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AULA 01
Planejamento
Conteúdo
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA;
INÍCIO DO CONTEÚDO.
Pré-aula
INTRODUÇÃO
O Direito de Empresa cuida da atividade econômica organizada presente no cotidiano
das pessoas, uma vez que, se todos somos consumidores, conforme discurso célebre do
então presidente norte-americano John Kennedy, inegável que existem outros que se
lançam à produção, à distribuição e à comercialização do que consumimos.
Na verdade, há interdependência entre consumidores e fornecedores, não se podendo
deixar de destacar que a atividade empresarial não se restringe aos interesses imediatos
e particularizados de consumidores e fornecedores, mas, em torno de tal atividade,
como fato jurídico relevante, atividade dinâmica, perene e necessária, pais e mães de
família se sustentam, tributos são auferidos, a livre-concorrência se estabelece, os
negócios entre empresários incrementam-se, os produtos tornam-se cada vez mais
eficientes e duráveis, a oferta aproxima-se da demanda, reduzindo a escassez, e
negócios jurídicos se concluem no mundo real e virtual, propiciando, por meio de uma
rede de interesses sobrepostos, trabalho, emprego, renda e cidadania.
Melhor, então, será identificar a empresa como fato jurídico relevante, direito difuso,
constitucionalmente protegido, nos termos do art. 170 da Constituição Federal (CF).
AULA
DO SURGIMENTO DO COMÉRCIO
O comércio, como atividade econômica, surgiu muito antes da criação das primeiras
normas de direito comercial.
Os fenícios desenvolveram apuradas técnicas de navegação, o que os levou a fazer do
comércio marítimo sua principal atividade econômica. Entretanto, embora essa
civilização tenha sido a primeira a fazer uso do alfabeto, tendo sido encontrados pelos
pesquisadores muitos registros, as evidências mostram que não havia leis específicas
para as práticas comerciais.
A doutrina aponta três fases evolutivas, cada qual com seu sistema teórico-normativo
bem definido:
• 1a fase: Subjetiva – do Séc. XII ao séc. XVIII;
• 2ª fase: Objetiva – do Séc. XVIII ao séc. XX;
• 3ª fase: Subjetiva moderna - do séc. XX até dias atuais.
Fase Subjetiva
Esse período, que vai do séc. XII ao sec. XVIII, marca o surgimento do Direito Comercial,
como um sistema normativo próprio, (ius mercatorum), aplicável apenas aos membros
das Corporações de Ofício. Aos que não se enquadravam na categoria de comerciante
se aplicavam as normas gerais, ditadas pelo Direito Canônico.
Os usos e costumes foram, sem dúvida, a principal fonte do Direito Comercial nessa
primeira fase.
Fase Objetiva
No Séc. XVIII, quando os Estados Nacionais Monárquicos chamaram para si o monopólio
da jurisdição, os Tribunais de Comércio perderam seu caráter corporativo, passando a
ser atribuição do Estado a solução dos conflitos.
A era de Napoleão Bonaparte foi marcada pela criação de importantes leis, dentre elas
o Código Civil Francês de 1804 e o Código Comercial Francês de 1808, que adotou a
teoria dos atos de comércio, que ganhou essa denominação porque definia a aplicação
do direito comercial em função do objeto da relação jurídica - o ato de comércio.
Quase todos os Códigos Comerciais editados no século XIX, dentre eles o Código
Comercial brasileiro de 1850, adotaram a teoria dos atos de comércio.
Fase Subjetiva Moderna
O Código Civil italiano de 1942 adotou a teoria da empresa que, mais abrangente que a
anterior, conseguiu dar o adequado tratamento jurídico às atividades que e não se
enquadravam no conceito de ato de comércio.
Essa fase é denominada subjetiva moderna porque define a aplicabilidade da normas
em função do sujeito da atividade econômica organizada (não importando a natureza
dessa atividade): O empresário
A grande importância do Código Civil italiano e da adoção da teoria da empresa foi fazer
com que o direito comercial deixasse de ser visto como o direito dos comerciantes, como
ocorria no período subjetivo das Corporações de Ofício, ou o direito dos atos de
comércio, como era visto no período objetivo do Código Napoleônico, para ser o direito
da empresa, bem mais abrangente.
A Teoria da Empresa
O jurista italiano Alberto Asquini, após estudar o Código Italiano de 1942, publicou um
estudo denominado “Perfis da empresa”, no qual analisa a empresa como um negócio
econômico que surge da organização dos fatores de produção.
Ao transportar esse fenômeno econômico para o mundo jurídico, Asquini observa que
a empresa pode se apresentar em quatro perfis. Por essa razão, sua teoria ficou
conhecida como “teoria poliédrica” (o termo poliedro vem do latim poli (muitos) + edro
(face) = muitas faces).
1 - Perfil Objetivo
Sob esse ponto de vista, a empresa é patrimônio e, por isso, é também conhecido como
perfil patrimonial. Neste sentido, ouvimos as pessoas falarem: “a empresa está
pegando fogo!” ou “a empresa está fechada”.
O que Asquini chamou de perfil objetivo da empresa corresponde, no atual direito
empresarial brasileiro ao estabelecimento, na definição do art. 1.142 do Código Civil:
2 - Perfil Subjetivo
Nesse sentido, empresa é o sujeito dotado de capacidade de adquirir direitos e
contrair obrigações. Podemos ver um exemplo do emprego do perfil subjetivo quando
alguém fala que “a empresa faliu”.
O que Asquini denominou perfil subjetivo da empresa corresponde, no direito
empresarial brasileiro atual, ao conceito de empresário, definido no art. 966 do Código
Civil Brasileiro.
3 - Perfil Funcional ou Dinâmico
Por esse perfil a empresa se confunde com a atividade econômica que objetiva o lucro,
a que Asquini denominava “força em movimento (...) dirigida para um determinado
escopo produtivo”.
Para atingir o fim lucrativo, é necessária a organização de diversos fatores de produção
ou circulação (capital, trabalho, matéria prima e tecnologia) que indicam o perfil
dinâmico da empresa.
Na linguagem do dia-a-dia, percebe-se o emprego do perfil funcional ou dinâmico
quando alguém diz que “a sociedade optou por continuar a empresa”. Assim, a empresa
é vista como a atividade econômica.
4 - Perfil Corporativo
Sob esse ponto de vista a empresa é entendida como uma espécie de família, formada
pelo empresário, empregados e colaboradores, todos trabalhando para o atingimento
do objetivo comum, que é o resultado útil e produtivo.
Pela teoria de Asquini, “o empresário e os seus colaboradores dirigentes, funcionários,
operários, não são de fato, simplesmente, uma pluralidade de pessoas ligadas entre si
por uma soma de relações individuais de trabalho, com fim individual, mas formam um
núcleo social organizado, em função de um fim econômico comum, no qual se fundem
os fins individuais do empresário e dos singulares colaboradores: a obtenção do melhor
resultado econômico na produção”.
Alguns autores alertam para o fato de o perfil corporativo estar ultrapassado, por se
identificar com a ideologia fascista, que predominava na Itália, em 1943.
Como é sabido, com a vigência do Código Civil de 2002, revogou-se a primeira parte do
Código Comercial de 1850 (a maior e principal parte). A partir disso, o Direito
Empresarial deixou de ter como fonte principal o Código Comercial, passando a ser
regulado pelo Código Civil.
• Princípio da Livre-iniciativa
Trata-se de um princípio fundamental previsto pela Constituição da República de 1988,
no art. 1º, inc. IV, dotado de eficácia positiva e negativa, como toda norma
constitucional.
Referido princípio é considerado fundamento da ordem econômica, conferindo à
iniciativa privada o papel de protagonista na produção ou circulação de bens e serviços.
Não reduz seu alcance apenas às empresas, senão também às indústrias e aos contratos
em geral.
• Princípio da Livre-concorrência
O princípio da livre-concorrência, introduzido na ordem constitucional pela carta de
1988, preceitua que todos podem livremente concorrer, com lealdade, no mercado,
visando à produção, à circulação e ao consumo de bens e serviços.
Visa a impedir que o poder econômico domine o mercado, que a avalanche capitalista,
impulsionada pelo lucro, concentre o poder econômico de maneira antissocial e, pois,
abusiva. Com efeito, esse princípio ultima por exigir do Estado uma atitude proativa no
mercado para coibir excessos por meio de tratamento desigual aos desiguais, na medida
em que se desigualam, porquanto um tratamento uniforme, por exemplo, a empresas
de grande e de pequeno porte, ocasionará concorrência desleal.
DO EMPRESÁRIO
O empresário caracteriza-se como o empreendedor que, individualmente, predispõe-se
a exercer a atividade empresarial. O risco de tal escolha se apresentará patente em caso
de insucesso do empreendimento, hipótese em que o patrimônio particular do
empreendedor também responderá pelo passivo a descoberto da atividade empresarial.
Em outras palavras, em relação aos credores do empreendimento, o empresário não
poderá invocar o princípio da separação patrimonial.
O regime jurídico do empresário foi estabelecido no Código Civil entre seus arts. 966-
980.
Pós-aula
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA DISCIPLINA:
23/02/2022 - AULA 02 – DA EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA E
DAS SOCIEDADES