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Introdução à Editoração

Natal, UFRN, 2016.1


Após desenvolver a fala, a
principal forma de transmissão do
conhecimento foi a Tradição Oral,
que ainda é o principal meio entre Zulus - África
muitas comunidades ao redor do
mundo.

Aborígenes - Austrália

Índios - Brasil
Uma das grandes “invenções” da humanidade foi
a escrita, que surgiu a partir da necessidade do
homem de conservar e transmitir sua memória,
facilitar as tarefas da vida cotidiana, criar registros,
armazenar dados e enfim, preservar sua história.

“[...] a escrita, como todas as grandes


descobertas, não foi inventada de uma vez só,
mas empregou longos séculos para se produzir,
se completar, se aperfeiçoar.”

Lecoy de la Marche

Dessa forma, a escrita passou por várias fases


de evolução até chegar na forma em que a
conhecemos...
A história do livro se dá com o surgimento da escrita e
compreende uma série de inovações realizadas por
diversos povos no intuito de gravar o conhecimento e
passá-lo de geração em geração. O mundo não seria
o mesmo se os povos não pudessem conhecer as
ideias de seus antepassados.
Durante a Antiguidade, a primeira forma encontrada
para gravar o conhecimento foi escrevendo-o em
pedra ou tábuas de argila.
Após algum tempo, surgiram os khartés, que eram
cilindros de folhas de papiro fáceis de transportar.
Papiro é o mais célebre dos produtos vegetais usados na
escrita antiga, tanto na importância da técnica quanto dos
registros que ele manteve.

Cyperus papyrus
A inovação seguinte foi o pergaminho, que em pouco
tempo substituiu o papiro. O pergaminho era feito com
peles de animais (ovelha, cordeiro, carneiro, cabra) e
nele era possível escrever com maior facilidade.

Uma de suas vantagens em relação aos outros


suportes para escrita era sua durabilidade. A origem
do pergaminho remete à cidade grega de Pérgamo,
onde foi inventado e levou o nome de seu local de
origem.
Outra alteração desta época foi o fim do “volumen”,
o rolo, pelo códex, que apresentava páginas
compiladas.

O surgimento do códex deu-se na Grécia. Após


algum tempo, foi melhorado pelos romanos.
Também chamada de códice, esta nova forma de
apresentação das informações fez com que o livro
começasse a ser visto com um objeto, uma obra.

Além disso, diversos estudiosos apontam o códice


como peça fundamental na distribuição da
informação.
Códex
Na Idade Média, na Europa, por causa do excessivo
fervor religioso, o livro passa a ser considerado em si
como um objeto de salvação.

A característica mais
marcante da Idade
Média é o surgimento
do monges copistas,
homens dedicados
em período integral a
reproduzir as obras.
Na Idade Moderna, no
Ocidente, em 1455, Johannes
Gutenberg inventa a prensa
com tipos móveis reutilizáveis.

Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a


impressora colocava em xeque a sua ocupação.

Contudo, com a impressora de tipos móveis, o livro


popularizou-se definitivamente, tornando-se mais
acessível pela redução enorme dos custos da
produção em série
Prensa de tipos móveis.
Em fins do século XX,
surge o livro digital.

Definição: arquivo digitalmente


construído, fruído pelo leitor a partir de
um dispositivo de leitura qualquer, de
modo online ou offline, cujo conteúdo
inclui texto e imagens estáticas, mas que
também abrange formas multimidiáticas,
com a inserção de som e imagem em
movimento, além de modos de escrita
hipertextual, interligando blocos de
informação, segundo interesse do
autor/produtor ou do próprio leitor.
A editoração

> Definição segundo o dicionário Houaiss

1 ato ou efeito de editorar


2 conjunto das atividades funcionais de um editor (seleção
de originais, supervisão da preparação de originais, escolha
da tipologia, assentamento da diagramação etc.)
2.1 preparação e/ou revisão de originais
3 conjunto de atividades relacionadas com a produção do
suporte de qualquer meio de difusão de informações (livro,
CD-ROM, DVD etc.)
A editoração se encarrega de uma atividade produtiva
realizada de modo organizado, transformando matéria-
prima (manuscritos, desenhos, fotos, etc.) em um bem
consumível.

Editoração
A editoração é como uma indústria
com linhas de produção bem definidas?
Na editoração, espera-se que o texto do autor seja dirigido
a um público leitor-consumidor pré-estabelecido no
imaginário do autor e do editor, para que seja
economicamente viável a produção de um determinado
número de exemplares (tiragem).

Leitor
Também é objetivo da editoração, atuar no comércio
de produtos editoriais, desde a distribuição logística
até a organização dos livros nas estantes de livrarias.
O início da editoração no Brasil

Até o início do século XIX, o livro não era um artigo


produzido no Brasil. Os poucos livros que aqui
chegavam eram produzidos em Portugal.

Não havia interesse da corte, pois além do medo da


transformação, a maioria da população brasileira era
analfabeta.
O início da editoração no Brasil

A história do livro (tipografia e imprensa) no Brasil


começa oficialmente quando, em 1808, a família real
portuguesa e sua corte se transferem para o Brasil.

Embarque para o
Brasil no porto de
Belém. Gravura
de Francisco
Bartolozzi.
O início da editoração no Brasil

Ações de D. João VI, na chegada ao Brasil:

Criação da Biblioteca Real (1808)


Criação da Imprensa Régia (1810)
O início da editoração no Brasil

> Biblioteca Real

Ao deixar Lisboa às pressas, em novembro de 1807, a


comitiva de Dom João VI deixou para trás os cerca de 60
mil livros da Real Biblioteca - que continha a primeira
edição de "Os Lusíadas”, de Camões, por exemplo.

Os livros da Biblioteca Real foram transportados para o


Brasil em três viagens: uma em 1810 e duas em 1811.

O acervo da família real portuguesa contribuiu para


criação da hoje intitulada Biblioteca Nacional, Rio de
Janeiro.
O início da editoração no Brasil

> Imprensa Régia

A Imprensa Régia foi parte da estrutura burocrática do


Império, destinada a imprimir documentos, decretos e
livros, entre outras coisas.

Ela foi a primeira editora do Brasil. Todo o maquinário foi


trazido da Europa como parte da bagagem de D. João VI
e sua família.
Grandes editores brasileiros

Irmãos Laemmert

Os alemães Eduardo e Henrique


Laemmert são os precursores da edição
de livros no Brasil. Em 1839, fundaram
Livraria Universal e a Tipografia
Laemmert, no Rio de Janeiro.

Os Laemmert publicavam livros


traduzidos do francês, mas seu forte
foram os originais alemães. Foram
pioneiros na literatura infantil, com As
viagens de Gulliver e Contos seletos
das mil e uma noites.
Grandes editores brasileiros

Baptiste Louis Garnier (1823-1893)

Fundou a livraria-editora Garnier, no Rio de Janeiro, em


1844. Foi responsável pela publicação das primeiras
obras de Machado de Assis.
Grandes editores brasileiros

Baptiste Louis Garnier (cont.)

Baptiste Louis não confiava na Imprensa Régia e,


portanto, para imprimir as obras, resolveu manter
terceirizado o serviço com empresas de Paris.

Outra razão para a impressão em Paris era o valor


simbólico agregado a um produto impresso na França. A
marca “francesa” era conferida ao que se tinha de mais
sofisticado e mais caro na época.
Grandes editores brasileiros

José Olympio (1902-1990)

Fundou a José Olympio


Editora, em 1931, em São Paulo.
Na época, o Rio de Janeiro era a
capital do país e o ponto de
encontro de intelectuais e artistas.
Visando a atingir esse mercado,
em 1934, José Olympio mudou a
sua livraria-editora para a cidade.
Foi a maior editora do país nas
décadas de 1940 e 1950. Desde
2001, pertence ao Grupo Editorial
Record.
Grandes editores brasileiros

Monteiro Lobato (1882-1948)

Em 1918, Monteiro Lobato


compra a Revista do Brasil,
tornando-a uma editora. Passa
então a dar espaço para novos
talentos, ao lado de pessoas
famosas.

“Editar é o que existe de mais sério para


um país. Editar significa multiplicar as
ideias ao infinito, e transforma-las em
sementes soltas ao vento, para que
germinem onde quer que caiam”.
Como está o mercado editorial
no Brasil hoje?
Como está o mercado editorial no Brasil hoje?

O Brasil é o nono maior mercado editorial do mundo, segundo


estudo publicado, em 2012, pela Associação Internacional dos
Editores (IPA, na sigla em inglês).
Como está o mercado editorial no Brasil hoje?

A pesquisa “Produção e Vendas do Setor


Editorial Brasileiro”, realizada anualmente pelo
Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e
pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), fornece um
panorama completo do mercado editorial no país.
(SNEL/CBL)
Para refletir...

“ O segundo futurível consiste em considerar


irrelevante que o livro esteja ou entre em crise –
no Brasil e no mundo –, já que a “aldeia global”
descartará da realidade do livro: o processamento
cibernético-eletrônico atual é apenas o vestíbulo
do que acontecerá daqui a dez, vinte, trinta anos,
e nesse tempo velharias como papel, impressão,


livro, passarão a seres arqueológicos.

Antonio Houaiss, 1985.


Filólogo, escritor, crítico literário,
tradutor, diplomata, enciclopedista e Ministro da Cultura.

Em “A construção do livro”, de Emanuel Araújo.

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