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Tópicos Especiais em Psicologia da Cognição A

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)


Instituto de Psicologia
Departamento de Psicologia Geral e Experimental
Aluna: Maíza Kister Soares
DRE: 118049687
Estudo dirigido 1

1. Diferencie os apegos Ansioso e Evitativo, citados por Leahy, e exemplifique


quais esquemas emocionais podem surgir a partir de cada um.

Segundo Leahy (2016) o estilo de apego ansioso é caracterizado por um comportamento


grudento e necessidade de reasseguramento. Pessoas com esse tipo de desapego podem
elaborar um esquema emocional de ter crenças próprias sobre validação, no sentido de
acreditarem que para serem compreendidas é necessário que o terapeuta tenha vivido
exatamente a mesma situação que elas, e temem a crítica ou retraimento do mesmo. Ainda
assim, essas pessoas procuram validação e eventualmente apego ao terapeuta.
Já no estilo de apego evitativo será refletido na desconfiança e distância; esses pacientes
evitam o contato mais próximo e a abertura na relação terapêutica – como fazem em outras
relações (Leahy, 2016). Pessoas com esse tipo de desapego elaboram um esquema emocional
no qual evitam o contato mais próximo para evitar decepção e rejeição. Com isso, podem ter
dificuldades de identificar suas necessidades ou acentuar a expressão delas por medo de não
serem ouvidos.
Os dois apegos se diferenciam então entre a busca pela validação e a desconfiança da mesma.

2. Cite e explique três recursos que o terapeuta pode utilizar no processo de


validação do paciente.
1- Reformular: repetir o que o cliente disse, mas sem interferir ou interpretar. Leahy (2016)
dá como exemplo: “Então o que está dizendo é que o seu chefe não está lhe tratando com
justiça e você acha que está fazendo um bom trabalho e deveria receber um pagamento
melhor do que está recebendo”. Esse recurso exige que o ouvinte se certifique ao final que
ouviu a mensagem corretamente, para passar também a ideia de que ele está comprometido e
disposto a entender a experiência do cliente.
2- Enfatizar: refletir as emoções explicitadas pelo paciente. “Parece que você
está se sentindo frustrado e com raiva sobre a situação” Com isso, o terapeuta abre mais
espaço para que o paciente “chore pelo flagelo”. E mais uma vez o ouvinte deve validar se o
que entendeu está correto, passando a ideia de compromisso em compreender o que o
paciente quer transmitir de fato.
3- Explorar outros pensamentos, sentimentos e lembranças: fazer perguntas exploratórias
como: “Existem outros pensamentos e sentimentos que você tem sobre isso?” ou “Pode me
contar mais sobre a experiência que você teve?” condicionam para que o paciente faça seu
relato com alguém que está representando um papel de “não julgador” e “não diretivo” e
assim, aceitar que está sendo ouvido.

3. Considerando um cenário hipotético do qual um paciente não se sente validado pelo


seu terapeuta:

a) Cite quais são as consequências dessa experiência de invalidação geradas pelo


próprio terapeuta.

O terapeuta focado demais na técnica, ou que faz interrupções ao seu paciente, ou ainda
sugere ao paciente o motivo de seus sentimentos não os dando a liberdade de entender a
gênese deles, atrapalha o processo de validação pois nessas situações o paciente precisa se
sentir seguro, ouvido e compreendido. O autor Leahy (2016) relata que ocorreu com ele esse
tipo de situação não uma única vez, chamando atenção para o fato de que pode ser algo
recorrente se o terapeuta não estiver atento e realmente disposto a ouvir seu paciente.
A consequência da invalidação gerada pelo próprio terapeuta é o afastamento do paciente, e
maior isolamento, além dele se sentir sozinho, podendo também remeter a situações
anteriores que o levaram a buscar terapia. Situações de rejeição, dominação, crítica, onde o
terapeuta pode acabar por ocupar o lugar de uma pessoa que foi peça fundamental para o
paciente procurar ajuda.

b) Explique como o terapeuta participa do processo de validação?

O terapeuta participa do processo de validação, primeiramente entendendo a invalidação e a


explorando, reconhecendo, admitindo e compartilhando com o paciente, reconhecê-la bem
como os pontos cegos do terapeuta, faz parte da validação. O terapeuta precisa transmitir a
ideia para o paciente que como ouvinte ele consegue imaginar como seria a experiência de
seu paciente, ficar no lugar dele. É uma união temporária de mentes, que abole a barreira
entre o self e o outro (Leahy, 2016). E o papel do terapeuta é justamente possibilitar a
abolição dessa barreira através de micro-habilidades que o autor traz em seu texto, são estas:
dar atenção, questionar, focar, confrontar, refletir, ritmo adequado, escuta reflexiva, atenção
ao comportamento não verbal, questionamento com final em aberto e reflexão empática e
resumo são todos úteis na preparação do terreno para uma validação efetiva entre outras que
facilitam na aliança terapêutica.

4. O que é “validação antecipatória” e como ela se dialoga na terapia?

A validação antecipatória se trata de um processo onde o terapeuta comunica que haverá o


que Leahy chama de “falhas empáticas” deixando explícito para seu paciente que por mais
que ele esteja disposta a ouvir e entendê-lo poderão haver falhas, no entanto, o paciente deve
se sentir à vontade para falar quando sentir que está sendo invalidado pelo interlocutor. Ao
fazer esse movimento, o profissional reconhece que há limitações e pontos cegos e estabelece
com o paciente que ele pode se manifestar nessas situações para uma melhor compreensão e a
validação de suas experiências. Leahy exemplifica:
“É muito provável que, às vezes, eu possa não entender completamente os seus seus
sentimentos e suas experiências de forma que você se sinta compreendido. Isso
pode ocorrer porque quaisquer duas pessoas têm limites para estabelecer uma
conexão completa ou por causa de falhas que eu possa ter para realmente entendê-lo
Isso pode ser frustrante. Mas penso que podemos combinar de discutir esses
equívocos quando surgirem. Não sei se você estaria disposto a me dizer quando
sente que não estou realmente lhe entendendo”

5. Explique quatro estratégias compensatórias que o paciente pode utilizar em


ambientes invalidantes, ilustrando com exemplos não presentes no livro.

1- Procurar fontes alternativas de validação: quando o indivíduo percebe que as pessoas que
convencionalmente deveriam ser boas em validação não o são, ele procura outras alternativas
para suprir essa necessidade. Ex: uma mulher que não consegue falar com seu marido sobre
seus problemas conjugais e constantemente desabafa com seu melhor amigo, pois para ela,
ele a ouve, entende e dá a devida atenção aos seus sentimentos.
2- Tentar agradar para ser aceito: quando o indivíduo busca agradar o gosto de outras pessoas
ou do meio para ser melhor aceito, ao invés de priorizar as suas vontades e gostos. Ex: Uma
menina que começa a trabalhar em uma empresa onde a maioria de seus colegas são pessoas
de outra área da cidade onde as pessoas ouvem músicas diferentes do que ela está acostumada
e gosta, assistem outros tipos de filmes e frequentam outros lugares. Essa menina, passa a
ouvir os novos tipos de música, mesmo achando muito chatos, passa a assistir os filmes que
não acha fazerem sentido, e frequenta lugares que não se sente confortável, tudo para ser
aceita em seu ambiente de trabalho.
3- Intelectualizar e negar as necessidades emocionais: quando o indivíduo acredita que sua
emoção não será aceita ou compreendida pelos outros, e com isso, assumem um papel
autonegação extremamente frio em relação aos seus sentimentos. Ex: homens negros terem
muita dificuldade de falar de sentimentos e reconhecer algo diferente de raiva e prazer. Isso
porque historicamente todos os outros sentimentos além de raiva e ódio lhes foram negados,
com o passar do tempo e as conquistas da luta negra, essas pessoas se reconhecem como
humanos, ou seja, homens, que estão presos à sua masculinidade e sexualidade. Com isso, é
recorrente vermos homens negros não elaborarem seus sentimentos, os classificando como
frescura, ou como algo bem menos complexo do que realmente é, por viverem em um mundo
que não acredita na sensibilidade do corpo negro.

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