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INTRODUÇÃO
[...] os silêncios falam; o menor ruído, uma folha de papel amassado, a batida
de uma porta, e nossos ouvidos parecem escutar pela primeira vez. Sim, as coisas
agora têm uma linguagem, como a própria semelhança das palavras o diz: imagem
que é a linguagem para o olho e bruitage (sonoplastia), que é linguagem para o
ouvido. (SCHAEFFER, apud REYNER, 2012, p. 97)
Esta pesquisa teve caráter experimental, tendo em vista que o material sonoro foi
manipulado em ambiente controlado (laboratório de informática do Campus Cacoal) e
desenvolvido após diversos testes para finalização das composições. Escolhemos o
Ableton Live porque atualmente é o programa que melhor se qualifica e atende as
necessidades deste projeto. A empresa Ableton, fundada no ano de 1999, fez o primeiro
release do Live em 2001. Neste programa podemos criar amostras de áudio através de
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Docente - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Cacoal, Rondônia, Brasil.
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Discente - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Cacoal, Rondônia, Brasil.
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Discente - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Cacoal, Rondônia, Brasil.
X Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, I Seminário de Iniciação Científica - IFRO – Campus Cacoal, out. 2020.
instrumentos virtuais ou acústicos e manipular informações ao mesmo tempo que a música
está sendo executada no palco ou estúdio, sendo esta a justificativa principal para a escolha
desta DAW para o desenvolvimento desta pesquisa.
Em muitos casos o ensino musical ainda possui certa resistência com relação ao uso
da tecnologia dentro de um aspecto estético e performático do músico e os resultados que
se obtêm a partir desta relação. Buscamos aqui, em uma situação de aprendizado
continuado novas experiências tanto no aspecto de criação artística como também
pedagógico para o fazer musical em uma perspectiva educacional. Este projeto teve
potencial de inovação por se comprometer a desenvolver duas composições originais, com
registros fonográficos autenticados pela Associação Brasileira de Música e Artes
(ABRAMUS), para fins de direitos autorias dos envolvidos no projeto. Neste sentido,
trabalhamos também a divulgação e marca da instituição através das mídias sociais e
material audiovisual que foi produzido durante a execução do projeto.
Fizemos a manipulação das amostras de áudio e MIDI de formas utilizando conceitos
da síntese sonora subtrativa, adicionando efeitos como auto filter, granulator, reverb,
simpler, entre outros. Usamos o conceito de síntese granular, para criar novos instrumentos
a partir da repetição de amostras muito pequenas de áudio, bem como o conceito de
envelope ADSR (ataque, decaimento, sustentação e liberação), que define como um som
se projeta ao longo do tempo. Na prática da composição musical nos basearemos na
importância da construção do motivo – elemento rítmico ou melódico que caracteriza um
reconhecimento auditivo da obra ou de um trecho musical - e de como as frases e tessituras
musicais vão se construindo ao redor dele. Para Schoenberg:
Na música Tormenta, o ponto central é a voz não cantada, todos os sons criados
fazem referência na produção de uma textura que acompanhe as frases e o sentido da
poesia falada. Da mesma maneira, foram utilizados sons de portas, água, brincos, utensílios
diversos para criação das bases rítmicas e texturas, assim como instrumentos virtuais. Esta
música se aproxima mais do gênero experimental.
Imagem 3: (Des)conexo, autoria de Felipe Romagna, usada como trilha sonora do documentário
“Projeto KM228”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A experiência do projeto de pesquisa teve como principal foco o processo criativo,
com foco nas ferramentas tecnológicas que se tornaram tão acessíveis atualmente.
Descontruir padrões de audições musicais e criar novas escutas para outros sons e novas
técnicas de composição se mostrou uma maneira extremamente útil e eficiente para o
ensino de diversas teorias e práticas do fazer musical.
REFERÊNCIAS
REYNER, Igor. A Escuta em Pierre Schaeffer: Uma Perversão Poética. In: IV Seminário
Música Ciência e Tecnologia: Fronteiras e Rupturas. São Paulo. Anais... São Paulo:
USP, 2012. Disponível em
<http://www2.eca.usp.br/smct/ojs/index.php/smct/article/viewFile/58/57>. Acesso em 15 jul.
2019.
CUNHA, Glória; MARTINS, Maria Cecília. Tecnologia, Produção e Educação Musical:
Descompassos e Desafinos. In: IV Congresso da Rede Iberoamericana de Informática
Educativa. Anais... Brasília: UFRGS, 1998.
SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da Composição Musical. 3 ed. São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 2015.
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