Você está na página 1de 12

2.

3 - Integração por Substituição Trigonométrica


Um tipo especial de substituição de variável é substituirmos a função do integrando
por uma função trigonométrica: seno, tangente ou secante. Na tabela 1 apresentam-se
os três casos de substituição trigonométrica. Veremos cada caso a partir de exemplos.
Expressão Substituição apropriada

a2  x 2 x  a .sen  

a2  x 2 x  a .tg  

x 2 a2 x  a .sec  

Tabela 1 - Substituições trigonométricas.

Para aplicarmos esta técnica vamos utilizar as relações trigonométricas no


triângulo retângulo.

Caso 1 - Integrais com expressões do tipo a2  x 2


Neste caso, como o seno é a relação entre o cateto oposto e a hipotenusa
em um triângulo retângulo, podemos considerar como mostra a figura 1.

Figura 1 - Triângulo retângulo - relação seno.

Assim, usamos x  a  sen   . Então, dx  a  cos   d  .

 
Supondo que    , resulta:
2 2

 
a 2  x 2  a 2  asen     a 2 1  sen 2    a 2 cos2    a cos  
2

Logo, a 2  x 2  a cos   . (15)

67
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL

9x2
Exemplo 12: Calcular a integral indefinida  2x 2
dx .

Para resolver esta integral devemos fazer a seguinte substituição no


integrando:

 
x  3  sen    dx  3cos  d  , para    . (16)
2 2
Logo,

9x2 3 cos   1 cos  


2
1
 dx   3 cos   d    d    cot g 2  d  
2 sen  
2x 
2 3sen    2
2 2 2

cos  
cot g   
sen   cot g 2    cos sec 2    1

1 1 1 1

2  
cos sec 2    1 d    cos sec 2   d    d    cot g      C .
2 2 2
 

Assim,
9x2 1
 2x 2
2

dx   cot g      C .  (17)

Retornando a variável original:

x  
Temos que: x  3  sen    sen    , para    . Então,
3 2 2
x
  arcsen  . (18)
3

E, além disso, pela trigonometria do triângulo retângulo, observando a


figura 1 resulta:
9x2
cos   3  9x2
cot g    
sen   x x
(19)
3

Substituindo as expressões obtidas (18) e (19) em (17), temos:

68
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL 2012

9x2 1 9  x 2  x 
 2x 2
dx   
2 x
 arcsen     C .
 3 

Caso 2 - Integrais com expressões do tipo a2  x 2


Neste caso, como a tangente é a relação entre os catetos oposto e
adjacente em um triângulo retângulo, podemos considerar como mostra a
figura 2.

Figura 2 - Triângulo retângulo - relação tangente.

Assim, usamos x  a  tg   . Então, dx  a  sec 2   d  .

 
Supondo que    , resulta:
2 2

 
a 2  x 2  a 2  a  tg     a 2 1  tg 2    a 2 sec 2    a sec   .
2

Logo,

a 2  x 2  a sec   . (20)

69
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL 2012

x2
Exemplo 13: Calcular a integral indefinida 3 x2 4
dx .

Para resolver esta integral devemos fazer a seguinte substituição no


integrando:

 
x  2  tg    dx  2sec 2   d  , para    . (21)
2 2
Logo,

 2tg    2 sec  d   4 tg  sec  d  


2
x2
3 dx    2

3
    2

x 2
4 3  2 sec   

4 4 4

3  
sec 2    1 sec  d    sec 3   d    sec   d  
3 3
Fórmula 32
 sec u  du  ln sec u   tg u   C

Integral calculada na seção anterior


Usando as fórmulas de recorrência (d)

1 1
 sec u  du  2 sec u tg u   2 ln sec u   tg u   C
3

4 1 1  4

32 2  3

 sec  tg    ln sec    tg     ln sec    tg    C  
2 2
 sec  tg    ln sec    tg    C .
3 3

Assim,

x2 2 2
3 dx  sec  tg    ln sec    tg    C .
x 4
2 3 3 (22)

Retornando a variável original, temos que:


x  
x  2  tg    tg    , para    . (23)
2 2 2

70
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL

E, além disso, pela trigonometria do triângulo retângulo, observando a


figura 2 resulta que:

1 1 x2 4
sec      .
cos   2 2 (24)
x 42

Substituindo as expressões obtidas (23) e (24) em (22), temos:

x2 2 x2 4 x 2 x2 4 x
3 x2 4
dx 
3 2
  ln
2 3 2

2
C.

Rearranjando,

x2 1 2 x2 4x
3 x2 4
dx 
6
x x 2  4  ln
3 2
C.

Caso 3 - Integrais com expressões do tipo x 2 a2


Neste caso, como a secante é a relação entre o cateto adjacente e a
hipotenusa em um triângulo retângulo podemos considerar como mostra a
figura 3.

Figura 3 - Triângulo retângulo - relação secante.

Assim, usamos x  a  sec   . Então, dx  a  tg   sec   d  .

 3
Supondo que 0    ou      resulta que:
2 2

a sec      
 a 2  a 2 sec 2    1  a 2 tg 2    a  tg  
2
x 2 a2 

71
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL

Logo,

x 2  a 2  a  tg   . (25)

x 2  25
Exemplo 14: Calcular a integral indefinida  x
dx , supondo x  5 .

Para resolver esta integral devemos fazer a seguinte substituição no


integrando:

x  5  sec    dx  5sec  tg   d  , para 0    . (26)
2
Logo,

 5 sec  
2
x  25
2  25
 x
dx  
5 sec  
5 sec  tg  d  

25 sec 2    25

5 sec  
5 sec  tg  d     
25 sec 2    1 tg  d  

t g 2    sec 2    1


  5tg 2  d   5 tg 2  d   5 sec 2    1 d   
 5 sec 2  d   5 d   5tg    5  C

Assim,

x 2  25
 dx  5tg    5  C .
x (27)

Retornando a variável original, resulta em:

x  x
x  5  sec    sec    , para 0       arc sec  . (28)
5 2 5

E, além disso, pela trigonometria do triângulo retângulo, observando a


figura 3, temos:

72
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL

sen   x 2  25
x  x 2  25
tg     .
cos   5 5 (29)
x

Substituindo as expressões obtidas (28) e (29) em (27), obtemos:

x 2  25 x 2  25 x 
 dx  5tg    5  C  5  5arc sec    C .
x 5 5
Rearranjando,

x 2  25 x
 dx  x 2  25  5arc sec    C .
x 5

2.4 Integração de Funções Racionais

Nesta seção estudaremos mais uma técnica de resolução para integrais


cujo integrando apresenta funções racionais. Algumas integrais envolvendo
funções racionais tem sua resolução imediata ou por substituição e já foram
vistas anteriormente.

Definição 1: Uma função racional, f (x ) , é definida como o quociente de duas


funções polinomiais, ou seja,

p  x
f  x  , (30)
q  x

onde, p  x  e q  x  são polinômios em x e com q  x   0.

A técnica de resolução para integrais do tipo


p  x
 q  x  dx , (31)

Baseia-se na ideia de decompor uma função racional em uma soma de frações


mais simples para que possamos resolver as integrais resultantes através de
técnicas já vistas anteriormente.

73
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL

Atenção ...
p x 
No integrando a função racional f  x   deverá ser própria,
q x 

ou seja, ter o polinômio p  x  (do numerador) grau menor que o grau do

polinômio q  x  (do denominador). Caso não seja, temos uma função racional

imprópria e devemos primeiro reduzi-la realizando a divisão entre os

polinômios.

Exemplo 15: Resolver a integral indefinida de uma função racional imprópria


x 2  3x  5
dada por  dx .
x 1

Primeiro devemos realizar a divisão entre os polinômios do denominador e


p r
numerador e usar o fato de que,  m  . Vejamos:
q q

x  3x  5 x  1  q
2

-x 2 - x x 2 m
x  3x  5
2
f x    0 2x  5
x 1
-2 x - 2
0 3r

p r
Assim, usando o fato que, m  resulta que:
q q
x 2  3x  5 3
f x     x  2 + . Então resolvemos a integral equivalente:
x 1 x 1

x 2  3x  5 3
 x  1 dx    x  2 dx +  x  1 dx 
Integrando com
primitiva imediata No integrando fazemos:
u  x  1  du  dx

74
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL 2012

x2 1 x2
  2x  3 dx   2x  3ln x  1  C .
2 x 1 2

A técnica de resolução de frações racionais é denominada de resolução de


integrais racionais por frações parciais. Esta técnica consiste em
p  x
escrevermos em uma soma de frações cujos denominadores são obtidos
q  x

fatorando-se o polinômio q(x ) em um produto de fatores lineares e/ou


quadráticos.

Vejamos através de exemplos alguns casos.

Caso 1 – Os fatores de q  x  são lineares e distintos. Assim, podemos

escrever: q  x    x  x 1    x  x 2  x  x n  , onde x i ,i  1,2, n , são todos

distintos. Fazemos:
p x  A1 A2 An
f( x)   f x     
q x  x  x1 x  x 2  x  xn 
, (32)

e comparamos as duas representações para determinarmos os valores de A1,


A2,...,An.

1
Exemplo 16: Resolver a integral indefinida dada por x 2
x 2
dx .

Primeiro, realizamos a fatoração do denominador:


x 2  x  2   x  1   x  2  .

Então, consideremos:
1 A A
 1  2 (33)
x  x  2 x 1 x  2
2

Para determinarmos os valores de A1 e A2 reduzimos o lado direito da


expressão acima ao mesmo denominador:
1 A A2 A  x  2   A2  x  1  A1  A2  x   2A1  A2 
 1   1  . (34)
x  x  2 x 1 x  2
2
 x  1 x  2   x  1 x  2 
75
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL 2012

Comparando os polinômios1 dos numeradores da primeira e da última


expressão de (34), resulta que:
 1
A1 
A1  A2  0 A1  A2 
 3
    
2A1  A2  1 2A2  A2  1 A2   1
 3
Assim,
1 1 1 1 1
  .
x  x  2 3 x 1 3 x  2
2

Agora estamos em condições de resolver a integral indefinida:


1 1 1 1 1 1 1
x 2
x 2
dx  
3 x 1
dx  
3 x 2
dx  ln x  1  ln x  2  C .
3 3

No integrando fazemos:
u  x  1  du  dx No integrando fazemos:
1 1 u  x  2  du  dx
 x  1dx   u du  ln u  C1  ln x  1  C1 1 1
 x  2dx   u du  ln u  C 2  ln x  2  C 2

Caso 2 – Os fatores de q  x  são lineares e alguns se repetem. Se um dos

fatores lineares (x-xi) de q  x  tem multiplicidade2 r então para este fator

corresponderá uma soma de frações parciais da forma:


B1 B2 Br
  
x  xi 
, (35)
x  xi  x  xi 
r r 1

onde B1, B2, ..., Br são constantes a serem determinadas.

x 3  3x  1
Exemplo 17: Resolver a integral indefinida dada por  x 4  4x 2 dx .

Primeiro, realizamos a fatoração do denominador:

1
Dois polinômios são iguais somente se os coeficientes correspondentes forem iguais.
2
Multiplicidade de xi corresponde ao número de vezes que xi é uma raiz do polinômio.
76
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL

 
x 4  4x 2  x 2  x 2  4  x 2   x  2    x  2  .

Então, consideremos:

x 3  3x  1 B1 B 2 A1 A
 2   2 . (36)
x  4x
4 2
x x x 2 x 2

Para determinarmos os valores das constantes A1, A2 ,B1 e B2 reduzimos o lado


direito da expressão acima ao mesmo denominador:

B1 B 2 A1 A2 B1  x  2  x  2   x  x  2  x  2  B 2  x 2  x  2  A1  x 2  x  2  A2
   
x2 x x 2 x 2 x 2  x  2  x  2 

Reorganizando os termos no numerador temos:

B1 B 2
 
A1

A2

B2  A1  A2  x 3  B1  2A1  2A2  x 2   4B 2  x   4B1  . (37)
x2 x x 2 x 2 x 2  x  2  x  2 

Comparando os polinômios dos numeradores da primeira expressão de (36)


com os da última expressão de (37) resulta que:

B 2  A1  A2  1 3  3 7 13

B  2A  2A  0 B 2    A1  A2  1     A1  A2  
 A1 
 1 1 2 

4 
  4  4 

16
 
4B 2  3 B1  1 2 A  2 A   1 A1  A2   1 A2  15
  4   8  16
4B1  1
1 2
 4  

Assim,
x 3  3x  1 1 1 3 1 13 1 15 1
    .
x  4x
4 2
4x 2
4 x 16  x  2  16  x  2 

Agora estamos em condições de resolver a integral indefinida:

77
EAD1172 – CÁLCULO INTEGRAL 2012

x 3  3x  1 1 1 3 1 13 1 15 1
 x 4  4x 2 dx  4  x 2 dx  4  x dx  16   x  2 dx  16   x  2 dx 

No integrando fazemos:
u  x  2  du  dx
1 1
 x  2dx   u du  ln u  C3  ln x  2  C3

No integrando fazemos:
u  x  2  du  dx
1 1
 x  2dx   u du  ln u  C 2  ln x  2  C 2

11 3 13 15
  ln x  ln x  2  ln x  2  C
4x 4 16 16

Então:
x 3  3x  1 1 3 13 15
 x 4  4x 2 dx   4x  4 ln x  16 ln x  2  16 ln x  2  C

78

Você também pode gostar