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EQUITY RESEARCH

21/01/2022

Inter Research: Commodities e Inflação


A retomada das commodities e os efeitos no IGP-M Commodit ies vs. Câmbio
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Após a contração nos preços das commodities observada nos mercados 200
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internacionais desde a segunda metade de 2021, em 2022 o cenário reverte 150
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e o que temos observado é uma retomada nos preços, em especial com maior
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demanda vinda da China pré feriado do Ano Novo, enquanto oferta segue limitada

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por sazonalidade, como período chuvoso a exemplo do Brasil, e suspensão de

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Commodities em US$ (esq.) Real/Dólar (dir.)
atividades por conta ou de explosão de casos de covid ou greves mundo afora. Fonte: Bloomberg, Banco Inter; Data−base: 19/01/2022

Em nossa opinião, os motivos que vêm impulsionando a alta dos insumos devem
Gabriela Cortez Joubert, CNPI
arrefecer ao longo dos próximos meses, impactando os preços nos mercados gabriela.joubert@bancointer.com.br
internacionais, trazendo alívio, mas não sem antes manter alta a pressão inflacionária
Rafaela Vitória, CFA, CNPI
de curto prazo, prolongando a expectativa de redução da inflação global. rafaela.vitoria@bancointer.com.br

Inter Research
Celulose: A retomada na demanda global pós auge da pandemia de Covid levaram
os preços de celulose a dispararem no início de 2021, alcançando pico em março
para, então, em meio às restrições de demanda e ambiente de negociação mais
ácido na China, desabarem para próximo dos níveis do início do ano, conforme
o Índice de Preços de Celulose Importada, da SCI. Contudo, desde o início de
dezembro, seguindo comportamento das demais commodities, os preços da
celulose aceleraram e voltaram a subir. Restrições na oferta em virtude do período
chuvoso no Brasil, com índice pluviométrico acima do esperado, bem como
movimento de estocagem por parte das papeleiras antes do Ano Novo chinês
ajudaram na escalada de preços. Ressaltamos também que a demanda por papéis
tem apresentado forte recuperação em todos os continentes, em especial no
mercado asiático para tissue e no mercado europeu, imprimir e escrever e nas
Américas, para papel de embalagens. Além disso, anúncios de repasse de preços
por parte de produtores de papel, deram ainda mais força ao movimento de
aumento de preços na cadeia, o que contribuiu para que a Suzano anunciasse nova
alta de preços, vigente a partir de fevereiro.

Minério de Ferro: Após preços recordes no 1S21, com o minério de ferro


ultrapassando a marca dos US$ 200/t, vimos a correção nos meses subsequentes,
conforme a China voltava com seu plano de reforma do parque siderúrgico, reduzindo
produção com fechamento de usinas obsoletas, ineficientes e poluentes. Se nos
seis primeiros meses de 2021 a produção mensal chinesa de aço estava em torno de
92Mt, em novembro registrou 69 Mt. Quando observamos a produção siderúrgica
mundial, de acordo com dados da WSA, no pico da pandemia a representatividade
da China chegou a 62%, em razão dos lockdowns vistos globalmente, enquanto
no país asiático os efeitos do surto de covid foram mais rapidamente sanados. Em
novembro, essa participação caiu para 48%, abaixo da média dos últimos anos.
Contudo, desde o início do ano, temos visto retomada dos preços do minério, que
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estão agora acima de US$ 135/t, reflexo, das restrições sazonais de oferta, bem
como estocagem de produtos antes da parada para o feriado chinês. Lembramos
que com as chuvas acima do esperado no Brasil, grandes mineradoras como Vale,
CSN Mineração e Usiminas foram forçadas a suspender atividades na região de
Minas Gerais, o que limitou ainda mais a oferta já restrita do período. Vale ressaltar,
entretanto, que quando observamos os níveis dos estoques nos portos chineses,
após quatro semanas de queda, houve aumento de 3,4% na última semana.

Petróleo: os preços do petróleo engataram uma tendência de alta desde o ano


passado e, recentemente, alcançaram a máxima em sete anos, resultante de uma
expectativa de maior demanda, acima dos níveis pré-pandemia, de acordo com
relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia e de restrições na oferta,
que segue incerta, com OPEP+ mantendo plano inicial de produção inalterado. Além
disso, conflitos geopolíticos em importantes regiões produtoras, como Oriente
Médio, têm colocado em risco o abastecimento futuro da commodity. O movimento
global de transição da matriz energética para fontes mais limpas alterou a dinâmica
de investimentos em combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que novas plantas
de energia renovável ainda não são suficientes para substituir a demanda em
ascensão. Em 2021, vimos medidas cautelares como apagões e racionamento de
energia em importantes economias como China e Europa. Estudo recente da Wood
Mackenzie mostrou que a transição de matriz energética deve trazer um impacto
negativo de 2% no PIB Global até 2050, mas que deve ser mais que compensado
até o fim do século. Enquanto isso, os preços seguem avançando, trazendo ainda
mais pressão aos custos de produção global.

Impactos na inflação global e no Brasil. Como vimos no PPI da Alemanha de


dezembro e mesmo na prévia do IGPM de janeiro no Brasil, os preços ao produtor
voltaram a subir e podem refletir em novas altas ao consumidor, principalmente
nos grupos de alimentos e combustíveis. Aqui no Brasil, a recente valorização
do real, finalmente voltando a mostrar a correlação histórica com os preços
das commodities no mercado global, tende a aliviar essa pressão, algo que não
aconteceu nos últimos 12 meses. No entanto, segue como ponto de atenção para
o cenário de desaceleração da inflação, e a expectativa que os choques de oferta
se dissipem pode se prolongar. Ainda assim, considerando o já elevado patamar
das cotações, os reajustes serão de magnitude bem menor. Enquanto o índice de
commodities subiu 40% em 2021, a alta em janeiro é de 7%.
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