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Biologia 10º

Tema 3

Biologia 10º
Tema 3: Transformação e
utilização de energia pelos
seres vivos

Autoria: Cátia Ferreira


Biologia 10º
Tema 3

1. Obtenção de energia
1.1. Reações Metabólicas

O conjunto de reações que ocorrem no interior das células constitui o metabolismo


celular e compreende dois tipos de reações:

- Anabolismo

- Catabolismo
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1. Obtenção de energia

• Anabolismo: Conjunto de reações químicas onde há síntese de moléculas complexas a partir


de moléculas mais simples, com consumo de energia.
Expl: Biossíntese de proteínas a partir de aminoácidos com consumo de ATP.

• Catabolismo: Conjunto de reações químicas onde há degradação de moléculas em moléculas


mais simples.
Expl: processos de obtenção de energia pela célula.
A energia acumulada nos compostos orgânicos (glicose) é utilizada na síntese de ATP. Os
compostos orgânicos são degradados ao longo de uma seria de reações. Se o aceitador final de
eletrões for o oxigénio, o conjunto de reações designa-se por respiração aeróbica. Se o aceitador
final for outra molécula, o processo designa-se por fermentação ou respiração anaeróbica.
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1. Obtenção de energia
1.2. Fermentação

A fermentação é um processo anaeróbico, simples e mais primitivo de obtenção de


energia.

Seres anaeróbicos aerotolerantes


• Utilizam a fermentação como único processo de obtenção de energia
(nunca utilizam o oxigénio independentemente de ele estar ou não
disponível).

Seres anaeróbicos facultativos


• Habitualmente realizam respiração aeróbica mas que ausência de

oxigénio, podem usar a fermentação como via alternativa.


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1. Obtenção de energia

O processo de fermentação ocorre no hialoplasma e compreende duas etapas:

• Glicólise: conjunto de reações que degradam a glicose até piruvato;

• Redução do piruvato: conjunto de reações que conduzem à formação dos produtos


de fermentação.
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1. Obtenção de energia

• Glicólise

Fase de ativação
Na fase de ativação:
-A glicose é fosforilada por 2 ATP,
formando-se frutose-difosfato;
-A frutose difosfato dobra-se em duas
moléculas de aldeído fosfoglicérico
(PGAL).

Na fase de rendimento :
- O PGAL é oxidado, perde 2 hidrogénios,
que são utilizados para reduzir o NAD+ a

Fase de rendimento
NADH + H+;
-Formam-se 4 moléculas de ATP;
-Forma-se ácido pirúvico ( molécula que
contém elevada energia química).
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1. Obtenção de energia

No final da glicólise, restam:


- 2 moléculas de NADH,

Fase de ativação
- 2 moléculas de ácido pirúvico
- 2 moléculas de ATP

Fase de rendimento
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1. Obtenção de energia

• Redução do Piruvato

A redução do ácido pirúvico, em condições de


anaerobiose, faz-se pela ação de NADH,
formado durante a glicólise, e pode conduzir à
formação de diferentes produtos.
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1. Obtenção de energia
1.2. Fermentação
1.2.1. Fermentação alcoólica

O ácido pirúvico é descarboxilado (é removida uma molécula de CO2), originando aldeído


acético que é reduzido pelo NADH a etanol (álcool etílico).

A fermentação realizada pelas leveduras (expl: saccharomyces) é fundamental para a


produção de pão, vinho e cerveja.
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1. Obtenção de energia
1.2. Fermentação
1.2.2. Fermentação láctica

O ácido pirúvico é reduzido pelo NADH, originando ácido láctico.

A fermentação láctica é utilizada na industria alimentar. O ácido láctico altera o pH, sendo
responsável pela coagulação das proteínas. A acumulação de ácido láctico nos músculos é
responsáveis pelas dores musculares.
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1. Obtenção de energia
1.3. Respiração Aeróbica

A respiração aeróbica é uma via metabólica realizada com consumo de oxigénio que
permite a degradação completa da glicose com um rendimento energético superior ao da
fermentação.

Os organismos onde este processo ocorre como via fundamental de produção de energia
designam-se seres aeróbicos.

A respiração aeróbica compreende 4 etapas:


- Glicólise
- Formação de Acetil-CoA
- Ciclo de Krebs
- Cadeia Transportadora e eletrões e fosforilação oxidativa
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1. Obtenção de energia

• 1ª etapa: Glicólise

Ocorre no hialoplasma e é uma


etapa comum à fermentação.

A partir de uma molécula de glicose


são formados 2 NADH + H+ , 2 ATP
e 2 ácidos pirúvicos.
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1. Obtenção de energia

• 2ª etapa: Formação de Acetil-coenzima A

Ocorre na matriz mitocondrial.

Na presença de oxigénio, o ácido pirúvico


entra na mitocôndria, onde é
descarboxilado (perde uma molécula de
CO2) e oxigenado (perde um hidrogénio,
que é usado para reduzir o NAD+,
formando NADH + H+).

Para se formar Acetil-CoA é necessário


CoA.
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1. Obtenção de energia

• 3ª etapa: Ciclo de Krebs ou Ciclo de ácido cítrico

As reações, ocorridas na matriz


mitocondrial, são mediadas por um
conjunto de enzimas, as
descarboxílases (mediadoras das
descarboxilações) e as
desidrogenases (mediadoras das
reações de oxidação-redução).
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1. Obtenção de energia

O grupo acetil (2C) da acetil-CoA


combina-se com o ácido oxaloacético
(4C) formando o ácido Cítrico (6C).

O ácido cítrico é descarboxilado (perde 2


carbonos, formando moléculas de CO2 e
oxidado (formando 3 NADH e uma
molécula de FADH2). Ocorre também
uma fosforilação, que conduz à formação
de 1 ATP.

No final obtemos o ácido oxaloacético


necessário para que o ciclo se inicie.
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1. Obtenção de energia

Cada molécula de Glicose conduz à


formação de 2 moléculas de ácido
pirúvico, as quais originam 2 moléculas
de acetil-CoA, que iniciam dois ciclos de
Krebs.

Assim, por cada molécula degradada,


forma-se no ciclo de Krebs:
- 6 NADH+H+
- 2 FADH2
- 2 ATP
- 4 CO2
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1. Obtenção de energia

• 4ª Etapa: Cadeia Transportadora de eletrões e fosforilação oxidativa

Ocorre nas cristas mitocondriais


da membrana interna.

As moléculas de NADH e FADH2,


transportam eletrões, que
percorrem uma série de proteínas
( cadeia respiratória), até serem
captadas por um aceptor final-
oxigénio.
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1. Obtenção de energia
Os eletrões transportados pelo NADH e FADH2 são cedidos aos aceptores,
iniciando um fluxo, ao longo do qual estas moléculas vão sendo sucessivamente
reduzidas e oxidadas.

Os eletrões transportados
para um aceptor nunca
IV
voltam ao aceptor anterior
V
uma vez que o fluxo de III
I II
energia vai diminuindo - é
unidireccional.
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1. Obtenção de energia
O oxigénio depois de receber os eletrões, capta os protões (H+), presentes na matriz
mitocondrial, formando-se água.

À medida que os eletrões


passam de transportador em
transportador, liberta-se energia IV
que é utilizada para bombear H+
V
da matriz para o espaço III
I II
intermembranar, criando-se um
gradiente de protões – gradiente
quimiosmótico.
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1. Obtenção de energia
A membrana interna possui ATPsintetases que utilizam a energia do fluxo de H+, que
atravessam a favor do gradiente de concentração, para fosforilar ADP em ATP – fosforilação
oxidativa.

IV

V
III
I II
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1. Obtenção de energia

Como os eletrões transportados pelo NADH são transferidos para o primeiro


aceptor e os eletrões transportados pelo FADH2 são transferidos para o segundo, vai
haver um condicionamento energético.

Assim, por cada molécula


de NADH forma-se 3 ATP e IV
por cada molécula de
V
FADH2 forma-se 2 ATP. III
I II
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1. Obtenção de energia

Balanço energético da respiração aeróbica

O rendimento total da degradação de uma molécula de glicose é 36 ATP uma vez


que são necessários 2ATP para desencadear o processo.
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1. Obtenção de energia
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares


2.1. Nas plantas

A planta realiza uma serie de reações metabólicas, que lhes permite a obtenção e
transporte de matéria até às células como:

- Respiração: a planta capta oxigénio e liberta dióxido de carbono;

- Fotossíntese: a planta capta dióxido de carbono e liberta oxigénio;

- Transpiração: a planta liberta vapor de água.


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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

• Estomas

Os estomas, localizados nas folhas, regulam as trocas gasosas, controlando a


quantidade de gases absorvidos e libertados.
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1. O transporte nas plantas

As células guardas dos estomas controlam a abertura e o fecho do ostíolo, regulando


deste modo a quantidade de dióxido de carbono que entra na planta assim como a
quantidade de água que evapora das folhas, num processo designado por transpiração.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

O facto das células estomáticas, serem ricas em cloroplastos, permite-lhe abrir ou


fechar o estoma de acordo com o seu grau de turgência.

Quando uma célula está turgida,


aumenta de volume e,
consequentemente, exerce pressão
sob a parede que se deforma, levando
à abertura do estoma.

Quando as células guardas


perdem água, a pressão de turgência
sobre o ostíolo diminui, ficando
plasmolisadas, e o ostíolo fechado.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

A variação da turgência pode ser provocada por diversos fatores como:

a) Concentração de iões
Com o aumento de concentração de iões o estoma abre.

O grau de turgência depende do movimento de iões K+, por transporte ativo.


A elevada concentração de iões K+ nas células estomáticas faz com que a água
passe por osmose, ficando túrgidas e abrindo o estoma.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

b) Concentração de dióxido de carbono


Com a aumento de CO2 o estoma abre.

A concentração de CO2, nas células depende da plante se encontrar à luz ou na


obscuridade. Quando está à luz e a fotossíntese se realiza, formam-se certos solutos no
interior da célula, o que provoca a entrada de água e o ostíolo abre.

Sem luz, a fotossíntese não se realiza, diminui a concentração destes solutos, pelo que a
água têm tendência a sair e o estoma fecha.

c) Luz
Com o aumento da luz, o grau de turgência diminui, o estoma abre.

d) pH
Com o diminuição do pH, o grau de turgência diminui, o estoma fecha.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares


2.2. Nos animais

Os animais possuem estruturas denominadas superfícies respiratórias, através das quais os


gases entram e saem do organismo.

Nas superfícies respiratórias,


as trocas gasosas podem ocorrer
diretamente entre o as células
e o meio exterior, através de
difusão direta.

Quando os gases respiratórios são


transportados por um fluído
circulante das células para o exterior,
e vice versa, diz que as trocas
ocorrem por difusão indireta.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

Quando as trocas gasosas ocorrem ao nível das superfícies respiratórias designam-se por
hematose.

Características, das superfícies respiratórias, que permitem aumentar a eficácia das


trocas gasosas:

- Possuem pouca espessura, geralmente apenas com uma camada de células;


- Apresentam-se húmidas, facilitando a difusão;
- São muito vascularizadas, facilitando o contacto com o fluido circulante;
- A sua morfologia permite uma grande superfície de contato entre o meio externo e interno.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares


• Superfícies Respiratórias

Muitos organismos aquáticos e


alguns terrestres realizam as trocas Na maioria dos animais aquáticos, a
gasosas através do tegumento. superfície respiratória é constituída por
brânquias ou guelras, que se encontram
em contato direto com a água.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares


• Superfícies Respiratórias

Os animais terrestres apresentam invaginações para o interior do corpo, que


comunicam com a atmosfera através de canais reduzidos, reduzindo assim a
evaporação e permitindo que à superfície respiratória manter-se húmida.

São exemplo deste tipo de estruturas, as traqueias dos insetos e os pulmões dos
vertebrados.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares


2.2. Nos animais
2.2.1. Difusão direta

• Através da superfície corporal

Nos animais de reduzidas dimensões, como as


hidras e as planárias, os gases respiratórios
difundem-se diretamente através da superfície do
corpo.

A hidra, possui uma camada de células exteriores


que realizam trocas com o ambiente aquático
envolvente, enquanto que a camada de células
interior realiza essas trocas com a água que circula
na cavidade gastrovascular.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

• Hematose traqueal

Os insetos e outros artrópodes terrestres possuem um sistema respiratório, constituído por


uma rede de traqueias, que se vão ramificando em tubos cada vez mais finos, que terminam
nas traquíolas, que contactam diretamente as células.

As traqueias dos insetos contactam com o


exterior através de pequenos orifícios localizados
na superfície do corpo, denominados espiráculos,
que em espécies mais evoluídas apresentam filtros.

O sistema circulatório não é utilizado no


transporte dos gases respiratórios.
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2.2. Nos animais
2.2.1. Difusão indireta

• Hematose Cutânea

Nas minhocas, o aparecimento de um sistema circulatório, muito próximo da pele, aumenta


a eficácia gasosa através do tegumento.

A minhoca apresenta uma pele húmida, devido


à presença de numerosas glândulas produtoras
de muco.

O oxigénio difunde-se através da pele para o


sistema circulatório e é transportado por este até
às células.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

• Hematose branquial

No cado dos peixes ósseos, as brânquias encontram-se numa cavidade, a câmara branquial,
protegidas por uma estrutura óssea móvel, denominada por opérculo.

As brânquias são banhadas por uma corrente contínua de água, que entra pela água e saí pelas
fendas operculares.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

As branquias são constituídas por séries de filamentos duplos inseridos obliquamente em


estruturas ósseas denominadas arcos branquias.

Em cada filamento existe um vaso aferente, por onde o sangue entra na brânquia, e um vaso
eferente, por onde o sangue sai.

Entre estes dois vasos existe uma densa rede de capilares, que estão contidos em dilatações
do filamento branquial, chamadas lamelas.

A água movimenta-se em
sentido contrário ao do sangue
- mecanismo contracorrente-
aumentando a eficiência
branquial.

Deste modo o oxigénio


presente na água passa para o
sangue.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares


• Hematose pulmonar

Os pulmões são superfícies respiratórias invaginadas com diferentes graus de complexidade,


que aponta no sentido de um aumento da superfície do epitélio respiratório.
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2. Trocas gasosas em seres multicelulares

Nas aves, o ar circula apenas num sentido, num circuito que passa pelos sacos aéreos
posteriores, pelos pulmões e pelos sacos aéreos anteriores.

A hematose ocorre apenas nos pulmões, mais precisamente nos para brônquios, que são
finos canais, abertos nas duas extremidades

Para que o ar percorra todo o sistema


respiratório são necessários dois ciclos:

1º ciclo: inspiração - traqueia – sacos aéreos


posteriores – (durante a expiração) hematose nos
pulmões.

2º ciclo: inspiração – sacos aéreos posteriores –


ar dos pulmões passa para os sacos aéreos
anteriores.
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Nos mamíferos, a superfície respiratória é constituída por


milhões de alvéolos pulmonares, dispostos em cacho à volta dos
bronquíolos.

O ar circula em dois sentidos.

Um ciclo é composto por dois momentos:

1) Inspiração - traqueia – brônquios – bronquíolos – alvéolos


(onde se dá a hematose).

2) Expiração – alvéolos – bronquíolos – brônquios – traqueia.


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