
às comunidades atingidas pelas inundações.
86

O sistema de alerta utiliza 3 parâmetros distintos para prever uma


enchente/inundação:

Em amarelo, na cota de atenção são redobradas as atenções e se inicia a


preparação para execução dos modelos de previsão e a mobilização das equipes de
manutenção e medição;

Em laranja, o rio atinge a cota de alerta, operando em sua capacidade máxima,


atingindo o nível de enchente. Os modelos entram em operação contínua, gerando
previsões hidrológicas com diferentes horizontes temporais, onde são emitidos
boletins e enviados aos órgãos competentes;

Em vermelho, o rio atinge a cota de inundação, transborando e invadindo as


comunidades que residem próximas a sua margem. Nesse caso a operação do
sistema é imprescindivel, pois possibilitará a previsão do nível no qual o rio irá atingir
durante o evento, com isso as autoridades locais saberão quais atitudes tomar
devidas as proporções conforme o volume da cheia.

Figura 49 - Sistema de Alerta monitorado pelo Serviço Geológico do Brasil.


.
A) B)

C)

Fonte: Acervo CPRM. Fonte: Registrado pelo autor.


87

Este sistema de alerta está implantado em 14 bacias brasileiras, e beneficia


mais de 7 milhões de pessoas. Em São Sebastião do Caí, o equipamento encontra-
se na Barca do Rio Caí, mais conhecido como Cais, no bairro Navegantes (Figura
49 A). O mesmo foi implantado pela CPRM em 2010, mas operado com a emissão
de previsões a partir de 2012. Com este sistema é possível prever com antecipação
de até 10 horas, o nível que o rio Caí atingirá em São Sebastião do Caí.

5.7.2 Pluviômetro Automático - CEMADEN

O projeto de monitoramento instituído pelo Centro Nacional de Monitoramento


e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) tem como objetivo principal monitorar
os volumes de chuvas em determinadas cidades com históricos de catástrofes. Isto
é feito através de pluviômetros automáticos, que alertam possíveis desastres
naturais com antecedência, assim evitando redução de danos e perdas humanas.
Os pluviômetros automáticos foram instalados em áreas proximais as zonas
de riscos de desastres naturais, a fim de medir a quantidade e intensidade das
chuvas que possam provocar deslizamentos de terra, inundações ou enxurradas.
Os dados são disponibilizados em tempo real, e transmitem os volumes
apurados de chuva, a cada 10 minutos, que posteriormente são processados e
fornecidos aos servidores da sala de situação do CEMADEN em uma plataforma
especializada desenvolvida pelo Centro.

Figura 50 - Pluviômetro automático monitorado pelo CEMADEN.

A) B)

Fonte: Registrado pelo autor.


88

Caso não esteja chovendo, o pluviômetro se conectará apenas uma vez a


cada hora, enviando o acumulado de 0 milímetros dos últimos 60 minutos. Estas
informações são de suma importância na decisão pela emissão de diferentes níveis
de alerta, auxiliando neste caso, na previsão da vazão, nível do rio e no fator de
segurança para estabilidade de encostas.
Em São Sebastião do Caí, o pluviômetro automático (Figura 50) está
localizado na ERS – 124 na terceira ponte, via de acesso entre São Sebastião do
Caí, Pareci Novo e Montenegro.

5.8 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS

5.8.1 Método de Diques

O método de diques é um dos mais conhecidos e utilizados como obras


estruturais contra inundações. Os diques ou polders são muros laterais inclinados ou
retos a certa distância da margem dos rios, com a finalidade de confinar as águas e
fazer com que permaneçam dentro do canal natural do rio. É importante destacar
que estas obras garantem apenas uma proteção parcial do local, sendo indicadas
para bacias hidrográficas de pequeno a médio porte.
Segundo Fragoso e Souza (2003) esta medida estrutural acarreta em um
aumento do nível da água na seção para a mesma vazão, aumentando a velocidade
de erosão ao longo do rio e nas margens, podendo agravar a situação da seção a
montante (devido ao represamento das águas) e a jusante (devido ao acréscimo de
descarga, resultante da redução da acumulação).
De acordo com Canholi (2005) este tipo de sistema deve ser operado
continuamente e não apenas durante as eventuais cheias do rio, a fim de prevenir
falhas provocadas pela falta de manutenção, e também como uma forma de
promover o rodízio das bombas no recalque (rebaixamento da construção causado
pela alteração da espessura do solo). Acrescenta-se que sempre há de se
considerar a possibilidade de implantação de um reservatório de armazenamento e
decantação, no caso em que as áreas forem pequenas, o reservatório aumenta a
garantia de segurança do sistema.
Este método embora proporcione uma sensação de segurança e proteção
satisfatória contra inundações frequentes, acarreta perigos. Por exemplo, graças aos
89

muros e muralhas de proteção que passam a impressão de um local seguro, novas


edificações sem um planejamento adequado são construídas nessas áreas,
anteriormente invadidas pelas cheias.
É importante salientar também que este tipo de obra se torna completamente
ineficiente, caso as águas ultrapassem os muros e transbordem em direção à área
urbana. Também há de se considerar a possibilidade do risco de rompimento,
dependendo da magnitude do evento de cheia, além do grande impacto ambiental
gerado pela construção da obra nas margens do rio.
Caso haja um evento atípico, ou seja, fora dos padrões para que a obra foi
projetada, os impactos serão muito maiores, causando uma devastação da área até
então protegida, com perda de vidas e consequências muito agravantes, como se
nada tivesse sido implantado no local.
No projeto da Metroplan (2014) descrito antecedentemente no tópico de
alternativas estruturais, salienta-se que a proteção seria em torno de 50% da área
urbana. No projeto da Magna Engenharia (1988) se tem duas alternativas, com
proteção parcial e outra com proteção total, mas naquela época a cidade era menor.
Ao longo dos anos, muitas áreas de risco de inundação foram ocupadas em virtude
do desenvolvimento da cidade e do crescimento populacional, o que também hoje
em dia, seriam alternativas que não protegeriam completamente a atual área de
interesse.
Compreende-se que esta alternativa estrutural, resolveria o problema em
partes, não apresentando uma garantia de que a cidade não sofreria mais prejuízos,
passando uma falsa impressão de seguridade. Isto é, seriam gastos milhões em
uma obra de engenharia gigantesca, onde teriam que haver desapropriações de
terra, geraria um imenso impacto ambiental nas margens do rio, anulando a
interação em certos trechos com a população e não seria 100% confiável, ou seja,
um investimento muito elevado de alto risco.

5.8.2 Método de Zoneamento

Este método é uma medida não-estrutural de controle de enchentes e


inundações e tem como finalidade delimitar áreas seguras para moradia. Nas quais
não haja riscos de inundação, nem deslizamentos, áreas fora da zona de planície,
altas e planas, longes de banhados e bases de morros.
90

Para instituir a política de zoneamento no município deve se respeitar o Plano


Diretor, lei municipal que direciona o desenvolvimento e a urbanização, com o intuito
de que a cidade desempenhe sua função social. O mesmo apresenta regras a
serem seguidas por todos, sobre a ocupação dos espaços da cidade, do respeito às
áreas de proteção ambiental, da altura máxima de casas e prédios e a não invasão
dos espaços públicos de lazer, como praças e parques.
A Lei de Zoneamento é o complemento do Plano Diretor, na qual especifica
mais objetivamente que a cidade deve ser dividida em zonas (categorias de
espaços), determinando a intensidade de ocupação (tipo de uso, se pode ser
comercial ou residencial, tamanho da construção).
De uma forma mais clara a Lei de Zoneamento, é mais específica, focada no
detalhamento das diretrizes impostas pelo Plano Diretor. A lei estabelece: quais
atividades podem ser exercidas em cada rua da cidade se é permitido abrir comércio
ou indústria, altura da construção, delimita a faixa de recuo entre a obra e os limites
do terreno, entre outros parâmetros.
Segundo Tucci (2014) o objetivo do zoneamento é disciplinar a ocupação do
solo visando minimizar o impacto devido às inundações, onde são definidas faixas
condicionantes desta ocupação. Trata-se de três zonas distintas: zona de passagem
de inundação, zona com restrição e zona de baixo risco. Também se sugere que o
zoneamento deve ser complementado com um sistema de alerta, e para elaboração
do mesmo, são necessários os dados de topografia da cidade e níveis de
inundação.
A zona de passagem de inundação é quando o rio está em sua capacidade
máxima (nível enchente) e passa para o nível de inundação (até 30 cm acima das
margens), esta pode ser utilizada desde que não haja prejuízos humanos e materiais
significativos, neste caso a indicação caso for usada, seja para uso agrícola, áreas
de lazer (parques, praças), estacionamentos ou áreas ambientais.
A zona de restrição fica inundada, mas devido às pequenas profundidades e
baixas velocidades não contribui muito para a drenagem da inundação e deve ser
regulamentada. É indicada para o uso de parques, atividades recreativas ou
esportivas cuja manutenção seja simples e de baixo custo.
Também podem ser construídas casas de dois pisos desde que sejam
estruturalmente protegidas contra inundações e o segundo andar no mínimo no nível
da enchente. Ou então áreas industriais de carregamento, armazenamento de
91

equipamentos ou mercadores que sejam de fácil remoção e linhas de transmissão e


estradas ou pontes que sejam corretamente projetadas para suportarem estes
desastres naturais (TUCCI, 2014).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) o zoneamento
urbano é o instrumento utilizado nos planos diretores, através do qual a cidade é
dividida em áreas sobre as quais incidem diretrizes diferenciadas para o uso e a
ocupação do solo, especialmente os índices urbanísticos. Através disso, supõe-se
que o resultado final alcançado através das ações individuais esteja de acordo com
os objetivos do município, que incluem proporcionalidade entre a ocupação e a
infraestrutura, a necessidade de proteção de áreas frágeis e/ou de interesse cultural,
a harmonia do ponto de vista volumétrico, etc.
A política de zoneamento estabelece que a cidade seja dividida em diferentes
zonas, de acordo com o Plano Diretor (Lei Municipal de São Sebastião do Caí N°
2.802, de 9/10/2006). A mesma está enquadrada na Lei Federal N° 10.527, de 10 de
julho de 200, elaborada pelo Ministério da Casa Civil (Subchefia para Assuntos
Jurídicos), denominada como Estatuto da Cidade. Na qual estabelece normas de
ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol
do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos. Esta lei também institui
que o Plano Diretor deve ser revisto a cada dez anos.
Neste caso, a zona urbana fica subdividida para fins de regramento do uso e
ocupação do solo, nas seguintes zonas:
APPs – Áreas de Preservação Permanente - impróprias à ocupação urbana devido
aos riscos que o meio físico apresenta tais como desencadeamento de processos
erosivos, deslizamentos e quedas de blocos nas encostas, depósitos de tálus,
contaminação de nascentes e áreas de recarga de aquíferos, utiliza se as mesmas
para implantação de áreas de proteção ambiental e parques ecológicos, apresentam
declividades acima de 30° e alta susceptibilidade à erosão e vegetação ativa;
ZR – Zona Residencial – áreas com condições físicas favoráveis à ocupação e
disponibilidade de infraestrutura urbana, permitindo a habitação relacionada às
atividades de serviços, comércio de abastecimento local e indústria que causem
incômodos aos moradores;
ZM – Zona Mista – áreas próximas aos eixos de ligação locais e intermunicipais,
onde são permitidos usos: residencial, comercial, industrial não poluente e
instalação de estabelecimentos de apoio às demais zonas;
92

ZC – Zona Comercial – áreas inseridas no núcleo urbano inicial do município, com


condições físicas e de infraestrutura favoráveis à ocupação intensiva, prevalecendo
atividades comerciais e de serviços de caráter municipal;
ZI – Zona Industrial – áreas bem localizadas acessíveis com boa infraestrutura e
relativamente próximas a zona urbana, medianamente ocupada, onde são
permitidas a instalação indústria de grande porte com baixo médio ou alto potencial
poluidor.
Contudo acredita-se que a medida não-estrutural de zoneamento seria uma
solução efetiva para a cidade de São Sebastião do Caí, mas a longo prazo. Se bem
estruturada e realizada com o planejamento correto, o município teria uma solução
definitiva com um custo equivalente ao das obras estruturais, mas que melhoraria a
infraestrutura das zonas rurais, onde poderiam ser construídas novas moradias sem
riscos e transtornos causados pelas inundações. Desta forma, propiciando um
desenvolvimento urbano orientado, atraindo novos investimentos para o município.

5.8.3 Aspectos Positivos e Negativos

Quadro 1 - Prós e contras dos métodos de zoneamento e diques/polders.


MÉTODOS ASPECTOS POSITIVOS ASPECTOS NEGATIVOS
1. Solução definitiva; 1. Solução a longo prazo;
2. Desenvolvimento urbano fora 2. Perda de áreas utilizadas para
das áreas de risco/crescimento agricultura/pecuária;
ordenado; 3. Altos gastos com infraestrutura
3. Criação de novas áreas de (estradas, iluminação,
ZONEAMENTO lazer na antiga zona de saneamento, prédios públicos e
inundação; privados) para abrigar a
4. Redução de prejuízos e gastos população;
com desastres naturais;
5. Proteção total contra as
inundações;
1. Solução imediata; 1. Alto impacto ambiental nas
2. Construção de nova rodovia margens do rio;
para desviar o trânsito do centro 2. Risco de rompimento/catástrofe;
da cidade; 3. Falsa impressão de segurança;
3. Construção de uma nova ponte 4. Obra de grande porte de custo
DIQUES/POLDERS de ligação entre São Sebastião do muito elevado/manutenção;
Caí e a ERS-124; 5. Solução não-definitiva;
6. Proteção de aproximadamente
50% da área urbana e aumento de
inundações a jusante;

Fonte: Elaborado pelo autor.


93

6 CONCLUSÕES

No decorrer do trabalho, percebeu-se como o problema de São Sebastião do


Caí é complexo. Entretanto, a cheia do Rio Caí é um evento natural, consequência
do volume de chuvas que cai na Serra Gaúcha, juntamente com a pluviosidade que
ocorre no município. Esta última, acaba por saturar o solo, dificultando a absorção
da água e gerando inundações. Contudo, a principal causa é que a cidade está
posicionada no lugar errado, muito próxima ao rio. Também, por ser uma região
plana de baixas cotas, inunda facilmente de uma a duas vezes ao ano.
O assoreamento também tem grande contribuição para que ocorram estes
episódios de cheia, pois o rio, que tem maior energia e capacidade de carregar
sedimentos a montante, quando encontra estas regiões de planície, perde força
significativamente. Em decorrência disso, provoca um maior acúmulo de sedimentos
no canal e, consequentemente, aumenta o nível da água. Ressalta-se também que
esse processo pode ser causado pela erosão nas margens e acúmulo de lixo no rio.
Esses desastres naturais atingem aproximadamente 50% da população,
afetando muito a rotina dos moradores. O nível do Rio Caí chega a atingir
aproximadamente 12 metros acima do seu normal, que é 2,40 metros. Os bairros
mais atingidos na área urbana são: Navegantes, Quilombo e Vila Rica por estarem
próximos ao rio e apresentarem cotas entre 10 e 20 metros. Também parte do
Centro é atingida em menor proporção e os distritos das Várzeas da Vila Rica e Rio
Branco na zona rural.
Com as cheias, diversos imóveis são inundados, causando a destruição de
móveis e eletrodomésticos, as mesmas também provocam prejuízos enormes na
agricultura, pecuária, indústrias e comércio no geral. Em algumas ruas do bairro
Navegantes, o mais atingido, a correnteza é de tal intensidade, que até mesmo
casas já foram arrastadas, em razão da proximidade com o rio. Cada
enchente/inundação são milhões de reais que as águas do Rio Caí levam embora,
atingindo profundamente a renda municipal.
Segundo estudos citados anteriormente, a cidade, daqui a 50 ou 100 anos,
pode ficar completamente debaixo d’água, restando apenas parte da área central
por ser mais elevada, o que seria caótico e muito complicado existirem lugares para
realocação das famílias atingidas, pois vários locais para onde as mesmas são
levadas atualmente, estariam inteiramente inundados pelas águas.
94

Com base nestes relatos e visando encontrar uma solução possível e


exequível foram demonstradas algumas alternativas no presente trabalho, que
podem ser postas em prática para reduzir os danos causados pelas inundações na
cidade de São Sebastião do Caí, ou resolver de vez o problema a longo prazo.
Todas as propostas apresentadas ao longo dos anos foram projetos de
medidas estruturais intensivas, ou seja, obras de engenharia de grande porte, nas
quais a solução mais adequada para o problema segundo os autores seriam diques/
polders. Obras muito complexas, de alto custo, ensejadoras de desapropriação de
terras e de um imensurável impacto ambiental nas margens do rio. Essas medidas
também poderiam ocasionar eventos de maiores proporções nos municípios à
jusante de São Sebastião do Caí. Em virtude destas consequências, não se
implementou nenhum projeto até hoje em dia.
As referidas construções, que são muros laterais de terra ou concreto
inclinados ou retos, construídos ao longo das margens do rio, de tal altura que
possam conter o avanço das águas dentro do canal natural do corpo hídrico, não
iram garantir uma total segurança da cidade. Caso acontecesse um evento atípico,
com uma quantidade de chuva além do esperado, poderia ocorrer o rompimento dos
muros, ou então, as cheias poderiam ultrapassar estes barramentos invadindo a
área urbana com uma intensidade excessiva, causando uma catástrofe, com
prejuízos imensuráveis, perdas de vidas humanas entre outros.
Durante a entrevista com o engenheiro hidrólogo Emanuel Duarte Silva
(CPRM), o mesmo salientou que os projetos atuais (METROPLAN, 2014) foram
dispensados pelo órgão federal responsável por gerir as cidades do Brasil, criado
em 1° de janeiro de 2003, que disponibiliza a verba para o desenvolvimento dos
municípios (Ministério das Cidades). Isto, por serem obras de altos valores que não
assegurariam uma proteção confiável e eficaz para o município de São Sebastião do
Caí.
Com fundamento nos conhecimentos geológicos do autor deste trabalho,
analisando os dados das inundações, os projetos existentes e utilizando as
bibliografias relacionadas ao problema, fundamentou-se a proposta de um
zoneamento futuro para a cidade. A proposta foi desenvolvida com base nas
características de relevo da cidade e cotas de inundação, visando apontar áreas
seguras para expansão urbana fora das zonas de risco de inundação e
deslizamentos. Respeitaram-se as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as
95

zonas de uso intensivo (áreas sensíveis cuja exploração requer a adoção de boas
práticas) que são pântanos, planícies costeiras e áreas com inclinação entre 25° e
35°.
Entendeu-se que esta seria a melhor alternativa para a cidade, pois, desde os
primeiros estudos realizados por alemães em 1970, sugeriu-se essa opção como a
mais coerente e efetiva. Todavia, não é uma alternativa que resolveria o problema
de imediato, pois requer um mapeamento detalhado das melhores áreas a serem
habitadas futuramente que não sejam atingidas por inundações e deslizamentos,
onde a população possa se estabelecer sem sofrer riscos iminentes.
Contudo, para que haja uma solução para o problema das inundações
recorrentes em São Sebastião do Caí, é preciso um engajamento por completo da
administração municipal em conjunto com órgãos estaduais e federais e a população
local. Dessa forma, objetiva-se a melhor alternativa para a cidade, através do bom
senso de todos, assim como um desenvolvimento urbano ordenado, com qualidade
de vida e sem ameaças de calamidades.
96

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APÊNDICE A

Mapa do Trajeto de Campo

Fonte: Elaborado pelo Autor.

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