Você está na página 1de 112

Caderno do

Acolhimento
da Equipe Escolar,
Pais e Responsáveis
e Estudantes
Ensino Médio

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 1


2 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio
Caderno do
Acolhimento
Inclusivo
Ensino Médio

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 3


Realização

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Thereza Barreto
Coordenação: Johanna Faller
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: Elizane Mecena e Thereza Barreto
Leitura crítica: Thereza Barreto e Elizane Mecena
Edição de Texto: Luciano Cosmo
Revisão Ortográfica: Rosana Baú
Projeto Gráfico e Diagramação: Luciano Cosmo

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO


JCPM Trade Center
Av. Engenheiro Antônio de Góes, 60 - Pina | Sala 1702
CEP: 51010-000 | Recife, PE
Tel: +55 81 3327 8582
www.icebrasil.org.br
icebrasil@icebrasil.org.br

1ª Edição | 2020
© Copyright 2020 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. “Todos os direitos reservados”

4 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Caderno do Acolhimento
na perspectiva inclusiva Ensino Médio
Este é o Caderno do Acolhimento na Perspectiva Inclusiva. Ele introduz o volume que traz
o Caderno do Acolhimento do Ensino Médio e, nele, você encontra os conceitos e algumas
orientações fundamentais para a convivência com pessoas com deficiência durante a
realização do Acolhimento, sejam crianças ou adultos.

Os temas abordados neste Caderno são:

• Primeiros Toques;
• Deficiência Física;
• Deficiência Intelectual;
• Deficiência Múltipla;
• Outras Condições;
• Tecnologias Assistivas.

Desejamos que você realize bons estudos e desenvolva um excelente trabalho como
Jovem Protagonista na perspectiva inclusiva!

Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

Este é o Caderno do Acolhimento na Perspectiva Inclusiva. Ele introduz o volume que


traz os Cadernos do Acolhimento do Ensino Médio.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 5


A parte que vem antes

Este Caderno traduz a preocupação e o compromisso do ICE com uma educação


verdadeiramente para todos, uma vez que falar de Educação Integral é, necessariamente,
falar de Educação Inclusiva. O vínculo entre inclusão e uma escola que oferece Educação
Integral se dá na perspectiva de considerar o estudante como alguém único e singular,
que se desenvolve, a partir das suas potencialidades, nas suas múltiplas dimensões
como ser humano.

Este Caderno não tem a pretensão e nem a presunção de oferecer “uma receita” para a
prática da Educação Inclusiva nos diversos contextos e territórios nos quais o Instituto e
os Jovens Protagonistas atuam, mais do que isso, ele é o nosso compromisso declarado
em oferecer a garantia de que todo estudante tem o direito de “ser” e, dessa forma,
estabelecer caminhos para que efetivamente “seja”. Em outras palavras, destina-se a
todas e todos os estudantes a quem se deve garantir o direito de sonhar e de buscar a
realização do seu sonho.

Para percorrer este caminho, o Caderno traça um percurso reflexivo desde a importância
de se falar sobre a Educação Inclusiva até as recomendações do Instituto para que
os Jovens Protagonistas atuem sempre considerando uma educação na perspectiva
inclusiva. Reconhecemos essa necessidade uma vez que falar em Educação Integral no
Brasil pode não ser um assunto novo, mas, a sua efetivação nos projetos escolares e,
ainda mais, numa abordagem inclusiva para estudantes com deficiência é algo, ainda,
muito distante das práticas pedagógicas vivenciadas na escola e daquelas realizadas
pela gestão escolar.

Esperamos contribuir, junto aos Jovens Protagonistas, com sua reflexão sobre o tema
e com sua problematização local sobre como criar estratégias e ações, a partir de cada
contexto e de cada território, para que o Acolhimento se efetive sempre na consideração
da perspectiva inclusiva. Para isso, é essencial que os Princípios Educativos e bases
conceituais da Escola da Escolha estejam alinhados àqueles presentes nas Secretarias
Municipais ou Estaduais de Educação pois, assim, será possível continuarmos a
contribuir com a garantia de que todo e qualquer estudante, educador, pais e/ou
responsáveis sejam verdadeiramente acolhidos na perspectiva da integralidade da
Escola da Escolha.

6 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


PREZADO JOVEM PROTAGONISTA, QUE BOM TER VOCÊ AQUI!

Para começo de conversa, você sabia que as pessoas com deficiência são a maior
minoria existente e, mesmo assim, essa população tão expressiva é tratada como
invisível pela sociedade? Mas, como isso acontece? Não existem leis?

Bem, as dificuldades impostas a elas começam pelas barreiras arquitetônicas e físicas,


além das atitudes das pessoas que têm dificuldade em entender as diferenças e, por
consequência, as necessidades deste público.

Quando se trata das leis relacionadas à inclusão, o Brasil localiza-se numa das últimas
colocações quanto ao seu cumprimento e à garantia das condições de acessibilidade
às pessoas com deficiência. Isto compõe o acervo de alguns dos obstáculos encarados
cotidianamente por essa população a qual, ainda que imensa, é desconsiderada e
tratada como sendo “invisível”. Faltam-lhes calçadas acessíveis, transporte público
adaptado, edificações dotadas de rampas, entre outras estruturas.

Em cada Escola da Escolha implantada e na qual encontramos um estudante com


deficiência, CE-LE-BRA-MOS! Isso mesmo, nós celebramos, pois isso significa que o
trabalho e os esforços de muita gente em prol de uma educação para todos neste país,
deu resultados! Quando encontramos um estudante com deficiência nas escolas de
Ensino Médio, então, você nem imagina a nossa alegria, porque isso significa que ele
e sua família conseguiram vencer muitos obstáculos, já que a maioria dos jovens com
deficiência, no nosso país, ainda não consegue alcançar esse nível de escolaridade.

Mas, atenção! Não estamos aqui afirmando que os jovens com deficiência que
conseguem chegar ao Ensino Médio devam ser tratados como heróis. Não é disso que
estamos falando, mas, sim, da importância de reconhecer a sua identidade na diferença,
de tratá-lo como sujeito de direitos como qualquer outro que não tenha deficiência.

Avançamos muito, mas ainda falta muito para que possamos reverter essa situação.
No entanto, demonstrar atitudes de respeito e entendimento também pode fazer a
diferença para que essas pessoas exerçam sua cidadania e usufruam de serviços e
equipamentos.

Dessa maneira, para contribuir com as iniciativas que tornam estes atores visíveis e
fruidores de direitos como qualquer outra população, consideramos fundamental
para a sua formação e preparação para realizar o Acolhimento dos Estudantes, dos
Educadores e dos Pais e Responsáveis, trazer alguns conceitos, informações e
orientações para a convivência requerida de todos nós durante os dias de realização
desta prática educativa.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 7


É por esse motivo que este Caderno antecede os Cadernos do Acolhimento dos
Estudantes, dos Educadores e dos Pais e Responsáveis e reafirma o nosso compromisso
com uma educação que promova crianças, adolescentes e jovens brasileiros autônomos,
solidários e competentes, independente das suas circunstâncias.

Neste Caderno, você encontra informações que o apoiarão no Acolhimento dos


estudantes com deficiência nas Escolas da Escolha nas quais atuará. Ele é um
recorte do Manual de Convivência concebido por Mara Cristina Gabrilli, no qual nos
inspiramos para escrever este Caderno. Mara Gabrilli é uma psicóloga, publicitária
e política brasileira, fundadora do Instituto Mara Gabrilli, dedicado a desenvolver
programas de defesa dos direitos das pessoas com deficiência e projetos esportivos
e culturais, bem como pesquisas científicas. Mara é uma ativista social extremamente
atuante que sofreu um acidente automobilístico, em 1994, o qual a deixou tetraplégica.

O Manual de Convivência pode ser encontrado em https://www.maragabrilli.com.br/


wp-content/uploads/2017/10/manual_web.pdf e tem o seu download gratuito.

É muito bom ter você aqui, apoiando-nos na construção de uma sociedade mais justa,
fraterna e igualitária, verdadeiramente uma sociedade de todos e para todos

“Temos o direito de ser iguais


quando a nossa diferença nos inferioriza;
e temos o direito de ser diferentes
quando a nossa igualdade
nos descaracteriza. Daí a necessidade
de uma igualdade que reconheça
as diferenças e de uma diferença
que não produza, alimente
ou reproduza as desigualdades.”

Boaventura de Sousa Santos

8 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Primeiros Toques

AJUDAR OU NÃO AJUDAR... EIS A QUESTÃO!

Você está iniciando a sua preparação para executar o Acolhimento dos Estudantes,
dos Educadores e dos Pais e Responsáveis. Na sua realização, você poderá encontrar
estudantes com deficiência. Não tenha medo. Algumas situações podem parecer
embaraçosas, mas tudo vai depender da forma como você lidará com elas. Uma coisa,
entretanto, tem de estar muito clara: nunca subestime a eficiência de uma pessoa
com deficiência e nem superestime as suas dificuldades. Ter uma deficiência não faz
com que a pessoa seja melhor ou pior, somente impõe a necessidade de algum tipo de
adaptação. Essa é uma palavra extremamente importante por aqui.

Ao contrário do que se diz, as pessoas com deficiência não se importam em responder


a perguntas sobre sua deficiência. Para isso, a dica é simples: aja com naturalidade.
Perguntar sobre o que não conhecemos é sempre natural.

Bom, digamos que você encontrou uma pessoa com deficiência, perguntou o que
aconteceu, indagou sobre a deficiência etc. Então, você sente aquela inclinação para
oferecer ajuda. Se sentir essa vontade, ofereça. Mas, antes de fazê-lo, pergunte como
a pessoa quer ser ajudada. Se não soubermos exatamente como ajudar, acabamos
atrapalhando.

Vou dar um exemplo de uma situação em que normalmente usamos o impulso.

Uma pessoa que usa muletas precisa de ajuda para subir uma escada. Você, que nunca
ajudou uma pessoa com deficiência física antes, dispõe-se a ajudar e ... pimba, segura
na muleta e começa a impulsioná-la para cima.

Lamento, mas, apesar da boa intenção, essa não foi uma boa ideia. Fazendo isso, você
comete dois erros graves: o primeiro é que, segurando e puxando a muleta (que é o
apoio dessa pessoa), você tira o ponto fixo que a mantém em pé; o outro é mexer na
muleta sem pedir licença. Essas órteses, bem como a cadeira de rodas, são como uma
extensão do corpo da pessoa com deficiência. Seria a mesma coisa que uma pessoa,
disposta a te ajudar, fosse pegando no seu braço antes de perguntar se poderia.

Órteses são dispositivos médicos prescritos em caso de acidentes, doenças do


sistema locomotor ou sistemas de sustentação e promovem a recuperação. Tem como
objetivo ajudar as pessoas a aumentar sua mobilidade. Órteses podem estabilizar,
imobilizar, aliviar o corpo ou membros afetados, assim como fornecer orientação
fisiológica correta. Mal posicionamento e suporte de peso incorretos podem ser
evitados, contornados ou corrigidos. Em caso de deficiências permanentes, as órteses
podem manter as funções e prevenir ou reduzir a dor.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 9


Por outro lado, não se sinta mal caso você ofereça ajuda e a pessoa recuse. Muitas
pessoas são extremamente eficientes ao realizar determinadas atividades sozinhas e
podem fazê-las de forma ainda melhor se não receberem ajuda.

E, se o contrário acontecer, ou seja, se você for solicitado a ajudar? Se tiver segurança


para ajudar, vá em frente. Mas, se não se sentir seguro, seja honesto em recusar o
pedido, explicando que não tem segurança para ajudar.

A DEFICIÊNCIA NÃO É DOENÇA!

Para ajudar ou simplesmente conviver com uma pessoa com deficiência, vale sempre
reforçar alguns conceitos.

O primeiro deles é que deficiência e doença não são a mesma coisa! Uma pessoa que
necessita de uma cadeira de rodas para se deslocar está privada de andar, mas pode
ter uma saúde excepcional, tão boa – ou melhor – do que a sua. Por isso, ela deve ser
tratada normalmente, como tratamos as pessoas que conhecemos ou aquelas a quem
estamos sendo apresentados: com respeito, educação e simpatia, independente da
presença da cadeira de rodas.

Outro conceito é o de que uma pessoa com deficiência necessariamente tem mais
de uma deficiência. Vejamos: uma pessoa com deficiência física pode andar sozinha
ou acompanhada de outra, sem deficiência, e manter uma boa conversa. O que isso
quer dizer? Que não é pelo fato de ter uma deficiência física que necessariamente essa
pessoa não possa falar e/ou ouvir. Quem nunca viu a seguinte cena num restaurante:
uma mesa na qual se encontram várias pessoas e uma delas encontra-se na cadeira
de rodas. O garçom se aproxima para retirar o pedido, mas, para saber qual é o pedido
da pessoa que se encontra na cadeira de rodas, ele pergunta à outra pessoa que se
encontra ao seu lado porque presume que, pelo fato de ter uma deficiência física, essa
pessoa também tenha deficiência auditiva.

10 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Deficiência Física
As causas da deficiência física são diversas e podem estar ligadas a problemas
genéticos, complicações na gestação ou gravidez, assim como doenças infantis
ou acidentes. As causas pré-natais, ou seja, aquelas que acontecem antes de a
criança nascer, podem ser ocasionadas por remédios, álcool ou drogas consumidas
pela mãe, tentativas de aborto malsucedidas, perda de sangue durante a gravidez,
crises maternas de hipertensão, entre outras. Durante o nascimento, ainda outras
complicações podem comprometer os movimentos da criança (problemas respiratórios
na hora do nascimento, prematuridade etc.), mas, uma causa, já erradicada no Brasil,
fez um grande número de crianças ficarem com deficiência física: a poliomielite, mais
conhecida como paralisia infantil. A pólio, como também é chamada, foi combatida
graças às campanhas de vacinação. Por isso, não se esqueça de estimular as crianças,
sempre, para serem vacinadas. Isso é muito importante!

Outros motivos responsáveis por deixar muitas pessoas com deficiências físicas são
os acidentes de carro, a violência urbana, os acidentes de mergulho (principalmente
em água rasa, quando a pessoa quebra o pescoço), assim como a hipertensão e a
diabetes não cuidadas, por exemplo. Por isso é sempre tão importante, dentre outros
cuidados, dirigir conforme as normas de trânsito; não reagir durante eventuais assaltos
e sempre verificar a profundidade e a presença de pedras nos rios, mares ou lagos onde
for mergulhar. E, não esqueça, acompanhamento médico periódico para saber se a sua
saúde está bem faz parte de um ditado popular muito conhecido e igualmente sábio:
prevenir é muito melhor do que remediar e, às vezes, não há remédio para possibilitar
determinadas curas.

QUAIS SÃO OS TIPOS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA?

A deficiência física engloba vários tipos de limitação motora. São elas:

Paraplegia: paralisia total ou parcial dos membros inferiores,


comprometendo a função das pernas, tronco e outras funções
fisiológicas.

Tetraplegia: paralisia total ou parcial do corpo, comprometendo


a função dos braços e das pernas. O grau de imobilidade dos
membros superiores depende da altura da lesão.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 11


Hemiplegia: paralisia total ou parcial das funções de um
lado do corpo como consequência de lesões cerebrais.

Paralisia cerebral: termo amplo para designar um grupo


de limitações psicomotoras resultantes de uma lesão no
sistema nervoso central. Geralmente, pessoas com paralisia
cerebral possuem movimentos involuntários e espasmos
musculares repentinos – chamados espasticidade. Esses
espasmos também são verificados nas outras deficiências,
mas em menor intensidade.

Amputação: perda total ou parcial de um ou mais membros


do corpo.

E quando você for conversar com uma pessoa com deficiência, dirija-se diretamente a
ela. Vou dar um exemplo: uma pessoa com deficiência física pode andar por aí sozinha
ou acompanhada de outra, sem deficiência. Essa junção não quer dizer que, além de
não andar, por exemplo, a pessoa com deficiência também não possa ouvir e falar. Pode
parecer brincadeira, mas são inúmeras as situações em que isso acontece. Vou contar
uma. Certa vez, Maria, que anda em cadeira de rodas, estava com sua irmã mais nova
em um restaurante. O garçom, muito solícito, olhou para as duas e perguntou para a
Joana, que tinha 9 anos, qual prato as duas queriam. Ora, não seria correto o garçom
perguntar à Maria, ou a ambas, qual seria a refeição do dia?

HISTÓRIA 1

A altura do olhar

Aí vai mais um caso. Esse aconteceu com a Sofia, que é tetraplégica, ao ser
cumprimentada por um senhor que, sem saber (o que é claro, pois ninguém tem a
obrigação de conhecer a deficiência do outro, afinal, as pessoas não vêm com bula),
esticou a mão para um aperto de mãos. Quando ouviu a resposta de que a pessoa
não mexia os braços, ele saiu gritando: “ela não ouve, ela não ouve” – confundindo a
tetraplegia com surdez.

Quando for ajudar um amigo e guiar sua cadeira de rodas, não pense que é a mesma
coisa que empurrar um carrinho de supermercado. Ôpa, calma lá! Lembre-se de nunca
movimentar uma cadeira de rodas sem pedir permissão para quem está sentado nela.

12 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Fica uma boa reflexão: por que confundimos tanto as deficiências e por que nos
acanhamos quando algo dá errado? E mais: por que ficamos tão constrangidos na
presença de pessoas com deficiência de modo que, às vezes, preferimos ignorá-las?

Adiante. Imagine a situação: você chega ao supermercado, pega um carrinho e sai


guiando, feito um louco, pelas seções, à procura daquela novidade que anunciaram na
TV. E encontra! Quando pega o produto, encontra um conhecido (ou conhecida) que
também estava à procura da mesma mercadoria. Pronto, ficam alguns minutos ali,
trocando figurinhas. Pois é, pense que, na nossa situação hipotética, aquele carrinho
virado para a frente, e sem participar da conversa, podia ser um amigo que usa cadeira
de rodas. Então, tome cuidado para não deixar um cadeirante de fora da conversa.
Lembre-se sempre de virar a cadeira de rodas para que a pessoa com deficiência possa
ficar de frente aos seus interlocutores. Afinal, estavam todos à procura daquele mesmo
produto, lembra?

Cadeira de rodas

Repare na altura entre você e seu amigo cadeirante (palavra nova!). Antes de esticar
a conversa com ele, contando aquele caso que promete levar horas, procure ficar no
mesmo nível do seu olhar. Caso se poste de pé por muito tempo, além da possibilidade
de você ter câimbras terríveis, seu amigo pode ficar com um torcicolo e tanto. Sempre
que puder, procure sentar-se ou ficar na mesma altura do olhar de um cadeirante. Uma
conversa olho no olho é até mais excitante, não acha?

• Cadeirante: termo usado para designar as pessoas que andam em cadeira de rodas.

Ah! Mais uma coisinha: nada de sair guiando feito um louco. Isso não é bom nem com o
carrinho de supermercado, nem com o seu próprio carro (leia o começo deste capítulo e
veja que acidentes de carro podem ocasionar deficiências, seja em você, seja em outra
pessoa) e muito, muito menos com uma cadeira de rodas onde há uma pessoa sentada.
Não faça isso de jeito nenhum!

Também tem gente que acha que o colo ou a cadeira da pessoa com deficiência é
guarda-volumes. Não se esqueça de que a cadeira de rodas é quase a extensão do
corpo do seu dono. Você também não gostaria de que todos que chegassem perto de
você colocassem a bolsa no seu ombro, né?

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 13


HISTÓRIA 2

Subindo e descendo pequenos desníveis

Quando for ajudar uma pessoa na cadeira de rodas a subir um degrau, apoie na
manopla da cadeira e levante as rodinhas que ficam à frente da cadeira de modo a
alcançar o desnível. Transposto o obstáculo com as primeiras rodas, as duas outras,
maiores, tendem a passar com mais facilidade. Mas, cuidado! Essa manobra requer
força e muita segurança. Se for ajudar uma pessoa tetraplégica a descer um degrau
ou qualquer inclinação, procure sempre fazer de marcha à ré. Assim, o cadeirante fica
encostado na cadeira e mais seguro com o seu próprio corpo. No caso de pessoas com
paraplegia, elas preferem transpor os degraus de frente. Neste caso, só ajude se ela
pedir sua ajuda.

Vamos correr?

Não precisa se acanhar em usar palavras como “correr” ou “andar”. As pessoas com
deficiência física empregam naturalmente esses verbos. Todo mundo está correndo
atrás de algo, não é mesmo?

Se você presenciar um tombo de uma pessoa com deficiência, ofereça ajuda


imediatamente, mas nunca ajude sem perguntar se e como deve fazê-lo. Saiba que a
pessoa que está ali no chão não consegue fazer alguns movimentos e precisa, se ela
quiser, de um apoio para se recolocar na cadeira. Seja um cidadão consciente. Isso
ajuda e muito!

PARALISIA CEREBRAL

Algumas pessoas têm paralisia cerebral, o que não quer dizer que tenham deficiência
intelectual. E por que colocamos este tópico no meio de deficiência física? Porque as
pessoas que têm PC (abreviação muito usada para indicar essa condição) apresentam
limitações físicas e motoras. Vamos explicar isso melhor.

Devido a alguma lesão, o cérebro envia informações em desordem para a realização de


movimentos físicos. Assim, uma pessoa com PC pode apresentar expressões estranhas
no rosto, dificuldades na fala, gestos involuntários e dificuldades de locomoção, mas não
se intimide com isso. Elas mantêm a inteligência absolutamente intacta. Portanto, não as
subestime: elas raciocinam como você. Tenha paciência em ouvi-las, compreendê-las e
acompanhar seu ritmo. Se a fala estiver muito enrolada, peça que repita. Se não conseguir
compreender, pergunte. Procure sempre ter tempo para acompanhar essa pessoa, pois
seu ritmo é bem mais lento. Agora, o mais importante: não a trate como uma criança.
A dificuldade do corpo em compreender as ordens do cérebro já é imensa, portanto,
procure facilitar a sua relação com essa pessoa não a tratando com infantilidade.

14 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


TENHA CONSCIÊNCIA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA ACESSIBILIDADE!

Esteja atento à existência de barreiras arquitetônicas (qualquer tipo de impedimento

para a circulação de uma cadeira de rodas, como degraus, desníveis, falta de rampas etc.)
nos locais onde quer levar um amigo cadeirante, muletante (mais uma palavra nova) ou
com mobilidade reduzida. Se você não tiver o amigo, mas a consciência, também pode
reparar se há rampas no lugar de degraus, elevadores e outras acessibilidades para o
deslocamento de uma pessoa com deficiência, um idoso ou alguém obeso.

MULETAS

Pessoas que usam muletas têm um pouco mais de autonomia do que aquelas que
andam de cadeira de rodas, mas, ainda assim, podem precisar de ajuda em algumas
situações. A receita é a mesma: sempre se informe e pergunte se pode ajudar e como
deve proceder. Ofereça sua ajuda, mas dê preferência para que a pessoa peça.

Se você ficar responsável por guardar as muletas de uma pessoa, procure deixá-las
sempre ao alcance do seu usuário. Se houver um outro meio para a pessoa se deslocar,
guarde as muletas em local adequado e devolva-as assim que pedido. Houve um caso
(olha eu de novo) em que um rapaz entrou numa casa de shows com suas muletas, mas
o segurança implicou com os apoios – no regulamento da casa, ninguém poderia entrar
com nada além das bolsas. O rapaz entrou, depois de muita briga, porque queriam que
ele fosse sem as muletas, sentou-se no seu lugar e colocou as muletas ao seu lado. Em
dois minutos, quando voltou o olhar para dar aquela conferida, notou que as muletas
não estavam mais ali. Do outro lado do salão, o segurança sorria com ar de tarefa
cumprida. “É o fim da picada...”

Por último, ao caminhar, respeite o ritmo de andar da pessoa com deficiência. Mantenha-
se ao seu lado, mas não atrapalhe seu espaço de deslocamento. Ninguém precisa ficar
colado no pé do outro, não é, chulé?

Muletante: pessoa que usa muletas.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 15


NANISMO

Os anões são pessoas com estatura reduzida, atingindo entre 70 cm e 1,40 m na idade
adulta. Por conta disso, os anões têm sérias dificuldades de locomoção em cidades
planejadas para pessoas com média ou alta estatura. Essa observação – de que os anões
também precisam de acessos – levou essa parcela da população a ser considerada
como pessoas com deficiência pelo Decreto Federal 5.296/2004. Mas as dificuldades
que os anões enfrentam não ficam apenas no campo arquitetônico.

Os anões sofrem bastante com o preconceito. Muitas pessoas têm medo deles ou,
então, tratam-nos com infantilidade ou ridicularização. Tem gente que atravessa a rua
quando encontra um anão, outros desviam o olhar... Sabia que o maior índice de suicídio
entre as pessoas com deficiência localiza-se na comunidade anã? Pois é...

Por causa da baixa estatura, os anões não conseguem acessar muitos ambientes,
produtos e serviços de uso público, como balcões de atendimento, prateleiras
em supermercados, degraus, transportes, caixas eletrônicos, mobiliário público e
doméstico em geral (mesas, cadeiras, bancos, camas, estantes, armários etc.). Até
quando fazem adaptações para pessoas com deficiência, não pensam no anão.

Um caixa eletrônico, por exemplo. Há casos em que o cadeirante consegue acessar um


caixa eletrônico adaptado, mas, mesmo este modelo – que é mais baixo – não serve
para o acesso de um anão. Ele não consegue, por causa do comprimento dos seus
braços, alcançar as teclas. De qualquer forma, a indicação é: trate-os com respeito e
consideração. É essa a receita…

Deficiência Visual
Há muitos tipos de deficiência visual. Algumas pessoas veem apenas o que está
diretamente na sua frente e nada do que está ao lado – o que chamamos de visão
tubular; outras enxergam os objetos como um quebra-cabeças em que faltasse uma
ou duas peças. Ainda há pessoas que têm baixa visão, ou seja, enxergam muito pouco,
mas, ainda assim, são capazes de utilizar a visão para o planejamento e execução de
uma tarefa. E, claro, existem aquelas que não veem absolutamente nada. A gravidade
da deficiência visual depende da parte dos olhos que estiver danificada.

As pessoas com deficiência visual, ou seja, as pessoas que têm baixa visão ou cegueira,
também precisam de auxílio para usufruir de alguns recursos que a sociedade oferece.

16 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Faz parte do apoio às pessoas cegas, por exemplo, o Sistema Braille para leitura e
escrita (aquelas bolinhas que ficam salientes em um papel e que podem ser feitas por
meio do reglete, o qual possibilita que se escreva em Braille); o Sorobã, uma caixinha
que ajuda na execução de cálculos matemáticos e a bengala ou o cão-guia, que ajudam
na sua locomoção e mobilidade. Também existem softwares específicos para que
pessoas com deficiência visual tenham acesso a computadores, por exemplo. Além
disso, foram desenvolvidas várias outras tecnologias para dar autonomia aos cegos,
como elevadores, telefones, relógios, dentre outros equipamentos, com comandos de
voz. É importante lembrar que não só as pessoas cegas, mas também aquelas com
baixa visão podem precisar de algum tipo de apoio.

Isso não quer dizer, necessariamente, que essas pessoas precisem da sua ajuda. Aliás,
essa dica é básica e vai fazer parte de todos os tópicos deste Caderno. Afinal, imagine-
se andando pela rua e, em cada esquina que você atravessar, ter alguém perguntando
se você precisa de alguma coisa. Chato, não? Claro que, no caso das pessoas com
deficiência, algumas vezes, a ajuda é necessária. Se você se deparar com uma situação
na qual o apoio é imprescindível, aproxime-se, diga o seu nome e ofereça seu auxílio.
Mas nunca ajude sem antes perguntar como deve fazer.

reglete: uma chapa retangular de metal com os vários quadrados que


contém seis furos os quais permitem as combinações das letras em braille. A chapa
fica em cima de uma prancheta comum, onde o cego encaixa uma folha de sulfite com
gramatura maior para sustentar as bolinhas demarcadas.

Dica 1: o encontro

Ao se encontrar com uma pessoa cega, caso você não a conheça,


toque em seu braço, apresente-se e, então, inicie a conversa. Se
você já a conhece, toque no seu braço e diga o seu nome. Um
beijinho e um aperto de mão também são bem-vindos. Todo mundo
gosta de ser bem tratado! Depois do primeiro encontro, se você
quiser apresentar essa pessoa para os seus outros amigos, faça-o
tomando alguns cuidados. Por exemplo, nunca se esqueça de virar
a pessoa cega para a frente de quem quer apresentar, assim você
evita que ela possa estender a mão para o vazio que fica do lado
contrário dessas pessoas. Outro detalhe é nunca se afastar sem
anunciar que está saindo do lado dela. Às vezes, a pessoa cega fica
chamando um amigo que já está a metros de distância.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 17


Mais uma coisa: quando for apresentar um deficiente visual
aos seus amigos, avise a quem ele for apresentado sobre a
deficiência. Esse procedimento facilita a interação entre as duas
pessoas, pois não dá oportunidade para possíveis situações
embaraçosas. Certa vez, fui apresentar um amigo com deficiência
visual a um grupo de conhecidos que aguardavam na entrada
do cinema. Fiz o cordial “fulano, este é ciclano”, “beltrano, este é
João”. Como as pessoas não notaram a deficiência desse meu
amigo, saíram de perto e deixaram-no ali, de mão estendida ao
vento. Não há mal nenhum em dizer: “fulano, este é beltrano, meu
amigo deficiente visual”. Não é um rótulo, é uma informação. E
estamos aprendendo aqui que determinadas informações são
valiosíssimas, pois desmistificam muita coisa, não é?

Dica 2: os ambientes

Ao receber uma pessoa cega no seu local de trabalho ou na sua


casa, faça uma primeira visita monitorada, dizendo onde ficam os
cômodos desses locais. Ao explicar as direções, seja o mais claro
possível e, de preferência, indique as distâncias em metros. Você
pode usar também expressões como direita, esquerda, frente
e atrás, mas nunca aqui e ali, que não dizem nada para quem
não enxerga. Ah! Também nunca deixe portas entreabertas em
ambientes onde esteja ou possa estar uma pessoa cega; elas
devem estar ou totalmente abertas ou totalmente fechadas.

Conserve os corredores e os lugares de passagem livres de


obstáculos e sempre avise se a mobília for mudada de lugar.
Quando você explica a localização de cada área, você dá
autonomia para que a pessoa cega possa ir a qualquer uma
delas quando quiser. Por exemplo, se essa pessoa quiser ir ao
banheiro, não vai precisar ficar perguntando ou dependendo do
favor de quem quer que seja.

Agora, se você for levar uma pessoa cega a um ambiente novo,


diga-lhe, muito discretamente, onde estão os objetos, mobílias
e cômodos. Avise também quem são as pessoas que estão
nesse lugar.

18 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Bom senso: em um corredor estreito, onde só pode passar uma
pessoa, vá à frente e coloque seu braço para trás de modo que a
pessoa cega possa continuar a seguir você.

Lembra da dica de que a cadeira de rodas é como uma extensão


da pessoa com deficiência física? Então, a bengala é como uma
extensão da pessoa com deficiência visual. Portanto, não a puxe
pela bengala e nem tente guiá-la por esse equipamento. Mais uma
coisinha: se você perceber que a pessoa cega está com a blusa
do avesso, as meias trocadas ou com os botões fora de ordem,
não tenha receio de avisá-la. Contudo, faça-o com cuidado e
discretamente. Ninguém quer que o mundo saiba que deu uma
bola fora dessas, né?

Dica 3: a rua

Caso a pessoa cega precise se locomover como atravessar uma


rua, por exemplo, e tenha aceitado a sua ajuda, coloque a mão
dela no seu cotovelo dobrado ou no seu ombro, e deixe que ela
acompanhe o seu corpo enquanto vai andando. Avise, sempre
com antecedência, se existem degraus, pisos escorregadios,
buracos ou qualquer outro obstáculo que possa impedir a livre
circulação de vocês durante o trajeto. Detalhe: não

ande como uma tartaruga, mas não pense em correr como uma
lebre. Lembre-se sempre de usar o bom senso. Em um corredor
estreito, onde só pode passar uma pessoa, vá à frente e coloque
seu braço para trás de modo que a pessoa cega possa continuar
a seguir você.

Lembra da dica que fala que a cadeira de rodas é como uma


extensão da pessoa com deficiência física? Então, a bengala é
como uma extensão da pessoa com deficiência visual. Portanto,
não a puxe pela bengala e nem tente guiá-la por esse equipamento.

Mais uma coisinha: se você perceber que a pessoa cega está com
a blusa do avesso, as meias trocadas ou com os botões fora de
ordem, não tenha receio de avisá-la. Mas, faça-o com cuidado e
discretamente. Ninguém quer que o mundo saiba que deu uma
bola fora dessas, né?

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 19


Dica 4: para sentar

Caso a pessoa cega precise se locomover, atravessando uma


rua, por exemplo, e tenha aceitado a sua ajuda, coloque a mão
dela no seu cotovelo dobrado ou no seu ombro e deixe que ela
acompanhe o seu corpo enquanto vai andando. Avise, sempre
com antecedência, se existem degraus, pisos escorregadios,
buracos ou qualquer outro obstáculo que possa impedir a livre
circulação de vocês durante o trajeto. Detalhe: não ande como
uma tartaruga, mas também não pense em correr como uma
lebre. Lembre-se sempre de usar o bom senso.


Ao conduzir uma pessoa cega para se sentar, direcione suas


mãos por trás do encosto do assento, seja este uma cadeira, um
banco ou uma poltrona. Não esqueça de avisá-la se o assento tem
ou não braços, assim, ela pode se orientar em relação ao espaço e
às pessoas presentes. Já no automóvel, coloque a mão da pessoa
cega na lateral da porta e, em seguida, no encosto do assento.
Com essas orientações, ela pode entrar sozinha no veículo.

Agora, esta dica é a mais importante: se você estiver com uma


pessoa cega no interior de um carro, certifique-se de que seus
dedos estejam bem seguros. Para um cego, qualquer desfalque nas
mãos é péssimo, pois o mundo lhe é sentido por meio do tato. Ajude
a cuidar bem dessa preciosa riqueza da pessoa cega: os dedos.

Dica 5: o cão-guia

Você já deve ter ouvido falar desse cão que acompanha o


deficiente visual, servindo-lhe de olhos. Como o próprio nome
sugere, o cão-guia é responsável pela autonomia do cego. Bem
treinado, ele enfrenta, com domínio e tranquilidade, o desafio
de facilitar o acesso e conduzir com segurança as pessoas com
deficiência visual.

Nunca acaricie ou dê alimentos a esse animal. Os cães-guia têm


um trabalho de muita responsabilidade e, de acordo com seu
treinamento, qualquer recompensa – seja comida ou carinho – é
uma forma de avisá-lo que está em seu momento de folga. Essas
interferências desmobilizam a guarda e a atenção do cão e podem
colocar em perigo a vida do deficiente visual. Muito cuidado!

20 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio



Dica 6: uma reunião

Agora vamos nos concentrar para imaginar a seguinte cena. Você


vai participar de uma reunião com outras oito pessoas que ainda
não conhece e, como é de praxe, antes de se sentarem em volta
da indefectível mesa redonda, você se apresenta e troca cartões
com todas elas. O tema é logística e quem abafa nesse assunto é o
seu chefe Jair, que é deficiente visual. Ele está um pouco atrasado
e pediu para você adiantar o encontro para não perderem tempo.
A reunião já está avançada quando o Jair entra e senta-se. Passa-
se, então, toda a reunião e Jair permanece calado.

Você estranha muito e, quando chega ao final, depois das


despedidas, pergunta para ele por que não se pronunciou, já
que sabe tudo sobre o tema. Enfim, ele responde: “Ana, eu não
sabia quais eram as pessoas que estavam na sala. Como iria me
posicionar sem saber com quem estou conversando?”. Ops, você
pensa: “que gafe!”. Por isso, sempre que estiver em um local de
reunião com uma pessoa com deficiência visual, diga o nome das
pessoas que estão ali para que ela possa saber e se direcionar ao
seu interlocutor. É isso.

Por fim...

Quando você for ajudar uma pessoa cega a fazer uso do banheiro, procure ser natural,
afinal, fazer xixi não é coisa do outro mundo. Num local público, por exemplo, procure
descrever a posição dos equipamentos presentes no ambiente, isso facilita a autonomia
dessas pessoas. Mas tome alguns cuidados: veja antes se o local a ser utilizado está
limpo e diga onde estão o rolo de papel higiênico e o cesto; se possível, ou em caso
de necessidade, espere pela pessoa, leve-a até a pia para lavar as mãos e informe a
localização de toalhas e/ou secador de mãos; se a pessoa com deficiência for do sexo
oposto ao seu, procure alguém do mesmo sexo para ajudá-la. Aja com naturalidade,
assim, a pessoa que for ajudar também agirá.

Todas as deficiências têm características próprias e acessibilidades necessárias. É


importante conhecer todas elas para que confusões não sejam feitas. Por exemplo,
algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam
com pessoas cegas. A menos que a pessoa também tenha deficiência auditiva, não faz
nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 21


VISÃO SUBNORMAL

A visão subnormal não deve ser confundida com a cegueira, pois quem tem essa
deficiência possui uma visão que pode, eventualmente, ser melhorada por meio de
técnicas e auxílios especiais, como o uso de óculos, lentes de contato ou eventuais
tratamentos e cirurgias oftalmológicas. A diminuição da capacidade visual pode vir
acompanhada também de alteração do campo visual. A pessoa com visão subnormal
pode enxergar como se olhasse por um tubo ou pode apresentar uma grande mancha
escura na parte central da visão ao tentar fixar um objeto.

Pedagogicamente, diz-se que uma pessoa tem visão subnormal quando ela lê tipos
impressos ampliados ou com o auxílio de potentes recursos ópticos. Muitas delas têm
enorme dificuldade para ler e reconhecer pessoas e objetos.

Embora o uso da bengala seja essencial para a segurança de pessoas com visão
subnormal, principalmente para transitar em lugares mal iluminados, para sua
locomoção à noite ou para atravessar ruas, infelizmente, poucas pessoas com essa
deficiência utilizam esse recurso. Observa-se uma grande resistência ao uso da bengala
– tanto por parte das pessoas com visão subnormal, quanto de seus familiares – por
causa do preconceito que ainda existe em relação à cegueira e ao cego.

CAUSAS

No adulto, as causas mais comuns da visão subnormal são: a coriorretinite macular, a


degeneração macular senil, a retinose pigmentar, a toxoplasmose, as atrofias do nervo
óptico, a alta miopia, a retinopatia diabética e o glaucoma. Nas crianças, a desnutrição,
a coriorretinite macular, a catarata congênita, o glaucoma congênito e a atrofia óptica
são causas comuns que também podem levar à cegueira.

Deficiência Auditiva
A deficiência auditiva é a redução ou ausência da capacidade de ouvir determinados
sons, em diferentes graus de intensidade, devido a fatores que afetam a orelha externa,
média ou interna. As características da surdez dependem do tipo e da gravidade do
problema que a causou e se é pré-linguística, adquirida antes da fala, ou pós-linguística.
A surdez de grau leve pode ser observada quando as pessoas não se dão conta de que
ouvem menos e tendem a aumentar progressivamente a intensidade da voz, porém,
ouvem qualquer som desde que em volume mais alto (na maioria dos casos, não há
necessidade de aparelhos de amplificação sonora individual – AASI).

22 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Quando a surdez passa a ser moderada, a pessoa, normalmente, fala muito “hein?!”,
tem dificuldade de ouvir ao telefone, realiza trocas nos sons da fala e precisa de apoio
visual para adequá-los. Já a surdez severa faz com que as pessoas não escutem sons
importantes do dia-a-dia, como a voz das pessoas, a campainha ou a TV, por exemplo,
e escutem apenas sons fortes. Por fim, a surdez profunda impede que a pessoa escute
a maioria dos sons, percebendo apenas os sons graves que transmitem vibração, como
um avião ou um trovão.

A surdez pode ser congênita (decorrente de problemas nos períodos pré-natal) ou


adquirida (relacionada a problemas ocorridos no perinatal e no pós-natal. As principais
causas da surdez congênita são a hereditariedade, viroses maternas (rubéola,
toxoplasmose, citomegalovírus, entre outras) e o uso de drogas consideradas ototóxicas
durante a gravidez. No período perinatal, os partos traumáticos (demorados demais), a
prematuridade (peso abaixo de 1500gr) e a icterícia intensa do recém-nascido podem
provocar perda auditiva. No período pós-natal, infecções como meningite e caxumba,
fatores ambientais, como exposição a ruído excessivo e uso de drogas ototóxicas
podem tornar surdas pessoas com audição normal.

Dica muito importante: a PREVENÇÃO é uma forte aliada contra a deficiência auditiva
e a surdez. Cuide sempre da vacinação contra a rubéola, a caxumba, a meningite e o
sarampo (importantes tanto para a mãe, quanto para o filho), não ingira remédios sem
acompanhamento médico e, quando tiver filhos, faça o Teste da Orelhinha. Procure,
também, não frequentar ambientes com barulho ou ruídos muito altos. Ao perceber
qualquer alteração na audição, procure um médico.

O SURDO

Esse é um bom começo para o relacionamento com uma pessoa surda. Chame-o de
surdo. Risque da agenda os termos surdo-mudo, surdinho ou mudinho. Mudo é quem
não consegue falar. O surdo pode falar, mas isso depende do quanto ele percebe
auditivamente a fala e do quanto ele sabe sobre a Língua Portuguesa. Além disso, ele
se comunica, sim, mas usa uma língua diferente da que nós, ouvintes, usamos. Ele usa
a Língua de Sinais, que é uma língua de modalidade visual-espacial, oficializada como
língua pela Lei 10.436, de 2002. Não subestime as diferentes formas de comunicação
que as pessoas podem desenvolver.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 23


A surdez/deficiência auditiva é a que mais particularidades apresenta e a de mais
difícil interação na sociedade. A comunidade surda costuma se isolar por se sentir
incompreendida, a começar pela sua língua diferenciada, que poucas pessoas conhecem.
A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é produzida por meio de diferentes colocações das
mãos, posicionadas em diferentes partes do corpo (do alto da cabeça, à linha da cintura e
um pouco além dos ombros), permitindo a realização de vários movimentos. A orientação
das palmas das mãos, assim como a expressão facial e o movimento corporal (conhecidos
como traços não-manuais) também são fundamentais na produção dos sinais.

Os surdos mais oralizados, muitas vezes, preferem se comunicar por meio da fala e da
leitura orofacial (dos movimentos dos lábios e dos músculos da face).

Para um surdo, é uma questão absolutamente coerente pensar que o sol faz barulho
quando toca o chão, assim como a chuva quando cai. Nunca nos pegamos pensando
sobre isso porque simplesmente sabemos que a chuva faz barulho e o sol não. Mas,
para o surdo, todos os barulhos têm de ser explicados e relacionados. Aliás, sabe como
um surdo bate palmas? Fazendo sucessivas meias-voltas com as mãos...

A CONVIVÊNCIA

O segredo, como você bem reparou, é sempre o mesmo: respeito. Se for conversar com
uma pessoa surda, dirija-se a ela. Os surdos que aprenderam a fazer leitura labial vão
comunicar-se com você. Caso a pessoa surda com quem você quer se comunicar não
conheça esse recurso, com certeza, vai pedir ajuda. Mas dirija-se a ela. Ah! Antes desse
contato, você precisa chegar até a pessoa surda. Quando se aproximar, toque no seu
braço (leia abaixo sobre o toque) ou acene para chamar sua atenção.

Mais uma coisinha. Quando for conversar com o surdo, fique de frente para ele, o que
facilita a leitura labial. Fale em uma altura normal – nem é preciso dizer que não adianta
gritar – e pausadamente, palavra por palavra. Procure não desviar o olhar. Se você o
fizer, o surdo pode achar que a conversa terminou.

A expressão facial é fundamental para a comunicação com a pessoa surda. Portanto,


seja expressivo ao falar, mas não exagere. Mudanças sutis na entonação da voz para
indicar sentimentos não são comunicações válidas, por isso, expresse corporalmente
e facialmente o que quer dizer. Procure não obstruir a visualização do seu rosto. Uma
curiosidade: pessoas que usam bigode comprido não são interlocutores possíveis para
os surdos. Imagine estes tentando fazer leitura labial do Sr. Bigode!

24 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


O TOQUE

Importantíssimo este item. Não se assuste, os surdos tocam você. Com suavidade
e respeito, o surdo usa o toque da mão para chamar sua atenção, para iniciar uma
conversa ou para pedir licença. E o inverso é extremamente verdadeiro. Outro dia
assisti a uma palestra onde o palestrante era surdo e estava explicando exatamente
essas particularidades. Muitas pessoas não gostam de ser tocadas, pois acham essa
aproximação uma intimidade não permitida a quem não se conhece. Agora, imagine
a situação: um surdo no metrô, às seis horas da tarde, tentando descer numa estação
antes de todos que estão naquela situação de “sardinha enlatada”. Ele não consegue
pedir a cordial “licença, licencinha”. O que ele faz? Ele toca as pessoas e sorri. Você,
completamente leigo, imagina: “que pessoa inconveniente, me tocando assim...”. Preste
atenção antes de vociferar indecências no meio da multidão. Verifique se a pessoa em
questão é surda e se está, simplesmente, pedindo passagem. Como descobrir? Pela
sua expressão facial.

Outra particularidade: na festa de aniversário deste ano, você, que já fez um monte
de amigos surdos, convidou todos para repartirem seu bolo de chocolate. Lá pelas
tantas, percebe que eles não descolaram da mesa um segundo sequer. Você pensa:
“Que fominhas! Já estão querendo comer!”. Pode até ser, porque ninguém resiste a
chocolate. Mas repare: eles precisam de um local para aparar os copos, pois utilizam as
mãos para se comunicar.

Da próxima vez, já sabe: reserve uma mesa para que eles não tenham de dividir espaço
com o bolo, os salgados e afins. Ninguém gosta muito de ser tachado de fominha...

A COMUNICAÇÃO

A Libras é um sistema linguístico legítimo e natural, utilizado pela comunidade surda


no Brasil, de modalidade visual-espacial e com estrutura gramatical independente da
Língua Portuguesa. A Libras é muito difundida, principalmente o alfabeto gesticulado
pelas mãos, chamado Alfabeto Manual ou Datilológico. Para estabelecer a comunicação
informal com os surdos, procure usar a Libras, se souber. Caso contrário, perceba se
o surdo que está à sua frente faz a leitura labial. Se ele fizer, a comunicação pode se
estabelecer pela fala. Outra opção é, se ele souber ler e escrever, usar a escrita. O
importante é se comunicar com os surdos. Já em situações formais, como entrevista,
locais públicos, entre outros, garanta a presença de alguém que saiba Língua de Sinais
para evitar mal-entendidos.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 25


Em eventos, sempre procure contratar um intérprete de Libras. O direito dos surdos a
intérpretes está previsto no Decreto no 5.296, de 2004, no artigo 26, o qual estabelece
que “as empresas concessionárias de serviços públicos e os órgãos da administração
pública federal, direta e indireta, devem garantir às pessoas surdas o tratamento
diferenciado, por meio do uso e difusão de Libras e da tradução e interpretação de
Libras – Língua Portuguesa, realizados por servidores e empregados capacitados para
essa função, bem como o acesso às tecnologias de informação”.

É interessante saber que a Língua Brasileira de Sinais, como o próprio nome já diz, é
um sistema linguístico brasileiro. Outros países têm outras línguas de sinais. Assim, a
língua de sinais não é universal, embora, por ser visual-espacial, não seja muito difícil de
ser compreendida pelos surdos de outros países.

Nem sempre as pessoas surdas que conseguem falar têm boa dicção. Portanto, não se
sinta incomodado se precisar pedir que ela repita as frases caso não tenha entendido
alguma coisa. A maioria dos surdos não se incomoda de repetir até que se entenda o
que querem falar.

A língua de sinais é uma língua como a portuguesa, a inglesa ou a italiana, ou seja, tem
gente que aprendeu o português e o inglês, só o português ou só a Libras. Uma grande
parte dos surdos não conhece a Língua Portuguesa e se comunica apenas pela Libras,
daí a importância de colocar – como há no horário eleitoral gratuito – intérpretes de
Libras para fazerem a tradução de um programa ou evento. É a mesma coisa de você
estar em um encontro com muitas pessoas que falam alemão e você não saber patavinas
dessa língua. Se não houver um intérprete para o português, como você faz? Não faz!

Deficiência Intelectual
A deficiência intelectual ou deficiência mental, de acordo com a Associação Americana
de Deficiência Intelectual e do Desenvolvimento (American Association on Intellectual
and Development Disabilities ou AAIDD), consiste no:

(...) funcionamento mental significativamente abaixo da média, oriundo


do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas
a duas ou mais áreas da conduta adaptativa, ou da sociedade, nos
seguintes aspectos: comunicação, cuidados especiais, habilidades sociais,
desempenho na família e comodidade, independência na locomoção,
saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.

26 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Quando falamos de deficiência intelectual, é comum as pessoas fazerem uma relação
imediata com a doença mental. Não se engane, pois não são equivalentes. A doença
mental configura-se pela alteração da percepção individual e da realidade, o que,
nem sempre, acontece com pessoas com déficit intelectual, as quais não apresentam
sintomas patológicos verificados nas doenças mentais como neuroses graves,
psicoses agudas ou casos de demência. Portanto, a primeira regra de relacionamento
com pessoas com deficiência intelectual é: não as tratar como doentes. Isso pode
prejudicar os processos de mediação, trazendo sérias consequências ao seu
desenvolvimento. Não podemos esquecer que elas são saudáveis.

Resumindo: não confunda deficiência intelectual com doença mental. Mas vale
lembrar algumas boas dicas, como as de que se a pessoa com deficiência intelectual
for uma criança, é importante trata-la como uma criança. Se for um adulto, tratá-la
como um adulto. Se for adolescente, também tratá-la como tal. Assim, devemos agir
naturalmente, percebendo e respeitando as diferenças.

As pessoas com deficiência intelectual levam mais tempo para aprender e compreender
solicitações. Tenha paciência e explique quantas vezes forem necessárias para que
elas possam entender o que está sendo pedido. Não desanime caso haja retornos
negativos, o importante é favorecer essa integração, sempre estimulando para que
elas possam cooperar e se relacionar. Ah! Posturas positivas, nada de desestímulos.

Uma orientação fundamental: não seja superprotetor. Permita que a pessoa com
deficiência intelectual – que mantém íntegras a percepção dela mesma e da realidade
– faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Auxilie apenas no que for estritamente
necessário. É preciso observar e aprender o ritmo das pessoas, afinal, cada um
tem o seu. As pessoas com deficiência intelectual levam mais tempo para executar
determinadas tarefas. Deste modo, repita a orientação de forma clara e simples até
que seja compreendida.

Quando for conversar, fale de maneira adequada (nem tão rápido quanto uma locução de
futebol, nem tão lento que pareça uma vitrola em baixa rotação) e não use diminutivos.
Expressões como “que coisinha da mamãezinha mais lindinha” só podem servir se a
pessoa em questão tiver menos de um ano. Mais do que isso, já não cola...

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 27


UM PEDIDO...

Se for pedir alguma coisa para uma pessoa com deficiência intelectual e notar que ela não
consegue fazer, mostre um modelo e certifique-se de que ela compreendeu. Respeite
seu ritmo. Pode demorar, mas você terá uma surpresa com o resultado. Importante
também é explicar quais são as posturas que precisam ser adotadas no comportamento,
por exemplo. Condutas inadequadas devem ser trabalhadas e reorientadas de forma
firme e clara. Contudo, não se assuste se ouvir um xingamento: pessoas com deficiência
intelectual também sentem raiva, tristeza, desejos e descontentamento com ordens
severas, como qualquer pessoa.

MEU NOME É JOÃO!

Nunca chame uma pessoa com deficiência pelo seu quadro clínico. “Olá, fulano, esse
aqui é aquele meu primo que tem deficiência intelectual”. Pior ainda se sair algo como
“ele é doente mental”. Sei que a gente não usa isso, mas sempre vale a pena reforçar.
Afinal, já percebemos que certos termos são PEJORATIVOS e não devem ser usados.
NUNCA. NUNCA. NUNCA.

Como fazer?: “Olá, Maria, esse é o meu primo João”. “João, essa é a Maria, uma grande
amiga minha que quero que você conheça”. Viu? É simples.

JOÃO NO TRABALHO

Ao contrário do que muita gente pensa, pessoas com deficiência intelectual podem
e devem trabalhar. Estabelecer esse contato de trabalho e tornar as pessoas
economicamente ativas faz parte da arte de inseri-las na sociedade. A sugestão aqui é
estabelecer uma ROTINA de trabalho para elas. Coisas simples, mas bem explicadas,
funcionam como um toque de mágica para que o dia transcorra produtivamente.

CALMA!

Se você encontrar na rua uma pessoa com deficiência intelectual que esteja perdida,
em primeiríssimo lugar, tente acalmá-la. Assim como nós, elas costumam ficar
muito nervosas quando estão em situações inusitadas. Depois de acalmá-la, faça
perguntas simples sobre como ajudar. Pergunte também se ela possui algum cartão
de identificação. É comum que as pessoas com deficiência intelectual andem com esse
tipo de cartão com dados como endereço e telefone de contato.

28 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


MITOS

Pessoas com deficiência intelectual...

• ...são doentes.
Já descobrimos que elas não têm uma doença e sim uma deficiência.

• ...morrem cedo devido a graves e incontornáveis problemas de saúde.


Pessoas com deficiência podem morrer em decorrência de algumas
complicações que estejam ligadas à deficiência, mas isso não é comum.

• ...precisam usar remédios controlados.


Pessoas com deficiência intelectual podem até usar remédios para
controlar alguma disfunção, mas, normalmente, usam-nos para fins
comuns, como uma gripe, dor de cabeça...

• ...são agressivas e perigosas, dóceis ou cordiais.


As pessoas com deficiência intelectual, assim como as demais
pessoas, refletem o ambiente em que vivem, afinal, a personalidade é
socialmente construída.

• ...são generalizadamente incompetentes.


Pessoas com deficiência intelectual podem – e devem – trabalhar.

• ...são culpadas pela sua condição ou existe alguém culpado por isso.
Não há culpados. Por isso, devemos tratar as pessoas com deficiência
intelectual com dignidade e respeito, como tratamos todas as pessoas.

• ...não conseguem receber ajuda do meio ambiente.


Costumamos dizer exatamente o contrário: o meio é que é deficiente,
não as pessoas.

• ...só estão bem com outros iguais a eles.


O relacionamento com pessoas sem deficiência pode ajudar no
desenvolvimento delas. Portanto, essa interação é essencial.

• só aprendem até um determinado limite.


Não é verdade. Dadas as condições de aprendizado, eles aprendem
qualquer coisa, inclusive a abstrair, que é uma capacidade mental
complexa.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 29


Deficiência Múltipla
É a associação de duas ou mais deficiências, podendo ser:

• Deficiência intelectual associada à deficiência física;

• Deficiência auditiva associada à deficiência intelectual e à deficiência física;

• Deficiência visual associada à paralisia cerebral.

Segundo a definição da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC):

Deficiência múltipla é a expressão adotada para designar pessoas que têm mais de
uma deficiência. É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de
pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos
intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social.

Para lidar com uma pessoa que tenha deficiência múltipla, observe-a ou pergunte a
quem a acompanha. O relacionamento se estabelece de acordo com as orientações já
elencadas nesse manual nos itens anteriores.

SURDOCEGUEIRA

É uma deficiência única, que apresenta a perda da audição e da visão concomitantemente,


em diferentes graus, o que leva a pessoa surdocega a desenvolver diferentes formas
de comunicação para entender e interagir com as pessoas e com o meio ambiente. Há
tempos, essa deficiência era considerada como deficiência múltipla sensorial, mas suas
particularidades comunicacionais estabeleceram a necessidade de uma designação e
uma especificação de deficiência próprias. A surdocegueira é a deficiência sensorial
em sua plenitude, pois o contato com o mundo exterior pode ser totalmente cerceado.

Pessoas que têm surdocegueira podem apresentar diferentes níveis da deficiência. Há


surdocego que enxergue pouco e não ouça nada, bem como quem ouça um pouco e não
enxergue nada. Há também quem não pode ouvir e nem ver completamente nada. De
acordo com o senso realizado pelo MEC (Ministério da Educação), no Brasil, existem 1.250
pessoas com surdocegueira. Porém, especialistas da área acreditam ter muito mais.

30 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


COMO SE RELACIONAR COM UM SURDOCEGO?

Pergunte como deve se comunicar com o surdocego ao seu guia-intérprete ou ao


acompanhante. As formas são variadas e extremamente particulares.

Os surdocegos andam, normalmente, com um guia-intérprete ao seu lado para


conseguir estabelecer a comunicação com outras pessoas. Quando chegar perto de
um surdocego, toque-o levemente na mão para sinalizar que está ao seu lado. O guia-
intérprete é quem vai guiar essa interação. Alguns surdocegos se comunicam colocando
a mão em sua boca para sentir a vibração do som que você está emitindo.

A COMUNICAÇÃO COM PESSOAS SURDOCEGAS

Os sistemas de comunicação usados pelas pessoas surdocegas são divididos em


Alfabéticos e Não Alfabéticos. Vamos conhecê-los.

• SISTEMAS ALFABÉTICOS

ALFABETO DACTILOLÓGICO: as letras do alfabeto se formam mediante


diferentes posições dos dedos da mão;

ALFABETO DE ESCRITA MANUAL: quando o dedo indicador da pessoa


surdocega funciona como um lápis para que ela escreva o que quer sobre a mão
do interlocutor;

TABLITAS ALFABÉTICAS: são tábuas com letras escritas em forma maiúscula


ou impressas em Braille. Para a comunicação, o interlocutor vai assinalando cada
letra para formar uma palavra com o dedo da pessoa surdocega e ela responde
fazendo o mesmo procedimento;

MEIOS TÉCNICOS COM SAÍDA BRAILLE: são máquinas utilizadas pelo


surdocego que conhece o Braille.

• SISTEMAS NÃO ALFABÉTICOS

LIBRAS: Língua Brasileira de Sinais utilizada pelas pessoas surdas;

TADOMA: consiste na percepção vibratória, por meio da mão da pessoa


surdocega que repousa sobre a boca de quem fala, para que aquela sinta a
vibração das palavras.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 31


COMO ESTABELECER A COMUNICAÇÃO?

Use um dos sistemas descritos acima que melhor se encaixe com a situação em que
você está e com os recursos disponíveis. O importante é estabelecer a comunicação
com a pessoa surdocega. Por exemplo, se você observou que o surdocego tem resíduo
visual, você pode se comunicar com ele por meio da Libras ou pela escrita. Se for
escrever, lembre-se de fazê-lo em letra de fôrma grande e com caneta preta ou azul.
Use sempre papel branco ou amarelo, pois dão maior contraste. Agora, neste caso, não
se esqueça de ficar bem próximo do campo de visão do outro.

O EXEMPLO DE HELEN KELLER

Helen Adams Keller nasceu na Tuscumbia (EUA), em 27 de junho de


1880. Ainda menina, Helen teve uma doença, diagnosticada na época
como febre cerebral (hoje, acredita-se que tenha sido escarlatina), e
ficou surda e cega. Mas essas deficiências não foram obstáculo para
que Helen Keller se tornasse uma das mais notáveis personalidades
de seu século.

Antes de se tornar escritora e conferencista, Helen graduou-se,


com louvor, como bacharel de filosofia pela Universidade Radcliffe,
no Alabama, EUA. Ao longo da vida, recebeu títulos e diplomas
honorários de diversas instituições, como a Universidade de
Harvard, ainda nos EUA, e universidades de outros países como a
Escócia, Alemanha, Índia e África do Sul. Keller também recebeu
diversas condecorações como a Ordem do Cruzeiro do Sul, no
Brasil, a do Tesouro Sagrado, no Japão, dentre outras. Ainda foi
membro honorário de várias sociedades científicas e organizações
filantrópicas nos cinco continentes.

Em 1902, estreou na literatura, publicando sua autobiografia


A História da Minha Vida. A partir de então, não parou de escrever.

32 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Outras Condições
AUTISMO

A palavra autismo tem sua raiz no grego autos, que significa de si mesmo. Segundo a ASA
(Autism Society of America), o autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que
aparece nos três primeiros anos da criança e se manifesta de maneira grave por toda a
vida. Acomete cerca de 1 entre cada 150 nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo
masculino do que no feminino. O termo nasceu no início do século XX, quando foram
realizadas descobertas sobre o processo do pensamento de pacientes considerados
psicóticos – que faziam referência simultânea ao mundo e a si mesmos.

Mas foi em 1943 que o americano Leo Kanner deu um passo fundamental para a
identificação do autismo. Ele fez um estudo com 11 crianças gravemente lesadas,
que apresentavam determinadas características em comum, e elaborou a publicação
Autistic Disturbances of Affective Contact (Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo).
Durante sua investigação, Kanner identificou que as crianças apresentavam inabilidades
no relacionamento com outras pessoas e na adequação aos ambientes desde o início da
vida (com extremo isolamento), falha no uso da linguagem e desejo obsessivo ansioso
para manutenção da mesmice.

Em 1944, o pediatra austríaco Hans Asperger publicou um artigo ampliando os estudos


de Kanner com crianças. Nesta nova avaliação, as crianças selecionadas, apesar de
terem as mesmas características do estudo anterior, apresentavam habilidades como:
fala altamente gramatical em idade precoce, capacidades especiais e bom prognóstico.

Assim, o transtorno de Asperger, como ficou conhecido, diferencia-se do autismo pelo


fato de as pessoas que o apresentam não desenvolverem atrasos ou deficiência de
linguagem.

Existe uma tríade de limitações associadas ao autismo:

a) dificuldade em comunicação, que eventualmente gera autoagressões


e homoagressões, como forma primitiva de comunicação;

b) dificuldade na interação social e na imaginação,

c) déficit na Teoria da Mente e Coerência Central.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 33


Para ilustrar como funciona essa tríade, vamos pensar a seguinte situação: imagine
que um de nós, brasileiro em viagem à China, fosse roubado no centro de Changai,
largado sem roupa, sem documentos, sem falar chinês, assim como sem saber como
pedir ajuda e se explicar. Essa é uma situação análoga à da pessoa com autismo.

Com a evolução das pesquisas científicas, identificou-se que o Autismo não é um


distúrbio afetivo, como indicou Kanner, e sim um Distúrbio do Desenvolvimento.

Segundo o Código Internacional de Doenças (CID-10), os Transtornos Globais


do Desenvolvimento são um grupo de transtornos caracterizados por alterações
qualitativas das interações sociais recíprocas e modalidades de comunicação e por um
repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. Segundo o
CID-10, o Autismo pode ser dividido em:

Autismo infantil – Caracterizado pelo desenvolvimento anormal ou alterado,


desenvolvido antes dos três anos de idade, que apresenta perturbação
característica para interações sociais, comunicação e comportamento.

Autismo atípico – Quando os sintomas não conferem com os do autismo


infantil. O autismo atípico ocorre, normalmente, em crianças com retardo mental
profundo ou com transtorno no desenvolvimento de linguagem.

Síndrome de Rett – Acontece só em meninas. Inicialmente, o desenvolvimento é


normal, seguido da perda de linguagem, da marcha e do uso das mãos, associado
a um retardo do desenvolvimento craniano.

Síndrome de Asperger – Apresenta transtornos semelhantes ao autismo.


Diferencia-se, essencialmente, por não apresentar retardo, deficiência da
linguagem ou do desenvolvimento cognitivo.

O autista tem expectativa de vida completamente normal. O autismo não tem cura,
porém, é importante que a família busque um diagnóstico precoce, pois este ajuda
muito no desenvolvimento do indivíduo. Os tratamentos podem ser feitos por equipes
multi e interdisciplinares – como médicos, terapeutas, neurologistas etc. A participação
da família é fundamental para a evolução do autista, que pode ter alguns sintomas
amenizados ou extintos. Claro que isso vai depender do atendimento adequado e
qualificado dos profissionais. Mas uma coisa precisa ficar clara: não existe medicação
ou tratamentos específicos para o autismo. O quadro do autismo não é estático, alguns
sintomas podem se modificar ou até desaparecer. Por isso, aconselham-se avaliações
periódicas.

34 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


EPILEPSIA

As epilepsias são condições físicas singulares, que ocorrem quando, inesperadamente,


surgem mudanças breves e repentinas no funcionamento bioelétrico do corpo.
Importante ressaltar que não representam em si uma deficiência, mas podem ser
ocasionadas por ela. Para explicar como ocorre uma crise, vamos comparar o ataque
epilético a um curto-circuito momentâneo que afeta nossas células nervosas como
parte de uma disfunção do Sistema Nervoso Central. Esse “curto-circuito” pode
ocasionar perda de consciência momentânea, acompanhada de outros distúrbios como
abalos musculares, movimentos bruscos, perda do equilíbrio corporal, entre outros. A
epilepsia pode atingir qualquer pessoa, por isso, é importante estar atento ao que se
pode fazer quando isso ocorrer.

Não a segure, tentando controlar seus tremores, e nem jogue água ou tente dar alguma
coisa para ela comer ou beber. Aguarde pacientemente até a crise terminar. É comum
que, após a crise epilética, a pessoa tenha sono e durma. Não a acorde, espere até que
ela desperte naturalmente e pergunte se pode ajudá-la de mais alguma maneira.

Tecnologias Assistivas
Além de entender um pouquinho sobre algumas deficiências, também é necessário
saber do que as pessoas precisam para poder usufruir plenamente dos serviços que as
cidades oferecem. Certamente, a primeira barreira, mais ampla e complexa, é a atitude.
Diante de uma pessoa com deficiência, é preciso agir com bom senso e aprender
sobre algumas dicas para conviver. É normal ter medo daquilo que não conhecemos,
mas, agora, você já aprendeu muita coisa e saberá como lidar com as mais diversas
situações, caso elas surjam durante o Acolhimento.

Mas, além de atitudes generosas e orientadas pelo bom senso, faltam acessos e
acessibilidades, o que nos leva a pensar que a deficiência pode ser ampliada pelo meio
e não necessariamente pelos limites das pessoas. Ué, como assim? Pense bem, você
vai a um restaurante e quase nunca identifica que lá também existem pessoas com
deficiência física. Então, devemos nos perguntar:

– esse restaurante tem degraus na entrada?

– os espaços entre as mesas são apertados de modo que cadeirantes não


conseguiriam circular?

– o restaurante tem banheiro adaptado para pessoas com deficiência física, com
barras de transferência, espaço para circulação e pia acessível?

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 35


Pessoas com deficiência física não são bem-vindas a lugares onde haja degraus, falta de
espaço e banheiro não adaptado a suas necessidades. E então, de quem é a deficiência?

Além da necessidade de assegurar acessos físicos, há outras formas de acessibilidade


chamadas de tecnologias assistivas, desenvolvidas sob a forma de produtos,
instrumentos, estratégias, serviços ou práticas para garantir a integração da pessoa com
deficiência na sociedade.

O sistema Braille e os softwares que fazem a leitura de tela dos computadores para
deficientes visuais; os aparelhos de audição para os deficientes auditivos; as próteses
e órteses para os deficientes físicos; os telefones para surdos (TS); os Sistemas de
Comunicação Alternativos (SAS) – principalmente, os usados por aqueles que têm
paralisia cerebral; entre muitos outros, são alguns exemplos de tecnologias assistivas.

Aqui é importante considerar que as tecnologias não são apenas objetos e dispositivos,
mas também aquilo que se refere ao acesso e à mobilidade. Quando falamos de
transporte e acessibilidade, não nos referimos apenas a uma rampa ou a um sistema de
rebaixamento de degraus, mas, também, ao controle de tráfego, circulação nas calçadas,
formação de profissionais etc.

• Sistema Braille é um sistema de leitura para cegos que utiliza o tato e o qual foi
inventado pelo francês Louis Braille (1809 /1852). Braille, que ficou totalmente cego
aos três anos de idade, inventou um sistema de pontos em relevo, inspirado por uma
visita do capitão aposentado Charles Barbier, que trouxera para ele um novo conjunto
de escrita para a noite que era usado pelos militares para trocar ordens e informações
de maneira silenciosa. Este sistema, conhecido como Serre, é baseado em 12 pontos,
ao passo que o sistema desenvolvido por Braille é mais simples, com apenas seis
pontos. Louis Braille melhorou seu sistema, incluindo a notação numérica e musical.
Em 1829, publicou o seu método. O sistema Braille é um alfabeto convencional cujos
caracteres são indicados por pontos em relevo. A partir dos seis pontos salientes, é
possível fazer 63 combinações que podem representar letras simples e acentuadas,
pontuações, algarismos, sinais algébricos e notas musicais. Dois anos depois da
morte de seu inventor, o método Braille foi oficialmente adotado e reconhecido na
França. Curiosidade: Um cego experiente pode ler duzentas palavras por minuto.

• No Brasil, já foram desenvolvidos alguns softwares para pessoas com deficiência


visual os quais utilizam a voz para que estas tenham acesso a computadores. Desta
forma, elas podem trabalhar ou divertir-se, enfim, usar o universo de possibilidades que
um computador pode oferecer. Softwares como o Visual Vision ou Virtual Vision, que
rodam em sistema Windows, têm ótimos sintetizadores de voz e representam algumas
possibilidades de softwares, bem como o Dosvox, outro tipo de software, que pode
ser adquirido gratuitamente pelo site http://caec.nce.ufrj.br/. O Dosvox foi criado pelo
Núcleo de Computação Eletrônica da Faculdade Federal do Rio de Janeiro.

36 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


• Aparelhos auditivos permitem aos deficientes auditivos a possibilidade da audição.
Em muitos casos, os aparelhos não devolvem a integralidade dos sons, mas
possibilitam que sejam detectados ruídos os quais facilitam a comunicação. Hoje, há
disponíveis aparelhos miniaturizados com tecnologia digital de última geração, que
oferecem melhor ajuste à perda auditiva e ao estilo de vida do usuário.

• O implante coclear é um dispositivo eletrônico, de alta tecnologia, que estimula


eletricamente as fibras do nervo auditivo para que essa corrente seja percebida pelo
córtex cerebral. Esse implante fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras
neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário a
capacidade de perceber o som.

• Próteses são equipamentos que substituem parte do corpo humano e podem ser
implantados ou não. Um amputado, por exemplo, pode usar o recurso da prótese
para colocar uma perna ou uma mão mecânica. Já as órteses são equipamentos que
substituem uma função do corpo, como a cadeira de rodas e as muletas, por exemplo,
que suprem a carência do andar de pessoas com deficiência física. Outro exemplo de
órtese é bem mais usado do que você imagina. Os óculos suprem a carência de visão
e possibilitam que muitas pessoas possam enxergar um pouco melhor. Essa é uma
órtese que muita gente usa.

• Telefone para Surdos TS é um aparelho telefônico com tecnologia específica


que facilita a comunicação por telefone entre pessoas surdas e ouvintes. O TS
tem, na parte superior do aparelho, uma pequena tela onde a mensagem aparece
escrita e, um pouco abaixo, tem um teclado onde o surdo pode digitar a conversa.
Quem faz a operacionalização e a transmissão das mensagens é a Central de
Intermediação Surdo-Ouvinte (CISO), que funciona 24 horas por dia e pode ser
acessada pelo número 142. Esse aparelho é disponibilizado em grande parte dos
prédios públicos, mas, ainda, é pouco utilizado porquê muitos surdos não têm o
telefone disponível em casa.

• Sistemas de comunicação alternativos e/ou suplementares (SAS) é o uso


integrado de componentes – símbolos, gestos, recursos, estratégias e técnicas –
utilizados por um indivíduo em sua comunicação. Os sistemas gráficos facilitaram
a interação, principalmente, para pessoas que têm paralisia cerebral. Os mais
conhecidos e usados no Brasil são o Rebus, Picture Communication Symbols (PCS),
Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC) e Blissymbols. O sistema
Bliss, por exemplo, é composto por um pequeno número de formas chamadas de
“elementos simbólicos”, ou seja, são desenhos que simbolizam a ideia de uma coisa
e criam uma associação gráfica entre o símbolo e o conceito que ele representa. Já
os sistemas PCS e PIC são pictográficos, ou seja, baseados em imagens e desenhos
que representam exatamente aquilo que são. É uma comunicação mais curta entre
o símbolo e aquilo que ele representa. Todos esses sistemas são apresentados em
uma prancha, onde a pessoa com paralisia cerebral indica as imagens ou símbolos
representativos daquela informação que deseja transmitir.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 37


A parte que vem depois!

Você, Jovem Protagonista, aprendeu alguns conceitos sobre as pessoas com deficiência,
compartilhou pensamentos e conhecimentos e, nestes momentos de formação, também
ensinou ao compartilhar com outros jovens protagonistas o que aprendeu. Mais do que se
preparar para o Acolhimento na perspectiva inclusiva, você se aproximou de uma causa,
essa que trabalha para que vivamos num lugar onde o respeito à diversidade humana seja
algo extraordinariamente comum!

Esperamos ter contribuído para a ampliação do seu olhar sobre a diferença e esperamos
que isso possa ser levado para as práticas, não apenas do Acolhimento, mas para todos
os âmbitos da sua vida.

38 Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio


Referência bibliográfica
BRASIL; COMISSÃO ESPECIAL DE ACESSIBILIDADE. Acessibilidade: passaporte para a cidadania
das pessoas com deficiência. Guia de orientações básicas para a inclusão de pessoas com
deficiência / Comissão Especial de Acessibilidade. Brasília: Senado Federal, 2005.
BRYAN, J. Conversando sobre Deficiências. São Paulo: Editora Moderna. 1996.
CARNEIRO, W.; PIMENTA, G. C. A Comunicação do Deficiente por meio de Sistemas de Apoio
Suplementar. São Paulo: Editora Windmill, 2003.
COORDENADORIA DE INCLUSÃO SOCIAL DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO. Inclusão Digital e
social para pessoas com necessidades educacionais especiais. São Paulo: Prefeitura da Cidade
de São Paulo, 2006.
CARTILHA BARUERI, Sociedade Pestalozzi de São Paulo.
CONVIVA COM A DIFERENÇA. Organização de Carlos Aparício Clemente.
Convivendo com a diferença: o que fazer quando encontrar uma pessoa com deficiência. CVI -
Centro de Vida Independente de Campinas.
Convivendo com a surdez. Folheto organizado pela Fundação Vanzolini.
Como se relacionar com um cego. Manual organizado pela Associação dos Deficientes Visuais do Paraná.
CORRER, R. Deficiência e Inclusão Social: construindo uma nova comunidade. São Paulo: Edusc, 2003.
GABRILLI, M. Convivência – Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida. 2a ed. rev. São Paulo,
2012. Disponível em: <http://maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2017/10/manual_web.pdf.
Manual de estilo, Mídia e Deficiência. CVI - Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro.
O que pensamos sobre as pessoas surdocegas e o que elas fazem para viver? Publicação do
Grupo de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial e ABRASC.
O que você pode fazer quando encontrar uma pessoa cega. Folheto organizado pela Fundação
Dorina Nowill para Cegos.
PEREIRA, M.C.C. A Língua de Sinais na Educação de Surdos. In: Lacerda, C.B.F; Nakamura, H. e
Lima, MC (org) Surdez e Abordagem Bilíngue. São Paulo: Plexus Editora, 2000.
PEREIRA, M.C.C. e NAKASATO, R. Aquisição da Língua de Sinais por Criança Surda. Trabalho
apresentado na 13a ANPOLL. João Pessoa, 1996.
RUSSO, I.C.P. e SANTOS, T.M.M. A Prática da Audiologia Clínica. São Paulo: Editora Cortez, 1994.
SACKS, O. Vendo Vozes: uma Viagem ao Mundo dos Surdos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Série entrando em contato com a pessoa surdocega. Organizado pelo Grupo Brasil de Apoio ao
Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial.
Projeto de Inclusão de Crianças e Adolescentes com Deficiência em EGJs do Município de
São Paulo. Acesso em http://www.entreamigos.com. br/textos..
SKLIAR, C. Uma Perspectiva Sócio-Histórica sobre a Psicologia e a Educação dos Surdos. In: C.
Skliar (org.) Educação e Exclusão. Porto Alegre: Editora Mediação, 1997.
SVARTHOLM, K. Bilinguísmo dos Surdos. In: C. Skliar (org.). Atualidade da Educação Bilíngue
para Surdos. Interfaces da Pedagogia e Linguística. Vol 2. Porto Alegre: Editora Mediação, 1997.
TABITH JR, A.; PEREIRA, M.C.C. e ROSÁRIO, M.E.V. et all. A Criança Especial. São Paulo: Editora
Roca, 2003.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Orientação aos docentes sobre alunos com deficiência.
Cartilha organizada pela Comissão Permanente para Assuntos Relativos às Pessoas
Portadoras de Deficiência Vinculadas à Universidade de São Paulo.
VIEIRA, M.I.S. O efeito do uso de sinais na aquisição de linguagem por crianças surdas filhas de pais
ouvintes. Dissertação (Mestrado). Programa de Distúrbios da Comunicação, PUCSP. São Paulo, 2000.
VITAL, F. M. P. Mobilidade Urbana Sustentável - Fator de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
CET: Boletim Técnico 40, 2006.

Caderno de Acolhimento Inclusivo - Ensino Médio 39


Realização

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Thereza Barreto
Coordenação: Johanna Faller e Thereza Barreto
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: Romilda Santana e Thereza Barreto
Leitura crítica: Cássia Moreira e Johanna Faller
Revisão ortográfica: Cristiane Schmidt.
Projeto Gráfico e Diagramação: Korá e Fellipe Elias
Edição de Texto: Ismaela Silva

INSTITUTO DE CORRESPONSABILIDADE PELA EDUCAÇÃO


JCPM Trade Center
Av. Engenheiro Antônio de Góes, 60 - Pina | Sala 1702
CEP: 51010-000 | Recife, PE
Tel: +55 81 3327 8582
www.icebrasil.org.br
icebrasil@icebrasil.org.br

1ª Edição | 2020
© Copyright 2020 - Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. “Todos os direitos reservados”

40 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Olá!

Pode nos chamar de Jovem Protagonista (JP). Fomos estudantes da Escola da Escolha.
Nesses dias de Acolhimento você será um Jovem Protagonista e caminharemos juntos
rumo ao sucesso da supermissão que nos foi dada: apresentar as várias oportunidades
que os novos estudantes terão de SER MAIS ao estarem na Escola da Escolha!

Contamos com o seu apoio!

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 41


Orientação para
o Acolhimento da
Equipe Escolar

O Acolhimento da Equipe Escolar é uma Prática Educativa executada pelos Jovens


Protagonistas Acolhedores, que são estudantes egressos das diversas escolas
constituídas pelo Modelo da Escola da Escolha, com o objetivo de sensibilizá-los frente
aos novos desafios de ver, sentir e cuidar do estudante a partir de novas perspectivas
conceituais trazidas pelo Modelo da Escola da Escolha, suas metodologias e práticas
do projeto escolar.

O Acolhimento se realiza na abertura do ano letivo, durante um dia, na própria escola


e deve ter a presença de toda a Equipe Escolar: Equipe Gestora, professores e demais
profissionais (manipuladores de alimentos, vigilantes, pessoal de serviços gerais,
secretaria etc).

É um valioso momento de integração da equipe que atuará a serviço do novo projeto escolar
porque estabelece um importante elo entre os educadores, os Jovens Protagonistas
Acolhedores e a escola como instituição. É momento de reflexão sobre a importância de
estarem ali, envolvidos e comprometidos, sendo esse projeto escolar parte do seu próprio
Projeto de Vida.

POR QUE REALIZAR O ACOLHIMENTO DA EQUIPE ESCOLAR?

O Acolhimento cria espaços para a reflexão da Equipe Escolar sobre a necessidade e as


oportunidades educativas que atendam às expectativas de desenvolvimento dos estudantes.

É no Acolhimento que todos os integrantes da Equipe Escolar falam sobre suas


expectativas diante dos desafios do Modelo da Escola da Escolha, refletindo sobre a
necessidade de não apenas compreenderem, mas efetivamente aceitarem o Modelo,
assumindo a corresponsabilidade pela sua execução.

COMO O ACOLHIMENTO DA EQUIPE ESCOLAR ACONTECE NA ESCOLA?

O Acolhimento estabelece um “elo” entre os educadores, os estudantes e a escola.


É por ele que toda a Equipe Escolar pactua, junto aos Jovens Protagonistas Acolhedores,
o compromisso com a formação que criará as condições para a construção dos Projetos
de Vida dos estudantes.

Assim como no Acolhimento dos Estudantes, a partir do segundo ano de funcionamento


do Modelo, o Acolhimento da Equipe Escolar é realizado por uma Equipe de Protagonistas
Acolhedores composta pelos estudantes da própria escola e estudantes que tenham
concluído a etapa de ensino no ano anterior.

42 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


CONCEITO

É realizado anualmente, na mesma semana em que se realiza o Acolhimento dos


estudantes e dos pais e/ou responsáveis.

O Acolhimento mobiliza a Equipe Escolar e orienta aos desafios nessa nova forma de ver,
sentir e cuidar, e cria espaços para a reflexão sobre as necessidades e as oportunidades
educativas que atendam às expectativas de desenvolvimento dos estudantes.

Todos os integrantes da Equipe Escolar compartilham experiências e expectativas diante


dos desafios do Modelo da Escola da Escolha e assumem a corresponsabilidade pela sua
execução.

Este é o momento para sonhar coletivamente a nova escola que será cotidianamente
oferecida e vivenciada pelos jovens e por toda a Equipe Escolar.

É um momento em que a Equipe Escolar reflete sobre a importância de assumir novas


posturas, sempre na perspectiva de serem influências afirmativas e construtivas na vida
dos estudantes.

OBJETIVOS

• Integrar a Equipe Escolar e ressaltar a cada educador sua responsabilidade


na construção dos seus Projetos de Vida;

• Refletir sobre o desenvolvimento profissional e como as dificuldades do


cotidiano escolar podem contribuir para o enfrentamento das próprias
necessidades de formação.

PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES

Duração Atividade

1 hora Dinâmica de Apresentação e Nó Humano

1 hora Dinâmica: Esse problema não é meu


Exibição de Vídeos:

• Vídeo 1 – Professores falam o que significa para eles, trabalharem em


20 min uma escola de Educação Integral;

• Vídeo 2 – Jovens Protagonistas falam sobre o que mudou em suas vidas


depois da escola de Educação Integral.
20 min Lanche

1 hora Dinâmica: O sonho que nos une

20 min Encerramento das atividades - Leitura do texto: A Escola – Paulo Freire

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 43


ATIVIDADES

1 hora | Dinâmica de Apresentação e Nó Humano

Objetivos:

• Apresentar as pessoas da equipe escolar;

• Demonstrar a importância do trabalho em equipe para se chegar


aos resultados pactuados;

• Mostrar a importância do planejamento.

Material necessário:

• Aparelho de som e CD com músicas animadas (ou celular com


playlist e caixa de som).

Desenvolvimento:

I Etapa da atividade

• O Jovem Protagonista deverá formar um círculo com todos os


membros da equipe escolar, que deverão estar lado a lado;

• Cada pessoa deve se apresentar dizendo o nome, a função na


escola e dar a mão à pessoa que estiver à sua direita;

• Após todos finalizarem suas apresentações, um grande círculo


haverá sido formado.

II Etapa da atividade

• Todos devem observar quem está do seu lado direito e do seu


lado esquerdo e memorizar bem quem são essas pessoas, para
não esquecer e nem trocar ao longo da dinâmica;

• O grupo deverá soltar as mãos e, ao som de uma música animada,


caminhar livremente pela sala, procurando cumprimentar
pessoas diferentes daquelas que estavam ao seu lado;

• Depois de um minuto, quando a música parar, todos param onde


estão e sob o comando do jovem procuram, sem sair do lugar, dar
a mão novamente a quem estava à sua direita e à sua esquerda;

44 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


• Durante essa movimentação, deverá se formar um emaranhado
de gente;

• Em seguida, SEM SOLTAR AS MÃOS, os membros da equipe escolar


deverão achar meios de desfazer o emaranhado e voltar a ter um
círculo no centro da sala igual ao inicial.

III Etapa da atividade

• Depois da dinâmica, uma breve reflexão deverá ser feita por todos:

1. Qual foi a maior dificuldade que sentiram?

2. Como fizeram para resolver?

3. Alguém pensou em desistir?

4. Alguém pensou que era impossível voltar a ser um círculo novamente?

5. O que podemos concluir com essa atividade?

• O jovem diz aos membros da equipe escolar que em um trabalho


em grupo é preciso que todos se escutem, que alguém tome a
inciativa, que nem todos podem falar ao mesmo tempo, que tem
que ter paciência e humildade pois nem sempre o caminho que
você aponta será o melhor para alcançar o objetivo final.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 45


1 hora | Execução da Dinâmica Esse Problema não é meu!

Objetivos:

• Refletir sobre a importância de tomar a iniciativa para resolver


um problema;

• Refletir sobre não ser indiferente ao problema do outro.

Material necessário:

• Bolinhas plásticas coloridas (em quantidade superior ao número


de participantes).

Desenvolvimento:

• Com todos os integrantes da equipe escolar de pé e formando


um círculo, o Jovem Protagonista deve explicar a dinâmica;

• O Jovem Protagonista deverá pegar uma bola, citar um problema


comum que ocorre na escola e em seguida jogar a bola para um
dos integrantes da equipe escolar que está no círculo e dizer “esse
problema não é meu”. Exemplos de problemas: “o estudante do 1º
ano A chegou na escola sem o fardamento completo”, “ a merendeira
falou que vai faltar arroz para o almoço, só tem para metade dos
estudantes”, “acabou de estourar uma bomba no banheiro dos
meninos”, etc;

• Na sequência, a pessoa que recebeu a bola, deverá jogar a bola


para uma das pessoas do grupo dizendo outro problema e, em
seguida repetir “esse problema não é meu”;

• Após um minuto o Jovem Protagonista (JP) deverá ir adicionando


várias bolas e os membros deverão continuar jogando as bolas e
falando: Esse problema não é meu!;

• O JP deverá adicionar as bolas que somem, aproximadamente,


o dobro do número de pessoas da equipe escolar, de forma que
eles não consigam mais segurar todas as bolas;

• O JP finaliza a atividade levando uma reflexão sobre o trabalho


em equipe, a importância de se enxergarem enquanto grupo, que
devem agir juntos em torno da solução de um ou mais problemas
que surgirem na escola;

• O JP deve salientar que esta escola exigirá que todos saiam de suas
“Zonas de Conforto” e busquem soluções, deem ideias, pensem e
realizem de forma diferente do que eles já vinham fazendo.

46 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


20 min | Exibição de vídeos: Apresentar as percepções e experiências de professores e
estudantes da Escola da Escolha.

Objetivos:

• Apresentar as percepções e experiências de professores e


estudantes da Escola da Escolha.

Material necessário:

• Vídeos;

• Datashow.

Desenvolvimento:

• O Jovem deverá passar uma sequência de dois vídeos curtos;

• Sempre, ao final de cada vídeo visto, dar espaço para uma breve
discussão.

Vídeo 1 – Professores falam o que significa para eles trabalharem em uma escola de
Educação Integral - SP Programa de Ensino Integral – Parceiro INatura.

Vídeo 2 – Jovens Protagonistas falam sobre o que mudou em suas vidas depois da escola
de Educação Integral.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 47


LANCHE (20 MINUTOS)

1 hora| Dinâmica: O sonho que nos une

Objetivos:

• Desenvolver o espírito de união da Equipe escolar, suscitando a


importância de sonhar em conjunto e construir projetos comuns
para o bom desenvolvimento da escola.

Material necessário:

• 2 folhas de Papel Madeira/ Cartolina ou papel 40 Kg;

• Folhas de papel A4;

• Hidrocor;

• Lápis de cor;

• Tesoura;

• Revistas;

• Fita adesiva;

• Cola;

• Barbante;

• Tinta guache colorida.

Desenvolvimento:

1ª Parte:

• A Equipe Escolar deverá ser dividida em quatro grupos, e cada


grupo deve encontrar um sonho em comum para a nova escola,
um sonho coletivo.

2ª Parte:

• Cada grupo deverá receber uma folha de papel A4 para representar


o sonho coletivo em forma de desenho;

• Os membros de cada grupo devem pensar em uma ação para


alcançar este sonho e registrar em outra folha de papel A4.

Exemplo:

SONHO: 1 - Que todos os estudantes se sintam felizes na escola.

O QUE FAZER: 1 - Os professores precisam praticar mais a Pedagogia


da Presença.

48 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


3ª Parte:

• Cada pessoa da equipe escolar deverá receber 1/4 de folha de


papel A4 e nela representar com um desenho ou figura o sonho
que tem para a escola.

Observação: 1/4 ou 1/8 de folha de papel A4 a depender do


tamanho da Equipe Escolar.

4ª Parte - Montagem da cartilha:

• O Jovem Protagonista deverá dobrar uma folha de papel 40kg,


(pode ser Cartolina) ao meio e transformá-la numa grande e
coletiva cartilha dos sonhos;

• Na primeira parte da folha serão colados os desenhos do grupo,


os sonhos coletivos;

• Na segunda parte da folha deverá ser colocado o que cada grupo


fará para a realização do sonho coletivo;

• Na terceira parte da folha devem colocar os sonhos individuais


para esta nova escola;

• O grande grupo deverá escolher um representante para


participar da montagem da cartilha e apresentar o sonho ao
grande grupo;

• O JP deverá convidar cada integrante da equipe para assinar e


confirmar seu desejo de construir uma nova escola;

• Confeccionada a cartilha, ela deverá ser afixada e exposta em


lugar visível da escola, de modo que todos da Comunidade
escolar possam contemplar os sonhos descritos em conjunto
pela equipe escolar;

• O JP deverá refletir com a equipe escolar sobre a importância dos


sonhos na formação do ser humano, e que esta escola acolhe o
sonho de todos – equipe escolar, estudantes e famílias;

• O JP deve fazer um resgate do que eles vivenciaram na Formação


Inicial da equipe escolar, na qual todos contribuíram para o
Varal dos Sonhos, onde cada um apresentou seus sonhos e
metas pessoais.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 49


20 min | Encerramento das atividades: Leitura do texto “A Escola” (de Paulo Freire)

Objetivos:

• Despertar para a importância de criar um ambiente saudável


para desenvolver um bom trabalho como educador;

• Refletir sobre a importância do papel de cada profissional na escola.

Material necessário:

• Slide (em Datashow) com texto completo projetado na parede da


sala ou cópias impressas para todos os presentes.

Desenvolvimento:

• O Jovem entrega uma cópia do texto para cada integrante da


Equipe ou projeta na parede e pede que algumas pessoas leiam,
voluntariamente, em voz alta um trecho do texto;

• Após a leitura, o Jovem pede para que comentem o que pensam


sobre o texto e que relacionem o texto com essa nova escola em
que irão trabalhar;

• O Jovem Protagonista agradece a presença de todos pela


participação e se despede com uma música animada.

50 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


A ESCOLA

“Escola é… o lugar onde se faz amigos, não se trata só de prédios, salas,


quadros, programas, horários, conceitos...

Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que se alegra,
se conhece, se estima.

O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é


gente, cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte


como colega, amigo, irmão.

Nada de ´ilha cercada de gente por todos os lados´.

Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a
ninguém, nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar


laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se
´amarrar nela´!

Ora, é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se, ser feliz.”
Paulo Freire

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 51


ACOLHIMENTO PAIS E RESPONSÁVEIS
Orientação para o
Acolhimento dos
Pais e Responsáveis

O Acolhimento aos pais e responsáveis é uma Prática Educativa que existe para orientar as
famílias e sensibilizá-las quanto aos mecanismos de apoio e acompanhamento do Projeto de
Vida dos estudantes. A ação de acolher os pais e responsáveis tem dois objetivos principais:
apresentar o projeto escolar e refletir, por meio da experiência de Jovens Protagonistas,
sobre a importância de apoiar os estudantes na construção dos seus Projetos de Vida,
provendo as condições necessárias para isso. É fundamental orientar os pais e responsáveis
sobre como podem prover meios, estimular e orientar estudantes no estabelecimento de
sua rotina e condições de estudos. Ter apoio da família é imprescindível e isso não significa
transferir para os pais e responsáveis as tarefas inerentes à escola. Há muitas maneiras
de apoiá-los e não são necessários recursos para isso se considerarmos, por exemplo, que
os estudantes não faltem às aulas, nem cheguem atrasados por que dormiram em horário
inadequado; que não deixem de realizar seus estudos por que priorizaram a TV ou porque
foram mobilizados para executar as tarefas domésticas.

Este é também um momento oportuno para chamar os pais e responsáveis presentes à


participação efetiva e iniciar a construção de uma aliança solidária entre família e escola.
Uma estratégia utilizada com esse objetivo é a de coletar os sonhos dos familiares para a
escola ao final do Acolhimento.

O Acolhimento dos pais e responsáveis acontece, geralmente, entre o final da tarde e início
da noite e tem duração máxima de três horas. Por meio de relatos e vídeos, os Jovens
Protagonistas apresentam às famílias, aos professores e aos funcionários da escola suas
experiências de vida como jovens egressos de escolas que operam no Modelo da Escola da
Escolha e a forma como foram apoiados pelos seus pais e famílias em geral. Muitos relatam
que encontraram em casa o estímulo necessário para continuar os estudos e construir
seus projetos ou descrevem um pouco do que precisaram vencer para não deixar que seus
sonhos e estudos fossem interrompidos.

Na sequência da apresentação, os jovens protagonistas fazem uma dinâmica para que os


pais “vistam a camisa da escola”, e em seguida, registrem os seus sonhos pensando em
tudo o que será necessário para que essa possa oferecer os melhores resultados para os
estudantes e o alcance de seus Projetos de Vida.

O Acolhimento é encerrado com a distribuição de um texto intitulado: “Pais, escola e filhos,


dez atitudes que favorecem o sucesso dos filhos na sala de aula e na vida”, elaborada por
Antônio Carlos Gomes da Costa.

No primeiro ano de implantação, o ICE realiza o Acolhimento dos pais e responsáveis por
intermédio de jovens egressos de escolas onde o Modelo foi implantado. A partir do segundo
ano de implantação, com a expansão de novas escolas, as Secretarias se estruturam

52 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


com suas escolas veteranas para que elas possam realizar o Acolhimento dos pais e
responsáveis. É importante que o Acolhimento seja realizado pelos estudantes com pouca
interferência da equipe escolar. Essa deve apoiá-los nas necessidades que eventualmente
possam encontrar na sua execução.

CONCEITO

É realizado anualmente, na mesma semana em que se realiza o Acolhimento dos


estudantes e das Equipes Escolares. É o momento de estimular os pais e responsáveis,
e sensibilizá-los em relação aos mecanismos de apoio e acompanhamento do Projeto
de Vida dos estudantes.

OBJETIVOS

• Apresentar o projeto escolar e refletir sobre a importância de como apoiar


os estudantes na construção do seu Projeto de Vida;

• Refletir sobre os seus sonhos para esta escola a partir da pergunta: “Como
é a escola dos seus sonhos para apoiar com qualidade a formação integral
dos estudantes?”;

• Promover o entendimento de que os familiares e responsáveis devem


contribuir para a formação de estudantes em todas as suas dimensões.

PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES

Duração Atividade

Chegada dos pais e/ou responsáveis recebidos no Corredor Humano (JPs +


30 min
Equipe da Escola)
Apresentação da Equipe Escolar e Boas Vindas por parte da Secretaria de
20 min
Educação
A Escola da Escolha – Jovens Protagonistas
• Fala sobre o que é Escola da Escolha
40 min • Exibição dos vídeos:
Vídeo 1: Vida Maria
Vídeo 2: Relato dos Pais - Escola SP

30 min Relato da Vida de cada Jovem Protagonista


Dinâmica do Barco de Papel/Camisa e entrega do texto de Antônio Carlos
30 min
Gomes da Costa

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 53


ATIVIDADES

Chegada – 30 min | Chegada dos pais e responsáveis recebidos no Corredor Humano

Na entrada por onde os Pais e Responsáveis passarão a caminho do espaço onde


ocorrerá o Acolhimento, deverá ser formado um Corredor Humano.

20 min | Boas Vindas por parte da Secretaria

Apresentação da Equipe Escolar e da Secretaria da Educação Alinhar que cada um apenas


dirá o seu nome e a função que exerce. A Secretaria da Educação ou alguém que
represente a Equipe de Implantação do Programa terá 10 minutos para dar boa
vindas a todos. É importante reforçar com a Equipe de Implantação que este não
deve ser um momento para discursos ou visitas políticas.

40 min/ Escola da Escolha e Vídeos

Objetivos:

• Promover a reflexão sobre a importância da Escola na vida


do Jovem e fazer com que os pais e responsáveis se vejam
refletidos no conteúdo dos vídeos e pensem sobre como eles
veem a Escola e o próprio filho;

• Reforçar que a Escola da Escolha preza pela corresponsabilidade


de todos.

Material necessário:

• Vídeos;

• Datashow.

Desenvolvimento:

• Após a abertura realizada pela Secretaria da Educação, os Jovens


farão um breve relato sobre o que é a Escola da Escolha, sobre o que
vivenciaram neste Modelo, seu processo de adaptação e mudanças
de rotina, destacando os desafios enfrentados e superados;

• O Jovem deverá passar uma sequência de dois vídeos curtos.

Vídeo 1 – Vida Maria

Vídeo 2 – Relato de Pais - Escola SP

Após a exibição dos vídeos, solicitar aos presentes que comentem sobre o conteúdo
tratado nos vídeos, perguntando por exemplo:

O que viram? Como interpretam as histórias? Quais as relações podem ser destacadas
em relação ao projeto escolar?

54 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


30 min | Relato da Vida de cada Jovem Protagonista

Aqui cada Jovem fala das suas experiências de vida como estudantes de escolas desse
Modelo e a relação que tinham com suas famílias. Relatam como encontraram em casa
o estímulo necessário para continuar os estudos e construir seus Projetos de Vida.
Descrevem um pouco o que precisaram superar para não deixar que seus sonhos e
estudos fossem interrompidos. Duração: 3’ para cada jovem.

30 min | Dinâmica do Barco de Papel/Camisa e entrega do texto: “Pais, escola e


filhos, dez atitudes que favorecem o sucesso dos filhos na sala de aula e na vida”
– Antônio Carlos Gomes da Costa

Objetivos:

• Estimular o comprometimento do grupo com a causa, que é


essa nova Escola e o Projeto de Vida dos estudantes;

• Realizar a coleta dos sonhos dos familiares.

Material necessário:

• Folha de papel A4 – 1 para cada Pai e Responsável;

• Lápis ou caneta – 1 para cada Pai e Responsável.

Desenvolvimento:

• Os Jovens Protagonistas entregam uma folha de papel A4 e


um lápis/caneta para cada participante. Os demais jovens
se espalham pelo espaço para apoiar os participantes na
construção do barco;

• Quando todos os participantes estiverem com a folha e o


lápis, um dos Jovens Protagonistas conduz o passo a passo
para a construção de um barquinho de papel (Atenção: de
antemão, não deve ser comunicado qual será o resultado
da dobradura, aproveite este momento para envolver os
participantes e solicite, de maneira gentil, que estes confiem
em você e na viagem que vocês viverão juntos. Lembre-se
que este é o momento de encerramento do Acolhimento,
então já houve várias trocas e o compartilhamento de muitas
vidas e sonhos);

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 55


• É fundamental esperar que o grupo construa o barco no mesmo
ritmo, na medida em que algum participante terminar a etapa
comandada, solicite para que ele ajude o participante que está
por perto e que ainda não conseguiu. Aguarde até que todos
concluam todas as etapas. (Para os JPs que estiverem apoiando
os participantes é importante lembrar de mostrar como se faz a
dobradura e não fazer pelo participante). É preciso confiar neles
neste momento;

• Quando todos finalizarem e descobrirem que o que eles


estavam construindo era um barco, solicite que eles levantem
os barquinhos para o registro com uma foto bem animada.
Aproveite para celebrar e agradecer a conclusão desta
etapa e lembre que para que este importante passo pudesse
ser concluído foi necessário a atenção, a escuta ativa e a
colaboração de uns com os outros também - uma ótima
oportunidade para refletir sobre esse novo jeito de estar nessa
nova escola;

• Retome a atenção dos participantes, solicite que eles olhem para


o barco que construíram e inicie o momento como se estivesse
contando uma história: peça para que eles deem sugestões
para nomear o barco (o nome do barco pode ser o nome da
escola). Diga que, a partir daquele momento, todos teriam que
entrar dentro do mesmo barco juntos e que dentro desse barco
deve estar além de “nós” (o JP presente e os participantes), os
nossos sonhos, os sonhos dos estudantes, os Projetos de Vida
dos estudantes, os sonhos de toda a equipe escolar;

• Dê continuidade à narração da história utilizando o nome do


barco e do rio por onde este barco irá navegar. Na história que
estiver contando utilize elementos da região (pesquise com
antecedência o nome de algum rio da cidade, do bairro, ou
o nome de uma praia, vale, riacho, oceano – a criatividade é
sempre a melhor aposta!).

56 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Exemplo: “Todos nós a partir de agora estamos no “Titanic” pelo rio Capibaribe num
dia ensolarado, ao longe avistamos os peixinhos pulando no rio (enquanto isso, os
participantes devem repetir os mesmos movimentos de quem está narrando), mas
de repente uma nuvem carregada aparece e com ela uma tempestade muito forte
e essa tempestade com seu vento forte acaba levando com ela a vela do barco –
neste momento todos devem rasgar a parte de cima do barquinho – (aí o Jovem
Protagonista continua...) mas não para por aí, mesmo sem vela, continuamos a
navegar pelo rio Capibaribe, porque dentro deste barco tem tudo o que temos de
melhor (pergunte para a plateia o que é mesmo que tem no barco – e esperem eles
responderem “os nossos sonhos”). Quando o Titanic estava se aproximando da
Praia de Boa viagem, veio um jacaré (quanto mais inverossímil, mais divertida) e
levou com ele a proa do nosso barco (neste momento é arrancada outra parte do
barco – a que fica do lado). A história continua até que a outra ponta seja cortada.
Relacione a história narrada às dificuldades do dia a dia na escola, dos desafios da
ausência de alguns materiais, do desânimo de às vezes pegar o ônibus lotado, do
celular que esqueceu de colocar o despertador...

Não Esquecer: para que


a dinâmica funcione,
lembre-se que deve
retirar a parte de cima
do barquinho, e as
laterais, ao lado está a
representação das partes que
devem ser cortadas do barco:

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 57


Quando as três partes forem cortadas, solicite que os participantes desmontem
a dobradura até a metade (quando a folha estiver ao meio, deverá representar uma
camisa), neste momento, quando todos estiverem segurando a camisa, o Jovem
Protagonista deve perguntar: o que é que eles estão segurando? Quando os participantes
perceberem que é uma camisa, logo em seguida responderão. Assim, deve-se lançar
outra pergunta: porque é que o Acolhimento está se encerrando daquela maneira? O
que aquela camisa representa para essa nova escola?

Na medida em que as respostas forem surgindo, instigue as pessoas a responderem o


que significa “vestir a camisa”.

É importante que os pais e responsáveis compreendam o quanto eles são importantes


no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes e que para isso eles precisam de
fato “vestir a camisa” da escola e o que significa isso: que a Escola da Escolha está de
portas abertas para recebê-los*, que eles não devem ir à escola somente para buscar o
boletim durante o Conselho de Classe.

E para iniciar esse novo jeito de vestir a camisa da Escola da Escolha, solicite que eles
escrevam** na camisa quais os sonhos que eles têm para a escola.

Pergunta Norteadora:
“Como é a escola dos seus sonhos para apoiar com
qualidade a formação integral dos estudantes?”

(*) Aproveite para mencionar a Prática Educativa do Acolhimento Diário, que eles

podem participar.

(**) importante considerar que alguns podem não saber escrever e para não os

constranger é essencial dar a alternativa de que possam desenhar ou dar

indicações não necessariamente escrevendo o texto. O importante é que

todos participem. Canetas devem estar facilmente à disposição das pessoas

antes de começar a contagem do tempo, para que não se perca tempo com

distribuição de material, e usufruam bem dos minutos para reflexão, debates

se quiserem, e registro.

58 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Esse registro do Acolhimento (o sonho dos pais e responsáveis) servirá de material
pedagógico para a escola. Recomendamos a construção de um mural onde todos os
sonhos possam ficar visíveis para a comunidade escolar.

Por fim, entregue o texto ”Pais, escola e filhos,dez atitudes que favorecem o sucesso dos
filhos na sala de aula e na vida” para realizar a leitura coletiva e conclua o Acolhimento
agradecendo a presença de todos os participantes, ratificando o quanto que o apoio
deles é de suma importância para a boa vida de seus filhos.

Segue referência abaixo para a dobradura do barco:

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 59


Olá,

Pode nos chamar de Jovem Protagonista (JP). Somos estudantes da Escola da Escolha,
assim como você. Nesses dias de Acolhimento, além de protagonista, você também
será um Jovem Protagonista Acolhedor e caminharemos juntos rumo ao sucesso
da supermissão que nos foi dada: apresentar as várias oportunidades que os novos
estudantes terão de SER MAIS ao estarem na Escola da Escolha!

Contamos com o apoio de vocês!

Orientação para os
Jovens sobre o uso do
Caderno do Acolhimento

É com grande alegria que partilhamos este momento com vocês,


jovens, que já tiveram a oportunidade de serem acolhidos na Escola
da Escolha e, agora, podem compartilhar suas experiências com
os novos estudantes que iniciarão a caminhada rumo à construção
de seus Projetos de Vida. Desde já, agradecemos por aceitarem
nosso convite!

O Acolhimento é uma Prática Educativa desenvolvida pelo Modelo da Escola da Escolha


que objetiva apresentar as bases do projeto escolar para os novos estudantes. É a porta
de entrada dessa forma inovadora de conceber a educação e de transformar a escola.

O Acolhimento é considerado o “marco zero” do Projeto de Vida. É uma estratégia por


meio da qual são apresentadas aos novos estudantes as muitas formas pelas quais a
escola se colocará à disposição da construção do seu Projeto de Vida.

Por meio dessa Prática Educativa os estudantes terão a oportunidade de estabelecer os


primeiros vínculos, sentindo-se recebidos e pertencentes à escola desde os primeiros
dias do ano letivo. É um momento também para que vivenciem situações nas quais
serão conduzidos à reflexão sobre os seus sonhos e sobre as expectativas em torno
das oportunidades que terão para realizá-los, a partir deste novo tempo, e do apoio que
receberão nessa nova escola.

60 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Este Caderno contém todas as atividades a serem realizadas no Acolhimento dos novos
estudantes do Ensino Médio, bem como orientações para a Culminância. Cada atividade
foi pensada com muito cuidado e atenção para compor o conjunto de atividades que
pretendem provocar os estudantes a refletirem sobre seus sonhos, seus valores e
também sobre o que pensam acerca do futuro que cada um poderá construir. Esta
Prática Educativa busca despertar o desejo de conhecer e de fazer parte da vida do outro,
da escola e a confiança no projeto escolar.

Então é isso aí, Jovem Acolhedor! Você faz parte do time de JOVENS que fazem a
diferença nesse momento dessa escola.

Orientação para a
Secretaria de Educação e
Equipes Escolares sobre o uso
do Caderno do Acolhimento

No primeiro ano de implantação, o ICE realiza o Acolhimento dos novos estudantes


por intermédio de jovens egressos de escolas onde o Modelo foi implantado. A partir
do segundo ano de implantação, com a expansão de novas escolas, as Secretarias de
Educação se estruturam com suas escolas veteranas para que elas possam realizar
o Acolhimento dos novos estudantes, convidando os jovens que concluíram os seus
estudos nas respectivas escolas, bem como os estudantes dos 2º e 3º anos (se houver),
para compor o time de Jovens Acolhedores. É importante que o Acolhimento seja
realizado pelos estudantes sem interferência da equipe escolar, a qual deve apenas
apoiá-los nas necessidades que eventualmente possam encontrar na sua execução.
Além disso, é preciso que a Secretaria de Educação estruture encontros formativos
com os estudantes veteranos com o propósito de prepará-los para acolher os novos
colegas. Cabe salientar que os estudantes veteranos também necessitam ser acolhidos
pelas equipes escolares por meio de uma programação diferente da realizada no ano
anterior, visto que seus Projetos de Vida estão em pleno desenvolvimento.

É importante que a Secretaria de Educação informe antecipadamente aos Acolhedores


a presença de estudantes com deficiência que participarão do Acolhimento para que
possam preparar as adaptações das atividades. Lembrando que tais estudantes devem
ter os seus direitos garantidos – como, por exemplo, a presença de intérpretes de
Libras, cuidadores, recursos que possam necessitar, entre outros elementos.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 61


Cronograma De Atividades

Roteiro do Acolhimento com início pela manhã Roteiro do Acolhimento com início na parte da tarde

Nº da Nº da
Horário Atividades - 1º dia Horário Atividades - 1º dia
Atividade Atividade
7h30 1 A Chegada dos Estudantes 13h30 1 A Chegada dos Estudantes
Conhecendo o Outro Conhecendo o Outro
8h 2 14h 2
– Dinâmica de Apresentação – Dinâmica de Apresentação
8h30 3 O Contrato de Convivência 14h30 3 O Contrato de Convivência
O Livro da Vida 15h LANCHE
9h 4
– Construção do Portfólio
O Livro da Vida
10h30 LANCHE 15h30 4
– Construção do Portfólio
11h 5 Tudo começa com um Sonho Uma Roda de Conversa
17h 5
12h ALMOÇO / Encerramento das atividades

13h 6 O Varal dos Sonhos


Um Tesouro a Descobrir
14h 7
– Os Quatro Pilares da Educação
14h30 8 Protagonismo até Altas Horas Nº da
Horário Atividades - 2º dia
Atividade
15h30 LANCHE
7h30 6 Tudo começa com um Sonho
16h 9 A Cápsula do Tempo
8h30 7 O Varal dos Sonhos
16h30 10 Uma Roda de Conversa
Um Tesouro a Descobrir
17h Encerramento das atividades 09h30 8
– Os Quatro Pilares da Educação
10h LANCHE

10h30 9 Protagonismo até Altas Horas

11h30 10 A Cápsula do Tempo


Nº da
Horário Atividades - 2º dia
Atividade 12h ALMOÇO

7h30 11 A Preparação para Culminância 13h 11 A Preparação para Culminância

10h LANCHE 15h LANCHE

10h30 12 A Culminância 15h30 12 A Culminância

12h ALMOÇO 17h Encerramento das atividades

62 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


1o DIA

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

ATIVIDADES

7h30 | 1 - A Chegada dos Estudantes

Lembra-se do seu primeiro dia


de aula na Escola da Escolha?
Quantas coisas passavam pela
sua cabeça e pelo seu coração!
Assim também será com os
novos estudantes que você está
acolhendo: UM MUNDO NOVO
REPLETO DE EXPECTATIVAS!

A chegada dos estudantes em uma nova escola é um momento que deve ser cuidado
com bastante atenção e carinho. Cada jovem que chega traz consigo um turbilhão de
sentimentos, talvez o medo do novo, a vontade de fazer novos amigos e, com certeza, muita
expectativa de que essa nova escola seja melhor que a anterior e que contribua para a sua
vida de maneira significativa. É muito provável que também tenha sido assim com você.

Por essa razão, a primeira atividade do Acolhimento deve cumprir a missão de ACOLHER
DE FORMA CALOROSA a todos os estudantes, COM SORRISO NO ROSTO E MUITA
ALEGRIA. Por isso, recomenda-se que seja feito um CORREDOR HUMANO no qual os
estudantes passarão e receberão muitas palmas. Ao final desse corredor, o estudante deve
ser orientado a ir para o local (quadra ou pátio) onde ocorrerá a abertura.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 63


1º Momento: Entrada dos estudantes

Assim que todos estiverem reunidos no local onde


será realizada a abertura oficial, a equipe escolar fará a
apresentação e dará as boas-vindas aos novos estudantes.

Orientamos que esse momento não exceda 10 minutos.

Em seguida, o JOVEM PROTAGONISTA ACOLHEDOR,


indicado como o Líder da escola, deverá apresentar-se
aos estudantes e relatar, brevemente, o que será
realizado durante o Acolhimento.

Daí em diante, o Acolhimento é com vocês!


Sejam EXEMPLO DE PROTAGONISMO para essa
galera que está chegando à Escola da Escolha!

2º Momento: Separação dos estudantes em turmas

Após a apresentação, no mesmo local, o grupo de Jovens Protagonistas Acolhedores


escalados para essa atividade começará a organizar todos os estudantes.

Nesse momento, eles farão:

• A distribuição, de forma aleatória, das pulseiras coloridas aos


estudantes. Cada cor de pulseira relaciona-se a uma forma
geométrica específica;

64 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


• A condução dos estudantes às salas de aula segundo
agrupamento previamente realizado que seguirá a cor de
cada pulseira. Para isso cada Jovem Protagonista Acolhedor
empunhará uma placa de identificação referente à forma
geométrica a qual relaciona-se a cor da pulseira. A saída às
salas de aula obedecerá a seguinte ordem:

- 1ª turma a se dirigir para a sala – Triângulo/Azul

- 2ª turma a se dirigir para a sala – Quadrado/Vermelho

- 3ª turma a se dirigir para a sala – Retângulo/Amarelo

- 4ª turma a se dirigir para a sala – Círculo/Verde

Observações
• Cada sala terá uma cor de pulseira e forma geométrica e
assim permanecerá durante o período do Acolhimento;

• Todo o processo de chegada dos estudantes na escola e


encaminhamento às salas de aula deverá durar o tempo
médio necessário, considerando que o Acolhimento
deverá ter início às 7h30 (OU HORÁRIO DA TARDE QUE
ESTIVER AGENDADO);

• Caso haja mais de 4 turmas no dia para serem acolhidas,


repetir as cores e mudar as figuras geométricas, como
mostram as imagens abaixo.

Triângulo Quadrado Retângulo Círculo

Losango Paralelogramo Trapézio Oval

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 65


COMO ESTA ATIVIDADE
PODE SER PARA TODOS?

Na presença de pessoas com deficiência é importante que os Jovens Protagonistas


conversem com cada um para saber qual a melhor forma de atendimento às necessidades,
pois são as melhores pessoas a sinalizar o que é melhor para eles durante as atividades
(forma de comunicação, forma de condução, entre outras).

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• A pessoa com deficiência visual receberá a pulseira e um cartão com a forma


geométrica da sala em que fará parte. Importante dizer para a pessoa qual a cor
da sua pulseira.

Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Modificar a forma de apresentação do mesmo


comando.

Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante.

Pessoas com autismo:

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante. Respeite o tempo
de cada pessoa.

66 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


8h | 2 - Conhecendo o outro – Dinâmica de Apresentação

E aí, como é a sensação de


chegar numa nova escola?
É muita novidade de uma vez!

É preciso considerar que as


pessoas são diferentes, têm
percepções diferentes sobre
o que está acontecendo à sua
volta, e podem expressar suas
reações também de maneiras
diferentes.

Fique atento!

Nesse momento, os estudantes já estão em suas salas e ansiosos para ver o que
acontecerá. Como todo e qualquer encontro tudo começa por uma apresentação.
É preciso levar em conta que muitos estudantes serão novos na escola e, dessa forma,
uma dinâmica de apresentação será bem-vinda. Essa atividade deve proporcionar um
sentimento de pertencimento ao grupo, que é muito importante para esse início.

Assim, seja solícito e agregador, e respeite o tempo de cada estudante. Um sorriso largo
e um olhar sincero é sempre uma boa opção para começar uma aproximação. Esse é o
primeiro passo para que os estudantes acreditem que fizeram uma boa escolha em estar
nessa nova escola!

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 67


Objetivos:

• Apresentar todos do grupo e promover a integração por meio


de dinâmica e ambiente descontraído.

Material necessário:

• Rolo de barbante;

• CD/Pen drive com música calma (ou celular com playlist e caixa de som).

Desenvolvimento:

• O Jovem Protagonista Acolhedor pede para os estudantes


ficarem de pé e formarem um círculo;

• De posse de um rolo de barbante, o Jovem Protagonista


Acolhedor deve começar a apresentação dizendo seu
nome, de onde vem, quais expectativas tem para os dias
de Acolhimento e o que mais gosta de fazer no tempo
livre. Finalizando sua apresentação, o Jovem Protagonista
Acolhedor deve enrolar um pouco de barbante no seu dedo
e arremessá-lo CUIDADOSAMENTE para um estudante que
estiver à sua frente, o qual terá que se apresentar dando as
mesmas informações que o Jovem Protagonista Acolhedor
deu (nome, de que escola vem, quais as suas expectativas e o
que mais gosta de fazer no tempo livre);

• Esse ritual de apresentação deve passar por todos os


estudantes da sala e o efeito final com o barbante é uma
grande TEIA de aranha, na qual todos os estudantes com
o Jovem Protagonista Acolhedor ficarão interligados pelo
mesmo fio;

• Após todos se apresentarem, o Jovem Protagonista Acolhedor


passa a ponta do barbante ao estudante que estiver ao seu
lado pedindo que a segure. Em seguida, o Jovem Protagonista
Acolhedor vai até o meio da TEIA e inicia um momento de
reflexão com os estudantes.

68 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Reflexão:

• O Jovem Protagonista Acolhedor dirá que ele, ali dentro da


TEIA, estará representando um estudante daquela escola.
O estudante é o centro das atenções daquela escola, todas
as decisões são tomadas pensando no estudante e todas
elas afetam diretamente o estudante. Para exemplificar, ele
pede para que todos segurem bem o barbante que têm preso
ao seu dedo e que todos se movam para a direita, a tal ponto
que o Jovem Protagonista Acolhedor, que está no meio, será
obrigado a ir também, senão cairá. Essa ação simboliza que
ele é impactado por todas as ações que ocorrerem na escola
e precisará ser um estudante participativo, caso contrário,
apenas será afetado positiva ou negativamente pelas
decisões da escola.

Permita-se conhecer as outras pessoas além do nome:


procure saber seus gostos, suas vivências, suas expectativas.
Na mesma proporção, faça o mesmo: permita-se ser conhecido
por novas pessoas. Essa é a magia da TROCA estabelecida
no ato da conversa: eu SOU EU MESMO com você, venha
SER VOCÊ mesmo comigo. Olha só! Com essa atitude você já
começou a exercitar as habilidades do PILAR APRENDER A SER,
sobre o qual a gente vai conversar daqui a pouco.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 69


COMO ESTA ATIVIDADE
PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso.
Prestar atenção às condições de mobilidade de cada um e, caso haja alguém com
esta deficiência, consulte-o para saber como ele quer participar.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• O jovem com deficiência visual poderá se apoiar no jovem do lado; converse com
ele e definam a melhor forma de participação.

Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Pode ser necessário modificar a forma de


apresentação do mesmo comando ou, ainda, repeti-lo;

• Garantir que o estudante observe como os colegas estão realizando a atividade


para que tenha um modelo a ser seguido e portanto, mais clareza quanto a forma de
realizar a atividade.

Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante.

Pessoas com autismo:

• Buscar que o estudante participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo;

• Atentar para que a atividade não se torne estressante para o estudante. Vale conversar
com ele sobre a melhor forma de participação. Verificar com a equipe escolar se tem
informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

70 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


8h30 | 3 - O Contrato de Convivência

Já que exercitamos um pouco o APRENDER A SER, que tal começar a


exercitar o APRENDER A CONVIVER? Depois que todos já se conheceram
na dinâmica de apresentação, agora é o momento de, coletivamente, todos
assumirem um compromisso para que o Acolhimento ocorra de maneira
harmoniosa. Para isso, será elaborado um Contrato de Convivência que
deve valer para o período em que eles estiverem convivendo na Semana
de Acolhimento. Procure proporcionar nesse momento uma sensação de
identidade e de pertencimento ao grupo. Todos vocês estão juntos nessa!
Comente sobre a importância desse compromisso coletivo para a melhor
vivência entre vocês durante esses dias.

Objetivos:

• Estabelecer regras para facilitar o convívio;

• Destacar a importância do cumprimento das regras após se comprometer.

Material necessário:

• Folha de cartolina na cor da sala;

• Pincéis atômicos.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 71


Desenvolvimento:

• Antes de iniciar esta atividade, o Jovem Protagonista Acolhedor deverá


instigar os estudantes com alguns questionamentos, como:

- Vocês sabem o que é um contrato?

- E o que seria um contrato de convivência?

- Alguém aqui já fez um contrato de convivência (na escola, numa


associação, no grêmio, na ONG em que participa)?

• Antes de iniciar a construção do contrato de convivência, o Jovem


Protagonista Acolhedor explica para os estudantes que um contrato de
convivência é uma lista de regras acordadas entre duas partes, as quais
assinam o documento comprometendo-se a cumpri-las;

• O Jovem Protagonista Acolhedor deverá lembrar aos estudantes que esse


contrato servirá para os dias de Acolhimento;

• O Jovem Protagonista Acolhedor deverá pegar uma cartolina na cor da


turma e escreverá como pretende contribuir para o bom andamento e
harmonia da sala;

• Cada estudante deve dizer algo para ser colocado no contrato e o Jovem
Protagonista Acolhedor deve resumir e escrever na cartolina;

• Ao final, todos devem assinar no Contrato e o Jovem Protagonista Acolhedor


deve afixá-lo em um lugar visível para todos.

Obs.: Sempre que o estudante não estiver cumprindo com o contrato, o


Jovem Protagonista Acolhedor deve lembrá-lo de que ele se comprometeu
com o contrato e de que todos assinaram o documento.

72 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


COMO ESTA ATIVIDADE
PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• Assinar da maneira mais conveniente para o estudante ou perguntar como ele


prefere fazer.

Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Pode ser necessário modificar a forma de


apresentação do mesmo comando ou, ainda, repeti-lo.

Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências, conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante.

Pessoas com autismo:

• Buscar que o estudante participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo;

• Atente para a atividade não se tornar estressante para o estudante. Vale conversar
com ele sobre a melhor forma de participação. Verificar com a equipe escolar se há
informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 73


9h | 4 - O Livro da vida − Construção do Portfólio

Como é importante encontrar alguém


para contar sobre nossos sonhos! Depois
que a gente aprende o quanto é bom falar
sobre isso, dá vontade de sair falando
para todo mundo! Esse é o momento
do Acolhimento no qual falamos sobre
SONHOS pela primeira vez.

Para alguns estudantes, falar sobre


isso será muito fácil, eles participarão
da atividade tranquilamente; mas para
outros, não será uma tarefa tão simples
assim. Esses talvez nem acreditem que
têm o direito de sonhar.
Esse é um momento inicial. Será
Esta atividade requer de você muita durante as aulas de Projeto de
sensibilidade, tranquilidade e paciência, Vida que todos terão momentos
pois irá trabalhar com aspectos íntimos para falar de si e se conhecerem
dos estudantes. Pode acontecer melhor. Essa atividade no
que alguns deles se recusema fazer Acolhimento é o primeiro
a atividade por não se sentirem passo para um momento de
confortáveis em se expor diante de autoavaliação rumo à construção
colegas que acabaram de conhecer. da identidade dos estudantes.

74 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Objetivos:

• Promover uma reflexão sobre si;

• Despertar para a importância do autoconhecimento.

Material necessário:

• Cópia do Livro da Vida – 1 por estudante;

• Lápis de escrever – 1 por estudante;

• Carretilha de costura.

Desenvolvimento:

ETAPA I

• Antes de entregar o Livro da Vida para os estudantes, o Jovem


Protagonista Acolhedor deve falar que esta atividade é muito
importante para o início do trabalho com o Projeto de Vida, é o
momento de eles pararem para pensar sobre si;

• Para facilitar o momento de construir seu Livro da Vida, o Jovem


Protagonista Acolhedor deve fazer as perguntas abaixo em voz
alta para todos e esperar que se posicionem de forma individual,
mas para o coletivo, sobre suas sensações.

1. QUANDO ESTOU NUM GRUPO NOVO, EU ME SINTO...


2. QUANDO PENSO NO FUTURO, EU ME VEJO...
3. EU ME SINTO INTEGRADO NUM GRUPO QUANDO...
4. TENHO UMA VERGONHA ENORME DE...
5. QUANDO ALGUÉM FICA MAGOADO COMIGO, EU...
6. O QUE MAIS ME IRRITA É...
7. UMA PESSOA PARA SER MINHA AMIGA TEM QUE...
8. QUANDO ENTRO NUMA SALA CHEIA DE PESSOAS, EU ME SINTO...
9. SINTO-ME FELIZ QUANDO...
10. NO DIA DO MEU ANIVERSÁRIO EU...
11. O QUE MAIS ME ENTRISTECE É...
12. MEU PONTO FORTE É...
13. QUANDO ESTOU SOZINHO DIANTE DE UM ESPELHO, EU ME ACHO...

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 75


ETAPA II

Construção do Livro da Vida:

• Finalizadas as perguntas, o Jovem Protagonista Acolhedor


entrega uma cópia do Livro da Vida para cada estudante para que
possam construir o seu Livro da Vida contendo quatro páginas;

• Na capa: Cada um escolhe escrever ou desenhar algo que o


represente e que traduza o que ele é ou, ao menos, como se vê hoje;

• Imediatamente após a entrega das cópias do Livro da Vida, o Jovem


Protagonista Acolhedor deve pedir para que todos escrevam seu
NOME COMPLETO e a turma, no final de cada folha;

• Na página 2: O estudante deve contornar a silhueta de sua


mão direita; ele poderá contar com a ajuda do colega para
desenhar sua mão se sentir dificuldade em usar a mão
esquerda para contornar;

• O Jovem Protagonista Acolhedor dará um tempo para que


os estudantes escrevam na ponta de cada dedo da mão
desenhada uma qualidade que reconhece em si mesmo;

• Na página 3: O estudante deverá colocar três características


que reconhece que precisa melhorar em si mesmo;

• Na sequência, deve explicitar como ele acha que pode


melhorar cada uma dessas características;

• Na página 4: O estudante deverá criar uma Linha do Tempo,


considerando desde o seu nascimento até o momento
presente, destacando momentos marcantes de sua vida.
Exemplo: Se houve algo importante que ocorreu quando ele
tinha 5 anos, ele vai contar em poucas palavras o que houve e,
assim sucessivamente, até a idade que tem hoje;

• No decorrer da elaboração do Livro da Vida é muito importante


que os Jovens Protagonistas Acolhedores circulem entre os
estudantes a fim de identificar os que possivelmente tenham
dificuldades de alimentar o Livro da Vida, e oferecer ajuda;
caso o estudante não queira, o Jovem Protagonista Acolhedor
não deve insistir;

76 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


• Ao final, o Jovem Protagonista Acolhedor pergunta de forma
estimulante quais estudantes gostariam de apresentar seu
Livro da Vida para os colegas. É muito importante que ao
menos um estudante apresente;

• Para não esquecer, o Jovem Protagonista Acolhedor deve


recolher todos os Livros da Vida e guardá-los nas pastas dos
estudantes ou pedir que cada um o faça.

Reflexão:

• O Jovem Protagonista Acolhedor tem a responsabilidade de


refletir com o grupo de estudantes sobre a importância do
autoconhecimento para o processo de construção do Projeto
de Vida. Os estudantes poderão fazer melhores escolhas e
serem felizes com elas se eles se conhecerem, se tiverem um
conjunto de valores sólidos, boas referências, seja, na família,
nos amigos e, principalmente, na escola. Tudo isso ajuda a
fazer escolhas, que vão desde as coisas mais simples até as
mais complexas!

• O Jovem Protagonista Acolhedor deve deixar claro que essa


atividade do Acolhimento sobre autoconhecimento é apenas
o início do que eles irão vivenciar nas aulas de Projeto de
Vida ao longo desses anos na escola e, por isso, devem estar
abertos para se conhecerem e conhecerem o outro;

• Outra reflexão que pode surgir no processo de


autoconhecimento é, por exemplo, o desejo de ser igual a
outras pessoas que são admiradas. É importante lembrar que
as pessoas podem ter algo em comum, mas ninguém é igual a
ninguém, todos somos constituídos de pontos fortes e frágeis
e isso é muito importante para o amadurecimento ao longo da
vida. É importante ter referências, mas não perder a própria
identidade/personalidade e estar/ser feliz com quem se é,
buscando sempre um ponto a melhorar.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 77


COMO ESTA ATIVIDADE
PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras)

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso;

• Alguns estudantes podem apresentar dificuldades motoras para fazer o contorno da


mão. Conversem e encontrem a melhor forma de fazer esta atividade. Lembre-se de
que estamos falando de diferenças, o que vale é participar;

• Alguns estudantes podem fazer uso de caneta ou lápis adaptado para esta atividade.

Pessoas com deficiência auditiva

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual

• A pessoa com deficiência visual deverá informar qual o apoio que prefere ter.
O Jovem Protagonista pode ser o escriba ou o próprio estudante pode utilizar a
forma que está habituado.

Pessoas com deficiência intelectual

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Pode ser necessário modificar a forma de


apresentação do mesmo comando ou, ainda, repeti-lo.

Pessoas com deficiência múltipla

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências, conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante.

Pessoas com autismo

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante;

• Buscar que o jovem participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo. Vale
conversar com o estudante sobre a melhor forma de participação. Verificar com a
equipe escolar se há informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

78 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


10h30 | LANCHE

11h | 5 - Tudo começa com um Sonho

Eduardo Lyra só precisou de uma


pessoa que começasse a acreditar
em seu sonho: ELE MESMO!
Nessa atividade vale a reflexão de cada um
Depois, ao longo da jornada, ele
de nós, e não apenas dos estudantes que
precisou de outras mãos que não
estão sendo acolhidos por você. A história
o deixassem desistir. Não foi fácil,
do jovem Eduardo Lyra é a prova do
mas ele conseguiu! Que O SEU
PODER E DA FORÇA DE UM SONHO! Ele
SONHO seja a maior razão para
não deu ouvido às vozes da incredulidade,
não te deixar desistir, assim como
da dificuldade, da descrença.
diz a letra do cantor Emicida:
Ele optou em ouvir a voz do AMOR, “Levanta e anda / Mas eu sei que
do INCENTIVO, da PERSISTÊNCIA, vai, que o sonho te traz / Coisas
que muitas vezes só esteve presente que te faz / Prosseguir / Vai,
nas falas de sua mãe. levanta e anda, vai”.

Objetivos:

• Refletir sobre a importância de ter um SONHO;

• Incentivar os estudantes a acreditarem nos seus sonhos;

• Entender a relação do sonho com a Escola.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 79


Acreditamos que durante a construção, na apresentação do Livro da Vida realizada na atividade
anterior, muitas reflexões e sensações foram despertadas. Para esse momento, o Jovem
Protagonista Acolhedor precisa despertar de forma tranquila e convicta o autoconhecimento
de cada estudante, com o intuito de levá-los a uma introspecção sobre o que foi realizado.
Nesse momento, é importante realizar um mergulho interno sobre a importância de sonhar e
como o autoconhecimento é o primeiro passo para um futuro de oportunidades e escolhas.
Dessa forma, o Jovem Protagonista solicitará aos estudantes que pensem sobre os seus
sonhos, quais são os obstáculos e o que será necessário para superá-los.

Material necessário:

• Vídeo do Eduardo Lyra


(Disponível em: <https:/ www.youtube.com/watch?v=G8MDNfgTKcQ>.
Último acesso em: 08 jan. 2017.);

• Datashow;

• Equipamento de áudio;

• Folhas de papel A4.

Desenvolvimento:

Antes de exibir o vídeo é muito importante provocar os estudantes com algumas perguntas:

1. Quem tem um sonho?

• O Jovem Protagonista Acolhedor deve contar e anotar quantos


estudantes levantaram as mãos e disseram que têm um sonho.

2. Quem já realizou um sonho?

• O Jovem Protagonista Acolhedor deve ouvir um ou dois


estudantes que queiram contar um pouco sobre o sonho
realizado;

• Ainda não é necessário saber, especificamente, sobre os


sonhos de todos os estudantes;

• O Jovem Protagonista Acolhedor deve organizar os estudantes


na própria sala de aula ou em uma sala de vídeo e exibir o vídeo
do Eduardo Lyra;

• Após assistir ao vídeo, o Jovem Protagonista Acolhedor divide


os estudantes em quatro grupos e entrega uma folha de
A4 a cada grupo que deverá responder algumas perguntas
referentes à história de Eduardo Lyra.

80 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Grupo 1 - Quem já conhecia Eduardo Lyra e de onde?
Quem conhece alguém que tenha uma história de
vida parecida com a dele?

Grupo 2 - Eduardo Lyra teve uma vida fácil?


Com quem Eduardo Lyra pôde contar para hoje ser
quem é?

Grupo 3 - O que determinou o sucesso da vida dele?


Existe no grupo algum estudante que tenha uma
história parecida com a de Eduardo Lyra?

Grupo 4 - Cite pelo menos três lições que é possível tirar da


história de Eduardo Lyra.

• Após dispor de um pequeno intervalo de tempo para que os


estudantes respondam as perguntas, o Jovem Protagonista
Acolhedor pede para que um membro voluntário de cada grupo
compartilhe as perguntas e as respostas. Possivelmente, durante
a apresentação, outros estudantes desejarão acrescentar mais
informações sobre as respostas e eles devem saber que isso é
possível;

• Após as apresentações, o Jovem Protagonista Acolhedor senta


com os estudantes em círculo, no chão ou nas cadeiras, e conta
como a sua escola o apoiou na concretização do seu sonho e
do seu Projeto de Vida. Deve ainda falar sobre a importância de
reconhecer que ninguém consegue realizar um sonho sozinho,
que todos precisam de apoio, seja da família, da escola ou
dos amigos. Acrescentar que não basta sonhar e ficar parado
esperando que algo aconteça, que é preciso agir, “correr atrás”,
demonstrar um forte desejo em realizar seu sonho e clareza de
que terá que trabalhar duro para realizá-lo.

Descrição do Vídeo:

O vídeo apresenta a história de Eduardo Lyra, 28 anos, nascido em Guarulhos-SP. Eduardo


se tornou aquilo que muitos imaginaram que ele não seria: jornalista, escritor, roteirista e
empreendedor social. Foi eleito pelo Fórum Econômico Mundial um dos 15 jovens brasileiros
que podem melhorar o mundo e saiu na lista da revista Forbes Brasil como um dos 30
jovens mais influentes do país, sendo o único residente de uma periferia urbana. Eduardo
fundou o Instituto Gerando Falcões e, por meio do hip-hop, dança de rua, teatro e literatura,
já tocou a vida de mais de 200 mil jovens de comunidades. Eduardo acredita que “pau que
nasce torto não está sentenciado a morrer torto”.

Link: <https://www.youtube.com/watch?v=G8MDNfgTKcQ>.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 81


COMO ESTA ATIVIDADE
PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• Realizar a audiodescrição informal do vídeo.

Diretrizes para audiodescrição:

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou um estudo


com sugestões para o desenvolvimento da audiodescrição no Brasil. Sintetizamos algumas delas,
acrescidas de um conjunto de diretrizes do American Council of the Blind (Conselho Americano dos
Cegos). As sugestões abordam questões como a linguagem cinematográfica, o grau de detalhamento
e as preferências individuais.

Uma diretriz importante é que a audiodescrição não deve interferir no diálogo existente. Isso significa
que há um tempo limitado no qual a descrição deverá ser feita. Logo, nem tudo o que poderia ser des-
crito o será. Estudos acadêmicos sugerem os seguintes procedimentos para uma boa audiodescrição:

• Siga do geral para o particular, criando primeiro um contexto (espaço, tempo, situação) para
passar em seguida aos detalhes;
• Responda as quatro perguntas básicas: Quando? Onde? Quem? e O quê? As duas primeiras
situam o espectador no tempo e no espaço como dia ou noite, nublado ou ensolarado. A terceira
descreve quem aparece na cena: características físicas e relacionais do(s) personagem(s),
vestuário, se é pai, mãe, namorado, etc. A última, “o quê”, descreve movimentos e gestos
expressivos;
• Faça uma descrição objetiva, com linguagem acurada e apropriada;
• Escreva com simplicidade, clareza e concisão;
• Descreva no tempo presente;
• Evite termos técnicos, a menos que seja absolutamente necessário;
• Evite a descrição excessiva, que às vezes antecipa a narrativa e desfaz as ambiguidades
propositais do filme, retirando parte de seu encanto;
• Leve em consideração a paleta sonora com todas as possibilidades que ela oferece na
construção do sentido. O silêncio, em certas situações, pode ter o seu valor;
• Não use termos ofensivos ou racistas (mas descreva a etnia quando relevante;
• Experimente e invente um pouco, para tentar expressar a singularidade de cada filme;
• Envolva os deficientes visuais no processo.
Fonte: <http://www.filmesquevoam.com.br/siteprincipal/wp-content/uploads/2015/08/Guia_de_Cinema_e_ Video_para_Cegos_e_

Surdos_24jun13.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2017.

82 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Modificar a forma de apresentação do mesmo


comando. Pode ser necessário modificar a forma de apresentação do mesmo
comando ou, ainda, repeti-lo;

• Ao final do filme, certifique-se de que o estudante compreendeu a mensagem


principal fazendo algumas perguntas simples de verificação. Se necessário, faça um
breve resumo para o estudante ou repita a exibição.

Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante;

• Pode ser necessário realizar audiodescrição do vídeo.

Pessoas com autismo:

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante;

• Buscar que o jovem participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo. Vale
conversar com o estudante sobre a melhor forma de participação. Verificar com a
equipe escolar se há informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 83


12h | ALMOÇO

13h | 6 - O Varal dos Sonhos

Algumas pessoas acreditam que os sonhos são como uma “fumacinha”


que evapora em nossas mãos todas as vezes que tentamos alcançá-los.
Para esta atividade, vamos incentivar os estudantes a materializar seus sonhos
de forma que consigam vê-los como uma realidade palpável diante de seus
olhos. Sim, os nossos sonhos podem SER REAIS! Além disso, essa reflexão
irá oportunizar que entendam as várias possibilidades de “tirá-los do papel”
ao apontarem os passos para essa jornada, pois, dessa maneira, eles estarão
escrevendo os primeiros traços de seus PROJETOS DE VIDA.

A construção do Varal dos sonhos será um momento bastante lúdico com os estudantes,
pois é por meio de desenhos e pinturas que muitos sentimentos serão revelados. É
importante que os materiais a serem utilizados estejam ao alcance de todos para que
se sintam à vontade em escolher de que forma será elaborada a atividade. Também é
fundamental descrever para os estudantes como construir uma escada rumo aos sonhos:
o que as atitudes (cada etapa) podem proporcionar a ele; ou a melhor maneira de alcançar
o que se deseja; e quais dificuldades enfrentarão ao encarar cada degrau dessa escada até
alcançar o seu SONHO. Vale ressaltar que a exposição desses sonhos no varal deve ser um
momento respeitoso entre todos, pois esta é uma atitude muito pessoal de todos nós.

84 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Objetivos:

• Levar os estudantes a refletirem sobre seus sonhos;

• Incentivar os estudantes a traçar pequenas metas rumo ao sonho.

Material necessário:

• Cópia da Escada dos Sonhos – 1 por estudante;

• Lápis coloridos (hidrocor, cera, madeira) – várias cores por estudante;

• Pregadores de roupa – 2 por estudante;

• Jornais e revistas que não estejam em uso – 5 revistas e 5 jornais;

• Rolo de barbante (ou cordão, a depender da região do Brasil).

Desenvolvimento:

• O Jovem Protagonista Acolhedor deve entregar a copia da


Escada dos Sonhos dobrada ao meio para cada estudante,
formando uma espécie de livrinho;

• Na capa, eles deverão colar uma imagem (jornal e revista) ou


desenhar algo que represente o seu sonho;

• Finalizada a colagem de uma imagem ou do desenho, o Jovem


Protagonista Acolhedor deve indicar para os estudantes que
na parte de dentro desse papel dobrado há o desenho de uma
escada com quatro degraus;

• O Jovem Protagonista Acolhedor explica que os estudantes


deverão começar a escrever pelo último degrau, ou seja,
eles devem colocar o SONHO no degrau mais alto da escada,
utilizando apenas uma palavra ou uma pequena frase;

• É indispensável que o Jovem Protagonista Acolhedor faça a


sua própria escada dos sonhos juntamente com os estudantes;

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 85


• Na sequência, o Jovem Protagonista Acolhedor dá o comando
para o preenchimento na seguinte ordem:

4º degrau: Sonho

1º degrau: Etapa 1 para chegar ao Sonho

2º degrau: Etapa 2 para chegar ao Sonho

3º degrau: Etapa 3 para chegar ao Sonho

• Todos devem realizar a atividade juntos, preenchendo as etapas


conforme a orientação do Jovem Protagonista Acolhedor,
lembrando que as pessoas têm tempo, ritmo e formas diferentes
de se expressar. Quando todos finalizarem uma etapa, aí sim,
passar para a outra e assim sucessivamente até a 3ª etapa;

• Depois de todas as etapas concluídas, o Jovem Protagonista


Acolhedor deve levantar as seguintes perguntas:

1. Porque você tem esse sonho?

2. Você acha que é importante ter um sonho? Por quê?

3. Alguém disse para você desistir do seu sonho? Se sim,


porque você não desistiu?

• Ao final dessa etapa, o Jovem Protagonista Acolhedor deve


dar espaço para que alguns estudantes, que se sentirem
à vontade, apresentem o que fizeram mostrando os seus
sonhos e explicando as etapas;

• Em seguida, os estudantes deverão ser colocados em


fila para pendurarem os seus sonhos em um varal que,
preferencialmente, ficará do lado de fora da sala;

• Quando todos os estudantes pendurarem os seus sonhos no


VARAL, no retorno à sala de aula, uma reflexão deve ser feita:
esse Modelo de escola existe para apoiar o sonho de todos os
estudantes, e a escola deverá criar condições para apoiar a
construção do Projeto de Vida de todos os estudantes;

• Explique que o Planejamento é importante para que eles


possam realizar cada etapa do sonho e finalmente alcançá-lo.

Importante: O Varal dos sonhos é a atividade que mais simboliza o objetivo do Acolhimento.
É por meio dela que os estudantes expõem seus sonhos e, o mais importante, para que
os educadores da escola conheçam e se sintam corresponsáveis por apoiarem os sonhos
dos estudantes.

86 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


COMO ESTA ATIVIDADE
PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso.
Alguns estudantes podem precisar de apoio para realizar a atividade por completo.
Se houver estudante cadeirante, o varal deve ser colocado na altura dos seus olhos,
para que ele possa colocar seu sonho no varal de forma independente bem como ver
os sonhos dos demais. Outras formas de deficiências físicas pedirão outras atitudes.
Converse com o estudante.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• Apoio para a execução. O estudante poderá narrar para o facilitador (pode ser um
estudante acolhedor) o que constará no papel (na descrição de seu sonho bem como
das etapas para alcançá-lo). O estudante pode fazer todo esse processo em braille,
sendo que o desenho ou recorte da imagem pode ser substituído por um texto.

Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Modificar a forma de apresentação do mesmo


comando. Pode ser necessário modificar a forma de apresentação do mesmo
comando ou, ainda, repeti-lo.

Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências, conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante.

Pessoas com autismo:

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante;

• Buscar que o estudante participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo.
Vale conversar com o ele sobre a melhor forma de participação. Verificar com a equipe
escolar se há informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 87


14h | 7 - Um Tesouro a Descobrir – Os Quatro Pilares da Educação

Você já viu alguém construindo uma casa


ou um edifício? Se sim, sabe que a etapa
seguinte após a limpeza do terreno é a
construção dos alicerces ou PILARES.

Eles são a SUSTENTAÇÃO de tudo o que


será construído. Se os alicerces forem
frágeis indicam que o que será construído
sobre eles, em algum momento, virá a ruir,
mas se forem fortes o suficiente não será
tão fácil derrubá-los quando os tremores ou
as tempestades vierem.

Objetivos:

• Entender que as competências presentes nos Quatro Pilares


da Educação são importantes para a vida;

• Reconhecer as competências e habilidades dos Quatro Pilares


presentes no dia a dia;

• Associar os Quatro Pilares da Educação ao seu Projeto de Vida.

88 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Material necessário:

• Cartões impressos com as habilidades dos Quatro Pilares da Educação;

• Pincéis para quadro branco (ou giz para lousa);

• Folhas de papel A4;

• Fita adesiva.

Desenvolvimento:

• É preciso que o Jovem Protagonista Acolhedor diga aos


estudantes que o conhecimento em relação aos Quatro
Pilares fortalecerá o que foi executado na construção do Varal
dos sonhos, pois, falar dos Quatro Pilares é falar das nossas
competências e habilidades necessárias para ser e agirmos,
sobretudo rumo aos nossos sonhos;

• Para começar a atividade, o Jovem Protagonista Acolhedor deve


questionar os estudantes sobre: se eles já ouviram falar dos
Quatro Pilares da Educação, se já realizaram alguma atividade
na escola sobre esse tema, se conseguem fazer uma relação
entre o que dizem os Quatro Pilares e as suas próprias vidas;

• O Jovem Protagonista Acolhedor deve conceituar os Quatro


Pilares da Educação para os estudantes, informando que eles
foram publicados num relatório muito importante chamado
“Educação, um Tesouro a Descobrir” que foi elaborado pela
Comissão Internacional de Educação da UNESCO para pensar
na educação do Século XXI.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 89


• O Pilar do APRENDER A SER tem a ver com a COMPETÊNCIA PESSOAL,
com o jeito como cada um se relaciona consigo mesmo, como encara as suas
qualidades, as suas limitações e como consegue administrar isso de maneira que
também se relaciona melhor com os outros, independente das suas condições de
vida (naturais, sociais, econômicas, políticas e culturais). Também tem a ver com
o jeito como a pessoa se relaciona com a dimensão transcendental da vida, que
pode ser de natureza religiosa ou não, mas que alimenta de sentido e significado
a existência da gente;

• O Pilar do APRENDER A CONVIVER está relacionado à COMPETÊNCIA SOCIAL.


O jeito como cada um de nós convive com as outras pessoas e os seus modos de
viver (social, cultural, espiritual), exige que a gente desenvolva a compreensão
e aceitação progressiva de nós mesmos e do outro, bem como que a gente
depende um do outro para viver, para realizar projetos comuns. Aprender a gerir
conflitos, respeitar as diferenças, cultivar a compreensão mútua e a convivência
pacífica é a aprendizagem de que trata este pilar;

• O Pilar do APRENDER A CONHECER é o par da COMPETÊNCIA COGNITIVA, ou


seja, de tudo o que tem a ver com as diversas maneiras que a gente tem de lidar
com o conhecimento, de aprender, de descobrir coisas novas porque a gente
é curioso (e isso é bom!). Só que isso não tem nada a ver com abrir o livro e
ficar estudando... estudando..., isso tem a ver com o jeito como a gente aprende,
o jeito como a gente usa o nosso pensamento, a nossa atenção, a memória, a
curiosidade... tem a ver com o que a gente faz para aprender as coisas;

• O Pilar do APRENDER A FAZER tem tudo a ver com a COMPETÊNCIA PRODUTIVA.


Aqui a conversa é com as competências que a gente precisa desenvolver para
no futuro encarar o mundo produtivo de acordo com a profissão ou carreira
que escolheu. Do jeito que o mundo produtivo mudou (e continuará mudando
aceleradamente), cada vez mais é exigido não apenas o que devemos saber da
profissão escolhida (o que é óbvio), mas também outras habilidades que tem a
ver com as outras competências (pessoal, social e cognitiva);

• Após verificar o que os estudantes já sabem sobre os Quatro


Pilares e alinhar o entendimento acerca do conceito, o Jovem
Protagonista Acolhedor deve colar no quadro branco (ou na
lousa) os cartões com os Quatro Pilares e suas respectivas
competências, como mostra o exemplo abaixo:

90 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO

SER CONVIVER CONHECER FAZER


(Competência pessoal) (Competência social) (Competência cogniva) (Competência produva)

• Em seguida, o Jovem Protagonista Acolhedor, já com os


estudantes sentados em círculo, deverá embaralhar e espalhar
as habilidades dos Quatro Pilares no centro da sala:

• Com as habilidades misturadas aleatoriamente, a ideia é que


os estudantes montem um painel que indique as habilidades
correspondentes a cada Pilar;

• O Jovem Protagonista Acolhedor deve escolher uma parede ou


mesmo o quadro branco/lousa da escola para montar o painel;

• Caso o Jovem Protagonista Acolhedor julgue que são muitos


estudantes e que será melhor dividir em grupos, é aconselhável
que escolha oito estudantes representantes, dois para cada
Pilar; e peça que colem no painel as habilidades, ouvindo a
opinião de todos;

• Ao final, o quadro deverá estar como mostra o exemplo ao lado:

OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO

SER CONVIVER CONHECER FAZER


(Competência Pessoal) (Competência Social) (Competência Cogniva) (Competência Produva)

Ampliar o
Capacidade de
Conhecer a si mesmo Tolerância conhecimento
planejar
adquirido

Ajudar sem esperar


Avaliar bem a Leitura, escrita, Capacidade de
nada em troca
si mesmo cálculo e lógica execução
(Altruísmo)

Responsabilidade Capacidade de Capacidade de


Ser determinado
Social análise e síntese iniciava

Abertura para Vontade de connuar Busca de soluções para


Confiar em si
o diálogo aprendendo os problemas reais

Capacidade de Senso críco e


Reconhecer as suas Capacidade de pôr em
estabelecer vínculos capacidade de
forças e limitações práca o que aprende
e mantê-los discernimento

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 91


• Após os estudantes concluírem o quadro de habilidades
dos Quatro Pilares da Educação, caso algumas habilidades
estejam alocadas no Pilar errado, é o momento de o Jovem
Protagonista Acolhedor levar a habilidade para o Pilar correto
e explicar porque ela pertence ao Pilar que ele ajustou e não
ao que os estudantes haviam indicado;

• Para finalizar, todos os estudantes devem ser reunidos em um


círculo e o Jovem Protagonista Acolhedor esclarece que os
Quatro Pilares da Educação, suas competências e habilidades
estão mais presentes no dia a dia de cada um do que se pode
imaginar; que eles devem conhecer mais profundamente o que
cada Pilar representa e buscar desenvolver as suas respectivas
habilidades, aprendizagens, estas, que todos devem absorver,
tendo em vista que são fundamentais para a construção de um
Projeto de Vida.

COMO ESTA ATIVIDADE


PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso;

• Se houver cadeirante, cuidar para que a forma de distribuir a atividade permita que o
estudante possa acessá-las de forma independente;

• Outras deficiências físicas podem pedir outras maneiras de trabalhar. Importante


conversar com o estudante.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• Realizar a leitura em voz alta de todos os pilares e das habilidades para a pessoa
com deficiência visual.

Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Pode ser necessário modificar a forma de


apresentação do mesmo comando ou, ainda, repeti-lo.

92 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante.

Pessoas com autismo:

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante. Buscar que o
estudante participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo. Vale conversar
com o estudante sobre a melhor forma de participação. Verificar com a equipe escolar
se há informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

14h30 | 8 - Protagonismo até Altas Horas

Jovem Protagonista Acolhedor, agora que os estudantes já sonharam e já


refletiram sobre si, é hora de saber que a vivência do Protagonismo o fará
ser dono das suas ações, do seu Projeto de Vida e ser o principal ator da
sua vida. Para isso, eles irão conhecer o conceito e as histórias dos Jovens
Protagonistas que os acolheram e que já vivenciaram essa escola tão
transformadora que o apoiou em seu próprio Projeto de Vida.

Vamos nessa! Sigam para a quadra ou para o pátio da escola para fazer a
atividade Protagonismo Até Altas Horas.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 93


Objetivos:

• Introduzir o conceito de Protagonismo;

• Realizar uma prática de Protagonismo por meio do diálogo


entre os Jovens Protagonistas Acolhedores, estudantes e
equipe escolar;

• Apresentar as histórias dos Jovens Protagonistas Acolhedores


aos estudantes.

Material necessário:

• Pen drive com os vídeos para a atividade;

• Pen drive com músicas animadas (ou celular com playlist);

• Datashow;

• 2 a 3 microfones;

• Computador;

• Equipamento de áudio (caixa de som grande);

• 3 cadeiras que giram em 360º.

Desenvolvimento:

• Essa atividade será desenvolvida na quadra poliesportiva da


escola (caso não haja a quadra, pode ser em um pátio);

• Todas as turmas devem estar juntas nesse momento.


Portanto, os Jovens Protagonistas Acolhedores, devem estar
alinhados para saber a hora exata que deverão levar suas
turmas para a quadra ou pátio. O Jovem Protagonista líder
ajudará nesse alinhamento;

• Os professores e outros membros da equipe escolar deverão


ser chamados para participarem dessa atividade;

• Para começar, todos devem sentar-se ao chão formando um


círculo no qual os participantes possam se ver;

94 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


• No centro do círculo, três Jovens Protagonistas Acolhedores
devem estar sentados nas cadeiras que giram para serem
submetidos a várias perguntas dos estudantes e dos membros
da equipe escolar, de acordo com os temas lançados pelo
mediador (mediador = Jovem Protagonista da equipe que tem
o papel de líder durante o Acolhimento nesta escola ou outro
Jovem Acolhedor);

• O Mediador terá em mãos três fichas com os temas citados


abaixo, bem como possíveis perguntas que podem ser feitas
aos Jovens Protagonistas Acolhedores;

• Os temas são:

1º - Protagonismo (conceito, práticas na escola e na vida);

2º - Experiências com o Protagonismo (vivências dos Jovens


Protagonistas Acolhedores);

3º - Conhecendo Jovens Protagonistas Acolhedores (ao vivo


e por vídeos).

No local onde será realizada a atividade, antes do início, um dos Jovens Protagonistas
Acolhedores coloca músicas animadas para tocar;

1º momento:

• O mediador lê a ficha do primeiro tema, o conceito de


Protagonismo, e com suas palavras dá alguns exemplos
práticos do Protagonismo dentro e fora do ambiente escolar;

• Em seguida, exibe o vídeo do Indiano (disponível em: <https://


www.youtube.com/watch?v=- VPX47l011YI>), como forma de
exemplificar ainda mais o Protagonismo em sua essência;

• Após esse momento, abre o espaço para perguntas a respeito


do tema.

2º momento:

• O mediador lê a ficha do segundo tema, Experiências com


o Protagonismo, e exibe o vídeo das Escolas da Escolha da
Secretaria do Estado de São Paulo no qual os jovens do EF e EM
contam como é a experiência com os Clubes de Protagonismo;

• A seguir, o mediador abre espaço para mais perguntas dos


estudantes e equipe escolar.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 95


3º momento:

• O mediador lê a ficha do terceiro tema, Conhecendo Jovens


Protagonistas Acolhedores. Nesse momento o mediador exibe
o vídeo da jovem egressa da primeira Escola da Escolha, o
Ginásio Pernambucano, Aline;

• Na sequência, pergunta se alguém gostaria de comentar sobre o


vídeo, sobre o que lhe impactou ou chamou atenção na história
de Aline (caso ninguém fale, o mediador ou os jovens que estão
no centro devem fazer alguns comentários sobre o vídeo);

• Após esse momento os jovens que estão sentados no centro


contam suas histórias e como a escola apoiou no seu Projeto
de Vida;

• O mediador abre um pequeno espaço para que os estudantes


possam perguntar algo aos Jovens Protagonistas Acolhedores
e agradece a presença e participação de todos;

• O mediador deve direcioná-los às suas turmas do Acolhimento


para que os Jovens Protagonistas Acolhedores possam dar
continuidade às atividades.

COMO ESTA ATIVIDADE


PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso;

• Se houver cadeirante ou pessoa com restrição de mobilidade, conversar com ela


sobre a melhor forma de participação, inclusive para sentar no chão.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• Realizar a audiodescrição informal do vídeo.

96 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Diretrizes para audiodescrição:

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicou um estudo


com sugestões para o desenvolvimento da audiodescrição no Brasil. Sintetizamos algumas delas,
acrescidas de um conjunto de diretrizes do American Council of the Blind (Conselho Americano dos
Cegos). As sugestões abordam questões como a linguagem cinematográfica, o grau de detalhamento
e as preferências individuais.

Uma diretriz importante é que a audiodescrição não deve interferir no diálogo existente. Isso significa
que há um tempo limitado no qual a descrição deverá ser feita. Logo, nem tudo o que poderia ser descrito
o será. Estudos acadêmicos sugerem os seguintes procedimentos para uma boa audiodescrição:

• Siga do geral para o particular, criando primeiro um contexto (espaço, tempo, situação) para
passar em seguida aos detalhes;
• Responda as quatro perguntas básicas: Quando? Onde? Quem? e O quê? As duas primeiras
situam o espectador no tempo e no espaço como dia ou noite, nublado ou ensolarado. A terceira
descreve quem aparece na cena: características físicas e relacionais do(s) personagem(s),
vestuário, se é pai, mãe, namorado, etc. A última, “o quê”, descreve movimentos e gestos
expressivos;
• Faça uma descrição objetiva, com linguagem acurada e apropriada;
• Escreva com simplicidade, clareza e concisão;
• Descreva no tempo presente;
• Evite termos técnicos, a menos que seja absolutamente necessário;
• Evite a descrição excessiva, que às vezes antecipa a narrativa e desfaz as ambiguidades
propositais do filme, retirando parte de seu encanto;
• Leve em consideração a paleta sonora com todas as possibilidades que ela oferece na
construção do sentido. O silêncio, em certas situações, pode ter o seu valor;
• Não use termos ofensivos ou racistas (mas descreva a etnia quando relevante;
• Experimente e invente um pouco, para tentar expressar a singularidade de cada filme;
• Envolva os deficientes visuais no processo.
Fonte: <http://www.filmesquevoam.com.br/siteprincipal/wp-content/uploads/2015/08/Guia_de_Cinema_e_Video_para_Cegos_e_

Surdos_24jun13.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2017.

Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Pode ser necessário modificar a forma de


apresentação do mesmo comando ou, ainda, repeti-lo;

• Ao final de cada momento, certifique-se de que o estudante compreendeu a mensagem


principal fazendo algumas perguntas simples de verificação. Se necessário, faça um
breve resumo para o estudante ou repita a exibição.

Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante;

• Pode ser necessário realizar audiodescrição do vídeo.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 97


Pessoas com autismo:

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante;

• Buscar que o jovem participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo. Vale
conversar com o estudante sobre a melhor forma de participação. Verificar com a
equipe escolar se há informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

15h30 − LANCHE

16h | 9 - A Cápsula do Tempo

O tempo é um excelente professor. Se agirmos enquanto ele passa,


podemos ter a chance de nos prepararmos para as etapas que virão.
Mas se apenas olharmos os ponteiros do relógio e permanecermos
inertes às horas que correm diante nós, se não nos movermos na
direção do que queremos, o tempo se tornará o maior adversário na
realização dos nossos sonhos! Esta atividade levará os estudantes
a projetarem quem eles querem ser e o que esperam alcançar daqui
a alguns anos. Ajudá-los a ter essa visão do futuro é o seu maior
desafio, Jovens Protagonistas Acolhedores! Então, fechem os olhos e
sonhem para além do que pode ser visto!

98 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio


Objetivos:

• Estimular os estudantes a projetarem seus desejos e sonhos


no período de um ano.

Material necessário:

• Caixa de sapato – 1 unidade por turma;

• Papel crepom de diversas cores;

• Fita adesiva grossa;

• Fita de cetim grossa na cor da turma;

• Folhas de papel A4 – 1 por estudante;

• Tinta guache – 1 caixa com seis cores (contendo preta e branca).

Desenvolvimento:

1º momento - Elaboração da carta para si

• Antes de iniciar esta atividade, o Jovem Protagonista Acolhedor


deve alinhar o entendimento sobre as atividades realizadas
até aqui com todos os estudantes, sempre fazendo referência
àquelas desenvolvidas no dia anterior: o quanto o sonho deles já
foi trabalhado, o desenvolvimento do Varal dos Sonhos, etc.;

• O Jovem Protagonista Acolhedor entrega aos estudantes uma


folha de papel A4 dividida ao meio. Em uma metade da folha,
os estudantes deverão escrever uma carta para eles mesmos,
contando como se veem no futuro, sendo ideal que eles se
projetem no intervalo de tempo de um ano;

• Após os estudantes finalizarem as cartas, o Jovem Protagonista


Acolhedor deve orientá-los a colocarem-nas dentro da Cápsula
do Tempo (veja sobre a elaboração da cápsula mais abaixo).
Deve dizer que, no ano seguinte, eles deverão, juntamente
com o professor de Projeto de Vida, abrir a Cápsula e ler as
cartas avaliando as mudanças ocorridas no período como, por
exemplo, se continuam sendo a mesma pessoa, se o cabelo está
diferente do ano passado, se os pensamentos mudaram, se os
sonhos continuam os mesmos, etc.;

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 99


• O Jovem Protagonista Acolhedor deve esclarecer ainda que
se os estudantes desejarem, podem ser apoiados pelos
seus professores de Projeto de Vida para, no ato da abertura
das cápsulas, realizar mais uma vez a dinâmica e assim dar
continuidade às expectativas que têm na sequência de suas vidas.

2º momento: Elaboração da Cápsula do Tempo

• O Jovem Protagonista Acolhedor mostra a caixa aos estudantes


e diz que ela servirá como uma guardiã do tesouro, que são os
desejos e sonhos de cada um deles. Os sonhos e desejos ficarão
guardados dentro dessa Cápsula do Tempo, que só deverá ser
aberta no início do ano seguinte por eles e pelo professor de
Projeto de Vida na semana de Acolhimento;

• Para elaborar a Cápsula, o Jovem Protagonista Acolhedor


disponibiliza ao final da atividade todos os materiais, como
lápis coloridos, cola glitter, fita de cetim, etc., para que os
estudantes customizem a caixa com a identidade da sala.
Cerca de dez minutos são suficientes para a finalização da
Cápsula do Tempo.

Importante: Essas cartas não podem ser lidas por ninguém da escola. As Cápsulas
devem ficar guardadas na sala da coordenação pedagógica e serem entregues
aos professores de Projeto de Vida no início do ano seguinte, para que as cartas
sejam devolvidas aos estudantes de forma intimista e esses possam ler e refletir
individualmente. Os professores devem propor aos estudantes que refaçam as cartas
se projetando mais uma vez para o início do ano seguinte. O mesmo ritual poderá ser
realizado até o final de sua vida escolar, momento em que os estudantes deverão
levar consigo sua carta e seu portfólio, elaborado ao longo desses três anos.

COMO ESTA ATIVIDADE


PODE SER PARA TODOS?

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso;

• Alguns estudantes podem fazer uso de comunicação suplementar e alternativa


pedindo que alguém seja escriba de seus textos.

100 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio
Pessoas com deficiência auditiva

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual

• Caso o estudante utilize braille, oferecer essa possibilidade de escrita, sempre que
possível. Ter reglete e punção (instrumentos para escrita braille) e sulfite para que ele
registre autonomamente suas reflexões como os demais estudantes;

• Caso o estudante não seja usuário de braille, um dos Jovens Protagonistas deverá
assumir a postura de escriba apoiando o estudante na execução da tarefa.

Pessoas com deficiência intelectual

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos);

• Aceitar desenho em detrimento à escrita se o estudante assim demonstrar. Pode ser


necessário modificar a forma de apresentação do mesmo comando ou, ainda, repeti-lo.

Pessoas com deficiência múltipla

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências, verificar


com a equipe escolar qual a melhor opção de comunicação com o estudante;

• Pode ser necessário o apoio de um escriba.

Pessoas com autismo

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante;

• Buscar que o jovem participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo. Vale
conversar com o estudante sobre a melhor forma de participação. Verificar com a
equipe escolar se há informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 101
16h30 | 10 - Uma Roda de Conversa

Encerramento das atividades do 1º Dia

Em uma roda de conversa é importante não apontar para os estudantes indicando


quem deve falar, e sim, convidar e deixar que se expressem naturalmente. Caso eles se
mostrem calados e não se sintam à vontade para falar, devem ser estimulados por meio
de perguntas para as quais, inicialmente, possam responder SIM ou NÃO, podendo
até combinar um movimento para cada uma das opções. Seguir o sentido horário e
anti-horário na roda para organizar a sequência da participação dos estudantes é uma
boa opção, pulando aqueles que não tiverem o desejo de se expressar.

A ideia da Roda de Conversa é avaliar rapidamente o dia de atividade do Acolhimento,


colher alguns depoimentos e reforçar a importância do dia seguinte, no qual eles farão
a culminância e apresentarão para a equipe escolar o que foi vivenciado no dia anterior
e o que esperam de todos daquela Equipe Escolar no apoio aos seus Projetos de Vida.

• Esse é momento para uma conversa na roda, na qual será


realizado um resgate de tudo o que aconteceu na escola.
É importante citar as atividades vivenciadas e sugerir a
participação dos estudantes pedindo para falarem sobre o
que mais gostaram, o que acharam mais interessante, o que
não gostaram e descobrir, por meio de perguntas, quais as
expectativas sobre o que vai acontecer no dia seguinte.

O importante é inaugurar esse espaço de expressão de opiniões, sentimentos,


emoções, cumplicidade, respeito, colaboração e integração entre a turma.

102 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio
2o DIA

ATIVIDADES

7h30| 11 - A Preparação para a Culminância

Esse é mais um momento de singular importância


no início da Escola da Escolha: vamos mostrar
a todos da escola que VALE A PENA SONHAR!
Durante a Culminância, os estudantes precisam se
sentir motivados e alegres pelas boas expectativas
dos anos que virão na escola, apresentando com
entusiasmo o que vivenciaram e aprenderam durante
as atividades do Acolhimento. Seja um instrumento
motivador de seu grupo, incentive-os com palavras de
encorajamento e elogios sinceros sobre a importância
do que foi construído ao longo desses dias que vocês
passaram juntos!

Entendendo a Culminância:

• A Culminância não é uma simples apresentação dos


estudantes. Ela é um dos momentos mais importantes do
Acolhimento porque nela os estudantes terão a oportunidade
de exibir o que foi vivenciado e aprendido durante a realização
das dinâmicas e respectivas atividades e reflexões, bem como
de expressar para a comunidade escolar as suas expectativas
e de como se sentem diante do desafio da nova escola, dos
novos amigos, dos novos professores etc.;

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 103
• É durante as apresentações da Culminância que os estudantes
“contarão” para a equipe escolar quais são os seus SONHOS
e como esperam que a escola os apoie na sua realização;

• Neste momento, a equipe gestora e todos os educadores


que fazem parte da equipe escolar são convidados pelos
estudantes a assistirem às apresentações para que possam
conhecer as suas expectativas, e assim, como equipe,
deverão desenvolver estratégias e ações de apoio a CADA
ESTUDANTE durante o ano letivo;

• A Culminância será realizada de acordo com o que cada turma


desejar apresentar, a partir das mais variadas formas de
expressão (dança, teatro, música, jogral, etc.);

• Os conteúdos trabalhados durante o Acolhimento devem estar


presentes em todas as apresentações:

- Os Quatro Pilares da Educação

- Protagonismo

- Sonho

- Projeto de Vida

Sugestões de apresentações:

1. Música (cantada entre todos, com coreografia, coral, etc.);

2. Pesquisa de opinião (a escola que eu tenho, a escola que eu


quero ter, etc.);

3. Teatro (caras brancas e luvas, teatro com objetos - bexigas,


livro gigante, tecidos, papel picado, etc.);

4. Produção textual (poema, depoimentos, carta para a escola,


etc.) e produção gráfica (desenhos, gravuras, artes, etc.);

5. Jogral;

6. Outros.

104 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio
Apoio do Jovem Protagonista Acolhedor aos estudantes

• As turmas devem escolher como farão a apresentação, que


linguagem e forma utilizarão, podendo ser mais de uma
linguagem por turma, desde que envolva o maior número de
estudantes da sala;

• Mesmo não sendo possível todos atuarem simultaneamente,


seja pelo roteiro escolhido ou pela insuficiência de espaço
físico, isso deve ser objeto de discussão e reflexão entre eles,
sempre mediado pelo Jovem Protagonista Acolhedor e nunca
sob a interferência dos educadores da escola.

O Jovem Protagonista Acolhedor deve:

• Assegurar que os conteúdos trabalhados durante o Acolhimento


estejam presentes nas apresentações das turmas;

• Orientar sobre o estilo da apresentação e postura de cada um,


refletindo com os estudantes sobre a mensagem que poderá
passar aos que irão assistir, caso haja indicação de alguma
inadequação ou inconveniência;

• Apoiar os estudantes na escolha da melhor forma para expressão


do que desejam apresentar (música, teatro, dança, etc.);

• Ajudar na escolha do uso do espaço (previamente indicado e


autorizado pela equipe gestora, se possível);

• Esclarecer e orientar que as apresentações sempre deverão


ser realizadas pelos próprios estudantes.

COMO ESTA ATIVIDADE


PODE SER PARA TODOS?

A recomendação para a participação plena de todos deve considerar as orientações,


conversas e escutas feitas juntamente com os estudantes com deficiência durante
todas as atividades realizadas anteriormente, e as recomendações aplicadas ao
longo deste Caderno.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 105
10h | LANCHE

10h30 | 12 - A Culminância

• Momento da execução da Culminância pelos estudantes.

COMO ESTA ATIVIDADE


PODE SER PARA TODOS?

A recomendação para a participação plena de todos deve considerar as orientações,


conversas e escutas feitas juntamente com os estudantes com deficiência durante todas as
atividades realizadas anteriormente, e as recomendações aplicadas ao longo deste Caderno.

ATIVIDADE EXTRA

Atenção, Jovem Protagonista Acolhedor! Caso sua turma avance mais rapidamente em
suas atividades e haja tempo disponível, você pode realizar esta atividade extra, descrita
abaixo, denominada “Nó Humano”:

Nó Humano

E vamos lá! Estamos concluindo o primeiro dia de Acolhimento. Os


estudantes estão mais confiantes e integrados entre si. Nesse momento
algumas dúvidas e inseguranças foram sanadas e outras ainda permanecem,
mas sabemos que é normal, pois uma nova escola, uma nova proposta
de aprendizagem está por vir em suas vidas e de um modo inesperado
seus sonhos foram “despertados”. Afinal de contas, Jovem Protagonista
Acolhedor, você já vivenciou muito bem esse momento!

Refletir e entender que o sonho individual requer paciência, determinação


e garra é imprescindível para alcançá-lo. Mas, por meio do coletivo novas
estratégias também podem surgir e o caminho para esse SONHO se tornar
possível. É preciso aprender com o outro, sempre!

106 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio
Objetivos:

• Demonstrar a importância do trabalho em equipe para se


chegar a um resultado;

• Mostrar a importância do planejamento.

Material necessário:

• Aparelho de som (ou celular com playlist e caixa de som);

• Mídia (CD, DVD, Pen drive etc, com música animada.).

Desenvolvimento:

• O Jovem Protagonista Acolhedor forma um grande círculo no


qual todos deverão estar de mãos dadas, lado a lado;

• Os estudantes serão orientados a observar as pessoas com


as quais estão de mãos dadas, tanto a que está do seu lado
direito quanto a do seu lado esquerdo. Deverão memorizar
quem são, não podendo trocar as pessoas;

• O grupo deverá soltar as mãos e, ao som de uma música


animada, caminhar livremente pela sala, procurando
cumprimentar pessoas diferentes daquelas que estavam ao
seu lado;

• Depois de um minuto, quando a música for interrompida,


todos param onde estão e, sob o comando do Jovem
Protagonista Acolhedor, procuram, sem sair do lugar, dar a
mão novamente a quem estava à sua direita e à sua esquerda;


Durante essa movimentação deverá se formar um
emaranhado de gente;

• Em seguida, SEM SOLTAR AS MÃOS, os estudantes deverão


fazer com que o emaranhado de gente seja desfeito e possam
ter novamente um círculo igual ao inicial, no centro da sala;

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 107
• Depois da dinâmica proponha uma reflexão, pontuando:

1. Qual foi a maior dificuldade que sentiram?

2. Como fizeram para resolver?

3. Alguém pensou em desistir?

4. Alguém pensou que era impossível voltar a ser um círculo


novamente?

5. O que podemos concluir com esta atividade?

• O Jovem Protagonista Acolhedor conversa com os estudantes


dizendo que em um trabalho em grupo é preciso que todos
se escutem, que alguém tome a iniciativa, que nem todos
podem falar, que é necessário ter paciência e humildade, pois
nem sempre o caminho que você aponta será o melhor para
alcançar o objetivo final, e outras reflexões nesse sentido.

COMO ESTA ATIVIDADE


PODE SER PARA TODOS?

Cuidar para que os estudantes com deficiência sejam inseridos no grupo e que
participem, dentro de suas possibilidades, da atividade como um todo. Recomenda-se
que um dos Jovens Protagonistas lembre os demais membros do grupo, sempre que se
fizer necessário, da presença do colega com deficiência.

Pessoas com deficiências físicas (motoras):

• Atentar para possíveis formas de comunicação que os estudantes possam fazer uso.
Cuidar para que o estudante com deficiência física consiga participar da atividade
com segurança. Se houver dúvida, pedir orientação para um profissional da escola.

Pessoas com deficiência auditiva:

• Contar com a presença de intérprete de Libras durante a atividade.

Pessoas com deficiência visual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão. Orientar quem é a


pessoa à direita e à esquerda, oferecendo uma pista tátil (anel, boné, pulseira, etc.).

108 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio
Pessoas com deficiência intelectual:

• Dar explicações de forma clara para a melhor compreensão;

• Utilizar comandos objetivos (curtos). Pode ser necessário modificar a forma de


apresentação do mesmo comando ou, ainda, repeti-lo.

Pessoas com deficiência múltipla:

• Guia-intérprete no caso de surdo-cegueira. Com relação a outras deficiências, conversar


com a equipe escolar para verificar a melhor opção de comunicação com o estudante.
Conversar com o estudante explicando a atividade e buscando saber como ele mesmo
indica sua melhor forma de participar.

Pessoas com autismo:

• Atentar para a atividade não se tornar estressante para o estudante;

• Buscar que o jovem participe das dinâmicas respeitando seus tempos, seu ritmo. Vale
conversar com o estudante sobre a melhor forma de participação. Verificar com a
equipe escolar se há informações sobre como conduzir esta conversa com o estudante.

Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 109
A parte que vem depois!

Chegamos ao fim do Caderno de Acolhimento do Ensino Médio.

Esperamos que ele tenha contribuído para enriquecer a sua formação como protagonista
e promissora liderança. Também desejamos que você tenha muitas experiências, histórias
para contar e seja muito bem-sucedido junto aos seus colegas.

110 Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio
Caderno do Acolhimento da Equipe Escolar, Pais e Responsáveis e Estudantes - Ensino Médio 111

Você também pode gostar