Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DAS CIÊNCIAS E
MATEMÁTICA – PPGEC

CAROLINA SANTOS DE MIRANDA

FICHA SÍNTESE II

Atividade apresentada a disciplina de


Metodologia do Ensino Superior
referente ao processo avaliativo da
segunda unidade – semestre 2019.2

Recife
2019
Nesse segundo momento da disciplina os textos que discutimos trouxeram muito
sobre a didática no ensino superior, seus conceitos, objeto de estudo e de pesquisa. A
começar por Veiga (1995) que explica o objeto de estudo da didática é o processo de
ensino. Para a autora o ensino para a didática é movimento, um processo fluido
composto por elementos inter-relacionados.
O que muito se assemelha a perspectiva de ensino Freiriana. Freire (1983)
acredita muito no poder que a educação tem de ajudar no processo de humanização do
homem, pois ela lida com uma arma poderosa: o conhecimento. E dependendo da forma
como ele é trabalhado no ambiente escolar, pode levar à mera reprodução ou à
libertação. Por isso ele traz uma nova ótica a educação que enxerga o professor como
mediador, o aluno como ativo e o ensino como processo, perspectiva de ensino
defendida por Veiga (1995).
Além disso a autora afirma que não apenas ensinar, mas que se deve garantir a
aprendizagem, sem isso não faz sentido ensinar e para além disso “ garantir a unidade
entre relações: ensino e aprendizagem, ensino e pesquisa, conteúdo e forma, professor e
aluno, teoria e prática, escola e sociedade, finalidade e objetivos” (VEIGA, 1995, p. 82).
Mesmo Veiga (1995) trazendo toda uma explicação e defesa sobre o que ela
concebe como ensino, o termo em si me incomoda bastante, pois me remete ao modelo
de educação bancária tão criticada pelo próprio Freire, onde ensinar é sinônimo de
depositar conhecimento sem se importar com a aprendizagem.
Não só porque ela usa o termo ensino, mas acho que ela se contradiz a cerca do
que ela defende em alguns momentos do texto. Como por exemplo ela afirma que
“ensino e aprendizagem são dois componentes de um mesmo processo. Para
compreender a dinâmica do processo de ensino, é necessário analisar separadamente
cada um desses componentes.” (p. 84)
Como ela acredita que ensino e aprendizagem são parte de um todo, ou seja,
reconhece a complexidade do processo, mas usa uma lógica totalmente reducionista
para compreendê-lo, quando diz que precisa separar os dois para que haja a
compreensão do todo? É discrepante!
Por isso concordo com o termo usado por Pimenta e Anastasiou (2010), as
autoras falam de ensinagem e justificam chamar assim justamente porque compreendem
ensino e aprendizagem como um processo, onde um está para o outro e que são
inseparáveis, rompendo com a ideia dicotômica a qual Veiga (1995) ainda parece não
ter se desvencilhado, apesar de suas explicações em defesa do ensino como processo
completo, o reducionismo ainda está em sua essência humana.
Para Pimenta e Anastasiou (2010) ensinagem está intimamente ligada ao
compromisso de ensinar e aprender:
Na ensinagem, a ação de ensinar é definida na relação com a ação de
aprender, pois para além da meta que revela a intencionalidade, o
ensino desencadeia necessariamente a ação de aprender. Essa
perspectiva possibilita o desenvolvimento do método dialético de
ensinar. (p. 205)
Além dessa divisão entre ensino e aprendizagem que precisa ser superada e vista
como um todo integrado que faz parte de um processo, existe outra dicotomia que está
intimamente ligada com a docência no ensino superior e que faz com que muitos
professores universitários acreditem que não precisam dos conhecimentos didáticos para
exercer sua função, ensino e pesquisa.

Como a grande maioria dos professores do ensino superior acreditam que são
pesquisadores antes de tudo, afinal essa é uma cultura estimulada dentro do meio
acadêmico, o ensino é parte desconsiderada por eles. Veiga (1995) afirma que essa
dicotomia faz emergir um dos focos de pesquisa dentro da didática, a formação de
professores.
Pimenta e Anastasiou (2010) mostram que as pesquisas na área de didática se
preocupam em contribuir para a formação de professores e a prática docente. Vejo nesse
texto uma revisão preocupada em nos mostrar o quando pesquisar dentro desse contexto
é importante. Uma coisa que emergiu dessa revisão é o fato de que muitas pesquisas
ultimamente têm se dedicado a estudar a docência do ensino superior, motivadas pelos
tantos problemas que estamos discutindo ao longo desse texto, como a forma
dicotômica que os professores universitários ainda enxergam sua prática pedagógica.
Outra conclusão importante da pesquisa de Pimenta e Anastasiou (2010) foi a
evidência de como as pesquisas dentro da área de didática pode contribuir para que a
formação de professores e sua prática seja sempre repensada e ressignificada.
Por fim os textos aqui discutidos nos mostram o quanto a didática é importante
para a educação e por isso não podemos deixar de estudar e pesquisar o fazer docente
sempre atentos e reflexivos sobre nossa prática docente.
Referências

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 13º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
PIMENTA, Selma G., ANASTASIOU, Léa das Graças C. Docência no Ensino
Superior. São Paulo: Cortez, 2010.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. “A Construção da Didática numa Perspectiva
Histórico-Crítica de Educação Estudo Introdutório”. In: OLIVEIRA, Maria Rita Neto
Sales. (Org.) Didática: Ruptura, Compromisso e Pesquisa 2ª ed. Campinas, SP: Papirus,
1995.

Você também pode gostar