Você está na página 1de 27

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

Fundação instituída nos termos da Lei nº 5.152 de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão
PRÓ-REITORIA DE ENSINO – PROENDIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO DE ENSINO DE
GRADUAÇÃO - DIDEG

BIOGEOGRAFIA

Profa. Ma Jéssica Cristina Oliveira Frota .


Email: jessica.frota@ufma.com
BIOGEOGRAFIA
Profa. Ma. Jéssica Cristina Oliveira Frota
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA BIOGEOGRAFIA

 Por que as paisagens se diferenciam na superfície da Terra? Pela


diferença de temperatura? Pela diferença de umidade? Pelo tipo de
relevo e solo? Pela ação do homem?

 Todos esses elementos interatuam ao longo da história evolutiva de


cada espécie, o que fornece hoje um cenário altamente complexo e
diversificado dos modelos espaciais de distribuição dos milhões de
espécies vivas que ocorrem no planeta, desde os desertos frios da
Antártida até as selvas quentes e úmidas da região equatorial.
Área da PARNA da Serra da Capivara, fronteiriça entre duas Baixada de Campo Maior, com a presença de vegetação concentrada no
grandes formações geológicas - a bacia sedimentar Maranhão- cerrado em transição para caatinga, vegetação rasteira com
Piauí e a depressão periférica do rio São Francisco. predominância de carnaúbas.

 São duas paisagens com estruturas e processos completamente diferentes. Por


que e quanto cada uma dessas paisagens é diferente são algumas das questões
que têm motivado a busca do conhecimento em Biogeografia.
 A dispersão irregular dos oceanos, continentes e ilhas, as diversas
formas de relevo, a variedade climática e as diferentes composições de
rochas e solos, são alguns fatores que determinam a distribuição dos seres
vivos sobre a superfície do planeta, que se dá de maneira muito peculiar.

 Assim, o estudo dessa distribuição atual e passada e das condições


desta distribuição, seja da flora ou da fauna, viventes ou fósseis,
corresponde ao principal objetivo dos estudos biogeográficos.
ONDE ESTÃO AS ESPÉCIES?

NENHUMA ESPÉCIE É CAPAZ DE VIVER EM TODOS ESTES LUGARES


BIOGEOGRAFIA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES

 A Biogeografia é a ciência que estuda a espacialização, a expansão e associação das


plantas e dos animais, ou seja, os seres vivos sobre a superfície terrestre.

Procura mostrar a evolução dos seres vivos, compreendendo sua origem e história
geológica remota e recente, restrições e limitações impostas pelos fatores físicos e
químicos e a ação deste sobre os próprios grupos vegetais e animais.

 É considerada, por uns, como ramo da Biologia e, por outros, como um ramo da
Geografia. O seu campo é muito vasto, entrando em contato com várias ciências,
tais como a Botânica, a Zoologia, a Geologia, a Paleontologia, a Climatologia, entre
outras.
Os biogeógrafos são aqueles que compreendem os diferentes padrões de
distribuição dos animais e das plantas. Para tanto, buscam entender seus
fatores e suas causas e como isso aparece refletido no espaço geográfico.
 Para Dansereau (1970), a Biogeografia “estuda a origem, distribuição,
adaptação e associação de plantas e animais”. Afirma ainda que “estende-se
através dos campos da Ecologia Vegetal, Ecologia Animal e Geografia, com
muita superposição à Genética, a Geografia Humana e Ciências Sociais”.

 Para Troppmair (1976) É o estudo das interações, organização e processos


espaciais, dando ênfase aos seres vivos – vegetais e animais – que habitam
determinado local: O biótopo – onde constituem geobiocenoses.

 Segundo este autor, a Biogeografia faz um estudo dos seres vivos, analisando
sua participação e relação com o espaço geográfico (Biosfera), tendo como
objetivo compreender o papel dos seres vivos na organização do espaço
geográfico e a influência dos mesmos na transformação da biosfera.
BIOGEOGRAFIA: CIÊNCIA SINTÉTICA

• Fundamenta-se em teorias e dados de outras áreas


• Ramo da Biologia
– É necessário alguns conhecimentos sobre evolução, ecologia e
estar familiarizado com algum modelo, seja animal ou vegetal.
• Características geográficas e teorias geológicas
– Conhecimento de eventos históricos (ex. deriva tectônica)

Presença de fósseis de Paliguana


(provável ancestral dos lagartos
atuais) na África do Sul e Austrália,
sugere que surgiram na Gondwana
(Pianka & Vitt, 2003).
– Conhecimento de padrões geográficos contemporâneos
(ex. padrão climático global)

NOS PERMITE
ENTENDER PORQUE
ESPÉCIES SIMILARES SE
ESTABELECERAM EM
REGIÕES CLIMÁTICAS
SEMELHANTES
 Por que há mais espécies nos trópicos que nos pólos? Por que duas ou mais
espécies vivem confinadas em certas regiões ou em áreas reconhecidas? Uma
das formas de responder a isso é através de uma divisão primária da
Biogeografia em Ecológica e Histórica.
 Biogeografia Ecológica
- Estuda como os processos ecológicos que ocorrem a curto prazo atuam sobre
o padrão de distribuição dos organismos;
- Analisa a distribuição dos seres vivos em função de suas adaptações às
condições atuais do meio.
 Biogeografia Histórica
- Estuda como os processos ecológicos que ocorrem a longo prazo atuam
sobre o padrão de distribuição dos organismos;
- Explica a distribuição dos seres vivos em função de fatores históricos.
 
Perspectiva Histórica Perspectiva Ecológica
 Quais as possibilidades de expansão O que acontece a Biota quando
de uma espécie? reduzimos drasticamente sua área
 Qual o papel do clima, da natural?
topografia, da interação com outros
organismos (predação, cooperação)  Qual a área mínima que garante
na limitação e expansão da sua a sobrevivência de uma espécie?
distribuição?  O que são ambientes raros e
 Por que a biodiversidade é maior organismos generalista?
nos trópicos?
 Por que um mesmo habitat, em
uma ilha tem menos espécies que no
continente?
Biogeografia Histórica
Mudanças Climáticas

Biogeografia Ecológica
Aplicação Agricultura, Biologia da
conservação e Planejamento
Ambiental

Evolução dos seres vivos


 Uma das grandes certezas no estudo atual da Biogeografia é que os elementos
bióticos (bio = vida) e abióticos ( A =não, bio = vida) coevoluem no tempo e
no espaço, produzindo padrões de paisagem particulares.

 Com base na sobrevivência de alguns traços comuns que ainda ligam esses
padrões de distribuição dos seres vivos, a Biogeografia busca recontar a
história desses organismos e dessas paisagens ao longo do tempo.

 Assim, os biogeógrafos precisam contar com a análise da distribuição de


organismos vivos e fósseis, que, combinada com indícios da história evolutiva
desses organismos e da história de modificação ambiental do planeta,
permite recriar, ao menos em hipótese, a história da distribuição dos
organismos vivos na superfície da Terra.
 Nos últimos séculos, uma gigantesca e poderosa força passou a atuar de
forma decisiva na distribuição das espécies de organismos na superfície da
Terra: o homem – se converteu no maior agente de disseminação de
espécies do planeta.

 A biogeografia, mais do que nunca, aproxima-se do debate politico e


econômico que ocorre na sociedade, incorporando às suas raízes
naturalistas o olhar integrador do geógrafo naquilo que se refere ás formas
de interação e apropriação da natureza pela sociedade.

 Dessa forma, a distribuição dos seres vivos na superfície da Terra está


ligada a cinco fatores principais:
 As condições ambientais, como luz, alimento temperatura e água.

 Os recursos disponíveis para garantir a sobrevivência do crescimento


vegetativo das espécies.

 A capacidade de disseminação das espécies.

 A capacidade evolutiva das espécies.

 A ação humana, que, mais do que em qualquer outro momento da


história, interfere diretamente na distribuição (extinguindo, introduzindo,
adaptando, reproduzindo, conservando) e até mesmo na criação de novas
espécies por meio da manipulação do código genético original.
 Com base na atuação desses diferentes fatores, é possível compreender que os
seres vivos apresentam uma grande variação espacial

(as espécies aparecem ou não aparecem, desenvolvem-se ou não se desenvolvem


em determinados locais em função das características que lhe são favoráveis ou,
pelo contrário, que as impedem de se desenvolver)

e temporal

(as espécies que habitam determinado território em determinado tempo histórico ou


geológico podem não habita-lo em um momento seguinte em função de terem se
extinguido, se transformando ou migrando, acompanhando as transformações que
ocorrem no ambiente).
A BIOGEOGRAFIA COMPREENDE:

 A Zoogeografia – Estuda a relação existente entre as espécies animais , o


meio, e a distribuição geográfica. Se ocupa em analisar os fatores que
causaram a dispersão dos animais, de sistematizar os modelos de migração e
adaptação da fauna.
 Compreende as seguintes regiões:
 Fitogeografia é o ramo da biogeografia que estuda a distribuição das plantas
através do mundo, que se concentra na maneira como os fatores ambientais
influenciaram a evolução, distribuição, adaptação e associação. Ela também é
conhecida como geografia das plantas.

É um ramo da Geografia que aborda a distribuição e a localização das


espécies e comunidades de plantas. Tem em conta a distribuição de elementos
florísticos, os dados bioclimáticos e a informação de várias outras ciências como a
Ecologia ou a Edafologia.

 Divide o planeta em seis regiões faunísticas diferentes, sendo que cada uma delas
apresenta uma fauna típica, endêmica. Tais regiões são separadas entre si por
barreiras climáticas e topográficas.
CONCEITOS BIOGEOGRÁFICOS
PROCESSOS DE ESPECIAÇÃO E RESPOSTAS EVOLUTIVAS

 Problemática na definição de ESPÉCIE.


 Mayr (1963) – Espécie Biológica - “é um conjunto de indivíduos
reprodutivamente isolados, ou seja, populações que, em razão de seu
isolamento geográfico ou biológico, reagem aos processos genéticos e as
influências ambientais de modo a torná-los geneticamente incompatíveis com
outras populações com as quais tenham contato”.

 Embora a incompatibilidade genética entre duas espécies pressuponham a


impossibilidade de gerar descendentes férteis, é preciso entender isso como
um processo que se aprofunda cada vez mais a medida que a espécie evolui –
Porém há possibilidade de que a incompatibilidade não seja total com a
produção de subespécies, raças etc, de modo que a taxa de fertilidade decai.
 Com uma taxa ainda menor de compatibilidade genética entre as espécies
que se cruzam, há a possibilidade de gerar indivíduos híbridos, incapazes de
continuar a se reproduzir.

Ex. Mula (Jumento + Égua) ou (Cavalo + Jumenta)

 Muitos dos hibridismos são promovidos pelos seres humanos, em busca de


características mais adequadas para o uso do animal.

 Ex. Zebrasno (égua + asno) ; dzo (dromedário + Lhama)

 Esse processo evolutivo de diferenciações genética que dá origem a uma


nova espécie, subespécie, raça ou variedade, diferenciando-a de uma
espécie ancestral, é chamado de especiação.

Você também pode gostar