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SEMINÁRIO CONCÓRDIA
AÇÃO PASTORAL AOS PAIS QUE PERDERAM SEUS FILHOS SEM O BATISMO
São Leopoldo
2014
1
AÇÃO PASTORAL AOS PAIS QUE PERDERAM SEUS FILHOS SEM O BATISMO
São Leopoldo
2014
2
AÇÃO PASTORAL AOS PAIS QUE PERDERAM SEUS FILHOS SEM O BATISMO
Professor Orientador: Prof. Paulo Moisés Nerbas, B.A., B.D., M.A., D.D.
______________________________
______________________________
______________________________
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This bibliographic research analyzes the situation of children who die without
Holy Baptism. It shows that God through this sacrament operates and maintains the
faith in our hearts, including children. Even ordering Baptism, God does not tie
himself to this Means of Grace, but can plant the faith in the hearts of children even
before Baptism. And given the situation of the death of a child without the
administration of this sacrament, God uses the pastor as a medium to bring comfort
to the bereaved Christian parents. The pastor shouldn’t investigate about what God
has not revealed in the Scripture, but in prayer, that child in the merciful hands of
God.
Keywords:
Baptism - Faith - Salvation - Comfort - Action Ministry.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................10
1. O BATISMO............................................................................................................11
1.1. O Batismo como meio da graça....................................................................11
1.2. O Batismo como obra exclusiva de Deus....................................................12
1.3. O Proveito do Batismo...................................................................................14
1.4. A quem se destina o Batismo.......................................................................15
1.5. A Necessidade do Batismo Infantil..............................................................16
2. ALGUNS POSICIONAMENTOS TEOLÓGICOS SOBRE A PERGUNTA: O QUE
ACONTECE PARA AS CRIANÇAS QUE MORREM SEM O BATISMO?................19
2.1. Salvação para as crianças na visão da Igreja Católica Romana...............19
2.2. Salvação para as crianças na visão da Igreja Presbiteriana.....................21
2.3. Salvação para as crianças na visão da Igreja Batista................................23
3. AÇÃO PASTORAL.................................................................................................26
3.1. Ação Pastoral Preventiva...............................................................................26
3.2. Ação Pastoral de Socorro..............................................................................27
3.3. Conforto para a mãe de um natimorto à luz de Lutero...............................31
4. ANEXO....................................................................................................................33
4.1. Liturgia de Sepultamento de Natimorto.......................................................33
CONCLUSÃO.............................................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................36
10
INTRODUÇÃO
1
HORLLE, Flávio Luís. Pastor em Ponta Grossa-PR. E-mail recebido em 26/09/2014.
11
1. O BATISMO
O apóstolo Paulo em sua epístola a Tito, escreve que a salvação nos foi
dada “mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo...” (Tt 3.5) 2, ou
seja, mediante o Santo Sacramento do Santo Batismo. Este capítulo analisará o
Batismo como uma obra exclusiva de Deus, o seu proveito e a quem se destina este
meio da graça.
2
As passagens bíblicas citadas serão extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada
3
REHFELDT, Louis.C. Os Meios da Graça. Porto Alegre: Casa Publicadora Concórdia, 1933. p.2.
4
Ibidem. p.3.
12
de Deus. Graça é o benigno favor que Deus concede aos que nada
merecem senão a ira e a condenação.5
O Batismo é uma instituição divina, sendo uma dádiva de Cristo para a sua
igreja. Através das Sagradas Escrituras, se reconhece que Cristo instituiu o Batismo,
pois há diversas evidências no Novo Testamento, através do que foi dito e feito por
Jesus, de que também o Batismo é uma prática agradável a Deus. Por isso tem
ocupado lugar de destaque na vida da igreja cristã desde os primórdios, com a sua
prática fundamentada na promessa de Jesus Cristo (Mt 28; Mc 10 e Jo 3). 7
A ordem divina de batizar requer sempre água como elemento visível que
deve ser empregado neste sacramento (Jo 3.23; At 8.36), e o uso é necessário para
que o Batismo seja válido. Isso se dá pelo fato de que a água e sua aplicação
constituem elementos essenciais dessa ordem sagrada. 8
Como se pode observar, no Batismo é necessário o uso da água como um
meio visível do sacramento, mas o “cerne da água é a palavra ou o mandamento de
Deus, e o nome de Deus, tesouro maior e mais nobre que céus e terra” (CM IV, 16).
E Lutero enfatiza quando diz que:
5
REHFELDT, Louis.C. Os Meios da Graça. Porto Alegre: Casa Publicadora Concórdia, 1933. p.3.
6
MUELLER, John Teodore. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L.Hasse. 4ª edição. Porto
Alegre: Concórdia Editora. 2004. p.420.
7
Ibidem, p. 457.
8
Ibidem, p.454-9.
13
Por que e para que foi instituído o Santo Batismo, isto é, qual o seu proveito,
o que dá e opera? Segundo a passagem de Mc 16.16 nas palavras do próprio
Cristo: “Quem crer e for batizado será salvo”, compreende-se que a força, a obra, o
proveito, o fruto e o fim do Batismo é salvar, e ser salvo não significa outra coisa
9
MUELLER, John Teodore. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L.Hasse. 4ª edição. Porto
Alegre: Concórdia Editora. 2004. p.459-460.
10
OSel 10, 635.
14
que, liberto do pecado, da morte, do diabo, chegar ao reino de Cristo e com ele viver
eternamente (CM IV, 25).
Lutero no Catecismo Menor responde a essa pergunta:
11
LUTERO, Martinho apud WARTH, Martim C. Fé e Batismo em Lutero: a base exegética para a
doutrina luterana da regeneração batismal/ Martins Carlos Warth. Canoas: ULBRA, 2004. p.46.
12
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.120-1.
13
Ibidem. p.121.
14
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.123. “If the Gospel is received by faith, it cannot be done without a desire for
Baptism. For the Gospel concerning Jesus Christ is also the call to Baptism in the name of Christ. In
the approach to Baptism the obedience of faith toward the Gospel is realized. At the same time faith in
the Christ and the approach to Baptism are not side by side without relation to each other.Just as faith
in the Gospel that is heard is faith in the Christ who confronts him in the Gospel, so also Baptism is to
be desired by faith in the saving activity of Christ through Baptism”.
15
Schlink conclui dizendo que a fé não é obra do homem, pois não é o próprio
homem que efetua a salvação, mas é Deus, que em sua misericórdia alcança o
homem e lhe toma para dentro de sua atividade graciosa. A fé não é um ato
humano, assim como no Batismo o homem vem a um ato no qual ele mesmo não é
o ator, mas sim é um ato de Deus para nos salvar.15
Todo ser humano nasce com o pecado original: “Eu nasci na iniqüidade, em
pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5), e sem nenhuma capacidade de se
aproximar de Deus, ele precisa ser aproximado de Deus. Isso Deus faz através de
certos meios mediante os quais Ele concede a sua graça aos homens. E esses
meios vêm através da Palavra de Deus onde nos é apresentado Cristo, o opus Dei
(obra de Deus). Ele muda o nosso coração de modo que nós cremos e, por essa fé,
somos regenerados.16
E segundo Kolb nos apresenta:
15
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.124
16
WARTH, Martim C. Fé e Batismo em Lutero: a base exegética para a doutrina luterana da
regeneração batismal/ Martins Carlos Warth. Canoas: ULBRA, 2004. p.15.
17
KOLB, Robert. Comunicando o evangelho hoje. Tradução de Dieter Joel Jagnow. Porto Alegre –
RS: Editora Concórdia, 2009. p,172
18
PIETZSCH, Paulo G. O Batismo na Perspectiva Litúrgica e Pastoral. In: Revista Igreja Luterana.
Volume 64, 2005/2. p.30.
16
Müller enfatiza que “com respeito aos adultos, devem ser batizados os que
creem em Cristo e o confessam (At 2.41; 8.36-38) e as crianças serão batizadas se
forem trazidas a nós para o Batismo pelos pais ou por pessoas que tenham
autoridade paterna sobre as mesmas. (Mc 10.13-16)”. 19
Kolb afirma que muitas pessoas julgam difícil acreditar no Batismo infantil.
Ele menciona que o principal fator se dá pelo fato de que alguns cristãos de hoje não
acreditarem que o afastamento de Deus trouxe tanto estrago e ruína à condição
humana que até mesmo como crianças precisam de intervenção salvadora de Deus
em suas vidas. Mesmo como adultos não podem com base em sua própria razão ou
força de vontade modificar a sua vida.20
E contrapõe dizendo que:
19
MUELLER, John Teodore. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L.Hasse. 4ª edição. Porto
Alegre: Concórdia Editora. 2004. p.466.
20
KOLB, Robert. Comunicando o evangelho hoje. Tradução de Dieter Joel Jagnow. Porto Alegre:
Editora Concórdia, 2009. p.178-9.
21
Ibidem. p.179.
22
PIETZSCH, Paulo G. O Batismo na Perspectiva Litúrgica e Pastoral. In: Revista Igreja Luterana.
Volume 64, 2005/2. p.31.
17
23
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.143. [...]is the conviction that through Baptism God has mercy also on the children,
makes them Christ’s own, and transfers them by the Holy Spirit from the dominion of sin, death, and
devil into the life of the children of God. No matter how different the statements about the saving
activity of God through Baptism sound in detail, they are all concerned with the certainty of a onetime,
foundational act of God’s grace – an act which determines and embraces the entire subsquent life of
the baptized. Also in later times the practice of infant Baptism was primarily supported by this
certainty, and this certainty is rooted in the baptismal statements of the New Testament.
24
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre: Concórdia Ltda, 1982. p.15.
25
Ibidem. p.46.
18
26
KOLB, Robert. Comunicando o evangelho hoje. Tradução de Dieter Joel Jagnow. Porto Alegre:
Editora Concórdia, 2009. p.179-180.
27
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre: Concórdia Ltda, 1982. p.63-4.
28
KOLB, Robert. The Christian Faith. St. Louis: Concordia Publishing House. 1993. p.225
29
SCHLINK, Edmund. The Doctrine of Baptism. Traduzido por Herbert J. A. Bouman. St. Louis:
Concordia, 1972. p.158.
19
30
Comissão Teológica Internacional. A Esperança da Salvação para as crianças que morrem sem
Batismo. São Paulo: Editora Paulinas, 2008. p. 10.
31
Ibidem. p.11
32
Comissão Teológica Internacional. A Esperança da Salvação para as crianças que morrem sem
Batismo. São Paulo. Editora Paulinas. 2008. São Paulo, p.6
20
Essa teoria do limbo, elaborada por teólogos da Idade Média, nunca entrou
nos dogmas da igreja, mesmo que ela a mencionasse no seu ensinamento até o
Concílio Vaticano II, mas permaneceu apenas uma hipótese teológica possível. Não
é mencionada no Catecismo da Igreja Católica (1992), que ensina:
Nas exéquias de uma missa fúnebre pelas crianças que morreram sem o
Batismo, o Missal Romano, também apresenta que:
O Concílio Vaticano II ensina também que o poder de Deus não está limitado
aos Sacramentos. Deus pode, portanto, dar graça do batismo sem que o
Sacramento seja administrado, fato que deveria ser recordado especialmente
quando a administração do Batismo for impossível. A necessidade do Sacramento
não é absoluta. O que é absoluta é a necessidade da humanidade de Cristo, pois
toda salvação vem dele.35
O princípio de que Deus quer a salvação de todos os seres humanos
permite esperar que exista uma via de salvação para as crianças mortas sem
batismo. Assim, os cristãos, mesmo quando não conseguem ver como possam ser
salvas as crianças não batizadas, contudo, ousam esperar que Deus as abrace na
sua misericórdia salvífica.36
33
Catecismo da Igreja Católica. Editora Vozes Ltda. Petrópolis, RJ, p.305
34
Missal Romano. Edições Paulinas. São Paulo, 1980. 4º edição, p.971
35
Comissão Teológica Internacional. A Esperança da Salvação para as crianças que morrem sem
Batismo. São Paulo. Editora Paulinas. 2008. São Paulo, p.76
36
Comissão Teológica Internacional. A Esperança da Salvação para as crianças que morrem sem
Batismo. São Paulo. Editora Paulinas. 2008. São Paulo. p.66
21
Essa misericórdia é tão rica, que o projeto do amor de Deus vai além da
imaginação humana: isso que “Deus preparou para aqueles que o amam” são “o que
os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não percebeu”
(1Co 2.9-10). Portanto, aqueles que choram sobre a sorte das crianças que morrem
sem batismo, sobretudo seus pais, são, frequentemente, pessoas que amam a Deus
e deveriam ser consoladas por essas palavras.37
Diante da pergunta: Existe uma esperança de salvação para as crianças que
morrem sem Batismo? A Comissão Teológica Internacional conclui que os muitos
fatores considerados anteriormente oferecem sérias razões teológicas e litúrgicas
para esperar que as crianças que morrem sem batismo serão salvas e poderão
gozar da visão beatífica.38
Nenhum dos argumentos expostos anteriormente podem ser adotados para
minimizar a necessidade do Batismo, nem retardar a sua administração. Apenas
reafirmam em conclusão que existem fortes razões para esperar que Deus salvará
essas crianças, já que não se pode fazer por elas o que se teria desejado fazer, isto
é, batizá-las na fé e na vida da Igreja.39
Com respeito às crianças eleitas, que morrem na infância, são por Cristo
regeneradas e salvas, por meio do Espírito, que opera, onde e como quer. Assim
42
Livro de Confissões. A Confissão de Fé de Westminster. Cap. XXVIII 6.139
43
Ibidem
44
Livro de Confissões. O Catecismo de Heidelberg. P.74. 4.074
45
HAGGLUND, Bengt. História da Teologia. Trad. Mário e Gládis Rehfeldt. Porto Alegre: Casa
Publicadora Concórdia, 1973. P224.
46
CALVINO, João. As Institutas ou Tratado da Religião Cristã Vol.III. Trad. Waldyr Carvalho Luz,
São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985. p.389.
23
também são salvas todas as outras pessoas eleitas, que são incapazes de ser
exteriormente chamadas pelo ministério da Palavra. 47
Diante da pergunta: Existe uma esperança de salvação para as crianças que
morrem sem Batismo? Calvino em suas Institutas assim se expressa sobre o tema:
“As crianças que falecem ser ter sido batizadas, nem por isso incorrem na
condenação, como se não fossem regeneradas” ,afirma que:
Sobre a Igreja Batista, existem duas teorias sobre a sua origem. A primeira
delas está relacionada com João Batista, que é aceita como a teoria JJJ (Jerusalém-
Jordão-João). Uma segunda teoria afirma que sua origem remonta aos anabatistas
na época da Reforma, em meados do século XVI. Os anabatistas rejeitavam a
validade do batismo e exigiam um novo batismo. Daí o nome de anabatistas, os que
batizam de novo, condenando o pedobatismo.49
Eles não consideram o batismo como um meio da graça (Sacramento), mas
um ato solene de declaração pública da fé em Jesus Cristo. 50 É ministrado somente
aos crentes, pois enquanto o homem não for regenerado e voluntariamente entrar
para uma vida de obediência aos mandamentos de Cristo, esta pessoa não está em
47
Livro de Confissões. A Confissão de Fé de Westminster. Cap. X. 6.058.
48
CALVINO, João. As Institutas ou Tratado da Religião Cristã Vol.IV. Trad. Waldyr Carvalho Luz,
São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985. p.333-4.
49
KUCHENBECKER, Valter. O Homem e o Sagrado. 8º edição. Canoas. Editora da Ubra, 2004.
p.145
50
KUCHENBECKER, Valter. O Homem e o Sagrado. 8º edição. Canoas: Editora da Ulbra, 2004,
p.145.
24
condições para receber o batismo. Ninguém que desconheça o que significa o ato
pode ser propriamente batizado.51
Nesta perspectiva eles descartam a hipótese do batismo infantil, pois
nenhuma pessoa que ainda não tenha chegado à idade do uso da razão é capaz de
satisfazer os requisitos do batismo cristão, pois o batismo depende do
consentimento da pessoa a ser batizada. Batizar uma criança que ainda não sabe o
que está fazendo é contrariar a revelação clara do Novo Testamento e o espírito e
significação da ordenança.52
Na Declaração Sólida – XII De outras facções e seitas, o Livro de Concórdia
apresenta os argumentos dos anabatistas referente suas doutrinas a respeito do
Batismo:
51
WALLACE, O.C.S. O que creem os Batistas. Trad. R. Pitrowsky. Rio de Janeiro. Casa
Publicadora Batista, 1958. p.115
52
Ibidem
53
Disponível em: <http://solascriptura-tt.org/EclesiologiaEBatistas/BatismoInfantil-DCloud.htm>
Acesso em 31/10/2014
25
tenra. Mas que em certo momento na vida da criança, ela se torna pessoalmente
responsável diante de Deus por seu relacionamento com Jesus Cristo. 54
E em segundo lugar, os pais devem se dedicar a treinar a criança no
caminho de Cristo. Não é realmente a dedicação da criança que é essencial; é a
dedicação dos pais. Os pais perdem seu tempo se dedicarem seus filhos a Deus
numa cerimônia pública e falharem em instruí-los e discipliná-los no caminho
correto. Façamos ambas estas coisas! Devemos oferecer nossos bebezinhos a
Deus e pedir que Ele abençoe suas vidas e vamos cuidadosamente educá-los para
Seu santo serviço.55
3. AÇÃO PASTORAL
54
Idem
55
Idem
56
JAGNOW, Dieter Joel. O diálogo pastoral: princípios de comunicação no aconselhamento
cristão. Porto Alegre: Concórdia Editora. 2003. p.11.
26
57
_____, ______. Grávida, graças a Deus: Orações para gestantes. Trad. Walter Hesse. Porto
Alegre: Concórdia Editora, 1985. p.9.
58
Ibidem p.7
59
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre: Concórdia Ltda, 1982. p.83.
27
60
JAGNOW, Dieter Joel. Mensageiro Luterano. Junho 2011. Ano 94. Nº 1.159. p.15.
61
SCAER, David P. Confessional Lutheran Dogmatics Vol. XI : Baptism. St. Louis: The Luther
Academy. 1999. p.120.
62
SCAER, David P. Confessional Lutheran Dogmatics Vol. XI : Baptism. St. Louis: The Luther
Academy. 1999. p.121.
63
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre: Concórdia Ltda, 1982. p.81.
28
contra a aliança da circuncisão ou batismo. Desde que a lei ordena que ser
batizado no oitavo dia, Deus poderia condenar aqueles que morrem antes
do oitavo dia?
Assim, as almas dos bebês devem ser deixadas à vontade do Pai
Celestial, que sabemos ser misericordioso. Além disso, o que Paulo diz de
uma forma suave sobre "aqueles que não pecaram à semelhança da
transgressão de Adão" (Rm 5.14) e sobre Jacó e Esaú - "e ainda não eram
os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal" (Rm 9.11) - é
verdade no seu caso também.
Mesmo que as crianças tragam consigo o pecado inato, que
chamamos de pecado original é, no entanto importante que eles tenham
cometido nenhum pecado contra a Lei. Uma vez que Deus é por natureza
misericordioso. Ele não vai deixar sua condição de ser pior, porque eles não
foram capazes de obter a circuncisão no Antigo Testamento, ou o Batismo
no Novo Testamento.66
Mesmo que Deus aja através dos Meios da Graça (Palavra e Sacramentos),
deve ser lembrado que Deus não está amarrado nestes Meios, pois Ele é o Senhor
de tudo isto. Deste modo ele pode, se ele assim o quiser, criar a fé nas crianças
mesmo sem o Batismo.67
Nas Escrituras Sagradas, existem indicações de que Deus não somente
poderia criar, mas realmente criou fé sem meios. Um exemplo é de João Batista,
ainda no ventre materno: “Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho
nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1.15). E
também diante da visita de Maria a Isabel, ela exclama que: “Pois logo que me
chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criança estremeceu de alegria dentro
de mim” (Lc 1.44).
Nas últimas palavras de Jesus, segundo o Evangelho de Marcos, Ele diz aos
seus discípulos que: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer
será condenado” (Mc 16.16). Sobre este texto, Walther, diz que:
66
LUTERO, Martinho apud SCAER, David P. Confessional Lutheran Dogmatics Vol. XI : Baptism.
St. Louis. The Luther Academy. 1999. p.122: “But here another question arises. If the uncircumcised
males of the Jews were lost, what is one to conclude about infants who died before the eighth day?
What about the other sex, the girls? Likewise, what about our own infants, either those who are
stillborn or those who die shortly after birth, before they are baptized? Concerning infants who died
before the eighth day the answer is easy, just as it is easy to give an answer about our own infants
who die before Baptism. For these do not sin against the covenant of circumcision or Baptism. Since
the Law commands them to be baptized on the eighth day, could God condemn those who die before
the eighth day? Accordingly, the souls of those infants must be left to the will of the Heavenly Father,
whom we know to be merciful. Furthermore, what Paul says in a gentle manner about "those whose
sins were not like the transgression of Adam" (Rm 5.14) and about Jacob and Esau - "though they
were born and had nothing good or bad" (Rm 9.11) - holds true in their case too. Even though infants
bring with them inborn sin, which we call original sin, it is nevertheless important that they have
comrnitted no sin against the Law. Since God is by nature merciful. He will not let their condition be
worse because they were unable to obtain circumcision in the Old Testament or Baptism in the New
Testament.
67
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre, Concórdia Ltda, 1982. p.82.
30
Jesus não diz: “Quem for batizado e crer”, mas, sim, “Quem crer e
for batizado.” A fé é a necessidade de primeira ordem; o Batismo é algo a
que a fé se apega. Além disso, o Senhor acrescenta: “Quem, porém, não
crer será condenado”. Isto deixa claro que, mesmo que não tenha sido
possível a alguém submeter-se ao Batismo, ele será salvo, desde que
creia.68
Segundo Rottmann, o problema está nos pais que rejeitam o Santo Batismo,
pois assim, rejeitam totalmente o desígnio de Deus. Não temos consolo para alguém
que rejeita o Batismo, pois quem despreza este Sacramento, este Meio da Graça,
pode até procurar desculpas, mas não achará palavra de Deus que justifique a sua
atitude.69
Todos os pontos analisados são dados como puro consolo evangélico aos
pais cristãos, cujas crianças morreram antes que eles pudessem ter tido a
oportunidade de batizá-las. Deve se entregar, nestes casos, os filhos às mãos do
misericordioso Deus. Aos cristãos aflitos, é um grande consolo, mas não para os
incrédulos e rejeitadores da Palavra de Deus e dos Meios da Graça nos
Sacramentos. E que Deus sempre nos dê a sua confiança na verdade das suas
promessas, para que nunca deixemos, por razões puramente racionais e falhas, de
70
batizar crianças, mas que as batizemos tão cedo quanto for possível.
E diante da pergunta: O que se pode dizer aos pais, dos quais um filho
morre antes de ser batizado? Rottmann diz que se tais pais cristãos, realmente
creem no Salvador Jesus, que tiveram a intenção de batizar seu filho e que não
rejeitaram o Batismo, eles podem ser consolados com as palavras que se acham
nas liturgias antigas da igreja luterana que diz: “Encomendamos esta criança à
misericórdia de Deus”.71
68
WALTHER, Carl F.W, A correta distinção entre Lei e Evangelho. Porto Alegre,2005. p.305-6.
69
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre: Concórdia Ltda, 1982. p.74.
70
Ibidem. p.83-4.
71
ROTTMANN, Johannes H. Batismo de Crianças. Porto Alegre, Concórdia Ltda, 1982. p.81.
31
72
LW 43, 247
73
Ibidem. p.247-8: “First, inasmuch as one cannot and ought not know the hidden judgment of God in
such a case — why, after every possible care had been taken, God did not allow the child to be born
alive and be baptized — these mothers should calm themselves and have faith that God’s will is
always better than ours, though it may seem otherwise to us from our human point of view. They
should be confident that God is not angry with them or with others who are involved. Rather is this a
test to develop patience. Second, because the mother is a believing Christian it is to be hoped that her
heartfelt coy and deep longing to bring her child to be baptized will be accepted by God as an effective
prayer.”
74
LW 43, 249-50.
75
Ibidem. p.250.
32
4. ANEXO
Esta ordem também pode ser usada para sepultamento de criança não
batizada.
76
Culto Luterano: Liturgias e orações / [organizado por] Comissão de Culto da Igreja Luterana do
Brasil – Porto Alegre: Concórdia, 2010. P138-9.
33
evidente que o Senhor quer que sua Igreja administre o Santo Batismo. Entretanto,
essa palavra deve ser compreendida com referencia aos que tiveram oportunidade
de receber o santo sacramento ou àqueles que o desprezaram, porém não aos que
não puderam ser batizados. Essas pessoas nós encomendamos à infinita graça de
Deus visto que não tiveram ocasião de ser batizadas. Por isso, podemos ter a
esperança de que Deus, na sua graça, recebeu esta criança na sua glória em virtude
da obra de seu Filho Jesus Cristo. Além disso, esta criança foi apresentada a Deus
pela oração da Igreja, e pelas próprias e confortadoras promessas do Senhor vocês
sabem que tal oração em nome de Jesus Cristo é ouvida por ele.
O Senhor conceda que todos continuemos firmes na fé até que alcancemos
a felicidade eterna, por amor de seu amado Filho Jesus Cristo.
Oração
Ó todo-poderoso e eterno Deus e Pai, tu o deste e tu o tomaste; bendito seja
o teu nome. Assim como os céus são mais altos do que a terra, assim os teus
pensamentos são mais altos do que os nossos pensamentos. Ensina a todos nós a
confiar em ti e fortalece a fé destes pais que estão tristes por passarem por esta
dolorosa provação. Faze com que recebam esta aflição de ti, para que creiam
firmemente que os teus caminhos são de bondade e fidelidade. Ensina-lhes a confiar
na tua infinita graça e a terem a certeza de que o seu filho, que chamaste a ti antes
do seu nascimento (ou tão logo após o seu nascimento) e que durante meses
recomendaram à tua bondade paternal, foi recebido na tua glória celestial mesmo
sem o Batismo, assim que lhes será restituído no dia da ressurreição. Que o teu
amor nos ajude a crescer em amor e na fé verdadeira, e que busquemos o teu reino
celestial, onde também para nós preparaste lugar. Faze com que saibamos como
são poucos os dias da nossa vida para que tenhamos um coração sábio e façamos
uso constante e correto dos meios da graça durante a nossa vida aqui. Concede que
todos nós sejamos reunidos no teu reino celestial, por Jesus Cristo, teu Filho, nosso
Senhor. Amém.
Bênção
A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do
Espírito Santo estejam com todos vocês. Amém.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, Ludgero. Manual dos Catecúmenos. 7º Edição. São Paulo: Casa Editora
Presbiteriana, 1993.
LUTERO, Martinho. Anotações de Lutero sobre a Epístola de Paulo a Tito. In: Obras
Selecionadas. São Leopoldo: Sinodal, Canoas: ULBRA, Porto Alegre: Concórdia,
2008. v. 10. Interpretação do Novo Testamento – Gálatas – Tito.
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House, 1968.
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edição. Porto Alegre: Concórdia Editora. 2004.
WALTHER, Carl F.W, A correta distinção entre Lei e Evangelho. Porto Alegre:
Editora Concórdia, 2005.