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FGGResumo do Livro Leviatã, de Thomas

Hobbes, em PDF
Tereza Leite | Postado em 29/07/2019

8 min de leitura   

Como seria a vida se não houvesse governo para controlar o egoísmo e os impulsos
violentos das pessoas? Se não houvesse polícia, sem tribunais, sem leis? Qual é a razão
pela qual temos governo? Essas foram as questões levantadas pelo filósofo político
inglês, do século 17, Thomas Hobbes, em seu livro Leviatã (Leviatã era um monstro
marinho da Bíblia.) 
Thomas Hobbes experimentou pessoalmente as respostas às perguntas que ele levantou,
durante a guerra civil inglesa, em 1600. Naquela época, a autoridade governamental
havia quebrado e o país foi devastado por exércitos opostos: as forças do rei contra os
levantados pelo Parlamento. 

A “lei da selva” reinou. Assim, força e violência estavam em toda parte. Tais situações
existem hoje, em países como a Síria.

Thomas Hobbes estava tentando entender as origens do poder governamental. Antes de


existir governo, as pessoas viviam no que ele chamava de “estado de natureza”, onde
todos eram livres para fazer o que quisessem. 

Mas porque os humanos são egoístas por natureza e buscam poder sobre os outros, isso
se tornou um “estado de guerra”. Ou seja, a guerra de todos contra todos. 

Felizmente, os humanos também são racionais e, acima de tudo, buscam a


autopreservação. Portanto, todos consentiram em entregar toda a sua liberdade a um
governo, em troca de segurança. 

Assim, o governo é criado para fornecer segurança e acabar com o estado de guerra na
sociedade.

Você quer saber mais sobre esse clássico da Filosofia e da política? Então, continue
lendo o resumo do livro Leviatã aqui ou baixe o PDF, ao lado. Vamos lá!

Conhecimento e percepção
Os nossos sentimentos e, consequentemente, as impressões que temos a partir da nossa
percepção é o único jeito de experimentar nosso ambiente, garante o livro Leviatã. Mas
as impressões somente ocorrem sobre coisas fisicamente presentes, por exemplo,
quando você está debaixo de uma árvore e cai uma maçã na sua cabeça. Isso pode gerar
uma forte impressão da situação.
Thomas Hobbes afirma que mesmo quando a primeira impressão desaparece,
conseguimos reter a ideia contida nela. Assim, se uma segunda pedra vem caindo em
nossa direção, tentamos evitá-la. Dessa maneira, nós desenvolvemos, de forma gradual,
um entendimento sobre nosso mundo e as conexões presentes nele.

Um instrumento importante para organizar e explicar esses contextos é a linguagem e o


livro Leviatã alerta para usá-las de maneira lógica. Isso porque, com a ajuda de uma
linguagem lógica, somos capazes de reconhecer as consequências lógicas e suas
conexões. “A maçã me atingiu e machucou, porque era dura”. 

Finalmente, não podemos apenas prever o que vai acontecer, mas também podemos
começar a desenvolver certas atitudes para alcançar um resultado desejado; como nos
mantermos longe de macieiras.

O que determina nossas atitudes?


Lutar por poder é a motivação básica de todas as pessoas. Objetivos reconhecidos como
“fazer o bem” ou “cuidar do próximo” são apenas pretextos para encobrir nosso desejo
natural pelo poder, afirma o livro Leviatã.

Segundo Thomas Hobbes, poder é a nossa habilidade de alcançar aquilo que queremos.
Mas existem dois tipos de poder: 

 O nosso poder natural, por exemplo, somos mais fortes que alguma outra
pessoa. 
 O poder instrumental, como dinheiro ou amigos influentes, que nos ajudam a
alcançar nossos objetivos.

No entanto, na luta pelo poder, entrou em campo também o medo. E ele surge como
uma característica básica, ou seja, temos medo de perder, de ter menos poder e de
morrer.

Então, o poder e o medo determinam as atitudes de todas as pessoas em seus estados


naturais. 

O papel do Leviatã para o Estado


O livro Leviatã defende que os seres humanos não conseguem viver unidos e em
harmonia. Eles estão sempre competindo uns com os outros pelo poder. Essa
competição é um dos grandes incentivos para as guerras no mundo.

Thomas Hobbes explica que pelo fato de o ser humano ser racional, algumas pessoas
acreditam ser mais inteligentes que outras. Além disso, elas sentem-se capazes de
exercer o governo. Esses sentimentos podem gerar rebeliões, revoltas e tentativas de se
tomar esses governos. 

Sem a ordem proporcionada pelo contrato social, a sociedade vive com medo. O livro
Leviatã conduz os homens a enxergarem a relação entre a proteção e a obediência. Sem
um governante forte que faça valer as leis, a natureza do ser humano tem a tendência de
viver de maneira anárquica.

O poder do contrato social 


Thomas Hobbes compara uma sociedade em funcionamento com uma casa: se
queremos construir uma casa com tijolos pequenos e outros grandes, logo todos estarão
desalinhados e irão desmoronar. 

Com a sociedade funciona da mesma maneira: para que permaneça estável, todos os
cidadãos precisam aderir às mesmas leis e regras. Do contrário, a sociedade não pode
sobreviver por muito tempo.

Um líder forte e poderoso, segundo o livro Leviatã


Para que o contrato de uma sociedade funcione, os cidadãos não podem abolir seus
direitos, mas devem transferi-los para alguém que garanta o bom uso deles: o Leviatã.

Thomas Hobbes escolhe esse nome por sua soberania, seguindo os passos do monstro
bíblico Leviatã. Essa criatura era tão forte e poderosa que nenhum homem tinha chance
contra ela. E ele imagina o líder da sociedade como alguém forte e poderoso o suficiente
para ser capaz de manter o contrato social.

Enquanto os cidadãos representam o corpo, o Leviatã representa a cabeça. Seus


ministros e conselheiros representam os braços e pernas, o exército representa a força do
corpo. Com essa imagem, fica claro que só existe um Leviatã – porque homens com
duas cabeças estão condenados. A tarefa mais importante de sociedade é proteger o
Leviatã e preservar seu poder. Essa é a única maneira de prevenir que a anarquia se
reinstale. 
Enfim, é imprescindível que o Leviatã seja forte e tenha poderes, com os seus direitos
definidos pela Constituição.

A monarquia é a melhor forma de sociedade


Thomas Hobbes observou diferentes formas já conhecidas de governo e estudou como
elas se sairiam em sua teoria do contrato.

De maneira surpreendente, Hobbes conclui que a monarquia é a melhor forma de


sociedade, com diversos argumentos, por exemplo:

 um governante único pode tomar decisões melhores e mais rápidas, porque não
precisa discutir tudo com outras pessoas. Assim, suas políticas serão mais
consistentes, fornecendo uma segurança e continuidade maior aos cidadãos;
 a sucessão é regulada sem ambiguidades. Quando um governante morre ou deixa
o governo, oferece um grande perigo para a sociedade. Mas se existem diversos
possíveis sucessores, um conflito armado pode acontecer, causando caos e
anarquia no país. Portanto, é melhor que a monarquia determine um sucessor
claro, garantindo a segurança de seus súditos;
 a autoridade do monarca foi recebida somente por Deus, e ele só deve prestar
contas para Deus. O governante passa a ser visto, assim, como um deus humano,
que deve ser reverenciado ao manter a paz e defender seu reino;

O poder desse soberano é único e mais alto do que de qualquer um no Estado. Por isso,
nenhuma lei deve limitar ou controlar esse poder e autoridade, dando ao governante o
controle sobre todas as suas ações, sem reservas.

O Leviatã deve impor suas leis


Ninguém vai se comprometer com um tratado que restringe seus direitos. Portanto, um
bom sistema utiliza uma das motivações mais originais: o medo da violência, afirma o
livro Leviatã. Segundo o autor, só o tratado de violência previne que as pessoas violem
umas às outras. Mas a natureza do homem não permite outra solução além dessa.

Entretanto, sozinho o Leviatã não pode punir todos os vilões. Assim, a saída é delegar a
permissão para distribuir punições. No entanto, é muito importante que essas punições
venham diretamente dele – elas só serão executadas por outras pessoas. 
Os executores das leis (policiais, soldados ou juízes) são supervisionados por seus
superiores. O Leviatã sempre estará no nível mais alto da cadeia. Ele é responsável
pelas punições e garante que as leis sejam seguidas.

O contrato social e a liberdade


A vida em um estado natural é solitária, pobre, feia e curta. Graças ao medo constante
da violência, não há mais nenhuma conversa sobre liberdade, porque nossas opções são
restritas.

Apenas com um contrato social podemos ter a liberdade para fazer o que queremos.
Porque, assim, somos protegidos da violência e do medo, afirma o livro Leviatã.

O livro Leviatã contradiz, então, as ideias de Aristóteles de que apenas a democracia


traz a verdadeira liberdade aos homens. Segundo Thomas Hobbes, os povos antigos e
democráticos de Atenas e de Roma enfrentaram períodos curtos de segurança e paz, mas
logo ambos foram dissolvidos: houve conflitos, enfrentamentos e, finalmente, um
estado de natureza anárquica.

Portanto, pode parecer que a democracia traz liberdade, mas esse estado só acontece em
curto prazo. De acordo com Thomas Hobbes, em longo prazo, qualquer sociedade com
uma monarquia estável é melhor.

O Leviatã, o Estado e a Igreja


O Estado e a Igreja eram dois sistemas, ambos interferindo nas vidas dos cidadãos e
definindo regras diferentes. Eles possuíam suas próprias leis, cortes e a possibilidade de
punições para os cidadãos. Thomas Hobbes, viu aí o perigo do surgimento de uma
guerra civil.

Como a monarquia e a Igreja perseguiam objetivos diferentes, ambas, provavelmente,


em algum momento, levariam esses conflitos para o campo de batalha. As partes e seus
apoiadores acreditavam estar certos, e a ideia das regras bem definidas no contrato
social desapareceriam. 

Thomas Hobbes, defendia então que o Leviatã não devia ser apenas a cabeça do Estado,
mas também da Igreja, fornecendo segurança.

Nem mesmo Deus teria permissão para limitar o poder do Leviatã. No século 17, essa
era uma afirmação perigosa. 

O governante e a censura
No livro Leviatã, Thomas Hobbes descreve como deve ser o relacionamento do
soberano com doutrinas e opiniões diferentes. Segundo ele, o Leviatã deve julgar quais
delas podem ser prejudiciais para o seu governo. E para manter a paz e a obediência, as
ideias perigosas e que possam gerar rebeliões devem ser censuradas.

Para Hobbes, o controle às opiniões radicais é mais importante do que a garantia da


liberdade de expressão, uma vez que elas podem ter grande força e causar desarmonias
no governo. 

Portanto, o controle e a supressão da opinião pública funcionam como ferramentas de


controle do comportamento dos súditos.
Devemos confiar apenas em nossas mentes e nas
regras que surgem delas
Thomas Hobbes chegou perto de ser queimado na fogueira. No entanto, para escapar
desse “castigo”, ele declarou a existência de Deus, afirmando apenas que Ele criou o
mundo e, quando o mundo acabar, seu reino retornará. E parou aí.

De acordo com o autor do livro Leviatã, a religião e grande parte da Filosofia foram
baseadas em definições e categorias incompreendidas. Por isso, afirma, suas regras não
deveriam ser obrigatórias para as pessoas.

Ou seja, para Thomas Hobbes, as leis do Estado eram obrigatórias; as regras da Igreja
deveriam ser suspensas. 

Nós experimentamos o mundo por meio de nossos sentidos e só podemos ser guiados a
partir deles.  Não existem poderes de pensamento interferindo em nós. Esses poderes
são como ideias estranhas, criadas por alguém que não confia em seus próprios sentidos,
ou que não compreende suas impressões, relata o autor em seu livro Leviatã.

Continue aprendendo
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Sapiens – Yuval Noah Harari


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pontos centrais da nossa evolução, para onde ela nos levará e o que nos tornaremos.

Yuval Noah Harari sabe do que está falando. Ele é um professor de História israelense,
que levou para casa, duas vezes, o Prêmio Polonsky por Criatividade e Originalidade
(2009 e 2012). Ganhou também o prêmio Monado de História Militar para a Sociedade
(2011) e foi eleito para a Academia Jovem Israelita de Ciências (2012). Sapiens está
entre os livros selecionados por Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, para seu
Clube do Livro online.

FILOSOFIAREVISTA 174

Entendendo o Leviatã
Em 1 de julho de 2018 - às 00:00
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Resumo: O presente trabalho aborda acerca dos Capítulos XVII e XXVI da obra
“Leviatã”, escrita por Thomas Hobbes (5 de abril de 1588 – 4 de dezembro de
1679) durante a Guerra Civil Inglesa (1642-1649) e publicada no ano de 1651. A
escolha de abordar sobre os citados capítulos, de forma sucinta, se dá em
razão de sua relevância para o mundo jurídico e social, uma vez que Hobbes
defende um contrato social e um governo soberano, ao entender que a função
primeira do Estado é a de promover a segurança. Para tanto, faz-se uma leitura
atenta sobre o texto, sintetizando suas principais ideias. Conclui-se que o
absolutismo defendido por Hobbes, não deriva de uma lei divina, mas de um
pacto firmado entre os indivíduos para transferirem sua liberdade ao soberano
e que em caso de algum concorrente a esse poder do Estado, voltar-se-ia ao
Estado de natureza.

Palavras-chave: Hobbes. Leviatã. Estado.

Abstract: The present work deals with Chapters XVII and XXVI of the book
"Leviathan", written by Thomas Hobbes (April 5, 1588 – December 4, 1679)
during the English Civil War (1642-1649) and published in the year 1651. The
choice to address the aforementioned chapters succinctly is due to their
relevance to the legal and social world, since Hobbes defends a social contract
and a sovereign government, in understanding that the first function of the
State is to promote safety. To do so, a careful reading of the text is made,
summarizing its main ideas. It is concluded that the absolutism defended by
Hobbes does not derive from a divine law, but from a pact signed between the
individuals to transfer their freedom to the sovereign and that in case of some
competitor to this power of the State, would turn to the State of nature.

Keywords: Hobbes. Leviathan. State.

Sumário: 1 Introdução. 2 Entendendo o “Leviatã”. 3 Considerações Finais.


Referências.

1 Introdução

O presente trabalho visa trazer à luz compreensões gerais acerca dos escritos
de Thomas Hobbes em “Leviatã”, especialmente quanto aos capítulos XVII e
XXVI que trazem grande impacto ao abordar acerca das causas, geração e
definição de um Estado e, por conseguinte, sobre as leis civis. Para tanto,
pretende-se sintetizar as principais ideias do texto, contribuindo para fomentar
a leitura da obra.

2 Entendendo o “Leviatã”

Em Hobbes encontramos uma concepção de natureza humana que sustenta a


ideia de que a função primeira do Estado é a de promover a segurança. Para ele,
no Estado de natureza, os indivíduos seriam maus, roubando e espoliando uns
aos outros, ao que seria legítimo, para garantir sua própria vida[1], a criação de
um Estado de sociedade. Segundo Hobbes, não é a união de um pequeno
número de pessoas que é capaz de oferecer segurança, nem mesmo uma
multidão, pois cada indivíduo pode agir conforme seus instintos individuais,
divergindo de opinião. Dessa forma, seria necessária a obediência civil, aos que
os indivíduos deveriam conferir toda a sua força e poder a um único homem, o
soberano; verdadeiramente, ao monarca absolutista. O que se observa é que a
adoção de um monarca absolutista tem como objetivo um governo sem
questionamentos ou conflitos.

A pergunta que se pode fazer é: porque os indivíduos se submeteriam


voluntariamente a restrição de sua própria natureza? Para Hobbes, os
indivíduos entenderiam que seriam incapazes de, por si mesmos, pôr fim ao
medo e a insegurança que viviam. Esse medo e insegurança derivam do próprio
Estado de natureza, já que nele, os indivíduos viviam em constantes guerras
para proteção de sua própria vida. Assim, o Estado seria necessário para
garantir segurança.

O que se observa é um pacto entre os indivíduos, em que estes, juntos,


transferem seu direito de governar a si próprio ao soberano, autorizando-o
todas as suas ações, pois estas são reflexo da vontade deles. Essa figura do
Estado seria o grande Leviatã e assim Hobbes trouxe a noção de Estado ao
definir que seria uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante
pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autor, de
modo a poder usar a força e os recursos de todos do modo que considerar
conveniente visando assegurar a paz e a defesa comum. Não há que se esperar
dos indivíduos que estes compartilhem as mesmas noções de bem e de mal,
em razão da pluralidade de valores, assim, somente a transferência de poder ao
Estado permitiria a vida pacífica em sociedades plurais. Nessa defesa de
concentração de poder na figura do soberano, Hobbes demonstra sua visão
política: contratualista e defensor da monarquia absolutista.

Consentida essa transferência de poder dos indivíduos ao Estado, estes são


obrigados pelo pacto a reconhecer os atos deste como seus, não podendo
modificar a forma de governo, devendo reconhecer a autoria dos atos
praticados, não podendo aos súditos libertarem-se da sujeição, sob pretexto de
infração, já que o monarca age como se fosse deliberação de todos e se alguém
ousasse o acusar, a acusação seria, em verdade, a si próprio e causar injúria a si
próprio é impossível.

No Estado de natureza, ou seja, antes da constituição do poder soberano, todos


os indivíduos tinham direito a todas as coisas, o que consequentemente
provocava guerras, razão da necessidade do Estado, ou seja, nesse Estado de
natureza não havia a ideia de propriedade privada. Esse pensamento de
Hobbes revela as vocações humanas quando da ausência de controle.

Para Hobbes, haveriam somente três tipos de Estado: monarquia, aristocracia e


democracia. Na monarquia o interesse pessoal seria o mesmo que o interesse
público, onde a riqueza, o poder e a honra de um monarca provêm unicamente
da riqueza, força e reputação de seus súditos. Já em uma democracia ou
aristocracia a prosperidade pública não teria grande contribuição. Na verdade,
Hobbes defende a monarquia como a melhor forma de governo.

Para Hobbes não existe liberdade ao indivíduo, pois este deve fazer o que o
Estado mandar. Ao transferirem seus direitos naturais ao Estado, os indivíduos
estariam transferindo a soberania individual de fazer o que bem entendem ao
Estado, vez que este surge com o fim de garantir a segurança. Ele entende que
para o surgimento do Estado é necessário centralizar a soberania numa única
pessoa, assim ele defende o Estado absolutista.

3 Considerações Finais

Da leitura do texto, observa-se um diferencial na obra hobbesiana. É que o


absolutismo por ele defendido, não deriva de uma lei divina, mas de um pacto
firmado entre os indivíduos para transferirem sua liberdade ao soberano, o qual
teria de garantir a segurança e defender a vida de seus súditos tanto de
problemas internos quanto de ameaças externas e se assim o fizeram é porque
compreenderam a necessidade do Estado, aceitando-o. Em caso de algum
concorrente ao poder do Estado, voltar-se-ia ao Estado de natureza.

Leviatã (livro)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Leviatã

Frontispício da edição original do Leviatã (1651).

Autor(es) Thomas Hobbes

Idioma Língua inglesa

Editora Várias

Lançamento 1651

Leviatã ou Matéria, Palavra e Poder de um Governo Eclesiástico e Civil,


comumente chamado de Leviatã, é um livro escrito por Thomas Hobbes e
publicado em 1651. Ele é intitulado em referência ao Leviatã bíblico. O livro diz
respeito à estrutura da sociedade e do governo legítimo, e é considerado como
um dos exemplos mais antigos e mais influentes da teoria do contrato social.
[1]
 O editor foi Andrew Crooke, parceiro da Andrew Crooke e William Crooke.
Muitas vezes, é considerada uma das obras mais influentes já escritas do
pensamento político.
No livro, que foi escrito durante a Guerra Civil Inglesa, Thomas Hobbes
defende um contrato social e o governo de um soberano absoluto. Hobbes
escreveu que o caos ou a guerra civil - situações identificadas como um estado
de natureza e pelo famoso lema Bellum omnium contra omnes (eterna luta de
todos contra todos) - só poderia ser evitado por um governo central forte.

Índice

 1Leviatã (livro)
o 1.1Parte 1: A Respeito do Homem
 1.1.1Capítulo 3: Sobre a consequência ou cadeia de
imaginações
 1.1.2Capítulo 4: Sobre a linguagem
 1.1.3Capítulo 10: Sobre o poder, valor, dignidade, honra e
merecimento
 1.1.4Capítulo 11: Sobre as diferenças de costumes
 1.1.5Capítulo 12: Sobre a religião
 1.1.6Capítulo 13: Sobre a condição natural da humanidade
relativamente à sua felicidade e miséria
 1.1.7Capítulo 14: Sobre a primeira e segunda leis naturais e
sobre os contratos
 1.1.8Capítulo 15: Sobre outras leis da natureza
o 1.2Parte 2: Do Estado
 1.2.1Capítulo 17: Sobre as causas, geração e definição de
um Estado
 1.2.2Capítulo 18: Sobre os direitos dos soberanos por
instituição
 1.2.3Capítulo 19: Sobre as diversas espécies de governo
por instituição e sobre a sucessão do poder soberano
 1.2.4Capítulo 21: Sobre a liberdade dos súditos
 1.2.5Capítulo 23: A respeito dos ministros públicos do poder
soberano
 1.2.6Capítulo 24: Sobre a nutrição e procriação de um
Estado
 1.2.7Capítulo 25: Sobre o conselho
 1.2.8Capítulo 26: A respeito das leis civis
 2Acerca do Culto público (cap. 31): comparação com Tratado Político de Spinoza
 3Ver também
 4Referências
 5Bibliografia
 6Ligações externas

Leviatã (livro)
Leviatã é o livro mais famoso do filósofo inglês Thomas Hobbes, publicado em
1651. O seu título se deve ao monstro bíblico Leviatã. O livro, cujo título por
extenso é Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil,
trata da estrutura da sociedade organizada. 
Hobbes alega serem os humanos egoístas por natureza. Com essa natureza
tenderiam a guerrear entre si, todos contra todos (Bellum omnia omnes).
Assim, para não exterminarmo-nos uns aos outros será necessário um contrato
social que estabeleça a paz, a qual levará os homens a abdicarem da guerra
contra outros homens. Mas, egoístas que são, necessitam de um soberano
(Leviatã) que puna aqueles que não obedecem ao contrato social. 
Nota-se que um soberano pode ser tanto uma pessoa quanto um grupo, eleito
ou não. Porém, na perspectiva de Hobbes, a melhor forma de governo era a
monarquia — sem a presença concomitante de um Parlamento, pois este
dividiria o poder e, portanto, seria um estorvo ao Leviatã e levaria a sociedade
ao caos (como na guerra civil inglesa). 
Parte 1: A Respeito do Homem
Hobbes faz um esforço de análise da sociedade partindo da dissecação dos
seus componentes básicos, o Homem e as suas sensações. Ele trabalha
inicialmente com uma série de definições, em uma tentativa de criar axiomas
da humanidade à semelhança dos que existem na geometria. Define as várias
paixões e sentimentos de maneira impessoal e com base em princípios
científicos (da época, lembremos que Hobbes viveu no séc. XVII). 
Hobbes descreve o Homem em seu Estado Natural como egoísta, egocêntrico
e inseguro. Ele não conhece leis e não tem conceito de justiça; ele somente
segue os ditames de suas paixões e desejos temperados com algumas
sugestões de sua razão natural. Onde não existe governo ou lei, os homens
naturalmente caem em discórdia. Desde que os recursos são limitados, ali
haverá competição, que leva ao medo, à inveja e a disputa. Semeada a
desconfiança, perde-se a segurança de confiar no próximo. Na busca pela
glória, derruba-se os outros pelas costas, já que, para Hobbes, os homens são
iguais nas capacidades e na expectativa de êxito, nenhuma pessoa ou nenhum
grupo pode, com segurança, reter o poder. Assim sendo, o conflito é perpétuo,
e "cada homem é inimigo de outro homem". Nesse estado de guerra nada de
bom pode surgir. Enquanto cada um se concentra na autodefesa e na
conquista, o trabalho produtivo é impossível. Não existe tranqüilidade para a
busca do conhecimento, não existe motivação para construir ou explorar não
existe lugar para as artes e letras, não existe espaço para a sociedade só
"medo contínuo e perigo de morte violenta". Então a vida do homem nesse
estado será "solitária, pobre, sórdida, brutal e curta". 
Em contrapartida ao estado de guerra descrito acima, os próprios homens
almejariam uma ordem ansiando pela garantia de paz, assim, um Estado que
garantisse essa paz, essa vida acordada. 
Apesar da Parte 1 tratar primordialmente do homem, é possível observar que
Hobbes aborda diversas questões relacionadas com o Estado. 
Alguns excertos que retratam o pensamento do autor: 
Capítulo 3: Sobre a consequência ou cadeia de imaginações
A defesa da monarquia é recorrente na obra. Hobbes compara a deposição de
Carlos I pelos puritanos com a entrega de Cristo aos romanos por 30 moedas.
Mas quando se estuda a filosofia de Hobbes, o problema da dominância do
racionalismo ou do empirismo pode ser colocado em outros termos. É possível
perguntar, por exemplo, se não havia um secreto intercâmbio entre ambos,
apesar das diferenças; se não estavam constantemente voltados um para o
outro, à espera de um terreno comum em que pudessem exercer ação
conjunta. A obra de Hobbes abriu justamente este espaço de convivência entre
esses extremos, manifestando assim, um campo de conciliação entre eles. 
Capítulo 4: Sobre a linguagem
"... nada mais é do que um abuso da linguagem ofendê-lo com a língua, a
menos que se trate de alguém que somos obrigados a governar, mas então
não é ofender, e, sim, corrigir e punir." 
Capítulo 10: Sobre o poder, valor, dignidade, honra e merecimento
"Dos poderes humanos o maior é aquele composto pelos poderes de vários
homens, unidos por consentimento numa só pessoa, natural ou civil, que tem o
uso de todos os seus poderes na dependência de sua vontade. É o caso do
poder de um Estado." 
Hobbes questiona a dignidade e a honra como valores atribuídos. A estima
pública de alguém apareceria aos homens como dignidade tomando forma em
nomeações públicas, por exemplo; ser considerado valoroso é ser honrado, e
quanto mais difíceis forem as tarefas a lhe serem confiadas mais honroso será
este homem. 
Capítulo 11: Sobre as diferenças de costumes
"... assinalo como tendência geral de todos os homens um perpétuo e
irrequieto desejo de poder e mais poder, que cessa apenas com a morte." 
Capítulo 12: Sobre a religião
Uma das origens das acusações de ateísmo contra Hobbes tem origem neste
capítulo, onde o autor descreve como os primeiros líderes das sociedades
primitivas criaram crenças e religiões para manter o povo em obediência e
paz. 
Capítulo 13: Sobre a condição natural da humanidade relativamente à sua felicidade
e miséria
Neste capítulo se encontra a mais famosa citação da obra: 
E a vida do homem, solitária, pobre, sórdida, brutal e curta. 
Situada no seguinte contexto: 
"Tudo, portanto, que advém de um tempo de guerra, onde cada homem é
inimigo de outro homem, igualmente advém do tempo em que os homens
vivem sem outra segurança além do que sua própria força e sua própria astúcia
conseguem provê-los. Em tal condição, não há lugar para a indústria; porque
seu fruto é incerto; e, consequentemente, nenhuma cultura da terra; nenhuma
navegação, nem uso algum das mercadorias que podem ser importadas
através do mar; nenhuma construção confortável; nada de instrumentos para
mover e remover coisas que requerem muita força; nenhum conhecimento da
face da terra; nenhuma estimativa de tempo; nada de artes; nada de letras;
nenhuma sociedade; e o que é o pior de tudo, medo contínuo e perigo de morte
violenta; e a vida do homem, solitária, pobre, sórdida, brutal e curta." 
Capítulo 14: Sobre a primeira e segunda leis naturais e sobre os contratos
Primeira lei natural: "procurar a paz, e segui-la". 
Segunda lei natural: "Faça aos outros o que queres que te façam a ti". 
Capítulo 15: Sobre outras leis da natureza
Terceira lei natural: "Os homens têm de cumprir os pactos que celebrarem. (...)
Nesta lei natural assenta-se a fonte e a origem da justiça". 
Parte 2: Do Estado
Capítulo 17: Sobre as causas, geração e definição de um Estado
"A única forma de constituir um poder comum, capaz de defender a
comunidade das invasões dos estrangeiros e das injúrias dos próprios
comuneiros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que,
mediante seu próprio trabalho e graças aos frutos da terra, possam alimentar-
se e viver satisfeitos, é conferir toda a força e poder a um homem, ou a uma
assembleia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por
pluralidade de votos, a uma só vontade. (...) Esta é a geração daquele enorme
Leviatã, ou antes - com toda reverência - daquele deus mortal, ao qual
devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa." 
Capítulo 18: Sobre os direitos dos soberanos por instituição
Uma desvantagem comumente apontada na existência de um contrato social é
a impossibilidade de desfazê-lo: "... portanto nenhum dos súditos pode se
libertar da sujeição, sob qualquer pretexto de infração." 
Capítulo 19: Sobre as diversas espécies de governo por instituição e sobre a
sucessão do poder soberano
Hobbes redige uma longa defesa do sistema monárquico absoluto e ressalta
suas vantagens sobre os sistemas que incorporam Parlamentos. 
"De outra maneira, não há qualquer grande Estado cuja soberania resida numa
grande assembleia que não se encontre, quanto às consultas da paz e da
guerra e quanto à feitura das leis, na mesma situação de um governo
pertencente a uma criança". 
Capítulo 21: Sobre a liberdade dos súditos
Hobbes abre uma pequena brecha para que o súdito rompa o contrato social: 
"A obrigação dos súditos para com o soberano dura enquanto e apenas
enquanto dura também o poder mediante o qual ele é capaz de protegê-los. O
direito que por natureza os homens têm de defender-se a si mesmos não pode
ser abandonado através de pacto algum". 
Capítulo 23: A respeito dos ministros públicos do poder soberano
Aqui é traçado um perfil da atividade burocrática do Estado, notadamente do
judiciário. 
Capítulo 24: Sobre a nutrição e procriação de um Estado
Há a defesa de um Estado forte: "Os Estados não podem suportar uma dieta,
eis que não sendo suas despesas limitadas por seu próprio apetite, mas sim,
por acidentes externos e pelos apetites de seus vizinhos, a riqueza pública não
pode ser constrangida por outros fatores senão os que forem exigidos no
momento". 
Capítulo 25: Sobre o conselho
Hobbes, à semelhança de Maquiavel, atribui destacada importância ao uso que
o soberano deve fazer dos conselheiros. 
Capítulo 26: A respeito das leis civis
Entre outras considerações, cabe destacar a visão de Hobbes de que o "O
único legislador é o soberano em todos os Estados", seja o Monarca ou o
Parlamento. "O soberano de um Estado não se encontra sujeito às suas
próprias leis civis", pois tem o poder de fazê-las e revogá-las
Capítulo 31: Do reino de Deus por natureza[2]
Hobbes trata de 4 assuntos principais:

 A condição de natureza (anárquica) é a liberdade. Os súditos, não


estão livres, tampouco os soberanos.
 As leis fazem com que os homens evitem essa condição de
natureza, já que os privam de algumas liberdades
 Não há república sem soberano
 O súdito obedece o soberano diante das leis de Deus
Para entender de verdade qual é esse dever civil, é preciso saber quais são
as leis de Deus, sem noção desses postulados, um indivíduo pode receber
ordens que contrariem esses pressupostos. As leis que não são coerentes com
as leis divinas desobedecem à Deus, mas se o súdito não cumpri-las, está
ofendendo a majestade (contradição). Logo, faz-se necessário entender sobre
o reino de Deus.
Pb: Quem são os súditos do reino de Deus? [3]

R: “só reina quem governa”, os súditos são os súditos de Deus.


Os súditos não são: corpos inanimados, pois esses não entendem Deus.
Tampouco ateus, pois não se preocupam com ação ou recompensa. Os dois
devem ser inimigos.
Pb:Quais são as três razões da palavra de Deus? [4]

R: São três as razões: natural, revelação (sensação sobrenatural) e profecia


(única forma de passar a palavra de Deus).
A partir desses tipos de palavra, podem existir 2 tipos de reinos de Deus:
natural e profético. O natural é reconhecido por todos; o profético, governa
apenas uma nação. Ex.: Judeus
Pb.: Por que o homem obedece à Deus? [5]

R: O homem não deve obedecer à Deus porque Deus é sua criação (como
uma obrigação em troca dos benefícios), mas porquê Deus tem um poder
onipotente. Esse poder surgiu da natureza, diferentemente do outros, que
surgem por pacto. O domínio sobre os homens é obtido naturalmente pelo
poder superior e excelente. Tendo, a partir dessa qualidade, a capacidade de
afligir os homens como o TODO poderoso, e não como um criador à quem se
deve.
Pb: Por que os homens maus prosperam e os homens bons sofrem reveses? [6]
R: O pecado não é a causa de toda aflição. O fato de Adão ter pecado não foi
a única possibilidade que Deus teve de fazê-lo sofrer, pois “o direito de sofrer
não resulta do pecado, mas do poder(onipotente) de Deus” O senhor poderia
tê-lo feito sofrer de outra maneira, assim como fez com os animais que não
podem pecar. Em suma, a soberania de Deus conforma apenas na natureza.
Sobre as leis divinas:
Pb: Quais são os deveres naturais de cada homem para com os outros,
dentro das ordens de Deus?[7]
R: Equidade, justiça, compaixão, humildade e outras virtudes morais.
Pb.: Quais são os deveres referentes à honra e ao culto de Deus? [8]

R: *para responder a esse problema, deve-se entender primeiramente o que


são honra e culto:

 entende-se por honra todo bom julgamento do outro, honrar à Deus


é julgar da melhor maneira possível seu poder e sua bondade.
 o culto é a forma como o homem demonstra essa boa opinião.
“cultus”-trabalho com propósito de benefício.
Em geral, tira-se benefício, ganha-se vantagem. Pode ser que se cultive a
vontade dos homens para ganhar benefício com algo, chama-se cortejo. O
culto à Deus não possui objetivo, surge do dever ao seu poder e é modulado
pela capacidade de obedecê-lo.(posteriormente em: “a finalidade do culto entre
os homens é o poder”)
Pb: Quais são os sinais da honra? [8]

R: sobre essa boa visão do outro (honra) nascem 3 paixões: amor, esperança
e temor.
AMOR-> refere-se à->BONDADE->louvor
ESPERANÇA e TEMOR->refere-se à->PODER-> glorificação e benção
louvor+glorificação+benção = felicidade
*o Louvor, a glorificação e a felicidade são expressos em palavras
Dentro das formas de demonstrar essa boa opinião(honra), existem alguns
sinais que podem ser naturais ou arbitrários:

1. Cultos naturais: bom, justo, liberal, etc.(atributos); orações,


caridades, obediência(atos).
2. Cultos arbitrários: composto pela obediência de quem cultua
(obrigatório); ou  depende da opinião de juízo de valor dada pelo
espectador, o sinal de honra é dado à quem o culto é dedicado
(livre).
*culto público (a Rep. realiza por uma pessoa) vs culto privado (feito por um
particular, secretamente livre mas se restringe diante de multidões)
Pb: Quais as finalidades do culto entre os homens? [9]

R: Poder.
quando o homem observa o outro ser cultuado, passa a respeitá-lo e o
considera poderoso, se dispõe a obedecê-lo e aumenta seu poder. Porque,
como visto antes, o temor/esperança refere-se ao poder, que gera felicidade.
Pb.: quais os atos do culto ao divino? [10]

R: orações, ações de graça, ofertas. deve-se falar com confissão do poder


divino, pois o medo vem do poder. O maior ato de culto ao divino é
OBEDECER AS LEIS DE NATUREZA.
Pb: sobre o que consiste o culto público? [10]

R: o culto público consiste na uniformidade. A república é apenas uma


pessoa, por isso, deve apresentar à Deus um único culto, chamado culto
público. Tal honraria não pode ser diversa dentro de uma república pelo
simples fato de que se houvesse diversas ações a serem realizadas ao mesmo
tempo, não haveria culto público. Mas sim, vários privados.
Por meio da constituição as palavras tomam valor, o mesmo vale para os
atributos de deus: dependem das leis civis. dentro da república, aqueles que
tem poder soberano criam leis e atributos. Ou seja, o soberano ordena os
cultos privados através das leis sobre os cultos públicos e estabelece, a partir
deste, a uniformidade dentro do caos. Entretanto, vale ressaltar que nem todas
as ações são  sinais por constituição, podem ser apenas “pactos” dos dia-a-dia.
Acerca das punições:[11]
É preciso entender que todas as ações dos homens geram consequências, e
nenhum homem tem poder suficiente para ter certeza de suas consequências.
Por isso, antes de tomar decisões, é preciso considerar as possíveis
precipitações que podem causar punições aos outros e à si. Dessa forma, do
mesmo modo que se obedece às leis civis, deve-se respeitar as leis da
natureza. Isso serve para os súditos mas de tamanha importância, também
para os soberanos, visto que serão os responsáveis pela formulação das leis
civis.

Acerca do Culto público (cap. 31): comparação com


Tratado Político de Spinoza
Em “Leviatã”[2] afirma-se que o homem é naturalmente egoísta e que, para
entrar no estado de sociedade, ele deve renunciar seu estado de natureza
primário. Hobbes, vê a partir desse raciocínio, a necessidade de que os
soberanos sejam filósofos. Com o uso da filosofia moral, o líder terá completa
noção de seus princípios e saberá equilibrar suas decisões. Como o culto
público consiste na uniformidade, estas decisões representarão uma unicidade
entre os cultos privados.
Spinoza, por outro lado, em Tratado político[12] acredita que o homem não nasce
egoísta, mas que possui paixões e razão[12][13], pertencentes aos seus direitos
naturais. Tais características, por serem naturais não sofrem transformação da
necessidade de se adaptar à convivência em sociedade- como para Hobbes.
Ela é inata, e possui conflitos que podem causar tanto bons, quanto maus
encontros. Por isso, não enxerga a necessidade estrita de que os soberanos
sejam filósofos. Mas de que sejam representativos, dentro de um regime
democrático de direitos, cujos homens possam equilibrar suas paixões e
razões por meio de um consenso de leis formuladas a partir de uma
observação prudente dos conflitos dos encontros entre os homens.
A grande diferença está na forma como Spinoza considera as paixões. Um
estado civil nunca poderá desconsiderar as paixões e manter apenas a razão
pois as paixões fazem parte da natureza humana [12][14], mesmo que se tente, elas
continuarão presentes. Paixões estas, que podem a qualquer momento
influenciar as decisões tomadas por razão.

Ver também

ddDo Cidadão (em latim: De Cive) foi um livro publicado por Thomas Hobbes em 1642,


um de seus maiores trabalhos.
Este artigo sobre um livro é um esboço relacionado ao Projeto Literatura. Você pode
ajudar a Wikipédia expandindo-o.
“Do Cidadão”, primeira parte da trilogia planejada por Hobbes durante seu exílio na
França, é composta por três temas da natureza humana: liberdade, império e religião. Foi
completada em 1641 e publicada em 1642, mas a primeira versão em inglês surgiu apenas
9 anos depois sob o nome Philosophicall Rudiments Concerning Government and Society.
Na primeira parte, ele aborda a condição humana lidando com as leis naturais; na
segunda, a necessidade do estabelecimento de um governo estável; finalmente na
terceira, declarações a respeito de teologia.
É no princípio desta obra que, celebremente, ele utiliza a expressão "o homem é o lobo do
homem".
D
A obra de Thomas Hobbes possui enorme influência no pensamento filosófico
ociedental. Teórico da filosofia do direito, mas não restrito somente a ela, este
pensador insígne nos legou alguns dos livros mais bem escritos, coerentes e úteis
da história da humanidade. Como grande teórico do Estado inglês no Século 17,
pode-se dizer sem sombra de dúvida que sua influência sobre futuros governos e
nações ficou patente. Ficou célebre ao ter escrito o livro Leviatã, o que não quer
dizer que outros menos conhecidos não mereçam figurar na galeria dos clássicos da
literatura.No livro Do Cidadão (De Cive), Hobbes analisa as relações entre o Estado
e a Igreja, partindo do princípio que Igreja e Estado compõe um único corpo, no
qual o Monarca seria o equivalente à cabeça. Para este filósofo, o Monarca deveria
possuir poder absouto, o qual emanaria do contrato social celebrado entre este e
seus súditos, sendo portanto livre tanto para legislar quanto para interpretar as
Sagradas Escrituras de acordo com tal legislação. Obra indispensável para todos os
que desejam estudar a filosofia, especialmente a Filosofia do Direito.

De Corpore
De Corpore ("On the Body") é um livro de 1655 de Thomas Hobbes . Como seu
título latino completo Elementorum philosophiae sectio prima De corpore indica,
fazia parte de uma obra maior, concebida como uma trilogia. De Cive já havia
aparecido, enquanto De Homine seria publicado em 1658. Hobbes estava, de
fato, redigindo De Corpore há pelo menos dez anos antes de seu aparecimento,
deixando-o de lado para outros assuntos. [1] Esse atraso afetou sua recepção: a
abordagem adotada parecia muito menos inovadora do que teria sido na
década anterior. [2]

Conteúdo
 1 conteúdo
 2 Escopo
 3 erros matemáticos
 4 edições e traduções
 5 notas
 6 links externos

Conteúdo
Embora o título escolhido sugira uma obra de filosofia natural , De Corpore é
amplamente dedicado a questões fundamentais. Consiste em quatro seções. A
Parte I cobre a lógica . A Parte II e a Parte III tratam de “corpos abstratos”: a
segunda parte é um repertório de conceitos científicos e a terceira
de geometria . Os capítulos 16 a 20 da Parte III são, na verdade, dedicados
à matemática em geral, de maneira redutora, e provaram ser controversos. Eles
propuseram uma base cinemática para a geometria, que Hobbes desejava
igualar à matemática; a própria geometria, ou seja, é uma “ciência do
movimento”. Hobbes aqui adota ideias de Galileu e Cavalieri. É na Parte IV,
sobre fenômenos naturais, que há discussão da física como tal. [3] [4]

Alcance
Hobbes in De Corpore afirma que o tema da filosofia é dedicado aos "corpos".
Ele esclarece isso por divisão: na tradução inglesa, a filosofia natural está
preocupada com o conceito de "corpo natural" ( latim : corpus naturale ),
enquanto os corpos chamados commonwealths são a preocupação da "filosofia
civil". [5] Ele então aplica "corpo" como sinônimo de substância , rompendo com
a tradição escolástica . [6]

Erros matemáticos
Algumas provas no trabalho sendo "estragadas", como diz Noel Malcolm , De
Corpore teve um efeito negativo na reputação acadêmica de Hobbes. [2] A
inclusão de uma solução reivindicada para a quadratura do círculo , uma
reflexão tardia aparente ao invés de um desenvolvimento sistemático, levou a
uma longa guerra de panfletos na controvérsia Hobbes-Wallis

Edições e traduções
Hobbes supervisionou uma tradução para o inglês de De Corpore , publicada
em 1656. Houve algumas mudanças, e um provocativo apêndice Seis Lições para
os Professores de Matemática foi adicionado. [7] Tem sido afirmado que a
tradução foi viciada por erros, minando sua utilidade como um guia para a
filosofia da linguagem de Hobbes . [8] Uma tradução planejada para o francês foi
feita, mas nunca apareceu, provavelmente devido a novos planos de revisão.
Nenhuma edição revisada apareceu até 1668, quando De Corpore foi incluído na
coleção Opera philosophica de obras de Hobbes. [9]

Uma tradução moderna da primeira parte do De Corpore está disponível:


Thomas Hobbes, Computatio sive logica: Logic , texto em latim, tradução e
comentário de Aloysius Martinich; editado e com um ensaio introdutório por
Isabel C. Hungerland e George R. Vick, New York: Abaris Books, 1981.

Edição crítica do texto latino: Thomas Hobbes, De Corpore , editado com


Introdução e notas (em francês) por Karl Schuhmann, Paris: Vrin, 1999.

Thomas Hobbes: religião e


governo por consentimento

Thomas Hobbes (1588-1679) filósofo inglês. Expoente da


teoria do contrato social e autor de O Leviatã (1651).
Vida

Hobbes nasceu prematuro quando sua mãe ouvira o rumor que a


Invencível Armada invadia a Inglaterra. Seu pai, um ministro
anglicano chegado às jogatinas, desapareceu após brigar com
outro clérigo no quintal de sua paróquia. Pobre, Hobbes foi
educado por um tio que o enviou a Oxford. Sem grandes
perspectivas profissionais, Hobbes tornou-se tutor privado de
um aristocrata depois de sua graduação. Com esse emprego,
viajou pela Europa com seu influente pupilo enquanto
frequentava as antessalas do poder. Por um tempo, Hobbes
ensinou matemática ao jovem futuro rei Charles II além de ser
secretário de Francis Bacon.
Era uma época turbulenta de concorrência  entre o parlamento e
o rei absolutista pelo poder. Essa turbulência era fermentada
ainda mais pelas disputas religiosas entre os puritanos, católicos
e episcopalianos pelo controle da Igreja da Inglaterra. Hobbes
alinhou-se com o lado perdedor: os realistas. Exilado na Europa
continental, Hobbes conheceu outros pensadores da época e
começou a publicar seus escritos. No continente, teve uma
cordial relação com Descartes quando se conheceram em 1648.
Porém, não houve muito pensamento em comum: Hobbes
achava que Descartes deveria focar-se à matemática, não à
filosofia.

Ainda no continente, Hobbes encontrou-se com Galileu em


1634. Esse encontro influenciaria Hobbes em seu anti-
aristotelismo, mecanicismo e empiricismo — os quais deveriam
ser aplicados à sua filosofia, principalmente em seu pensamento
político. Todavia, Hobbes desdenhava o experimentalismo de
Galileu, de Francis Bacon e da Royal Society.
Pensamento

Ocupado com a filosofia da mente e linguagem, Hobbes era um


nominalista na questão dos universais. Assim, buscar definições
precisas era crucial para ele, tanto que algumas partes de seus
escritos se assemelham a dicionários. Também Hobbes era um
materialista, crendo que toda moção seria causada por algum
corpo. Razão pela qual as ações do mundo tangível eram
passíveis de computação e não algo metafisico. A imaginação
seria a mera iteração de uma fadante memória. Até  Deus teria
um corpo tangível, valendo suspeitas de heresias e ateísmo –-
ateísmo então não significava negar a existência de Deus, mas
rejeitar os atributos do Deus da ortodoxia.

Hobbes aceitava a autoridade bíblica baseado em sua revelação


direta e milagres, mas como milagres cessaram, restava somente
a interpretação dos textos bíblicos como autoritativos. Hobbes,
protestante, rejeitava a legitimidade de uma única autoridade
como intérprete oficial da vontade divina. A falta de autoridade
requeria a existência da intervenção do Estado sobre a religião e
acarretava na impossibilidade de usar a Bíblia como lei.
A Inglaterra do século XVII vivia um embate de duas
perspectivas teológicas que repercutiam na política. De um
lado, a crença que Deus apontava os governantes e assim
deveriam governar absolutamente (1 Pedro 2:13-23, Romanos
13:1-10). De outro lado, a crença calvinista dos parlamentaristas
puritanos que Deus elege seus escolhidos para o domínio e
usufruto da terra e, portanto, um governante injusto não seria
eleito por Deus. Hobbes chegou a um meio-termo com sua
teoria política, abrindo um parênteses ao mandato divino e
demonstrando que Deus permitira um contrato social secular.
Hobbes também rejeitou causas sobrenaturais para fenômenos
naturais, qualquer ação teria origem em algum movimento
corporal na realidade empírica. A ignorância das causas levava
à superstição religiosa. As massas londrinas não deram muito
crédito a Hobbes quando a cidade ardeu em chamas em 1666 e
culpavam a ira divina. Consequentemente, os escritos de
Hobbes acabaram queimados em sua própria faculdade em
Oxford.
Politicamente Hobbes distingue entre a pessoa e o ofício.
Enquanto teóricos anteriores, como Maquiavel, discutia as
virtudes e deveres dos príncipes — que governavam pelo mero
fato de sua pessoa ser o príncipe, como no dizer de Louis XIV
“o Estado sou eu”– Hobbes desafiou tal conceito dizendo que o
príncipe poderia ser legitimamente trocado. Entre as obrigações
do soberano estaria o cuidado das populações vulneráveis.
Hobbes antecipa o estado de bem-estar social, dizendo que os
indigentes não deveriam viver de esmolas, mas receber amparo
do estado. Propôs também imposto sobre consumo visando o
nivelamento entre ricos e pobres. Quanto às leis, Hobbes
distingue entre boas e más leis. Ao invés de considerar lei como
comando, arguia pelo positivismo legal: a lei é o que o soberano
diz ser lei.
Obras

Um verdadeiro classicista, o primeiro trabalho publicado de


Hobbes fora uma tradução de Tucídides e os seus últimos, as
traduções de Homero. Seus escritos filosóficos são sistemáticos
e agrupados em uma trilogia – De Cive (1642), De
Corpore (1655), De Homine (1658)– nos quais Hobbes se
ocupou do homem como ser biológico, psicológico (ou filosofia
moral, como se dizia na época) e social. Sua obra máxima foi
o Leviatã, dedicada ao exame político, social e religioso,
publicada em 1651 logo depois de terminar a Guerra Civil
Inglesa.
O Leviatã se tornaria sua obra mais influente. Seu título
completo era O Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um
estado Eclesiástico e Civil e inspirou-se em um monstro
descrito no Livro de Jó.

O frontispício da primeira edição sumariza bem seu conteúdo.


Um gigante composto por pessoas, com uma cabeça coroada
segurando a espada e um báculo episcopal. Um dístico latino de
Jó 41:24 diz: “Não há poder sobre a Terra que possa comparar
com ele”. Somente a face do gigante é visível. Um paralelo de
figuras estão nas margens inferiores: castelo/igreja, coroa/mitra,
canhão/excomunhão, armas/lógica, campo de batalha/tribunal
eclesiástico. O livro divide-se em quatro partes: Sobre o
Homem, Sobre a Comunidade, Sobre a Comunidade Cristã e
Sobre o Reino das Trevas. Há capítulos que variam em tamanho
e gênero, desde postulados e definições até longos argumentos
teológicos.

Para Hobbes, o ser humano era dotado de apetites, o que


antecede teorias da economia clássica, utilitarianismo,
psicanálise e escolha racional. Todos são igualmente dotados de
poder para satisfazer esses apetites -– igualitarismo que divergia
da concepção hierárquica  da sociedade da época, na
qual subalternos naturalmente teriam menos poder. Porém,
Hobbes não é nenhum otimista quanto à natureza humana. Em
sua ordem natural o ser humano é mau e na busca de satisfazer
seus apetites moveria uma guerra de todos contra todos
-– bellum omnium contra omnes — o estado Hobbesiano.

A resposta a esse conflito generalizado seria um contrato


social. Nesse contrato de submissão, os indivíduos
renunciariam seus direitos a um soberano, embora houvesse
direitos inalienáveis. Ao apresentar a legitimação do poder do
Estado como proveniente da renúncia de seus constituintes,
Hobbes rejeitou a doutrina do direito divino do soberanos como
apresentada por Jean Bodin e esposada na Inglaterra por Robert
Filmer em seu Patriarcha or the Natural Power of
Kings Defended Against the Unnatural Liberty of
People (1680).

Vale notar que a noção de soberania de Hobbes não era


necessariamente pertencente a um rei. Ao invés de jurar
fidelidade a uma pessoa específica –- como os realistas haviam
jurado a Charles I–- mas a um soberano capaz de mediar a paz e
garantir o Commonwealth  a comunidade política voltava-se
para um bem comum. O soberano teria que ser absoluto, sem o
dever de prestar contar ou sob limitação de poder, mas não
necessariamente um rei, o parlamento poderia ocupar esta
função. As críticas atuais a Hobbes seriam não estabelecer
meios de prestação de contas, não prever abusos de poder ou
incluir o povo como soberano.
Tido como um um filósofo pés-no-chão, Hobbes ainda inspira
pensadores e leigos posteriores. O cartunista Bill Watterson
nomeou o tigre de pelúcia Hobbes do menino Calvin baseado
no filósofo. O tigre, como o pensador, possuem um pessimismo
quanto à moralidade humana, são apegados a uma razão
empírica e menos abstrata.
Um Hobbes pouco comentado: a religião e o poder eclesiástico

Hobbes é lido e comentado como filósofo político e social, mas


também foi um pensador religioso de mérito. Interessante notar
que o absolutista Hobbes defende atitudes mais democráticas na
Igreja que no Estado. Na maior parte do Leviatã, dedicada a
assuntos religiosos, visava limitar o poder das facções religiosas
na esfera política inglesa, argumentando o poder do Estado
sobre a religião. Sem se ocupar sobre sua teologia um tanto
heterodoxa, seus pontos sobre a organização da Igreja são
interessantes, como a explicação para a corrupção de
instituições religiosas, além de argumentos para a eleição dos
ministros religiosos pelos fiéis, a jurisdição da Igreja somente
sobre seus membros e a manutenção das instituições religiosas
por meio de oferta voluntária ao invés de impostos eclesiásticos
ou dízimos.
Traduzi alguns excertos do Leviatã sobre esses temas:

Sobre a revelação sobrenatural para guiar as relações


humanas

Quando Deus fala ao homem, deve ser imediato ou pela


mediação de um outro homem a quem Ele havia falado
anteriormente. Como Deus fala com um homem (…) é difícil,
senão impossível de saber. Porque, se um homem fingir para
mim que Deus lhe falou diretamente de forma sobrenatural, e
eu duvidar, não posso facilmente aceitar qualquer argumento
que ele possa  tentar para obrigar-me a acreditar nisso.
Leviatã, parte 2, capítulo 32.
O povo retém o direito de interpretar as Escrituras

Quando alguma dificuldade surgiu, os Apóstolos e os anciãos


da Igreja, reunia e determinava o que deveria ser pregado e
ensinado, como eles deveriam interpretar as Escrituras ao
povo, mas não tirava das pessoas a liberdade de ler e
interpretá-las por si mesmo. Os Apóstolos enviaram diversas
cartas às Igrejas e outros escritos para sua instrução; que
teriam sido em vão se não tivessem permitido a liberdade de
interpretar, ou seja, considerar o significado delas. E como era
no tempo dos Apóstolos, isso deve ser até agora em que há
pastores que possam autorizar  intérpretes cuja interpretação
possa ser entendida, mas isso não pode continuar até os reis se
tornaram pastores, e pastores se tornarem reis. Leviatã, parte
3, capítulo 42
Os ministros religiosos têm autoridade somente para pregar e
não para governar
Cristo enviou os seus Apóstolos e os seus setenta discípulos
com autoridade para pregar, ele não enviou aos que criam.
Mandou-os para os incrédulos: “eu vos envio”, diz ele, “como
ovelhas entre lobos”(Mateus, 10:16);  não como ovelhas para
outras ovelhas.

Por último, os pontos de sua comissão, uma vez que estão


expressamente estabelecidas no evangelho, em nenhum contém
qualquer autoridade sobre a congregação.
Primeiro, temos que os doze apóstolos foram enviados “às
ovelhas perdidas da casa de Israel” e ordenou a pregar “que o
reino de Deus estava próximo.” (Mateus 10:6-7) Agora,
pregação no original é aquele ato que um pregoeiro, arauto,
funcionário que  serve para fazer publicamente na
proclamação de um rei. Mas um pregoeiro não tem direito de
comandar qualquer homem. E os setenta discípulos foram
enviados como “obreiros não como senhores da lavoura”;
(Lucas 10:2) e convidados a dizer: “O reino de Deus é chegado
a vós”. Por reino aqui se entende não o reino da graça, mas o
reino da glória, porque são convidados para anunciar às
cidades que não os receberem com uma ameaça, que será mais
tolerável naquele dia para Sodoma do que para tal cidade. E
nosso Salvador diz a seus discípulos, que busquem prioridade
de lugar, seu ofício era ministrar, como o Filho do Homem
veio, não para ser servido, mas para servir. (Mateus 20:28)
Pregadores, portanto, e não magistrados, mas com o poder
ministerial: “Não vos chameis mestres, “diz o nosso Salvador”,
porque um só é o vosso Mestre, Cristo.” Leviatã, parte 3,
capítulo 42
Os ministros só tem poder persuasivo e o exercício da
disciplina por excomunhão só tem jurisdição sobre os membros
de uma igreja

Mais uma vez, o cargo de ministros de Cristo neste mundo é


fazer com que os homens creiam e tenham fé em Cristo.
Contudo, a fé não tem relação, nem dependência alguma de
compulsão ou mandamento, mas somente mediante a certeza,
ou probabilidade de argumentos tirados da razão, ou de algo
que os homens já creem. Portanto, os ministros de Cristo neste
mundo não têm poder por esse título para punir alguém por
não acreditar ou contradizer o que eles dizem. Eles têm, eu
digo, não poder pelo título de ministros de Cristo para punir
tais, mas se tivessem poder civil soberano por instituição
política, então eles poderiam de fato legalmente punir qualquer
contradição com as suas leis. São Paulo, de si mesmo e de
outros pregadores do Evangelho, diz em palavras claras, “Nós
não temos domínio sobre a vossa fé , mas porque somos
cooperadores de vossa alegria “. (2 Coríntios 1:24)
(…)
Para que um homem seja sujeito a excomunhão, deve haver
muitas condições necessárias. A primeira,  ser um membro de
alguma comunidade, isto é de alguma assembleia legal, isto é
de alguma igreja cristã que tenha poder de julgar a causa pela
qual ele deve ser excomungado. Porque onde não há
comunidade, não há como haver excomunhão, nem onde não há
poder de julgar, não pode haver qualquer poder de sentenciar.

A partir daqui segue que uma Igreja não pode ser


excomungada por outra Igreja, porque ou elas têm igual poder
de excomungar uns aos outros, em que a excomunhão caso não
é disciplina, nem um ato de autoridade, mas cisma e dissolução
de caridade. Uma é tão subordinada a outra que ambas têm
uma só voz, assim elas são somente uma Igreja. Assim, a parte
excomungada não seria mais uma Igreja, mas um número
dissoluto de pessoas.

(…)
Em suma, o poder da excomunhão não pode ser estendido além
do que até o fim para o qual os apóstolos e pastores da Igreja
têm a sua comissão de nosso Salvador, que não é a regra de
comando e de coerção, mas pelo ensino e pela direção dos
homens na caminho da salvação no mundo vindouro. Leviatã,
parte 3, capítulo 42
Os ministros devem ser eleitos pela Igreja

Além destas posições magisteriais na Igreja, como apóstolos,


bispos, anciãos, pastores e doutores cujos chamados foram
para proclamar Cristo aos judeus e  aos infiéis além de guiar e
ensinar aqueles que criam, não vemos no Novo Testamento
nenhum outro [ofício]. Porque pelo nome evangelistas e
profetas não significava ofício algum, mas vários dons
de vários homens que eram úteis à Igreja. (…) Pois nem esses
dons, nem os dons de línguas, nem o dom de expulsar
demônios, nem de curar outras doenças, nem qualquer outra
coisa fez um oficial, salvo apenas pelo devido chamado e
eleição para o cargo de ensino.
Como os apóstolos Matias, Paulo e Barnabé não foram feitos
tais oficiais por nosso Salvador, mas foram eleitos pela Igreja,
isto é, pela assembleia dos cristãos. Ou seja, Matias pela igreja
de Jerusalém,  Paulo e Barnabé pela igreja de Antioquia, assim
também foram feitos com os presbíteros e pastores de outras
cidades, eleito pelas igrejas dessas cidades. Para a prova do
qual vamos considerar primeiramente como São Paulo
procedeu a ordenação de presbíteros nas cidades onde ele
havia convertido homens à fé cristã, logo depois que ele e
Barnabé haviam recebido seu apostolado. Lemos que “eles
ordenavam anciãos em cada igreja” (Atos 14:23); que à
primeira vista podem ser tomadas para um argumento de que
eles próprios escolheram e deu-lhes a sua autoridade, mas se
considerarmos o texto original é manifesto que eles foram
autorizados e escolhida pela assembleia dos cristãos de cada
cidade. As palavras nas Escrituras são cheirotonesantes autois
presbuterous kat ekklesian, isto é, “quando os tinha ordenado
anciãos por levantar as mãos em cada congregação.” Agora, é 
bem conhecido que em todas essas cidades a maneira de
escolher os magistrados e oficiais era de pluralidade de
sufrágios, pois a maneira comum de distinguir os votos
favoráveis dos negativos era levantando as mãos. (…) Seja pela
pluralidade de mãos elevadas, por pluralidade de vozes,
pluralidade de bolas, grão ou pedrinhas dos quais cada homem
lançava em um vaso marcado para o afirmativo ou negativo,
pois diversas cidades tinham costumes diferentes no mesmo
ponto. Foi, portanto, a assembleia que elegeu seus próprios
anciãos: os apóstolos presidiram a assembleia apenas para
convocá-los a ajuntarem-se para tal eleição, pronunciá-los
eleito e dá-lhes a bênção — o que agora é chamado de
consagração. E por isso, os que eram presidentes das
assembleias, na ausência dos Apóstolos, eram os anciãos
chamados proestotes e em latim antistites. Tais  palavras
significam a pessoa principal da assembleia, cujo ofício era
contar o número de votos, declarar quem foi eleito e onde os
votos foram empatados na decisão o assunto em questão
adicionando seu próprio voto de ofício como presidente de um
conselho. E, devido a todas as igrejas terem  seus presbíteros
ordenados da mesma maneira, na qual a palavra é constituir,
como ina katasteses kata polin presbuterous, “Por esta causa te
deixei em Creta, para que constituísse anciãos em cada
cidade”, (Tito 1:15) nós então  entendemos a mesma coisa, ou
seja, que se deve chamar os fiéis em um ajuntamento, e ordená-
los presbíteros pela pluralidade dos sufrágios. Teria sido uma
coisa estranha, se em uma cidade onde os homens talvez nunca
tinham visto magistrado escolhido de qualquer outra forma a
não ser por uma assembleia fizessem de outra maneira. Os
habitantes da cidade ao tornarem-se cristãos, sequer devem ter
pensado em outra forma de eleição de seus mestres e guias, isto
é, de seus presbíteros (também chamados bispos), do que este
da pluralidade dos sufrágios, intimado por São Paulo na
palavra cheirotonesantes. Atos 14:23. Nem havia outra forma
de  escolha de bispos, antes dos imperadores acharem
necessário regular  devido à manutenção da paz entre eles,
além das assembleias dos cristãos em todas as cidades. Leviatã,
parte 3, capítulo 42
De acordo com Hobbes o dízimo, taxa obrigatória de 10% das
rendas, fora aplicável somente no período da religião mosaica,
quando havia uma casta sacerdotal que não podia ter outras
rendas ou herdades.
Mas aqui alguns podem perguntar se o pastor é então obrigado
a viver de contribuição voluntária, como esmolas…que os
pastores da Igreja sejam mantidos por seus rebanhos; mas não
que os pastores determinem a quantidade ou o tipo do seu
próprio subsídio, e ser, por assim dizer, seus próprios
determinantes. O subsídio deve ser determinados, portanto,
pela gratidão e liberalidade de cada pessoa em particular do
seu rebanho ou por toda a congregação.
Até agora foi demonstrado quem são os pastores da Igreja,
quais são os pontos de sua comissão, como devem pregar,
ensinar, batizar, ser presidentes em suas várias congregações,
o que é censura eclesiástica, quem elege os pastores da Igreja
(…), o que seria a sua devida renda de seus bens próprios e seu
próprio trabalho, as contribuições voluntárias dos cristãos
devotos e gratos. Leviatã, parte 3, capítulo 42
Hobbes dedica a parte 4 de O Leviatã sobre o Reino das Trevas
e enumera quatro causas para esta escuridão. A primeira razão
deve-se pela extinção da luz das Escrituras em seus erros de
interpretação. A segunda causa seria superstição em crença em
demônios que levou a idolatria de relíquias. O terceiro fator
seria misturar as Escrituras com a filosofia pagã, especialmente
a de Aristóteles –- obscurantismo que levou à condenação de
Galileu. O quarto motivo resulta da mistura de crenças
obscuras. O Reino das Trevas existe porque há gente que se
beneficia dele: ministros e igrejas corruptas.
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Thomas Hobbes vida e obra resumido


321 palavras 2 páginas
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Hobbes foi um matemático, teórico político, e filósofo inglês, filho
de um vigário anglicano que, forçado a deixar o condado por
causa de uma briga, abandonou os três filhos aos cuidados de
seu irmão.
Leviatã foi um livro criado Thomas Hobbes, publicado em 1651.
O livro, cujo título por extenso é Leviatã ou matéria, forma e
poder de um Estado eclesiástico e civil, trata da estrutura da
sociedade organizada.
Hobbes vê o contrato social como a solução para a superação
tanto da violência como da insegurança coletiva existentes no
Estado da Natureza e como o alicerce da constituição do corpo
político - o Estado - necessário a sobrevivência do Homem em
Sociedade. Contudo, o pacto social, para Hobbes, só é
obrigatório e legitimo se alcança plenamente o fim para o qual
foi firmado: a segurança e o bem-estar da Coletividade. Espero
ter ajudado.
Principais Obras
Leviatã (1651)
De Cive (1642)
De Corpore (1655)
Outras Obras
• 1620. Three of the discourses in the Horae Subsecivae.
• 1629. Translation of Thucydides’s History of the Peloponnesian
War
• 1640. The Elements of Law, Natural and Politic
• 1650. Treatise on Human Nature
• 1658. De Homine (Latin)
• 1654. Letters upon Liberty and Necessity
• 1656. The Questions concerning Liberty, Necessity and
Chance
• 1675. English translation of Homer’s Iliad and Odyssey
• 1681. Postumously A Dialogue between a Philosopher and a
Student of the Common Laws of England (written 1666)
• 1681. Posthumously Behemoth, or The Long Parliament
(written in 1668, unpublished at the request of the King)
Referências

https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/enem/2015/10/29/noticia-especial-
enem,702624/leviata-o-estado-forte-cruel-e-violento.shtml

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