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“Medo é uma realidade aqui, mas não nos paralisa porque se a gente deixar o medo
tomar conta, ele vence. Essa terra é do povo e vamos continuar a lutar”, a declaração é
da missionária Jane Dwyer, que assumiu a responsabilidade de continuar o trabalho
após o assassinato de Dorothy Stang, no município de Anapu, no Pará, um dos
estados mais violentos do Brasil, com oito dos 24 assassinatos. Irmã Doti, como era
conhecida, foi assassinada por dois pistoleiros e seu corpo atravessado por seis tiros
enquanto caminhava por uma estrada de terra do PDS Esperança, Projeto de
Desenvolvimento Sustentável que ela criou para assentar famílias pobres da
Transamazônica. Era uma manhã de 12 de fevereiro de 2005.
O relatório mostra ainda que mais de dois terços dos assassinatos no mundo
ocorreram na América Latina, o que a classifica como o continente mais afetado
desde que a Global Witness começou a publicar os dados em 2012. Trinta e três
mortes ocorreram na região amazônica, com quase 90% dessas concentradas no
Brasil.
“Quem vive na Amazônia corre risco”, afirma Jean Bellini, coordenadora nacional da
Comissão Pastoral da Terra (CPT). Segundo ela, os povos indígenas e as comunidades
tradicionais da floresta vivem há gerações no meio da mata, na beira dos rios, com
outro modelo de vida e de estrutura social. “Todos esses povos compartilham do uso
comum do espaço e o agraonegócio e os grileiros querem colocar essa terra no
mercado. A Amazônia é a última fronteira da expansão do capital, por isso os povos
sofrem tanta violência.”
Madeira
A exploração madeireira foi o setor com o maior aumento de mortes no mundo desde
2018, com 85% a mais de ataques registrados contra defensores que se opõem à
indústria. No Brasil foram quatro casos, sendo o assassinato do indígena Paulo
Paulino Guajajara um dos mais emblemáticos e que chamou a atenção do mundo
todo. Paulino foi morto em novembro em um confronto com invasores na Terra
Indígena Arariboia, na região de Bom Jesus das Selvas, no Maranhão.