Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estado, Governo e Administração são termos que andam juntos e muitas vezes confundidos,
embora expressem conceitos diversos nos vários aspectos em que se apresentam.
1.2. Poderes do Estado – não são poderes da ADMINISTRAÇÃO, mas do Estado, destinados
à execução de funções, tal como por Montesquieu, decorrentes das principais atividades do Estado:
PODER EXECUTIVO, LEGISLATIVO e JUDICIÁRIO, são os elementos orgânicos ou estruturais
do Estado. A tripartição de Montesquieu é adotada no texto constitucional, tendo por finalidade o
equilíbrio entre os Poderes, de modo a evitar a supremacia de qualquer deles sobre o outro (Carvalho
F., Cap. 1). A nossa Constituição estabelece expressamente que são Poderes da União, independentes
e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (CF, art. 2º), bem assim veda que haja
deliberação sobre Emenda à Constituição tendente a abolir a separação dos Poderes (CF, art. 60, §4º,
III).
1.3. Funções do Estado (típica e atípica) – são decorrentes dos poderes. FUNÇÃO é o
exercício de uma atividade em nome e interesse de outrem. FUNÇÃO PÚBLICA é o exercício de
atividade em nome e interesse do POVO. Entretanto, no Brasil, não há exclusividade no exercício
dessas funções, não há um rígida, absoluta, divisão dos Poderes, mas sim preponderância na
realização desta ou daquela função. Assim, embora os Poderes tenham funções precípuas (funções
típicas), a própria Constituição autoriza que também desempenhem funções que normalmente
2
pertenceriam a Poder diverso (funções atípicas). São as chamadas ressalvas (ou exceções) ao
princípio da separação dos Poderes.
IV. desapropriações que favoreçam entidades privadas sem fins lucrativos, que
realizem atividades úteis à coletividade, como os clubes desportivos e as instituições
beneficentes
GOVERNO X ADMINISTRAÇÃO
Vale registrar a lúcida lição do Prof. HELY LOPES MEIRELLES sobre a diferença entre Governo e
Administração:
“Numa visão global, a Administração é, pois, todo o aparelhamento do Estado
preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas. A
Administração não pratica atos de governo; pratica, tão-somente, atos de execução, com maior ou menor
autonomia funcional, segundo a competência do órgão e de seus agentes. São os chamados atos
administrativos (...).
“Comparativamente, podemos dizer que governo é atividade política e discricionária;
administração é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma técnica. Governo é conduta
independente; administração é conduta hierarquizada. O Governo comanda com responsabilidade
constitucional e política, mas sem responsabilidade profissional pela execução; a Administração
executa sem responsabilidade constitucional ou política, mas com responsabilidade técnica e legal
pela execução. A Administração é o instrumental de que dispõe o Estado para pôr em prática as
opções
políticas do Governo. Isto não quer dizer que a Administração não tenha poder de decisão. Tem.
Mas o tem somente na área de suas atribuições e nos limites legais de sua competência executiva, só
podendo opinar e decidir sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros, ou de conveniência e
oportunidade administrativas, sem qualquer faculdade de opção política sobre a matéria.
Importa salientar, contudo, que, a despeito de a teoria tripartite ser a mais difundida, há juristas de
peso que entendem diversamente. Com efeito, Kelsen sustenta que as funções estatais são apenas duas, a
de criar o direito (legislar) e a de executar o direito (o que tanto é feito pela Administração quanto pela
Jurisdição). A nível nacional, Oswaldo Aranha Bandeira de Melo entende que existem apenas as funções
administrativa (legislar e executar: programação e realização de objetivos públicos) e jurisdicional.
“Na verdade, a admissão de cláusulas muito gerais de restrição de direitos fundamentais – como
a de supremacia do interesse público – implica também em violação aos princípios democráticos e da
reserva de lei, em matéria de limitação de direitos, já que transfere para a Administração a fixação
concreta dos limites ao exercício de cada direito fundamental. Ademais, dita indeterminação pode
comprometer a sindicabilidade judicial dos direitos fundamentais, por privar os juízes de parâmetros
objetivos de controle” (p. 96).
“Diante deste quadro, parece-nos inadequado falar em supremacia do interesse público sobre o
particular, mesmo em casos em que o último não se qualifique como direito fundamental. É preferível,
sob todos os aspectos, cogitar em um PRINCÍPIO DA TUTELA DO INTERESSE PÚBLICO, para
explicitar o fato de que a Administração não deve perseguir os interesses privados dos governantes,
mas sim os pertencentes à sociedade, nos termos em que definidos pela ordem jurídica (princípio da
juridicidade). Se a idéia de supremacia envolve uma comparação entre o interesse público e o
particular, com atribuição de preeminência ao primeiro, na noção de tutela este elemento está ausente,
o que se afigura mais compatível com o princípio da proporcionalidade, fechando as portas para
possíveis excessos (...) Dessa forma, a ação estatal conforme ao Direito não será aquela que promover
de forma mais ampla o interesse público colimado, mas sim a que corresponder a uma ponderação
adequada entre os interesses públicos e privados presentes em cada hipótese, realizada sob a égide do
princípio da proporcionalidade. Com a ressalva, contudo, de que quando os direitos fundamentais
estiverem ausentes da balança, o escrutínio judicial da conduta estatal deve ser mais cauteloso,
prevalecendo, na dúvida, a decisão já adotada pelo Poder Público.” (p. 114 e 115).
Alice González Borges, em importante artigo sobre o tema (“Supremacia do Interesse Público:
Desconstrução ou Reconstrução?”), ao invés da “desconstrução” propugnada pelos críticos, sugere
uma “reconstrução”:
“Mas agora surge de outra parte uma nova espécie de ataque, até então inimaginável. De
repente, uma plêiade de jovens e conceituados juristas , - animados, força é que se diga, pela mais
cristalina e louvável das intenções, - ergue-se na defesa da eficácia e efetividade dos direitos
fundamentais, em salutar movimento em prol da constitucionalização do direito. Para tanto,
resolve congregar forças para desconstruir (sic) o princípio da supremacia do interesse público,
como sendo a base de um autoritarismo retrógrado, ultrapassado e reacionário do direito
administrativo.”
A continuidade pode ser dividida, nos seguintes tópicos, para facilitar a análise:
CLÁUSULAS EXORBITANTES
É uma faculdade e pode constituir-se em:
EXIGÊNCI
a) caução em dinheiro ou títulos da dívida pública.
A DE
b) seguro-garantia
GARANTIA
c) fiança bancária
ALTERAÇ a) modificação do projeto ou das especificações
ÃO b) modificação do valor contratual, por acréscimo ou
UNILATERAL diminuição quantitativa de seu objeto.
a) inadimplemento. b) desaparecimento do sujeito, insolvência
RESCISÂO
ou comprometimento da execução.
UNILATERAL
c) interesse público. d) caso fortuito ou força maior.
FISCALIZA Prerrogativa no Poder Público, dando ensejo à rescisão unilateral.
ÇÃO
APLICAÇÃ a) advertência b) multa c) suspensão temporária e impedimento de
O DE contratados d) declaração de inidoneidade.
PENALIDADE
ANULAÇÃ Por obediência ao princípio da legalidade, é prerrogativa a
O (autotutela) anulação de seus atos diante de ilegalidade.
RETOMAD Artigo 80 (Lei 8.666/93), princípio da continuidade do serviço
A DO OBJETO público.
RESTRIÇ Não há rescisão unilateral pelo particular. Ele não pode
ÕES AO USO interromper a execução do contrato, em decorrência dos princípios da
DA “EXCEPTIO continuidade do serviço público e da supremacia do interesse público
NON sobre o interesse particular. (a jurisprudência tem minorado a aplicação
ADIMPLENTI desse preceito).
CONTRACTUS”
MUTABILIDADE
ÁLEA Risco que todo empresário corre, como resultado da própria
ORDINÁRIA flutuação do mercado; sendo previsível, por ele responde o particular.
EMPRESARIAL
ALTERAÇÃO Atendimento ao interesse público.
UNILATERAL Administração Restabelecida.
ÁLEA FATO DO Ato de autoridade não relacionado
ADMINISTRATIVA PRÍNCIPE diretamente.
FATO DA Ato de autoridade que incide
ADMINISTRAÇÃO diretamente sobre o contrato.
9
Restrições ao uso da “excepcio non adimpleti contratus” – exceção do contrato não cumprido
consiste no fato de que se uma parte não cumprir uma prestação, a parte contrária também não é obrigada
a cumprir a sua prestação, isso se aplica aos contratos em que as partes estão em igualdade; entretanto, no
contrato administrativo é diferente. Em regra, se a administração inadimplir, o particular não pode
simplesmente suspender a prestação do serviço.
Exceção é o art. 78 da Lei n. 8.666-93, prevê a possibilidade de rescisão do contrato pelo “XV – o
atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela administração decorrentes de obras, serviços
ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade
pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de
optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação.” Se a
mora da administração é inferior a 90 dias o contratado não pode suspender a prestação do serviço
público. Pode ocorrer de não suportar a espera por 90 dias, sob pena de falir, pelo que pode procurar o
Judiciário, pois a lei não pode exigir o absurdo, o insuportável no mundo dos fatos.O particular não
pode pura e simplesmente parar a prestação, mesmo com o atraso superior a 90 dias, o contratado
deverá manifestar administrativamente seu interesse na rescisão ou opção pela suspensão até a
normalização da situação. Se não obtiver resposta favorável da Administração, deve requerer
judicialmente a rescisão contratual ou a garantia da suspensão da prestação dos serviços. Note-se que o
contratado precisa da autorização ou da administração ou do Judiciário para rescindir ou para
suspender a prestação do serviço (paralisação). Isso tudo se aplica mesmo aos serviços públicos
essenciais. Obs.: alguns autores defendem que pode sem autorização do Judiciário, devendo requerer
somente à Administração.
Lei 8.987/95 (artigo 6o.) fala sobre a concessão de serviços públicos essenciais afirma que NÃO
haverá descontinuidade do serviço no caso de interrupção (“corte”) por falta de pagamento, exceto
se precedida de prévia comunicação. Serve para evitar a falência da prestadora do serviço. STJ vem
dando algumas decisões de que mesmo nesses casos não é possível cortar o serviço público essencial
(EXEMPLO: prestação de energia elétrica) – todavia, tratando-se de inadimplência da própria
Administração com a concessionária do serviço, o corte não pode atingir serviços públicos essenciais, tais
como escolas, hospitais, repartições etc.). [Carvalho F.]
AUTOTUTELA x TUTELA
Autotutela corresponde ao controle que um órgão ou uma entidade realiza sobre os seus
próprios atos. É um controle interno e que tem por fundamento a hierarquia e a subordinação.
A tutela, por sua vez, corresponde a um controle exercido por uma entidade sobre outra.
Seria, neste aspecto, um controle externo. É o controle exercido pela entidades políticas sobre as
entidades que compõem a adm. pub. indireta. É um controle finalístico (supervisão ministerial).
Não há relação de hierarquia ou subordinação, mas sim uma relação de vinculação.
1
CONCURSO: os 05 princípios previstos no caput do artigo 37, modificado pela EC/16 = LIMPE. CUIDADO: concurso adora trocar a IMPESSOALIDADE por ISONOMIA
(pegadinha). Mas DIÓGENES GASPARINI afirma que o conteúdo entre os dois princípios é o mesmo ou seja, que a impessoalidade no fundo se confunde com a isonomia.
11
CUIDADO: princípio da legalidade significa dizer que a conduta do administrador tem que estar
EXPRESSAMENTE prevista em lei? NÃO; o que está expresso em lei é legalidade, mas nem sempre a
lei estabelece tudo, todos os detalhes, EXEMPLO: atos discricionários, nos quais o administrador faz um
juízo de conveniência e oportunidade (MARIA SYLVIA fala em EQUIDADE e JUSTIÇA, também).
Exemplo: poderes implícitos.
ATENÇÃO: Como ensina Antonio Carlos Cintra do Amaral, “Penso que quando o saudoso
jurista brasileiro formulou essa definição teve por objetivo distinguir a função administrativa da
função jurisdicional. O administrador age de ofício. O juiz, por provocação das partes.”
Observações:
1. Como ensina Pietro, a primeira vez que esse princípio aparece com esse nome
(impessoalidade) foi na CF/88.
2. Segundo Hely Lopes, a impessoalidade nada mais é do que o clássico princípio da
finalidade.
DIÓGENES GASPARINI: o conteúdo da impessoalidade nada mais é do que a isonomia.
indeterminada, é um conceito vago, indefinido, não se pode fechar. A CF/88 inovou ao prescrever a
obediência expressa à moralidade, trata-se de um princípio recente. Em razão da indeterminação do
conceito surge um problema: o Poder Judiciário quando analisa o ato praticado pelo administrador
quanto à moralidade, conclui que se for IMORAL será ILEGAL, porque fere a LEGALIDADE
AMPLA, ou seja, desrespeita a CF. Na jurisprudência, não se reconhece a invalidade do ato por
exclusiva razão de moralidade, sempre o judiciário acaba retirando a sua validade em razão da
ilegalidade e não em decorrência da moralidade somente. HAURIOU: foi o sistematizador do
princípio; o ato e a atividade da Administração Pública devem obedecer não só à lei, mas à própria
moral, porque nem tudo que é legal é honesto.
**Os particulares que se relacionam com o ente estatal também devem obedecer obediência às
regras de boa administração, sob pena de praticarem ato de improbidade (art.11 da Lei 8.492-92).
“Ato decisório contrário à Súmula vinculante 13 do STF. Nepotismo. Nomeação para o exercício
do cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná. (...) A vedação do nepotismo não
exige a edição de lei formal para coibir a prática, uma vez que decorre diretamente dos princípios
contidos no art. 37, caput, da CF.” (Rcl 6.702-AgR-MC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento
em 4-3-2009, Plenário, DJE de 30-4-2009.)
“Os condicionamentos impostos pela Resolução 07/2005, do Conselho Nacional de Justiça, não
atentam contra a liberdade de prover e desprover cargos em comissão e funções de confiança. As
restrições constantes do ato resolutivo são, no rigor dos termos, as mesmas já impostas pela
Constituição de 1988, dedutíveis dos republicanos princípios da impessoalidade, da eficiência, da
igualdade e da moralidade. Improcedência das alegações de desrespeito ao princípio da separação
dos poderes e ao princípio federativo. [...]” (ADC 12, Rel. Min. Carlos Britto, julgamento em 20-8-
2008, Plenário, DJE de 18-12-2009.)
13
EXEMPLO: artigo 61, parágrafo único, Lei 8666/93 (os contratos administrativos devem ser
publicados no prazo de 05 dias para ter EFICÁCIA), os contratantes não deverão praticar nenhum ato até
a publicação. EXEMPLO: contas municipais devem ficar à disposição, para serem questionadas.
ATENÇÃO: De acordo com o art. 61, parágrafo único, a Adm. tem até o 5º dia útil do mês
seguinte ao da assinatura do contrato p/ providenciar a publicação, para que esta ocorra em até
20 dias daquela data. P/ Marçal os 20d são contados a partir do 5ºd útil, mas há entendimento
no sentido de que começam a contar a partir da data em que for providenciada a publicação.
DIÓGENES GASPARINI: a publicidade é garantida por meio de publicação no órgão oficial e pela
expedição de certidões, quando não for possível a publicação. A publicação de atos, contratos e outros
instrumentos jurídicos, salvo os normativos, pode ser resumida. Atos normativos não podem ser
publicados de forma resumida. O princípio da publicidade é relativo (ponderação), há algumas
exceções a esse princípio:
CUIDADO: particular pedindo informação do seu interesse, que é negada, o remédio constitucional
cabível é o MANDADO DE SEGURANÇA, o HABEAS DATA é cabível somente quando for
PESSOAL, pode ser do seu interesse, mas se não for pessoal não é o hábeas data é o MS, que garante a
proteção ao direito líquido e certo de obter informação.
10. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA (artigo 37, caput) – foi introduzido pela EC/19,
ganhando roupagem de princípio constitucional. Entretanto, mesmo antes disso a administração
deveria ser eficiente, o que não existia era o princípio expresso na CF, mas na Lei 8.987/95 (Lei de
delegação de serviço público), artigo 6o já previa o princípio.
CONSEQUÊNCIAS:
Eficiência quanto aos meios – deve o administrador gastar o menor valor possível;
Eficiência quanto aos resultados – deve o administrador obter um bom resultado, com o menor
custo.
Racionalização da máquina administrativa (artigo 169, CF) – o limite da LC 101, artigo 19, cada
pessoa tem um teto específico: UNIÃO 50% e ESTADOS E MUNICÍPIOS 60%, mais que isso o
administrador deve cortar: ordem prevista na própria lei: 1o. cargos em comissão e funções de confiança,
pelo menos 20%; 2o. servidores não estáveis; 3o. servidores estáveis, com direito à indenização. Os cargos
serão extintos de acordo com a desnecessidade, protegendo os servidores da vingança, somente poderão
ser criados depois de 04 anos.
Em que pese todas as conseqüências teóricas, a DOUTRINA afirma que não há como verificar na
prática o conceito de eficiência que é fluido demais, em decorrências das dificuldades das administrações
públicas.
ATENÇÃO:
1. A ESAF já entendeu que é possível a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo que deixe de observar o princípio da eficiência3.
2. A eficiência deve ser buscada SEMPRE DENTRO DA LEI.
NÃO vale a máxima de Maquiavel: “Os fins justificam os meios”.
3. O princípio constitucional da eficiência vincula-se à noção de administração pública
gerencial.
2
Possui regras específicas para cada tipo de servidor. Há alguns casos de categorias que já estão regulamentadas na forma determinada pela CF.
3
AUDITOR FISCAL-SEFAZ-CE-2007-ESAF
15
O ato que não atende a esse princípio é INVÁLIDO, nos termos da Lei 9784/99 (Lei de Processo
Administrativo – LER), artigo 3o., XIII. “só se cumpre a legalidade quando se atende à sua finalidade.”
“O fim legal é sem dúvida um limite ao poder discricionário”. Há desvio de poder nos casos em que a
atuação administrativa é estranha a qualquer finalidade pública, quanto naqueles em que o fim perseguido
não é o fim preciso que a lei assinala para o ato (CABM). Caracteriza o abuso de poder a ser corrigido na
via do mandamus, pois corresponde ao uso de um poder além dos seus limites.
Sobre a distinção entre interesse público primário e secundário, vale conferir a lição de
BARCHET:
“Por interesse público primário entende-se os interesses da própria coletividade, ou, para certa
doutrina, os interesses dos membros da coletividade, justamente pelo fato de a ela pertencerem. Sem
adentrarmos nos pormenores destes diferentes pontos de vista, vamos apenas enunciá-los: num
primeiro entendimento, o interesse público primário corresponde ao conjunto de interesses de que
é titular a própria coletividade, globalmente considerada; num segundo, tais interesses têm por
titulares os membros desta coletividade, justamente pelo fato de a integrarem. [...] Podemos citar,
como exemplos de interesses públicos primários, um meio-ambiente equilibrado, um eficiente serviço
de água, uma adequada estrutura de ensino fundamental etc.
O interesse público secundário, por sua vez, corresponde ao conjunto de interesses que a
Administração possui na sua condição de pessoa jurídica, a exemplo de uma empresa ou de uma
associação civil. São, sinteticamente, interesses relacionados à formação e manutenção do seu
patrimônio e à composição de seu quadro de pessoal. A aquisição de um imóvel, a contratação de um
empregado público, a celebração de um contrato de prestação de serviços de vigilância patrimonial,
são alguns exemplos de interesses públicos secundários.
Podemos trabalhar a matéria da seguinte forma: todos os interesses que justificam a existência da
16
Administração são interesses públicos primários. São os interesses da coletividade, cuja consecução
é a razão de existir da Administração. Para que a Administração possa atuar na satisfação de tais
interesses, ela precisa de um certo aparelhamento material e humano, e tal aparelhamento corresponde
justamente aos interesses públicos secundários.
ATENÇÃO:
1. Segundo o STF, na reserva de vagas para deficientes, NÃO É POSSIVEL o
arrendondamento do coeficiente para o número inteiro subsequente, deve ater-se aos limites da lei
(AG. REG. No RE 440.988-DF – info 660).
2. Ainda segundo o STF, é legítimo o edital de um concurso com apenas 2 vagas que NÃO
reserva vagas p/ deficiente. Entendeu a Corte Suprema que reservar uma vaga, ou seja, cinqüenta por
cento das vagas existentes, implicaria majoração indevida dos percentuais legalmente estabelecidos
(MS 26310/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 20.09.2007.).
Desdobramentos do princípio:
EXEMPLO: administrador opta construir uma escola ao invés de hospital, sendo que havia
excesso de vagas nas escolas já existentes e não havia atendimento de saúde para a população. A
análise da razoabilidade sempre atinge conveniência e a oportunidade. Assim, em uma prova
discursiva isso deve ser dito e deixado claro. O controle judicial de mérito do ato administrativo
não pode ser feito em todas e quaisquer hipóteses, mas, quando houver violação à razoabilidade
o controle poderá ser feito, porque o ato é ilegal (STF). Ainda, na ADPF 45, o STF definiu pela
possibilidade de controle judicial das políticas publicas, como forma de dar eficácia aos ditames
18
16. PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO (CF, artigo 93, IX) – todas as decisões administrativas
devem ser motivadas, ou seja, devem ser justificadas, fundamentadas. Motivação é a explanação ou
exteriorização do motivo. “Implica para a Administração o dever de justificar seus atos”, “afirmação
do direito político dos cidadãos ao esclarecimento do ‘porquê’ das ações de quem gere negócios que
lhes dizem respeito por serem titulares últimos do poder” – “exigência de uma administração
democrática” (CABM). O administrador deve estabelecer uma correlação entre o fato e o
fundamento jurídico que levam ao fundamento do ato ligado ao resultado do ato praticado,
tudo estando compatível com a lei.
A grande maioria afirma que a motivação é obrigatória, em todos os casos (STF), apesar da
existência de uma segunda corrente que afirma que em alguns casos não é obrigatória a motivação. É
necessária para que os administrados possam se insurgir contra os atos que lhes afetem (CABM).
19
MOTIVAÇÃO ≠ MOTIVO: Não devemos esquecer que a motivação não se confunde com os
motivos do ato administrativo. Motivo é a situação de fato ou de direito que autoriza ou determina a
edição do ato administrativo. Motivação é a explanação ou exteriorização do motivo. São os
“considerandos” do ato.
O discurso governamental, à época do lançamento do plano, era pensar a crise sob o foco do
desafio de sua superação, donde a noção de que havia que se "reformar", "reconstruir" o Estado,
"de forma a resgatar sua autonomia financeira e sua capacidade de implementar políticas
públicas". (1995:15)
[...]
Focando sobre a perspectiva mais ampla da reforma do Estado, o PDRAE determina que tal
reforma deve ser entendida e conformada a partir do contexto da "redefinição" do seu papel.
Redefinir o papel do Estado seria, segundo a lógica governamental, fazer com que ele
abandonasse a responsabilidade direta pelo "desenvolvimento econômico e social pela via da
produção de bens e serviços para fortalecer-se na função de promotor e regulador desse
desenvolvimento". Em termos mais claros, para o PDRAE, "reformar o Estado significa transferir
para o setor privado as atividades que podem ser controladas pelo mercado". (1995:17)
Neste sentido, cabe questionar o limite e as bases que regulamentam tais
transferências, sabendo que todo o processo de reforma delineado no plano está pautado e
intimamente marcado pela busca por eficiência, busca que vai ao encontro das duas dimensões da
reforma: a política e a administrativa.
Em termos de reforma política, a transferência da atuação estatal para o setor
privado vai corresponder à necessidade de gerar maior capacidade de governo ("governança"), a
partir da limitação dos custos e do dimensionamento a áreas "exclusivamente" estatais, bem como
pretende corresponder a um aumento da legitimidade para governar ("governabilidade") à medida
que há a valorização da participação social em várias instâncias do processo de reforma e há
também o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços "tendo o cidadão como beneficiário".
(1995:21)
Já em se tratando de reforma administrativa (estrito senso), o principal marco de
renovação seria a proposta de implementar um novo "paradigma" de organização administrativa,
a saber, a Administração Pública gerencial, que vem introduzir a perspectiva do desenvolvimento
de uma cultura gerencial nas organizações estatais.
Ora, analisando os impactos e mesmo o grau de novidade/ ruptura com o modelo de
gestão burocrático até então e ainda hoje adotado pela Administração Pública, o "modelo"
gerencial visualizado pelo PDRAE como alternativa reformadora possui, em grande medida,
apenas dois pilares "revolucionários": "em suma, afirma-se que a administração pública deve ser
permeável à maior participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil e
deslocar a ênfase dos procedimentos (meios) para os resultados (fins)". (1995:22, grifos nossos)
Diante da análise, por outro lado, sobre a necessidade do plano de romper com a
Administração Pública burocrática, descobre-se que tal tentativa de superação não é recente. O
embate com o modelo de gestão burocrático, no nível de "reforma" do Estado brasileiro, tem sua
origem, segundo o próprio PDRAE, no Decreto-Lei 200, de 25.2.1967 que já determinava
princípios de racionalidade administrativa, os quais seriam, em outras palavras, a eficiência
mesma, que hoje toma ares de jargão técnico-gerencial inusitado.
Igualmente criado para tentar promover a eficiência no setor público, há que se falar
de outro precedente que foi o Programa Nacional de Desburocratização, lançado no início dos
anos 80 também com vistas à reformulação da estrutura estatal burocrática.
O PDRAE fez questão de colocar em evidência tal embasamento histórico justamente
para conformar a noção de processo de reforma, que, em grande medida, fora interrompido,
segundo ele, pela Constituição Federal de 88. [...]
22
O Estado passa, então, a ser entendido, segundo o plano, como uma espécie de amálgama
das seguintes esferas de atuação: o primeiro setor que seria o núcleo estratégico; o segundo que
representaria o setor de atividades exclusivas do Estado; o terceiro, por sua vez, seria o setor de
atuação simultânea do Estado e da sociedade civil, setor este que engloba as entidades de utilidade
pública, as associações civis sem fins lucrativos, as organizações não-governamentais e as
entidades da Administração Indireta que estão envolvidas com as esferas em que o Estado não atua
privativamente, mas que têm um caráter essencialmente público e, finalmente, o quarto e último
setor seria o menos característico em termos de intervenção "exclusiva e/ou necessária" do Estado,
já que trata da produção de bens para o mercado. A reforma direcionada no PDRAE perpassa o
entendimento que se tem sobre justamente o quão necessária e mesmo eficiente é a atuação estatal
em cada um desses setores.[...]
Por outro lado, "já no campo das atividades exclusivas do Estado, dos serviços não
exclusivos e da produção de bens e serviços o critério eficiência torna-se fundamental. O que
importa é atender milhões de cidadãos com boa qualidade a um custo baixo". (1995:53, grifos
nossos) Cabe, desta forma, aos três setores em questão, seguir os rumos da Administração Pública
gerencial, o que se justifica, segundo o PDRAE, a partir do fato de não ser característica basilar
deles a prevalência estrita da dimensão política (enquanto âmbito de demandas e decisões
políticas), mas de implementação prática do politicamente já delineado.[...]
Dimensionada sob tal espectro para esses três setores, segundo o Plano Diretor, a
eficiência é não só pertinente, mas imprescindível, isto porque o setor de atividades exclusivas
representa o nível de execução das decisões tomadas pelo núcleo estratégico no tocante a serviços
ou agências em que se exerce o poder extroverso do Estado, bem como porque os serviços não-
exclusivos são o âmbito de atuação simultânea do Estado e de instituições públicas não-estatais e
privadas na prestação de serviços sociais, e mesmo porque a própria natureza do quarto setor é de
produção para o mercado.
"parcerias" com o Estado, tomando para si os outros dois setores e tendo como apoio estatal o
nível de promoção, regulação e fiscalização desses. [...]
Faz-se necessário esclarecer aqui que a Administração Pública Gerencial trata-se de
um "paradigma" de gestão que apregoa ser capaz de superar (algo bastante questionável) o
modelo burocrático segundo os moldes da administração do setor privado, através da mudança nos
mecanismos de controle (dos processos aos resultados) e da focalização estrita nos índices de
eficiência e desempenho, entre outros.
Neste sentido, a Emenda Constitucional n. 19, de 04.06.98 eleva à condição de
princípio constitucional a eficiência, que passa a fazer parte do caput do art. 37 como um dos
princípios que regem a Administração Pública brasileira. Isto ocorre fundamentalmente na medida
que tal Emenda conforma as diretrizes governamentais de implementação do modelo gerencial na
Administração Pública, assim como perfaz toda a "Reforma Administrativa" propriamente dita da
Constituição de 88.
Ilustra muito bem tal espectro de discussão a inserção no corpo constitucional, em
nível programático ainda, da avaliação de desempenho dos servidores públicos a relativizar o
instituto da estabilidade e a inserção do contrato de gestão para o estabelecimento de um controle
de resultados (o cumprimento das metas será aferido ao final do prazo estipulado e não tanto ao
longo dos processos).
[...]
A reforma do Estado, segundo a concepção neoliberal implícita no PDRAE, pode ser
relativizada de acordo com a abordagem de PRZEWORSKI, segundo a qual, "a complacência
neoclássica no que diz respeito aos mercados é indefensável: os mercados simplesmente não
alocam eficientemente." Já que "mesmo quando os governos só dispõem da mesma informação de
que dispõe a economia privada, certas intervenções do governo levariam, sem sombra de dúvida, a
um aumento do bem-estar. Portanto, o Estado tem um papel positivo a desempenhar". (1998:44,
grifos nossos)
Assim, mais do que isso e sem, a priori, prescindir da atuação estatal direta no âmbito
das atividades não-exclusivas, tem-se que "A reforma do Estado deve ser concebida em termos de
mecanismos institucionais pelos quais os governos possam controlar o comportamento dos agentes
econômicos privados, e os cidadãos possam controlar os governos. A questão quanto a se um
Estado neoliberal é ou não é superior a um Estado intervencionista não pode ser resolvida em
termos gerais, uma vez que a qualidade da intervenção estatal depende de um desenho institucional
específico. Porém, o Estado neoliberal é, pelo menos, um parâmetro pelo qual se pode aferir a
qualidade da intervenção estatal: como as alocações do mercado não são eficientes, desaparelhar
o Estado não é um objetivo racional de reforma do Estado". (PRZEWORSKI, 1998: 68, grifos
nossos)
O Poder Público quando presta a atividade administrativa pode fazê-lo de 03 maneiras diferentes,
para a garantia do princípio da eficiência.:
DESCENTRALIZAÇÃO DESCONCENTRAÇÃO
Distribuição para outras pessoas: Distribuir dentro da própria pessoa
jurídicas da administração, particulares ou jurídica, ou seja, desmembra em órgãos,
entes políticos com melhora na organização interna.
Nova pessoa jurídica Mesma pessoa jurídica
Não há hierarquia, não relação de poder,
Há hierarquia
o que existe é controle e fiscalização.
relação de vinculação relação de subordinação
Autarquias
Agências
reguladoras e
Serviços
Conselhos MERCADO
sociais autônomos
profissionais (exceto a
OAB que é um órgão
sui generis)
ENTE Organizações
Fundações
FEDERATIVO Sociais
Consórcios
Organizações
Órgãos públicos
da Sociedade civil
Cargos (são de direito
de interesse público
Funções público e podem ser de Delegatários,
- OSCIP
Agentes direito privado) concessionários,
permissionários e Parcerias
Empresas
autorizatários público privadas –
públicas
PPP (têm fins
(direito privado)
lucrativos)
Sociedades de
Entidades de
economia mista
apoio
(direito privado)
**Art. 6.º, § 1º, da Lei 11.107/05: “§ 1o O consórcio público com personalidade jurídica de
direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados.” É
constituído de uma associação pública.
Sendo assim, os consórcios públicos com personalidade jurídica de direito privado NÃO
integram a Adm. Pub.
VISÃO GERENCIAL
1O. SETOR
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA:
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA está permeada pela ideia de descentralização
(quando o poder público destaca um serviço público que lhe é próprio para transferi-lo a outra entidade
com personalidade jurídica própria). Entretanto, por vezes, o Estado sai do seu campo de atuação e invade
a esfera privada, atuando em atividade reservada essencialmente à iniciativa privada, trata-se de atividade
de INTERVENÇÃO, compreendendo:
a) INTERVENÇÃO INDIRETA (regulamentação e fiscalização da atividade econômica de
natureza privada) e
b)INTERVENÇÃO DIRETA (atuação direta no domínio econômico, por meio de empresas) -
pode exercê-la em regime de monopólio ou em regime de competição com a iniciativa privada, conforme
determine o interesse público ou as razões de segurança.
Sendo assim, as empresas que exercem atividade econômica (EMPRESA PÚBLICA e
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA) não poderiam ser consideradas como entidades da
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA, uma vez que essa atividade NÃO pertence ao Estado. Entretanto, o
legislador (DL 200/67) as incluiu nesse rol, fazendo com que se conclua o sentido dado à
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA foi como SUJEITO (sentido subjetivo) e não como ATIVIDADE
(sentido objetivo).
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público. Adquirem personalidade jurídica com a
inscrição de escritura pública de sua constituição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
2) AUTARQUIAS – são pessoas jurídicas de direito público, são CRIADAS por lei, está
submetida ao regime de direito público:
LICITAÇÃO
CONCURSO PÚBLICO
PRERROGATIVAS PROCESSUAIS
3) FUNDAÇÕES – instituídas pelo poder público são pessoas jurídicas de direito público (embora
existam fundações de direito privado). As fundações são AUTORIZADAS por lei, ou seja, a lei autoriza a
criação da fundação, também estão submetidas ao regime de direito público:
LICITAÇÃO
CONCURSO PÚBLICO
PRERROGATIVAS PROCESSUAIS
5) EMPRESAS PÚBLICAS– são pessoas jurídicas de direito privado, com capital inteiramente
público e organização sob qualquer das formas admitidas em direito. São denominadas de EMPRESAS
ESTATAIS juntamente com as SEM, são pessoas jurídicas administrativas submetidas ao regime de
direito privado, mas de forma híbrida:
LICITAÇÃO – a CF diz que elas podem ter dois objetivos: a) prestam serviços públicos e
b) exploram atividade econômica. A doutrina não é pacífica nesse assunto, mas, atualmente, tem
prevalecido o entendimento de que se for PRESTADORA DE SERVIÇOS PÚBLICOS é
obrigatória a licitação. Se exploram atividade econômica, vai depender: se o objeto estiver
relacionado com a atividade fim, DISPENSA-SE a licitação; se o objeto estiver relacionado com a
atividade meio, é IMPRESCINDÍVEL a licitação.
CONCURSO PÚBLICO
PRERROGATIVAS PROCESSUAIS
EMPRESAS PÚBLICAS SOCIEDADES DE ECONOMIA
MISTA
Capital é misto (parte da iniciativa
Capital é público
privada e parte é pública)
Pode ser constituída sob qualquer Somente pode ser constituída sob a
forma societária forma de AS
Competência da justiça estadual ou
Competência é sempre da JUSTIÇA
federal de acordo com a natureza jurídica da
ESTADUAL
empresa pública
REGIME COMUM entre as pessoas jurídicas públicas e privadas INSTITUÍDAS PELO ESTADO:
1) Personalidade jurídica própria, com seu próprio patrimônio e receita, demonstrando
sua capacidade de auto-administração;
28
2) Sua criação é sempre feita por lei (na verdade, a autarquia é criada por lei. Por outro
lado, lei autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista e fundação – EC19-
98).
3) Sua finalidade essencial NÃO é o lucro e sim a consecução do interesse público;
4) Não tem liberdade de fixação ou de modificação de seus próprios fins, o que só
pode ser determinado por lei;
5) Não pode se extinguir pela sua própria vontade, somente por lei.
6) A todas se aplica o controle positivo do Estado.
AGÊNCIAS REGULADORAS – são autarquias em regime especial, que são criadas para
finalidade especial,com função básica de controle e fiscalização, adequadas ao regime de desestatização
(CARVALHO F.), possuindo algumas características que as diferenciam das autarquias acima:
Mandato fixo para o presidente da agência reguladora;
O presidente terá que cumprir uma QUARENTENA, até por 12 meses, depois
que sair do cargo não poderá trabalhar em nenhuma concessionária que tenha fiscalizado.
“A essas autarquias reguladoras foi atribuída a função principal de controlar, em toda a sua
extensão, a prestação de serviços públicos e o exercício de atividades econômicas, bem como a própria
atuação das pessoas privadas q eu passaram a executá-los, inclusive impondo sua adequação aos fins
colimados pelo Governo e às estratégias econômicas e administrativas que inspiram o processo de
desestatização.” (CARVALHO F.)
3º SETOR
ARTIGO: Élida Graziane Pinto
[...]
É, pois, no envolvimento da sociedade civil que se encontra justamente uma das propostas
mais audaciosas quanto à reestruturação do Estado. Senão vejamos o exemplo dos processos de
publicização e de criação de organizações sociais. Tais processos, interdependentes entre si,
representam o direcionamento prático da saída da intervenção direta estatal do setor de serviços
não exclusivos, também chamado de terceiro setor, de maneira a transferir para a sociedade
organizada (a saber, organizações públicas não-estatais e privadas sem fins lucrativos) a prestação
de serviços como saúde, educação, produção científica e tecnológica, proteção ao meio ambiente e
produção cultural.
“[...] não se trata nem dos entes federativos nem das pessoas que executam a administração indireta
e descentralizada daqueles, mas simplesmente compõem um tertium genus, ou seja, uma agrupamento de
entidades responsáveis pelo desenvolvimento de novas formas de prestação dos serviços públicos”
(CARVALHO F.).
30
5.3.1 Conceito: São pessoas jurídicas de direito privado. Servem para prestação de serviços
públicos não-exclusivos do Estado – atividades de caráter social - que estão elencados na lei de sua
instituição (pesquisa, saúde, ensino e outros), em parceria com o Poder Público. A Lei 9.637/98 é
FEDERAL, apenas para serviços públicos da União.
Seu fundamento Legal: Lei 9.637/98, que é a sua lei de instituição. A absorção de tais atividades
pelas PJDPrivado implicará, naturalmente, na extinção dos órgãos e pessoas da Administração, com a
descentralização do serviço para a execução sob regime de parceria. “é o cumprimento de mais uma etapa
do processo de desestatização, pelo qual o Estado se afasta do desempenho direto da atividade, ou, se se
preferir, da prestação direta de alguns serviços públicos, mesmo não econômicos, delegando-a a pessoas
de direito privado não integrantes da Administração Pública.” (CARVALHO F.)
Segundo MSZP, prestam “serviço público de natureza social”.
5.3.3 REQUISITOS:
1) Devem ter personalidade jurídica de direito privado;
2) Não podem ter fins lucrativos;
3) Proibição de distribuição de bens ou parcelas do seu patrimônio;
4) Publicação anual no DOU do seu relatório financeiro;
5) Devem destinar-se ao ensino, à cultura, à saúde, à pesquisa cientifica, ao
desenvolvimento tecnológico e à preservação do meio ambiente (art. 1º).
5.3.5. Licitação: Como recebe dinheiro público, está submetida ao controle do tribunal de contas.
Entretanto, não estão submetidas às regras de licitação (artigo 24, XXIV, Lei 8.666), por dispensa
expressa da lei. OBS: o art. 17, lei 9637/98 prevê que nas contratações de obras ou serviços, com
terceiros, a OS deverá obedecer regulamento que ela estabelecer, sempre que a contratação envolver
dinheiro público. É evidente que a doutrina critica firmemente a lei. Há divergência.
Foi editado o Decreto 5.504/2005 que, no seu art. 1º, e §§ 1º e 5º, passou a prever que, quando a
organização social é a entidade contratante, e o contrato, relativo a obras, compras, serviços e alienações,
envolver recursos ou bens repassados a ela pela União, previstos no contrato de gestão, deverá ser
realizada, pela organização social, licitação pública prévia, de acordo com o estabelecido na legislação
federal pertinente (isto é, com observância da Lei 8.666/1993 e da Lei 10.520/2002, esta última a lei geral
do "pregão").
O STF iniciou o julgamento da ADI 1923, contra a Lei n.º 9.637-98, sendo que o Min. Ayres
Britto, relator, julgou parcialmente procedente o pedido [...]Assinalou que o “contrato de gestão”
firmado com tais entidades consistiria, em linhas gerais, em convênio, caracterizado por interesses
recíprocos e convergentes. Portanto, em princípio, considerou desnecessária a realização de processo
licitatório para a sua celebração e, em conseqüência, constitucional o inciso XXIV do art. 24 da Lei
8.666/93. Entretanto, o relator ressalvou que isso: a) não afastaria o dever de abertura de processo
administrativo que demonstrasse, objetivamente, em que o regime da parceria com a iniciativa
privada se revelaria como de superior qualidade frente à atuação isolada ou solitária do próprio
Estado enquanto titular da atividade em questão; b) não liberaria a Administração da rigorosa
observância dos princípios constitucionais da publicidade, da moralidade, da impessoalidade, da
eficiência e da garantia de um processo objetivo e público para a qualificação das entidades como
organizações sociais e sua específica habilitação para determinado “contrato de gestão”; c) não
prescindiria de motivação administrativa quanto à seleção de uma determinada pessoa privada, se
houver outra com idêntica pretensão de emparceiramento com o Poder Público; d) não dispensaria
os mecanismos de controle interno e externo sobre o serviço ou atividade em regime de parceria
com a iniciativa privada. Salientou, em suma, que se deveria proceder a um chamamento público,
com regras objetivas, a fim de se convocar, dentre as organizações sociais com atuação na área,
aquela com maior aptidão para realizar a atividade pretendida. O julgamento está suspenso por
pedido de vista.
diferenciando-os dos “serviços públicos propriamente ditos”, que seriam os indispensáveis, de prestação
obrigatória pelo Estado.
É importante perceber que as entidades integrantes do “terceiro setor” não exercem suas atividades sob
delegação do Poder Público, ou seja, não são concessionárias ou permissionárias de serviços públicos.
Assim, as atividades que elas desenvolvem não são exercidas sob regime de direito público (como
acontece com os serviços prestados por delegação), mas sob regime de direito privado, com interferência
do Direito Público basicamente no que respeita aos controles atinentes ao emprego de recursos públicos
recebidos a título de fomento.
Mesmo adotando esse conceito restrito de “terceiro setor”, observa-se divergência entre os principais
administrativistas quanto a seus entes integrantes. Na minha modesta opinião, há um razoável consenso
pelo menos quanto a três espécies de entidades: os serviços sociais autônomos, as organizações sociais
(OS) e as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP).
Dessas três entidades, o que caracteriza as organizações sociais, ou melhor, a principal diretriz ideológica
seguida no desenho delas foi a de extinção e substituição de entidades formalmente integrantes da
Administração Pública. Explicando melhor: as organizações sociais foram especificamente delineadas
para substituir entidades da Administração Pública que desenvolvam atividades consideradas não
exclusivas de Estado, levando o exercício dessas atividade para fora do âmbito da Administração, a
fim de implementar o projeto de “redução do tamanho do Estado”, também conhecido, às vezes
pejorativamente, como “doutrina do Estado mínimo”, um dos pilares do denominado, também em geral
pejorativamente, “neoliberalismo”.
[...]
Entretanto, esses estudiosos, meio a contragosto, reconhecem que há atividades que obrigatoriamente têm
que ser realizadas pelo Estado (aquelas sem as quais a existência do Estado nem mesmo se justificaria). A
Administração Pública deve dedicar-se unicamente a essas atividades, geralmente chamadas “exclusivas
de Estado”, como defesa nacional, prestação jurisdicional, regulação econômica, fiscalização tributária,
sanitária, florestal etc.
Frisam, todavia, que, mesmo nesses casos em que se reconhece a inevitabilidade da existência de uma
Administração Pública formal, a atuação desta deve ser o mais parecida possível com a existente nas
empresas privadas. Daí o conceito de “administração gerencial”, em contraposição à tradicional
“administração burocrática”. Na “administração gerencial”, a ênfase está no “princípio da eficiência” (na
"administração burocrática" está no princípio da legalidade), em razão do qual privilegiam-se os
resultados, vale dizer, deslocam-se os controles das atividades-meio (considerados controles burocráticos)
para o controle do atingimento de fins prestabelecidos (como acontece na celebração dos chamados
“contratos de gestão” previstos no art. 37, § 8º, da Constituição).
[...]
Alguns administrativistas, como a profª. Maria Sylvia Di Pietro vislumbram nisso uma espécie de
tentativa de “fraude à Constituição”. Isso porque as organizações sociais representariam uma maneira
de exercer as mesmas atividades públicas, com uso do mesmo patrimônio público (as OS podem receber
“permissão gratuita do uso de bens públicos”, que, obviamente, serão os mesmos bens que antes
pertenciam à entidade da Administração extinta e substituída pela OS), dos mesmos recursos públicos (as
OS têm recursos previstos em rubricas orçamentárias próprias, da mesma forma que antes tinha a
entidade da Administração extinta e substituída pela OS), dos mesmos agentes públicos (às OS podem ser
cedidos servidores públicos, com ônus para a origem), enfim, seria a mesma atividade, desempenhada
com a mesma estrutura, com os mesmos recursos públicos só que, agora, sem que a entidade que a
exerce integre a Administração Pública (estando, por isso, sujeita a controles muito menos rígidos).
[...]
33
O art. 1º da Lei 9.637/1998 estatui que “o Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais
pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à
pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à
cultura e à saúde”.
Maria Sylvia Di Pietro conceitua organizações sociais como “pessoas jurídicas de direito privado, sem
fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos
do Estado, com incentivo e fiscalização pelo Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por meio
de contrato de gestão”.
Para uma entidade ser qualificada como “organização social” ela não precisa ter existência prévia, ou
seja, ela pode ter sido, desde o início, criada para ser uma “organização social”.
Em qualquer caso, existisse antes ou não, para uma entidade ser qualificada como organização social ela
precisa celebrar com o Poder Público um contrato de gestão. Este é o instrumento que viabiliza a
obtenção do fomento. É no contrato de gestão que estarão estabelecidos os fins a serem atingidos pelas
OS, as metas relativas aos resultados a serem atingidos e os prazos para tanto, os critérios de avaliação de
desempenho, os limites de remuneração do pessoal etc. É nele, também, que estará especificado o que a
OS receberá em contrapartida a título de fomento.
São quatro, portanto, os pressupostos a serem cumpridos pelas pessoas qualificadas como organizações
sociais:
1º) devem ter personalidade jurídica de direito privado (mais do que isso, devem ser pessoas privadas, não
integrantes da Administração Pública em sentido formal);
2º) não podem ter finalidade lucrativa;
3º) devem atuar nas atividades de ensino, cultura, saúde, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico
e preservação do meio ambiente;
4º) devem celebrar contrato de gestão com o Poder Público.
A Lei 9.637/1998, no art. 5º, define como contrato de gestão “o instrumento firmado entre o Poder
Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria entre
as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas” de ensino, pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde.
O contrato de gestão, elaborado de comum acordo entre o órgão ou entidade supervisora e a organização
social, discriminará as obrigações do Poder Público e da organização social. [...] Na elaboração do
34
[...] Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamentários e bens públicos necessários
ao cumprimento do contrato de gestão. Tais bens serão destinados às organizações sociais, dispensada
licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão.
É facultada, também, ao Poder Executivo, a cessão especial de servidor para as organizações sociais,
com ônus para o órgão de origem do servidor cedido. Nessa hipótese, o governo cederá servidor seu para
trabalhar nas organizações sociais, assumindo o ônus do pagamento de sua remuneração.
Vale registrar que a Lei 9.648/1998 acrescentou o inciso XXIV ao art. 24 da Lei 8.666/1993, artigo este
que enumera as hipóteses de licitação dispensável, possibilitando a dispensa de licitação na “celebração
de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das
respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão”.
[...]Vejam que, pelo modelo originalmente desenhado, a organização social ficava no “melhor dos
mundos”: como não é entidade integrante da Administração Pública, quando ela fosse contratar, isto é,
quando fosse a contratante de obras e serviços, ou realizasse alienações, não estaria sujeita à Lei
8.666/1993. E quando fosse a contratada, isto é, quando a Administração Pública fosse a tomadora dos
serviços prestados pela OS também não haveria licitação, mas sim contratação direta, desde que o serviço
contratado estivesse previsto como incumbência da OS no contrato de gestão por ela celebrado com o
Poder Público.
[...] Esse quadro, todavia, mudou significativamente (é interessante que a mudança substancial operou-se
por meio de decreto, não de uma outra lei). Ocorreu que foi editado o Decreto 5.504/2005 que, no seu
art. 1º, e §§ 1º e 5º, passou a prever que, quando a organização social é a entidade contratante, e o
contrato, relativo a obras, compras, serviços e alienações, envolver recursos ou bens repassados a ela
pela União, previstos no contrato de gestão, deverá ser realizada, pela organização social, licitação
pública prévia, de acordo com o estabelecido na legislação federal pertinente (isto é, com observância da
Lei 8.666/1993 e da Lei 10.520/2002, esta última a lei geral do "pregão"). Caso se trate de aquisição de
bens e serviços comuns, será obrigatório o emprego da modalidade pregão, preferencialmente o pregão
eletrônico.
[...]
A execução do contrato de gestão celebrado por organização social será fiscalizada pelo órgão ou
entidade supervisora da área de atuação correspondente à atividade fomentada. A entidade
qualificada apresentará ao órgão ou entidade do Poder Público supervisora signatária do contrato, ao
término de cada exercício ou a qualquer momento, conforme recomende o interesse público, relatório
pertinente à execução do contrato de gestão, contendo comparativo específico das metas propostas com
os resultados alcançados, acompanhado da prestação de contas correspondente ao exercício
financeiro.
[...]A comissão deve encaminhar à autoridade supervisora relatório conclusivo sobre a avaliação
procedida.
35
intermediários de apoio a outras organizações sem fins lucrativos e a órgãos do setor público que
atuem em áreas afins.
*MSZP: OSCIP NÃO PRESTA SERVIÇO PÚBLICO: “A grande diferença está em que a OS
recebe ou pode receber delegação para a gestão de serviço público, enquanto a OSCIP exerce
atividade de natureza privada, com a ajuda do Estado. No caso da OSCIP, o objetivo é semelhante
ao que já inspirou anteriormente a outorga do título de utilidade pública.”
5.4.2 Vínculo jurídico: TERMO DE PARCERIA que tem natureza contratual (MARÇAL
JUSTEN FILHO) [o professor CARVALHO F. entende que é um convenio administrativo], por
meio do qual recebe recursos financeiros. A pessoa jurídica presta um serviço e em troca recebe
dinheiro. O termo de parceria é para cumprimento de um PLANO DE MODERNIZAÇÃO (necessidade
temporária).
Não recebem dotação orçamentária, bens ou servidores públicos. O dinheiro que recebe é feito por
depósito bancário.
5.4.3 Crítica: O órgão público algumas vezes não está precisando de plano de modernização, mas
somente de contratação de outros servidores. Mas fazer concurso dá muito trabalho, então a
administração ao invés de fazer concurso, acaba elaborando um falso plano de modernização com o
conseqüente termo de parceria. Entretanto, na verdade, o intuito é burlar ou fraudar a exigência de
concurso público. E o poder público não se responsabiliza pelos trabalhadores, por enquanto a Justiça do
Trabalho não está se preocupando com o assunto.
QUADRO COMPARATIVO
OSCIP X OS
1. o objetivo é muito 1. o objetivo é restrito às
amplo, abrangendo até hipóteses previstas taxativamente na
benemerência social; lei;
37
[...]A figura das OSCIP foi instituída pela Lei 9.790/1999. Da mesma forma que acontece com as
organizações sociais (OS), ser uma OSCIP significa, tão-somente, ser uma pessoa jurídica privada que
recebeu uma qualificação especial do poder público. Não se trata da criação de uma nova categoria de
pessoa jurídica, mas sim da possibilidade de que pessoas jurídicas de direito privado, não integrantes da
Administração Pública, venham a ser qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse
público, desde que atendidos certos requisitos legais.
Evidentemente, como estamos falando de “terceiro setor”, essa qualificação será dada a entidades que se
dediquem a atividades de interesse coletivo, mas que não sejam exclusivas de Estado, e que pretendam
receber alguma espécie de fomento do poder público.
A Profª. Maria Sylvia Di Pietro conceitua as organizações da sociedade civil de interesse público como
“pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para
desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalização pelo Poder Público,
mediante vínculo jurídico instituído por meio de termo de parceria”.
[...] A única diferença que constatamos entre as definições é que para as OS o instrumento que
possibilita o fomento é o denominado “contrato de gestão” e para as OSCIP o vínculo que permite o
recebimento de incentivos públicos é formalizado mediante a celebração de um “termo de parceria”
(essa é, sem nenhuma dúvida, a mais importante diferença entre as OS e as OSCIP, para concursos
públicos).
A Lei 9.790/1999 preocupou-se em definir, para o fim de qualificação como organização da sociedade
civil de interesse público, o que seria a entidade sem fins lucrativos (não existe essa definição para as
OS). Somente é considerada entidade sem fins lucrativos, para efeito de qualificação como OSCIP, aquela
que “não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou
doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações,
participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e
que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social”.
Outra característica das OSCIP que não existe para as OS é que a lei estabeleceu uma lista de entidades
que, em razão de sua forma jurídica ou de sua atividade, não podem ser OSCIP. [...]
38
Quando estudamos as OS, vimos que a lei que disciplinou a criação dessas entidades (Lei 9.637/1998)
limitou seu campo possível de atuação a umas poucas atividades (ensino, cultura, saúde, pesquisa
científica, desenvolvimento tecnológico e preservação do meio ambiente). Já no caso das OSCIP, a lista
de áreas em que elas podem atuar é muitíssimo mais extensa [...]
Este é um ponto interessante: a qualificação de uma entidade como OS é tratada, pela Lei 9.637/1998,
como um ato discricionário; já a qualificação de uma entidade como OSCIP é descrita, pela Lei
9.790/1999, como um ato vinculado.
Outra diferença interessante, e até mesmo curiosa, é que a qualificação como OS depende de ato do
ministério relacionado à área de atuação da OS (por exemplo, se for uma OS que atue na área de saúde, a
qualificação deve ser dada pelo Ministério da Saúde), o que parece bastante lógico. Já no caso das
OSCIP, está prevista, sempre, essa qualificação pelo Ministério da Justiça, fato cuja lógica (se houver),
para minha modesta percepção, é bastante difícil de ser encontrada!
Formalização da parceria
O vínculo entre o Poder Público e as organizações da sociedade civil de interesse público é estabelecido
mediante a celebração de TERMO DE PARCERIA, no qual deverão estar previstos, de modo
detalhado, os direitos e as obrigações dos pactuantes, tais como o objeto do ajuste, as metas a serem
alcançadas, os prazos de execução, os critérios de avaliação de desempenho, a previsão de receitas e
despesas, a obrigatoriedade de apresentação de relatório anual, acompanhado da prestação de
contas etc.
Nos contratos - em que a OSCIP seja contratante - relativos a obras, compras, serviços e alienações, que
envolvam recursos ou bens repassados à OSCIP pela União, previstos no termo de parceria, deverá ser
realizada, pela OSCIP, licitação pública prévia, de acordo com o estabelecido na legislação federal
pertinente. Caso se trate de aquisição de bens e serviços comuns, será obrigatório o emprego da
modalidade pregão, preferencialmente o pregão eletrônico. Tais exigências constam expressamente do
Decreto 5.504, de 05.08.2005, art. 1º, e seus §§ 1º e 5º (como vimos no texto passado, essas exigência
existem, também, para as OS).
Controle
A execução do termo de parceria será supervisionada pelo órgão do poder público da área de atuação
da atividade fomentada e pelos Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação
existentes, em cada nível de governo.
A entidade que deixar de preencher, posteriormente, os requisitos exigidos na lei sofrerá a perda da
qualificação como organização da sociedade civil de interesse público, exigindo a lei, para tanto,
processo administrativo, instaurado a pedido do Ministério Público ou de qualquer cidadão, em que se
lhe assegure contraditório e ampla defesa.
QUARTO SETOR: Veja o comentário do Prof. Dirley da Cunha Júnior (Juiz Federal e
Professor do JusPodivm) sobre o quarto setor, em resposta à consulta via e-mail: “Quanto ao quarto
setor, os Administrativistas ainda não vem dele tratando, pois é tema mais ligado à economia, ainda que
com reflexos no Direito. Segundo os economistas, o tal quarto setor compreende toda atividade
desempenhada no âmbito da chamada economia informal, envolvendo atividades de agentes públicos
com fins particulares (corrupção, por ex.) e de particulares com fins particulares, porém ilícitos (pirataria,
caixa dois, etc).”
[...] Recentes estudos, enfocando a questão social premente no Brasil, fazem ainda referência a
dois outros setores: o quarto setor, que seria constituído pelo contingente, cada vez maior em nosso
país, infelizmente, da economia informal; e o quinto setor, composto dos excluídos da economia, em
decorrência da miséria absoluta.
http://www.fmb.edu.br/revista/edicoes/vol_1_num_2/reforma_do_estado_e_os_novos_modelos.pdf