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“loucura”

Vlademir José Luft1

Depois de mais de duas décadas no meio acadêmico - iniciamos em 1981 - seja como
alunos, como professores, como pesquisadores ou como administradores, nas quais estivemos
envolvidos, sempre, com as dificuldades impostas pela política, resolvemos criar algo que
possa ser independente e alternativo, mesmo que seja apenas no nível filosófico.
Não estamos falando da política científica, mas da política dos governantes, que
determinam prioridades, para marcar sua passagem pelo cargo, seja a nível federal, estadual
ou municipal. Em geral estas prioridades são de caráter demagógico e beneficiam a elite
dominante do sistema. A política científica deveria possuir um papel importante nestas três
esferas de governo, uma vez que em cada uma delas, existem papéis a serem cumpridos.
Como, em nosso entender, este papel não esta sendo, nem mesmo, considerado, optamos por
criar, junto a colegas e amigos, idealistas como nós, e as comunidades envolvidas por nosso
trabalho, estratégias que possam propiciar algum tipo de perspectiva que satisfaça, mesmo
que a nível filosófico, os seus, e/ou os nossos, anseios.
É assim que em 1992, mesmo contrariando um saudoso amigo, iniciamos uma
empreitada que se tornou, alguns anos mais tarde, motivo para um grupo de pesquisadores,
que também se tornaram amigos, estarem reunidos. Mas a política dos governantes nos
separou. Primeiro foi pela política educacional, ou universitária, que torna a formação
profissional um produto de quitanda. Depois foi pela política social, que nos obriga a
trabalhar muito, produzindo muito pouco, para podermos manter alguns poucos ideais, entre
eles a família. Finalmente foi pela política, para os resistentes, da separação. Oferecendo
cargos e funções bem longe. Retirando de suas relações os que têm, ainda, algum tipo de
relação. Neste ponto invejo meu saudoso amigo, ele foi vencido, mas resistiu até o fim. “Não
vendeu sua alma ao diabo”.
Inspirados nele, também estamos resistindo. Retiramo-nos algumas vezes. Mas para
nos reagrupar. Foi assim que em 1990, criamos o CREP - Centro Regional de Ensino e
Pesquisa Pálmyos Paixão Carneiro. Outro lutador incansável. Também foi vencido, mas lutou
até o fim. “Não vendeu sua alma ao diabo”. O CREP é neste momento um sonho. Foi no
momento de sua criação uma loucura. Mas é no sonho, ou no idealismo, que está, ao modo de
meu saudoso amigo e do Dr. Pálmyos, nossa fortaleza. Resistiremos até o fim. “Não
venderemos nossa alma ao diabo”. Hoje, nesta mesma direção, propomos mais uma
“loucura”, a de propormos a este periódico semanal, a edição de uma crônica que possa
refletir nossa forma de pensar e de agir, como no CREP, em áreas como a Antropologia, a
Arqueologia, a História, a Sociologia, as Ciências do Ambiente, a Educação, a Arquitetura e o
Patrimônio.
Neste sentido, será importante o retorno dos leitores em relação às nossas colocações,
intenções e propósitos. Além do endereço eletrônico do jornal (vozrb@konet.com.br),
também estará a sua disposição o endereço eletrônico do CREP (crep.rlk@terra.com.br).
Até breve. Um abraço amigo. E obrigado por estar conosco.

1 - Vlademir José Luft é Bacharel em Arqueologia, Mestre em História do Brasil, Doutor em História Social, Coordenador e Pesquisador do Programa Arqueológico Puri-Coroado, Diretor do Centro Regional de Ensino e
Pesquisa Palmyos Paixão Carneiro e Professor do Curso de História do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos.

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