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A ética no meio digital

A internet, desde a sua criação, dá aos seus usuários uma sensação de poder. Isso
porque ela te faz acreditar que você pode falar e fazer tudo sem ter grandes
consequências. A possibilidade de não precisar olhar nos olhos das pessoas
enquanto conversa ou criar perfis falsos e poder “ser outra pessoa” liberta o ser
humano para agir de forma livre e até irresponsável.

Além disso, as pessoas postam cada segundo de suas vidas na internet, o que
comem, onde visitam, cada pensamento. Como se, caso não postassem, não
poderiam provar que estão vivendo. A internet virou um mundo paralelo em que as
pessoas vivem.

Quantas vezes você já viu pessoas totalmente desconhecidas discutindo


intensamente em postagens nas redes sociais? Provavelmente mais do que deveria.
Se refletirmos, estas pessoas se vissem pessoalmente, talvez não teriam a coragem e
audácia de brigarem como fazem na internet; apenas seguiriam suas vidas.

Também vemos muitas vezes profissionais que postam coisas muito informais em
suas redes sociais ou se expõem exageradamente. Ou, muitas vezes, expõem os
próprios pacientes, o que é relativamente pior.

Você já pensou se essas atitudes são éticas? Você já viu um dia alguém agir de tal
forma que te fez pensar “eu acho que essa não é a atitude mais sensata que essa
pessoa poderia ter”? Provavelmente sim. A questão é que muitas pessoas agem na
internet como se não houvesse quaisquer leis ou como se a realidade fora dela não
existisse.

Mas, por incrível que pareça, a internet não é uma terra sem lei. Mesmo que ela seja
uma invenção relativamente nova em termos de humanidade, existem leis específicas
em casos de crimes cibernéticos. Crimes estes que talvez nem mesmo você sabe que
são crimes. Então não, você não pode postar tudo que você quiser na internet sem
pelo menos saber que suas atitudes terão consequências.

Há coisas que você faz na internet que podem fugir do que as pessoas consideram
como uma “boa conduta”, como postar vídeos em que você está bêbado, expor uma
opinião ácida ou discutir intensamente com estranhos. Apesar de muitas vezes essas
atitudes serem consideradas antiéticas, não é crime.

Mas certas atitudes são sim criminosas. Como, por exemplo, criar perfis falsos,
destilar palavras de ódio, assediar alguém ou expor informações pessoais de
terceiros. Todas essas atitudes e muito mais podem ser consideradas crimes. Vamos
desvencilhar um pouco esse mundo para que você entenda melhor.
Marco Civil da Internet
No Brasil, temos o Marco Civil da Internet, aprovado em 2014. Esta lei foi essencial
para estabelecer os direitos, deveres e regras para o uso da internet no Brasil. Nele, é
defendida a liberdade de expressão e cabe à Justiça decidir se um conteúdo deve ser
retirado da internet.

Além disso, a privacidade é considerada muito importante e as empresas devem


garantir a privacidade dos usos de dados, assegurando que apenas eles terão acesso
aos seus dados.

Lei Geral de Proteção de Dados


Um pouco mais atual que o Marco Civil, temos também a Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD), aprovada em 2018 e promulgada em agosto de 2020. Ela define de
forma mais detalhada e específica o que são considerados dados e como usá-los na
internet. As empresas que têm sites foram as que foram mais afetadas pela lei e as
que devem mais prestar atenção, pois se não estiverem adequadas à Lei são
penalizadas.

Uma das bases da LGPD é o consentimento, ou seja, a pessoa tem que aceitar te
fornecer os dados e para isso, você deve explicar muito bem para que eles serão
usados. Você já percebeu que em todos os sites que você entra há uma notificação
embaixo te pedindo autorização para a utilização dos cookies? É a LGPD em cena.

Da mesma forma, o email marketing só pode ser utilizado caso os emails sejam
enviados com o total consentimento dos usuários. Assim, a compra de listas de
emails devem ser descartadas da sua estratégia de marketing.

A ética nas redes sociais

As redes sociais possuem como característica a personalização. É o meio da internet


em que é possível se conectar com os amigos e familiares, ser você mesmo, postar
fotos e opiniões e personalizar do jeito que você quiser. Assim, é fácil criar um mundo
paralelo, como uma extensão da realidade.

No início, as redes sociais eram algo bem simples. Os algoritmos não eram muito
avançados e as pessoas só compartilhavam a sua vida, sem se importar muito com o
alcance. Com o tempo, as redes sociais se tornaram cada vez mais comuns e
populares e essa simplicidade se dissipou.

Principalmente com a pandemia e o aumento da utilização do meio virtual, as pessoas


viram nas redes sociais possibilidades de crescimento profissional e pessoal. E sim, é
muito importante para o crescimento de um profissional que ele tenha uma vida ativa
nas redes sociais. Mas para que isso aconteça, ele não pode postar qualquer coisa:
deve-se estar atento para que suas postagens não afetem a sua vida profissional.
Há diversos casos na internet que publicações pessoais repercutiram e causaram a
demissão da pessoa em questão. Um caso bem famoso foi de uma cirurgiã que teve
o registro profissional suspenso temporariamente após postar vídeos mostrando
pedaços de pele e gordura dos pacientes nas redes sociais. No Código de Ética dos
profissionais da saúde é considerado antiético expor o resultado de procedimentos
dos pacientes, se não tiver o consenso da pessoa.

Podemos chegar a conclusão que apesar de podermos ser nós mesmos nas redes
sociais, é preciso ter consciência de que não precisamos postar tudo o que passa em
nossa mente. Publicar todos os seus pensamentos seria uma atitude imprudente.

A questão é: você falaria tudo o que pensa em frente a milhões de pessoas


presencialmente? Não? Então por que você faria o mesmo no meio virtual? Assim,
com consciência e reflexão dos seus atos, você consegue ser um pouco mais ético
nos meios virtuais e tem uma relação mais harmônica com os habitantes deste
mundo. 

A ética no marketing digital

Há muitas discussões éticas no que diz respeito ao marketing, no geral.


Questionamentos como: “o marketing estimula o desperdício e a permanente
insatisfação dos indivíduos?” ou “o marketing contribui para um apego excessivo às
posses materiais?” rondam entre os teóricos do marketing há quase 50 anos.

Com o advento da internet, surgiram mais questões. Com as tecnologias de cookies,


algoritmos e a coleta de dados ficou mais fácil entender quem são as pessoas que
estão na internet. Em poucos segundos, você consegue entender quem é a pessoa
que visita seu site, o gênero, a idade, onde mora, do que gosta. Os dados das
pessoas estão disponibilizados facilmente na internet. E assim, é alvo fácil para os
profissionais do marketing.

Em 2018, houve um dos maiores escândalos em relação ao uso de dados:


descobrimos que a Cambridge Analytica utilizava dados dos usuários do Facebook
nas suas análises e assim, propagandas políticas personalizadas foram
encaminhadas para cada usuário.

Depois desse escândalo, os algoritmos se tornaram mais conhecidos pelo público e


entendemos melhor que o marketing chega a nós por meio de nossa caminhada na
internet. E foi assim que a LGPD também se fez necessária ao definir melhor como as
empresas devem se comportar no meio digital. O marketing ainda utiliza seus dados,
mas agora com sua autorização.

Sabe aquele formulário para se inscrever em uma live em que você coloca seu nome
e o seu “melhor email”? É coleta de dados. O pedido de autorização de uso de
cookies no site? Coleta de dados. Dessa forma, as empresas entendem quem você é
e pelo o que você se interessa e assim te enviam emails e marketing personalizados.

Isso não é criminoso, desde que conte com a sua autorização e consentimento. E, por
isso, embaixo, tem a opção para você clicar “entendi e aceito o termo de privacidade”,
“entendi e aceito os termos de uso”.

Assim, é considerado antiético no marketing digital pegar os dados dos usuários sem
autorização para o envio de anúncios e emails.

Conclusão

Basicamente, a ética é o conjunto de regras para que a sociedade viva em harmonia.


E para que isso dê certo, todos devem segui-la, mesmo no meio digital.

E então, você considera que suas ações na internet são éticas ou você acha que tem
coisas a melhorar? Caso ainda tenha coisas a melhorar não se preocupe, é sempre
tempo de melhorar.

E caso precise de ajuda para o seu site estar conforme à ética, entre em contato com
a Mais Code! Podemos te ajudar nessa empreitada.

Por: Beatriz Saltão

Disponível em: https://maiscode.com.br/etica-na-internet-uma-discussao-possivel/

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