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GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

A
Leia o texto.

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,


Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer −
5 Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fá tuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.


Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
10 (Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Valete, Fratres.

Fernando Pessoa, Mensagem (ed. Fernando Cabral Martins),


Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 91.

1. Caracterize Portugal de acordo com o conteúdo do poema, fundamentando com citações textuais
pertinentes.
O país encontra-se numa crise de identidade e de fragmentação (“tudo é disperso, nada é inteiro”), num estado de
desalento e de indefinição, onde a ausência de sentido e de força anímica imperam (“ninguém sabe que coisa
quer”). Destacam-se as ausências de brilho e de alma (“fulgor baço”, “brilho sem luz”) capazes de o “rejuvenescer”.

2. Descodifique a simbologia do título, relacionando-o com o conteúdo do poema.


O título remete para um estado de falta de clareza e indefinição. O conteúdo do poema, além de desenvolver esta
ideia, enuncia as razões pelas quais o estado de Portugal pode ser considerado “nebuloso”: falta de vontade e de ânimo
dos seus habitantes.

3. Explicite a funcionalidade do último verso.


Atendendo ao caráter exortativo, tratar-se-á de um apelo e de um incentivo à ação. Perante a constatação do estado de
“tristeza” em que Portugal se encontra, o sujeito poético exorta à ação, pois é chegada a hora de os portugueses
despertarem e transformarem o “fulgor baço” em brilho claro.

GRUPO I

Responda às questões. Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
A importância estratégica do mar para Portugal
Portugal confronta-se hoje com uma conjuntura internacional marcada por dois fatores
principais: a globalizaçã o e o aprofundamento da integraçã o europeia, inevitá vel com o
alargamento da Uniã o aos países do Leste da Europa.
A globalizaçã o, um fenó meno evolutivo, vem exigindo uma abertura cada vez maior da nossa
economia, e significa mais concorrência externa e mais homogeneidade cultural dos países e regiõ es
do mundo. O aprofundamento da Uniã o Europeia e o seu crescimento para as á reas interiores do
continente europeu acaba por traduzir-se numa versã o à escala regional (europeia) e muito mais
acelerada da globalizaçã o, pelo menos, na medida em que também significa mais concorrência
externa e que, até certo ponto, implicará maior uniformidade cultural na Europa.
Geograficamente o nosso país torna-se ainda mais periférico face a um epicentro europeu mais
longínquo e desviado para Leste.
Esta posiçã o periférica, física mas também psicoló gica, é incontorná vel e acarreta custos
políticos e econó micos. Por isso, o presente acentuar do “síndroma” deveria despertar-nos e levar-
-nos a repensar o posicionamento de Portugal no sentido, nã o de perspetivarmos uma via de
sentido ú nico que desagua sempre no centro do continente europeu, muitas montanhas e rios
depois, mas no sentido de analisar o posicionamento geoestratégico nacional no seu todo – e logo
incluindo o oceano que nos rodeia – para dele procurar beneficiar.
Na ló gica de procurarmos beneficiar da localizaçã o geográ fica nacional, torna-se necessá rio
redescobrir um país que é uma parcela da costa ocidental atlâ ntica da Europa, que é um país quase
arquipelá gico, projetado sobre o oceano, e que é um país de fronteira entre três continentes:
Europa, Á frica e América.
Para além desse “reposicionamento”, é também expectá vel que o desenvolvimento do país passe
por investir em á reas de especializaçã o que deem resposta à competitividade acrescida no quadro
global em geral e no quadro europeu em particular.
Finalmente, face à referida envolvente internacional atual, é ainda apropriado encontrar
mecanismos de reforço de uma imagem nacional, aqui entendida simultaneamente como “marca”
distintiva do país no exterior, mas também como perceçã o que os portugueses têm de si pró prios
enquanto país e naçã o. Se o país nã o interiorizar e nã o conseguir projetar uma marca distintiva,
tornar-se-á inevitavelmente cada vez menos relevante no panorama internacional.

Tiago de Pitta e Cunha, A importâ ncia estratégica do mar para Portugal, in Naçã o e Devesa –
Portugal e o Mar,
revista do Instituto Nacional de Defesa, nº 108, verã o de 2004, p. 43 (com supressõ es).

1. Atualmente colocam-se ao nosso país desafios que implicam


(A) a consciência da necessidade de interagir quer a nível mundial quer a nível europeu.
(B) o reconhecimento das vias marítimas como elo entre a Europa e o resto do mundo.
(C) o desenvolvimento da sua intervenção junto dos países de Leste.
(D) a promoção da autossuficiência em termos económicos.

2. O autor do texto aponta como caminho possível


(A) a seleção da Europa como único parceiro de desenvolvimento.
(B) a redescoberta do mar como ligação ao velho continente.
(C) a consciência da localização geográfica do país como fronteira com três continentes.
(D) os contactos urgentes com os países de Leste.

3. O desenvolvimento do país pode ainda centrar-se


(A) na construção de uma imagem de marca.
(B) na redefinição da nossa situação na Europa.
(C) na comercialização de produtos genuinamente portugueses.
(D) na consolidação de meios que promovam a competitividade e a imagem nacional.
4. A forma verbal “torna-se” (l. 10) pertence a um verbo
(A) copulativo.
(B) transitivo indireto.
(C) transitivo predicativo.
(D) intransitivo.

5. A função sintática do pronome em “despertar-nos” (l. 13) é


(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) complemento indireto.
(D) complemento oblíquo.

6. O processo de formação do termo “geoestratégico” (l. 16) decorre da


(A) derivação não afixal.
(B) conversão.
(C) composição morfológica.
(D) composição morfossintática.

7. O segmento “que nos rodeia” (l. 17) integra uma oração subordinada
(A) adverbial concessiva.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) adjetiva relativa explicativa.
(D) adverbial consecutiva.

8. Justifique o emprego dos dois pontos na linha 2.

9. Indique a classe/subclasse do constituinte sublinhado em “é também expectável que o


desenvolvimento do país passe por investir em áreas de especialização” (ll. 22-23).

Grupo III

Escreva um texto expositivo, entre 170 e 200 palavras, no qual apresente as características
geográficas,
culturais e turísticas da nação portuguesa

Soluções
1. (A); 2. (C); 3. (D); 4. (A); 5. (B); 6. (C), 7. (B)
8. Introduz uma sequência enumerativa.
10. Conjunção subordinativa completiva.
S

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