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O gigante que dorme 1

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Copyright © 2011 UFMBB
Todos os direitos reservados a União Feminina Missionária Batista do Brasil.
Proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios sem permissão por
escrito da editora.

Coordenação editorial, revisão literária e editoração eletrônica:


Celina Veronese
Capa: oliverartelucas
Ilustrações: Hudson Silva
Fotografia: Caio Basilio
Montanhas do “Gigante Adormecido” vistas da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ,
que Bagby deve ter visto do lado oposto, ao entrar na Baía de Guanabara.

Harrison, Helena Bagby


H319g O gigante que dorme: biografia de William B. Bagby, primeiro
5.ed. missionário enviado ao Brasil / Helena Bagby Harrison ; tradução e
adaptação de Mildred Cox Mein, revista por Celina Veronese ;
ilustrações de Hudson Silva . – 5. ed. . – Rio de Janeiro : UFMBB,
2001.
32p. ; il ; 21 cm (Série missionária heróis cristãos).
ISBN 978-85-7781-000-0
1. Bagby, William Buck, 1855-1939 –– Biografia. 2. Missio-
nários –– Biografia. I. Mein, Mildred Cox, trad. II. Veronese, Celina,
rev. III. União Feminina Missionária Batista do Brasil. IV. Título.
V. Série.
CDD - 266.0092

Índice para catálogo sistemático:


1. Biografia de missionários : 922.6
2. Batistas : Missões : 266.61
3. UFMBB –– Batistas –– Biografias missionárias : 266.0092

Publicação da União Feminina Missionária Batista do Brasil


Rua Uruguai, 514 – Tijuca – Rio de Janeiro – RJ – 20510-060
Tel.: (21) 2570-2848 Fax: (21) 2278-0561
E-mail: ufmbb@ufmbb.org.br
Homepage: www.ufmbb.org.br
5a edição: 2001 Tiragem: 3.000
Reimpressão: 2007 Tiragem: 3.000
Reimpressão: 2011 Tiragem: 3.000 - Conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
Impresso na Mastergraph Gráfica
2 O gigante que dorme

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Para você,
oferecemos a biografia de William Buck
Bagby, o primeiro missionário batista enviado
ao Brasil.
Ao lado de sua esposa Ana, o valoroso
missionário enfrentou perseguições, mas em
momento algum perdeu de vista a tarefa que
Deus lhe havia confiado: a de despertar o
Brasil de seu profundo sono espiritual.

Celina Veronese
Divisão Nacional de Mensageiras do Rei

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4 O gigante que dorme

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O pequeno William 7
Uma decisão importante 9
A chegada ao Brasil 11
O início da obra 13
O trabalho cresce 17
A evangelização pelo ensino 20
O despertar do gigante 25
Álbum de família 29

O gigante que dorme 5

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6 O gigante que dorme

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O pequeno
William
m meados do século XIX, quando os ursos pretos, as onças e as ra-
posas apareceram errantes pelas campinas e planícies do Estado
do Texas, nos Estados Unidos da América do Norte, uns sons novos
e estranhos começaram a ressoar nas matas virgens daquelas re-
dondezas. Via-se madeira sendo serrada, ouvia-se o bater de martelos e,
pouco a pouco, já havia troncos e ripas suficientes para a pretendida
construção. Naquele recanto, apareceram casas de madeira, prontas para
abrigar as poucas famílias pioneiras que estavam vindo do distante Esta-
do de Kentucky para o Texas. No porto, ao desembarcarem do navio, or-
ganizaram uma caravana em carroças puxadas por bois e partiram para a
planície central, no coração do território dos silvícolas. Era preciso muito
cuidado, pois o arraial dos comanches ficava perto, e as novas casas toscas
eram sujeitas a constantes perigos, devido aos ataques indígenas. Em
horas inesperadas, um bando chefiado por um bravo cacique surpreen-
dia a pequena vila, incendiava as casas, carregava o gado e, às vezes, ma-
tava os colonizadores. Alguns dos indígenas se mostravam amigos e tro-
cavam suas flechas, arcos e sapatos de pele por canivetes velhos, peque-
nos espelhos ou milho bichado.
No dia 5 de novembro de 1855, a velha mãe preta saiu da casa do pa-
trão e disse a uns garotos que brincavam no quintal:
– Sua tia, Dona Maria, já tem um bebê, e não é João, nem Maria, mas é
William.
Muito antes de saber as letras do alfabeto, o pequeno William já havia
aprendido os nomes das aves que se abrigavam nas frondosas árvores
perto da sua casa e conhecia os costumes dos animais selvagens. Muitas
vezes acordou por causa dos gritos das raposas famintas, que procuravam
alimento perto de sua casa durante a noite.
– Mamãe, posso ir à escola da tia Maria Buck? – perguntava o menino
William, querendo acompanhar os irmãos mais velhos que, a cavalo, an-
davam quase 20 quilômetros até a escola, onde sua tia ensinava as cinco
séries do ensino fundamental na mesma sala. O pequeno ouvira dizer
que, no recreio, os meninos se divertiam caçando coelhos, e as meninas
procuravam flores silvestres, que desabrochavam nas matas na primavera.
Ao menino de cinco anos foi permitido frequentar a escola e, desde
cedo, ele começou a mostrar preferência por História e Geografia. Mui-

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tas vezes, olhando para o mapa-múndi, colocava o dedo na América do
Sul, pensando na possibilidade de visitá-la um dia.
Nas férias, com seus companheiros, William praticava natação ou pes-
cava no ribeiro que corria perto da fazenda. No outono, saíam a procurar
as castanhas que caíam das belas castanheiras. Sempre voltavam para
casa com suas sacolas cheias de castanhas. No inverno, construíam arma-
dilhas para pegar gansos selvagens, ou caçavam coelhos e esquilos.
A mãe de William, nas longas noites de inverno, antes que os meninos
fossem dormir, reunia-os perto da lareira e contava-lhes histórias bíblicas.
Além disso, eles não faltavam aos cultos na Primeira Igreja Batista, que
tinha como pastor o Dr. Rufus C. Burleson, presidente da nova Universi-
dade de Baylor, onde William formou-se mais tarde.
Aos doze anos de idade, William aceitou Jesus Cristo como seu Salva-
dor e foi batizado. Pouco tempo depois, confessou sentir a chamada de
Deus para o ministério.

Muitas vezes, olhando para o mapa-múndi, William colocava o dedo


na América do Sul, pensando na possibilidade de visitá-la um dia.

8 O gigante que dorme

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Uma decisão
importante
s anos se passaram, e William matriculou-se no Departamento
de Teologia da Universidade de Baylor, que depois se separou
para dar origem ao Seminário. Ele foi o primeiro aluno a matri-
cular-se naquele departamento.
Depois de formado, William Bagby passou a dirigir uma escola e a
pastorear uma pequena igreja batista no Texas.
Certo dia, Bagby recebeu o seguinte recado:
– Faça-me o favor de dizer ao irmão Bagby que o General A. T.
Hawthorne, do Brasil, precisa falar com ele.
William já conhecia de nome o General, através de correspondência
com sua noiva, a professora Ana Luther, que, dias antes, fora procurada por
ele e dele recebera um convite: o de mudar-se com ele e um grupo de
colonizadores para o Brasil e servir como missionária aos brasileiros, que
pouco conheciam do evangelho. Atendendo à solicitação do General,
Bagby encontrou-se com ele antes que Ana respondesse ao seu convite.
– Pastor Bagby, há diversas colônias de sulistas dos Estados Unidos que
fugiram para o Brasil depois de terem sido derrotados na Guerra Civil
entre o Norte e o Sul – explicou o General. – Eles estão espalhados atra-
vés do Amazonas, da Bahia e do Estado de São Paulo. No entanto, obtive
do Imperador do Brasil, Dom Pedro II, a concessão de um grande terreno
perto do rio Jequitinhonha, cerca de 500 quilômetros ao sul da cidade
de Salvador. Ali pretendo estabelecer uma grande colônia e desejo levar
comigo um casal de missionários.
– O General é um crente no Senhor Jesus?
– Sim, desde a noite em que perdi, no Brasil, minha filha única, com
12 anos de idade, tenho sido um crente fiel. Deus tirou-me a maior ale-
gria da minha vida. Ali na sua sepultura, na Terra do Cruzeiro, ela espera
o amanhecer do dia da ressurreição!
– Por que o irmão chama o Brasil de Terra do Cruzeiro?
– Porque, depois de passar a linha do Equador, em noite clara, podem-
-se avistar no céu quatro lindas estrelas em posição de cruz.
– Quer dizer que o povo brasileiro tem uma cruz de estrelas no céu de
sua pátria? É impressionante, pois a maior parte do povo não conhece o
verdadeiro significado da cruz!

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– É isso. É uma terra boa,
maior que o território dos
Estados Unidos da América
do Norte e todas as suas
possessões, menos o Alasca,
e com mais ou menos 10
milhões de habitantes. É
rica em ouro, prata e pe-
dras preciosas, mas, espiri-
tualmente, é pobre demais.
Há grandes florestas de co-
queiros e palmeiras reais,
que não se encontram
aqui. Vi enormes fazendas
em que só se planta cana
ou só café!
– É interessante pensar
numa terra assim. Mas que
poderia eu fazer e quem
me sustentaria?
– O senhor poderia pre-
gar o evangelho e as igre-
jas batistas do sul dos Esta- William já conhecia de nome
o General A. T. Hawthorne.
dos Unidos o sustentariam.
– Teria que aprender a língua portuguesa e duvido que as igrejas pos-
sam contribuir para o meu sustento. Elas já estão comprometidas com a
Junta de Missões Estrangeiras no sustento de missionários na China.
Dias depois, William escreveu à sua noiva, que estava em
Independence, Texas. Em sua carta, dizia que estava pronto a seguir para
o Brasil logo que a Junta quisesse enviá-los. Dizia que havia tomado sua
decisão em oração e que, por isso, confiava que o Pai o estava guiando.
Informou-a de que o Dr. Carrol visitaria as igrejas batistas das associações
do Texas, falando do caso deles, e que o General faria o mesmo no leste
do Estado. Se conseguissem os meios para o sustento deles por alguns
meses e promessas para o futuro, escreveriam ao Secretário da Junta de
Richmond (a Junta de Missões Mundiais de lá), pedindo que fosse nome-
ada uma comissão para examiná-los. Se fossem aprovados, seriam logo
nomeados para o Brasil.

10 O gigante que dorme

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A chegada
ao Brasil
ue estranha lua de mel teve o casal Bagby! Foram sete longas
semanas passadas em alto-mar. Enquanto a pequena embarca-
ção era jogada por ventos fortes, o mar revolto e enfurecido pa-
recia querer tragar o pequeno navio, que seguiu ao longo do
Equador até a costa da África, procurando as regiões das correntezas
que o pudessem levar ao Rio de Janeiro. As noites de luar apareciam e
desapareciam. Os peixes-voadores e as algas marinhas, comuns na costa
brasileira, eram os únicos espetáculos que os passageiros tinham para
assistir, e o único som era o do movimento das ondas. Viajavam rumo a
uma terra na qual não conheciam ninguém. Também não haveria pessoa
alguma para recebê-los no porto, isso se tivessem a felicidade de alcan-
çar a costa brasileira. Deus, porém os dirigia. Por isso, apesar dos perigos
e incertezas, prosseguiam alegremente.
Finalmente, numa tarde de março, avistaram a costa e entraram na
Baía de Guanabara. Foi como se estivessem entrando noutro mundo. Ao
redor, viam-se esbeltas palmeiras enfileiradas, aves de cores brilhantes e
flores de todas as cores. Olhando para o contorno das montanhas da
Tijuca, Bagby exclamou:
– Olhem o gigante dormindo!
Todos a bordo olharam na direção que ele apontava e viram os picos
das montanhas no horizonte. Constataram que, de fato, elas formavam a
figura de um gigante deitado de costas, com enorme nariz, boca, barriga
e pés. Em seu pequeno caderno de anotações, Bagby desenhou a figura
do gigante adormecido e disse à esposa:
– Ana, para mim, o Brasil é um gigante. É gigantesco em território, em
minerais, em produção de café e de açúcar, mas é um gigante que dorme
espiritualmente, e Deus nos mandou até aqui para ajudarmos a despertá-
-lo do sono!
Através de toda a sua vida, nunca se apagou da mente de Bagby a
impressão de que o Brasil era mesmo um gigante que dormia espiritual-
mente, e de que Deus o enviara como mensageiro seu para acordá-lo.
O casal achou o povo simpático e admirou a sua voz, qualificando-a
de agradável e musical, embora não houvesse ninguém para recepcioná-
-los entre a multidão que estava no cais do porto. Receberam da tripula-
ção do Yamoyden apenas o endereço do escritório da companhia a que

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pertencia o navio. Lá chegando, perguntaram por um dentista norte-
-americano para o qual traziam uma carta de apresentação. Foram infor-
mados de que ele já havia regressado à terra natal. Felizmente, naquele
momento, entrou um americano, que, chegando ao balcão, perguntou:
– Pode informar-me sobre um casal chamado Bagby?
O casal até ficou assustado, mas o desconhecido explicou:
– Tenho aqui uma carta para o senhor.
A letra era estranha para eles. Mesmo assim, abriram o envelope e le-
ram palavras animadoras: “Peço carinhosamente que venham ao Estado
de São Paulo e façam do meu lar o seu lar.” Haviam sido escritas por uma
patrícia sua que vivia numa colônia de americanos sulistas, emigrados
para o Brasil após a Guerra Civil ocorrida nos Estados Unidos. Ouvira di-
zer que o casal viajara para o Brasil, o que a levou a oferecer-lhes hospe-
dagem em sua casa. Os missionários, vendo nesse incidente mais uma
prova de que Deus estava dirigindo seus passos, aceitaram com alegria o
convite da amiga desconhecida.

– Olhem o gigante dormindo! – Bagby exclamou.

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O início
da obra
nquanto estudava a língua portuguesa no Colégio Presbiteriano de
Campinas, em São Paulo, Bagby conheceu o ex-padre Antônio
Teixeira de Albuquerque, que havia abandonado a igreja católica e
se casara. Devido a perseguições, ele havia se refugiado em São Pau-
lo, onde se unira aos metodistas.
Quando Teixeira havia estudado no Seminário Católico em Olinda,
Pernambuco, encontrara uma Bíblia em idioma italiano. Descobrira que
as lições dos seus instrutores não estavam de acordo com a Bíblia. Tinha
ficado confuso e, para afastar os pensamentos que vinham à sua mente,
dedicara-se ainda mais aos deveres sacerdotais em Maceió, Alagoas, sua
cidade natal. Porém, estudando o Novo Testamento em sua língua origi-
nal, o grego, descobrira a verdade e aceitara, pela fé, a salvação que Cris-
to oferece.
No dia 13 de fevereiro de 1882, Bagby estava à espera do navio Barke
Serene no cais do porto do Rio de Janeiro, pois nele estava chegando o
casal Taylor, o segundo casal de missionários batistas, também do Texas.
Dias depois, os dois missionários, ajoelhados num quarto de hotel, com
um mapa do Brasil estendido à sua frente, pediam a direção divina para
enfrentar o futuro campo missionário. Que tarefa grandiosa para dois
missionários inexperientes: a de quebrar as garras do catolicismo que,
por quatro séculos, havia sido a religião dominante no Brasil!
Na Bahia, achava-se o arcebispo católico romano e, segundo diziam,
havia ali uma igreja para cada dia do ano: 365 monumentos à idolatria!
Por isso, Bagby e Taylor resolveram começar pela Bahia a evangelização
dos brasileiros. Lá chegaram no último dia de agosto de 1882. Doze pes-
soas constituíam o primeiro lar evangélico na cidade de Salvador: o ex-
-padre Teixeira com sua esposa e seus quatro filhinhos, o casal Bagby e
sua primogênita, o casal Taylor e uma empregada.
Dom Pedro II, Imperador do Brasil, havia reconhecido o catolicismo
como sendo a religião oficial no Brasil. Diante disso, a igreja católica fez
o que pôde para que a religião evangélica não entrasse em nosso país.
Com isso, foram movidas duras perseguições contra os novos missionári-
os. Na rua, eles eram vaiados e ofendidos! Mesmo assim, com toda calma,
continuaram a vender Bíblias, distribuir folhetos e pregar ao povo inte-
ressado em ouvi-los.

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No dia 15 de outubro, foi organizada a Primeira Igreja Batista Brasi-
leira, com cinco membros fundadores: os dois casais de missionários e o
ex-padre Teixeira, pois sua esposa ainda não havia se convertido. A pri-
meira pessoa convertida na Bahia foi Emília, a empregada da família
Teixeira, e a segunda, a esposa do ex-padre. O primeiro homem a se con-
verter foi o latoeiro João Batista. Este, examinando a Bíblia que lhe fora
dada por Taylor, comparou-a com a Bíblia do padre e descobriu a verdade.
Depois de enfrentar corajosamente a oposição de sua mãe, tornou-se um
ardente evangelista.
Um homem negro vinha assistindo aos cultos com regularidade e de-
monstrava interesse no evangelho. Um dia, porém, todos perceberam que

Dias depois, os dois missionários, ajoelhados num quarto de hotel, com


um mapa do Brasil estendido à sua frente, pediam a direção divina para
enfrentar o futuro campo missionário.

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ele havia estado ausente há alguns domingos. Reunida em sessão de ne-
gócios, a pequena igreja foi informada de que aquele homem era escravo
e que seu dono o havia ameaçado de morte se ele ousasse pôr os pés nova-
mente na igreja dos crentes. Depois de sérias discussões, a igreja, cujos
membros não tinham grandes recursos materiais, votou unanimemente
comprar o escravo e dar-lhe liberdade. O homem ficou surpreso com a
obra de Deus em sua vida, converteu-se e uniu-se à pequena igreja.
Certo dia, William disse a Ana:
– Ana, vou à praia hoje à noite com o irmão Teixeira, a fim de batizar as
duas senhoras que já deram a sua profissão de fé. Se você e Ermininha
quiserem nos acompanhar devem aprontar-se logo.
Os quatro saíram de casa ao pôr do sol e, ao descerem do bonde, nota-
ram que já haviam sido observados e estavam sendo seguidos por um
grupo de homens e rapazes de aparência esquisita. Enquanto Ana impro-
visava uma tenda para as senhoras mudarem de roupa, ouviu uma voz
forte e autoritária, apoiada por vozes ameaçadoras. Dobrou os lençóis e
tomou a pequena nos braços, enquanto eram cercados por uma multi-
dão de homens que gritavam, querendo vingar-se dos “hereges”. Bagby
disse à esposa que fosse para casa. Ele teria que ficar, pois o policial que
estava gritando lhe dera ordem de prisão. O padre da paróquia havia
dito à polícia que, “nas suas reuniões, essa gente praticava imoralidades”.
O policial conduziu o missionário à sua própria casa, seguido pela mul-
tidão. Ana, com a filhinha nos braços, agarrou-se ao marido. O policial
começou a discutir, mas os dois pregadores falaram com firmeza, de-
monstrando a fé que tinham. Quando a multidão percebeu que o poli-
cial não iria prendê-los, alguém pegou Bagby pelo colarinho e lhe deu
uma bofetada. Depois disso, o policial os despediu, e eles foram para casa
em paz.
No dia seguinte, o casal Taylor e o irmão Teixeira voltaram ao mesmo
bairro, a fim de realizar cultos na casa de uma das senhoras que deveriam
ter sido batizadas. Essa casa foi atacada pela mesma multidão, que jogou
areia molhada e pedrinhas nas vidraças até quebrá-las. Com isso, quase
cegaram os assistentes. O mesmo policial apareceu, não para oferecer pro-
teção aos agredidos, mas sim para defender os agressores. Dentro de pou-
cos dias, os jornais diários noticiavam esses acontecimentos. Felizmente, não
faltaram vozes poderosas para clamar pelos direitos da minoria.
Um dia, um jovem pediu batismo. Bagby levou-o a uma praia solitária
e batizou-o em oculto. Os inimigos saíram à procura deles, mas só foram
encontrá-los após o batismo. À noite, Bagby foi pregar na casa de uma
família pobre, que havia convidado muitos vizinhos. Logo que começa-

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ram a cantar hinos, os perseguidores cercaram a casa. Começaram a vaiar
o missionário, a desprezar os assistentes e a jogar pedras e areia pelas
janelas novamente. A única lâmpada acesa se apagou e uma menina foi
atingida por uma pedra. Houve uma enorme confusão. Do lado de fora,
a multidão fazia muito barulho. Dentro de casa, porém, alguém acendeu
uma vela e os crentes, com paciência, recuperaram a ordem e a calma.
Bagby levantou-se e começou o seu sermão, mas foi o mais curto de toda
a sua vida, pois foi derrubado por uma pedrada e teve que ser removido
da sala inconsciente. Antes de recuperar os sentidos, o relógio bateu
meia-noite, e os ouvintes ainda estavam à sua espera. Muitos, que haviam
ido até lá só para ver “o diabo em forma humana”, acabaram ouvindo a
mensagem de salvação, e a perseguição resultou em 10 conversões.
No dia seguinte, Taylor, que não estivera presente na reunião da noite
anterior, ao contemplar o ferimento na testa de Bagby, declarou:
– William, essa ferida é a coisa mais bonita que já vi. Como eu queria
ter estado ali também. Preferia ter uma ferida adquirida como essa que
você adquiriu, a usar a coroa de qualquer rei da Europa.
Seu desejo de sofrer pelo nome de Jesus foi satisfeito pouco tempo
depois. Após ter realizado batismos, foi cercado, jogado no rio, coberto
de lama e apedrejado. Seu chapéu, no entanto, impediu que ele ficasse
com uma cicatriz para registrar seu triunfo, como acontecera com Bagby.
Ainda na Bahia, nesse tempo, traduziram e publicaram três folhetos,
combatendo crenças católicas. Com isso, enfrentaram mais perseguição.

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O trabalho
cresce
m 1884, Bagby achou que o evangelho deveria ser anunciado em
outras áreas também, pois o Brasil já contava com 25 milhões de
habitantes, e eram só quatro os missionários batistas que aqui atu-
avam. Então, deixou o casal Taylor na Bahia e mudou-se com sua
família para o Rio de Janeiro. Um mês depois do dia do seu desembarque
na capital imperial, foi organizada a segunda igreja batista em solo bra-
sileiro. Nenhum dos membros fundadores era brasileiro, mas no coração
de cada um havia o desejo de colher os primeiros frutos. Ao todo, eram
cinco: uma inglesa, uma escocesa, uma irlandesa e o casal de norte-ame-
ricanos.
Quatro anos depois, em maio de 1888, Bagby escreveu o seguinte:
“Este país está agora num alvoroço enorme. Pela Lei Áurea, 600 escravos
foram postos em liberdade e, afinal, o Brasil está livre da escravidão, e
sem derramamento de sangue! Multidões enchem as ruas principais. As
casas estão enfeitadas de bandeirolas. As bandas de música tocam conti-
nuamente. As procissões prosseguem. A Marinha e o Exército desfilam
com bandeiras e, de noite, o céu é iluminado com milhares de foguetes.
O Imperador está moribundo na Europa, e sua filha, a Princesa Isabel, é
a Regente.”
Certo dia, cerca de 18 meses depois, Bagby teve uma dor num pé e
chamou seu médico, que era bastante culto. Ambos discutiram a possibi-
lidade da separação da Igreja do Estado. O médico não se convenceu de
que isso seria possível no Brasil. Porém, na manhã seguinte, Bagby soube
que o Brasil já era República. E assim, dentro de pouco tempo, a liberda-
de religiosa com que ele tanto sonhara tornou-se realidade. O decreto
determinava que, depois de um ano, os salários dos sacerdotes católicos
não seriam mais pagos nas tesourarias públicas. Até aquela data, nin-
guém se casava, nem era enterrado sem a bênção dos padres. A partir de
então, ficou instituído o casamento civil, e os cemitérios deveriam rece-
ber o corpo de qualquer pessoa, independente da religião que ela tives-
se seguido.
Com suas ideias democráticas, os missionários influenciaram, mesmo
que indiretamente, os destinos deste país. O novo Secretário do Interior
visitara Bagby pouco antes da Proclamação da República. Durante horas,
os dois haviam conversado sobre a Constituição dos Estados Unidos. A

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partir dessa conversa, ele idealizou muitas reformas para o Brasil, que
acabaram acontecendo. O Dr. Barbosa Lima foi um grande defensor da
separação entre o Estado e a Igreja e, portanto, da liberdade religiosa no
País. Mais tarde, ele confessou a outro missionário que havia sido a leitu-
ra da Bíblia nas várias línguas que conhecia que o havia levado a assumir
essa postura.
Certa noite, quando a igreja ainda não havia adquirido a sua própria
casa e se reunia num estreito prédio, numa rua calçada de pedras brutas,
na qual os sons das carruagens, das rodas pesadas das carretas e dos bon-
des competiam entre si, um jovem estudante, ao passar por ali, foi atraído
pela beleza dos hinos que pôde ouvir. Ele entrou e assentou-se bem
perto da porta. Em poucas semanas, no entanto, tornou-se um assistente
assíduo. Esse jovem, Francisco Fulgêncio Soren, ao se converter, atendeu
à chamada de Deus para o ministério. A exemplo do que fez o discípulo
André, Francisco foi logo falar com seus amigos. Com isso, conduziu
Tomaz Costa e Teodoro Teixeira a Jesus Cristo. Mais tarde, certo missioná-
rio fez a seguinte declaração: “Se William Bagby não tivesse feito outra
coisa na sua longa vida de serviço no Brasil além de ganhar esses três
homens para seu Mestre, só por isso sua vida já teria sido coroada de
completo êxito.”
Nesse tempo, outros missionários norte-americanos foram chegando
ao Brasil. A maioria, porém, devido a várias circunstâncias, regressou à
terra natal, e alguns morreram. Maggie Rice e C. D. McCarthy morreram
na casa de William Bagby, vítimas da febre amarela, que se alastrou no
Rio de Janeiro de 1887 a 1901. O casal Bagby sofreu os horrores dessa
febre, mas felizmente sobreviveu. O clima tropical, a deficiência de sane-
amento, o grande número de insetos transmissores de doenças e a falta
de água tratada e de leite pasteurizado favoreciam a propagação de vá-
rias doenças.
Em 1891, a Missão Batista no Brasil foi enriquecida com a chegada de
Salomão Ginsburg, um judeu polonês que havia sido desprezado pela
sua família por causa de suas convicções religiosas. Depois de tê-lo bati-
zado na Bahia, o missionário Taylor, referindo-se a Ginsburg, escreveu o
seguinte: “Considero este o melhor ano da minha vida. Não pelo núme-
ro de convertidos, mas pela aquisição do irmão Ginsburg.”
Nesse mesmo tempo, outro casal Taylor e o casal Entzminger vieram ao
Brasil para ajudar na organização de novas igrejas em três estados: Rio de
Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. No extremo norte, Eurico Nelson, um
vendedor de Bíblias, foi consagrado ao ministério e ganhou vidas para
Cristo em cinco estados: Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará e Piauí.

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Em 1884, Bagby achou que o evangelho deveria ser anunciado em
outras áreas também. Então, deixou o casal Taylor na Bahia e mudou-se
com sua família para o Rio de Janeiro.

Um dia, antes de viajar de férias aos Estados Unidos, Bagby foi procu-
rado por um jovem leproso que queria ser batizado. Achando que a lepra
fosse doença infecciosa, mas não contagiosa, ele batizou o rapaz. Logo
depois, a família Bagby viajou e Entzminger assumiu o pastorado da
igreja interinamente. Não se lembrando de que aquele irmão era leproso,
o Pr. Entzminger, na hora da Ceia do Senhor, tomou o vinho do cálice
comum, pois naquele tempo era costume todos beberem do mesmo cá-
lice. Dois anos mais tarde, uma mancha roxa na testa do missionário de-
nunciava que ele estava com lepra. Entzminger foi à Inglaterra à procura
de recuperação, mas não adiantou. Bagby, que ainda pastoreava a colô-
nia americana de São Paulo, relatou o caso de Entzminger ao médico da
colônia e ficou sabendo, através dele, que um empregado brasileiro que
tivera lepra havia ficado curado graças a uma picada de cobra venenosa.
O veneno da cobra havia servido de antídoto para a lepra. Imediatamen-
te, Bagby escreveu ao seu colega, que ainda estava na Inglaterra. Ao rece-
ber a notícia, Entzminger viajou às pressas à sua terra natal, onde a expe-
riência foi testada e considerada eficaz. Desse modo, livre da terrível
doença, voltou para o seu campo de ação no Brasil, onde serviu durante
mais 27 anos.

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A evangelização
pelo ensino
epois de um ano de férias nos Estados Unidos, quando o Pr. F. F.
Soren assumiu o pastorado da Primeira Igreja Batista do Rio
de Janeiro, a família Bagby transferiu-se para o Estado de São
Paulo.
Ao desembarcarem no porto de Santos, os oito filhos do casal Bagby
ficaram admirados com a grande quantidade de sacas de café que eram
suspensos por enormes guindastes e colocados em navios de vários pa-
íses do mundo. Taylor, o filho mais velho, contou 27 bandeiras de dife-
rentes países. Desde pequeno, ele sempre dizia que iria ser missionário.
Durante essa viagem, porém, em contato com o mar e as atrações marí-
timas, teve que resistir às fortes inclinações para a Marinha. Foi ele, nesse
dia, quem explicou aos irmãos mais novos o empreendimento dos enge-
nheiros ingleses na construção da ferrovia entre Santos e a cidade de
São Paulo.
No trem que os levaria até São Paulo, os meninos sentaram-se perto
das janelas do confortável vagão. Depois de viajarem por 30 quilôme-
tros em terreno pantanoso, podendo apreciar uma floresta densa e as
mais variadas espécies da flora tropical, o trem parou para que os ma-
quinistas unissem os vagões aos cabos que os puxariam por uma subi-
da íngreme. A energia para mover os cabos era fornecida por quatro
máquinas fixas. Desse modo, depois de passarem por 13 túneis cortados
no interior das montanhas, os passageiros alcançaram uma altitude de
800 metros e puderam apreciar cenas das mais magníficas que a natu-
reza oferece aos olhos humanos. Sobre a serra, estava a moderna cidade
de São Paulo, reconhecida como o centro industrial do Brasil, na qual,
por 14 anos, o casal Bagby iria residir com sua numerosa família, que,
algum tempo depois, seria acrescida do pai de Ana, que chegou para
viver com eles. Na estação, alguns amigos e conhecidos os esperavam,
pois o Pr. Bagby havia pastoreado as duas igrejas de imigrantes norte-
-americanos.
Além das duas igrejas de imigrantes, havia no Estado de São Paulo três
ou quatro igrejas de brasileiros, as quais Bagby começou a encorajar e
fortalecer.
Certo dia, depois de já estarem acomodados em sua nova residência,
Ana e o esposo conversavam sobre o futuro da obra missionária no Brasil.

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– William, eu também quero ganhar almas, quero ver o milagre de
conversões, pois tenho sido pouco ativa no trabalho desde o nascimento
das crianças. Estou ansiosa por trabalhar diretamente na evangelização
– disse Ana ao esposo.
– Como, Ana, como? – perguntou ele.
– Os filhos do Presidente Sales estudam numa escola presbiteriana.
Percebo que os católicos querem entregar a educação de seus filhos aos
evangélicos, embora não lhes seja permitido assistir aos cultos em nossas
igrejas, pois seriam excomungados da igreja católica – observou Ana.
Bagby se lembrou de que a casa de Mary McIntyre, uma missionária
presbiteriana, estava à venda e tinha sido usada como escola. Resolveram
comprá-la mediante pagamento parcelado, com o dinheiro que recebiam
mensalmente da América para o aluguel. Assim, não teriam que pedir
uma verba especial à Junta de Richmond. Ana e a filha Ermínia passaram
a dirigir o internato feminino. Ao mesmo tempo, ensinavam as cinco sé-
ries do ensino fundamental, que hoje são quatro. Eram auxiliadas por
professoras que elas mesmas iam descobrindo e treinando.
Certo dia, o Pr. Bagby recebeu uma carta do Secretário da Junta de
Richmond, falando-lhe de Sidney M. Sowell, um jovem solteiro que havia
sido nomeado como primeiro missionário batista à Argentina. Em sua
carta, ele explicava que havia pedido a Sowell que ficasse no Brasil alguns
dias, a fim de se aconselhar com os missionários pioneiros a respeito dos
melhores métodos a serem empregados na abertura de um novo trabalho.
A visita de um missionário vindo da outra América causou enorme ex-
pectativa entre o corpo docente da escola, e Ana, enquanto cuidava da
limpeza e da arrumação do quarto de hóspedes, avisava:
– Agora, moças, cuidado! Não posso ceder nenhuma das minhas pro-
fessoras para se candidatar a esposa desse visitante solteiro!
Finalmente, Sowell chegou e hospedou-se na casa da família Bagby. Dias
depois, indo à varanda, Ana surpreendeu o visitante no momento em que
estava propondo casamento à sua própria filha Ermínia. Tendo sido repre-
endido por sua hospedeira, o jovem ficou corado. Como se não bastasse,
ainda teve que aguardar por muito tempo a resposta de Ermínia. Sidney
viajou para seu novo campo missionário, mas voltou dois anos depois para
se casar com Ermínia e levá-la consigo para a Argentina.
Na direção da escola batista, os missionários continuavam a enfrentar
desafios. Dentro de pouco tempo, tornou-se evidente que as famílias da
mais alta classe social da aristocrática cidade de São Paulo não enviariam
seus filhos à escola, se não houvesse um meio de transporte fornecido
pela própria instituição. Bagby, porém, não tinha nenhuma verba que

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desse para comprar cavalo e carruagem. Então, o casal entregou-se à ora-
ção e, dentro de pouco tempo, 40 alunos passaram a ser conduzidos dia-
riamente ao prédio escolar numa carruagem puxada por duas fortes mulas.
Certo dia, os missionários escreveram à Junta, pedindo permissão para
que Bagby fosse à América, a fim de despertar os irmãos americanos para
a evangelização da Terra do Cruzeiro do Sul. Disseram que Ana pretendia
ficar em São Paulo com as crianças e que, desse modo, o dinheiro que
seria gasto com as passagens dela e dos filhos poderia ser revertido para
liquidar a dívida da compra da escola. Assim, depois de sete anos de rígi-
da economia, a escola liquidou sua dívida e passou a ocupar lugar de
destaque no programa educacional do município. Com isso, o casal
Bagby fez um voto a Deus: que cada dia, em cada turma, haveria uma
aula sobre a Bíblia e, se o ensino bíblico se tornasse barreira para algu-
mas famílias católicas matricularem seus filhos, não abririam exceção. O
certo é que cada aluno matriculado no Colégio Progresso Brasileiro
ouviria a verdade da Palavra de Deus.
O colégio avançava em sua missão de evangelizar através do ensino, e
Ana sentia-se feliz e realizada. Em seu coração, no entanto, havia o de-
sejo de evangelizar outras crianças também, que não tinham a oportuni-
dade de frequentar o Colégio. Então, num populoso bairro de São Paulo
chamado Lapa, ela começou uma classe bíblica infantil aos domingos à
tarde, na casa de um crente. Em pouco tempo, tanta gente adulta passou
a se agrupar às janelas e portas, que o pastor Bagby teve que começar a
pregar, e logo foi organizada uma igreja. Só que o povo era tão pobre,
que não tinha a menor possibilidade de comprar um terreno, nem de
construir um templo. Enquanto isso, em frente à casa em que se reuniam,
a rua ficava cada vez mais cheia de gente. O que fariam?
Chegou a época do Natal. Um dia, o Pr. Bagby foi ao correio e encon-
trou bastante correspondência na caixa postal: eram cartões de felicita-
ções vindos da outra América. Poucos minutos depois, cheio de euforia,
ele estava entrando em casa, chamando por Ana.
– Ana, você se lembra de Miss Pratt, aquela moça que conhecemos a
bordo, quando regressávamos de nossas últimas férias nos Estados Uni-
dos? – disse ele, quase perdendo o fôlego.
– Aquela que fez várias perguntas sobre o nosso trabalho?
– Isso mesmo! Ela me enviou uma lembrança de Natal!
– O que foi? Um lenço?
– Lenço nada! Foi um cheque!
– Um cheque? De quanto? – perguntou a esposa curiosa.

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O casal Bagby fez um voto a Deus: que cada dia, em cada turma,
haveria uma aula sobre a Bíblia. Assim, cada aluno matriculado no
Colégio Progresso Brasileiro ouviria a verdade da Palavra de Deus.

– Adivinhe!
– De cinco dólares.
– Sua fé não é muito grande, Ana. Pensei que você estivesse pedindo
a Deus um templo para a Igreja Batista da Lapa.

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– O quê?! Miss Pratt mandou um templo para a igreja? – gracejou
Ana.
– Não, mas mandou uma grande parte dele, pois o cheque é de dois
mil dólares!
Mais tarde, ela enviou mais dois mil e quinhentos dólares. Com isso, já
contavam com o suficiente para adquirir uma boa propriedade para a
igreja.
Certo dia, alguns russos crentes quiseram falar com o Pr. Bagby. Eram
recém-chegados da Europa e estavam à procura de uma igreja batista em
que pudessem participar de cultos em sua própria língua. Bagby lamen-
tou o fato de os batistas não terem podido acompanhar o rápido cresci-
mento da cidade, providenciando culto nas diferentes línguas dos imi-
grantes que iam chegando às levas. Mesmo assim, com alegria, ofereceu
a varanda da sua casa para os irmãos russos se reunirem. Em pouco tem-
po, a varanda não comportava mais o número de pessoas. Então, a Igreja
Batista da Lapa permitiu que os irmãos russos usassem o seu templo em
horários que não coincidiam com os horários de suas programações. As-
sim, aos domingos, às 9 horas, a Igreja Batista da Lapa, composta de bra-
sileiros, realizava sua reunião. Às 11 horas e 30 minutos, os russos se reu-
niam por duas horas. Em seguida, uma congregação de batistas húngaros
ocupava o templo. À noite, os crentes brasileiros realizavam a programa-
ção da mocidade e o culto.
Na cidade de São Paulo, em poucos anos, já havia 28 igrejas, das quais
nove eram compostas de estrangeiros, que tinham seus cultos em sua pró-
pria língua: três de russos, uma de húngaros, uma de japoneses, uma de
alemães e uma de tchecoslovacos. As outras igrejas também tinham imi-
grantes em seu rol de membros, mas as pregações sempre eram em portu-
guês. A Primeira Igreja Batista contava com membros de diferentes nacio-
nalidades: norte-americanos, ingleses, espanhóis, franceses, italianos, por-
tugueses, alemães, poloneses, russos e brasileiros, além de africanos.

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O despertar
do gigante
erto dia, no alto dos Andes, Bagby viveu uma experiência signi-
ficativa. Estava de pé ao lado da enorme estátua do “Cristo Re-
dentor”, que os Governos da Argentina e do Chile mandaram
erguer num dos mais altos picos daquela cordilheira, a fim de
comemorar a paz existente entre as duas nações. Ele próprio escreveu
acerca do que sentiu nesse momento: “Ao lado da estátua, imerso numa
nuvem e em meditação, tive uma visão sublime. Quando as nuvens lenta-
mente se elevaram ao meu redor, contemplei o vasto horizonte. Parecia-
-me que estava contemplando toda a América do Sul, os grandes
pampas, da Argentina ao litoral, as enormes planícies do Uruguai, Peru,
Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela e as Guianas. Vi o continente in-
teiro, com os 50 milhões de almas, implorando a Água da Vida.”
Depois dessa experiência, Bagby empenhou-se ainda mais na tarefa
de acordar o Brasil do seu sono espiritual. Após um ministério de 26
anos, sentiu que o gigante começava a se espreguiçar. Lutou muito pela
criação de uma imprensa evangélica e viu surgir a Casa Publicadora Ba-
tista, no Rio de Janeiro. Usava constantemente a sua voz na pregação das
boas-novas de salvação e viu centenas de igrejas sendo organizadas.
Combatia o analfabetismo e viu a fundação de diversos colégios batistas.
Viajava com frequência, confortando e exortando as pessoas, e viu meta-
de dos estados brasileiros sendo evangelizados. Amava tanto as almas
perdidas, que entregou a Deus sua filha mais velha para ser missionária
pioneira na Argentina ao lado de seu esposo.
Enquanto pensava no que mais poderia fazer pela obra missionária,
Bagby recebeu uma carta do pregador escocês W. D. T. McDonald, que
havia chegado ao Chile anos antes como imigrante e que, depois, torna-
ra-se agente da Sociedade Bíblica e organizara algumas igrejas e con-
gregações. Foi essa carta que impulsionou Bagby a ir ao Chile como re-
presentante dos batistas brasileiros, pois, conforme ele próprio escreveu,
algumas cartas pareciam vir diretamente das mãos de Deus para as suas.
McDonald clamava aos batistas brasileiros que passassem ao Chile para
ajudá-los.
Bagby foi escolhido para “espiar” a terra e trazer relatório. Chegando
ao Chile, depois de um esforço enorme, encontrou McDonald e traba-
lhou ao seu lado durante um mês, visitando os crentes e pregando a

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pessoas que ainda não eram crentes. Viajando de volta ao Brasil, visitou
sua filha em Buenos Aires, onde falou dos apelos dos crentes chilenos.
Como resultado, os batistas argentinos resolveram ajudar a manter mis-
sionários no Chile. Chegando ao Brasil, Bagby deu relatório durante a 2a
Assembleia Anual da Convenção Batista Brasileira. Entusiasmados, os
mensageiros presentes votaram pagar os salários do irmão McDonald e
de um evangelista.
Em 1927, os Estados Unidos passaram por uma grave crise financeira,
que chegou a afetar a Junta de Richmond. Todos os missionários foram
informados de que não poderiam voltar aos seus campos missionários
sem que levantassem entre as igrejas os recursos para as suas próprias
despesas de viagem. Já idoso, o casal Bagby, que estava de férias nos Es-
tados Unidos, apelou com lágrimas para voltar à Terra do Cruzeiro do Sul.
A Primeira Igreja Batista de Waco, Texas, que, sob a direção do Espírito
Santo, havia separado o missionário Bagby para a evangelização do Bra-
sil, solicitou à Junta de Richmond o privilégio de fornecer aos queridos
missionários os recursos necessários para o seu regresso ao Brasil.
Em 1931, pouco antes do início das festividades do Jubileu de Ouro
do Trabalho Batista no Brasil, o casal Bagby estava de volta ao Brasil.
Nesse mesmo ano, na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, realizou-
-se o quinquagésimo aniversário da chegada do casal, os primeiros mis-
sionários batistas enviados ao Brasil.
Certo dia, quando os valorosos missionários já poderiam pensar em
sua merecida aposentadoria, o Pr. William Bagby recebeu uma carta de
sua filha Alice, que, com seu esposo, havia se mudado para a cidade de
Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Em sua carta, Alice apelava: “Papai, nós
precisamos do senhor e da mamãe para ajudar-nos neste novo campo de
três milhões de pessoas, a maioria das quais nunca ouviu o evangelho.”
Pouco tempo depois, atendendo ao apelo da filha, D. Ana e o Pr.
William mudaram-se para Porto Alegre. Nessa época, o missionário já
estava com 72 anos de idade. Mesmo assim, queria continuar em sua
missão de despertar o gigante adormecido.
Em Porto Alegre, assim que chegaram, receberam da netinha orienta-
ções quanto aos costumes da terra:
– Vovô, aqui nós tomamos chá de erva, em vez de café. O chá é feito
numa cuia e é chupado através de um tubo de metal. Se o senhor não se
acostumar, vai se queimar.
– Bem, eu aprendi a tomar o café bem quente em São Paulo. Duvido
que o chimarrão possa ser mais delicioso do que o café torrado em casa
e moído poucos minutos antes de ser tomado – disse o avô.

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Através de toda a sua vida, nunca se apagou da mente de
Bagby a impressão de que o Brasil era mesmo um gigante
que dormia espiritualmente, e de que Deus o enviara como
mensageiro seu para acordá-lo.

– O senhor vai gostar dos gaúchos. Eles são muito corajosos. Vestem
roupas coloridas e usam botas polidas, com esporas prateadas. Também
usam chapéu e poncho. E os cavalos? Nunca se vê um gaúcho separado
do seu cavalo.

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– Desejo muito conhecer os gaúchos e apresentar-lhes o Homem mais
corajoso que já viveu neste mundo – respondeu o vovô.
Bagby prosseguiu no seu ministério de evangelização. Viajava pelo
interior e pregava nas igrejas da capital. Além disso, apoiava plenamente
a iniciativa da filha de manter uma escola na cidade de Porto Alegre. O
ensino da língua inglesa atraía jovens às aulas noturnas, pois esse idioma
começava a se tornar muito popular devido à invenção do cinema sono-
ro. E, no comércio, os que falavam e escreviam em inglês recebiam me-
lhores salários. Então, um grupo de professoras solteiras veio dos Estados
Unidos para ajudar no ensino do idioma. Uma delas, Adele Lain, do Texas,
organizou uma classe bíblica em inglês, que atraía os que desejavam pra-
ticar o idioma. E o Pr. Bagby teve a felicidade de ajudá-la a ganhar para
Cristo o jovem Harold Schaly, de descendência alemã, que, depois de
cursar a universidade e o seminário na outra América, voltou para servir
como pastor, escritor e teólogo no norte do Brasil.
Em 1936, o Dr. L. R. Scarbrough, que havia se hospedado na casa dos
missionários, escreveu: “A última coisa que vi o Pr. Bagby fazer no Rio
Grande do Sul foi conduzir uma jovem, aluna da escola batista, a confes-
sar publicamente a sua fé no Salvador. Era conquistador de almas...”

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Álbum
de Família
amãe, deixe-me ver o álbum de retratos! Gosto tanto de ver os
retratos de vovô e dos tios – disse o pequeno William Bagby
Harrison, neto do missionário pioneiro.
– Sua mãe está muito ocupada e não pode mostrá-lo a você
agora, filhinho – respondeu D. Helena.
– Deixe-me ver sozinho. Prometo que terei muito cuidado. Não deixa-
rei a maninha rasgar os retratos.
– Está bem. E você vai falar à maninha sobre cada retrato – disse a mãe
ao entregar-lhe o álbum de retratos que seus pais haviam colecionado
ao longo dos seus 84 anos de vida.
– Alicinha, este primeiro retrato é de vovô William Buck Bagby. Você e
eu nunca o vimos, porque ele morreu quando tinha 84 anos, aqui em
Porto Alegre, antes de nós nascermos. Ele ficou muito cansado, porque
pregava o tempo todo e não parava nem de dia nem de noite de ensinar
sobre Jesus. E esse retrato ao lado é o da vovó Ana. Ela esteve em nossa
casa no Recife, no Estado de Pernambuco, quando nós dois nascemos. Um
dia, ela quis voltar ao Rio Grande do Sul. Quando o avião subiu bem alto,
ela passou mal e Jesus a levou para o céu.
– Este é o retrato do tio Sidney e da tia Ermínia quando se casaram. Ago-
ra, o tio Sidney está sozinho na Argentina, porque a tia Ermínia morreu
uma semana depois de vovô. Ela veio visitar o vovô e ficou doente também.
Nunca mais voltou à Argentina, onde todos os nossos primos estão. A pri-
ma Anne Sowell é missionária lá. Ocupou o lugar de sua mãe, tia Ermínia.
– Este é o retrato do tio Taylor e da tia Frances, com sua família. Eles
são missionários no Mato Grosso, onde há poucos crentes. O tio Taylor
gosta de levar seu órgão portátil às praças públicas, onde toca e canta para
que o povo se aproxime dele. Depois, ele fala a todos de Jesus.
– Veja! A tia Alice e o tio Harley Smith! Que bom que eles são missioná-
rios aqui em Porto Alegre. Eu gostaria de saber falar como a tia Alice. Ela
leva tanta gente a aceitar Jesus...
– Este é o retrato do tio Wilson Bagby. Ele foi um herói! Certa vez, ele
estava numa praia de Santos com três amigos, num piquenique da EBD.
A canoa virou e um dos rapazes começou a se afogar. O tio Wilson tentou
salvá-lo, mas os dois morreram afogados.

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– Eu conheço este retrato!
– É claro que você conhece,
Alicinha. É o retrato da
mamãe. Nesse tempo, ela
ainda não conhecia o
papai. Ela se chamava
apenas Helena Bagby.
Era missionária e
diretora do Colégio
Batista em Porto
Alegre. Um dia, ela foi
assistir a uma
convenção em São
Paulo e conheceu o
papai. Foi o vovô William
quem os casou.
– Este aqui é o retrato do
tio Oliver. Cada vez que a
mamãe vê este retrato ela chora,
Durante toda sua vida, auxiliado
porque ele era estudante de
por D. Ana, o Pr. William trabalhou
Medicina na América do Norte e, para despertar o gigante Brasil de
um dia, desapareceu da pensão em um sono espiritual profundo.
que morava. Até hoje ninguém sabe
nada sobre ele.
– Ele morreu? – perguntou Alicinha.
– Ninguém sabe, porque nunca mais ninguém o viu. A vovó, até o fim
da sua vida, jamais perdeu a esperança de um dia encontrá-lo.
– E este último é o retrato do tio Alberto Bagby e da tia Thelma. Que
bom que eles também são missionários aqui em Porto Alegre. O tio
Alberto toca piano melhor que qualquer pessoa no mundo.
– Mas todos em nossa família são missionários? – quis saber ela.
– Sim, todos os filhos de vovô Bagby são missionários. Durante toda
sua vida ele quis despertar o gigante Brasil de um sono espiritual pro-
fundo. O gigante estava começando a acordar, quando o vovô ficou velho.
Então, ele pediu a todos os seus filhos que o ajudassem em sua tarefa.
Agora, eles estão fazendo tudo o que podem para acordar o gigante.
– Você e eu também vamos ajudar a despertar o gigante, William?
– Sim! Nós também temos que ajudar!

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Avaliação
Assinale com um X a resposta certa: 6. William casou-se com
1. William Buck Bagby nasceu ( ) a enfermeira Mary Luther.
( ) na Inglaterra. ( ) a professora Mary Luther.
( ) na Alemanha. ( ) a enfermeira Ana Luther.
( ) no Canadá. ( ) a professora Ana Luther.
( ) nos Estados Unidos. 7. O casal Bagby chegou ao Brasil pelo
2. Quando ainda era menino, William porto
começou a mostrar interesse por ( ) de Santos.
( ) Matemática. ( ) de Rio Grande.
( ) Ciências. ( ) do Rio de Janeiro.
( ) História e Geografia. ( ) do Recife.
( ) Artes e História. 8. Assim que chegou ao Brasil, o casal
3. Aos 12 anos de idade, William Bagby ficou hospedado
( ) começou a frequentar a escola. ( ) no palácio imperial.
( ) aceitou Jesus Cristo como seu Sal- ( ) na casa de uma patrícia sua.
vador e foi batizado. ( ) na casa do General Hawthore.
( ) viajou com seus pais para outro país. ( ) num hotel de luxo.
( ) acampou com seus amigos pela 9. Na cidade de Campinas, o Pr. Bagby
primeira vez. conheceu uma pessoa que viria a se
4. Depois de formado em Teologia, tornar um dos membros fundadores da
William passou a Primeira Igreja Batista Brasileira. Quem
( ) dirigir uma escola e a pastorear foi essa pessoa?
uma pequena igreja. ( ) O ex-padre Antônio Teixeira de
( ) viajar pelo seu país como missio- Albuquerque.
nário itinerante. ( ) O Dr. Carrol.
( ) lecionar na Universidade de Baylor. ( ) O Dr. Rufus C. Burleson.
( ) trabalhar na Junta de Missões ( ) O Dr. Barbosa Lima.
Mundiais dos batistas do seu país. 10. No dia 13 de fevereiro de 1882,
5. O General Hawthore convidou o Pas- chegou ao Brasil o segundo casal de
tor William Bagby para missionários batistas. Foi o casal
( ) alistar-se no exército. ( ) Sowell.
( ) ser diretor de um colégio militar. ( ) Ginsburg.
( ) ser capelão de um hospital. ( ) Entzminger.
( ) ser missionário no Brasil. ( ) Taylor.

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11. Os missionários iniciaram a evan- 16. Depois de uma experiência vivida
gelização dos brasileiros no alto dos Andes, Babgy
( ) pelo Estado do Rio de Janeiro. ( ) mudou-se para a Argentina.
( ) pelo Estado de São Paulo. ( ) pastoreou uma igreja no Chile.
( ) por Pernambuco. ( ) dedicou-se ainda mais à tarefa de
( ) pela Bahia. acordar espiritualmente o Brasil.
( ) chegou à conclusão de que deve-
12. Em que cidade foi organizada a se-
ria se aposentar.
gunda igreja batista no Brasil?
( ) São Paulo. 17. Embora idosos, a convite de sua fi-
lha Alice, o casal Bagby aceitou o desafio
( ) Rio de Janeiro.
de cooperar com a obra missionária
( ) Salvador.
( ) em Santos.
( ) Porto Alegre.
( ) em Buenos Aires.
13. Que acontecimentos da História do ( ) em Porto Alegre.
Brasil o casal Bagby viu de perto? ( ) no Recife.
( ) A Inconfidência Mineira e a Inde-
18. Em 1936, o Dr. L. R. Scarbrough, que
pendência do Brasil.
havia se hospedado na casa dos missioná-
( ) A Independência do Brasil e a Abo- rios, referiu-se ao Pr. Bagby como sendo
lição da Escravatura. ( ) um conquistador de almas.
( ) A Independência do Brasil e a Pro- ( ) um grande orador.
clamação da República. ( ) um brilhante educador.
( ) A Abolição da Escravatura e a Pro- ( ) um pai dedicado.
clamação da República.
19. Todos os filhos do Pr. Bagby foram
14. No extremo norte do Brasil, um ven- ( ) professores.
dedor de Bíblia foi consagrado ao minis-
( ) missionários.
tério e ganhou muitas vidas para Cristo.
( ) médicos.
Como se chamava ele?
( ) advogados.
( ) Salomão Ginsburg.
( ) Tomaz Costa. 20. Por toda a sua vida, nunca se apagou
da mente de Bagby a impressão de que
( ) Eurico Nelson.
( ) Francisco Fulgêncio Soren. ( ) o Brasil era um gigante que preci-
sava acordar espiritualmente.
15. Em São Paulo, como meio de evan- ( ) o Brasil era um gigante que preci-
gelização, o casal Bagby sava ser vencido.
( ) fundou um colégio batista. ( ) o Brasil era um gigante que preci-
( ) dedicou-se à capelania hospitalar. sava vencer politicamente.
( ) passou a dar aulas de inglês. ( ) o Brasil era um gigante que preci-
( ) abriu um ambulatório. sava ser explorado.

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