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1 abril 2021
Legenda da foto,
Desconsiderando-se a religiosidade decorrente da figura de Jesus, ele foi um condenado
político
Religiosidade à parte, poucos duvidam que tenha vivido há 2 mil anos um
homem chamado Jesus, em parte do que hoje é Israel.
E que ele foi um judeu dissidente que acabou liderando um grupo de
seguidores. Sua atuação acabou incomodando o Império Romano. E, às
vésperas da Páscoa judaica, ele acabou condenado, torturado e morto por
crucificação — uma prática de pena capital comum na época.
Depois de sua morte, seguidores se encarregaram de espalhar seus
ensinamentos. Terminava a história e começava o mito, a religião, a teologia.
Essa transição ocorreu principalmente graças a um profícuo escritor da época,
pioneiro da Igreja Cristã e autor de muitos textos que hoje estão na Bíblia:
Paulo de Tarso (c. 5-67). Na década de 50 do primeiro século da nossa era,
cerca de 20 anos depois da morte de Jesus, ele produziu sete cartas cujos
textos sobreviveram ao tempo.
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"Nessas cartas reparamos que há uma mudança de enfoque. Paulo não mais
trabalha com o Jesus histórico, ele trabalha com o Jesus da fé", explica o
historiador André Leonardo Chevitarese, autor de, entre outros, Jesus de Nazaré:
Uma Outra História, e professor do Programa de Pós-Graduação em História
Comparada do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ).
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Fim do Podcast
A morte na cruz, cujo simbolismo acabou se confundindo com a própria
religiosidade cristã, não era um acontecimento raro naquela época.
"A crucificação era a pena de morte usada pelos romanos desde o ano 217
a.C. para escravos e todos aqueles que não eram cidadãos do Império",
explica o cientista político, historiador especializado em Oriente Médio e
escritor italiano Gerardo Ferrara, da Pontifícia Universidade da Santa Cruz, de
Roma.
"Era uma tortura tão cruel e humilhante que não era reservada a um cidadão
romano. Era precedida pelo açoite, infligido com vários instrumentos, conforme
a origem e a proveniência social dos condenados."
"A crucificação não foi invenção romana mas estava amplamente disseminada
no Império Romano. Fazia parte de uma rotina dentro dos territórios que hoje
chamamos de Israel", pontua Chevitarese. "Mais ou menos uns 40 anos depois
da morte de Jesus, quando houve a tomada de Jerusalém, milhares de judeus
foram crucificados."
CRÉDITO,DOMÍNIO PÚBLICO
Legenda da foto,
A crucificação não foi invenção romana mas estava amplamente disseminada no
Império Romano, diz pesquisador/ acima, obra de Jesus sendo erguido na cruz, de
Rubens
Os Evangelhos dedicam-se também a narrar as últimas horas de Jesus,
detalhando seu sofrimento. De acordo com as escrituras sagradas, ele teria
sido levado de uma instância a outra nessas horas de julgamento, com certa
hesitação entre as autoridades. Chevitarese diz que historicamente isso não
pode ser verdade.
Isto porque, a julgar pelos relatos, Jesus foi morto na antevéspera da Páscoa
judaica. "A festa da Páscoa é uma festa política, pois é quando se celebra a
passagem da escravidão para a liberdade, a saída do povo hebreu do Egito
para a 'terra onde corre o leite e o mel'", lembra o historiador.
"Então imaginemos: uma cidade abarrotada de judeus, como a autoridade
romana vai botar um judeu para carregar uma cruz pela cidade, no meio de
tantos judeus? Seria um convite à rebelião. Com uma pessoa como Jesus
ninguém poderia perder tempo. Foi pego e imediatamente crucificado." Para
Chevitarese, os relatos que existem dando conta de acontecimentos entre a
prisão de Jesus, na madrugada de quinta para sexta, e sua crucificação, horas
mais tarde, não são históricos; são teologia.
Alguns dias antes, no que acabou se eternizando como Domingo de Ramos,
Jesus tinha entrado em Jerusalém. Foi uma rara aparição dele em uma grande
cidade, o que teria transformado-o em alvo fácil das autoridades.
Mas por que ele incomodava? Porque liderava um grupo justamente
proclamando um novo reino, o Reino dos Céus, ou reino de seu pai. E seu
discurso era de um reino diametralmente oposto ao Império Romano, segundo
quatro pilares básicos. "Ele se torna messias por conta dessa ideia", defende
Chevitarese.
O primeiro pilar do reino defendido por Jesus era a justiça. Não qualquer
justiça, mas a justiça divina. "E ele se referia a Deus como papai, seu pai
celestial. Essa justiça tão equilibrada, era claro, se opunha a outro reino,
aquele que já estava instalado e que controlava a Judeia: o dos romanos",
compara o historiador. "Ele está dizendo: aqui no meu reino tem justiça; o do
César é o reino da injustiça."
O segundo ponto é que Jesus proclamava um reino de paz, também em
oposição ao estado bélico do governo imposto pelos romanos, um império que
avançava sobre outros povos.
O terceiro pilar é comensalidade: comida, bebida, fartura na mesa dos pobres,
dos camponeses. "O grupo que acompanhava Jesus ouvia sua pregação e, de
alguma maneira, achava interessante o que ele estava dizendo", diz
Chevitarese. Por fim, Jesus falava de um reino de igualdade, com a
coparticipação de todos. "O ministério de Jesus é de homens e mulheres,
iguais", nota o historiador.
"O importante é que [nesses discursos] política, religião, economia, sociedade,
tudo isso se inseria num programa messiânico. Não estava claro onde
começava a política e terminava a religião, nem onde terminava a religião e
começavam as questões sociais. Tudo estava interligado", completa.
"Jesus morre por causa de um reino, o reino de Deus. Esse é o movimento de
Jesus com Jesus. A geração seguinte, o movimento de Jesus sem Jesus,
ressignifica a morte dele como uma morte sacrificial, que ganha dimensão
estritamente religiosa."
As autoridades romanas que serviam na região já estavam mapeando os
movimentos de Jesus. E encontraram a oportunidade perfeita quando ele
resolveu entrar em Jerusalém. "Viram-no criando confusão no templo, às
vésperas da Páscoa, com a cidade cheia de judeus vindos das mais diferentes
regiões e pensaram: rapidamente esse homem tem de ser preso, crucificado",
diz o historiador.
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Legenda da foto,
Discurso de Cristo era de um reino diametralmente oposto ao do Império Romano;
acima, ele retratado em obra de Ticiano
"Todos os evangelistas concordam em situar a morte de Jesus em uma sexta-
feira, dentro do feriado da Páscoa", comenta Ferrara. Autor do livro Vita di Gesù
Cristo, o padre, biblista e arqueólogo italiano Giuseppe Ricciotti (1890-1964)
reuniu várias informações históricas, cruzou-as e concluiu que o mais provável
é que a execução tenha ocorrido no equivalente ao 7 de abril do ano 30.
A morte na cruz
Eram três as maneiras de se executar um condenado na Roma antiga.
Segundo explica Chevitarese, um objetivo as unia: não permitir a preservação
de vestígios de memória — em outras palavras, impossibilitar que restos
mortais fossem sepultados.
Geralmente aos circos romanos eram destinados os condenados por crimes
como assassinato, parricídio, crimes contra o Estado e estupros. Na arena,
esses criminosos enfrentavam feras até a morte — seus restos eram
devorados pelos bichos. Uma segunda forma de execução era a fogueira, que
também não deixava muitos resíduos do corpo.
A crucificação era a pena destinada a escravos que atentavam contra a vida
dos seus senhores e aqueles que se envolviam em rebeliões. Além de todos os
que não eram cidadãos romanos, caso de Jesus. "Ainda vivos, na cruz, aves
de rapina já começavam a comer o condenado. Três ou quatro dias depois, a
carne desse indivíduo, apodrecendo, caía da cruz e cães e outros animais
terminavam de fazer o serviço", contextualiza Chevitarese.
No início dos anos 2000, o médico legista norte-americano Frederick Thomas
Zugibe (1928-2013), professor da Universidade de Columbia e ex-patologista-
chefe do Instituto Médico Legal, fez uma série de experimentos com voluntários
para monitorar os efeitos que uma crucificação teria sobre o corpo humano. Os
resultados foram publicados no livro The Crucifixion of Jesus: A Forensic
Inquiry (A crucificação de Jesus: uma investigação forense, em tradução livre)
Para seus estudos, ele utilizou uma cruz de madeira com 2,34 metros na
vertical e 2 metros na horizontal. Indivíduos — todos adultos jovens, na faixa
dos 30 anos — foram suspensos nela e tiveram suas reações monitoradas
eletronicamente, com eletrocardiograma, medição de pulsação e aferição de
pressão sanguínea.
Atados assim, os voluntários não conseguiam encostar as costas na cruz e
relataram fortes cãibras causadas pelo desconforto da posição, além de
formigamentos constantes nas panturrilhas e nas coxas.
Na época de Jesus diferentes formas de cruz eram utilizadas nas execuções.
As principais eram a em forma de T e a em forma de punhal. Não há consenso
entre pesquisadores sobre qual teria sido a utilizada por Jesus. Ferrara acredita
que teria sido a segunda.
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Legenda da foto,
"Detalhes da punição são confirmados pelo uso romano e por documentos históricos: os
condenados eram amarrados ou pregados no patíbulo com os braços estendidos e
erguidos no mastro vertical já fixado"; acima, crucificação retratada pelo artista Rubens
Para o médico Zugibe, Jesus carregou, em seu caminho até o local da
execução, apenas a parte horizontal. Ele escreveu que a estaca vertical
costumava ser mantida no local das crucificações, fora da cidade.
E baseou-se no fato de que a parte horizontal pesava cerca de 22 quilos. A
soma de ambas as partes tinha entre 80 e 90 quilos, o que tornaria impossível
de ser carregada em uma longa caminhada — que, conforme seus estudos,
teria sido de 8 quilômetros no caso de Jesus.
"Detalhes da punição são confirmados pelo uso romano e por documentos
históricos: os condenados eram amarrados ou pregados no patíbulo com os
braços estendidos e erguidos no mastro vertical já fixado", esclarece Ferrara.
"Os pés eram amarrados ou pregados, por outro lado, ao poste vertical, sobre
o qual uma espécie de assento de apoio se projetava na altura das nádegas. A
morte era lenta, muito lenta, e acompanhada por um sofrimento terrível. A
vítima, levantada do solo a não mais de meio metro, estava completamente
nua e podia ficar pendurada por horas, senão dias, sacudida por espasmos de
dor, náuseas e a impossibilidade de respirar corretamente, já que o sangue
nem sequer podia fluir para os membros que estavam tensos a ponto de
exaustão."
O que é um entendimento quase unânime entre os pesquisadores é que as
cravas eram pregadas nos pulsos, e não nas palmas das mãos — por conta da
compleição óssea, as mãos "se rasgariam" com o peso do corpo. "A estrutura
das mãos e a ausência de ossos importantes impediriam o suporte de um peso
tão grande e a carne das mãos seria dilacerada", ressalta Ferrara.
O médico Zugibe concluiu que os pregos tinham 12,5 centímetros de
comprimento. Ele defendia que Jesus tinha sido pregado, sim, nas mãos, mas
não no centro da palma e sim pouco abaixo do polegar. Já suspenso na cruz,
os pés de Jesus também foram fixados com cravas — segundo o médico, um
ao lado do outro, e não sobrepostos como o imaginário consagrou. Essas
perfurações, por atingirem nervos importantes, teriam sido causadoras de
dores insuportáveis e contínuas.
"Quanto tempo um indivíduo leva para morrer assim? Morre-se de cãibra, que
vai atrofiando seus músculos e levando-o a morrer por falta de ar, com muitas
dores, dores gigantescas no corpo todo", narra Chevitarese. Ferrara, por sua
vez, defende que Jesus tenha morrido por infarto do miocárdio, em decorrência
do esforço exaustivo.
Por meio de seus experimentos, Zugibe analisou as três hipóteses mais aceitas
para a morte de Jesus: asfixia, ataque cardíaco e choque hemorrágico. Sua
conclusão é que Jesus teve parada cardíaca em virtude da hipovolemia, ou
seja, a diminuição considerável do volume sanguíneo depois de toda a tortura e
das horas pregado na cruz. Teria morrido, portanto, de choque hemorrágico.
"[A morte na cruz] é uma morte de violência física absurda. O tempo dependia
das condições físicas em que se encontrava o crucificado. Se a tortura anterior
tivesse sido muito intensa, isso de certa forma poderia fazer com que ele
morresse mais rápido", diz Chevitarese. Ferrara acredita que "a agonia de
Jesus não tenha durado mais do que algumas horas, talvez até menos do que
duas, provavelmente devido à enorme perda de sangue devido à flagelação
[anterior]".
Torturas
CRÉDITO,DOMÍNO PÚBLICO
Legenda da foto,
A morte na cruz é uma morte de violência física absurda, lembra pesquisador/ acima, 'A
flagelação de Cristo', de Caravaggio
Se o condenado à morte de cruz era visto pelos romanos como parte de uma
"escória", um não cidadão considerado criminoso e oriundo dos estratos sociais
mais baixos, é de se supor que os carrascos não poupassem esses indivíduos
de toda sorte de agressões. Para tanto, o instrumento utilizado na tortura era
um chicote específico chamado de azorrague.
No caso de Jesus, Ferrara acredita que tenha sido utilizado um com bolas de
metal com pontas feitas de osso, capaz de rasgar a pele e arrancar pedaços de
carne. "Justamente por ele ser um 'criminoso' de baixa classe social e de
origem não nobre, no caso um judeu de pequena província oriental do império",
justifica ele.
De acordo com as pesquisas realizadas pelo médico Zugibe, o modelo de
chicote utilizado para o açoitamento de Jesus era feito com três tiras.
Condenados assim costumavam receber 39 golpes com o instrumento — na
prática, portanto, era como se fossem 117 chibatadas, já que essas pontas
feitas de osso de carneiro funcionavam como objetos perfurocortantes.
Isso, segundo explicações do médico, resultaria em tremores e até desmaios, e
um quadro de hemorragias intensas, danos no fígado e no baço e acúmulo de
sangue e líquidos nos pulmões.
No caminho até o local de crucificação, não havia limites para as torturas. Eram
espancados, ridicularizados, vítimas de intensa violência. Relatos bíblicos
afirmam que, por sarcasmo, uma coroa de espinhos teria sido cravada na
cabeça de Jesus.
Zugibe queria descobrir qual era a planta utilizada para a tal coroa. Depois de
entrevistar botânicos e estudiosos de biomas do Oriente Médio, chegou a duas
possíveis espécies que seriam capazes de fornecer espinhos grandes o
suficiente. Conseguiu as sementes e cultivou ele próprio as árvores para,
depois, analisá-las.
Acabou concluindo que foram utilizados ramos de uma árvore conhecida como
espinheiro-de-cristo-sírio. Segundo o legista, os ferimentos causados por esse
espinho na cabeça seriam capazes de, mais do que provocar intenso
sangramento na face e no couro cabeludo, atingir nervos da cabeça —
causando dores imensas.
Sepultamento
Chevitarese defende que a crucificação de Jesus, ao contrário do que narra a
Bíblia, tenha ocorrido longe de testemunhas oculares, justamente porque tudo
teria sido feito rapidamente e de modo a não provocar uma revolta da
população.
E que, também ao contrário do relato religioso, não houve sepultamento de
Jesus, tampouco restos mortais preservados. "Crucificados não eram
enterrados. Ficavam na cruz e, ainda vivos, aves de rapina já sabiam que eles
não podiam se mexer. E comiam olhos, nariz, bochecha, aquilo ficava
abarrotado de aves de rapina comendo o corpo ainda vivo", explica ele.
"[O corpo] passava alguns dias ali, quatro, cinco dias, pendurado. A carne
começava a apodrecer. Caía. Despencava. Cães e outros animais se
aproveitavam desses restos humanos para fazer seu banquete", relata.
Para ele, o que prova essa tese é que milhares de escravos foram crucificados
no período e não há registros de cemitérios ou mesmo de ossadas descobertas
dos mesmos. "Historicamente, crucificado não era enterrado", crava.
"Teologicamente, é claro que Jesus precisava ser enterrado — para depois
ressuscitar."
https://www.bbc.com/portuguese/geral-56609774
Crucificação
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Índice
1Terminologia
2Detalhes
o 2.1Formato da Cruz
o 2.2Colocação de Pregos
o 2.3Causa da Morte
o 2.4Sobrevivência
3Evidência Arqueológica
o 4.2Roma Antiga
4.2.1História
4.2.1.1A crucificação de Jesus de Nazaré
4.2.2Sociedade e Legislação
4.2.3Procedimento
o 4.3Islã
o 4.4Japão
o 4.5Myanmar
o 4.6Europa
5Mundo Contemporâneo
o 5.1Execução Legal
o 5.2Jihadismo
6Nas Artes
7Como devoção
8Crucificações famosas
9Ver também
10Notas
11Referências
12Ligações externas
Terminologia
O Grego Antigo possui dois verbos para crucificação: ana-
stauro (ἀνασταυρόω), de stauros, "estaca", e apo-tumpanizo (ἀποτυμπανίζω)
"crucificar numa prancha",[7] junto com anaskolopizo (ἀνασκολοπίζω "empalar").
Em antigos textos pré Grego-Românicos anastauro normalmente significa
"empalar".[8][9][10]
O Novo Testamento Grego utiliza quatro verbos, três deles baseados
em stauros (σταυρός), normalmente traduzido como "cruz". O termo mais
comum é stauroo (σταυρόω), "crucificar", aparecendo 43
vezes; sustauroo (συσταυρόω), "crucificar com" ou "ao lado" aparece cinco
vezes, enquanto anastauroo (ἀνασταυρόω), "crucificar novamente" aparece
somente uma vez na Epístola de Hebreus 6:6 prospegnumi (προσπήγνυμι);
"fixar ou amarrar em, empalar, crucificar" ocorre somente uma vez em Atos dos
Apóstolos 2:23
A palavra portuguesa cruz deriva da palavra latina crux.[11] O termo
latino crux classicamente se refere a uma árvore ou qualquer construção de
madeira usada para enforcar criminosos como forma de execução. O termo
mais tarde veio a se referir especificamente a uma cruz. [12]
A palavra portuguesa crucifixo deriva do Latim crucifixus ou cruci fixus,
particípio passado de crucifigere ou cruci figere, significando "crucificar" ou
"amarrar a uma cruz".[13][14][15][16]
Detalhes
Janela de Crucificação por Henry E. Sharp, 1872, em Igreja Evangélica Luterana Alemã de São
Mateus, Charleston, Carolina do Sul
"Dacoits birmaneses preparados para execução", fotografia de Willough Wallace Hooper (c. 1880).
"Dacoit" é um anglicismo da palavra "bandido" no idioma Hindu.
Evidência Arqueológica
Embora o antigo historiador Josefo (e também outras fontes, [quais?]) tenha
registrado a crucificação de milhares de pessoas pelos romanos, há somente
uma única descoberta arqueológica de um corpo crucificado datado por volta
do período de vida de Jesus. Ela foi descoberta em Givat HaMivtar, Jerusalém
em 1968.[62] Não é necessariamente surpresa haver somente uma descoberta
como essa, porque o corpo crucificado era normalmente deixado para
apodrecer na cruz e logo não seria preservado. A única razão destes restos
arqueológicos terem sido preservados foi porque membros da família deste
indivíduo em particular o deram um enterro tradicional.
Os restos foram encontrados acidentalmente em um ossuário com o nome do
homem crucificado, 'Jehohanan, o filho de Hagakol'. [63][64][65][66][67][68] Nicu Haas, um
antropólogo na Universidade Hebraica de Medicina de Jerusalém, examinou a
ossada e descobriu que ela possuía um osso do calcanhar com um prego na
sua lateral, indicando que o homem fora crucificado. A posição do prego em
relação ao osso indica que os pés foram pregados pela lateral e não pela
frente; várias hipóteses foram cogitadas sobre se os pregos eles tivessem sido
fixados juntos na frente da cruz, ou um no lado direito e outro do lado
esquerdo. A ponta do prego possuía fragmentos de madeira de oliveira
indicando que ele fora crucificado em uma cruz de desse tipo de madeira em
uma oliveira de fato. Uma vez que oliveiras não são muito altas, isso sugere
que o condenado foi crucificado na altura da vista.
Adicionalmente, um fragmento de madeira de acácia foi encontrado entro os
ossos e a cabeça do prego, possivelmente para impedir o condenado de
deslizar seu pé sobre o prego. Suas pernas foram encontradas quebradas,
possivelmente para acelerar sua morte. Achava-se que porque no período
romano o ferro era raro, os pregos seriam removidos dos corpos para
economizar. De acordo com Hass, isso poderia explicar porque somente um
prego foi encontrado, já que a cabeça do prego em questão fora dobrada de
maneira que não poderia ser removido.
Hass também identificou um arranhão na superfície interna do osso rádio do
antebraço, próximo do pulso. Ele deduziu pela forma do arranhão, como
também pelos ossos do pulso intactos, que o prego fora fixado no antebraço
naquela posição. Contudo, muito das descobertas de Hass foram
questionadas. Por exemplo, posteriormente foi descoberto que os arranhões na
região do pulso eram não traumáticos - e, portanto, não uma evidência de
crucificação - enquanto um novo exame no osso do calcanhar revelou que os
dois calcanhares não foram pregados juntos, mas sim separadamente a cada
lateral da viga vertical da cruz.[65]
O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e contra o Seu Mensageiro e semeiam
“ a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a
mão e o pé opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento nesse mundo e,
”
no outro, sofrerão um severo castigo.[109]
Europa
Cartaz mostrando um soldado alemão pregando um homem a uma árvore, quando soldados
americanos vêm em seu resgate.Publicado em Manila pelo Bureau of Printing (1917).
Mundo Contemporâneo
Nas Artes
Ver artigo principal: Crucificação nas Artes
Carro flutuante na festa da Virgem de San Juan dos Lagos, Colonia Doctores, Cidade do
México (2011)
Como devoção
Crucificação devocional em San Fernando, Pampanga, Filipinas, Páscoa 2006
Mais informações: Crucificação nas Filipinas
A Igreja Católica desaprova a auto crucificação como uma forma de devoção:
"Práticas penitenciais que levam a auto crucificação com pregos não são
incentivadas."[147] Não obstante, a prática não é rara.
Nas Filipinas, alguns católicos são voluntariamente, de forma não letal,
crucificados por um certo tempo na Sexta-feira Santa para replicar os
sofrimentos de Cristo. Pregos esterilizados são inseridos pela palma da mão
entre os ossos, além de haver um apoio no qual os pés são pregados. Rolando
del Campo, um carpinteiro em Pampanga, prometeu ser crucificado toda Sexta-
feira Santa por 15 anos se Deus ajudasse sua mulher em um parto complicado,
[148]
enquanto que em San Pedro Cutud, Ruben Enaje foi crucificado 27 vezes.
[149]
A Igreja nas Filipinas repetidamente interveio reprovando as crucificações e
auto flagelação, enquanto o governo alega que não pode impedir os devotos. O
Ministério da Saúde das Filipinas insiste que os participantes do rito deveriam
se vacinar contra tétano e que os pregos utilizados deveriam ser esterilizados.
[150]
Crucificações famosas
A revolta dos escravos da Terceira Guerra Servil: Entre 73 e 71A EC. um grupo
de escravos, por fim chegando a cerca de 120.000, sob o comando (pelo menos
parcial) de Espártaco se revoltou contra a República Romana. A revolta por fim
acabou esmagada e, enquanto o próprio Espártaco provavelmente tenha morrido
na batalha final da insurgência, aproximadamente 6.000 de seus seguidores foram
crucificados ao logo de 200 km da Via Ápia entre Cápua e Roma como um aviso a
possíveis insurgentes.
Jesus de Nazaré: sua morte por crucificação por ordem de Pôncio Pilatos (por
volta de 30 ou 33), descrita nos quatro Evangelhos do século I, é referenciada
repetidamente como algo bem sabido nas primeiras cartas de São Paulo. Pilatos
era o governador da Judeia à época, e ele é explicitamente associado à
condenação de Jesus não somente pelos Evangelhos mas também por Tácito.
[153]
A acusação era de que Jesus era o Rei dos Judeus.
São Pedro: Apóstolo cristão, que de acordo com a tradição foi crucificado de
cabeça para baixo por seu pedido (por isso a Cruz de São Pedro), uma vez que
ele não se sentia digno de morrer da mesma maneira que Jesus.
Santo André: Apóstolo cristão e irmão de São Pedro, que é tradicionalmente
dito ter sido crucificado em uma cruz em forma de X (por isso a Cruz de Santo
André).
Simeão de Jerusalém: de acordo com o Bispo de Jerusalém, crucificado em
106 ou 107 EC.
Manes: o fundador do Maniqueísmo, foi descrito por seguidores como sendo
morto por crucificação em 274 EC.
Santo Hugo de Lincoln: uma garoto inglês cujo desaparecimento em 1255
desencadeou um libelo de sangue contra judeus locais. Um homem judeu foi
torturado até ele confessar ter matado a criança. A história de Santo Hugo se
tornou bem conhecida nas baladas poéticas medievais.
Eulália de Barcelona: foi venerada como santa. De acordo com sua
hagiografia, ela foi despida, torturada e finalmente crucificada em uma cruz em
formato de X.[154]
Vilgeforte: foi venerada como uma santa e representada como uma mulher
crucificada, contudo sua lenda vem da interpretação incorreta de um crucifixo
coberto conhecida como Santa Face de Lucca.