Você está na página 1de 6

Volume 2, número 5 Setembro 2012

União Geral de Trabalhadores

NEWSLETTER SST

Editorial

H á uma necessidade
clara de criar uma cul-
tura de prevenção. Para atin-
neráveis é uma parte
importante de preven-
ção. O que os estudos
gir este objetivo a formação
é indispensável. Não se trata que surgem sobre esta
apenas de uma formação matéria, repetidamente,
casuística e adaptada ao sublinham é a necessida-
exercício de cada atividade. de de informar e de for-
Trata-se de uma atitude mar para criar ambientes
societal que pode ser trans- de trabalho cada vez
mitida desde os bancos da
mais seguros e saudá-
escola, para que idealmente,
no futuro, se atinja a meta veis.
dos “zero acidentes”. Para
isso, todos (empresas, traba- A formação de professo-
lhadores e autoridades) têm res e, a preparação dos … os acidentes não
de contribuir para uma jovens trabalhadores acontecem só aos
Neste número: melhor organização do tra- para o desempenho da
balho e para a identificação outros...
atividade de forma a que
análise e prevenção dos ris-
conheçam o local de tra-
cos associados a cada ativi-
dade. balho e os riscos que lhe
Nanomateriais: 3 O conhecimento dos riscos a são inerentes e para que para o investimento de
que os trabalhadores se desenvolvam atitudes e longo prazo na seguran-
é urgente informar, sen-
encontram expostos (sejam comportamentos adequa- ça e saúde.
sibilizar, prevenir riscos
eles nanomateriais, psicosso- dos r e p r e se n ta u ma
ciais, ou outros) e a identifi- mudança de perspetiva, CT
cação dos grupos mais vul- dos lucros a curto prazo

OSHA – Agência Europeia

Segurança e Saúde no
setor da hotelaria, restau-
4
Formação em matéria de riscos: novo relatório sobre a integração da
ração e catering SST em programas de formação de professores

Em teoria, os professores nos extensos programas métodos que poderiam


Promoção da saúde junto 5 deveriam receber forma- de formação para futu- ser tidos em conta e
dos jovens trabalhadores
ção sobre como sensibili- ros professores. desenvolvidos na prepa-
zar os alunos sobre os Mas também não é ração de professores
riscos nas escolas. impossível, e um novo para este tipo de forma-
Se já é difícil integrar relatório sobre estudos ção.
esta matéria nos progra- de casos elaborado
mas escolares, ainda pela EU-OSHA propõe De acordo com as con-
mais difícil é integrá-lo várias abordagens e clusões do Relatório, as
NEWSLETTER SST

Cont.

estratégias neste domínio • Os diretores das escolas das, nomeadamente


devem contemplar os devem receber formação as seguintes:
seguintes aspetos: suplementar que os habili- 1. Autoridades educa-
te com conhecimentos tivas, entidades res-
• A formação deve inserir- específicos sobre a gestão ponsáveis pelo desen-
se numa abordagem glo- da SST e a integração do volvimento curricular e
bal da escola que associe ensino da prevenção de escolas superiores de
o ensino da prevenção de riscos na atividade diária educação,
riscos à promoção da das escolas;
melhoria da gestão da SST 2. Outras organizações
nas escolas e fomente uma • Os outros professores cuja atividade esteja
cultura de segurança que devem receber formação relacionada com o
estimule a participação de suplementar — de acordo ensino da prevenção
todos os professores e os com as respetivas espe- de riscos (escolas de
envolva ativamente, fazen- cializações profissionais — saúde, organismos res-
do da SST uma parte inte- a fim de adquirirem ponsáveis nos domínios
grante da sua atividade diá- conhecimentos específi- da prevenção de aci-
ria; cos em matéria de SST e dentes profissionais e
de ensino da prevenção da segurança rodoviá-
• A formação de qualquer de riscos, e deve ser pon- ria, organismos despor-
futuro professor deve incluir derada a hipótese de tivos),
algumas noções elementa- alguns membros do corpo
res sobre SST nas escolas e docente serem nomeados 3. Sindicatos e associa-
“...os professores sobre os métodos de inte- “paladinos da SST”, cuja ções profissionais de
deveriam receber gração do ensino da pre- missão consistirá em divul- professores:
venção de riscos nas ativi- gar informação e motivar
formação sobre dades de ensino diárias; os outros; •Devem ser identifica-
como sensibilizar das sinergias e estuda-
• A formação em SST deve das formas de dar for-
os alunos sobre os
fazer parte do processo de • Devem ser fixadas metas mação aos professores
riscos nas acolhimento dos professores em relação ao número sem causar grande
escolas…” colocados em escolas incor- mínimo de professores perturbação ao nor-
porando o ensino da pre- com formação específica; mal funcionamento
venção de riscos aos alunos; das atividades letivas;

• Deve ser assegurada a • Devem ser propor-


ligação em rede entre as cionados às escolas o
escolas e entre os paladi- apoio, a informação e
nos da SST e do ensino da os instrumentos especí-
prevenção de riscos, para ficos de que necessi-
tornar mais fácil: tam para criar ambien-
tes de aprendizagem e
— Manter os restantes tra- de trabalho seguros e
balhadores atualizados — saudáveis, a fim de
uma dificuldade muito que as questões da
comum nas escolas, segurança e saúde
— Partilhar e trocar expe- sejam consideradas da
riências; maior importância por
professores e alunos.
• Devem ser garantidas a
cooperação e a partici-
pação de um vasto con-
junto de partes interessa-

- 2
Volume 2, número 5

Relatório da UE - OSHA

Nanomateriais: é urgente informar, sensibilizar, prevenir riscos

De acordo com uma revi- dos. 75% desses locais de ceiros sociais, organismos nacio-
são da literatura sobre trabalho são pequenas e nais responsáveis pela segurança
nanomateriais da Agência médias empresas. e saúde no trabalho, órgãos res-
Europeia para a Segurança Na sua análise sobre a ponsáveis pela saúde pública, 75% dos
e Saúde no Trabalho, exis- matéria, a OSHA concluiu associações profissionais, entre trabalhadores e
tem lacunas graves na sen- que a comunicação dos outros - visto que uma comunica- entidades
sibilização para os riscos riscos potenciais que esses ção deficiente dos riscos pode empregadoras no
potenciais envolvidos na materiais apresentam é gerar confusão e suscitar receios setor da
manipulação, nos locais de ainda deficiente, e que a injustificados ou levar a uma sub- construção não
trabalho, de nanomateriais, maioria dos europeus (54%) valorização dos riscos, e, conse- têm consciência
bem como graves deficiên- nem sequer sabe o que é a quentemente, à adoção de de que trabalham
cias na forma como esses nanotecnologia. ações de prevenção e controlo com estes
riscos são comunicados. Mesmo em locais de traba- dos riscos inadequadas. materiais
Na nossa vida quotidiana, lho onde existem nanoma- As estratégias de comunicação
a nanotecnologia está pre- teriais fabricados, o nível de dos riscos devem ajudar as enti-
sente em inúmeros produ- sensibilização é reduzido. A dades empregadoras a tomarem
tos e aplicações. São, pois, título de exemplo, 75% dos decisões sobre os seus locais de
utilizados em alimentos, trabalhadores e entidades trabalho e a aplicar medidas de
empregadoras no setor da
produtos de cosmética, prevenção adequadas, permitin-
construção não têm consciên-
têxteis, tintas, material des- do ao mesmo tempo que cada
cia de que trabalham com
portivo, eletrónica, deter- trabalhador controle pessoalmen-
estes materiais.
gentes e muitos produtos te a sua situação e possa assim
Existem algumas iniciativas
no domínio da saúde e boa proteger-se eficazmente.
no sentido de alertar para os
forma. Encontram-se igual- A OSHA criou uma base de dados
riscos associados aos nanoma-
mente presentes em muitos teriais fabricados e comunicar de exemplos de boas práticas
locais de trabalho. a melhor forma de os gerir empresariais relativas a uma ges-
Atualmente, estão regista- (embora nem sempre visem tão eficiente, no local de trabalho,
dos mais de 1000 bens de de nanomateriais fabricados, que
o local de trabalho),
consumo, produzidos por
nomeadamente por parte abrange oito Estados-Membros e
mais de 500 empresas em
de grandes produtores e um conjunto significativo de
30 países.
A Agência Europeia estima alguns sindicatos, através indústrias - tais como os têxteis, a
que existam atualmente de do diálogo nacional em construção e as aplicações médi-
300.000 a 400.000 empregos alguns Estados-Membros. cas.

na UE que lidam diretamen- Mas há ainda muito por Consulte o Relatório


te com a nanotecnologia e fazer - de preferência, "Perceção e comunicação do
nanomateriais manufatura- numa ação conjunta dos risco dos nanomateriais no local
responsáveis políticos, par- de trabalho”
-3
NEWSLETTER SST

Segurança e Saúde
no setor da hotelaria, restauração e catering
O setor HORECA - hotelaria, res- húmidos e ambientes frios,
lham a ritmo elevado,
tauração e catering - é um dos como despensas;
66% têm de trabalhar
sectores responsáveis por criar - Cortes e queimaduras;
com prazos muito curtos
mais postos de trabalho na - Escorregadelas, tropeções
e cerca de 48% afirmam
Europa, empregando cerca de e quedas devidos a pavi-
não terem tempo sufi-
8 milhões de pessoas. Estes mentos húmidos e escorrega-
ciente para fazer todo o
dados reforçam a importância dios e a obstáculos, incluindo
trabalho;
de uma boa gestão da segu- quedas em altura;
- Pouco controlo sobre o
rança e saúde no trabalho e da - Substâncias perigosas, por
trabalho: as tarefas
prevenção dos riscos no que exemplo, o uso generalizado
monótonas, sem criativi-
respeita a acidentes de traba- de produtos de limpeza e de
dade e que exigem pou-
lho e doenças profissionais no agentes biológicos nos ali-
ca iniciativa são muito
setor. mentos.
comuns;
Os maiores riscos para quem Os principais fatores de risco
- Contato com colegas e
trabalha neste sector são os psicossociais são os seguin-
Fonte: seguintes: tes:
com o chefe: a falta de
apoio pode agravar o
- Trabalho fisicamente exigente, - Horários de trabalhos pro-
stresse provocado pelo
Ficha técnica n.º 79 - que obriga a passar muitas longados e não convencio-
P r o t e g e r o s trabalho; cerca de 70%
horas de pé e em posturas está- nais; o sector caracteriza-se
trabalhadores da dos trabalhadores são
h o t e l a r i a e ticas, a movimentação manual por turnos longos, horários de
restauração capazes de pedir ajuda
de cargas, elevações e movi- trabalho irregulares e pouco
aos colegas, mas apenas
mentos repetitivos, muitas vezes habituais; uma parte substan-
Leia mais sobre 53% conseguem pedir
em combinação com outras cial do trabalho é efetuada
prevenção dos riscos ajuda aos supervisores;
no sector HORECA condições de trabalho desfavo- quando a maior parte das
- O contacto contínuo com
ráveis, como as que resultam pessoas não se encontra a
clientes pode ser uma fonte
Relatório da EU-OSHA da deficiente conceção do trabalhar;
de stresse ou, nos piores
- Proteção dos
local de trabalho; - Difícil conciliação entre a
trabalhadores do casos, conduzir ao assédio
sector da hotelaria, - Exposição a elevados níveis de vida profissional e a vida pes- ou mesmo à violência;
restauração e
ruído; cerca de 29% dos traba- soal, nomeadamente tendo - Falta de formação e de
catering
lhadores do sector estão expos- em conta a imprevisibilidade educação; certas tarefas
tos a ruído e mais de 4% consi- dos horários de trabalho, a dura- não
exigem qualquer
deram que tal facto coloca a ção dos dias de trabalho e a educação formal, a par
falta de controlo sobre o traba-
sua saúde em risco; de um baixo nível de for-
lho;
- Trabalho em ambientes quen- mação e de experiência;
- Elevada carga de trabalho
tes ou frios, especialmente a as pessoas nem sempre
e pressão para que este seja
combinação de temperaturas possuem a formação
desenvolvido com celerida-
elevadas com correntes de ar, adequada às tarefas que
de; cerca de 75% dos traba-
portas abertas, alternância executam, o que pode
lhadores referem que tra-
entre ambientes quentes e gerar mais stresse.
-4
Volume 2, número 5

Promoção da saúde junto dos trabalhadores jovens


Uma síntese de casos de boas práticas

De acordo com os dados férias, numa carpintaria formação sobre prevenção, os


disponíveis, a taxa de aci- perdeu os dedos da mão jovens recém chegados ao mer- “Fal am os d e
dentes de trabalho não ao utilizar indevidamente cado de trabalho têm mais difi-
trabalhadores
mortais, entre os trabalha- uma serra elétrica. Não lhe culdade em reconhecer os riscos
dores dos 18 aos 24 anos, é foi dada informação ou profissionais e, mesmo quando os jovens que
superior, em mais de 40%, formação sobre a utilização reconhecem podem ter mais difi- têm que viver
relativamente ao conjunto deste equipamento de ris- culdade em tomar as medidas
o resto das
dos trabalhadores em co. preventivas consideradas ade-
geral. Os jovens têm igual- quadas. suas vidas
mente maior probabilidade Falamos de jovens. Falamos c om m a rc a s
de ser afetados por uma de trabalhadores jovens Tal facto sugere uma melhor pre-
profundas
doença profissional. que têm que viver o resto paração dos potenciais jovens
das suas vidas com marcas trabalhadores em matérias sobre decorrentes
No entanto, em vez de profundas decorrentes de segurança, higiene e saúde no de acidentes
serem pouco saudáveis, os acidentes de trabalho. trabalho, de forma a adquirirem
locais de trabalho podem
d e trabal ho.
Falamos de jovens traba- informação, atitudes e comporta-
ser meios importantes para lhadores que perdem as mentos adequados para a pre- Falamos de
promover a saúde, ofere- suas vidas nos locais de venção em geral e, para a pre- jovens traba-
cendo a oportunidade de trabalho. venção dos riscos profissionais que
melhorar a saúde geral dos As razões para esta situação vão encontrar no exercício da sua
lhadores que
trabalhadores, o que é são de vária ordem, apontan- atividade profissional futura. perdem as
igualmente benéfico para do-se, indiscutivelmente, como Nesta perspetiva, a interiorização
uma das grandes causas a
suas vidas nos
as empresas, porquanto de comportamentos e atitudes
permite reduzir os custos
falta de educação e forma- locais de tra-
dirigidos à prevenção deve
ção para a prevenção.
relacionados com doenças desenvolver-se mesmo antes da balho.”
É, pois, certo que a ausên-
e aumentar a produtivida- entrada na vida ativa, ou seja, a
cia de educação e forma-
de. cultura de prevenção deve
ção para a prevenção,
começar a ser construída nos
constitui em Portugal, uma
Um jovem trabalhador de bancos de escolas incutindo, des-
das causas para os núme-
18 anos partiu ambas as ta forma, nos potenciais jovens
ros disponíveis sobre a sinis-
pernas depois de iniciar o trabalhadores, os princípios de
tralidade laboral, principal-
seu segundo dia de traba- uma verdadeira cultura de pre-
mente no que respeita à
lho, ao cair da plataforma venção.
população jovem recém
de um camião de recolha Entendemos que esta aborda-
admitida no mercado de
de resíduos. O jovem deslo- gem constitui um imperativo para
trabalho.
cava-se no exterior do veí- a melhoria da qualidade de vida
Sectores de grande sinistra-
culo porque a cabina não e das condições de trabalho, sen-
lidade como a construção
tinha espaço suficiente do a educação e a formação
civil e a agricultura registam
para ele e para os colegas para a prevenção uma das suas
um número de acidentes
que também iam no expressões mais estruturantes.
de trabalho preocupante
camião. Consulte a Ficha Técnica da
ao nível dos jovens traba-
Um jovem de 16 anos, no Agência Europeia SST sobre
lhadores.
seu primeiro trabalho de Promoção da saúde junto dos
Torna-se claro que na
trabalhadores jovens - Uma sínte-
ausência de educação e
se de casos de boas práticas
-5
União Geral de Trabalhadores

Publicações
A Saúde e a Segurança dos Bombeiros

“O risco profissional é inerente à intervenção na O ETUI publicou recentemente um estudo deFabienne


luta contra o incêndio. Ninguém pensaria Scandella, sobre as condições de
negá-lo. O respeito que inspiram os bom- trabalho dos bombeiros.
beiros repousa no reconhecimento dos ris- A imagem que passa é a do
cos em que incorrem, na coragem dos
“espetáculo” de sirenes e fogo. Os
que, sabendo que num incêndio o risco
bastidores da sua atuação são rela-
zero não existe, aceitam que salvar vidas
tivamente pouco conhecidos. Mas
pode conduzir ao seu próprio sacrifício.”
as condições de trabalho específi-
cas dos bombeiros são relati-
PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR
vamente pouco conhecidas.
Tratando-se de um instrumento de informação e forma-
Estamos na net! ção., esta publicação do ETUI pretende fornecer indi-
sst-ugt.blogspot.com cações no que concerne às prioridades para uma mel-
hor prevenção.
La santé et la securité des hommes du feu, Instituto Sindical Europeu
(ETUI),2012.

Ratificação da
Convenção nº 184 da OIT

Foi ratificada, no dia 8 de junho de saúde no trabalho


2012, pela Assembleia da República a na agricultura.
Convenção n.º184 da OIT sobre Segu-
Consulte a Resolu-
rança e Saúde na Agricultura.
ção e o texto da
Convenção na II
A ratificação desta Convenção Série -A - Número
205 do Diário da
decorre das medidas da Estratégia
Assembleia da
Nacional para a Segurança e Saúde República de 5 de
julho de 2012 .
no Trabalho 2008 - 2012 - Medida n.º

6.3 -ratificação da Convenção n.º 184

da OIT, de 2001, sobre a segurança e

Com o apoio de Departamento de

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Você também pode gostar