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A Divisão Natural das Paisagens Vegetais do Brasil no Escopo dos Sistemas


Nacionais de Classificação Fitogeográfica (1824-2006)

Article  in  Publicações Avulsas em Conservação de Ecossistemas · February 2013


DOI: 10.18029/1809-0109/pace.n30p1-43

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5 authors, including:

Jorge Luis P. Oliveira-Costa Francisco de Assis Veloso Filho


University of Coimbra Universidade Federal do Piauí
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Antonio Alberto Jorge Farias Castro W.A.L. Silva


Universidade Federal do Piauí Universidade Estadual do Piauí (UESPI)
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ISSN 1809-0109
Publicações Avulsas em

Conservação de
Ecossistemas
Universidade Federal do Piauí CCN Biologia Teresina PI

Número 30 Fevereiro 2013

Programa de Biodiversidade do Trópico Ecotonal do Nordeste


(Programa bioTEN)

A DIVISÃO NATURAL DAS PAISAGENS VEGETAIS


DO BRASIL NO ESCOPO DOS
SISTEMAS NACIONAIS DE CLASSIFICAÇÃO
FITOGEOGRÁFICA (1824-2006)

Jorge Luis Paes de Oliveira Costa


Francisco de Assis Veloso Filho
Cláudia Maria Sabóia de Aquino
Antonio Alberto Jorge Farias Castro
Waldirene Alves Lopes da Silva
O Trópico Ecotonal do Nordeste (CASTRO, 1995/2004) corresponde a uma região de transição, ou área de
tensão ecológica (IBGE, 1996), entre comunidades que contém espécies características de cada uma delas
e presumivelmente é intermediária em termos de condições ambientais. Atravessa todo o Estado do Piauí,
compondo o maior domínio fitoecológico da bacia hidrográfica do rio Parnaíba, distribuindo-se desde as
proximidades de Luís Corrêa e estendendo-se para o sul até as nascentes do rio Gurguéia. As formações
vegetais presentes caracterizam-se por apresentar floras indiferenciadas que se interpenetram sob forma
de encrave e ecótono. As condições climáticas nestas áreas são diversas, variando de clima semi-árido a
subúmido úmido, com isoietas anuais que oscilam de 700 a 1.500 mm com deficiência hídrica de 6 a 9
meses. Assim, a presença desses climas; o contato do cristalino com o sedimentar; o domínio da caatinga,
do cerrado e da vegetação de transição (vários tipos) entre eles; as variações gradativas de relevo em
grandes extensões com baixas cotas altimétricas, sem interrupções de serras ou planaltos; a posição da
bacia do rio Parnaíba que acompanha o reverso da cuesta da Serra da Ibiapaba e a posição geográfica
entre a Amazônia úmida (a oeste), o semi-árido (a nordeste e a leste) e o subúmido (a sudoeste e ao sul),
configuram os níveis atuais de heterogeneidade ambiental, independente de efeitos antrópicos. A busca
de (bio)(eco)indicadores inclui as biodiversidades de tipo (espécies), de função e de ecossistemas. A partir
de demandas multidisciplinares, este GRUPO, responsável pelo Programa de Biodiversidade do Trópico
Ecotonal do Nordeste (BIOTEN), vinculado ao CCN/Departamento de Biologia, foi criado para dar
continuidade à dimensão biodiversidade dos Programas DESERT (1991/1997), SARID (1998/2004),
WAVES (1998/2000), FITCEM (1995/2001), FITCAM (2000/2002), PGCA (2000/2005), PRODEMA/PI
(2002/-) e ECOCEM (2001/-), bem como à sua produção bibliográfica associada.

Fotografia da Capa:
Fotografia estilizada do Mapa Mundi

Fonte:
Mapa Mundi. Em: <http://foundwalls.com/wp-content/uploads/2012/10/
Clean-World-Map-600x375.jpg>. Acesso em: 22 janeiro 2013.
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A DIVISÃO NATURAL DAS PAISAGENS VEGETAIS DO BRASIL


NO ESCOPO DOS SISTEMAS NACIONAIS DE CLASSIFICAÇÃO
FITOGEOGRÁFICA (1824-2006)

Jorge Luis Paes de Oliveira Costa


Geógrafo. Mestrando em Geografia Física - Ambiente e Ordenamento do Território
(Universidade de Coimbra, Portugal). E-mail: jorgeluispaes@hotmail.com
Francisco de Assis Veloso Filho
Geógrafo. Doutor em Economia (UNICAMP). Professor do Departamento de Geografia. Centro de Ciências Humanas e
Letras. Universidade Federal do Piauí (UFPI). E-mail: aveloso@ufpi.edu.br
Cláudia Maria Sabóia de Aquino
Geógrafa. Doutora em Geografia (UFS). Professora do Departamento de Geografia. Centro de Ciências Humanas e
Letras. Universidade Federal do Piauí (UFPI). E-mail: cmsaboia@gmail.com
Antônio Alberto Jorge Farias Castro
Biólogo. Doutor em Biologia Vegetal (UNICAMP). Pesquisador (Líder) do bioTEN. Coordenador do Sítio ECOCEM.
Professor Associado IV do Departamento de Biologia. Centro de Ciências da Natureza.
Universidade Federal do Piauí (UFPI). Email: albertojorgecastro@gmail.com
Waldirene Alves Lopes da Silva
Geógrafa. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI). Doutoranda em Geografia (UFPE). Professora da
Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Campus de São Raimundo Nonato. Email: cosmografiaw@hotmail.com

RESUMO

Este artigo trata dos sistemas de classificação da vegetação no Brasil. Tem por objetivo uma
caracterização desses sistemas, com vistas à obtenção de dados que levem ao estabelecimento
da evolução na divisão fitogeográfica do país. Em termos metodológicos, o presente estudo
compreendeu uma revisão de literatura considerando estudos de referência no tema com
levantamento de sistemas nacionais de classificação fitogeográfica e pesquisas em sites e
revistas especializadas. A importância na contribuição teórica do presente artigo consiste em
promover o conhecimento da divisão natural das paisagens vegetais do Brasil no escopo dos
sistemas nacionais de classificação fitogeográfica. A divisão do território brasileiro em
compartimentos fitogeográficos é prática antiga entre pesquisadores do ramo, o que explica a
diversidade de classificações existentes, fruto, sobretudo, de tendências pessoais, da formação
acadêmica dos autores, além do avanço tecnológico e instrumental. Atualmente há um debate
importante no campo da classificação vegetal, já que a identificação de unidades fitogeográficas
constitui numa prática de suma importância para fins de conservação. Naturalistas como o
alemão Carl Philipp Von Martius, e os brasileiros Barbosa Rodrigues e Joaquim Caminhoá, foram
pioneiros na classificação da vegetação brasileira produzindo divisões fitogeográficas
caracterizadas por generalizações e influência do fator ecológico. Enquanto que para esses
pesquisadores a florística vegetal atuou como fator determinante, profissionais geógrafos
inovaram ao adotar em seus sistemas o caráter fisionômico das formações vegetais como
aspecto principal. Ligados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Lindalvo
Bezerra, Aroldo de Azevedo, Edgar Kuhlmann, Alceo Magnanini e Dora Romariz produziram
sistemas fitogeográficos de caráter didático, com influência do fator antrópico, onde a
fisionomia vegetal atuou como aspecto determinante. Aproveitando-se do avanço tecnológico,

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2 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

representando a classe dos botânicos, biólogos e agrônomos, Carlos Rizzini, Henrique Veloso,
Afrânio Fernandes e George Eiten, introduziram modernas classificações, detalhistas com
inúmeras classes e subclasses de formações, com preocupação quanto à universalização da
classificação da vegetação brasileira.

Palavras-chave: Biogeografia; Classificação Fitogeográfica; Brasil.

INTRODUÇÃO

O interesse em organizar tornando reconhecíveis as diferentes fisionomias, estruturas e


composições florísticas dos tipos vegetais, fez surgir sistemas de classificação dividindo a
vegetação segundo normas de orientação e fatores determinantes que variam conforme a
tendência da proposta (EGLER, 1966).
Desse modo, o mundo foi dividido em sete reinos ou zonas biogeográficas (Holártico,
Paleotropical, Neotropical, Antártico, Oceânico, Capense e Australiano) subdivididos em regiões
(contemplando formações florestais, campestres ou desérticas), que por sua vez foram
separadas em domínios e setores (EGLER, 1966). O fator determinante dessa classificação foi à
divisão climática do mundo e o endemismo das plantas. Assim, famílias endêmicas constituem
zonas, gêneros endêmicos constituem regiões, espécies endêmicas constituem domínios e uma
variedade de domínios constitui setores (FERNANDES, 2006).
No caso do Brasil, seu território encontra-se situado no Reino Neotropical. Nesse reino,
é pertencente à Região da América Tropical, contemplando duas de suas províncias: a Província
do Rio Amazonas ou Hiléia Americana e a Província Sul Brasileira, que dividem o país em cinco
zonas: Florestas Costeiras, Caatingas, Campos, Araucárias e Trindade do Sul (FERNANDES,
2006).
Buscando agregar a divisão da vegetação brasileira a um padrão de classificação
universal, foram propostos Sistemas Nacionais de Classificação Fitogeográfica, com adesão de
conceituações e terminologias da nomenclatura internacional.
Sem consenso dentro do contexto nacional, foram propostas 19 classificações pelos
naturalistas Von Martius (1ª - 1824); Joaquim Monteiro Caminhoá (2ª - 1877) e João Barbosa
Rodrigues (3ª - 1903); pelos geógrafos Lindalvo Bezerra (4ª - 1943); Aroldo de Azevedo (5ª -
1950); Edgar Kuhlmann (6ª - 1960); Alceo Magnanini (7ª - 1961) e Dora de Amarante Romariz
(8ª - 1972); e pelos botânicos e engenheiros agrônomos Gonzaga de Campos (9ª - 1926);
Alberto José de Sampaio (10ª - 1940); Carlos Toledo Rizzini (11ª - 1963 | 12ª - 1979); Dárdano
de Andrade-Lima e Henrique Veloso (13ª - 1966); Dárdano de Andrade-Lima (14ª - 1975);
Projeto RADAMBRASIL (15ª - 1970); George Eiten (16ª - 1983); Afrânio Gomes Fernandes e
Prisco Bezerra (17ª - 1990), Henrique Veloso (18ª - 1992) e Afrânio Gomes Fernandes (19ª -
1998 | 20ª - 2006).
Nesse sentido, o presente artigo objetiva, primordialmente, a caracterização dos
sistemas de classificação da vegetação no Brasil com vistas à obtenção de dados que levem ao
estabelecimento da evolução na divisão fitogeográfica do país.

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CLASSIFICAÇÕES DE 1824 A 1961

SISTEMA DE VON MARTIUS (1824)

O naturalista alemão Carl Friedrich Philipp Von Martius (1794-1868) foi médico,
botânico e antropólogo, chegou ao Brasil em 1817 após receber encargo do governo austríaco,
produzindo a primeira divisão fitogeográfica do país. Entre 1817 e 1820, Martius e Von Spix
(1781-1826) percorreram as províncias do Brasil, do que resultou na elaboração de um
completo levantamento da flora nacional, publicado sob o título Flora Brasilienses,
correspondendo a mais importante contribuição de Martius. Sua expedição percorreu 10 mil
quilômetros, cortando o país de leste a oeste, e enfrentou problemas de ordem científica, pois
os estudos do século XIX ainda não apresentavam informações satisfatórias sobre a distribuição
dos organismos vivos.
A classificação da vegetação brasileira tem início com Martius em 1824 que usa nomes
da mitologia grega em seu sistema. Seu mapa fitogeográfico foi anexado por Grisebach no
volume XXI da Flora Brasiliensis de 1858, na qual define cinco regiões florísticas: I. Nayades:
A) Flora Amazônica; II. Hamadryades: B) Flora Nordestina; III. Oreades: C) Flora do
Centro-Oeste; IV. Dryades: D) Flora da Costa Atlântica; V. Napeias: E) Flora Subtropical
(Quadro 1) (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).
Nayades (deusas imortais das fontes) refere-se à região cálido-silvestre na qual se
distribui a Floresta Pluvial Amazônica (hiléia brasileira) fazendo referência à riqueza dos seus
rios (cor marrom na Figura 1). Em Hamadryades (ninfas mortais dos bosques de carvalho que
nascem e morrem com a árvore de moradia) Martius faz alusão às plantas das caatingas que
nascem e morrem sob alternância na região cálido-seca (cor laranja na Figura 1). Para
Oreades (ninfas imortais que presidem aos montes e campos) Martius faz indicação às
condições montano-campestres intertropicais, representando a região montanhosa revestida
pela vegetação escleromorfa (cerrado e cerradão) do Brasil Central (cor amarela na Figura 1).
Em Dryades (divindades imortais que se encarregam dos bosques) Martius faz relação às serras
e montanhas cobertas de florestas montano-nemorosas, representando a região altitudinal-
silvestre na qual se distribui a vegetação atlântica (cor verde na Figura 1). Em Napeias
(divindades que protegem os vales, os prados e suas plantas) Martius faz referência ao
ambiente florestal e aos campos do sul representando a região extratropical onde se
desenvolve a floresta pluvial caracterizada pelo Pinheiro (Araucaria angustifolia (Bertol.)
Kuntze) (cor cinza na Figura 1) (RIZZINI, 1979).
Além da definição das unidades fitogeográficas endógenas, Martius delimita um
compartimento desconhecido (cor branca na Figura 1) e indica as Vagas Brasileiras (Vagae
Brasiliensis) e Extrabrasileiras (Vagae Extrabrasiliensis). A primeira refere-se a uma divisão
contemplando as plantas que se distribuem por todo o império florístico. As Extrabrasileiras
representam as espécies cosmopolitas, referindo-se às plantas dos países limítrofes que não
constituem uma unidade fitogeográfica.

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Quadro 1. Divisão fitogeográfica de Martius (1824): Oito (8) unidades, sendo 6 (seis) endógenas e
2 (duas) não formadoras de regiões fitogeográficas.

SISTEMA DE VON MARTIUS (1824)

Regiões Florísticas Correspondência na Flora Brasileira

I. Nayades A) Flora amazônica (região cálido-silvestre)


II. Hamadryades B) Flora nordestina (região cálido-seca)
III. Oreades C) Flora do centro-oeste (região montano-campestre)
IV. Dryades D) Flora da costa atlântica (região altitudinal-silvestre)
V. Napeias E) Flora subtropical (região extratropical)
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

Figura 1. Mapa fitogeográfico de Martius (1824).


Fonte: http://www.exposicoesvirtuais.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/sid=100.

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SISTEMA DE JOAQUIM CAMINHOÁ (1877)

O naturalista baiano Joaquim Monteiro Caminhoá (1836-1896) doutorou-se pela


Faculdade de Medicina da Bahia, foi professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,
atuou como membro do conselho do imperador D. Pedro II e de comunidades científicas como
a Associação Brasileira de Aclimação, a Sociedade de Botânica da França e a Sociedade de
Ciências Naturais de Edimburgo.
Em seu trabalho "Elementos de Botânica Geral e Médica" de 1877, Caminhoá publicou
mapa na qual divide o espaço brasileiro nas seguintes regiões e sub-regiões fitogeográficas: I.
Região das Florestas: A) Florestas dos Lugares Montanhosos e Secos: matas dos sertões,
caatingas, capões e capoeiras pouco úmidas; B) Florestas dos Lugares Úmidos: margens dos
rios, ribeiros, prados úmidos, mas não alagados. II. Região dos Campos: C) Campos Gerais;
D) Tabuleiros, Cerrados e Carrascos, Chapadas. III. Região das Águas: E) Zonas Fluviais das
Águas ou dos Rios e Ribeiros; F) Lacustres ou dos Lagos e Lagoas; G) Das Margens Alagadas
dos Rios e Ribeiros; H) Dos pântanos, Charcos, Brejos e Turfeiras; I) Marítimas ou dos Seios
dos Mares; J) Marítimas ou das Costas do Mar (banhadas por suas águas, tanto no continente,
como nas ilhas, mangues, restingas e dunas) (Quadro 2) (FERNANDES, 2006).

Quadro 2. Divisão fitogeográfica de Joaquim Caminhoá (1877): Treze (13) unidades, sendo 3 (três) maiores (regiões)
subdivididas em 10 (dez) categorias específicas (zonas).

SISTEMA DE CAMINHOÁ (1877)

Regiões Fitogeográficas Subzonas Fitogeográficas

1. Florestas dos lugares montanhosos e secos


I. Região das Florestas
2. Florestas dos lugares úmidos
1. Campos gerais
II. Região dos Campos
2. Tabuleiros, cerrados ou carrascos, chapadas
1. Zonas fluviais das águas ou dos rios e ribeiros
2. Lacustres ou dos lagos e lagoas
3. Das margens alagadas dos rios e ribeiros
III. Região das Águas
4. Dos pântanos, charcos, brejos e turfeiras
5. Marítimas ou dos seios dos mares
6. Marítimas ou das costas do mar
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

SISTEMA DE BARBOSA RODRIGUES (1903)

O naturalista mineiro João Barbosa Rodrigues (1842-1909) foi botânico e engenheiro,


viveu em Minas Gerais até 1858 quando se transferiu para o Rio de Janeiro onde se dedicou as
ciências naturais especializando-se em Botânica. Em missão científica do governo imperial,
Rodrigues esteve na Amazônia onde organizou e dirigiu o Jardim Botânico de Manaus sob
patrocínio da Princesa Isabel. De 1890 até 1909, o naturalista foi diretor do Jardim Botânico do
Rio de Janeiro. Publicou extensa obra, sendo um dos seus importantes trabalhos " Genera et

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species orchidearum novarum" publicado em três volumes na qual trata exclusivamente sobre
orquídeas.
O Sistema de Barbosa Rodrigues foi publicado na obra Sertum Palmarum Brasiliensium
(1903) dividindo o território brasileiro em três grandes zonas: I. Zona Amazonina; II. Zona
Montano-campezina; III. Zona Marina. Além desses grupos, Barbosa Rodrigues delimitou
três zonas denominadas de extrabrasileiras na qual contempla a distribuição geográfica das
palmáceas pelo território brasileiro: IV. Zona Gramadina (norte); V. Zona Platina (sul); VI.
Zona Andina (oeste).
O Sistema de Barbosa Rodrigues (1903) classifica os tipos de vegetação do Brasil em: I.
Zona Amazonina, subdividida em três regiões: A) Littoraliae; B) Planae (subdividida pelo Rio
Negro em orientale e occidentale); C) Cataractae (representando a terra firme das partes
brasileiras da bacia amazônica acima de 80 metros subdivida em boreale e australe). II. Zona
Montano-campezina, localizada entre os paralelos de 6º e 26º sul subdividida em regiões: D)
Calidae (campos próximos à Bahia); E) Frigidae (do Mato Grosso a Minas Gerais pelas chapadas
e campos gerais). III. Zona Marina, subdividindo o litoral brasileiro em duas regiões: F)
Tropicaliae (norte da Bahia); G) Subtropicaliae (do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul) sendo
ambas subdivididas em montanae e littoraliae (Quadro 3) (SANDEVILLE JR., 2004;
FERNANDES, 2006).

Quadro 3. Divisão fitogeográfica de Barbosa Rodrigues (1903). Treze (13) unidades, sendo 3 (três)
maiores (zonas) subdivididas em 7 (sete) categorias específicas (regiões), com identificação de
3 (três) áreas que não constituem região fitogeográfica (zonas).

SISTEMA DE BARBOSA RODRIGUES (1903)

Zonas Fitogeográficas Subrregiões Fitogeográficas

1. Littoraliae
I. Zona Amazonina 2. Planae (orientale, occidentale)
3. Cataracteae (boreale, australe)
1. Calidae
II. Zona Montano-Campezina
2. Frigidae
1. Tropicaliae (montanae, littoraliae)
III. Zona Marina
2. Subtropicaliae (montanae, littoraliae)
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

SISTEMA DE GONZAGA DE CAMPOS (1926)

Em seu trabalho intitulado "Mapa Florestal do Brasil" de 1926, publicado pelo Ministério
da Agricultura, Indústria e Comércio, o botânico Gonzaga de Campos apresenta sua proposta
de divisão fitogeográfica do Brasil, considerada por autores como Veloso e Goes-Filho (1991) a
primeira classificação nacional após 102 anos da publicação do Sistema de Martius (1824).
Martius, que dividiu o território brasileiro em cinco compartimentos florísticos, três florestais
(equatorial, atlântica e intermontana) e dois campestres (campos e caatingas), influenciou

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 7

Gonzaga de Campos em sua proposta ao dividir o país em cinco grandes grupos fisionômico-
estruturais separados em subgrupos específicos com terminologias regionais.
O Sistema de Gonzaga de Campos (1926) identifica as áreas de I. Florestas: A)
Florestas da Zona Equatorial (hylaea do amazonas): matas das aluviões marítimas ou mangais,
das aluviões fluviais ou das várzeas, de terras firmes; B) Florestas da Encosta Atlântica e
Pinheiros; C) Matas Pluviais do Interior: faxinal (considerada as caatingas do sul, é composta de
subarbustos e gramíneas estendendo-se pela porção meridional do Brasil entre os domínios das
florestas de pinheiros e dos campos), catanduvas (matas ralas distribuídas entre as matas da
encosta atlântica e a zona campestre), quissassá (cerrado sujo que lembra os carrascos das
chapadas e tabuleiros do planalto central com características de xerofilismo), savana e cerradão
(possuem características de xerofilismo e porte menos elevado que uma mata) (GONZAGA DE
CAMPOS, 1926).
Na presente categoria há outros subgrupos como: D) Matas Ciliares (florestas que se
tornam evidentes no planalto central brasileiro quando há escassez de chuvas e temperaturas
secas onde a mata se limita a faixas que acompanham os rios e seus afluentes estando seu
tamanho proporcional ao volume dos rios sendo também denominadas de matas beira-rio):
capões (ilhas de mata em meio aos campos). II. Capoeiras e Capoeirões (matas virgens
modificadas pela intervenção humana com um clarão no meio da formação primitiva sendo de
recuperação lenta, onde no primeiro ano crescem apenas gramíneas, cipós e arbustos,
caracterizando a capoeira, e no segundo ano crescem a vegetação arborescente e arbustiva,
caracterizando o capoeirão). III. Pastos (nesse subgrupo os traços de mata desaparecem
quase que completamente havendo dificuldade em estabelecer seus caracteres diferenciais).
IV. Campos: E) Campinas; F) Campos do Sul (limpos e sujos); G) Campos Cerrados; H)
Campos Alpinos. V. Caatingas. VI. Vegetação Costeira. VII. Pantanal (Quadro 4).

Quadro 4. Divisão fitogeográfica de Gonzaga de Campos (1926): Quinze (15) unidades, sendo 7 (sete) maiores,
subdivididas em 8 (oito) categorias específicas.

SISTEMA DE GONZAGA DE CAMPOS (1926)

Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação

1. Da Zona Equatorial
2. Da Encosta Atlântica e Pinheiros
I. Florestas
3. Matas Pluviais do Interior
4. Matas Ciliares
II. Capoeiras e Capoeirões
III. Pastos
1. Campinas
2. Campos do Sul
IV. Campos
3. Campos Cerrados
4. Campos Alpinos
V. Caatingas
VI. Vegetação Costeira
VII. Pantanal
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

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8 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

SISTEMA DE ALBERTO J. SAMPAIO (1940)

Um dos mais renomados botânicos do Brasil, grande conhecedor da flora nacional, o


carioca Alberto José de Sampaio (1881-1946) dedicou a vida aos estudos de vegetação
produzindo obras especialmente sobre problemas ambientais e distribuição geográfica dos tipos
brasileiros. Em 1905 assumiu a função de assistente de botânica no Museu Nacional do Rio de
Janeiro, onde mais tarde passou a trabalhar como professor e chefe da seção de botânica. Foi
membro da Academia Brasileira de Ciências, sendo secretário geral entre 1933-1935. Através
de suas viagens pelo Brasil, Sampaio elaborou sua proposta de classificação fitogeográfica das
regiões brasileiras.
Sampaio baseou-se na classificação de Engler e Diels de 1879 que divide o globo em
cinco reinos: I. Reino Holártico (ocupa áreas desde os 30º de latitude norte até os polos
englobando bosques de coníferas, bosques caducifólios de fagáceas, betuliáceas e salicáceas,
desertos temperados frios e prados graminosos); II. Reino Paleotropical (áreas tropicais e
subtropicais da Ásia e África englobando selvas tropicais e monzônicas, bosques xerófilos
espinhosos, savanas e desertos); III. Reino Neotropical (também chamado Neogea, ocupa os
trópicos das Américas desde o extremo sul da América do Norte até o Estreito de Magalhães
excluindo os bosques patagônicos); IV. Reino Austral ou Antártico (alcança o extremo sudoeste
da América do Sul, Nova Zelândia, ilhas subantárticas e a Antártida); V. Reino Oceânico.
Tratando do Reino Neotropical que contempla o território brasileiro, Engler e Diels
subdividem-no em: A) Região Xerofítica Central-Americana; B) Região Andina; C) Região das
Ilhas Galápagos; D) Região Ruan Fernandez; E) Região da América Tropical. Englobando o
Brasil, a Região da América Tropical de Engler e Diels é subdividida em: 1) Província da Central-
América Tropical e Sul Tropical da Califórnia; 2) Província das Antilhas; 3) Província
Subequatorial; 4) Província das Sabanas Cis-Equatoriais; 5) Província do Rio Amazonas ou Hiléia
Americana; 6) Província Sul Brasileira (a. Zona das Florestas Costeiras; b. Zona das Caatingas;
c. Zona dos Campos; d. Zona da Araucária; e. Zona da Trindade do Sul) (FERNANDES, 2007).
O sistema de Sampaio foi publicado em 1940 e é considerado como a retomada da
divisão do Brasil segundo aspectos florísticos, iniciada pelos naturalistas, compartimentando o
país em dois grandes grupos ecológico-vegetacionais: flora amazônica e extramazônica. Na
subdivisão dessas unidades, Sampaio utilizou terminologia regionalista. Seu sistema divide o
Brasil em: I. Província Amazônica ou Hyleae Brasileira: A) Zona do Alto Amazonas
(subzona norte, subzona sul); B) Zona do Baixo Amazonas (subzona norte, subzona sul). II.
Província Extra Amazônica ou da Flora Geral: C) Zona dos Cocais; D) Zona das Caatingas;
E) Zona das Matas Costeiras ou Florestas Orientais; F) Zona dos Campos; G) Zona dos Pinhais
ou da Araucária; H) Zona Marítima (Figura 2) (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).

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Figura 2. Mapa fitogeográfico de Alberto Sampaio (1940): FLORA AMAZÔNICA (A); FLORA GERAL;
(B) Zona dos cocais; (C) Zona das caatingas; (D) Zona das matas costeiras; (E) Zona dos pinhais;
(F) Zona dos campos; (G) Zona marítima.
Fonte: Veloso e Goes-Filho, 1991.

A classificação de Engler e Diels coincide com a proposta de Sampaio ao dividir o


território brasileiro em duas categorias: Província do Rio Amazonas e Província Sul Brasileira,
sendo apenas esta última subdividida. Sampaio, com um maior conhecimento acerca da flora
brasileira, elaborou uma divisão mais adequada apresentando uma maior proximidade com a
realidade vegetacional do país. Numa comparação entre as duas propostas, mesmo Sampaio
usando a proposta de Engler e Diels como base, nota-se discrepâncias, como no uso do termo
Província do Rio Amazonas, de Engler e Diels, e Província Amazônica, de Sampaio, onde o
primeiro contempla toda a área por onde se distribui a floresta amazônica, incluindo outros
países da América do Sul, enquanto que o termo utilizado por Sampaio considera apenas a
porção da floresta amazônica distribuída pelo território brasileiro (FERNANDES, 2007).
Por esse motivo Sampaio adaptou a classificação de Engler e Diels na categoria que
contempla a floresta amazônica, acrescentando unidades específicas precedidas pelo termo
‘zona’: 1) Zona Oriental-Andina; 2) Zona Amazono-Orinocense (incluindo hiléia brasileira); 3)

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10 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Zona Guianense; 4) Zona Panamaense. Outras modificações de Sampaio no esquema de Engler


e Diels foram: mudança da terminologia ‘Província Sul Brasileira’ para ‘Província Extra
Amazônica ou da Flora Geral’; substituição do termo ‘Ilha da Trindade’ por ‘Zona Marítima’
contemplando o sistema insular e a flora halofítica ou litorânea; individualização da ‘Zona dos
Cocais’ considerada uma zona de transição entre a flora amazônica e das caatingas; divisão da
hiléia brasileira em zonas e subzonas ou distritos e subdistritos (Quadro 5) (FERNANDES,
2007).

Quadro 5. Divisão fitogeográfica de Alberto Sampaio (1940): Dez (10) unidades, sendo 2 (duas) maiores,
subdivididas em 8 (oito) categorias específicas.

SISTEMA DE ALBERTO J. SAMPAIO (1940)

Províncias Fitogeográficas Subzonas Fitogeográficas

I. Província Amazônica ou 1. Zona do Alto Amazonas


Hyleae Brasileira 2. Zona do Baixo Amazonas
1. Zona dos Cocais
2. Zona das Caatingas
3. Zona das Matas Costeiras ou Florestas
II. Província Extra Amazônica ou
Orientais
da Flora Geral
4. Zona dos Campos
5. Zona dos Pinhais ou da Araucária
6. Zona Marítima
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

SISTEMA DE LINDALVO BEZERRA DOS SANTOS (1943)

Em seu trabalho intitulado "Aspectos Gerais da Vegetação do Brasil" de 1943, o


geógrafo do IBGE Lindalvo Bezerra dos Santos propôs uma divisão fitogeográfica para o Brasil
com base no conceito de ‘formação’, desenvolvido por Grisebach, e na classificação de
Schimper que corresponde ao primeiro sistema universal de classificação fitogeográfica
dividindo o espaço intertropical segundo aspectos fisionômicos e climáticos (1903): I.
Formações Florestais (a. Floresta Pluvial; b. Floresta das Monções; c. Floresta Espinhosa; d.
Floresta de Savana); II. Formações Campestres; III. Formações Desérticas (VELOSO E GOES-
FILHO, 1991).
O Sistema de Lindalvo Bezerra (1943) corresponde à primeira classificação
fitogeográfica do Brasil elaborada com base na fisionomia vegetal, compartimentando a
vegetação em: I. Formações Florestais ou Arbóreas: A) Floresta Amazônica; B) Mata
Atlântica; C) Mata dos Pinhais; D) Mata do Rio Paraná; E) Babaçuais; F) Mata de Galeria. II.
Formações Arbustivas e Herbáceas: G) Caatinga; H) Cerrado; I) Campos Gerais; J) Campos
Limpos. III. Formações Complexas: L) Formação do Pantanal; M) Formações Litorâneas
(Quadro 6) (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).

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Quadro 6. Divisão fitogeográfica de Lindalvo Bezerra (1943): Quinze (15) unidades, sendo 3 (três) maiores,
subdivididas em 12 (doze) categorias específicas.

SISTEMA DE LINDALVO BEZERRA DOS SANTOS (1943)

Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação

1. Floresta amazônica
2. Mata atlântica
3. Mata dos pinhais
I. Formações Florestais ou Arbóreas
4. Mata do Rio Paraná
5. Babaçuais
6. Mata de galeria
1. Caatinga
2. Cerrado
II. Formações Arbustivas e Herbáceas
3. Campos gerais
4. Campos limpos
1. Pantanal
III. Formações Complexas
2. Litorânea
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

SISTEMA DE AROLDO DE AZEVEDO (1950)

O geógrafo paulista Aroldo Edgard de Azevedo (1910-1974), autor de livros didáticos de


Geografia do Brasil, formou-se em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro e licenciou-se em
Geografia pela Universidade de São Paulo, sendo um dos seus primeiros professores. Em 1930
integrou na Associação dos Geógrafos Brasileiros, onde em 1939 tornou-se secretário geral e
em 1940, presidente. Destacou-se nos estudos de geomorfologia, sendo autor do primeiro
mapa de classificação do relevo brasileiro. Entre suas principais publicações, destacam-se
"Regiões e Paisagens do Brasil" (1952), "Vilas e Cidades do Brasil Colonial" (1956) e “Brasil, a
Terra e o Homem” (1962).
Numa proposta de classificação da vegetação do Estado de São Paulo, Aroldo de
Azevedo adotou em sua classificação a divisão fitogeográfica de Lindalvo Bezerra dos Santos,
publicando-a sob o título "Regiões Climato-Botânicas do Brasil" (1950). O Sistema de Aroldo de
Azevedo (1950) compartimenta o espaço fitogeográfico brasileiro em: I. Formações
Florestais: A) Floresta Amazônica; B) Mata Atlântica; C) Mata dos Pinhais; D) Mata do Rio
Paraná; E) Babaçuais; F) Mata de Galeria. II. Formações Arbustivas e Herbáceas: G)
Caatinga; H) Cerrado; I) Campos Gerais; J) Campinas. III. Formações Complexas: L)
Pantanal; M) Litorânea. (Quadro 7; Figura 3) (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).

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12 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Quadro 7. Divisão fitogeográfica de Aroldo de Azevedo (1950): Quinze (15) unidades,


sendo 3 (três) maiores, subdivididas em 12 (doze) categorias específicas.

SISTEMA DE AROLDO DE AZEVEDO (1950)

Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação

1. Hyleae brasileira
2. Mata atlântica
I. Formações Florestais ou
3. Floresta de araucária
Arbóreas
4. Mata do Rio Paraná
5. Cocais de babaçu
6. Mata de galeria
1. Caatinga
II. Formações Arbustivas e 2. Cerrado
Herbáceas 3. Campos gerais
4. Campinas
1. Formação do pantanal
III. Formações Complexas
2. Formações litorâneas
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

Figura 3. Mapa fitogeográfico de Aroldo de Azevedo (1950): (A) Formações Florestais;


(B) Formações Arbustivas e Herbáceas; (C) Formações Complexas.
Fonte: Veloso e Goes-Filho, 1991.

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SISTEMA DE EDGAR KUHLMANN (1960)

O geógrafo e biólogo Edgar Kuhlmann (1920-) foi professor da Universidade do Estado


do Rio de Janeiro (1950), onde se especializou em Biogeografia com complementação no
Canadá a convite do biogeógrafo Pierre Dansereau. Ingressou no IBGE em 1942 através do
francês Francis Ruellan, onde trabalhou até 1985 desenvolvendo os primeiros estudos de
biogeografia na instituição. Kuhlmann, entre suas contribuições, foi responsável pelos trabalhos
sobre a vegetação brasileira publicados no atlas do IBGE de 1960. O atlas foi publicado em
cinco volumes, referentes às cinco regiões brasileiras, contemplando aspectos físicos e
humanos. Aluno de Pierre Dansereau, Edgar Kuhlmann foi influenciado pelos pontos de vista de
seu professor, especialmente no que se refere à classificação da vegetação.
Para elaboração de seu sistema, o geógrafo baseou-se na Classificação de Dansereau
(1949): I. Formações com Clima de Floresta (a. Floresta Pluvial Tropical; b. Floresta Esclerofila
Úmida; c. Floresta Esclerofila Mediterrânea; d. Floresta Decídua Temperada; e. Floresta de
Coníferas), II. Formações com Clima de Herbáceas ou Grassland (f. Pradaria; g. Prados Alpinos
e de Planalto; h. Estepe); III. Formações com Clima de Savana (i. Caatinga; j. Cerrado; l.
Parque); IV Formações com Clima de Deserto (FERNANDES, 2007). Sob influência dessa
classificação, Kuhlmann dividiu o território brasileiro em três grandes compartimentos (Arbóreo;
Herbáceo; Arbóreo Herbáceo ou Intermediário) subdividos em categorias com terminologias
regionais: I. Tipos Arbóreos: A) Floresta Trópico-Equatorial; B) Floresta Semidecídua Tropical;
C) Floresta de Araucária; D) Manguezal. II. Tipo Herbáceo: E) Campo Limpo. III. Tipos
Arbóreo Herbáceos ou Intermediários: F) Cerrado; G) Caatinga; H) Complexo do Pantanal;
I) Praias e Dunas. (Quadro 8) (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).

Quadro 8. Divisão fitogeográfica de Edgar Kuhlmann (1960): Doze (12) unidades, sendo 3 (três) maiores, subdivididas
em 9 (nove) categorias específicas.

SISTEMA DE EDGAR KUHLMANN (1960)

Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação

1. Floresta trópico-equatorial
2. Floresta semidecídua tropical
I. Tipos Arbóreos
3. Floresta de araucária
4. Manguezal
II. Tipo Herbáceo 1. Campo limpo
1. Cerrado
III. Tipo Arbóreo Herbáceo ou 2. Caatinga
Intermediário 3. Complexo do pantanal
4. Praias e dunas
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

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SISTEMA DE ALCEO MAGNANINI (1961)

O geógrafo e ambientalista paulista Alceo Magnanini (1927-) graduou-se em Agronomia


pela Escola Nacional de Agronomia no Rio de Janeiro, especializando-se em Ecologia e
Conservação da Natureza. Em 1947 ingressou no quadro permanente do Conselho Nacional de
Geografia do IBGE, onde integrou o grupo de estudos biogeográficos formado por Walter
Alberto Egler, Dora Romariz e Edgar Kuhlmann.
Em 1952 Magnanini ingressou no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e em 1956
transferiu-se para o Serviço Florestal do Ministério da Agricultura. Hoje atua como consultor da
Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) no Rio
de Janeiro. Entre inúmeras contribuições, Magnanini participou da delimitação da parte Sul da
Amazônia, destacou-se como ambientalista no campo das políticas públicas no Brasil, sendo um
dos organizadores do Código Nacional Florestal de 1965.
Em seu trabalho intitulado "Aspectos Fitogeográficos do Brasil: Áreas e Características
no Passado e no Presente" de 1961, Alceo Magnanini publicou sua proposta de divisão
fitogeográfica. Segundo o autor, o objetivo de seu trabalho foi contribuir com ‘uma luz’ sobre as
paisagens naturais que contemplam o Brasil e apontar alguns elementos para o estudo do uso
da Terra. Dada à época da publicação, Magnanini admite dois obstáculos na execução de seu
trabalho, a limitação imposta pelos recursos que dispunha além das dificuldades em estimar
áreas no Brasil. (Quadro 9).

Quadro 9. Divisão fitogeográfica de Alceo Magnanini (1961): Vinte e uma (21) unidades, sendo 2 (duas) maiores,
subdivididas em 8 (oito) categorias específicas, separadas em 11 (onze) compartimentos.

SISTEMA DE ALCEO MAGNANINI (1961)

Natural e Antrópica Tipos Vegetais Subtipos de Vegetação

1. Mata de Pinheiros
I. Florestas 2. Mata de Coqueiros
3. Matas Secas
1. Cerrados baixos
II. Cerrados
2. Cerrados altos quase como florestas
A. Primitivas 1. Caatingas arbóreas
III. Caatingas 2. Caatingas espinhosas
3. Caatingas pedregosas
1. Campos alagados periodicamente
IV. Campos 2. Campos de altitude
3. Campos limpos
V. Lavouras
VI. Pastos
B. Artificiais
VII. Roçadas
VIII. Queimadas
Fonte: Organizado pelo autor em 2012

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 15

A metodologia de Magnanini para elaboração de seu sistema teve como primeira fase
uma rigorosa revisão bibliográfica dos inúmeros trabalhos relacionados ao tema vegetação
brasileira. A segunda fase foi constituída por observação direta a partir de viagens e excursões
de estudo, o que segundo Magnanini (1961) permitiu uma significativa visão de conjunto e,
consequentemente, um delineamento esquemático dos limites das grandes formações vegetais.
A terceira e última fase correspondeu à utilização dos recursos aerofotográficos existentes. A
partir da presente metodologia, Magnanini produziu um mapa de 1: 10.000.000 cartografando
seu sistema vegetacional. (Figura 4).

Figura 4. Mapa fitogeográfico de Alceo Magnanini (1961): FLORESTAS (norte, litoral, sudeste e sul);
CERRADOS (centro-oeste, nordeste, norte e sudeste); CAATINGAS (nordeste); CAMPOS ELEVADOS (sudeste, sul e
litoral); CAMPOS DOS PAMPAS (sul); CAMPOS BAIXOS INUNDADOS (pantanal).
Fonte: Magnanini, 1961.

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16 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Magnanini objetivou produzir uma classificação das paisagens do Brasil sob dois pontos
de vista, um referente à época do descobrimento, antes da chegada do europeu sem influência,
e outro à época atual, início da década de 60, apresentando através da sucessão ecológica, da
regeneração natural e do histórico de ocupação das Terras as modificações na paisagem
produzidas pelo homem (MAGNANINI, 1961).
Desse modo, Magnanini dividiu seu sistema em dois, as Formações Primitivas,
correspondentes às existentes sem alteração humana, e as Formações Artificiais, referentes
às formações modificadas pela intervenção do homem. As Formações Primitivas contemplam os
tipos de vegetação naturais do Brasil, definidos pelo autor em quatro grandes grupos sob
clímax-vegetal (Florestas, Cerrados, Caatingas e Campos) subdivididos de acordo com suas
diferenciações regionais: I. Florestas: A) Mata de Pinheiros (pinheirais); B) Mata de Coqueiros
(babaçuais); C) Matas Secas (do interior baiano e mineiro). II. Cerrados: D) Cerrados Baixos
(campos cerrados); E) Cerrados Altos Quase como Florestas (cerradões). III. Caatingas: F)
Caatingas Arbóreas; G) Caatingas Espinhosas; H) Caatingas Pedregosas. IV. Campos: I)
Campos Alagados Periodicamente; J) Campos de Altitude; L) Campos Limpos. Quanto às
Formações Artificiais, são consideradas as áreas anteriormente ocupadas pelas florestas,
cerrados, caatingas e campos, que sofreram modificações provocadas pelo homem: V.
Lavouras; VI. Pastos; VII. Roçadas; VIII. Queimadas.

CLASSIFICAÇÕES DE 1963 A 1992

SISTEMA DE CARLOS TOLEDO RIZZINI (1963)

Carlos Toledo Rizzini trabalhou como pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
e foi membro da Academia Brasileira de Ciências. Formado em Medicina, Rizzini abriu mão de
sua formação de medicina para dedicar-se à botânica. Entre suas principais publicações,
destaque para: "Árvores e Madeiras Úteis do Brasil, Manual de Dendrologia" (1971) e "Botânica
Econômica Brasileira" (1976).
Na obra "Tratado de Fitogeografia do Brasil", Rizzini publica sua proposta dividida em
dois sistemas em que um complementa o outro. O primeiro, publicado em 1963, divide o
espaço brasileiro em "complexos vegetacionais". Segundo Rizzini (1979), um "complexo
vegetacional" corresponde a um conjunto de comunidades vegetais dispostas em mosaico que
ocorrem numa mesma área ecologicamente diversificada, onde um tipo dominante é cercado
por secundários. O botânico delimita 10 (dez) complexos vegetacionais divididos em três grupos
(Figura 5; Quadro 10).
1º GRUPO: Conjuntos Vegetacionais Homogêneos (onde há uma formação
vegetal dominante que é idêntica as outras subordinadas passando despercebida no conjunto):
I. Floresta Amazônica ou Floresta Pluvial Equatorial (ocorrência de floresta pluvial,
floresta paludosa, floresta esclerofila, campos de várzea, savana e floresta semidecídua); II.
Floresta Atlântica ou Floresta Pluvial da Cordilheira Marítima (ocorrência de floresta
pluvial baixo montana, floresta pluvial montana, floresta mesófila, "scrub" e campo) (RIZZINI,
1979).
2º GRUPO: Conjuntos Vegetacionais Heterogêneos (pode haver uma formação
dominante, mas os outros tipos se impõem pela importância, resultando numa distribuição em
mosaico): II.1. Com Tipos Próprios de Vegetação (localmente desenvolvidos): 1.
Complexo do Cerrado (ocorrência de savana central, campo limpo, cerradão, floresta seca e

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floresta pluvial do planalto central); 2. Complexo da Caatinga (ocorrência de floresta xerófila,


"scrub" espinhoso, "scrub" suculento, campo limpo e floresta pluvial nas serras do nordeste).
11.2. Sem Tipos Próprios de Vegetação (recebidos de outras comunidades): 1. Complexo
dos Cocais (resultante da interpenetração das floras amazônica, central e da caatinga onde há
ocorrência de floresta pluvial, floresta de Orbignya (ou Attalea), savana e "scrub" espinhoso);
2. Complexo do Pantanal (resultante da interpenetração das floras do chaco, central e
atlântica onde há ocorrência de floresta pluvial, floresta xerófila, "scrub" espinhoso, savana,
consociações de Copernicia, Mauritia, gramíneas e ciperáceas); 3. Complexo da Restinga
(flora cosmopolita tropical, halófila, xerófila e atlântica, distribuída sobre areias recentes
justamarinas, com ocorrência de floresta paludosa, floresta esclerofila, "scrub" lenhoso, "scrub"
suculento, floresta pluvial e comunidades halófilas, xerófilas, hidrófilas e litófilas); 4. Complexo
do Pinheiral (espécies de origem atlântica, entre as quais domina a Araucaria angustifolia
(Bertol.) Kuntze (araucária), com ocorrência de floresta pluvial, floresta mesófila e variadas
associações de Araucária). 3º GRUPO: Grupamentos Especiais (grupamentos campestres
distribuídos em faixas): 1. Campos do Alto Rio Branco. 2. Campos da Planície Rio-
Grandense.

Figura 5. Mapa fitogeográfico de Carlos Rizzini (1963): (A) FLORESTA AMAZÔNICA;


(B) FLORESTA ATLÂNTICA; (C) COMPLEXO DO BRASIL CENTRAL; (D) COMPLEXO DA CAATINGA; (E) COMPLEXO DO
MEIO NORTE; (F) COMPLEXO DO PANTANAL; (G) COMPLEXO DA RESTINGA; (H) COMPLEXO DO PINHEIRAL;
(I) CAMPOS DO ALTO RIO BRANCO; (J) CAMPOS DA PLANÍCIE RIO GRANDENSE.
Fonte: Veloso e Goes-Filho, 1991.

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18 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Quadro 10. 1º Divisão fitogeográfica de Carlos Rizzini (1963): Treze (13) unidades, sendo 3 (três) maiores,
subdivididas em 10 (dez) categorias específicas.

SISTEMA DE RIZZINI (1963)

Conjuntos Vegetacionais Tipos de Vegetação

1. Floresta Amazônica
I. Conjuntos Homogêneos
2. Floresta Atlântica
II.1. Com tipos 1. Complexo do Cerrado
próprios de vegetação 2. Complexo da Caatinga
1. Complexo dos Cocais
II. Conjuntos Heterogêneos
II.2. Sem tipos 2. Complexo do Pantanal
próprios de vegetação 3. Complexo da Restinga
4. Complexo do Pinheiral
1. Campos do Alto Rio Branco
III. Grupamentos Especiais
2. Campos da Planície Rio-Grandense
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

Rizzini (1979) concorda que a vegetação tropical deva ser classificada de acordo com o
caráter fisionômico. Para o botânico, considerações ecológicas e florísticas devem ser
empregadas apenas nas subdivisões menores, pois estes aspectos exigem conhecimentos
especializados muito amplos. Rizzini optou pelo fator fisionômico, pois este propicia uma
classificação geral e simples, de fácil entendimento para qualquer investigador sem treinamento
especializado. Assim, para elaboração de sua segunda divisão fitogeográfica de 1979, toma
como base dois sistemas universais: o de Yangambi (1956) 1 e o da UNESCO (1973). A
Classificação de Yangambi (1956), de natureza fisionômica, também conhecida como Sistema
de Aubréville (1956), teve como um dos seus principais autores Aubréville que a adaptou as
condições do continente americano. Esse sistema foi proposto após reunião no Congo (África)
com vistas a uniformizar a nomenclatura dos tipos tropicais:
1. Formações Florestais Fechadas: I. Formações Florestais Climáticas: A) Florestas de
Baixas e Médias Altitudes: a. floresta úmida (floresta úmida sempreverde, floresta úmida
semidecídua), b. floresta seca (sempreverde, semidecídua, decídua), c. thicket. B) Florestas de
Grande Altitude: d. floresta montana úmida, e. floresta montana seca, f. floresta de bambu. II.
Formações Florestais Edáficas: C) Mangrove, Manguezal ou Mangue. D) Floresta Paludosa. E)
Floresta Periodicamente Inundada. F) Floresta Ripária. 2. Formações Florestais Mistas e
Formações Campestres: III. Floresta Aberta. IV. Savana: G) Savana Florestada. H) Savana
Arborizada. I) Savana Arbustiva. J) Savana de Gramíneas. V. Estepe: L) Estepe Arborizada e
Arbustiva. M) Estepe Subarbustiva. N) Estepe de Suculentas. M) Estepe Herbácea ou de
Gramíneas. VI. Pradarias: O) Pradaria Aquática. P) Pradaria Paludosa. Q) Pradaria Altimontana.
Outro sistema que serviu de base para Rizzini foi à classificação fitogeográfica da
UNESCO de 1973, marcada por um sistema significativamente extenso e minucioso com 225
formações e subformações, caracterizado pelo abandono de designações tradicionais e
terminologias regionais, dando lugar a nomenclaturas universais longas. Como principais

1
C.S.A. Specialist Meeting on Phyto-Geography : Yangambi, 28. July-8. Aug. 1956.

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 19

classes e subclasses estão: I. Floresta Densa: A) Floresta Perenifólia; B) Floresta Decídua; C)


Florestas Xeromórficas. II. Floresta Clara (aberta): D) Floresta Clara Perenifólia; E) Floresta
Clara Decídua; F) Floresta Clara Xeromórfica. III. Thicket: G) Thicket Perenifólio; H) Thicket
Decíduo; I) Thicket Aberto Xeromórfico. IV. Thicket Anão. V. Vegetação Herbácea: J) Vegetação
Graminóide Alta; L) Vegetação Graminóide de Altura Média; M) Vegetação Graminóide Baixa; N)
Vegetação de Fórbias; O) Vegetação Hidromórfica de Água Doce (RIZZINI, 1979).
Numa adaptação às condições brasileiras dessas principais classes e subclasses
fitogeográficas publicadas pelo Sistema da UNESCO (1973), Rizzini propôs a seguinte divisão: 1.
Mata ou Floresta: I. Floresta Paludosa (amazônica, litorânea, austral, marítima). II. Floresta
Pluvial (amazônica, esclerofila, montana, baixo montana, dos tabuleiros, de araucária, ripária e
em manchas). III. Floresta Estacional (mesófila perenifólia, mesófila semidecídua, de orbignya,
mesófila decídua, mesófila esclerofila, xerófila decídua). IV. Thicket ou "scrub" (lenhoso
atlântico, esclerofilo amazônico, esclerofilo litorâneo, lenhoso espinhoso, suculento, em moitas);
V. Savana (central; litorânea). 2. Campo ou Grassland: VI. Campo Limpo de Quartzito. VII.
Campo Limpo de Canga. VIII. Gerais. IX. Pampas. X. Campo Altimontano. XI. Campo Brejoso.
XII. Campos do Alto Rio Branco (RIZZINI, 1979).
Considerando o espaço fitogeográfico brasileiro como uma área revestida por dois tipos
principais de vegetação, mata e campo, ou floresta e grassland, Rizzini propôs dividir o
território brasileiro em classes de formações (relacionadas à fisionomia vegetal), série de
formações (de acordo com a natureza dos habitats), e formações (que designam o estudo das
floras, dos habitats e do ritmo da vegetação). Para sua segunda classificação, publicada em
1979, Rizzini baseia-se na divisão universal de Engler e Diels de 1936 acrescida das
modificações de Alberto Sampaio em 1945.
Na divisão de Alberto Sampaio com as modificações da classificação de Engler e Diels, a
categoria que contempla o território brasileiro correspondente a Região Tropical Americana que
é subdividida em províncias e acrescida de duas zonas (cocais e marítima) das quais a primeira
é antropógena e a segunda é constituída de vegetação costeira de ampla dispersão na América
tropical, como segue:
1. Reino Neotropical (Américas Central e Austral): I. Região Tropical Americana: A)
Província Americana. B) Província Sul Brasileira (a. subprovíncia da floresta pluvial oriental; b.
subprovíncia da caatinga; c. subprovíncia dos campos; d. subprovíncia da araucária; e.
subprovíncia da Ilha da Trindade).
O Sistema de Rizzini (1979) é considerado como a moderna classificação da vegetação
brasileira. As divisões e subdivisões das categorias do botânico baseiam-se no método de
Braun-Blanquet de 1932. Segundo Rizzini (1979), esse método, de natureza florístico-
vegetacional, admite dentro de um reino florístico quatro categorias de territórios regionais
hierarquicamente subordinados: A) Região (várias formações climácias e endemismo de alto
nível como famílias, tribos e grupos); B) Província (distingui-se pela posse de pelo menos uma
formação clímax e gêneros e espécies peculiares); C) Setor (definido pela ausência de gêneros
endêmicos); D) Distrito (apresenta comunidades raras ou ausentes nas áreas circunvizinhas).
Rizzini salienta que nessa base do esquema de Braun-Blanquet o Brasil não constitui
uma região fitogeográfica, já que possui apenas algumas famílias próprias insignificantes, pois
parte importante de suas floras amazônica e atlântica expande-se pelos países vizinhos. A
região, no entanto, é a América tropical que corresponde a Região Tropical Americana. Para o
autor, é inconsistente dividir o Brasil em três regiões como fez Engler e Diels, deve ser dividido
em: A. Região Tropical Americana: I. Província Atlântica (floresta atlântica, caatinga,
pinheiral, restinga): 1. Subprovíncia Nordestina (caatinga e Ilha de Fernando de Noronha):

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20 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

(a. setor do agreste; b. setor do sertão; c. setor do seridó; d. setor da Ilha de Fernando de
Noronha). 2. Subprovíncia Austro-Oriental (floresta atlântica, pinheiral, restinga e Ilha da
Trindade): (e. setor litorâneo; f. setor da cordilheira marítima; g. setor dos tabuleiros; h. setor
do planalto meridional; i. setor da Ilha da Trindade). II. Província Central (cerrado, campo
limpo, pantanal e babaçual): 1. Subprovíncia do Planalto Central (cerrado, campos das
serras e matas nas depressões e rios). 2. Subprovíncia da Depressão Mato-Grossense
(pantanal). 3. Subprovíncia do Meio Norte (babaçual). III. Província Amazônica (floresta
amazônica e campos do alto Rio Branco): 1. Subprovíncia do Alto Rio Branco (flora mista).
2. Subprovíncia do Jari-Trombetas (florestas semidecíduas e cerrados). 3. Subprovíncia
da Planície Terciária (floresta fluvial equatorial). 4. Subprovíncia do Rio Negro (floresta
pluvial tropical e caatingas do Rio Negro) (Quadro 11).

Quadro 11. 2º Divisão fitogeográfica de Carlos Rizzini (1979): Doze (12) unidades, sendo
3 (três) maiores, subdivididas em 9 (nove) categorias específicas.

SISTEMA DE RIZZINI (1979)

Região Província Fitogeográfica Subprovíncia Fitogeográfica


Fitogeográfica

A. Região Tropical I. Província Atlântica 1. Subprovíncia Nordestina


Americana 2. Subprovíncia Austro-Oriental
II. Província Central 1. Subprovíncia do Planalto Central
2. Subprovíncia da Depressão Mato-
Grossense
3. Subprovíncia do Meio Norte
III. Província Amazônica 1. Subprovíncia do Alto Rio Branco
2. Subprovíncia do Jari-Trombetas
3. Subprovíncia da Planície Terciária
4. Subprovíncia do Rio Negro
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

SISTEMA DE ANDRADE-LIMA E VELOSO (1966)

O carioca Henrique Pimenta Veloso (1917-2003), engenheiro agrônomo pela Escola


Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro, realizou importantes trabalhos na área de
fitogeografia como o "Atlas Fitogeográfico do Brasil – IBGE" (1960) fruto de suas viagens,
expedições e trabalhos in loco. Foi membro de importantes órgãos, como a Fundação
Rockfeller, onde atuou como botânico, o Instituto Oswaldo Cruz, na qual foi engenheiro
agrônomo, o IBGE, onde se aposentou como agrônomo, o Museu Nacional, na qual atuou como
auxiliar de naturalista, e o Projeto RADAMBRASIL onde participou dos estudos fitoecológicos.
Dárdano de Andrade-Lima (1919-1981) formou-se Engenheiro Agrônomo pela Escola
Superior de Agricultura de Pernambuco e foi professor da Universidade Federal Rural de
Pernambuco sendo responsável pela criação do primeiro curso de Mestrado em Botânica do
Norte e Nordeste do Brasil. Realizou estágio no Royal Botanic Gardens, em Kew, na Inglaterra,

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 21

para estudo das coleções de plantas brasileiras depositadas naquele herbário. Publicou
trabalhos como ‘Lista de Nomes Vulgares e Científicos de Plantas do Brasil e Paisagens do
Nordeste’ e ‘Evidências através da Botânica’. Foi membro associado da Academia Brasileira de
Ciências, Societé de Biogeographie de Paris, International Association for Plant Taxonomy,
Sociedade Argentina de Botânica, e sócio fundador da Sociedade de Botânica do Brasil.
Em 1966 foi publicado sob autoria de Henrique Veloso no Atlas Geográfico do IBGE e
de Dárdano Andrade-Lima no Atlas Florestal do Brasil, a primeira proposta de divisão
fitogeográfica desses autores. Retomando a divisão do Brasil de Lindalvo Bezerra que havia
usado o termo "formação" de Grisebach, Veloso e Andrade-Lima elaboraram um sistema com
base em aspectos ecológicos e fisionômicos da vegetação, amparados por terminologias
regionalistas, como segue: I. Formações Florestais: 1. Floresta Pluvial Tropical; 2.
Floresta Estacional Tropical; 3. Floresta Caducifólia Tropical; 4. Floresta Subtropical.
II. Formações Não Florestais: 1. Caatinga; 2. Cerrado; 3. Campo. III. Formações
Edáficas (Quadro 12).

Quadro 12. Divisão fitogeográfica de Andrade-Lima e Veloso (1966): Dez (10) unidades,
sendo 3 (três) maiores, subdivididas em 7 (sete) categorias específicas.

SISTEMA DE ANDRADE-LIMA E VELOSO (1966)

Grandes Compartimentos Vegetais Tipos e Subtipos de Vegetação

1. Floresta Pluvial Tropical


2. Floresta Estacional Tropical
I. Formações Florestais
3. Floresta Caducifólia Tropical
4. Floresta Subtropical
1. Caatinga
II. Formações Não Florestais 2. Cerrado
3. Campo
III. Formações Edáficas
Fonte: Organizado pelo autor em 2012.

Verifica-se em Andrade-Lima e Veloso uma divisão onde o fator fisionômico e o termo


"formação" completam suas categorias maiores, o aspecto ecológico determina as
subcategorias florestais, e a terminologia regionalista nomeia as subcategorias não florestais.
Observa-se que o intuito dos botânicos foi produzir uma classificação brasileira assentada em
um contexto universal (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).
Como subdivisões dos grupos maiores, Andrade-Lima identifica as seguintes áreas: a.
Floresta de terra firme do baixo amazonas. b. Floresta de terra firme do alto amazonas. c.
Igapó. d. Floresta de várzea amazônica e floresta lacustre. e. Hiléia baiana. f. Floresta
subtropical. g. Floresta de araucária. h. Florestas costeiras. i. Florestas mesófilas. j. Florestas de
babaçu. l. Floresta ciliar de carnaúba. m. Floresta serrana. n. Florestas esclerofilas, caatingas do
amazonas e florestas de restinga. o. Floresta xeromorfa, cerradão. p. Cerrados. q. Mangue. r.
Mata seca, mata de cipó e agreste. s. Caatinga arbórea densa ou aberta. t. Caatinga arbustiva
densa. u. Caatinga arbustiva esparsa. v. Campinas de várzea. x. Campos limpos e pampas. z.
Complexo do pantanal. y. Complexo de Roraima e Cachimbo (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).

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22 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Henrique Veloso identificou as áreas: Floresta Pluvial Tropical: Perenifólia amazônica: 1.


Da várzea; 2. Da planície. 3. Semicaducifólia amazônica e Perenifólia sul baiana. Floresta Pluvial
Estacional Tropical: Perenifólia da encosta atlântica: 4. Do nordeste (massa do leste); 5. Do
leste sul (massa polar); 6. Mista de palmeiras (pseudo-monção de meio-norte). 7. Perenifólia do
planalto centro-sul. Floresta Caducifólia Tropical: 8. Do nordeste. 9. Do planalto centro-oeste.
10. Da baixada paraguaia. Floresta Pluvial Subtropical: 11. Montana de louros. 12. Mista de
coníferas. 13. Caatinga. 14. Cerrado. Campo: Campo limpo: 15. Do planalto centro-sul; 16. Da
campanha gaúcha. 17. Campo inundável. 18. Campo de altitude. Tipos Edáficos: 19. Mangue
dunas. 20. Pantanal matogrossense.

SISTEMA DO PROJETO RADAMBRASIL (1970)

O Projeto RADAMBRASIL foi responsável nos anos 70 e 80 pelo levantamento dos


recursos naturais de todo o território brasileiro. No que tange a vegetação, o grupo de
pesquisadores do RADAM ficou encarregado de mapear a flora amazônica e nordestina. Esses
estudiosos, liderados pelo engenheiro agrônomo Henrique Pimenta Veloso, equacionaram o
mapeamento da vegetação amazônica e nordestina adotando como metodologia a escola
fitogeográfica universal de Ellenberg e Mueller-Dombois. O resultado foi a classificação da
vegetação brasileira com base em sistema universal e em aspectos fisionômico-ecológicos,
publicada primeiramente sob o título "Classificação Fisionômico-Ecológica das Formações
Neotropicais" (1982) de autoria de Henrique Pimenta Veloso e Luís Goes-Filho.
O Sistema do Projeto RADAMBRASIL (1970) divide o Brasil nas seguintes regiões
fitoecológicas: I. Região Ecológica de Savana (Cerrado e Campos): A) Arbórea densa; B)
Arbórea aberta; C) Parque; D) Gramíneo-Lenhosa. II. Região Ecológica da Estepe (Caatinga
e Campanha Gaúcha): A) Arbórea densa; B) Arbórea aberta; C) Parque; D) Gramíneo-Lenhosa.
III. Região Ecológica da Savana Estépica (Vegetação de Roraima, Chaquenha e parte da
Campanha Gaúcha): A) Arbórea densa; B) Arbórea aberta; C) Parque; D) Gramíneo-Lenhosa.
IV. Região Ecológica da Vegetação Lenhosa Oligotrófica Pantanosa (Campinarana): A)
Arbórea densa; B) Arbórea aberta; C) Gramíneo-Lenhosa. V. Região Ecológica da Floresta
Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Tropical): A) Aluvial; B) Das terras baixas; C) Montana; D)
Submontana; E) Alto Montana. VI. Região Ecológica da Floresta Ombrófila Aberta
(quatro fácies da floresta densa): A) Das terras baixas; B) Montana; C) Submontana. VII.
Região Ecológica da Floresta Ombrófila Mista (Floresta das Araucárias): A) Aluvial; B)
Montana; C) Submontana; D) Alto Montana. VIII. Região Ecológica da Floresta Estacional
Semidecidual (Floresta Subcaducifólia): A) Aluvial; B) Das terras baixas; C) Montana; D)
Submontana. IX. Região Ecológica da Floresta Estacional Decidual (Floresta Caducifólia):
A) Aluvial; B) Das terras baixas; C) Montana; D) Submontana. X. Áreas das Formações
Pioneiras (Formações Edáficas): A) Com influência marinha; B) influência fluviomarinha; C)
influência fluvial. XI. Áreas de Tensão Ecológica (contato entre regiões): A) com misturas
florísticas (ecótono); B) com encraves florísticos (encrave). XII. Refúgios Ecológicos. XIII.
Disjunções Ecológicas (Quadro 13; Figura 6) (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).

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Quadro 13. Divisão fitogeográfica do Projeto RADAM (1970): Cinquenta e três (53) unidades, sendo 13 (treze)
maiores, subdivididas em 40 (quarenta) categorias específicas.

SISTEMA DO PROJETO RADAMBRASIL (1970)

Regiões Fitoecológicas Subrregiões Fitoecológicas

Arbórea densa
Arbórea aberta
I. Região Ecológica de Savana
Parque
Gramíneo-Lenhosa
Arbórea densa
Arbórea aberta
II. Região Ecológica da Estepe
Parque
Gramíneo-Lenhosa
Arbórea densa
Arbórea aberta
III. Região Ecológica da Savana Estépica
Parque
Gramíneo-Lenhosa
Arbórea densa
IV. Região Ecológica da Vegetação Lenhosa
Arbórea aberta
Oligotrófica Pantanosa
Gramíneo-Lenhosa
Aluvial
Das terras baixas
V. Região Ecológica da Floresta Ombrófila
Montana
Densa
Submontana
Alto Montana
Das terras baixas
VI. Região Ecológica da Floresta Ombrófila
Montana
Aberta
Submontana
Aluvial
VII. Região Ecológica da Floresta Ombrófila Montana
Mista Submontana
Alto Montana
Aluvial
VIII. Região Ecológica da Floresta Estacional Das terras baixas
Semidecidual Montana
Submontana
Aluvial
IX. Região Ecológica da Floresta Estacional Das terras baixas
Decidual Montana
Submontana
Com influência marinha
X. Áreas das Formações Pioneiras Com influência flúviomarinha
Com influência fluvial

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24 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Conclusão. Quadro 13.

Regiões Fitoecológicas Subrregiões Fitoecológicas

Com misturas florísticas


XI. Áreas de Tensão Ecológica
Com encraves florísticos
XII. Refúgios ecológicos
XIII. Disjunções ecológicas
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

Figura 6. Mapa fitogeográfico do Projeto RADAM (1970): REGIÕES FITOECOLÓGICAS: Savana (Cerrado e Campos
Gerais); Estepe (Caatinga e Campanha Gaúcha); Savana Estépica; Vegetação Lenhosa Oligotrófica dos
Pântanos e Acumulações Arenosas; Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta
Ombrófila Mista; Floresta Estacional Semidecidual; Floresta Estacional Decidual; Áreas das Formações
Pioneiras; Áreas de Tensão Ecológica; Refúgios Ecológicos.
Fonte: Veloso e Goes-Filho, 1991.

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SISTEMA DE ANDRADE-LIMA (1975)

Seguindo a linha das grandes divisões fitogeográficas, Dárdano de Andrade-Lima em


seu segundo sistema propõe uma divisão do país em "Domínios Florístico-Vegetacionais", sob
influência do sistema de Aziz Ab'Sáber (1970). Diferente do geógrafo, Andrade-Lima procurou
destacar apenas aspectos relacionados à vegetação e identificou a influência de outros
elementos na distribuição das formações.
De modo resumido, apenas para fazer parâmetro já que Andrade-Lima baseou-se em
Aziz Ab'Sáber, este propôs uma divisão do Brasil em "Domínios Morfoclimáticos" (1970). Seus
domínios são resultado da relação existente entre os fatores geomorfológicos, climáticos,
hidrológicos, pedológicos e vegetacionais, que juntos formam conjuntos com particularidades
quanto à estrutura e fisionomia das diferentes paisagens naturais do Brasil, ao qual Ab'Sáber
denomina de ‘áreas nucleares’. Observa-se nessa proposta que o aspecto vegetacional foi o
elemento chave, entendido pelo autor como o melhor parâmetro para traçar os domínios
morfoclimáticos. Amparado pelo seu vasto conhecimento e experiência de viagens e expedições
pelo território brasileiro, Ab'Sáber propõe a divisão do Brasil em seis domínios (Figura 7).

Figura 7. Mapa dos Domínios Morfoclimáticos de Ab'Sáber (1970): Amazônico (verde escuro); Cerrado (laranja);
Mares de Morros (amarelo claro); Caatinga (vermelho); Araucárias (verde claro);
Pradarias (amarelo escuro); Faixas de Transição (branco).
Fonte: http://geografiacefet01.blogspot.com.br/

I. Domínio das Terras Baixas Equatoriais (região equatorial e subequatorial com


planícies de inundação meândrica, tabuleiros extensos com vertentes submamelonares e
terraços de cascalhos cobertos por florestas úmidas, apresentando rios com drenagem perene e
chuvas bem distribuídas todo o ano); II. Domínio das Depressões Intermontanas Semiáridas
(região marcada pela erosão com afloramento de rochas causando solos rasos e pedregosos
com exposição do embasamento cristalino entre as elevações marginais e seus relevos residuais
interiores, onde predomina uma vegetação xerófila, caducifólia e tropofílica, conhecida como
caatinga); III. Domínio de Mares de Morros (distribui-se ao longo da costa austro-oriental

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26 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

atlântica com pedimentação e mamelonização extensiva mascarando superfícies aplainadas


intermontanas, patamares de pedimentação e terraços, além de alta precipitação e distribuição
regular das chuvas sobre as serranias cobertas por vegetação de natureza pluvial) (AB’ SÁBER,
1970).
IV. Domínio dos Chapadões Tropicais (caracterizado pela presença de planaltos de
estrutura complexa, com terrenos cristalinos e sedimentares, sob um clima de duas estações
bem marcadas, onde se distribui uma vegetação de natureza escleromorfa que apresenta de
dois tipos, o cerradão de modelo arbóreo e o cerrado de modelo arbustivo); V. Domínio dos
Planaltos Subtropicais (área de forte mamelonização, com diversos tipos de solos, chuvas bem
distribuídas, onde domina uma vegetação própria constituída principalmente pelo Pinheiro,
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze); VI. Domínio das Coxilhas (menor domínio
morfoclimático representando uma extensão do grande domínio das pradarias que vem da
Argentina e do Uruguai individualizado no Brasil com paisagens planas entremeadas por colinas
chamadas de "coxilhas", é coberto por campos e pradarias constituindo a "campanha gaúcha")
(AB’ SÁBER, 1970).
Com base na classificação de Ab'Sáber, Andrade-Lima propôs uma divisão do Brasil nos
seguintes domínios: I. Domínio das Florestas (marcado pelas elevadas pluviosidades,
predominância de formas angiospérmicas, dominância de duas formações florestais, amazônica
e atlântica). II. Domínio da Araucária (categoria que se diferencia da anterior pela
característica do clima com baixas temperaturas onde há predomínio da Araucaria
angustifolia (Bertol.) Kuntze). III. Domínio dos Mangues (incluído nas formações
florestais, mas há ressalvas quanto às influências da consistência do solo, aeração e salinidade
indispensáveis a sobrevivência de suas espécies). IV. Domínio das Caatingas (dominância de
floresta megatérmica, caducifólia e espinhosa, condicionada, principalmente, a limitação hídrica
da região). V. Domínio dos Cerrados (distribui-se uma vegetação subordinada às condições
particulares pedológicas, com presença de solos sujeitos a retenção de ferro e alumínio
acompanhados de acentuada lixiviação). VI. Domínio dos Campos (predominância de
gramíneas, Mimosáceas, Cesalpiniáceas, Fabáceas, Amarantáceas com formas herbáceas)
(Quadro 14) (FERNANDES, 2007).

Quadro 14. 2ª Divisão fitogeográfica de Andrade-Lima (1975): Quatorze (14) unidades, sendo 6 (seis) maiores,
subdivididas em 8 (oito) categorias específicas.

SISTEMA DE ANDRADE-LIMA (1975)

Domínios Vegetacionais Áreas Correspondentes no Brasil

I. Domínio das Florestas Amazônica e Atlântica


II. Domínio da Araucária Pinheiro (Araucaria angustifolia)
III. Domínio dos Mangues Manguezal
IV. Domínio das Caatingas Caatinga
V. Domínio dos Cerrados Cerradão e Cerrado
VI. Domínio dos Campos Campos Gerais
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

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SISTEMA DE DORA ROMARIZ (1972)

A geógrafa paulista Dora de Amarante Romariz (1922-) formou-se em Geografia pela


Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Brasil, hoje Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sendo convidada para trabalhar no Conselho Nacional de
Geografia do IBGE, onde fez toda sua carreira até aposentar-se. Trabalhou ao lado de
importantes nomes como Francis Ruellan, Pierre Dansereau e Henri Gaussen. Entre suas
contribuições, produziu importante trabalho para UNESCO em 1981, referente ao Mapa da
Vegetação da América do Sul, e foi membro correspondente da comissão ‘Geografia e
Educação’ da União Geográfica Internacional (UGI) de 1964 a 1982, onde foi elaborado o
Manual de Geografia da America Latina. Entre as principais publicações, destaque para:
"Aspectos da Vegetação do Brasil" de 2006, e "Biogeografia, Temas e Conceitos" de 2008.
Em seu trabalho intitulado "A Vegetação", publicado no livro "Brasil, a Terra e o
Homem" (Capítulo IX, 1972), Dora Romariz discute aspectos acerca da evolução nos estudos da
vegetação no Brasil, dando ênfase à apresentação de sua proposta de divisão fitogeográfica
para o país. A metodologia de Romariz para elaboração de sua classificação foi baseada no
Sistema de Serebrenick (1942), como base em seus parâmetros de isoígras. Observa-se
semelhança entre os sistema de Salomão Serebrenick e de J. E. Wappaeus. Wappaeus divide o
Brasil em: I. Zona equatorial (a. Floresta amazônica); II. Zona do litoral (b. Mata atlântica, c.
Campos gerais do planalto oriental); III. Zona do sertão (d. Caatinga do nordeste, e. Campos
gerais do centro oeste, f. Floresta de pinheiros, g. Campinas do Rio Grande do Sul).
O Sistema de Serebrenick (1942) divide o espaço fitogeográfico brasileiro em: I. Região
equatorial (a. Alto amazonas; b. Baixo amazonas; c. Estuário); II. Região do sertão (d. Zona
dos cocais; e. Zona das caatingas; f. Zona dos campos; g. Zona dos pinhais; h. Zona das
campinas); III. Região do litoral (i. Zona das matas costeiras, j. Faixa marítima) (ROMARIZ,
1972).
Considerando os elementos do meio físico como determinantes na distribuição das
espécies, com destaque para o clima, Romariz delimita as formações vegetais do Brasil com
base na isoígra de 80%. Assim, da isoígra de 80% à de 90%, sob clima quente e úmido, está
compreendida a Floresta Amazônica. Da isoígra de 80% à de 85%, favorecida pelas chuvas de
relevo na orla costeira do Brasil, está compreendida as Florestas da Costa Atlântica. Nas duas
outras faixas de isoígras de 80%, áreas de umidade mais baixa, aparecem formações vegetais
como a do nordeste, ligadas ao clima semiárido, e formações na parte central do país, com
clima de duas estações bem definidas, uma seca e outra chuvosa. Ao longo do litoral aparecem
formações influenciadas por ventos oceânicos e elementos químicos existentes nas águas
marinhas.
Com base nessa metodologia, procurando utilizar designações descritivas visando
facilidade na compreensão do assunto para fins didáticos, Romariz (1972) propôs um sistema
fitogeográfico na qual divide os tipos de vegetação do país em: Formações Florestais,
Formações Campestres (em contraposição às florestais), Formações Complexas (possuem
características próprias, não constituindo combinações extremas de mata e campo,
heterogêneas em sua fisionomia) e Formações Litorâneas (ROMARIZ, 1972). Essa
classificação é correspondente à divisão do Brasil em grandes compartimentos de vegetação,
sendo subdivididos em grupos menores.
As Formações Florestais, em razão de recobrirem vasta área, não são uniformes do
ponto de vista fisionômico, o que explica a subdivisão desse grupo em Formações Florestais
Latifoliadas e Formações Florestais Aciculifoliadas, sendo o último representado pela

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28 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Mata de Araucária e o primeiro por todos os demais tipos florestais. Romariz (1972) delimita
quatro subtipos no grupo das latifoliadas: Equatorial (mata de igapó, mata de várzea e mata
de terra firme), Tropical (oeste do estado de São Paulo e norte do estado do Paraná) e
Tropical Úmido da Encosta (mata atlântica). Além desses três principais, a autora identifica
outro subtipo das florestas latifoliadas ligado a uma transição para matas mais secas: Matas
Semidecíduas (planalto central: limites da hiléia, limites da mata costeira, sudoeste de Goiás,
triangulo mineiro e zona dos cocais).
Quanto às formações campestres, Romariz (1972) delimita os chamados Campos
Limpos que se subdividem em quatro grupos: Campos Meridionais (a. Campos Gerais: sul de
São Paulo limite com o Paraná; b. Campos do Planalto: generalizando de São Paulo ao Rio
Grande do Sul; c. Campo da Campanha: uma estreita faixa no sul do Rio Grande do Sul; d.
Campos da Vacaria: sul de Mato Grosso), Campos da Hiléia (campos de várzea ou
campinarana), Campos Serranos, Campos Sujos.
No que tange às formações complexas, Romariz (1972) define como complexas as
formações dos Cerrados (a. Cerradões; b. Cerrados Ralos: campos cerrados, cerradinhos,
campos sujos) das Caatingas e do Complexo do Pantanal. Quanto às formações litorâneas,
Romariz divide a vegetação do litoral brasileiro em: Formações nos Litorais Arenosos e
Formações nos Manguezais (Quadro 15; Figura 8).

Quadro 15. Divisão fitogeográfica de Dora Romariz (1972): Vinte e sete (27) unidades, sendo 4 (quatro) maiores,
subdivididas em 11 (onze) categorias específicas, separadas em 12 (doze) compartimentos.

SISTEMA DE DORA ROMARIZ (1972)

Grandes
Compartimentos de Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação
Vegetação

Equatorial
Tropical
I. Formações 1. Latifoliadas
Tropical úmido da encosta
Florestais
Mata semidecídua
2. Aciculifoliadas Mata de araucária
Campos gerais
Campos do planalto
Campos meridionais
Campos da campanha
Campos da vacaria
Campos da hiléia Campos de várzea
II. Formações
Campos serranos
Campestres
Campos sujos
Caatingas
Cerradões
Cerrados
Cerrados ralos
Complexo do pantanal

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 29

Conclusão. Quadro 15.

Grandes
Compartimentos de Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação
Vegetação

Formações nos litorais


IV. Formações
arenosos
Litorâneas
Formações nos manguezais
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

Figura 8. Mapa fitogeográfico de Dora Romariz (1972): FORMAÇÕES FLORESTAIS (Floresta Latifoliada Equatorial;
Floresta Latifoliada Tropical; Floresta Latifoliada Tropical Úmida da Encosta; Mata da Araucária); FORMAÇÕES
CAMPESTRES (Campos); FORMAÇÕES COMPLEXAS (Cerrado; Caatinga; Complexo do Pantanal);
FORMAÇÕES LITORÂNEAS (Vegetação do Litoral).
Fonte: Romariz, 1972.

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30 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

SISTEMA DE GEORGE EITEN (1983)

Com vistas a fazer oposição à proposta do RADAM, o botânico estadunidense professor


da Universidade de Brasília, George Eiten, publicou em 1983 uma divisão composta de 24 itens
com terminologias universais e regionalistas, além de seu caráter detalhista. Os primeiros três
tipos são florestais, os sete seguintes não florestais e os outros quatorze são correspondentes a
ocorrências locais em áreas específicas do país:
I. Floresta Tropical Perenifólia: A) De várzea estacional; B) De várzea de estuário;
C) Pantanosa; D) Nebulosa; E) De terra firme; F) Latifoliada perenifólia. II. Floresta Tropical
Caducifólia: G) Mesofítica latifoliada semidecídua; H) Mesofítica latifoliada semidecídua e de
babaçu; I) Mesofítica latifoliada decídua. III. Floresta Subtropical Perenifólia: J) De
araucária; L) Latifoliada perenifólia com emergentes de araucária; M) De Podocarpus; N)
Latifoliada perenifólia; O) Arvoredo subtropical de araucária; P) Savana subtropical de
araucária. IV. Cerrado: Q) Cerradão; R) Cerrado; S) Campo cerrado; T) Campo sujo de
cerrado; U) Campo limpo de cerrado. V. Caatinga: V) Florestal; X) De arvoredo; Z) Arbóreo-
Arbustiva fechada; Y) Arbóreo-Arbustiva aberta; W) Arbustiva aberta; K) Arbustiva fechada; A)
Savânica; B) Savânica lajeada. VI. Pradaria Subtropical. VII. Caatinga Amazônica: C)
Arbórea; D) Arbustiva fechada; E) Arbustiva aberta; F) Savânica; G) Campestre. VIII. Campo
Rupestre. IX. Campo Montano. X. Restinga Costeira: H) Arbórea; I) Arbustiva fechada; J)
Arbustiva aberta; L) Savânica; M) Campestre. XI. Campo Praiano. XII. Manguezal: N)
Arbóreo; O) Arbustivo. XIII. Vereda. XIV. Palmeiral: P) Babaçual; Q) Carnaubal; R)
Carandazal; S) Açaizal; T) Buritizal. XV. Chaco. XVI. Campo Litossólico. XVII. Brejo
Estacional. XVIII. Campo de Murundus. XIX. Pantanal. XX. Campo e Savana
Amazônicos. XXI. Bambuzal. XXII. Brejo Permanente (de água doce, salobra ou
salgada). XXIII. Vegetação Aquática. XXIV. Vegetação de Afloramento de Rocha
(Quadro 16) (VELOSO E GOES-FILHO, 1991).

Quadro 16. Divisão Fitogeográfica de George Eiten (1983): Sessenta e nove (69) unidades, sendo 24 (vinte e quatro)
maiores, subdivididas em 45 (quarenta e cinco) categorias específicas.

SISTEMA DE GEORGE EITEN (1983)

Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação

A) De várzea estacional
B) De várzea de estuário
C) Pantanosa
I. Floresta Tropical Perenifólia
D) Nebulosa
E) De terra firme
F) Latifoliada perenifólia
G) Mesofítica latifoliada semidecídua
II. Floresta Tropical Caducifólia H) Mesofítica latifoliada semidecídua e de babaçu
I) Mesofítica latifoliada decídua

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 31

Continuação. Quadro 16.

Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação

J) De araucária
L) Latifoliada perenifólia com emergentes de
araucária
III. Floresta Subtropical
M) De Podocarpus
Perenifólia
N) Latifoliada perenifólia
O) Arvoredo subtropical de araucária
P) Savana subtropical de araucária
Q) Cerradão
R) Cerrado
IV. Cerrado S) Campo cerrado
T) Campo sujo de cerrado
U) Campo limpo de cerrado
V) Florestal
X) De arvoredo
Z) Arbóreo-arbustiva fechada
Y) Arbóreo-arbustiva aberta
V. Caatinga
W) Arbustiva aberta
K) Arbustiva fechada
A) Savânica
B) Savânica latejada
VI. Pradaria Subtropical
C) Arbórea
D) Arbustiva fechada
VII. Caatinga Amazônica E) Arbustiva aberta
F) Savânica
G) Campestre
VIII. Campo Rupestre
IX. Campo Montano
H) Arbórea
I) Arbustiva fechada
X. Restinga Costeira J) Arbustiva aberta
L) Savânica
M) Campestre
XI. Campo Praiano
XII. Manguezal N) Arbóreo
O) Arbustivo
XIII. Vereda
P) Babaçual
Q) Carnaubal
XIV. Palmeiral R) Carandazal
S) Açaizal
T) Buritizal

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32 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Conclusão. Quadro 16.

Tipos de Vegetação Subtipos de Vegetação

XV. Chaco
XVI. Campo Litossólico
XVII. Brejo Estacional
XVIII. Campo de Murundus
XIX. Pantanal
XX. Campo e Savana Amazônicos
XXI. Bambuzal
XXII. Brejo Permanente
XXIII. Vegetação Aquática
XXIV. Vegetação com Afloramento
de Rocha
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

CARACTERIZAÇÃO DO ATUAL SISTEMA FITOGEOGRÁFICO DO IBGE

SISTEMA DE HENRIQUE VELOSO (1992)

A classificação fitogeográfica do Brasil elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE) foi proposta pelo pesquisador Henrique Pimenta Veloso (1917-2003) e
publicada em 1992 junto ao Manual Técnico da Vegetação Brasileira. De modo resumido,
corresponde a um sistema que classifica os tipos de vegetação em dois conjuntos denominados
Formações Florestais (Florestas Ombrófilas e Estacionais) e Formações Campestres (Savana,
Savana-Estépica, Estepe e Campinarana), indicando as áreas de Formações Pioneiras, Tensão
Ecológica e Refúgios Vegetacionais. Como principais características estão objetividade, aspectos
fisionômico-ecológicos e edáficos como determinantes e adoção de termos da literatura
universal.
A equipe técnica responsável pelos estudos de vegetação do IBGE foi composta por
Henrique Pimenta Veloso, responsável pelo sistema fitogeográfico, Luiz Carlos de Oliveira Filho,
responsável pelo inventário nas formações florestais e campestres, Ângela Maria Studart da
Fonseca Vaz, Marli Pires Marin de Lima e Ronaldo Marquete, responsáveis pelas técnicas e
manejo de coleções botânicas, José Eduardo Mathias Brasão, responsável pelo procedimento
para mapeamento (IBGE, 1992).

METODOLOGIA

A metodologia empregada faz uma adaptação de terminologias e sistemas


fitogeográficos universais. Entre as principais terminologias estão: Sistema (todo ordenado
conforme princípios científicos); Império Florístico (flora do mundo divida em zonas, regiões,
domínios e setores); Estratos (situações verticais que se dispõem as plantas dentro da
comunidade); Sinúsia (conjunto de plantas com estrutura semelhante integrada por uma
mesma forma de vida ecologicamente homogênea); Floresta (conjunto de sinúsias dominadas

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 33

por fanerófitos de alto porte com quatro estratos bem definidos); Vegetação Disjunta
(pequenas escalas de um tipo de vegetação próximo); Clímax Climático (vegetação
equilibrada ao clima regional); Clímax Edáfico (vegetação equilibrada à situação pedológica
regional); Região ecológica (ambientes com o mesmo fenômeno geológico de importância
regional que foram submetidos ao mesmo processo geomorfológico, sob um clima regional que
sustentam um tipo de vegetação).
Entre os sistemas universais de classificação fitogeográfica faz-se destaque para
Raunkiaer; Drude e Ellenberg & Mueller-Dombois. O taxonomista dinamarquês Raunkiaer
publicou em 1905 um sistema na qual classifica os vegetais conforme suas formas de vida,
denominadas de "formas biológicas". Estas possuem características fáceis de observação
representando a maneira natural de perceber o organismo vegetal em sua aparência. O
desenvolvimento vegetativo, a posição das gemas, o valor taxonômico e o comportamento
fenológico são atributos levados em consideração na classificação da forma de vida das plantas
(FERNANDES, 2007).
O sistema está fundamentado no princípio da disposição das gemas vegetativas no
período de suspensão da atividade biológica durante o inverno. É um sistema conveniente aos
países de regiões temperadas em razão dos climas mais frios exibirem períodos favoráveis e
desfavoráveis ao crescimento vegetal.
Suas nove classes de formas biológicas são: Phytoplankton (vegetais microscópicos
flutuantes); Phytoedaphon (microorganismos vegetais no solo); Endophyta (vegetais que vivem
no interior do substrato); Terophyta (plantas que desenvolvem todo seu ciclo biológico no
mesmo ano produzindo sementes); Hydrophyta (plantas aquáticas com órgãos perenes
submersos); Geophyta (plantas com órgãos perenes sob o solo); Hemicryptophyta (plantas com
órgãos perenes ao nível do solo com gemas protegidas por escamas, bainhas foliares e outros);
Chamaephyta (plantas com gemas sobre o terreno ou pouco acima do nível do solo protegidas
por escamas, bainhas foliares ou pela própria posição da planta); Phanerophyta (arbustos ou
árvores com as gemas a mais de 25 cm ao nível do solo) (EGLER, 1966).
Raunkiaer definiu como "espectro biológico" as percentagens de participação das gemas
de brotação em cada forma de vida com relação ao número total de espécies. Para isso, o
taxonomista coletou amostras em diferentes regiões do globo registrando nelas as
percentagens de cada grupo. Desse modo estabeleceu quatro regiões climático-fitogeográficas
principais: clima de Fanerófitas, clima de Terófitas, clima de Hemicriptófitas, clima de Caméfitas
(EGLER, 1966). A partir desse conceito, Raunkiaer constatou a existência do "espectro biológico
normal" indicando as proporções existentes entre as formas de vida de acordo com
percentagens registradas (Quadro 17).

Quadro 17. Espectros biológicos comparados ao espectro normal mostrando a distribuição das
formas de vida de Raunkiaer. Valores em porcentagem. F (Fanerófitas), CH (Caméfitas), H (Hemicriptófitas), G
(Geófitas) e TH (Terófitas).

CLIMAS F CH H G TH

Tropical úmido 61 6 12 5 16
Tropical seco 9 14 19 8 16
Temperado 15 2 49 22 12
Ártico 1 22 61 15 1
Espectro normal 46 9 26 6 13
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

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34 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Segundo o IBGE (2012) uma Chave Analítica foi elaborada/adaptada para as Formas de
Vida de Raunkiaer no Brasil, levando em conta Ellenberg & Mueller-Dombois e Rawitscher.
(Figura 9).

Figura 9. Chave Analítica das Formas de Vida de Raunkiaer adaptada para o Brasil.
Fonte: IBGE, 2012.

Drude foi um dos pioneiros ao propor em 1886 a divisão das formações vegetais em
zona, região, domínio e setor, conforme a relação entre os endemismos e as grandes regiões
climáticas. Seu sistema possui influência de elementos da Geografia, conjugados à divisão
climática do mundo e a Botânica, resultando numa classificação voltada para o estudo dos
Reinos Florísticos. Esse conceito surgiu ao analisar a distribuição dos vegetais atual e
cronológica, verificando que determinadas regiões comportavam-se como centros de dispersão
a partir do qual as espécies distribuíam-se sobre determinados limites coincidentes com as
regiões climáticas do mundo.

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 35

A hierarquia de Drude de 1886 tem início com o Império Florístico (conjunto da flora do
mundo divida em zonas, regiões, domínios e setores); segue com a delimitação da Zona (área
caracterizada pela presença de famílias endêmicas: zona neotropical, antártica, australiana,
paleotropical e holártica); Região (área caracterizada pela presença de gêneros endêmicos:
floresta, savana); Domínio (área caracterizada pela presença de espécies endêmicas);
culminando com o Setor (área com variedade de domínios) (EGLER, 1966).
A Zona Holártica ou boreal extratropical é o mais extenso de todos os reinos,
abrangendo as regiões subtropicais, temperadas e árticas do hemisfério norte. Dos dez
domínios que compreendem essa zona, destaque para três: domínio das Tundras, domínio das
Coníferas e domínio das Florestas Decíduas. A Zona Paleotropical abrange as áreas
intertropicais do velho mundo, África (sul do deserto do Saara) e Ásia (sul da Arábia, sul e
sudoeste da Ásia, ilhas da Indonésia e a maioria das ilhas do Pacífico). A principal característica
fisionômica é a mata pluvial, englobando também regiões de savanas e alguns tipos de matas
decíduas. A Zona Neotropical estende-se por toda a América Central e do Sul com presença de
matas pluviais, matas decíduas (caatingas), campos cerrados e campos limpos (EGLER, 1966).
A Zona Capense é a menor de todas compreendendo o extremo sul do continente
africano (Província do Cabo). A Zona Australiana abrange Austrália, Tasmânia e parte da Nova
Guiné sendo caracterizada pela presença de florestas de eucalipto e "scrub". A Zona Antártica é
formada pelo continente polar antártico e arquipélagos adjacentes (domínio antártico) além do
extremo sul do continente sul americano: Patagônia, Terra do Fogo e Ilhas Falkland (domínio
sul-americano) sendo caracterizada pelos desertos frios e florestas de coníferas. A Zona
Oceânica é representada pela vegetação dos mares tanto fixa (bentos) como flutuante
(plâncton) (MARTINS, 1978).
Nos anos de 1965/1966 Ellenberg e Mueller Dombois publicaram um sistema de
classificação fitogeográfica considerando aspectos fisionômico-ecológicos. O sistema apresenta
uma hierarquia das formas de vida de Raunkiaer e das zonas, regiões, domínios e setores de
Drude. Primeiramente é delimitada a Região Ecológica Florística (tipo de vegetação), seguida
pela Classe de Formação (estrutura fisionômica determinada pelas formas de vida dominantes);
Subclasse de Formação (caracterizada pelos parâmetros do clima); Grupo de Formação
(determinado pelo tipo de transpiração estomática foliar e pela fertilidade dos solos); Subgrupo
de Formação (indica o comportamento das plantas segundo seus hábitos); Formação
Propriamente Dita (determinada pelo ambiente); Subformação (fácies da Formação
Propriamente Dita).

MAPEAMENTO

A metodologia de Henrique Veloso para cartografar as formações vegetais do Brasil


começa com o estabelecimento da escala cartográfica. São estabelecidas escalas crescentes
que estão relacionadas com os objetivos a serem alcançados. As escalas cartográficas adotadas
vão da regional (1: 2.500.000 até 1:10.000.000) passando pela escala exploratória (1:50.000
até 1:1.000.000) e pela escala de semidetalhe (1:100.000 até 1:25.000) até a escala de detalhe
(1:25.000). A classificação fisionômico-ecológica da vegetação é a primeira meta no
levantamento fitogeográfico de Henrique Veloso. Para atingi-la, foi utilizada a hierarquia de
formações de Ellenberg & Mueller-Dombois.
A classificação florística é a segunda meta do sistema de Henrique Veloso. Segue a
hierarquia de Drude com a delimitação do Império Florístico, subdividido em zonas, regiões,

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36 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

domínios e setores. Os domínios e os setores são identificados a partir de levantamentos


fitossociológicos (associação) e bioecológicos (ecossistemas). Cada região florística contempla
uma parcela do território brasileiro, onde ocorre determinado tipo de vegetação com um ou
mais gêneros endêmicos que o caracterizam. Assim, cada tipo de vegetação é considerado uma
região ecológica devido à ocorrência de forma de vida relacionadas ao clima dominante. A
região ecológica pode delimitar vários geossistemas de domínios com espécies endêmicas e nas
áreas setoriais são separados em ambientes com espécies de variedades endêmicas (IBGE,
1992).
A grande importância do Sistema de Henrique Pimenta Veloso tem a ver com a variação
de escalas crescentes de trabalho, uma vez que a delimitação/definição da vegetação em
termos de mapeamento para efeitos cartográficos tem relação direta com o tamanho da escala.
Escalas pequenas dificultam muito, apesar de menos onerosa na sua utilização. Escalas
grandes, apesar de demandarem muitos mais recursos financeiros, são o ideal, principalmente
por conta da heterogeneidade espacial e ambiental da nossa vegetação tropical. Escalas
pequenas são muito inclusivas. Escalas grandes são o contrário. Mais dificuldade aí se tornam
os mapeamentos de áreas com muita heterogeneidade espacial e ambiental, áreas com
vegetação estacional e, principalmente áreas de sobreposição de Biomas, caso típico do Piauí,
por exemplo, bem como áreas de transição, de tensão ecológica, ou de ecótonos.
A grande crítica é decorrente da posição de individualismo que o IBGE assumiu a partir
da sua própria equipe. Provocado por várias vezes para a elaboração de trabalhos conjuntos:
geógrafos, botânicos (biólogos ou engenheiros-agrônomos), engenheiros-florestais, ou IBGE,
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Universidades, Sociedade Botânica do Brasil
(SBB), até hoje, muitas tentativas não foram concretamente vivenciadas.
A continuar dessa maneira, continuarão a haver "generalizações" da parte do IBGE,
ainda com base em dados técnicos. Assim, aconteceu com a "exclusão dos cerrados
setentrionais do Piauí" do bioma Cerrado no Mapa de Biomas do Brasil e a infundada indicação
de existência da Mata Atlântica no Piauí com base apenas na interpretação de imagens de
satélite, exercício estritamente fisionômico, fragilizando a elaboração de políticas públicas que
deveriam/deverão ser adotadas para o "desenvolvimento sustentável" do Piauí e região.

CLASSIFICAÇÃO FITOGEOGRÁFICA

A classificação universal proposta por Ellenberg e Mueller-Dombois em 1965/66


(ELLENBERG; MUELLER-DOMBOIS, 1967) serviu de base para a classificação de Veloso: 1.
Floresta densa: I. Sempre verde: A) Ombrófila (das terras baixas, submontana, montana,
aluvial, pantanosa); B) Estacional (das terras baixas, submontana); C) Semidecidual (das terras
baixas, submontana, montana); D) Manguezal. II. Mista: A) Ombrófila (montana). III. Decidual:
A) Seca (das terras baixas, submontana). IV. Xeromorfa: A) Esclerofila; B) Espinhosa; C)
Suculenta. 2. Floresta aberta: I. Sempre verde: A) Latifoliada; B) Mista. II. Decidual: A)
Submontana; B) Montana. III. Xeromorfa: A) Esclerofila; B) Espinhosa; C) Suculenta. 3.
Vegetação arbórea anã: I. Sempre verde: A) De bambu; B) Aberta; C) Esclerofila. II. Decidual.
III. Xeromorfa: A) Sempre verde (com suculentas, sem suculentas). 4. Vegetação arbustiva
anã: I. Sempre verde; II. Decidual; III. Xeromorfa; IV. Turfeira. 5. Vegetação herbácea: I.
Graminosa alta (com árvores, com palmeiras, com árvores anãs); II. Graminosa baixa (com
árvores, com palmeiras, com árvores anãs); III. Graminosa sem plantas lenhosas. IV. Não
graminóide (Quadro 18).

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Publ. avulsas conserv. ecossistemas, 30:1-43 (fev. 2013) 37

Quadro 18. Divisão fitogeográfica de Henrique Veloso (1991): Quarenta (40) unidades, sendo 10 (dez) maiores,
subdivididas em 30 (trinta) categorias específicas.

SISTEMA DE HENRIQUE VELOSO (1991)

Classes de Vegetação Subclasses de Vegetação

Florestada
Arborizada
I. Savana (Cerrado)
Parque
Gramíneo-Lenhosa
Arborizada
II. Estepe Parque
Gramíneo-Lenhosa (Campo-Limpo)
Florestada
Arborizada
III. Savana Estépica
Parque
Gramíneo-Lenhosa
Florestada
IV. Campinarana (Campina) Arborizada
Gramíneo-Lenhosa
Aluvial
Das terras baixas
V. Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial
Montana
Tropical)
Submontana
Alto Montana
Das terras baixas
VI. Floresta Ombrófila Aberta (Faciações da
Montana
Floresta Densa)
Submontana
Aluvial
VII. Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Montana
Araucária) Submontana
Alto Montana
Aluvial
VIII. Floresta Estacional Semidecidual Das terras baixas
(Floresta Subcaducifólia) Montana
Submontana
Aluvial
IX. Floresta Estacional Decidual (Floresta Das terras baixas
Tropical Caducifólia) Montana
Submontana
Com influência marinha (Restinga)
Com influência fluviomarinha
X. Sistema Edáfico (Manguezal)
Com influência fluvial
(Comunidades Aluviais)
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

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38 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

SISTEMA DE AFRÂNIO FERNANDES (1998)

Afrânio Gomes Fernandes (1927-) é botânico cearense, graduado em Agronomia pela


Universidade Federal do Ceará, tendo sido aposentado pela mesma instituição. Publicou
diversos livros no ramo da botânica e da fitogeografia, dentre os quais se destacam Óleos
essenciais de Plantas do Nordeste (1981), Noções de Toxicologia e Plantas tóxicas (1987),
Compêndio Botânico (1996), O táxon Aeschynome no Brasil (1996), Estudo Fitogeográfico do
Brasil (1990), Fitogeografia Brasileira (2000) e Conexões Florísticas do Brasil (2003). Afrânio
Fernandes foi responsável pelos primeiros estudos botânicos no Piauí. A Universidade Federal
do Piauí concedeu-lhe o Doutor Honoris Causa em 1993, durante a XVII Reunião Nordestina de
Botânica em Teresina (PI), a partir de uma propositura do Prof. Antonio Alberto Jorge Farias
Castro. A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) deu-lhe o nome do herbário.
Como sugestão de uma nova estruturação para os sistemas de classificação da
fitogeografia brasileira, Afrânio produziu duas divisões de vegetação. A primeira, proposta em
1998, está assentada em fundamentos da taxonomia vegetal, sistemática, florística e botânica,
com adesão de termos novos, pouco conhecidos na literatura fitogeográfica. Além disso, é uma
classificação fisionômico-ecológica, considerando como fatores determinantes os aspectos do
ambiente, sejam climáticos ou edáficos, e fisionômicos (Quadro 19). Quanto à segunda,
publicada em 2006, verifica-se um retorno aos fundamentos consagrados pelas divisões
clássicas como na proposta de Carlos Rizzini, adotando como fator determinante o fisionômico-
ecológico-florístico, além do intuito em produzir uma classificação de cunho universal (Quadro
20).
Em seu primeiro sistema, Afrânio Fernandes classifica a vegetação brasileira em: 1.
Vegetação arbórea (arboreto): I. Arboreto climático: A) Climático perenifólio (mata
amazônica e mata atlântica); B) Climático estacional: Semicaducifólio mesomórfico (mata de
cipó e mata estacional); Semicaducifólio escleromórfico (cerradão e mata esclerofila);
Caducifólio xeromórfico/espinhoso (caatinga arbórea); Caducifólio mesomórfico/não espinhoso
(mata seca). II. Arboreto edáfico: A) Edáfico fluvial (mata de várzea e mata aquática); B)
Edáfico marítimo: Marino-arenoso (mata de tabuleiro e restinga); Marino-limoso (manguezal).
2. Vegetação arbustiva (fruticeto): I. Fruticeto perenifólio (tabuleiro litorâneo). II.
Fruticeto estacional: A) Estacional semicaducifólio: Escleromórfico (cerrado e chapada);
Esclero-mesomórfico (vegetação de tabuleiro); B) Estacional caducifólio: Xeromórfico (caatinga
arbustiva); Xero-escleromórfico (carrasco). 3. Vegetação herbácea (herbeto): I. Herbeto
campesino (campo e campo limpo). II. Herbeto misto (campo-sujo) (FERNANDES, 2006).
(Quadro 19).
O segundo sistema de Afrânio Fernandes (2006) compartimenta o espaço fitogeográfico
brasileiro em: 1. Província Amazônica ou Hiléia Brasileira: I. Setor setentrional ou
guianense; II. Setor meridional ou brasileiro; III. Setor ocidental ou andino; IV.
Setor oriental ou do Meio-Norte. 2. Província Atlântica: I. Subprovíncia serrana ou
driática: A) Setor da cordilheira marítima; B) Setor do planalto meridional: Subsetor aciculifólio
ou da Araucária; Subsetor latifólio; II. Subprovíncia litorânea ou costeira: A) Setor
talássico ou marinho; B) Setor praiano ou arenoso; C) Setor do mangue ou palustre. 3.
Província Central ou dos Cerrados: I. Setor do planalto; II. Setor do pantanal; III.
Setor da Bacia do Parnaíba. 4. Província Nordestina ou das Caatingas: I. Setor do
sertão setentrional; II. Setor do sertão meridional; III. Setor da Chapada
Diamantina; IV. Setor do carrasco; V. Setor do agreste; VI. Setor do Raso da
Catarina; VII. Setor das Dunas do Rio São Francisco. 5. Província sulina ou dos

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campos: I. Setor da campanha ou dos pampas; II. Setor da depressão central; III.
Setor do escudo ou das serras do sudeste (FERNANDES, 2007). (Quadro 20).

Quadro 19. Divisão fitogeográfica de Afrânio Gomes Fernandes (1998): (Vinte e sete) 27 unidades, sendo 3 (três)
maiores, subdivididas em 6 (seis) categorias específicas, separadas em 4 (quatro) compartimentos, subdivididos em 4
(quatro) grupos e 10 (dez) subgrupos.

SISTEMA DE FERNANDES (1998)

A) Perenifólio

I. Arboreto Mesomórfico
i. Semicaducifólio
Climático Escleromórfico
1. Vegetação B) Estacional
Arbórea Xeromórfico
ii. Caducifólio
(Arboreto) Mesomórfico
A) Fluvial
II. Arboreto
i. Marino-arenoso
Edáfico B) Marítimo
ii. Marino-limoso
2. Vegetação
Arbustiva I. Fruticeto Perenifólio
(Fruticeto)
A) i. Escleromórfico
II. Fruticeto Semicaducifólio ii. Esclero-Mesomórfico
Estacional i. Xeromórfico
B) Caducifólio
ii. Xero-Escleromórfico
3. Vegetação I. Herbeto Campesino
Herbácea
(Herbeto) II. Herbeto Misto
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

Quadro 20. Divisão fitogeográfica de Afrânio Gomes Fernandes (2006): Vinte e nove (29) unidades, sendo 5 (cinco)
maiores, subdivididas em 19 (dezenove) categorias específicas, separadas em 5 (cinco) compartimentos.

SISTEMA DE FERNANDES (2006)

I. Setor setentrional ou guianense


1. Província II. Setor meridional ou brasileiro
Amazônica III. Setor ocidental ou andino
IV. Setor oriental ou do meio-norte
A) Setor da cordilheira marítima
I. Subprovíncia serrana ou driática
B) Setor do planalto meridional
2. Província
A) Setor talássico ou marinho
Atlântica II. Subprovíncia litorânea ou
B) Setor praiano ou arenoso
costeira
C) Setor do mangue ou palustre

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40 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

Conclusão. Quadro 20.

I. Setor do planalto
3. Província
II. Setor do pantanal
Central
III. Setor da Bacia do Parnaíba
I. Setor do sertão setentrional
II. Setor do sertão meridional
III. Setor da Chapada Diamantina
4. Província
IV. Setor do carrasco
Nordestina
V. Setor do agreste
VI. Setor do Raso da Catarina
VII. Setor das dunas do Rio São Francisco
I. Setor da campanha ou dos pampas
5. Província
II. Setor da depressão central
Sulina
III. Setor do escudo ou das serras do sudeste
Fonte: Organizado pelo primeiro autor em 2012.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No século XVIII naturalistas como Linné e Buffon contribuíram nos estudos da natureza
ao produzirem as primeiras propostas de classificação dos seres vivos fazendo oposição às
teses da Terra estática e das espécies imutáveis. Entretanto, devido às insuficientes provas nos
trabalhos desses pesquisadores, essas teses atravessaram os séculos. Com as explorações
científicas no hemisfério sul e a revolução tecnológica do século XIX, essas teses foram
abandonadas dando inicio a uma evolução nos estudos da natureza protagonizada por
Alexander Humboldt, Charles Darwin e Alfred Wallace, do que resultou na consolidação da
Biogeografia na primeira metade do século XX.
Foi sob esse contexto de transformações na ciência que surgiram as primeiras
propostas de classificação da vegetação no Brasil, na qual se destacam os sistemas de Karl
Friedrich Phillip Von Martius (1824); Joaquim Monteiro Caminhoá (1877) e João Barbosa
Rodrigues (1903). Baseados em trabalhos como a classificação hierárquica de Linné e a teoria
da evolução de Darwin, esses naturalistas foram pioneiros na divisão do espaço fitogeográfico
brasileiro, resultado de suas viagens e expedições com coleta de material botânico pelas cinco
regiões do país.
Como consta na literatura, os recursos que esses pesquisadores dispunham além de
escassos eram rudimentares, como percorrer áreas sobre o lombo de animais, o que permite
afirmar, depois de observadas suas classificações, que esses pesquisadores itinerantes mesmo
sob inúmeras adversidades foram revolucionários dada a precisão de suas divisões bem
próximas à realidade vegetacional que conhecemos hoje. O exposto explica a razão das divisões
serem generalistas contemplando num só grupo as diferentes formações da Amazônia, do
Nordeste, do Centro-Oeste, da porção subtropical do Brasil e da costa atlântica.
Por exemplo, na região Centro-Oeste onde se distribuem tipos como o Cerrado, o
Cerradão, o Campo Limpo, o Campo Sujo e o Pantanal, a composição florística de cada tipo era
descrita e colocada dentro de um só compartimento com o nome da região, no caso
Centro-Oeste. Ainda por causa das técnicas rudimentares, esses pesquisadores optaram por
classificar a vegetação conforme as características fisionômicas e do ambiente (ecológicas),
aspectos fáceis de serem observados em campo. Assim, esses profissionais foram os

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responsáveis pela criação de termos como "campos de várzea", "mata de igapó" e "mata de
terra firme", referindo-se a proximidade com os cursos d’água amazônicos e a relação com o
relevo da região.
Em suma, são três divisões simples e generalistas, que não oferecem maiores
dificuldades ao leitor leigo, salvo os termos da mitologia grega empregados por Martius que
sem dúvida dificultam o entendimento de seu sistema, sendo que exatamente por esse motivo
Joaquim Caminhoá, empenhado em reunir a obra de Martius, resolveu propor uma classificação
fitogeográfica sem termos mitológicos e que oferecesse melhor entendimento do que a
proposta do alemão.
No século XX, o contexto científico global passou por transformações, fruto, sobretudo,
do avanço instrumental e tecnológico. A produção de computadores, satélites, aviões, entre
outros, auxiliaram nas investigações científicas. O uso de imagens de satélite e
aerofotográficas, por exemplo, trouxeram benefícios ao facilitar a estimativa de áreas num
território continental como o do Brasil. Foi sob esse contexto que os geógrafos Lindalvo Bezerra
dos Santos, Aroldo de Azevedo, Edgar Kuhlmann, Alceo Magnanini e Dora Romariz elaboraram
classificações de vegetação.
Numa comparação com as divisões dos naturalistas, os geógrafos são mais minuciosos,
e consequentemente menos generalistas, por outro lado abandonaram a florística e adotaram a
fisionomia e a ecologia como fatores determinantes de suas propostas, sendo considerados os
pioneiros na classificação fitogeográfica do Brasil com base no caráter fisionômico das
formações vegetais. Para esses profissionais, as particularidades do vegetal (flor, fruto, caule,
raiz) e a composição florística pouco ou quase nada interessavam quando da classificação dos
tipos vegetacionais. Para os geógrafos os aspectos determinantes na classificação da vegetação
são a fisionomia, as condições ambientais e a interferência humana, além das terminologias
regionalistas com a qual as formações vegetais tornam-se popularmente conhecidas.
O resultado foram cinco divisões marcadamente didáticas, de fácil assimilação e
compreensão por qualquer leitor que tenha conhecimentos específicos ou não, orientando-o
acerca da leitura do espaço fitogeográfico brasileiro. Isso explica sua adoção nos ensinos
brasileiros. Não obstante, as divisões dos geógrafos são frequentemente alvo de criticas por
parte de botânicos, biólogos, ecólogos, e outros estudiosos de vegetação. Esses profissionais
alegam que justamente por não considerarem aspectos relativos à botânica e a biologia,
agregando apenas fatores de localização e distribuição, suas divisões tornam-se sistemas
particulares sem nenhum embasamento. Juntamente com os naturalistas, os geógrafos foram
pioneiros no estudo e classificação da vegetação, elaborando consagradas classificações de
significativa importância para a história da fitogeografia brasileira.
Numa análise comparada entre os sistemas dos três grupos definidos para
caracterização, de naturalistas, geógrafos e botânicos/engenheiros agrônomos, observa-se
claramente uma evolução do ponto de vista detalhista da proposta. Os naturalistas foram mais
generalistas que os geógrafos, e estes, por sua vez, são mais generalistas que os botânicos. Os
motivos são diversos, talvez o mais contundente seja a evolução tecnológica e instrumental,
que foi proporcionando a esses profissionais subsídios permitindo a realização de suas
atividades.
Quando da época dos naturalistas (início do século XIX) duvidavam da mobilidade da
Terra, mal se sabia da existência de vida no hemisfério sul e rejeitavam a tese da mutabilidade
dos seres. Quando da época dos geógrafos (segunda metade do século XX), coincidente ao
período dos botânicos/engenheiros agrônomos, todas essas teses foram abandonas dado o
avanço tecnológico e instrumental, entretanto esse avanço deu-se com recursos reduzidos, o

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42 Costa e col. (2013): A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil ...

que limitou o trabalho desses profissionais. Os botânicos e engenheiros agrônomos foram mais
minuciosos em suas propostas, mais rigorosos quanto à metodologia, mais focados no intuito
de universalizar a classificação da vegetação brasileira.
O resultado foram divisões de tamanho extenso, contidas de inúmeros itens de grupos,
subgrupos, classes e subclasses de formações, preocupadas em estabelecer os diferentes tipos
de vegetação do Brasil a partir de suas fisionomias, estruturas e composições florísticas. O fator
ecológico-vegetacional e fisionômico são conspicuamente os aspectos determinantes comuns,
já que esses profissionais entendiam que como o objetivo era classificar para facilitar o
entendimento, não havia maneira mais ágil senão a partir da fisionomia e da ecologia. Contudo,
a facilidade na leitura dessas divisões existe apenas para quem tem conhecimento amplo ou, no
mínimo, básico acerca do estudo específico dos vegetais.
Essas divisões contemplam aspectos das particularidades das plantas que muito
interessam aos botânicos, mas que geram dificuldades no entendimento do observador
desprovido de conhecimento específico. Diferentemente das divisões dos geógrafos que foram
elaboradas pensando no caráter didático, as divisões dos botânicos e engenheiros agrônomos
em nada se aproximam dessa característica. São propostas de difícil entendimento dado o
caráter específico com que foram elaboradas. Na categoria botânicos/engenheiros agrônomos
destacam-se os sistemas de Gonzaga de Campos, Alberto José de Sampaio, Carlos Toledo
Rizzini, Dárdano de Andrade-Lima, Henrique Pimenta Veloso, George Eiten e Afrânio Gomes
Fernandes.
Atualmente, muito das dificuldades que se tinha no passado, estão sendo minimizadas.
Com o avanço do conhecimento e da sua construção continuada de maneira interdisciplinar,
hoje já há bastante consenso para o fato de que não se pode classificar uma vegetação apenas
com base em sua "fisionomia" ou formação vegetal característica. A flora (composição florística)
precisa também ser considerada, sempre que haja dados ou se possa complementar
interpretações com este tipo de informação. Padrões de textura de contrastes de imagens de
satélite nas escalas de trabalho disponíveis atualmente no Brasil podem incluir "floras (ou
flórulas)" diferentes, por causa das muitas floras da "caatinga" (ANDRADE-LIMA, 1981), da
"Amazônia" (TCA, 1992) e do "cerrado" (CASTRO, 1994), por exemplo. A "flora areal" de cada
"domínio florístico" deve ter "assinaturas digitais" diferentes. O problema, quando aparece, está
geralmente na escala (de trabalho) e/ou na resolução das imagens, uma vez que não se devem
admitir posturas quaisquer de falta de ética dos atores envolvidos.

REFERÊNCIAS

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As Publicações Avulsas em Conservação de Ecossistemas, ISSN 1809-0109,
são publicações seriadas do Programa de Biodiversidade do Trópico
Ecotonal do Nordeste (bioTEN) do Departamento de Biologia
do Centro de Ciências da Natureza da Universidade Federal do Piauí.
Contêm exclusivamente trabalhos aprovados por consultores "ad-hoc", com tiragem
limitada (mídia impressa), disponibilizados também no weblog (blog):
conservacaodeecossistemas.blogspot.com.br, distribuídos nos seguintes temas:

Publicações Prévias
Herbário
Projetos de P&PG
Relatórios
Texto para Discussão
Didática
Metodologia
Imagens

Consultores que colaboraram com este número:

Carlos Sait Pereira de Andrade, Geóg., M.Sc., D.Sc.


Francisco Soares Santos Filho, Biól., M.Sc., D.Sc.

Citação Bibliográfica:

COSTA, J. L. P. O; VELOSO FILHO, F. A.; AQUINO, C. M. S; CASTRO, A. A. J. F.;


SILVA, W. A. L. A divisão natural das paisagens vegetais do Brasil no escopo dos
sistemas nacionais de classificação fitogeográfica (1824-2006). Publ. avulsas
conserv. ecossistemas, Teresina, n.30, Pp.1-43, fev./2013. (Série: Publicações
Prévias). ISSN 1809-0109.

Apoio do Projeto:
Alvos de Biodiversidade (Espécies, Ecossistemas e Paisagens) nas Áreas de
Influência do Parque Nacional de Sete Cidades (PN7C)
(Registro UFPI Nº CCN-017/2012)

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Programa de Biodiversidade do Trópico Ecotonal do Nordeste (bioTEN)
Laboratório de Biodiversidade do Trópico Ecotonal do Nordeste (LabioTEN)
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