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Curso de Termodinâmica Aplicada

Texto baseado nos livros de Van Wylen, Yunus Cengel e Morin e Shapiro

CAPÍTULO 1

Conceitos Introdutórios e Definições de Termodinâmica

Objetivo deste capítulo é apresentar alguns termos e conceitos fundamentais da ciência


termodinâmica.

1.1 Termodinâmica e Energia


O termo Termodinâmica origina-se das palavras gregas therme (calor) + dynamis
(força). A Termodinâmica é o ramo da física que trata basicamente da energia. A energia
pode ser definida como a capacidade de produzir um efeito.
A Termodinâmica estuda os aspectos da energia, suas transformações e as relações
entre as propriedades da matéria. Ela estabelece que a energia é uma propriedade que se
conserva.
A Termodinâmica se divide em dois grandes grupos, a saber:
a) Termodinâmica Clássica: estuda os fenômenos do ponto de vista macroscópico
onde não interessa o comportamento individual das partículas que constituem a matéria.
b) Termodinâmica Estatística: aproximação mais elaborada da Termodinâmica que
estuda o comportamento médio de um grande grupo de moléculas.
A Termodinâmica é aplicada em todas as áreas da engenharia que envolvem interações
entre a energia e a matéria.

1.2 Sistemas Fechados e Abertos


A análise de qualquer problema começa com a descrição precisa do que será estudado.
Na Termodinâmica, isto é feito selecionando o sistema. Um sistema é aquilo que desejamos
estudar. Uma vez definido o sistema e identificada suas interações com o meio, as relações e
leis da Termodinâmica são aplicadas.
Um sistema pode ser tão simples como um corpo livre ou tão complexo como uma
refinaria. Tudo o que é externo ao sistema faz parte de sua vizinhança. O sistema é separado
de sua vizinhança através de uma superfície real ou imaginária chamada fronteira, que pode

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ser fixa ou móvel. A fronteira de um sistema tem espessura zero e assim ela não pode conter
nenhuma massa e nem ocupar qualquer volume do espaço.
Existem dois tipos básicos sistemas denominados de: sistema fechado e sistema
aberto.
Um sistema fechado (também chamado de massa de controle) consiste de uma
quantidade fixa de massa que é tomada para estudo. Um exemplo é o gás da Figura 1.1a. Isto
significa que nenhuma massa pode cruzar sua fronteira. Assim, as interações entre um sistema
fechado e sua vizinhança ocorrem apenas através de troca de energia nas forma de calor e/ou
trabalho, que são as formas de energia que podem cruzar a fronteira de um sistema fechado,
Figura 1.1b. Um tipo especial de sistema fechado que não interage de forma alguma com sua
vizinhança é denominado de sistema isolado.

(a) (b)

Figuras 1.1a e b. Sistema fechado: gás

Um sistema aberto, ou volume de controle, é uma região do espaço tomada para


estudo. Ela geralmente envolve um dispositivo através do qual a massa flui como um motor
de combustão, uma turbina, um compressor, etc. Um sistema aberto é separado da vizinhança
através de uma fronteira real ou imaginaria chamada de superfície de controle, que pode ser
fixa ou móvel. Exemplos de dois volumes de controle são apresentados nas Figuras 1.2a e b:
um com superfície de controle variável (na região do pistão), Figura 1.2a, e o outro com
superfície de controle fixa (motor de combustão interna), Figura 1.2b.
As relações termodinâmicas que são aplicáveis a sistemas fechados e abertos são
diferentes. Portanto, é extremamente importante a seleção do tipo de sistema antes do início
da análise.
Os sistemas podem ser estudados sob o ponto de vista macroscópico (Termodinâmica

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Clássica) ou microscópico (Termodinâmica Estatística). A abordagem macroscópica se
preocupa com o comportamento geral ou global onde nenhum modelo da estrutura da matéria
em níveis molecular é utilizado. A abordagem microscópica se preocupa diretamente com a
estrutura da matéria e modelos estatísticos para o comportamento médio das partículas que
compões o sistema de interesse são utilizados.

(a) (b)
Figuras 1.2a e b. Volume de controle.

1.3 Propriedades, Estado, Processos e Ciclos

1.3.1 Propriedades
Descrever um sistema e prever seu comportamento implica no conhecimento de suas
propriedades e como elas estão relacionadas. Uma propriedade é qualquer característica
macroscópica de um sistema, em equilíbrio, a qual se pode atribuir um valor numérico em
um dado tempo sem o conhecimento da história do sistema.
Ex.: p (pressão), T (temperatura),  (volume), m (massa),  (viscosidade cinemática),
módulo de elasticidade, velocidade, elevação, etc.
Para que uma propriedade tenha significado num ponto do espaço é necessário supor
que o meio é contínuo. Esta hipótese despreza a estrutura molecular da matéria (ou seja, os
espaços entre e dentro das moléculas) e a considera a substância como um meio contínuo e
homogêneo sem buracos microscópicos. Esta idealização é válida quando se trabalha com
volumes, áreas e comprimentos que são relativamente grandes quando comparados com os
espaços intermoleculares. Ela permite a representar as propriedades como uma função
matemática.

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As propriedades são classificadas em duas classes gerais que são: as intensivas e as
extensivas.
As propriedades intensivas são aquelas que independem do tamanho (ou massa) do
sistema, tais como p, T e etc. Elas podem variar de um ponto para outro do sistema em
qualquer momento, podendo, portanto, serem funções das posições e do tempo.
As propriedades extensivas são aquelas cujos valores para o sistema como um todo é
a soma de seus valores para as partes nas quais o sistema é dividido, ou seja, elas dependem
do tamanho (ou massa) do sistema tais como E, m,  e etc.Elas podem variar com o tempo.
Uma forma de visualizar se uma propriedade é extensiva ou intensiva é mostrada na
Figura 1.3. Se dividirmos o sistema desta figura de forma imaginária aquelas propriedades
cujos valores também ficam divididos são extensivas, as demais são intensivas.
Qualquer propriedade extensiva dividida pela massa resulta numa propriedade
especifica que é sempre intensiva.

Figura 1.3

Quando as propriedades de um sistema não variam com o tempo diz-se que o sistema
está em regime permanente.
Quando as propriedades de um sistema variam de um ponto para outro dentro do
mesmo, mas em cada ponto não varia com o tempo, diz-se que o sistema está em regime
uniforme.
Observação: a) Cada uma das propriedades de um sistema, num dado estado, tem
apenas um valor que é independente da forma pela qual o sistema chegou a ele.

1.3.2 Estado
O estado de um sistema é definido por um grupo de propriedades que descrevem
completamente sua condição. Num dado estado, todas as propriedades de um sistema têm
valores fixos. Quando o valor de pelo menos uma propriedade muda, diz-se que o sistema

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sofreu uma mudança de estado.
A Termodinâmica trata dos estados de equilíbrio. Num estado de equilíbrio não há
potenciais desbalanceados (ou forças motoras) dentro do sistema. Existem vários tipos de
equilíbrios que são descritos a seguir:
a) Um sistema está em equilíbrio térmico se a temperatura é a mesma através de todo
o sistema (não existe gradiente de temperatura no mesmo que é a força motora).
b) Um sistema está em equilíbrio mecânico se não há mudança na pressão em
qualquer ponto do sistema com o tempo. Contudo, a pressão pode variar dentro do sistema
com a elevação devido aos efeitos gravitacionais, mas a pressão mais alta numa camada mais
profunda é balanceada pelo peso extra suportado e consequentemente não há
desbalanceamento de forças. A variação de pressão, como um resultado da gravidade, em
muitos sistemas termodinâmicos é relativamente pequena e geralmente desprezível.
c) Quando um sistema envolve duas fases, ele está em equilíbrio de fases, quando a
massa de cada fase atinge um nível de equilíbrio e permanece nele.
d) Um sistema está em equilíbrio químico se sua composição química não muda com
o tempo, isto é, nenhuma reação ocorre.
Quando um sistema estiver em equilíbrio em relação a todas as mudanças possíveis de
estado, ou seja, ele encontrar-se em equilíbrio térmico, mecânico, de fases e químico, diz-se
que o mesmo está em equilíbrio termodinâmico.

1.3.2.1 Postulado de Estado ou Princípio dos Estados Equivalentes


O número de propriedades necessárias para fixar o estado de um sistema é dado pelo
postulado de estado que diz:
“O estado de um sistema compressível simples é completamente especificado por duas
propriedades termodinâmicas intensivas independentes”.
Um sistema é chamado de sistema compressível simples na ausência de efeitos
elétricos, magnéticos, gravitacional, de movimento e de tensão superficial. Caso o sistema não
seja compressível simples, uma propriedade adicional deve ser especificada para cada efeito
significante. Se os efeitos gravitacionais são considerados, por exemplo, a elevação z precisa
ser especificada juntamente com as duas propriedades necessárias para fixar o estado. Se o
movimento é importante, a velocidade precisa ser fornecida juntamente com as duas
propriedades intensivas independentes.
Duas propriedades são independentes se um pode variar enquanto a outra permanece
fixa. Ex.: temperatura e volume específico.

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1.3.3 Processos
Processo é qualquer mudança que um sistema sofre de um estado de equilíbrio para
outro.
Caminho é a série de estados através dos quais um sistema passa durante um
processo.
A descrição completa de um processo é realizada especificando-se seus estados inicial,
final e o caminho que ele segue. Um exemplo é apresentado na Figura 1.4.

Figura 1.4. Processos A, B e C

Os processos reais são na sua grande maioria processos de não-equilíbrio.Um processo


idealizado que simplifica muito a análise é o processo quase-estático ou de quase-
equilíbrio. Este processo ocorre de tal maneira que o sistema permanece infinitesimalmente
próximo ao estado de equilíbrio em todos os tempos. É um processo lento que permite ao
sistema se ajustar internamente de tal forma que as propriedades de uma parte do mesmo não
mudem mais rapidamente que as de outras partes. Os processos de quase-equilíbrio são
importantes por que:
a) São fáceis de serem analisados,
b) Servem com padrão com os quais os processos reais podem ser comparados
(equipamentos que operam em processo de quase-equilíbrio produzem ou consomem menos
trabalho).
O caminho de um processo indica a série de estados de equilíbrio através dos quais o
sistema passa e tem significado apenas para processos de quase-equilíbrio. A representação
gráfica de um processo de quase-equilíbrio é feita por uma linha contínua, pois todos os
estados são conhecidos. Um processo onde os estados intermediários entre o início o fim do
processo não são conhecidos é representado por uma linha tracejada (Figura 1.5).
Alguns processos recebem nomes específicos em função de alguma grandeza que o
caracterize, como por exemplo:
a) Processo isotérmico: ocorre a temperatura constante,

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b) Processo isobárico: ocorre a pressão constante,
c) Processo isocórico: ocorre a volume constante,
d) Processo adiabático: ocorre sem transferência de calor,
e) Processo adinâmico: ocorre sem realização de trabalho,
f) Processo isoentalpico: ocorre com a entalpia constante,
g) Processo isoentrópico: ocorre com a entropia constante

Figura 1.5

1.3.4 Ciclo
Um sistema é dito ter sofrido um ciclo se ele retorna ao estado inicial no final do
processo. Como num ciclo os estados inicial e final são idênticos, a variação de qualquer
propriedade é nula.
Um exemplo de um sistema que executa um ciclo termodinâmico é apresentado na
Figura 1.6.

Figura 1.6.

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1.4 Dimensões e Unidades
Dimensões são grandezas físicas como massa, m, comprimento, L, tempo, t e
temperatura, T, força, F e etc. As magnitudes associadas às dimensões são chamadas
unidades. Exemplos de unidades são quilograma, metro, segundo, kelvin, newton, etc. As
dimensões são divididas em dois grupos:
a) Dimensões primárias ou fundamentais
b) Dimensões secundárias ou derivadas
As dimensões primárias são grandezas básicas das quais irão se originar todas as
demais grandezas derivadas.
A escolha das dimensões básicas dá origem a diversos sistemas de dimensões. Por
exemplo, quando a massa, o comprimento, o tempo e a temperatura são escolhidos como
grandezas básicas, tem-se o sistema MLtT, quando a força, o comprimento, o tempo e a
temperatura são escolhidos como dimensões básicas, tem-se o sistema de dimensões FLtT.
A escolha das unidades de cada sistema de dimensão dá origem a diversos sistemas de
unidades. Assim, se para o sistema MLtT escolhermos as seguintes as unidades quilograma
(kg) para a massa, metro (m) para o comprimento, segundo (s) para o tempo e kelvin (K) para
temperatura, obtém-se o sistema internacional de unidades SI.
O sistema de unidades que será adotado neste curso é o SI (sistema internacional) e
suas dimensões fundamentais e unidades são apresentados na tabela abaixo:

Dimensão Unidade
Comprimento metro (m)
Massa quilograma (kg)
Tempo segundo (s)
Temperatura kelvin (K)
Corrente Elétrica ampère (A)
Quantidade de Luz candela (cd)
Quantidade de matéria mole (mol)

Observação: Todas as equações ou expressões matemáticas devem ser


dimensionalmente homogêneas
Exemplos de dimensões derivadas e suas unidades no SI são dados na Tabela 1.1
abaixo. No final do capítulo é apresentada uma tabela de fatores de conversão de unidades.

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Tabela 1.1
Grandeza Nome da unidade Símbolo
Força Newton N
Momento de força, torque Newton-metro N.m
Pressão Pascal Pa
Trabalho, energia, calor Joule J
Potência, fluxo de energia Watt W
Densidade de fluxo de energia Watt por metro quadrado W/m2

1.5 Massa Específica, Volume Específico e Pressão

1.5.1 Massa Especifica


Considerando a matéria como um meio contínuo, a massa específica num ponto, ,
de uma substância é dada por:

m
  lim'   (1.2)
    

Em que m á a massa da substância,  é o volume ocupado pela mesma e  ' é o menor


volume onde a hipótese do continuo é válida e existe um valor definido para esta razão.
A massa especifica média, , é dada relação abaixo:

m
 (1.2a)

1.5.2 Volume Especifico


O volume específico médio em base mássica de uma substância, v (m3/kg), é
definido como relação entre o volume do sisteo inverso da massa específica.

v   m 1  (1.3)

O volume específico em base molar médio, v (m3/kmol), é dado por:

 M
v    Mv (1.4)
n m

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Em que n é o número de moles, M é o peso molecular e m é a massa. A unidade de v
é m3/kgmol.

1.5.3 Pressão
Pressão é a força exercida por um fluido por unidade de área. Fala-se de pressão
apenas quando se trata com um gás ou líquido. Para sólidos, o termo usado é tensão. Para um
fluido parado, a pressão num ponto dado é a mesma em todas as direções.
No sistema internacional a pressão é dada em Pa=1N/m2. A pressão em Pascal é
pequena demais para expressar as pressões encontradas na prática. Desta forma, usa-se outras
unidades como kPa, MPa, bar (1 bar=105 Pa), etc.
Quando medimos uma pressão deve-se expressá-la em relação a uma determinada
referência, Figura 1.7. Quando a referência para medida de pressão é o vácuo total, o
resultado é uma pressão denominada pressão absoluta. Quando a referência é a atmosfera, o
resultado é uma pressão denominada pressão manométrica.

Figura 1.7
Obs.: Nas relações termodinâmicas e tabelas, é quase sempre utilizada a pressão
absoluta.
A pressão absoluta numa profundidade h de um fluido é dada por:
p  p atm  gh (1.5)

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1.5.3.1 Alguns instrumentos para medição de pressão

a) Manômetro de coluna (Figura 8): medem diferenças


de pressão em termos de um comprimento. Mede
pressões pequenas e moderadas.
p  gL
: massa específica do fluido manométrico.
g: acel. da gravidade
L: diferença entre os níveis de fluido (Figura
1.8).

Figura 1.8

b) Tubo de Bourdon (Figura 1.9): tubo de seção


transversal elíptica com uma extremidade associada à
pressão que se deseja medir e a outra conectada a um
ponteiro por um mecanismo. Quando o fluido sob
pressão preenche o tubo, a seção elíptica tende a se
tornar circular e o tubo reto. Este movimento é
transmitido pelo mecanismo ao ponteiro que esta
calibrado para pressões conhecidas. Mede pressões
pequenas e moderadas

Figura 1.9

c) Transdutores de pressão (Figura 10): modernos


sensores de pressão feitos de material semicondutor
que convertem o efeito da pressão num efeito elétrico
tal como uma mudança de tensão, resistência ou
capacitância. Podem medir pressões menores que 0,001
atm até milhares de atm.
Figura 10

c) Sensores piezoelétricos: usa o efeito piezoelétrico para medida de pressão. O efeito piezoelétrico consiste
no surgimento de um potencial elétrico numa substância cristalina quando submetida a uma pressão
mecânica. A mudança na resistência é determinada fornecendo corrente elétrica ao sensor e medindo-se a
correspondente mudança na queda de tensão que é proporcional a pressão aplicada.

e) Barômetro: mede a pressão atmosférica

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1.6 Temperatura e Equilíbrio Térmico
A noção de temperatura é bem entendida pela percepção sensorial de “quente” e
“frio”. Quando dois corpos em temperaturas diferentes são colocados em contato, calor é
transferido do corpo de temperatura mais alta para aquele de temperatura mais baixa até que
ambos atinjam a mesma temperatura. Neste ponto, a transferência de calor pára, e os dois
corpos são ditos terem atingidos o equilíbrio térmico. A igualdade de temperatura é a
condição para o equilíbrio térmico.

1.6.1 A Lei Zero da Termodinâmica


A lei zero da termodinâmica declara que se dois corpos estão em equilíbrio térmico
com um terceiro corpo, eles estarão também em equilíbrio térmico entre si. A lei zero serve
como a base para a validade da medição de temperatura. Substituindo o terceiro corpo por um
termômetro, a lei zero pode ser declarada como: dois corpos estão em equilíbrio térmico se
ambos tem a mesma leitura de temperatura, mesmo se eles não estão em contato.

1.6.2 Escalas de Temperaturas


As escalas de temperaturas permitem a utilização de uma base comum para medição
das temperaturas. Elas são definidas por um ou mais valores numéricos associados a pontos
fixos cujos estados são facilmente reprodutíveis, tais como os pontos de congelamento e
ebulição da água. Algumas escalas de temperaturas são apresentadas a seguir.

1.6.2.1 A Escala Celsius


A escala de temperatura usada no SI é a escala Celsius (oC), na qual são atribuídos os
valores 0 e 100 para os pontos do gelo e do vapor, respectivamente. Esta escala é chamada de
escala de dois pontos tendo em vista que os valores das temperaturas são associados a dois
pontos diferentes.

1.6.2.2 A Escala Kelvin


Em Termodinâmica é importante ter uma escala de temperatura que seja independente
das propriedades de qualquer substância. Tal escala de temperatura é chamada de escala
termodinâmica de temperatura. A escala termodinâmica de temperatura no SI é a escala
kelvin (K).
A escala Kelvin é relaciona a escala Celsius por:

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T(K )  T( o C)  273,15
T(K )  T( o C)

1.6.2.3 A Escala de Temperatura de Gás Ideal


Uma escala de temperatura que se aproxima da escala Kelvin é a escala de
temperatura de gás ideal. Esta escala é baseada em um valor numérico associado a um
ponto fixo, que é o ponto triplo da água. A este ponto é atribuído o valor de 273,16 K. As
temperaturas nesta escala são medidas usando um termômetro de gás a volume constante, que
é basicamente um vaso preenchido com um gás a baixa pressão, geralmente hidrogênio ou
hélio, Figura 11. Este termômetro é baseado no principio de que em baixas pressões, a
temperatura de um gás é proporcional a sua pressão a volume constante e varia linearmente
com a pressão, ou seja:

T  p (1.6)

Em que o valor de  é determinado experimentalmente inserindo-se o termômetro em


um banho de referência mantido no ponto triplo da água (273,16 K) e medindo-se a pressão
designada por ptp, do gás confinado à temperatura do ponto triplo.
Da relação (1.6), obtém-se:

273,16

p tp

A temperatura T pode ser obtida medindo-se a pressão do gás confinado p e


utilizando-se a relação:

 p 
T  273,16   (1.7)
p 
 tp 

A temperatura medida desta forma é chamada de temperatura de gás perfeito.

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Figura 11. Termômetro de gás a volume
constante: o gás é mantido a volume
constante deslocando-se o reservatório para
cima ou para baixo.

Nota: Deve ser observado que a escala de temperatura absoluta de gás não é uma
escala termodinâmica de temperatura, desde que ela não pode ser usada em temperatura muito
baixa (devido à condensação) e em temperaturas muito altas (devido a dissociação e
ionização) do gás. Contudo, a escala de temperatura absoluta de gás é idêntica a escala
termodinâmica de temperatura na faixa em que o termômetro de gás é usado.

1.6.2.4 Outras Escalas


Outras escalas comumente usadas são as escalas Fahrenheit e Rankine. As relações
entre elas podem ser obtidas da Figura 12.

Figura 12.

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1.6.3 Aparelhos e Sensores de Medição de Temperatura
a) Termômetro de bulbo: associa o comprimento de um líquido num tubo capilar à
temperatura (Figura 12).
b) Termômetro de gás a volume constante: ver Figura 11.
c) Termopares: são baseados no princípio de que quando dois materiais distintos são
unidos, uma força eletromotriz (fem) será estabelecida em um circuito.
d) Sensores eletroresistivos: são baseados no fato de que a resistência elétrica de uma
série de materiais varia de uma maneira previsível com a temperatura. Os dispositivos
que usam condutores são conhecidos como bulbos de resistência de temperatura, e
os que utilizam semicondutores são chamados de termistores.
e) Pirômetros de radiação e óticos: medem a temperatura através da radiação.

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Tabelas de Conversão de Unidades

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