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Avaliação Educacional

Material Teórico
O Professor e o Ato Avaliativo

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Lucimary Bernabé Pedrosa de Andrade

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
O Professor e o Ato Avaliativo

• A Avaliação da Aprendizagem;
• Modalidades de Avaliação;
• Avaliação Institucional.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer as diferentes funções e modalidades da avaliação e suas implicações na
prática pedagógica;
• Compreender a relação da avaliação com o processo de ensino e aprendizagem;
• Refletir sobre a relação da avaliação institucional com a qualidade da educação.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

A Avaliação da Aprendizagem
Como você pode estudar até agora, a avaliação no contexto educacional se
constitui enquanto uma prática essencial ao processo educativo, porém, sua his-
tória revela grandes contradições e desafios. É comum associarmos a avaliação
educacional meramente à atribuição de notas, à promoção ou retenção dos alunos,
porém, a avaliação educacional é um processo complexo e envolve várias dimen-
sões – como exemplos, temos a avaliação da aprendizagem escolar, a avaliação
institucional, a avaliação do currículo e a avaliação do sistema.
A avaliação educacional tem sido fortemente marcada pelo paradigma da clas-
sificação, sendo a avaliação compreendida como uma prática excludente e auto-
ritária, desfavorável à promoção da aprendizagem dos alunos e ao processo de
democratização da educação.
Embora a avaliação seja compreendida como um processo de julgamento de
uma determinada realidade, ela adquire significados diferentes para quem avalia e
para quem é avaliado, o que expressa que o ato de avaliar é carregado de valores
e significados sociais e éticos.
Contudo, qual o sentido da avaliação na aprendizagem? O que representa a ava-
liação para os professores e para os alunos? Em que contextos a avaliação acontece
no cenário escolar?

A Avaliação Formal em Sala de Aula


Pode-se observar no cenário da sala de aula a presença de uma visão reducionis-
ta da avaliação quando esta é meramente compreendida como um momento estan-
que do processo educativo, ou seja, quando se promove exames, provas, aplica-se
testes, trabalhos para verificar o que o aluno foi capaz de aprender no final de uma
determinada unidade de estudo, no final de um bimestre , semestre ou ano escolar.
Dessa forma, temos o entendimento da avaliação como ato de apreciação fi-
nal do resultado obtido pelo aluno durante o processo de ensino e aprendizagem.
Os professores, ao assumirem tais práticas, demonstram compreender a avaliação
como um momento definitivo do processo de aprendizagem, atribuindo-lhe uma
característica meramente burocrática, no sentido de registrar resultados. Tal prática
expressa uma visão de avaliação desarticulada da ação educativa, pois, quando o
professor aplica a avaliação apenas para medir os resultados, ele não se aprofunda
nas causas que levaram o aluno a resultados positivos ou insatisfatórios.
Hoffmann (2014) assevera que o professor, ao fazer uso da avaliação exclusi-
vamente dela para julgar se o aluno atingiu os objetivos esperados, reproduz um
comportamento autoritário e de controle comprometendo o desenvolvimento da
autonomia moral e intelectual dos alunos.

Porém, esse modelo de avaliação é uma herança dos modelos avaliativos imple-
mentados em nosso sistema educacional, com forte influência do positivismo e da
psicologia comportamental.

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Até que ponto os professores estão conscientes da presença de um modelo de avaliação
classificatória em suas práticas pedagógicas? Ou eles apenas reproduzem os modelos avalia-
tivos pelos quais tiveram experiências ao longo de sua formação escolar, inclusive durante a
formação de professores?

A prática da avaliação no contexto escolar requer uma mudança de atitude do pro-


fessor no ato de avaliar, visto que essa ação é constitutiva de sua prática profissional e
exige uma atitude reflexiva e investigativa frente ao processo de ensino e aprendizagem.

No intuito de ressignificar a prática avaliativa em sala de aula, como tem sido de-
fendido pelos estudiosos, é necessário romper com o autoritarismo e traduzir essa
prática em ações democráticas, pautadas em um modelo dialógico e cooperativo.
É preciso avaliar com ética superando a visão controladora e punitiva da avaliação,
a qual promove competição e exclusão dos alunos.

Figura 1
Fonte: Getty Images

A avaliação precisa ser entendida como um processo contínuo, dinâmico, aberto


e contextualizado, que se desenvolve ao longo de um período de tempo. Não é uma
ação isolada ou pontual, como têm revelado as práticas escolares.

É preciso que a avaliação aconteça por meio de um processo de continuidade


considerando todo o movimento do processo de ensino e aprendizagem, o qual
requer uma ação ativa dos sujeitos envolvidos. Segundo Hoffmann (2014, p. 67-
69), muitos professores desconsideram esse movimento e limitam-se a transmitir
e corrigir tarefas, transformando a avaliação em atos estanques, desconectados e
focados apenas no que o aluno foi capaz ou não de aprender, ou seja, na constata-
ção de seus erros e acertos.

A perspectiva pedagógica construtivista destaca o importante papel do erro para


a construção do conhecimento, sendo que o conhecimento produzido pelo aluno,
em um determinado momento de seu processo de aprendizagem, constitui-se em um
conhecimento em processo de superação, ou seja, não atingir determinados resulta-
dos em um determinado momento não significa que ele não será capaz de apresentar
resultados diferentes em outras situações. Portanto, a avaliação precisa ser dinâmica

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

e considerar esse processo de mudança, tornando-se uma ação mediadora pela qual
se encoraja o aluno na reorganização do saber (HOFFMANN, 2014).

Figura 2
Fonte: Getty Images

Nesse sentido, a avaliação mediadora consiste em ajudar o aluno a avançar qua-


litativamente frente à construção do conhecimento, o que requer do professor uma
intervenção diferenciada no processo avaliativo, pois será preciso não mais avaliar
apenas o produto da aprendizagem, mas acompanhar sistematicamente todas as
ações do aluno durante esse processo, como ele parte de suas hipótese iniciais frente
ao objeto a ser conhecido e avança em sua aprendizagem como um tudo. Dessa for-
ma, é preciso a utilização de estratégias e instrumentos adequados a esse modelo de
avaliação, pois aprender não é mais concebido como cópia ou repetição de tarefas,
mas como uma atividade que requer o protagonismo do aluno e a conquista de sua
autonomia frente ao conhecimento. Avaliar, portanto, não é meramente classificar o
rendimento do aluno, mas mediar o seu processo de aprendizagem.

Em Síntese Importante!

Avaliação classificatória: corrigir tarefas e provas do aluno para verificar respostas certas
e erradas e, com base nessa verificação periódica, tomar decisões quanto ao seu aprovei-
tamento escolar; sua aprovação ou reprovação em cada série ou grau de ensino (prática
avaliativa tradicional);
Avaliação mediadora: analisar teoricamente as várias manifestações dos alunos em situa-
ção de aprendizagem (verbais ou escritas, outras produções), para acompanhar as hipóteses
que vêm formulando a respeito de determinados assuntos, em diferentes áreas do conheci-
mento, de forma a exercer uma ação educativa que lhes favoreça a descoberta de melhores
soluções ou a reformulação de hipóteses preliminares formuladas.

É nesse sentido que podemos falar de uma avaliação que supera o caráter
quantitativo para atingir a sua dimensão qualitativa, pois parte-se da ideia de
que no espaço educativo os processos são mais importantes do que os produtos
(DEMO, 2010).

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Para que você possa compreender melhor como as práticas avaliativas podem
ser realizadas visando à verdadeira aprendizagem do aluno, e não somente a ve-
rificação de seus erros, convidamos você a ler a reportagem a seguir da Revista
Nova Escola:
Rodrigo: diferentes maneiras de avaliar

Várias estratégias de ensino, várias formas de avaliar. Nisso se baseiam as


aulas de História para a 8ª série do professor Rodrigo Perla Martins, do
Colégio Monteiro Lobato, em Porto Alegre. Aplicando uma série de tare-
fas avaliativas, ele consegue analisar formas de expressão do aluno, como
ler e interpretar, redigir, desenhar, buscar informações. Os instrumentos
são aplicados de acordo com o tema trabalhado e todas as impressões
viram relatório.

O objetivo é sempre o mesmo: fazer Rodrigo descobrir como levar a turma


a avançar mais.

1. Um dos temas trabalhados no ano passado foi o das navegações. Numa


das avaliações, Rodrigo pediu uma produção visual, um desenho ou uma
história em quadrinhos em que os alunos tinham de descrever o encontro
entre nativos e portugueses na chegada desses ao Brasil, em 1500. “A
maneira como os dois povos se relacionaram, o cenário, as roupas, os
hábitos e a língua deveriam estar presentes na cena”, diz Rodrigo.

2. Em seguida, Rodrigo trabalhou os reflexos no Brasil de hoje da chegada


dos colonizadores. É constante em seu planejamento a ponte entre fatos
históricos e a atualidade. Depois de ler reportagens de jornais, a turma
escreveu textos sobre os reflexos da colonização portuguesa na vida dos
nativos hoje e sobre a relação entre as capitanias hereditárias e o Movi-
mento dos Trabalhadores Rurais sem Terra. Em exercícios como esse,
ele pode analisar se os estudantes conseguiam estabelecer relações, se
os argumentos tinham coerência, se os dados citados eram precisos e se
saiam do senso comum.

3. Uma das estratégias de ensino de Rodrigo são os seminários, leituras de


textos acompanhadas por ele. Um desses textos foi a carta de Pero Vaz
de Caminha. “Surgem perguntas e ideias ótimas durante a discussão”,
revela Rodrigo. A estratégia é perfeita para que ele analise as dúvidas
e o raciocínio que o aluno está fazendo. Para finalizar, pediu uma nova
produção de texto, dessa vez, uma carta aos portugueses. O objetivo era
o de contar as impressões de quem pusesse os pés pela primeira vez no
Brasil hoje.

Conceitos não assimilados ou objetivos não atingidos são sempre revis-


tos. E isso pode ocorrer em atividades interdisciplinares. Com a profes-
sora de Arte, Rodrigo retomou os aspectos culturais do encontro entre
portugueses e índios. Os alunos capturaram imagens na internet e re-
construíram a cena.

4. As dificuldades mais sérias são trabalhadas em atividades complemen-


tares, realizadas em um horário extra. “Pode ser uma pesquisa dirigida

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

na biblioteca, seguida de uma nova produção de texto”, cita. Nessa


pesquisa, o professor analisa se o estudante consegue construir um
conceito com as próprias palavras, em vez de apenas copiar ou expres-
sar um ponto de vista próprio. Apesar de não existir uma só verdade
histórica, é possível avaliar se as ideias são mais ou menos coerentes
com as fontes consultadas.

A cada etapa do processo avaliativo o professor elege alguns aspectos


e objetivos a analisar. “Sistematizando essas etapas, ao final do tema
navegações eu tinha uma visão geral de cada um ao longo de todo o
processo”, finaliza Rodrigo.
Explor

Para ler o artigo na íntegra, acesse - Avaliar para ensinar melhor: https://bit.ly/2DHo4Dv

Trocando em Miúdos
No trabalho de Rodrigo, a avaliação visa à melhoria da aprendizagem
porque... o professor não tem a preocupação de classificar melhores e piores,
mas de fazer com que todos aprendam. Para isso, diversifica o planejamento;
os alunos são respeitados em sua individualidade e podem observar seus progres-
sos em relação a si próprios, dentro do ritmo de aprendizagem de cada um.

É preciso que a avaliação deixe de ser vista como a tirana da prática educativa,
sendo dinâmica, construtiva e inclusiva. A avaliação é um caminho para aprendiza-
gem, o que lhe atribui um significado de ato pedagógico. Muitos estudos da didática
apontam a indissociabilidade entre o planejamento e a avaliação no contexto esco-
lar. O ato pedagógico inclui as ações de planejar e avaliar, perpassadas pela ação
de executar.

A aprendizagem é um processo com inúmeros procedimentos didáticos, dentre


eles a avaliação. O professor precisa observar atentamente cada aluno, pois cada
um dará respostas diferentes no decorrer do ato pedagógico. A tarefa se torna com-
plexa, pois é preciso uma avaliação individualizada.

Aprendemos, a partir de nossa individualidade, a nos apropriamos do conhe-


cimento a partir de nossas experiências anteriores, de nossa cultura, de nossas
capacidades. Porém, há um outro lado da aprendizagem que é objetivo, ou seja,
o estudante precisará se apropriar de um conhecimento produzido culturalmente.
Portanto, há um objetivo do professor a ser alcançado, que é o do conhecimento,
contudo, o caminho para esse objetivo pode ser trilhado de diferentes formas,
constituindo-se em um espaço para mediação.

A avaliação envolve a objetividade e a subjetividade, sendo necessário equilíbrio


entre ambas. A objetividade restringe o ato de avaliar a um processo mecânico e
imparcial; se atender somente às condições internas dos alunos, pode comprometer
o cumprimento das exigências sociais da escola.

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[...] em qualquer caso a avaliação deve estar integrada ao processo edu-
cacional e tornar-se um instrumento de ação pedagógica que permita,
por um lado adaptar a atuação educacional/docente às características
individuais dos alunos ao longo de seu processo de aprendizagem e, por
outro lado comprovar e determinar se atingiram as finalidades e as metas
educacionais que são o objeto e a razão de ser da atuação educacional.
(CASTILHO; CABRERIZO, 2013, p. 40)

No decorrer de todo o processo de escolarização, da educação infantil ao ensino


superior, a avaliação, enquanto prática sistematizada, se diferencia pela complexi-
dade dos objetivos e instrumentais utilizados.

A questão não é o julgamento da validade da avaliação, mas como ela acontece


e qual a sua real contribuição para que os alunos aprendam.

Luckesi (2008) alerta para que a avaliação seja um ato amoroso no processo
educativo, ou seja, um momento de acolhimento do aluno frente as suas dificulda-
des e o seu estágio de aprendizagem. Portanto, as práticas de julgamento devem
ser substituídas por ações que busquem soluções frente aos resultados dos alunos,
promovendo a sua inclusão no processo educativo.

Nesta Unidade, ainda, discutiremos sobre as modalidades de avaliação e suas


finalidades nos momentos diferenciados da aprendizagem.

Avaliação Informal
Outro tipo de avaliação que acontece em sala de aula é a chamada avaliação in-
formal, a qual pode acarretar consequências positivas ou negativas às possibilidades
de aprendizagem dos alunos.

Segundo Freitas (2002, apud VILLAS BOAS,2008), pode se entender por ava-
liação informal as representações construídas por professores e alunos, as quais
podem determinar juízos e percepções os quais podem interferir positivamente ou
negativamente nas relações humanas e pedagógicas em sala de aula:
Professores e alunos defrontam-se em sala de aula construindo repre-
sentações uns dos outros. Tais orientações e juízos orientam novas per-
cepções, traçam possibilidades, estimulam desenlaces, abrem ou fecham
portas e, do lado dos professores, afetam o próprio envolvimento destes
com os alunos, terminando por interferir positiva ou negativamente com
as estratégias de ensino postas em marcha em sala de aula. (FREITAS,
2002 apud VILLAS BOAS, 2008, p. 45)

Apesar de acontecer de forma velada em sala de aula, esse tipo de avaliação


apresenta prejuízos bastante perceptíveis, como demonstram os dados do SAEB,
os quais revelam que 47% dos alunos da 4ª série se sentiam rejeitados em sala de
aula. Estudos comprovam a influência da afetividade no processo de aprendizagem,
o que revela que os alunos que se sentem rejeitados pelos professores e pelos

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

colegas em sala de aula têm mais chances de apresentar baixo rendimento escolar
(VILLAS BOAS, 2008).

A avaliação informal, quase sempre, é realizada em maior proporção do que a


formal (provas, exames, testes etc.), visto que ela acontece ao longo do período em
que o aluno está na escola, por meio de observações, gestos e comentários, tanto
por parte dos professores, funcionários da escola, quanto por familiares e colegas
de sala. Algumas práticas de avaliação informal são tão negativas que desdobram
em práticas de bullying.

Figura 3
Fonte: Getty Images

O termo bullying é utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica intencionais e
Explor

repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos, causando dor e angústia e sen-
do executados dentro de uma relação desigual de poder. O bullying é um problema mundial,
sendo que a agressão física ou moral repetitiva deixa sequelas psicológicas na pessoa atingida.

Você Sabia? Importante!

No Brasil, temos três leis que tratam da questão do bullying na escola. A primeira, Lei
n.º 13.185/15, aborda especificadamente sobre a discussão do bullying e cyberbullying.
A segunda, a Lei n.º 13.277/16, estabelece o dia 07 de abril como Dia Nacional de Com-
bate ao bullying. E a última, sancionada em 2018, a Lei n.º 13.663/18, altera o artigo 12
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 9394/96, delegando às escolas
a tarefa de propagar a cultura da paz e promover medidas de conscientização para pre-
venção e combate a todas as formas de violência.

Alguns alunos já são destinados ao fracasso escolar no início do ano letivo por
pré-julgamentos do professor baseados em critérios sociais, raciais e culturais.
Os professores desenvolvem algumas categorias para classificar os alunos em
bons ou maus alunos, avaliando-os em relação à disciplina, ao comprometimento,

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cumprimento das tarefas, lugar que ocupa no espaço físico da sala de aula, compor-
tamento social, dentre outros. Em algumas situações, a avaliação informal também
se estende às famílias das crianças, quando se tem como referência a presença
das mesmas na escola ou no acompanhamento pedagógico dos filhos. Algumas
famílias são rotuladas como desestruturadas, em razão de problemas vivenciados
pela condição social e cultural. Em algumas situações, os professores chegam a
verbalizar em sala de aula, ou entre os colegas de trabalho, expressões tais como:
“Esse menino não tem mesmo jeito, igual ao irmão”; ou “Excelente nota, também
sendo filho de quem é...”. Alguns estudos explicam as causas do fracasso escolar
associado a esse tipo de avaliação informal.

Você tem lembranças de ter sido avaliado ou vivenciado avaliações informais de seus profes-
Explor

sores e colegas em sala de aula?

Figura 4
Fonte: Getty Images

A Autoavaliação
A autoavaliação consiste na possibilidade de o aluno analisar o desenvolvimento
de suas atividades, registrando suas percepções e sentimentos e identificando fu-
turas ações para que esse possa avançar no processo de aprendizagem (VILLAS
BOAS, 2008). A autoavaliação não implica no ato do próprio aluno dar nota a si
mesmo, mas de permitir que ele reflita sobre o que aprendeu, o que não aprendeu
e o que foi possível aprender, permitindo que possa avançar com êxito sobre o que
ainda precisa aprender. Ao professor, a autoavaliação pode permitir rever seus ob-
jetivos educacionais de posse do resultado do processo de autoavaliação dos alunos.

A autoavaliação contribui para que os alunos estabeleçam uma nova relação


com o conhecimento, rompendo com os modelos autoritários introjetados. O pro-
fessor precisa preparar gradativamente os alunos para a vivência desse processo

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

avaliativo de forma que possam construir esquemas de reflexão sobre o que fize-
ram, como se sentiram ao realizar uma tarefa, o que poderiam ter feito de forma
diferente, sempre com o cuidado de enriquecer a autoestima do aluno.

A autoavaliação deve ser estimulada no cotidiano da sala de aula de forma que


o aluno possa se avaliar constantemente a partir de critérios claros, o que pode-
rá possibilitar um automonitoramento do processo de ensino e de aprendizagem.
Quando o aluno reflete sobre o que aprendeu, ele realiza um diálogo consigo mes-
mo, o que lhe permitirá compreender suas limitações, seus pontos fortes, enfim,
desenvolver a metacognição (VILLAS BOAS, 2008). Alguns exercícios ao final de
uma unidade são exemplos de autoavaliação, assim como o portfólio.

Segundo Hadji (2001), a autoavaliação engloba dois aspectos: a autorregulação


e a metacognição. O aluno, ao desenvolver o autocontrole, diminui a regulação
externa do professor.

Metacognição é o processo mental interno pelo qual uma pessoa toma consciên-
cia dos diferentes aspectos e momentos de sua atividade cognitiva (VILLAS BOAS,
2008, p. 55).

Para saber mais sobre as possibilidades da realização da autoavaliação na escola e da avalia-


Explor

ção como mediação do processo educativo, leia a reportagem da revista Nova Escola, dispo-
nível no link: https://bit.ly/2DHo4Dv

Estratégia do professor para estimular a autoavaliação dos alunos


Antes de iniciar a atividade:
• E xpor
de maneira clara e compreensível os objetivos de aprendizagem e
os conteúdos mais relevantes, bem como os indicadores básicos de quali-
dade da tarefa;
• E xecuçãoclara e ordenada com uma determinada extensão utilizando es-
calas específicas;
• Atitudes básicas em relação à atividade ou tarefa;
• Requisitos de “excelência” da tarefa: critérios de exigência e avaliação.

Durante a atividade:
• Orientar a tarefa tanto no processo (como fazê-lo) quanto no resultado;
• Utilização de técnicas, instrumentos de trabalho, bibliografia complementar;
• Dificuldades que podem surgir e fórmulas para evitá-las;

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• Fornecer aos alunos instrumentos de planejamento e critérios de execu-
ção: o que vou fazer, como vou recolher os dados, como vou apresentar
os resultados.

Depois da atividade:
• O professor promove o comentário e a reflexão sobre a atividade ou
tarefa realizada;
• O aluno conhece o trabalho realizado por outros alunos;
• O professor e os alunos analisam e avaliam conjuntamente os objetivos
alcançados pelo grupo;
• O professor orienta determinado alunos sobre suas dificuldades e suas áre-
as de melhora, ocorrendo a explicação e superação dos erros: aprender
com os erros;
• Elabora-se um pequeno questionário de autoavaliação dos alunos sondan-
do o grau de satisfação obtido (CASTILHO; CABRERIZO, 2013, p. 190).

Modalidades de Avaliação
A avaliação precisa acontecer de forma contínua e pode se materializar por mo-
mentos e por funções distintas durante o ato pedagógico. Dessa forma, Hadji (2001)
considera que a avaliação da aprendizagem apresenta três funções básicas: classifi-
car (valorar), controlar (acompanhar) e diagnosticar (investigar). Pautadas a essas três
funções, existem três modalidades de avaliação: somativa, formativa e diagnóstica.

Segundo Hadji (2001), o objetivo legítimo da avaliação no contexto escolar é


o de contribuir para o êxito do ensino, o que significa favorecer a construção dos
saberes e competência dos alunos.

Considerando todo o processo do ato de avaliar, Hadji estabelece que, tendo por
base o momento em que venha a ocorrer a avaliação, essa pode ser prognóstica,
cumulativa e formativa.

A avaliação prognóstica, também chamada de avaliativa diagnóstica, busca


identificar certas características do aluno, levantando seus pontos fortes e fracos,
permitindo ao professor realizar ajustes em seu plano de ensino mediante às com-
petências e aos conhecimentos prévios dos alunos (HADJI, 2001, p.19).

Essa avaliação deve acontecer no início do processo educativo, de uma uni-


dade didática ou de um curso, a fim de subsidiar o trabalho do professor. A par-
tir do levantamento diagnóstico, o professor pode analisar as necessidades dos
alunos e estabelecer intervenções didáticas necessárias para o direcionamento
da aprendizagem dos alunos. Esse tipo de avaliação possibilita ao professor a
tomada de decisões.

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

A avaliação que acontece no centro do processo de formação é chamada de


formativa, tendo como função levantar informações úteis para a regulação do pro-
cesso de ensino e aprendizagem.

A avaliação cumulativa acontece depois da ação, ou seja, da formação, com o


intuito de verificar se o aluno adquiriu os conhecimentos propostos. Também cha-
mada de avaliação somativa, essa avaliação é aplicada no final de um tempo esta-
belecido, seja no final do estudo de uma unidade, no final do bimestre ou semestre.
Esse tipo de avaliação “tem uma intenção certificativa, é mais global e se refere a
tarefas socialmente significativas” (HADJI, 2001, p. 19).

Em Síntese Importante!

Tabela 1 – Modalidades de avaliação


Processo aberto e contextualizado
Tipo Avaliação Inicial Avaliação Processual Avaliação Final
Momento Antes de Durante Depois de
Funções Diagnóstica Formativa Somativa
Conteúdos e Avaliação dos alunos, avaliação dos professores, avaliação da escola,
Aplicações avaliação dos processos, avaliação dos sistemas
Executores Professores, alunos e administração educacional
Fonte: adaptado de Castilho e Cabrerizo (2013, p. 190)

Avaliação Diagnóstica
A avaliação diagnóstica acontece no começo de um processo educacional, que
pode ser no início do ano letivo ou no início de uma unidade didática. A avaliação
diagnóstica pode ser compreendida como um processo de sondagem sobre o de-
senvolvimento dos alunos e de seus conhecimentos prévios, possibilitando ao pro-
fessor adequar a sua prática docente às necessidades dos alunos e do grupo com
o qual trabalhará. Dessa forma, o professor poderá planejar sua prática docente
e ajustar estratégias didáticas para o enfrentamento das possíveis dificuldades dos
alunos identificadas na avaliação diagnóstica.

Hadji (2001) assinala que, além de identificar a presença ou ausência de pré-


-requisitos necessários, para que se efetive a aquisição de novas aprendizagens, a
avaliação diagnóstica tem ainda como objetivo identificar as dificuldades de apren-
dizagem, tentando discriminar e caracterizar suas possíveis causas.

Por meio da avaliação diagnóstica, o professor poderá identificar o atual es-


tado de aprendizagem dos alunos, seus conhecimentos e habilidades, bem como
suas dificuldades e potencialidades. Conforme Castilho e Cabrerizo (2013), os
dados da avaliação diagnóstica são importantes tanto para os professores como
para os alunos. Ao professor, possibilitará ajustar o seu planejamento aos co-
nhecimentos atuais dos alunos, enquanto que esses poderão acompanhar o seu

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progresso no processo de aprendizagem, de forma participativa, como exem-
plo, por meio da autoavaliação.

Trocando ideias... Importante!


A avaliação inicial do aluno consiste, essencialmente, em diagnosticar e analisar, o
quanto antes possível, as circunstâncias e os resultados de sua aprendizagem, a fim de
detectar de imediato suas possíveis lacunas, dificuldades ou atrasos, para atendê-los
e solucioná-los o quanto antes, para que sua acumulação não dificulte ou atrase sua
progressão nas aprendizagens seguintes (CASTILHO; CABRERIZO, 2013, p. 229).

Luckesi (2008) afirma que o primeiro passo para que a avaliação contribua para
a democratização do ensino é modificar a sua função de classificação para diag-
nóstica, possibilitando ao professor a compreensão do estágio de aprendizagem do
aluno e a tomada de decisões satisfatórias que o ajudem a avançar em sua aprendi-
zagem. Nesse sentido, o autor ressalta que a avaliação diagnóstica está diretamente
relacionada com uma proposta de uma pedagogia histórico-crítica a serviço da
transformação da educação.

Luckesi (2008), ao demonstrar a importância da avaliação diagnóstica, faz uma relação com
Explor

o diagnóstico médico. Leia a citação do autor e reflita sobre as possíveis contribuições da


avaliação diagnóstica na aprendizagem escolar: “Assim como é constitutivo do diagnóstico
médico estar preocupado com a melhoria da saúde do cliente, também é constitutivo da
avaliação da aprendizagem estar atentamente preocupada com o crescimento do educan-
do” (LUCKESI, 2008, p. 82).

A Avaliação Formativa
Sabemos que nos dias atuais a maioria das avaliações utilizadas nas escolas não
atendem à necessidade dos alunos. Isso ocorre pelo fato da prática avaliativa se
espelhar em um modelo tecnicista, que visa a uma educação que prioriza produtos
e resultados, e não um processo dinâmico e criativo, que implica em uma reflexão
crítica sobre a prática, no sentido de captar os avanços, os impasses, as resistências
e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos.

Trocando ideias... Importante!


Para Luckesi (2008, p. 94), “a avaliação manifesta-se como um ato dinâmico que qualifi-
ca e subsidia o reencaminhamento da ação, possibilitando consequências no sentido da
construção dos resultados que se deseja”.

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

Dessa forma, deve-se refletir sobre a diversidade do aluno que está sendo avalia-
do e o impacto dessa diversidade em seu desempenho, portanto, devem ser utiliza-
das formas que levem em conta a individualidade do aluno.

Importante! Importante!

É o conhecimento do que cada aluno apreende ao longo do processo de ensino e apren-


dizagem e a adaptação às novas necessidades que se colocam que pode ser designado
como avaliação formativa.

Conforme Hadji (2001) e Perrenoud (1999), a avaliação formativa pode ser con-
siderada como uma avaliação informativa, por indicar os caminhos para que a
avaliação possa estar verdadeiramente a favor das relações pedagógicas. Com base
nos princípios da avaliação formativa, vemos que avaliar não é o mesmo que medir,
nem qualificar e nem sequer corrigir.

Avaliar tampouco é classificar, examinar, aplicar testes. Pelo contrário, a avalia-


ção entendida como formativa deve ser uma atividade crítica de aprendizagem,
visto que, por meio dela, o conhecimento será adquirido tanto pelo aluno quanto
pelo professor.

A avaliação formativa tem como base fornecer feedback aos sujeitos envol-
vidos no processo educativo, oferecendo-lhes informações sobre os resultados
desse processo, para que o trabalho pedagógico possa ser reorganizado (VILLAS
BOAS, 2008). Assim, para que esse feedback aconteça de maneira efetiva, é
preciso que o aluno seja previamente informado com clareza sobre os objetivos
de aprendizagem e o que se espera que seja alcançado, possibilitando que ele
seja sujeito ativo e participativo do seu processo, sobretudo consciente de sua
aprendizagem, do que foi capaz de evoluir e o que ainda é preciso melhorar no
desempenho de suas habilidades, competências e conhecimentos. É importante
que o professor compreenda que o objetivo do feedback não é melhorar a nota
do aluno, mas sim o seu aprendizado.

É importante lembrar que na avaliação formativa temos que levar em conta


as consequências sofridas pelo sujeito do qual se originam as práticas avaliativas,
dessa forma, devemos lembrar que a avaliação está permeada por aspectos éticos
relevantes que vão além dos aspectos teóricos, pois a escola fala “de”, “com” e
“para” sujeitos concretos.

Assim, o educador precisa estar atento aos processos cognitivos (raciocínio do


aluno), sócio-afetivos (sensibilidade, emoção, comunicação) e metacognitivos (mo-
nitoração da aprendizagem), para que, dessa forma, possa diagnosticar os erros, as
dificuldades encontradas, não simplesmente para constatar, mas, sobretudo, para
refletir sobre o melhor caminho de ajuda e regulação do ensino.

Enfim, o educador deve oferecer ao educando suporte cognitivo, metacognitivo, afe-


tivo e social. É relevante que o trabalho com jovens e adultos favoreça a construção da

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autonomia, estimulando-os para autoavaliação de seus progressos e de suas carências,
para que eles tomem consciência de como ocorre a aprendizagem.

Quando o professor trabalha levando seus alunos a refletirem sobre o seu pró-
prio processo de aprendizagem, podem ser notados pontos importantes durante o
processo de aprendizagem:
• Desenvolvimento de responsabilidade pelo trabalho;
• Formação de alunos independentes e permanentes, pois os processos incenti-
vam-nos a tomar decisões;
• Domínio do processo de trabalho, uma vez que os alunos gerenciam seu pró-
prio progresso;
• Desenvolvimento do espírito crítico, da metacognição, ou seja, o aluno passa
a conscientizar-se das operações mentais, de refletir sobre seu próprio pensa-
mento e, assim, passa a controlá-lo melhor.

A partir do momento em que o educador toma consciência da problemática mais


ampla da avaliação em seus aspectos conceituais, das funções reveladoras de pos-
turas diante do conhecimento e do mundo, ele deixa de ser o transmissor do saber
e, o aluno, um simples receptor. Parece-nos claro que somente uma consistente
formação do docente pode levá-lo a assumir um papel reflexivo e crítico perante o
ato de avaliar. Uma avaliação que não contribua para reflexão do professor não é
uma avaliação formativa.

Trocando ideias... Importante!


Hadji (2001, p. 21) assevera que a avaliação formativa é uma utopia promissora por ser
considerada um modelo ideal de avaliação em razão de:
• colocar-se deliberadamente a serviço do fim que lhe dá sentido: torna-se um elemen-
to, um momento determinante da ação educativa;
• propor-se tanto a contribuir para uma evolução do aluno quanto a dizer o que, atual-
mente, ele é;
• inscrever-se na continuidade da ação pedagógica, ao invés de ser simplesmente uma
operação externa de controle, cujo agente poderia ser totalmente estrangeiro à ativi-
dade pedagógica.

Avaliação Somativa
Segundo Hadji (2001), a avaliação somativa tem como função classificar os alu-
nos ao final da unidade, semestre ou ano letivo, conforme níveis de aproveitamento
apresentados. Essa classificação está associada à ideia de medir, destinando-se à
aprovação ou reprovação do aluno. Como já foi discutido, conceber a avalição me-
ramente como quantificação dos resultados invalida o seu objetivo principal, que
deve ser a aprendizagem dos alunos. Portanto, concebida como uma ação final e

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

terminal do processo educativo, impossibilita aos sujeitos do processo reverem suas


ações e replanejarem as estratégias de aprendizagem.

Essa modalidade de avaliação corresponde a uma perspectiva tradicional da ava-


liação, na qual avalia-se para classificar, para separar os bons dos maus alunos e,
consequentemente, para selecionar os que permanecerão na escola e os que serão
excluídos, cumprindo uma tarefa reprodutora da educação e de ajustamento dos
indivíduos ao modelo competitivo de sociedade.

A nota é a certificação do que o aluno foi capaz de aprender, independentemen-


te dos caminhos que tenha percorrido e do que tenha avançado em seu desenvol-
vimento. Esse tipo de avaliação assume também um caráter de sanção na medida
em que pode decidir a aprovação ou não do aluno frente aos resultados alcançados.

Figura 5
Fonte: Getty Images

Avaliação Institucional
Considerando que no contexto educacional a avaliação acontece em diferentes
momentos do processo educativo, com funções diferenciadas, focos e enfoques dis-
tintos, falaremos agora sobre a avaliação institucional interna, ou seja, aquela que
acontece na escola por meio de seus agentes internos.

Segundo Luck (2012), a avaliação institucional está a serviço da gestão escolar


e, por meio de levantamentos de dados quantitativos e qualitativos, pode contribuir
para mudanças no cenário escolar. A avaliação institucional, em uma perspectiva
transformadora, deve ser realizada não apenas para constatar, rotular ou mera-
mente como uma ação administrativa, mas como uma avaliação do desempenho
de todas as dimensões do trabalho escolar, tanto no âmbito administrativo como
no pedagógico.

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Contudo, dada a cultura que temos da avaliação como algo punitivo, ela é
bastante rejeitada pelos profissionais da escola, entendida muitas vezes como
ameaça, cabendo aos gestores promoverem uma cultura que esclareça os be-
nefícios dessa avaliação, reconhecendo os pontos fracos da instituição como
oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Deve ser realizada em to-
das as áreas e dimensões do trabalho escolar, estando estritamente relacionada
à aprendizagem dos alunos, uma vez que possibilita avaliar a qualidade da edu-
cação oferecida pela instituição.

Segundo Grego (2013), o processo de avaliação institucional precisa acontecer


alicerçado em princípios democráticos orientados para autogestão, no qual todos
os sujeitos envolvidos no processo são avaliadores e avaliados. A avaliação ins-
titucional precisa ser um ato coletivo, em um desejo de todos de conhecer para
promover mudanças necessárias, um pacto de responsabilidade entre os sujeitos
envolvidos no processo seja de forma direta ou indireta.

Luck (2012) assevera que a avaliação institucional é um processo complexo e


precisa ser realizada de forma sistêmica, ou seja, por meio de uma análise global
de todos os dados avaliados, devendo estar prevista no Projeto Político da Escola.

Trocando ideias... Importante!


Segundo Luck (2012, p. 90-91), para que a avaliação aconteça de forma sistêmica, é
preciso um planejamento sistêmico da avaliação institucional, o qual deve responder às
seguintes questões:
• O quê? – Ação;
• Para quê? – Objetivos e metas;
• Por quê? – Pressupostos;
• Como? – Métodos e estratégias;
• Quando? – Circunstâncias de tempo: cronograma;
• Para quem? – Beneficiários;
• Com quem? – Agentes.

A avaliação institucional interna, também denominada de autoavaliação, deve


estar prevista no projeto político pedagógico da escola, possibilitando a revisão dos
objetivos e das metas estabelecidos por todos os segmentos da escola. Essa se cons-
titui no trabalho de organização, orientação e mobilização de esforços e recursos
escolares para promover o trabalho educacional com a máxima efetividade.

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UNIDADE A Avaliação na Escola: a Avaliação da
Aprendizagem e a Avaliação Institucional

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

  Sites
Indicadores de Qualidade na Educação
Para conhecer sobre a avaliação institucional da escola, leia o documento produzido
pelo MEC para ajudar a comunidade escolar em sua avaliação: indicadores de qualidade
na educação.
https://bit.ly/2zlvBEG

 Livros
Avaliação educacional
FREITAS, L. C. et al. Avaliação educacional: caminho pela contramão. 7. ed.
Petrópolis: Vozes, 2014. [e-book]
Avaliação
PAIXÃO, C. R. (Org.). Avaliação. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2016. [e-book]

 Vídeos
D-29 - Avaliação da Aprendizagem: Formativa ou Somativa?
O programa mostra as diferenças entre as avaliações formativas e as somativas. Como
exemplo, destacamos a experiência das escolas municipais de Indaiatuba, no interior
de São Paulo.
https://youtu.be/G5VEkMf5DRk

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Referências
CASTILHO, A. S.; CABRERIZO, D. Avaliação educacional e promoção escolar.
Curitiba: InterSaberes, 2013. [e-book]

DEMO, P. Avaliação Qualitativa.10. ed. Campinas: Autores Associados, 2010.

GREGO, S. M. D. A avaliação formativa: ressignificando concepções e processos.


In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Caderno de Formação: avaliação
educacional e escolar. v. 3. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013. p. 92-110.

GREGO, S. M. D. As orientações teórico-metodológicas da avaliação da apren-


dizagem: significados e implicações para prática educativa. In: UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA. Caderno de formação: avaliação educacional e escolar.
v. 3. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013. p. 34-59.

HADJI, C. Avaliação desmistificada. Porto Alegre, RS: Artmed, 2001.

HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola


à universidade. 33. ed. Porto Alegre: Mediação, 2014.

LUCK, H. Perspectiva da avaliação institucional da escola. Petrópolis: Vozes,


2012. (Série cadernos de gestão)

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 19. ed. São Paulo:


Cortez, 2008.

MÉNDEZ, J. M. A. Avaliar para conhecer: examinar para excluir. Porto Alegre,


RS: Artmed, 2002.

VILLAS BOAS, B.M.F. Virando a escola do avesso por meio da avaliação.


Campinas: Papirus, 2008.

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