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EXCELENTÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

DA COMARCA DE BARRA MANSA-RJ.

DEGMAR DA FONSECA PEREIRA, brasileira, portadora do RG nº


013055854-7, inscrita no CPF sob o nº 046..475.947-18, residente na Praça Monte
Cristo, nº 20, Barra Mansa-RJ, vem à presença de V. Exa., por seu advogado infra-
assinado, com endereço profissional à rua João Batista Viana de Moraes, 64B, Barbosa
Lima , Resende/RJ, propor a presente:

AÇÃO DE RESSARCIMENTO C/C DANOS MORAIS

CORRETA - C & G COMERCIO DE MATERIAIS DE


CONSTRUCAO E UTILIDADES DE VOLTA REDONDA LTDA CNPJ:
12.577.590/0006-03, com sede na Av. Domingos Mariano, 594, Centro - Barra Mansa
RJ, Cep: 27.345-310, pelos fatos e razões de direito aduzidos:
DOS FATOS

Em setembro de 2020, a Autora foi até a loja Ré para fazer um


orçamento para compra de Pisos para sua residência.  

A Autora então agendou com o vendedor Gustavo, uma visita em sua


residência para fazer a medição da área e explicar como seria feita a colocação dos
pisos e   que lhe fosse e, bem como os procedimentos.  

Após a visita do vendedor à sua casa , a Autora voltou à loja Ré e


realizou a compra dos materiais para instalação do piso, que eram: o piso laminado,
manta, rodapé, perfil redutor , perfil tecno, perfil OS Parede, e massa  no valor total
de R$ 5756,00 (cinco mil e setecentos e cinqüenta e seis reais), conforme nota fiscal
em anexo. Vale mencionar que esta compra incluía a mão-de-obra, para colocação
dos pisos que seria realizada pelos funcionários da Ré.
Importante destacar, que na visita na casa da Autora, o vendedor
informou que ela teria que arrumar alguns dos  pisos do corredor e mais outro na
cozinha que o Vendedor achou que estava alto, e que poderia dar problemas na
execução do trabalho da loja Ré. Também pediu para retirar os rodapés.   

O Vendedor também informou a Autora que não seria necessário


retirar os móveis do local, mas somente esvaziar os armários e guarda-roupas , para
facilitar a movimentação dos móveis de um local para outro, na hora da colocação dos
pisos.  
A Autora então atendeu a todos os pedidos do vendedor para a
execução do serviço.

Preocupada com o esforço dos encarregados da loja Ré, na colocação


do piso, a Autora ainda contratou, por sua conta, um ajudante, para tentar facilitar o
trabalho deles.  

No dia marcado para colocação, foram enviados dois funcionários da


loja Ré para realizar o serviço. Ocorre que os funcionários, chegando na casa da
Autora, se recusaram a executar o serviço, dizendo que o Vendedor que havia ido na
casa da autora não tinha noção de como era o trabalho, e que para a colocação do
piso, a Autora teria que retirar todo piso da casa dela, para efetuar o serviço, além de
ter que desmontar todos os móveis.

A Autora então contestou, dizendo que na visita do vendedor da Loja


Ré à sua Casa, não lhe foi informado nada disso, ao contrário, e que não teria
condições arcar com os custos de um pedreiro para retirada do piso e um montador
para desmontagem e montagem dos móveis.

A Autora então entrou em contato com a Ré por diversas vezes para


tentar resolver a situação, porém um gerente jogava a culpa para outro e nada era
resolvido.

Cansada com a demora na resolução, a autora foi até a loja Ré, e foi
atendida , depois de 01 hora e 30 minutos esperando, pelo Gerente Sérgio, que
informou que nada poderia fazer e que também não havia como devolver o dinheiro
pago, e que única solução seria lhe dar um vale-troca , e que a Autora ainda teria que
pagar o frete para a devolução da mercadoria.

Indignada a Autora também fez uma reclamação no PROCON para


tentar resolver a situação. A loja ré informou o que já havia falado para a Autora e
não deu opção de cancelamento e devolução do valor pago.

Imperioso destacar, que a autora somente realizou a compra


dos materiais na Loja Ré, pois o vendedor havia lhe garantido que não
precisaria remover o piso que já estava em sua casa, e nem realizar a
desmontagem dos móveis.

Ou seja Excelência, caso a loja Ré informado a Autora que a


Execução do serviço somente poderia ser feita mediante essas exigências, a
Autora jamais teria realizado a compra e contratado os serviços da loja Ré,
haja vista que a Autora não possui recursos para contratar um pedreiro para
retirar o pisos e o montador para desmontagem e montagem dos móveis.

Vale ressaltar, que A autora também teve que pagar o valor


de R$ 450,00 (quatrocentos e cinqüenta reais), documento anexo, para um
pedreiro,para a retirada do Rodapé , conforme o Vendedor havia exigido a
autora.

Até o momento nada foi feito para resolver o problema da Autora,


que se encontra com a casa toda bagunçada, com seus móveis parcialmente
desmontados, a casa sem o rodapé, o que faz acumular muita poeira (FOTOS
ANEXAS).
Para a Autora colocar de volta os rodapés, a Autora terá ainda um
gasto de R$ 672,00 (seiscentos e setenta e dois reais), conforme orçamento em
anexo, sem incluir a mãe de obra e sem parafusos.

Sendo assim, resta claro que é dever da Ré devolver todo o valor


pago à Autora, além de indenizá-la pelos prejuízos causados.

DO DIREITO

Assim, diante do exposto, resta claro que deve a Autora


deve ser ressarcida do valor pago pelo material não utilizado, R$ 5756,00 (cinco mil e
setecentos e cinqüenta e seis reais), e ainda ressarcir o valor de R$ 450,00
(quatrocentos e cinqüenta reais) pago ao pedreiro para retirar o rodapé, além de
indenizar também a Autora pelos danos morais sofridos.

Insta salientar que a Ré deve fornecer um serviço de


qualidade, porém não vem fazendo.
Frisa-se que a Ré vem descumprindo todos os princípios
do Código de Defesa do Consumidor, dentre os quais podemos citar o Princípio da
Transparência e o da Eficiência, conforme previsto no Art. 22 do CDC, verbis:

Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,


concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos.

Parágrafo único - Nos casos de descumprimento, total ou


parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as
pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os
danos causados, na forma prevista neste Código.

De acordo com o Art 14 do Código de Defesa do Consumidor, abaixo


transcrito, é dever do fornecedor do serviço ressarcir ao autor os danos sofridos:

Art. 14 - O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua

fruição e riscos.

A legislação brasileira garante, também, o ressarcimento dos


danos morais sofridos, por força dos dispositivos legais abaixo mencionados, todos do
Código Civil de 2002.

“Art 186: Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito ou causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

“Art 927: Aquele que, por ato ilícito, causar dano a


outrem, fica obrigado a repará-lo.”

O Artigo 18 do código de Defesa do consumidor,


estabelece que :

Art. 18. Os fornecedores de


produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicações constantes do recipiente,
da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
podendo o consumidor exigir a substituição das partes
viciadas.

§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de


trinta dias, pode o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma


espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga,


monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou


ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior,
não podendo ser inferior a sete nem superior a
cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a
cláusula de prazo deverá ser convencionada em
separado, por meio de manifestação expressa do
consumidor.

§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das


alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em
razão da extensão do vício, a substituição das
partes viciadas puder comprometer a qualidade ou
características do produto, diminuir-lhe o valor ou
se tratar de produto essencial.

§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa


do inciso I do § 1º deste artigo, e não sendo
possível a substituição do bem, poderá haver
substituição por outro de espécie, marca ou
modelo diversos, mediante complementação ou
restituição de eventual diferença de preço, sem
prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º
deste artigo.

A doutrina e a jurisprudência também entendem da


seguinte forma nestas situações:

Acórdão nº 257269 "As opções apresentadas serão


exercidas, portanto, a critério do consumidor.
Poderá ele escolher livremente qualquer delas. No
caso, optou a autora pela restituição da quantia
paga e indenização dos danos. Não é ela obrigada
a receber veículo que a ré lhe disponibiliza.” (Des.
Jair Soares, DJ 09/08/2006)
“Não pode o fornecedor se opor à escolha pelo
consumidor das alternativas postas. É fato que ele,
o fornecedor, tem 30 dias. E, sendo longo ou não,
dentro desse tempo, a única coisa que o
consumidor pode fazer é sofrer e esperar. Porém,
superado o prazo sem que o vício tenha sido
sanado, o consumidor adquire, no dia seguinte,
integralmente, as prerrogativas do § 1o ore em
comento.

E, como diz a norma, cabe a escolha das


alternativas ao consumidor. este pode optar por
qualquer delas, sem Ter de apresentar qualquer
justificativa ou fundamento. Basta a manifestação
de vontade, apenas sua exteriorização objetiva. É
um querer pelo simples querer manifestado’
(NUNES, 2005, p. 186)

DO DANO MORAL

Ressalta-se que o dano moral além do caráter indenizatório,


possui outros dois vértice, quais sejam, o caráter punitivo e o caráter pedagógico, pela
falha nos serviços, com o objetivo de proteger o consumidor e de certa forma forçar a
melhora na qualidade dos serviços.

Neste sentido já se decidiu, merecendo destaque o


julgado abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL.AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER


C/C INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS
MORAIS.DESCABIMENTO DA MAJORAÇÃO DO
QUANTUM INDENIZATÓRIO, UMA VEZ QUE O
MESMO FOI FIXADO CONSOANTE OS PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
ADEMAIS, O VALOR ESTABELECIDO LEVOU EM
CONSI-DERAÇÃO O CARÁTER TRÍPLICE DA
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, QUAL SEJA:
CARÁTER PUNITIVO, CARÁTER PEDAGÓGICO E
CARÁTER INDENIZATÓRIO.SENTENÇA
MANTIDA.RECURSO DESPROVIDO

(2007.001.68686 - APELACAO CIVEL - 1ª Ementa - DES.


BINATO DE CASTRO - Julgamento: 01/07/2008 - DECIMA
SEGUNDA CAMARA CIVEL)

Sendo claro que cabe o instituto do Dano Moral que tem


receptividade sempre que a dor, o vexame ou humilhação imiscua em demasia no
comportamento psicológico do indivíduo implicando-lhe em tristeza e mágoa de forma
anormal. Neste sentido, cumpre ressaltar a cátedra lição de Wilson Mello da Silva que
assevera nos seguintes termos:

“... são lesões sofridas pelo sujeito físico ou pessoa


natural de direito em seu patrimônio ideal,
entendendo-se como patrimônio ideal, em
contraposição a patrimônio material, o conjunto de
tudo aquilo que não seja suscetível de valor
econômico”. ( Wilson Mello da Silva, O Dano Moral e a
sua Reparação, Rio, 1995, n 1 ).

Assim sendo, os Danos Morais, dentro do Princípio da sua


eficácia e ao mesmo tempo da sua não banalização, devem ser fixados no patamar de
R$ 10.000,00 (dez mil reais).

“A indenização por danos morais deve dar-se


caráter exclusivamente compensatório (conclusão
10 do IX Encontro dos Tribunais de Alçada do
Brasil, realizado em São Paulo, nos dias 29 e
30.08.97, por maioria)”.

“Na fixação do dano moral, deverá o juiz


atendendo-se ao nexo de causalidade inscrito no
artigo 1.060 do Código Civil, levar em conta
critérios de proporcionalidade e razoabilidade na
apuração do quantum, atendidas as condições do
ofensor, do ofendido e do bem jurídico lesado
(conclusão 11 do IX Encontro dos Tribunais de
Alçada do Brasil, realizado e São Paulo, nos dias 29
e 30.08.97, por maioria).”

DO PEDIDO

Ante ao exposto vêm a V. Exa. requer:

a) a citação Ré para responder a presente Ação, e sua


intimação para comparecer à Audiência de Conciliação,
que poderá ser convolada em AIJ, caso as partes não
cheguem a acordo, sob pena de revelia;

b) Que seja julgado totalmente procedente o pedido Autoral


para que as Rés devolvam o valor pago pela Autora de R$
5756,00 (cinco mil e setecentos e cinqüenta e seis reais),
devidamente corrigido com juros atualização monetária, e
ainda sega obrigada a ressarcir a Autora o valor de R$
450,00 (quatrocentos e cinqüenta reais) pago ao
pedreiro para retirar o rodapé, tendo em vista que o
serviço não foi realizado por culpa exclusiva da Ré;
c) que seja julgado procedente o pedido autoral, para
CONDENAR as Rés ao pagamento de R$ 10.000,00 (dez
mil reais) a título de danos morais, tendo em vista o
caráter punitivo-pedagógico do instituto;

d) seja concedido a inversão do ônus da prova, com


fundamento no Art. 6º VIII do CDC, tendo em vista a
hipossuficência dos consumidores;

e) que todas publicações sejam realizadas em nome de


CECIL PIETROBELLI BUSS – OAB/RJ 115.169, sob
pena de nulidade.

DAS PROVAS

Todas as admitidas em direito, dando ênfase a prova


documental ora carreada a presente.

DO VALOR DA CAUSA:

Dá-se a causa o valor de R$ 16.206,00 ( dezesseis mil e


duzentos e seis reais).

Nestes Termos.

Pede Deferimento.

Resende, 14 de dezembro de 2020.

VANESSA FRANCO DO NASCIMENTO

OAB/RJ 183.458

CECIL PIETROBELLI BUSS

OAB/RJ 115.169

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