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Faculdade de Ciências Humanas e Sociais | Licenciatura em

Psicologia

Ano Letivo 2014/2015

Nome do trabalho: O todo é mais que a soma das partes


Disciplina: História e Epistemologia da Psicologia
Docente: Joaquim Ramalho
Nº e Nome do Aluno: 31647 – Ana Rita Marques Monteiro Reis
Data de entrega: 05 de Janeiro de 2015
Universidade Fernando Pessoa História e Epistemologia da Psicologia

[...] o importante é perceber a forma por ela


mesma; vê-la como “todos” estruturados,
resultado de relações. Deixar de lado qualquer
preocupação cultural e ir à procura de uma
ordem, dentro do todo. - (Gyorgy Kepes)

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Introdução
A corrente Gestalt estuda a perceção em que o importante não é o estímulo,

mas a perceção que o individuo faz desse estímulo. Os indivíduos não

percecionam as coisas como elas são mas sim como aparentam ser.

Wertheimer, Köhler e Koffka descobriram a ilusão de ótica.

A história da Gestalt na França começou no início dos anos 70, quando

vários psicólogos franceses trouxeram, dos Estados Unidos, experiências, técnicas

e métodos que até aqui eram completamente desconhecidos mas, também

trouxeram perguntas.

A Gestalt francesa já tinha um background antes de 1975 no entanto, cada

um dos terapeutas trabalhava isoladamente ignorando a existência de seus colegas.

Dado o ano de 1981 foi criada a “La Societé Française de Gestalt” (S.F.G.) -

iniciativa de Serge Ginger – para que esses diversos terapeutas, e outros, recém-

chegados, se encontrassem, alguns pela primeira vez, e trocassem as suas

experiências, as vezes não sem surpresas.

Este ano, 1981, marcou uma virada na história da Gestalt na França, que

saiu então da sombra e da “semiclandestinidade”.

A teoria assenta sob 5 fundamentos básicos, embora hajam mais alguns,

abordaremos apenas estes:

 ” O todo é mais do que a soma das partes”,

 Semelhança,

 Complementaridade de fecho,

 Figura fundo,

 Ilusão

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Reflexão sobre a ideia:


“O todo é mais que a soma das partes”

Max Wertheimer nasceu em Praga a 15 de abril de 1880 e faleceu aos 63 anos

em Nova Iorque a 12 de outubro de 1943 foi um psicólogo checo, um dos

fundadores da Teoria da Gestalt juntamente com Kurt Koffka e Wolfgang Köhler.

Nascido numa família judaica germanófona, durante sua juventude pensava

em seguir carreira como músico; estudou violino, composição de música de camara

e sinfónica.

Em 1900, iniciou os seus estudos na Universidade de Praga. Um ano depois,

mudou de curso, passando a estudar Psicologia na Universidade de Berlim, sob a

tutela de Carl Stumpf. Tendo 4 anos depois recebido o seu doutoramento na

Universidade de Würzburg, cuja tese se tratava de um detetor de mentiras

empregando o método de associação de palavras.

Em 1933 imigrou para os Estados Unidos para fugir da perseguição Nazi.

Trabalhou como professor em Nova Iorque, onde passou os últimos anos de vida.

Sua obra só foi descoberta postumamente, em 1945.

Wolfgang Köhler nasceu na Estónia a 21 de janeiro de 1887 e faleceu aos 80

anos nos Estados Unidos em 1967, tal como Marx foi um dos principais teóricos da

Psicologia de Gestalt, considerado o porta-voz do movimento devido aos seus livros

escritos com cuidado e precisão. Aos 5 anos mudou-se para o norte da Alemanha.

Estudou na Universidade de Tübinger, Bonn e Berlim, e doutorou-se orientado por

Stumpf, na Universidade de Berlin, em 1909.

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Passou ainda sete anos a estudar o comportamento animal. Em 1910, fundou

uma colónia de chimpanzés nas Ilhas Canárias, registando o trabalho num volume

considerado um “clássico”, nomeado “The mentality of the apes” (1917).

Em 1920 escreveu o livro “Static and stacionary physycak gestalts”, onde

Köhler sugere que a teoria da Gestalt consistia numa lei geral da natureza que

poderia ser amplamente aplicada em todas as ciências e 2 anos mais tarde tornou-

se professor de Psicologia da Universidade de Berlim.

Decorria já o ano de 1929, quando decidiu publicar “Gestalt Psychology”,

sendo este uma descrição completa do movimento da Gestalt.

Deixando a Alemanha nazista em 1934 devido a divergências políticas partiu

rumo aos Estados Unidos.

Anos mais tarde, em 1956, recebeu o Prémio de Destaque pela Contribuição

Científica da APA, órgão que, em 1959, o elegeu como seu presidente.

Kurt Koffka nasceu em Berlim a 18 de março de 1886 e faleceu aos 55 anos

em Massachusetts, 22 de novembro de 1941) foi um psicólogo da Gestalt. Em 1909

recebeu doutorado pela Universidade de Berlim. Junto com Wolfgang Köhler,

tornou-se assistente na Universidade de Frankfurt, onde trabalhou com Max

Wertheimer.

De 1911 a 1927 lecionou na Universidade de Giessen. Lá escreveu “O

Desenvolvimento da Mente” (1921). No ano seguinte introduziu o programa Gestalt

com um artigo na Psychological Bulletin nos Estados Unidos.

A partir de 1927, Kurt lecionou nos Estados Unidos no Smith College,

publicando a obra “Princípios da Psicologia da Gestalt” (1935).

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Gestalt é um termo alemão de difícil tradução. O termo mais próximo em

português seria forma ou configuração, que não é utilizado, por não corresponder

exatamente ao seu real significado em Psicologia.

A Gestalt é uma das tendências teóricas mais coerentes e coesas da história

da Psicologia. Wertheimer, Koffka e Köhler preocuparam-se em construir não só

uma teoria consistente, mas também uma base metodológica forte, que garantisse a

consistência teórica.

A teoria da Gestalt tem como ponto inicial e principal objeto a perceção. De

acordo com os gestaltistas, o processo da perceção encontra-se entre os estímulos

fornecidos pelo meio e a resposta do indivíduo. Logo, o que é percebido pelo

indivíduo e como é percebido são importantes elementos para que se possa

compreender o comportamento humano.

Assim como para o Behaviorismo, a Gestalt entende a Psicologia como uma

ciência que estuda o comportamento todavia, com as suas diferenças teóricas – os

behavioristas estudavam o comportamento pela relação estímulo-resposta e

desconsideravam os conteúdos conscientes devido à impossibilidade de controla-

los de modo científico.

De acordo com os gestaltistas, o comportamento deveria ser observado em

nos seus aspetos mais globais e deveria haver a consideração das condições que

alteram a perceção do estímulo.

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Como prova a essa teoria, baseavam-se na teoria do isomorfismo – esta

pressupunha uma ideia de unidade no universo e pressupunha que a parte sempre

se relacionava ao todo.

Quando se vê somente a parte de um determinado objeto, por exemplo, ou

uma imagem aberta há a tendência da restauração do equilíbrio da forma e isso

garante que se entenda o objeto que se está percebendo. “Esse fenómeno da

perceção é regulado pela procura da complementaridade do fecho, pela simetria e

pela semelhança dos pontos que compõem uma figura (objeto) ” (TEIXEIRA, 2008,

p.60).

Através dos estudos das teorias elaboradas pela Gestalt, no início do século

XX, referentes a psicologia das imagens, foi possível criar condições favoráveis

para a racionalização na construção de projetos gráficos. Reforça-se a ideia que o

todo, é mais que a soma das suas partes, existindo um envolvimento psicológico e

cultural. Compreender a construção de imagens é imprescindível para a elaboração

e desenvolvimento de objetos visuais, viabilizando a ampliação do acervo de

soluções gráficas.

É nos fenómenos da perceção que a Gestalt descobre as condições para a

compreensão do comportamento do homem. A maneira como se percebe o estímulo

provocará o comportamento humano. Passo a citar alguns princípios fundamentais

e a partir dos quais a perceção se configura:

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 1) ” O todo é mais do que a soma das partes” - As imagens são

vistas como um todo mas também como partes.

 2) Princípio de Complementaridade do fecho – os indivíduos

tendem a ver as coisas como fechadas.

 3) Princípio de ilusão - os indivíduos tendem a ver as imagens como

diferentes quando são iguais.

 4) Princípio de semelhança - os indivíduos tentam a agrupar por

características semelhantes os objetos observados.

 5) a relação entre figura e fundo - Perante determinadas cores e

orientações espaciais, temos dificuldade em descriminar uma figura

em detrimento da outra.

O conceito de insight é de suma importância para a Gestalt. É definido como

um evento cognitivo no qual a relação e a ligação de eventos psicológicos conferem

forma à figura e fazem com que o sujeito compreenda a figura formada.

Em suma, coube a Max Wertheimer ser o fundador da teoria, ao ter

conseguido provar, experimentalmente, diferentes formas de organização percetiva

(o campo visual é percebido de uma forma organizada e com significado próprio

para cada um de nós).

Assim, já era válido defenderem o principal ponto de vista da escola desses

cientistas: o conhecimento do mundo obtém-se a partir de elementos que por si só

constituem formas organizadas. Para a psicologia da forma o todo é mais do que a

soma das partes que o constituem.

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A teoria da forma parte, assim, da perceção como um todo: as suas

propriedades não resultam da soma das propriedades dos seus elementos. Por

exemplo, mesmo nos casos em que há apenas uma figura (como um ponto negro)

desenhada numa folha branca, há uma totalidade, não existe só a figura, existe uma

figura desenhada que sobressai num fundo branco (na folha do papel).

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Conclusão:
Segundo Max Wertheimer, o pensamento produtivo é o nascimento de uma

idéia genuína, de um desenvolvimento produtivo, a transição de uma atitude cega

para o entendimento em um processo produtivo. (WERTHEIMER,1982, p. 1).

As visões tradicionais têm ignorado características importantes dos

processos do pensamento, porque em muitos outros livros estas visões são dadas

como certeza sem uma real investigação, porque em tais livros a discussão do

pensamento ocorre largamente em meras generalidades, e porque, para a maioria, a

visão da Gestalt é só superficialmente conhecida.

Este é um suporte e parece apropriado para tirar estas impressões erradas a

limpo, para discutir os problemas cruciais em concretas instâncias do,

resumidamente, pensamento produtivo, e em fazendo isto, dar a interpretação

gestáltica do pensamento. (WERTHEIMER, 1982, p. 3)

Ao contrário de grande parte das teorias que julgam serem os elementos que

se juntam na constituição de coisas ou organismos, os gestaltistas invertem a

questão. No Universo, o importante são os todos ou Gestalten. Esses todos podem

constituir as suas próprias partes.

A perceção é emocional, motivada, interpretada, subjetiva, logo é, falseável

e passível de erro.

Mesmo duas imagens iguais podem ter significados diferentes em função do

sujeito e do contexto sendo, este ultimo fundamental uma vez que, a perceção não

é hereditária e a aprendizagem também é contextual.

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Referencias Bibliográficas:
 Wertheimer, Max (1982) Productive thinking, New York, Harper.

 Wertheimer, Max (1996) Gestalt theory, London, Routledge & Kegan Paul

 Teixeira, Maria de Lourdes Trassi (2008) Psicologias: uma introdução ao

estudo da psicologia 14ª edição – São Paulo, Saraiva.

 Anotações da aula: Wertheimer, Koffka e Köhler

Webgrafia:
 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-

37722002000100002

 http://mlplus.hosted.exlibrisgroup.com/primo_library/libweb/action/search

.do?fn=search&ct=search&initialSearch=true&mode=Basic&tab=pesquisa

_rapida&indx=11&dum=true&srt=rank&vid=FCCN_V1&frbg=&tb=t&vl

%28freeText0%29=Max+Wertheimer+gestalt&scp.scps=primo_central_m

ultiple_fe

 http://pt.wikipedia.org/wiki/Gestalt#Sete_fundamentos_b.C3.A1sicos

 http://www.chasqueweb.ufrgs.br/~slomp/gestalt/gestalt-poligrafo.pdf

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