Texto baseado nos livros de Van Wylen, Yunus Cengel e Morin e Shapiro
CAPÍTULO 1
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ser fixa ou móvel. A fronteira de um sistema tem espessura zero e assim ela não pode conter
nenhuma massa e nem ocupar qualquer volume do espaço.
Existem dois tipos básicos sistemas denominados de: sistema fechado e sistema
aberto.
Um sistema fechado (também chamado de massa de controle) consiste de uma
quantidade fixa de massa que é tomada para estudo. Um exemplo é o gás da Figura 1.1a. Isto
significa que nenhuma massa pode cruzar sua fronteira. Assim, as interações entre um sistema
fechado e sua vizinhança ocorrem apenas através de troca de energia nas forma de calor e/ou
trabalho, que são as formas de energia que podem cruzar a fronteira de um sistema fechado,
Figura 1.1b. Um tipo especial de sistema fechado que não interage de forma alguma com sua
vizinhança é denominado de sistema isolado.
(a) (b)
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Clássica) ou microscópico (Termodinâmica Estatística). A abordagem macroscópica se
preocupa com o comportamento geral ou global onde nenhum modelo da estrutura da matéria
em níveis molecular é utilizado. A abordagem microscópica se preocupa diretamente com a
estrutura da matéria e modelos estatísticos para o comportamento médio das partículas que
compões o sistema de interesse são utilizados.
(a) (b)
Figuras 1.2a e b. Volume de controle.
1.3.1 Propriedades
Descrever um sistema e prever seu comportamento implica no conhecimento de suas
propriedades e como elas estão relacionadas. Uma propriedade é qualquer característica
macroscópica de um sistema, em equilíbrio, a qual se pode atribuir um valor numérico em
um dado tempo sem o conhecimento da história do sistema.
Ex.: p (pressão), T (temperatura), (volume), m (massa), (viscosidade cinemática),
módulo de elasticidade, velocidade, elevação, etc.
Para que uma propriedade tenha significado num ponto do espaço é necessário supor
que o meio é contínuo. Esta hipótese despreza a estrutura molecular da matéria (ou seja, os
espaços entre e dentro das moléculas) e a considera a substância como um meio contínuo e
homogêneo sem buracos microscópicos. Esta idealização é válida quando se trabalha com
volumes, áreas e comprimentos que são relativamente grandes quando comparados com os
espaços intermoleculares. Ela permite a representar as propriedades como uma função
matemática.
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As propriedades são classificadas em duas classes gerais que são: as intensivas e as
extensivas.
As propriedades intensivas são aquelas que independem do tamanho (ou massa) do
sistema, tais como p, T e etc. Elas podem variar de um ponto para outro do sistema em
qualquer momento, podendo, portanto, serem funções das posições e do tempo.
As propriedades extensivas são aquelas cujos valores para o sistema como um todo é
a soma de seus valores para as partes nas quais o sistema é dividido, ou seja, elas dependem
do tamanho (ou massa) do sistema tais como E, m, e etc.Elas podem variar com o tempo.
Uma forma de visualizar se uma propriedade é extensiva ou intensiva é mostrada na
Figura 1.3. Se dividirmos o sistema desta figura de forma imaginária aquelas propriedades
cujos valores também ficam divididos são extensivas, as demais são intensivas.
Qualquer propriedade extensiva dividida pela massa resulta numa propriedade
especifica que é sempre intensiva.
Figura 1.3
Quando as propriedades de um sistema não variam com o tempo diz-se que o sistema
está em regime permanente.
Quando as propriedades de um sistema variam de um ponto para outro dentro do
mesmo, mas em cada ponto não varia com o tempo, diz-se que o sistema está em regime
uniforme.
Observação: a) Cada uma das propriedades de um sistema, num dado estado, tem
apenas um valor que é independente da forma pela qual o sistema chegou a ele.
1.3.2 Estado
O estado de um sistema é definido por um grupo de propriedades que descrevem
completamente sua condição. Num dado estado, todas as propriedades de um sistema têm
valores fixos. Quando o valor de pelo menos uma propriedade muda, diz-se que o sistema
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sofreu uma mudança de estado.
A Termodinâmica trata dos estados de equilíbrio. Num estado de equilíbrio não há
potenciais desbalanceados (ou forças motoras) dentro do sistema. Existem vários tipos de
equilíbrios que são descritos a seguir:
a) Um sistema está em equilíbrio térmico se a temperatura é a mesma através de todo
o sistema (não existe gradiente de temperatura no mesmo que é a força motora).
b) Um sistema está em equilíbrio mecânico se não há mudança na pressão em
qualquer ponto do sistema com o tempo. Contudo, a pressão pode variar dentro do sistema
com a elevação devido aos efeitos gravitacionais, mas a pressão mais alta numa camada mais
profunda é balanceada pelo peso extra suportado e consequentemente não há
desbalanceamento de forças. A variação de pressão, como um resultado da gravidade, em
muitos sistemas termodinâmicos é relativamente pequena e geralmente desprezível.
c) Quando um sistema envolve duas fases, ele está em equilíbrio de fases, quando a
massa de cada fase atinge um nível de equilíbrio e permanece nele.
d) Um sistema está em equilíbrio químico se sua composição química não muda com
o tempo, isto é, nenhuma reação ocorre.
Quando um sistema estiver em equilíbrio em relação a todas as mudanças possíveis de
estado, ou seja, ele encontrar-se em equilíbrio térmico, mecânico, de fases e químico, diz-se
que o mesmo está em equilíbrio termodinâmico.
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1.3.3 Processos
Processo é qualquer mudança que um sistema sofre de um estado de equilíbrio para
outro.
Caminho é a série de estados através dos quais um sistema passa durante um
processo.
A descrição completa de um processo é realizada especificando-se seus estados inicial,
final e o caminho que ele segue. Um exemplo é apresentado na Figura 1.4.
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b) Processo isobárico: ocorre a pressão constante,
c) Processo isocórico: ocorre a volume constante,
d) Processo adiabático: ocorre sem transferência de calor,
e) Processo adinâmico: ocorre sem realização de trabalho,
f) Processo isoentalpico: ocorre com a entalpia constante,
g) Processo isoentrópico: ocorre com a entropia constante
Figura 1.5
1.3.4 Ciclo
Um sistema é dito ter sofrido um ciclo se ele retorna ao estado inicial no final do
processo. Como num ciclo os estados inicial e final são idênticos, a variação de qualquer
propriedade é nula.
Um exemplo de um sistema que executa um ciclo termodinâmico é apresentado na
Figura 1.6.
Figura 1.6.
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1.4 Dimensões e Unidades
Dimensões são grandezas físicas como massa, m, comprimento, L, tempo, t e
temperatura, T, força, F e etc. As magnitudes associadas às dimensões são chamadas
unidades. Exemplos de unidades são quilograma, metro, segundo, kelvin, newton, etc. As
dimensões são divididas em dois grupos:
a) Dimensões primárias ou fundamentais
b) Dimensões secundárias ou derivadas
As dimensões primárias são grandezas básicas das quais irão se originar todas as
demais grandezas derivadas.
A escolha das dimensões básicas dá origem a diversos sistemas de dimensões. Por
exemplo, quando a massa, o comprimento, o tempo e a temperatura são escolhidos como
grandezas básicas, tem-se o sistema MLtT, quando a força, o comprimento, o tempo e a
temperatura são escolhidos como dimensões básicas, tem-se o sistema de dimensões FLtT.
A escolha das unidades de cada sistema de dimensão dá origem a diversos sistemas de
unidades. Assim, se para o sistema MLtT escolhermos as seguintes as unidades quilograma
(kg) para a massa, metro (m) para o comprimento, segundo (s) para o tempo e kelvin (K) para
temperatura, obtém-se o sistema internacional de unidades SI.
O sistema de unidades que será adotado neste curso é o SI (sistema internacional) e
suas dimensões fundamentais e unidades são apresentados na tabela abaixo:
Dimensão Unidade
Comprimento metro (m)
Massa quilograma (kg)
Tempo segundo (s)
Temperatura kelvin (K)
Corrente Elétrica ampère (A)
Quantidade de Luz candela (cd)
Quantidade de matéria mole (mol)
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Tabela 1.1
Grandeza Nome da unidade Símbolo
Força Newton N
Momento de força, torque Newton-metro N.m
Pressão Pascal Pa
Trabalho, energia, calor Joule J
Potência, fluxo de energia Watt W
Densidade de fluxo de energia Watt por metro quadrado W/m2
m
lim' (1.2)
m
(1.2a)
v m 1 (1.3)
M
v Mv (1.4)
n m
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Em que n é o número de moles, M é o peso molecular e m é a massa. A unidade de v
é m3/kgmol.
1.5.3 Pressão
Pressão é a força exercida por um fluido por unidade de área. Fala-se de pressão
apenas quando se trata com um gás ou líquido. Para sólidos, o termo usado é tensão. Para um
fluido parado, a pressão num ponto dado é a mesma em todas as direções.
No sistema internacional a pressão é dada em Pa=1N/m2. A pressão em Pascal é
pequena demais para expressar as pressões encontradas na prática. Desta forma, usa-se outras
unidades como kPa, MPa, bar (1 bar=105 Pa), etc.
Quando medimos uma pressão deve-se expressá-la em relação a uma determinada
referência, Figura 1.7. Quando a referência para medida de pressão é o vácuo total, o
resultado é uma pressão denominada pressão absoluta. Quando a referência é a atmosfera, o
resultado é uma pressão denominada pressão manométrica.
Figura 1.7
Obs.: Nas relações termodinâmicas e tabelas, é quase sempre utilizada a pressão
absoluta.
A pressão absoluta numa profundidade h de um fluido é dada por:
p p atm gh (1.5)
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1.5.3.1 Alguns instrumentos para medição de pressão
Figura 1.8
Figura 1.9
c) Sensores piezoelétricos: usa o efeito piezoelétrico para medida de pressão. O efeito piezoelétrico consiste
no surgimento de um potencial elétrico numa substância cristalina quando submetida a uma pressão
mecânica. A mudança na resistência é determinada fornecendo corrente elétrica ao sensor e medindo-se a
correspondente mudança na queda de tensão que é proporcional a pressão aplicada.
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1.6 Temperatura e Equilíbrio Térmico
A noção de temperatura é bem entendida pela percepção sensorial de “quente” e
“frio”. Quando dois corpos em temperaturas diferentes são colocados em contato, calor é
transferido do corpo de temperatura mais alta para aquele de temperatura mais baixa até que
ambos atinjam a mesma temperatura. Neste ponto, a transferência de calor pára, e os dois
corpos são ditos terem atingidos o equilíbrio térmico. A igualdade de temperatura é a
condição para o equilíbrio térmico.
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T(K ) T( o C) 273,15
T(K ) T( o C)
T p (1.6)
273,16
p tp
p
T 273,16 (1.7)
p
tp
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Figura 11. Termômetro de gás a volume
constante: o gás é mantido a volume
constante deslocando-se o reservatório para
cima ou para baixo.
Nota: Deve ser observado que a escala de temperatura absoluta de gás não é uma
escala termodinâmica de temperatura, desde que ela não pode ser usada em temperatura muito
baixa (devido à condensação) e em temperaturas muito altas (devido a dissociação e
ionização) do gás. Contudo, a escala de temperatura absoluta de gás é idêntica a escala
termodinâmica de temperatura na faixa em que o termômetro de gás é usado.
Figura 12.
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1.6.3 Aparelhos e Sensores de Medição de Temperatura
a) Termômetro de bulbo: associa o comprimento de um líquido num tubo capilar à
temperatura (Figura 12).
b) Termômetro de gás a volume constante: ver Figura 11.
c) Termopares: são baseados no princípio de que quando dois materiais distintos são
unidos, uma força eletromotriz (fem) será estabelecida em um circuito.
d) Sensores eletroresistivos: são baseados no fato de que a resistência elétrica de uma
série de materiais varia de uma maneira previsível com a temperatura. Os dispositivos
que usam condutores são conhecidos como bulbos de resistência de temperatura, e
os que utilizam semicondutores são chamados de termistores.
e) Pirômetros de radiação e óticos: medem a temperatura através da radiação.
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Tabelas de Conversão de Unidades
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