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O Sistema do Complemento
Funções do Complemento
Imunidade Inata
- A imunidade inata possui três importantes funções:
⦁ A imunidade inata é a resposta inicial aos microrganismos que
impede a infecção do hospedeiro e, em muitos casos, pode
eliminar os microrganismos.
Muitos microrganismos patogênicos desenvolveram estratégias
para resistir à imunidade inata, e essas estratégias são cruciais
para a virulência dos microrganismos. As respostas imunes
adaptativas, sendo mais potentes e especializadas, são críticas
para a eliminação de microrganismos que são capazes de
resistir aos mecanismos de defesa da imunidade inata.
⦁ Os mecanismos efetores da imunidade inata são
frequentemente usados para eliminar microrganismos, mesmo
nas respostas imunes adaptativas.
Por exemplo, na imunidade mediada por células, linfócitos T
antígeno-específicos produzem citocinas que ativam um
importante mecanismo da imunidade inata, isto é, fagócitos.
Na imunidade humoral, os linfócitos B produzem anticorpos
que usam dois mecanismos efetores da imunidade inata, os
fagócitos e o sistema complemento, para eliminar
microrganismos.
⦁ A imunidade inata a microrganismos estimula as respostas
imunes adaptativas e pode influenciar a natureza das respostas
adaptativas para torná-las otimamente eficazes contra os
diferentes tipos de microrganismos.
- Alguns componentes da imunidade inata estão funcionando todo o tempo,
mesmo antes da infecção; esses componentes incluem barreiras à entrada de
microrganismos proporcionadas pelas superfícies epiteliais, tais como a
pele e o revestimento dos tratos gastrointestinal e respiratório. Outros
componentes da imunidade inata estão normalmente inativos, mas prontos
para responder rapidamente à presença de microrganismos; esses
componentes incluem fagócitos e o sistema complemento. A resposta
imune inata assim como a adaptativa, pode ser dividida em fases de
reconhecimento, ativação e efetora.
Características do Reconhecimento da Imunidade Inata
- Os componentes da imunidade inata reconhecem estruturas que são
características de patógenos microbianos e não estão presentes nas células
dos mamíferos.
- Os alvos microbianos da imunidade inata foram descritos como “padrões
moleculares”, e os receptores que se ligam a estas estruturas preservadas são
chamados de “receptores de reconhecimento de padrões”. Devido a essa
especificidade para as estruturas microbianas, o sistema imune inato, assim
como o sistema imune adaptativo, é capaz de distinguir o “próprio” do “não
próprio”.
- O sistema imune inato se desenvolveu para reconhecer produtos
microbianos que são frequentemente essenciais para a sobrevivência dos
microrganismos. Esse tipo de adaptação do hospedeiro é importante porque
ela assegura que os alvos da imunidade inata não podem ser descartados
pelos microrganismos em um esforço para escapar do reconhecimento pelo
hospedeiro.
- Os receptores do sistema imune inato são codificados na linhagem
germinativa.
Componentes do Sistema Imune Inato
- O sistema imune inato consiste em barreiras epiteliais, células circulantes
e proteínas que reconhecem microrganismos ou substâncias produzidas em
infecções e iniciam as respostas que eliminam esses microrganismos. As
principais células efetoras da imunidade inata são os neutrófilos, os
fagócitos mononucleares e as células NK. Cada um desses tipos de células
desempenha um papel distinto na resposta aos microrganismos. Algumas
das células da imunidade inata, especialmente macrófagos e células NK,
secretam citocinas que ativam os fagócitos e estimulam a reação celular da
imunidade inata, chamada inflamação. A inflamação consiste no
recrutamento de leucócitos e no extravasamento de várias proteínas
plasmáticas em um local de infecção e na ativação de leucócitos e proteínas
para eliminares o agente infeccioso; também pode provocar lesão de tecidos
normais.
Barreiras Epiteliais
- Superfícies epiteliais intactas formam barreiras físicas entre os
microrganismos no ambiente externo e os tecidos do hospedeiro. As três
principais interfaces entre o ambiente e o hospedeiro são a pele e as
superfícies mucosas dos tratos gastrointestinal e respiratório.
- Os epitélios produzem peptídeos que possuem uma função de antibiótico
natural. Os mais bem conhecidos desses peptídeos são as defensinas,
peptídeos ricos em cisteína, que estão presentes na pele de muitas espécies,
incluindo os mamíferos; são antibiótico de amplo espectro que destroem
uma grande variedade de bactérias e fungos. A síntese de defensinas é
aumentada em resposta a citocinas inflamatórias, tais como a interleucina
(IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF), os quais são produzidos por
macrófagos e outras células na resposta a microrganismos.
- O epitélio das barreiras e as cavidades serosas contêm, respectivamente,
linfócitos T intra-epiteliais e a subpopulação B-1 de células B, e essas
células podem reconhecer e responder a microrganismos comumente
encontrados. Os linfócitos T intra-epiteliais estão presentes na epiderme da
pele e nos epitélios da mucosa, alguns reconhecem antígenos glicolipídicos
de microrganismos, os quais são exibidos ligados a moléculas CD1
expressas em certos epitélios, tais como no intestino. As moléculas CD1
são peoteínas semelhantes às do complexo principal de
histocompatibilidade (MHC) da classe I, associado à β2- microglobulina,
mas elas são codificadas por genes localizados fora do MHC e não são
polimórficas. Algumas células T restritas a CD1 pertencem à subpopulação
celular NK-T. Os linfócitos intra-epiteliais podem atuar na defesa do
hospedeiro mediante a secreção de citocinas, ativação de fagócitos e morte
de células infectadas.
- A cavidade peritoneal contém uma população de linfócitos B, chamados
B-1. Muitas dessas células produzem anticorpos IgM específicos para
antígenos polissacarídicos e lipídicos, tais como a fosforilcolina e o LPS,
que são compartilhados por muitos tipos de bactérias. De fato, indivíduos
normais apresentam anticorpos circulantes contra tais bactérias, esses
anticorpos são chamados anticorpos naturais e são em grande parte o
produto das células B-1. Os anticorpos naturais servem como um
mecanismo de defesa pré-formado contra microrganismos que foram
bem-sucedidos na penetração pelas barreiras epiteliais.
- Uma terceira população de células presentes sob muitos epitélios e nas
cavidades serosas são os mastócitos, esses respondem aos microrganismos e
vários mediadores secretando substâncias que estimulam a inflamação.
Fagócitos: Neutrófilos e Macrófagos
- Os fagócitos, incluindo os neutrófilos e os macrófagos, são células cuja
função primária é identificar, ingerir e destruir microrganismos. Os
neutrófilos, também chamados leucócitos polimorfonucleares, são a
população mais abundante de células sanguíneas brancas circulantes e
medeiam as fases mais iniciais das respostas inflamatórias. Os macrófagos e
seus precursores circulantes, chamados monócitos, desempenham papéis
centrais nas imunidades inata e adaptativa e são células efetoras importantes
para eliminação de microrganismos. Os monócitos sanguíneos se
desenvolvem na medula óssea e podem permanecer na circulação por
períodos prolongados. Após entrarem no tecido, os monócitos se
diferenciam em macrófagos teciduais. Os macrófagos têm vida mais longa
do que os neutrófilos e, ao contrário dos neutrófilos, os macrófagos não são
terminalmente diferenciados e podem sofrer divisão celular em um sítio
inflamatório.
- As respostas funcionais dos fagócitos na defesa do hospedeiro consistem
em etapas sequenciais – recrutamento ativo das células para os locais de
infecção, reconhecimento dos microrganismos, fagocitose e destruição dos
microrganismos ingeridos. Além disso, os macrófagos produzem citocinas
que servem a muitos papeis importantes nas respostas imunes inata e
adaptativa.
➢ Recrutamento de Leucócitos para os Locais de Infecção.
- Os neutrófilos e monócitos são recrutados do sangue para os locais de
infecção por ligação a moléculas de adesão em células endoteliais e por
quimioatraentes produzidos em resposta à infecção.
- Macrófagos teciduais residentes que reconhecem microrganismos
secretam as citocinas TNF, IL-1 e quimiocinas. O TNF e a IL-1 atuam nas
células endoteliais das vênulas pós-capilares adjacentes à infecção e
induzem a expressão de várias moléculas de adesão.
- O TNF e a IL-1 também induzem a expressão endotelial de ligantes para
as integrinas, principalmente a “molécula de adesão às células vasculares –
1 (VCAM-1) e a molécula de adesão intercelular-1”. Os leucócitos
expressam essas integrinas de baixa afinidade. Enquanto isso, as
quimiocinas que foram produzidas no local da infecção entram no vaso
sanguíneo, se ligam à glicosaminoglicana sulfato de heparam da célula
endotelial e são exibidas em altas concentrações. Essas quimiocinas atuam
nos leucócitos “rolantes” e ativam esses leucócitos. Uma das consequências
da ativação é a conversão das integrinas VLA-4 e LFA-1 nos leucócitos para
um estado de alta afinidade.
- O resultado líquido do processo é que os leucócitos, primeiro os
neutrófilos e depois os monócitos, rapidamente se acumulam ao redor dos
microrganismos infecciosos. Essa reação é o componente central da
inflamação.
- Nos tecidos, os neutrófilos e os monócitos (agora chamados de
macrófagos) reconhecem microrganismos e trabalham para erradicar a
infecção.
➢ O Reconhecimento de Microrganismos por Neutrófilos e
Macrófagos.
- Os neutrófilos e os macrófagos expressam receptores de superfície que
reconhecem microrganismos no sangue e nos tecidos e estimulam a
fagocitose e a morte dos microrganismos.
- Os mecanismos microbicidas os fagócitos estão amplamente confinados às
vesículas intracelulares para proteger as próprias células de lesão. A
ingestão de microrganismos para dentro dessas vesículas é prelúdio
necessário para morte microbiana, e o primeiro passo na ingestão é o
reconhecimento dos microrganismos por vários receptores de superfície
celular.
- Os neutrófilos e macrófagos também expressam alguns receptores que
ativam as células a produzirem citocinas e substâncias microbicidas e
receptores que estimulam a migração das células para os locais de infecção.
- Existem várias classes de receptores de fagócitos que se ligam a
microrganismos e medeiam sua internalização:
⚪ Os receptores de manose e os receptores scavenger
atuam na ligação e ingestão de microrganismos. O
receptor de manose é uma lectina do macrófago que se
liga a resíduos terminais de manose e fucose em
glicoproteínas e glicolipídeos. Portanto, o receptor de
manose no macrófago reconhece microrganismos e não
células do hospedeiro. Os receptores scavenger foram
originalmente definidos como moléculas que se ligam e
medeiam a endocitose de partículas de lipoproteínas de
baixa intensidade (LDL), oxidadas ou acetiladas, que
não podem mais interagir com o receptor LDL
convencional.
⚪ Os receptores para opsoninas promovem a fagocitose de
microrganismos recobertos com várias proteínas. O
processo de cobertura de um microrganismo para
torná-lo um alvo da fagocitose é denominado
opsonização, e as substâncias que cobrem os
microrganismos são as opsoninas. Essas substâncias
incluem anticorpos, proteínas do complemento e
lectinas. Um dos sistemas mais eficientes para opsonizar
partículas é a cobertura destas com anticorpos IgG, os
quais são denominados opsoninas específicas e são
reconhecidos pelo receptor Fcγ de alta afinidade do
fagócito, denominado FcγRI.
- Outros receptores de fagócitos ativam os fagócitos, mas não participam
diretamente na ingestão de microrganismos:
⚪ Os receptores semelhantes ao Toll (TLRs) são
homólogos a uma proteína da Drosophila chamada Toll
e atuam na ativação de fagócitos em resposta a
diferentes tipos e componentes de microrganismos.
Diferentes TRLs desempenham papeis essenciais nas
respostas celulares à LPS, outras proteoglicanas
bacterianas e nucleotídeos CpG não-metilados que são
todos encontrados apenas em bactérias. Esses receptores
funcionam por cinases associadas a receptor para
estimular a produção de substâncias microbicidas e
citocinas nos fagócitos. Os TRLs podem se associar a
outras moléculas que participam no reconhecimento
direto de produtos microbianos.
⚪ Diferentes receptores transmembrânicos de sete
α-hélices, também chamados receptores acoplados à
proteína G, são expressos em leucócitos, reconhecem
microrganismos e alguns mediadores que são
produzidos em resposta a infecções, e atuam
principalmente para estimular a migração de leucócitos
para os locais da infecção. Esses receptores são
encontrados em neutrófilos, macrófagos e na maioria
dos outros tipos de leucócitos, e são específicos para
diversos ligantes. Como todas as proteínas bacterianas e
algumas proteínas de mamíferos (apenas aquelas
sintetizadas dentro das mitocôndrias) são iniciadas por
N-formilmetionina, esse receptor permite que os
neutrófilos detectem e respondama proteínas
bacterianas. A ligação de ligantes, tais como produtos
microbianos e quimiocinas, aos receptores
transmembrana de sete α-hélices (expressos por
neutrófilos e, em menores níveis, os macrófagos), induz
a migração das células do sangue através do endotélio e
a produção de substâncias microbicidas por ativação da
explosão respiratória. Os receptores iniciam as respostas
intracelulares por meio do GTP associado a proteínas de
ligação (G). A proteína G na forma ligada ao GDP ativa
numerosas enzimas celulares, incluindo uma isoforma
de fosfolipase C específica para fosfadilinositol que atua
aumentando o cálcio intracelular e ativando a proteína
cinase C. As proteínas G também estimulam alterações
no citoesqueleto, resultando em mobilidade celular
aumentada.
⚪ Os fagócitos expressam receptores para citocinas que
são produzidas em reações aos microrganismos. Uma
das mais importantes dessas citocinas é o interferon-γ
(IFN-γ), o qual é secretado pelas células NK durante as
respostas imunes inatas e por linfócitos T ativados pelo
antígeno durante as respostas imunes adaptativas. O
IFN-γ é a principal citocina ativadora de macrófagos.
➢ Fagocitose de Microrganismos.
- Os neutrófilos e os macrófagos ingerem microrganismos ligados e estes
vão para dentro de vesículas, onde os microrganismos são destruídos. O
fagócito utiliza vários receptores de superfície para se ligar a um
microrganismo, e estende uma projeção caliciforme de membrana ao redor
do microrganismo. Receptores de superfície celular dos fagócitos fixam a
partícula à membrana do fagócito e liberam sinais ativadores que estão
envolvidos na ingestão da partícula e no “acionamento” das atividades
microbicidas dos fagócitos. Os microrganismos fagocitados são destruídos,
ao mesmo tempo, são gerados peptídeos a partir de proteínas microbianas e
apresentados a linfócitos T para iniciar as respostas imunes.
➢ A morte dos microrganismos fagocitados.
- Neutrófilos e macrófagos ativados destroem microrganismos fagocitados
mediante a produção de moléculas microbicidas nos fagolisissomos. Vários
receptores que reconhecem microrganismos, incluindo os TLRs, os
receptores acoplados à proteína G, os receptores Fc e C3 e os receptores de
citocinas, principalmente IFN-γ, atuam cooperativamente para ativar os
fagócitos a destruírem os microrganismos ingeridos.
- Macrófagos e neutrófilos ativados convertem o oxigênio molecular em
intermediários reativos do oxigênio (ROIs), os quais são altamente reativos
na oxidação de agentes que destroem os microrganismos (e outras células).
A enzima fagócito-oxidade é induzida e ativada por muitos estímulos,
incluindo IFN-γ e os sinais dos TLRs. A função dessa enzima é reduzir o
oxigênio molecular em ROIs, tais como os radicais superóxido, com a
forma reduzida do fosfato de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADPH)
agindo como um co-fator. O superóxido é enzimaticamente dismutado em
peróxido de hidrogênio, o qual é usado pela enzima mieloperoxidase para
converter íons halídeos normalmente não-reativos em ácidos hipohalosos
reativos, que são tóxicos para as bactérias. O processo pelo qual os ROIs
são produzidos é chamado explosão respiratória.
- Além dos ROIs, os macrófagos produzem intermediários reativos do
nitrogênio, principalmente o óxido nítrico, pela ação de uma enzima
chamada óxido nítrico sintetase induzida (iNOS). A iNOS é uma enzima
citosólica que está ausente em macrófagos em repouso, mas pode ser
induzida em resposta ao LPS e a outros produtos microbianos que ativam
os TLRs, especialmente em combinação com o IFN-γ. A iNOS catalisa a
conversão da arginina em citrulina, e o gás de óxido nítrico livremente
difusível é liberado. Dentro dos fagolisossomos, o óxido nítrico pode se
combinar com peróxido ou superóxido de hidrogênio, gerados pela
fagócito-oxidade, para produzir radicais peroxinitrito altamente reativos que
podem eliminar microrganismos.
- Quando neutrófilos e macrófagos são fortemente ativados, eles podem
provocar a lesão de tecidos normais do hospedeiro por liberação de ROIs,
óxido nítrico e enzimas lisossômicas. Os produtos microbicidas dessas
células não distinguem entre tecidos próprios e microrganismos. Como
resultado, se esses produtos entram no ambiente extracelular, eles são
capazes de causar lesão tecidual.
➢ Outras Funções Efetoras dos Macrófagos Ativados.
- Além da morte de microrganismos fagocitados, os macrófagos servem a
muitas outras funções na defesa contra infecções. Além de IL-1 e TNF, os
macrófagos produzem IL-12, a qual estimula as células NK e as células T a
produzirem IFN-γ. Os macrófagos ativados também produzem fatores de
crescimento para fibroblastos e células endoteliais que participam na
remodelagem dos tecidos após infecção e lesão.
Células NK
- As células NK são uma subpopulação de linfócitos que destroem as
células infectadas e células que perderam a expressão de moléculas MHC da
classe I, e secretam citocinas, principalmente IFN-γ. O principal papel
fisiológico das células NK é na defesa contra infecções por vírus e alguns
outros microrganismos intracelulares.
➢ Reconhecimento de Células Infectadas pelas Células NK.
- A ativação da célula NK é regulada por um balanço entre os sinais que são
gerados a partir de receptores de ativação e de receptores de inibição. Os
receptores são compostos de cadeias de ligação ao ligante e de cadeias de
sinalização. Os receptores de inibição das células NK se ligam a moléculas
MHC da classe I próprias, as quais são expressas na maioria das células
normais. Quando ambos os receptores, de ativação e de inibição, estão
ocupados, a influência dos receptores de inibição, estão ocupados, a
influência dos receptores de inibição é dominante e a célula NK não está
ativada. Esse mecanismo impede a morte de células normais do hospedeiro.
A infecção das células do hospedeiro, especialmente por alguns vírus,
frequentemente leva a uma inibição da expressão de moléculas MHC da
classe I, e por isso os ligantes para os receptores de inibição das células NK
são perdidos. Como resultado, as células NK são liberadas do seu estado
normal de inibição e as células infectadas são mortas.
- As células NK também reconhecem alvos recobertos com anticorpos por
FcγRIIIa (CD16), um receptor de baixa afinidade para as porções Fc dos
anticorpos IgG1 e IgG3. Como consequência desse reconhecimento, as
células NK destroem células-alvo que foram recobertas com moléculas de
anticorpo. Esse processo é chamado citotoxidade mediada por célula
dependente de anticorpo.
- A expansão e as atividades das células NK são também estimuladas por
citocinas, principalmente IL-15 e IL-12.
➢ Funções Efetoras das células NK.
-As funções efetoras das células NK são destruir células infectadas e ativar
os macrófagos para destruírem microrganismos fagocitados.
- As células NK, assim como os CLTs, possuem grânulos que contêm uma
proteína chamada perforina, a qual cria poros nas membranas das
células-alvo, e enzimas denominadas granzimas, que entram através dos
poros de perforina e induzem a apoptose das células-alvo.
- O IFN-γ derivado das células NK ativa macrófagos, assim como o IFN-γ
produzido pelas células T, e aumenta a capacidade dos macófagos de
eliminar as bactérias fagocitadas.
-As células NK desempenham vários papéis importantes na defesa contra os
microrganismos intracelulares. Elas destroem células infectadas por vírus
antes que os CTLs antígeno-específicos se tornem completamente ativos,
isto é, durante os primeiros poucos dias após a infecção viral.
- A reação célula NK-macrófago, dependente de IFN-γ, pode controlar uma
infecção com bactérias intracelulares por vários dias ou semanas e, assim,
garantir um tempo para que a imunidade mediada pelas células T se
desenvolva e erradique a infecção.
O Sistema Complemento
- O sistema Complemento consiste em várias proteínas plasmáticas que são
ativadas pelos microrganismos e promovem a destruição destes
microrganismos e a inflamação.
- O reconhecimento de microrganismos pelo complemento ocorre de três
maneiras. A via clássica, assim chamada por ser a primeira descoberta,
utiliza uma proteína plasmática chamada C1 para detectar anticorpos IgM,
IgG1 ou IgG3 ligados à superfície de um microrganismo ou outra estrutura.
A via alternativa, que foi descoberta mais tarde, mas é mais antiga que a via
clássica, é desencadeada pelo reconhecimento direto de certas estruturas da
superfície microbiana e é, assim, um componente da imunidade inata. A via
da lectina é desencadeada por uma proteína plasmática chamada lectina de
ligação à manose (MBL), que reconhece resíduos terminais de manose em
glicoproteínas e glicolipídios microbianos. A MBL ligada aos
microrganismos ativa uma das proteínas da via clássica, na ausência de
anticorpos, pela ação de uma serina protease associada. O reconhecimento
dos microrganismos por qualquer uma dessas vias resulta no recrutamento e
na reunião sequencial de proteínas adicionais do complemento em
complexos de proteases. A proteína central do sistema complemento, C3, é
clivada, e o seu fragmento maior C3b é depositado na superfície microbiana
em que o complemento é ativado. O C3b se torna covalentemente ligado
aos microrganismos e atua como uma opsonina para promover a fagocitose
dos mesmos. Um fragmento maior, C3a, é liberado e estimula a inflamação
agindo como um quimioatraente para neutófilos. O C3b se liga a outras
proteínas do complemento para formar uma protease que cliva uma proteína
chamada C5, gerando um peptídeo secretado (C5a) e um fragmento maior
(C5b) que permanece fixado às membranas celulares microbianas. O C5a
estimula a entrada de neutrófilos no local da infecção, bem como o
componente vascular da infecção aguda. O C5b inicia a formação de um
complexo das proteínas do complemento C6, C7, C8 e C9, as quais o
complemento está ativado.
Outras Proteínas Efetoras Circulantes da Imunidade Inata
- A lectina ligada à manose, é uma proteína plasmática que atua como uma
opsonina. A MBL se liga a um receptor da superfície do macrófago que é
chamado de receptor de C1q porque ele também se liga ao C1q. Esse
receptor medeia a fagocitose dos microrganismos que estão opsonizados
pela MBL. Além disso, a MBL pode ativar o sistema do complemento.
- A proteína C-reativa é uma proteína plasmática que foi identificada e
denominada devido à sua capacidade de se ligar às cápsulas das bactérias
pneumocócicas. Ela atua como opsonina por se ligar ao C1q e interagir com
o receptor C1q do fagócito ou por se ligar diretamente aos receptores Fcγ. A
proteína C-reativa pode, também, contribuir para a ativação do
complemento por meio de sua ligação ao C1qe ativação da via clássica. A
proteína C-reativa é chamada reagente de fase aguda porque o seu nível
plasmático aumenta durante os estados agudos de muitas infecções.
- Os fatores de coagulação são proteínas plasmáticas que atuam
principalmente para evitar hemorragias, formando trombos nos locais onde
a integridade do vaso sanguíneo foi rompida. A coagulação pode também
servir para delimitar infecções microbianas e evitar a difusão dos
microrganismos.
- Além das proteínas circulantes, as proteínas surfactantes no pulmão, que
também pertencem à família da colectina, protegem as vias aéreas de
infecções.
Citocinas
- As citocinas da imunidade inata recrutam e ativam leucócitos e produzem
alterações sistêmicas, incluindo o aumento na síntese de células efetoras e
preteínas que potencializam as respostas antimicrobianas.
- Na imunidade inata, as principais fontes de citocinas são os macrófagos,
os neutrófilos e as células NK, mas as células endoteliais e algumas células
epiteliais como os queratinócitos produzem muitas dessas mesmas
proteínas.
- Assim como na imunidade adaptativa, as citocinas servem para comunicar
informações entre células inflamatórias entre si e entre células inflamatórias
e células teciduais respondedoras, tais como células do endotélio vascular.
- As citocinas da imunidade inata incluem as citocinas que controlam
infecções virais, INF-α e IFN-β; citocinas que medeiam a inflamação, TNF,
IL-1 e quimiocinas; citocinas que estimulam a proliferação e a atividade das
células NK, IL-5 e IL-12; citocinas que ativam macrófagos, IFN-γ derivado
da célula NK; e citocinas que servem para limitar a ativação do macrófago,
IL-10. Além disso, algumas citocinas da imunidade inata, tais como a IL-6,
aumentam a produção de neutrófilos na medula óssea e a síntese de várias
proteínas envolvidas na defesa do hospedeiro, tais como a proteínas
C-reativa.
O Papel da Imunidade Inata da Defesa Local e Sistêmica Contra
Microrganismos.
-A reação local inicial da imunidade inata é a resposta inflamatória, na qual
os leucócitos são recrutados para o local da infecção e ativados para
erradicar a infecção. A função da inflamação é destruir microrganismos
invasores, colocando células efetoras ativadas em contato com os
microrganismos invasores em um tecido infectado.
- As citocinas estimulam a expressão de moléculas de adesão nas células
endoteliais; essas moléculas de adesão se ligam aos leucócitos sanguíneos e
iniciam o recrutamento dessas células para os locais de infecção.
- A composição de leucócitos inflamatórios dentro dos tecidos se modifica
com o tempo, passando de rica em neutrófilos para rica em células
mononucleares, o que é um reflexo tanto das alterações no recrutamento de
diferentes leucócitos quanto na vida curta dos neutrófilos. Os macrófagos
que são recrutados para locais de infecção são ativados por produtos
microbianos e pelo IFN-γ derivado da célula NK para fagocitar e destruir
microrganismos.
- A inflamação produz uma variedade de alterações sistêmicas no
hospedeiro, que acentuam a capacidade do sistema imune inato de erradicar
a infecção e, em infecções graves, podem contribuir para a lesão tecidual
sistêmica ou morte.
O Papel da Imunidade Inata na Estimulação das Respostas Imunes
Adaptativas.
- A resposta imune inata fornece sinais que agem de comum acordo com o
antígeno para estimular a proliferação e a diferenciação de linfócitos T e B
antígeno-específicos.
- O sinal 1 é sempre o antígeno e o sinal 2 é um produto de um
microrganismo ou um componente da resposta imune inata que identifica o
antígeno como um produto microbiano. Assim, a imunidade inata serve
como sinal de alerta inicial para o sistema imune adaptativo montar uma
resposta protetora para o hospedeiro.
- As moléculas produzidas durante as reações da imunidade inata que
funcionam como segundo sinal para a ativação linfocitária são os
co-estimuladores, as citocinas e os produtos de degradação do
complemento.
- Os co-estimuladores são proteínas de membrana expressas em células
apresentadoras de antígeno (APCs) que funcionam junto com o antígeno
exibidos para estimular os linfócitos T específicos.
- O segundo sinal mais bem definido para a ativação das células B é uma
proteína do complemento chamada C3d, produto da degradação do C3. Os
microrganismos ativam o sistema do complemento tanto diretamente
quanto após a ligação aos anticorpos ou à MBL plasmática, e os
microrganismos ficam recobertos com os produtos da degradação do C3,
incluindo o C3d.
- Os segundos sinais gerados durante as respostas imunes inatas a diferentes
microrganismos não acentuam somente a magnitude da resposta imune
adaptativa subsequente, mas também influenciam a natureza da resposta
adaptativa.
- A cooperação entre a imunidade inata na estimulação das respostas imunes
adaptativas é a base da ação dos adjuvantes, que são substâncias que
precisam ser administradas juntamente com antígenos protéicos para
desencadear o máximo das respostas imune dependentes das células T.
- Os adjuvantes convertem efetivamente um antígeno inerte,
não-microbiano, em um mímico de um microrganismo. As vacinas são
mais efetivas para gerarem respostas imunes específicas quando são
administradas por via subcutânea ou intradérmica juntamente com um
adjuvante. Os adjuvantes para uso na espécie humana são projetados para
estimular a imunidade inata com a mínima quantidade de inflamação
patológica.