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ARTIGO A Gestao Do Risco Cambial para PME
ARTIGO A Gestao Do Risco Cambial para PME
O presente artigo de pesquisa busca avaliar a gestão do risco cambial para Pequenas e Médias
Empresas Importadoras, especificamente para a empresa importadora de equipamentos médicos AMA
Equipamentos e identificar os instrumentos de proteção cambial existentes no mercado financeiro
nacional. De modo a alcançar os objetivos propostos, a presente pesquisa apresenta uma abordagem
qualitativa. Os procedimentos metodológicos levados a cabo nesta pesquisa resumiram-se em análise
documental e entrevistas. Neste contexto, foi possível analisar que a empresa importadora AMA está
exposta ao risco cambial devido aos pagamentos que efetua para os seus fornecedores no exterior. No
período em análise a empresa apresentava uma exposição de Médio e Longo Prazo que se resume em
uma divida efectuada com o seu maior fornecedor de equipamentos. O estudo apurou também os
efeitos ou impactos desta dívida na situação financeira da empresa ao longo do período 2015-2018 e
as técnicas de gestão de risco cambial usadas pela empresa.
ABSTRACT
This article seeks to evaluate the management of rate risk for Small and Medium Importing
Companies, specifically for the medical equipment importing company AMA Equipamentos and to
identify the exchange rate protection instruments existing in the national financial market. In order
to achieve the proposed objectives, the present research presents a quantitative approach, under a
measurable character due to the nature of the research itself as well as the pre-established
objectives. The methodological procedures carried out in this research were summarized in
document analysis and interviews. In this context, it was possible to analyze that the importing
company AMA is exposed to exchange rate risk due to payments made to its suppliers abroad. In
the period under review, the company had a Medium and Long Term exposure that is summarized
in a debt made with its largest equipment supplier. The study also found the effects or impacts of
this debt on the company's financial situation over the 2015-2018 period and the strategies of rate
risk management used by AMA Equipment’s
1. INTRODUÇÃO
As empresas que participam em relações de comércio externo têm o seu preço determinado pelo
mercado internacional e dependem muitas vezes das flutuações das taxas de câmbio, portanto
devem dar extrema atenção aos riscos inerentes às transações cambiais. A gestão e a cobertura de
risco cambial são novas áreas em que as empresas vêm procurando mecanismos e instrumentos
financeiros, que permitem dar segurança nas suas operações.
Este tema reveste-se de muito interesse e relevância, tendo em conta a situação atual da crise
internacional que vem afetando e suscitando preocupações e dúvidas quanto à problemática do risco
cambial no mercado financeiro a nível mundial.
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Tornou-se pertinente abordar o tema em epígrafe por ser uma preocupação acentuada para os
administradores empresariais em Moçambique, pois grande parte das empresas existentes importam
produtos de diversos países do mundo para comercializar, em um mercado onde o negócio baseia-se
crucialmente em comprar, agregar valor e vender ( INE,2018). O estudo pretende para além de
trazer em diversas abordagens um tema que preocupa o ramo de negócios em Moçambique, agregar
soluções e técnicas de gestão de risco cambial de modo a contornar efeitos inerentes a volatilidade
cambial.
O presente artigo tem como objectivo analisar a gestão do risco cambial para a empresa AMA
Equipamentos no período compreendido entre 2015 e 2018 .
2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA
A economia de um país deve ser observada através de uma visão mundial. A necessidade das
empresas aumentarem as suas redes de negócios podem ser resultado de diversas motivações, como
a aquisição ou venda de produtos e/ou serviços que não existam no mercado (ou existam de forma
reduzida), obter vantagens comparativas que devem ser aproveitadas, excesso de concorrência
interna ou oportunidades de crescimento e desenvolvimento.
O comércio internacional consiste nas trocas de bens e serviços realizadas pelos países além das
suas fronteiras. A sua existência sempre esteve presente ao longo da história, mas a sua importância
económica e social está numa fase crescente nas últimas décadas, relacionada entre outros fatores,
com o fenómeno da globalização (Porfírio, 2003).
A teoria Eclética de internacionalização desenvolvida por Dunning consiste na livre escolha das
empresas em adquirir os insumos de produção internamente ou externamente (importar), tendo o
desafio de ao importar levar em consideração o valor da sua moeda em relação a moeda de
referência (Dunning, 1998). A decisão da empresa entre adquirir matéria-prima de produção no seu
próprio país ou no exterior depende principalmente da análise das vantagens diferenciais da
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empresa, das características do país, do valor da moeda do país importador comparado com o valor
da moeda de referência, da indústria de atuação da empresa e, finalmente, das variáveis
operacionais e estratégicas específicas da organização.
Por sua vez, a teoria liberal do comércio internacional nasceu do célere autor de a riqueza das
nações (Adam Smith, 2000). Smith (2000) defendia que quanto mais expandia se a divisão de
atividades de uma produção mais especializado e eficiente seria o trabalho. Quanto mais
predispostas a mercados internacionais as empresas fossem, mais rica seria a nação integrada pelo
comércio externo.
Para Smith (2000) outorgar o monopólio do mercado interno em qualquer ofício equivaleria a
orientar pessoas particulares sobre como empregar seus capitais. Se o preço do produto nacional for
mais elevado do que o importado, a norma seria necessariamente prejudicial: se um país estrangeiro
estiver em condições de fornecer uma mercadoria a um preço mais baixo do que o da mercadoria
fabricada internamente, seria melhor comprá-la com uma parcela da produção da própria atividade
local, empregada de forma em que se aufira alguma vantagem comparativa.
Para Gitman (2000) o risco e o retorno são a base sobre a qual são tomadas decisões racionais e
inteligentes de investimento. Portanto, na capacidade para medir essas variáveis pode estar o
diferencial nos negócios de uma empresa. Mesmo que os métodos, modelos ou ferramentas
utilizadas para essas mensurações não interessem aos clientes e investidores, negociar com
instituições que ofereçam vantagens adicionais é o que estes buscam sempre.
O risco será mencionado sempre que se consigam definir cenários futuros, aos quais se conseguem
atribuir alguma probabilidade de ocorrência, o risco pode e deve ser gerido (Porfírio,2003).
Os quatro riscos indicados são: Risco do País, Risco de Crédito, Risco da Taxa de Juro e Risco
Cambial
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Tipos de Risco
Porfírio (2003) define risco cambial como a probabilidade dos resultados da organização se
situarem num nível diferente do previsto, em consequência de variações cambiais sobre as posições
da moeda detidas em determinado período. Por sua vez Ross & Westerfield (2011) definem o risco
de câmbio como sendo o risco associado a operações internacionais em um mundo no qual o valor
relativo das moedas varia e faz se sentir constantemente.
Para Medeiros (2003) o risco cambial pode ser dividido em três tipos de riscos: Risco de
conversão, Risco de transação e o Risco económico.
As empresas gerem o seu risco cambial dependendo do tipo de risco cambial, da percentagem de
exposição do seu volume de negócios e do seu perfil de risco. Portanto, podem optar por gerir o seu
risco downside (impacto negativo das variações cambiais) sem se preocuparem com potencial
upside (impacto positivo das variações cambiais), ou gerir ambos, o risco de downside e upside
(Medeiros, 2003).
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Dependendo do seu perfil de risco podem realizar uma cobertura de exposição de risco cambial
total, parcial ou não o fazer de todo e finalmente, meramente contabilístico, têm de considerar se
querem classificar este risco em termos de mudanças nos retornos reportados (Dhanani, 2004). O
risco cambial está presente em cada transação internacional, que pode ocorrer diariamente,
semanalmente, mensalmente e anualmente, dependendo do número de transações e volume de
compras e de vendas no estrangeiro.
As empresas, quando decidem controlar os riscos inerentes a sua atividade internacional, podem
realizar a sua cobertura através de meios internos ou com auxílio de mecanismos externos.
A Compensação
Contrato de Futuros
Forwards
Opções
Swaps
Juliete (2018) efetuou um estudo empírico intitulado: “Risco cambial e instrumentos Derivados em
Moçambique” onde tinha como principal objetivo identificar a exposição das empresas ao risco
cambial e a disponibilidade de instrumentos de derivados ou de proteção cambial em Moçambique e
verificar sua aplicabilidade.
Juliete (2018) concluiu através do estudo que 85% das empresas estudadas estiveram alguma vez
expostas ao risco cambial em suas transações do comércio externo e que a procura de derivados
cambiais pelas empresas moçambicanas aumentou muito, sendo impulsionada pelo contexto
económico-financeiro do país caracterizado pela forte dependência de importações e elevada
volatilidade do metical face às principais moedas de comércio internacional e regional.
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3. CONTEXTUALIZAÇÃO METODOLÓGICA
Este capítulo define as características da pesquisa conforme seus objetivos, explica as motivações
para a escolha da amostra e do período analisado, expõe os procedimentos para a coleta e análise de
dados e argumenta sobre o modelo utilizado no estudo de caso. A literatura sugere alguns tipos de
classificação de pesquisa e deixa a cargo da autora ou pesquisadora a escolha de acordo com o
enfoque dado ao estudo.
De uma forma geral, este capítulo é de grande prestígio, pois, aborda as principais regras de
produção científica, fornecendo ao pesquisador uma melhor compreensão sobre a natureza e
objetivos do estudo, auxiliando o autor para uma maior produtividade e qualidade na pesquisa.
Segundo Marconi e Lakatos (2007) a metodologia está directamente relacionada com o problema a
ser estudado; a escolha dependerá dos vários factores relacionados com a pesquisa a natureza dos
fenómenos, o objecto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe humana e outros elementos que
possam surgir no campo da investigação.
Estudo de
Não Obstrutiva caso
Particular
Obstrutiva Experime
Estratégia de ntação de
Pesquisa campo
Pesquisas
Universal Não Obstrutiva
Amostrais
Obstrutiva
Experiências
Laborais
Mista
Abordagem de
pesquisa Qualitativa
Quantitativa
Entrevista
Instrumentos de
Pesquisa Documental
Questionários
A estratégia de pesquisa ocorre num contexto particular e não é obstrutiva, ou seja, ocorre sem a
mínima interferência da pesquisadora, os dados não devem ser alvo de qualquer manipulação, sendo
apenas colhidos, analisados e interpretados. Desta forma tenta-se obter o comportamento particular
do sistema e existe uma máxima preocupação com o realismo do contexto (Marconi e Lakatos,
2003).
De acordo com Yin (2001), uma investigação que utilize a abordagem de pesquisa qualitativa, como
é o caso da que é utilizada no presente estudo encontra-se apresentada da seguinte forma:
O tipo de amostragem utilizado na pesquisa foi a amostragem por julgamento não probabilística
pois a coleta de dados será baseada em critérios previamente definidos, em que nem todo o universo
tem a mesma chance de ser entrevistado.
Fonte : Elaborado pela autora com base nas cnas da AMA Equipamentos
As respostas obtidas atraves das entrevistas feitas mostram que a AMA Equipamentos, por
parte do seu Director Geral possui o conhecimento do risco cambial pelo qual a empresa
estava exposta e os possíveis impactos decorrentes de um aumento na taxa de câmbio.
Sobre as técnicas internas de proteção cambial foi possível ver claramente que a empresa
conseguiu efectuar a gestão de prazos para o pagamento da divida, podendo assim esperar o
momento favorável para o pagamento da mesma.
Quanto as técnicas externas de gestão de risco cambial, apurou-se que a Gestão financeira
da empresa não esta a par das técnicas disponives no mercado financeiro para a cobertura do
risco cambial, apesar de considerar aceitável e vantajoso o possível uso de técnicas para
cobrir riscos cambiais.
Através das respostas da entrevista efectuada o BCI foi possível verificar que o Banco
contactado (pelo facto de ser o banco que trata das transaçõoes internacionais da AMA
Equipamentos) oferece apenas 2 sistemas de Hedge que são o Swap Cambial e o Contrato a
prazo ou Forward.
O Swap cambial é importante referir que deve ser excluído deste estudo de caso em
específico como técnicas de cobertura do risco cambial pois o mesmo tem como os seus
principais destinatários empresas que tem como intenção a realização de investimentos
financeiros em moeda estrangeira (Medeiros, 2003).
Assim, a finalidade dos swaps não se enquadra no caso da AMA Equipamentos que tem
como objetivo a proteção no pagamento e não a realização de investimentos em moeda
estrangeira ou a necessidade temporária de outra divisa.
5. CONCLUSÕES
O desenrolar do presente estudo teve como objectivo a análise dos efeitos do risco cambial para
Pequenas e Médias empresas importadoras em Moçambique com o estudo de caso da Média
Empresa importadora de Equipamentos médicos, AMA Equipamentos no perído compreendido
entre 2015 e 2018. De um modo geral a pesquisadora foi capaz de alcançar os objectivos pré-
concebidos durante a criação da Pesquisa.
O peso da dívida sobre as contas financeiras da empresa indica que o valor da mesma aumenta a
sua expressividade ano apó s ano sobre os balanços e as demonstraçõ es de resultados. Foi
possível concluir também que são poucos os instrumentos de proteção externa do risco do câ mbio
que encontram-se disponíveis no mercado moçambicano e que dos que se encontram disponiveis
apenas uma técnica externa pode ser enquadrada na realidade da AMA.
Sobre a gestão do risco cambial concluiu-se que a empresa ja faz uma gestão do risco interna no
departamento financeiro e que não está ciente da existência dos sistemas externos de proteção
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cambial. Importa referir que o Risco cambial é um factor incontornável quando se trata de negócios
que envolvam moedas de diferentes países, com isso existe a necessidade latente de identificá-lo,
mensurá-lo e gerí-lo de modo a que não crie transtornos para a saúde financeira dos negócios de
uma organização.
E por fim a autora recomenda aos futuros pesquisadores a abordagem da Gestão do Risco Cambial
numa perspectiva de melhoria da competitividade para as PME em Moçambique de modo a que
estes futuros estudos possam indicar as PME a necessidade e a importância de uma Gestão de Risco
Cambial eficiente para o crescimento de uma organização.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BREALEY, R., MYERS, S., & ALLEN, F. (2007). Princípios de Finanças Empresariais (8
ed.). (I. McGraw-Hill Companies, Ed.)
DUMMING. (1998). Internacionalização das Nações (5 ed.). (McGraw-Hill, Ed.) São Paulo.
SILVA , Eduardo Sá e, Mota, Carlos, Queirós, Mário, & Pereira, Adalmiro. (2013). Finanças e
gestão de riscos internacionais. Vida Económica.
SMITH, A. (1983). A Riqueza das Nações. Trad. Luiz João Baraúna (5 ed.). São Paulo.
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