Você está na página 1de 11

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO DR.

CARLOS ANTÔNIO kLUWE

NOME DO ALUNO: TURMA:

DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA PROFESSORA: SÍLEN MARTINS


Atividades, referentes ao Ensino Remoto, devido ao Covid-19. Todas as
atividades, depois de prontas, devem ser postadas na plataforma Classroom.

ASSINALA, a alternativa, que corresponde corretamente as quastões abaixo:

Sim, estou me associando à campanha nacional contra os verbos que acabam em


"ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco eles serão mais numerosos do que os terminados simplesmente
em "ar". Todos os dias os maus tradutores de livros de marketing e administração disponibilizam mais e
mais termos infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia, reinicializando palavras que
já existiam e eram perfeitamente claras e eufônicas.
A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos, com currículo de ótimos serviços prestados,
estão a ponto de cair em desgraça entre pessoas de ouvidos sensíveis. Depois que você fica alérgico a
disponibilizar, como você vai admitir, digamos, "viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a gente se
dar conta de que "desincompatibilizar" sempre foi um palavrão.

FREIRE, Ricardo. Complicabilizando. Época, ago. 2003.


01. Com base no texto, é correto afirmar:
Ⓐ A “campanha nacional” a que se refere o autor tem por objetivo banir da língua portuguesa os verbos
terminados em “ilizar”.
Ⓑ O autor considera o emprego de verbos como
“reinicializando” e “viabilizar” uma verdadeira “doença”.
Ⓒ A maioria dos verbos terminados em “(i)lizar”, presentes no texto, foi incorporada à língua por
influência estrangeira.
Ⓓ O autor, no final do primeiro parágrafo, acaba usando involuntariamente os verbos que ele condena.
Ⓔ Os prefixos “des” e “in”, que entram na formação do verbo “desincompatibilizar”, têm sentido oposto,
por isso o autor o considera um “palavrão”.

Seria difícil encontrar hoje um crítico literário respeitável que gostasse de ser apanhado defendendo
como uma ideia a velha antítese estilo e conteúdo. A esse respeito prevalece um religioso consenso.
Todos estão prontos a reconhecer que estilo e conteúdo são indissolúveis, que o estilo fortemente
individual de cada escritor importante é um elemento orgânico de sua obra e jamais algo meramente
“decorativo”. Na prática da crítica, entretanto, a velha antítese persiste praticamente inexpugnada.
Susan Sontag. “Do estilo”. Contra a interpretação.

02. Consideradas no contexto, as expressões “religioso consenso”, “orgânico” e “inexpugnada”,


sublinhadas no texto, podem ser substituídas, sem alteração de sentido, respectivamente, por:
Ⓐ místico entendimento; biológico; invencível.
Ⓑ piedoso acordo; puro; inesgotável.
Ⓒ secular conformidade; natural; incompreensível.
fervorosa unanimidade; visceral; insuperada.

Ⓔ espiritual ajuste; vital; indomada.

Examine o anúncio do Ministério Público do Trabalho


no Rio Grande do Sul.
03. No contexto do anúncio, a frase “A diferença tem que ser só uma letra” pressupõe a:
Ⓐ necessidade de leis de proteção para todos que trabalham.
Ⓑ existência de desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
Ⓒ permanência de preconceito racial na contratação de mulheres para determinadas profissões.
Ⓓ importância de campanhas dirigidas para a mulher trabalhadora.
Ⓔ discriminação de gênero que se manifesta na própria linguagem.

Texto para as próximas 4, 5 e 6 questões.

Mulher Proletária
(Jorge de Lima)
Mulher proletária
— única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos)
Tu na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.

Mulher proletária,
o operário, teu proprietário há de ver, há de ver:
a tua produção,
a tua superprodução,
ao contrário das máquinas burguesas salvar o teu proprietário.

04. Leia o que se afirma a seguir, sobre a voz poética, presente nos versos do poema Mulher
Proletária:
I- O enunciador do poema apresenta a mulher proletária como um ser subjugado aos ditames da
burguesia industrializada.
II- No poema, a mulher trabalhadora é reificada, sendo vista, assim, não como mãe ou esposa, mas como
máquina presa à lógica de produção do sistema burguês capitalista.
III- Há uma voz no poema que denuncia a depreciação da mulher no mundo do trabalho como pessoa
humana, em favor da necessidade de superprodução mercantil, sustentadora das desigualdades sociais.
IV- Vê-se, no poema, a emergência de uma voz alinhada com a visão de orientação marxista que
defende que a sociedade capitalista se ergue na malbaratada oferta de mão de obra do trabalhador para
a indústria mercantil. Está correto o que se diz em
Ⓐ I, II e III apenas. Ⓑ I, II e IV apenas.
Ⓒ III e IV apenas. Ⓓ I, II, III e IV.

05. As relações de sentido que o poeta estabelece no poema podem ser representadas por
vários pares de oposição semântica de palavras, EXCETO por:
Ⓐ sujeito x objeto. Ⓑ libertação x escravidão.
Ⓒ produção x riqueza. Ⓓ igualdade x desigualdade.

06. Analisando o verso do poema “forneces braços para o senhor burguês”, a figura de linguagem
que aí se destaca é:
Ⓐ metonímia, tendo em vista que o termo “braços” mantém com o termo “filhos” uma relação de
contiguidade da parte pelo todo para o poeta destacar que o que mulher proletária fabrica é só uma parte
do seu rebento, os “braços”, utilizados para proveito da atividade capitalista, e não “filhos”, na sua
completude como seres humanos, para estabelecer com estes uma relação afetiva.
Ⓑ catacrese, uma vez que, como não há um termo específico para o poeta expressar, de forma
adequada, a ideia de “fornecer filhos”, ele se utiliza da expressão “fornecer braços”, lógica semelhante ao
que se costuma usar em termos como “braços da cadeira”.
Ⓒ hipérbole, já que o verso quer enfatizar a ideia de exagero de alguém fornecer inúmeros braços para o
trabalho da indústria mercantil.
Ⓓ prosopopeia, pois o poeta está personificando a máquina como se fosse uma mulher produtora de
filhos.

Texto para as próximas duas questões.

Sinopse do filme Capitão América: Guerra Civil


Capitão América: Guerra Civil encontra Steve Rogers (Chris Evans) liderando o recém-formado time de
Vingadores em seus esforços continuados para proteger a humanidade. Mas, depois que um novo
incidente envolvendo os Vingadores resulta num dano colateral, a pressão política se levanta para
instaurar um sistema de contagem liderado por um órgão governamental para supervisionar e dirigir a
equipe. O novo status quo divide os Vingadores, resultando em dois campos: um liderado por Steve
Rogers e seu desejo de que os Vingadores permaneçam livres para defender a humanidade sem a
interferência do governo; o outro seguindo a surpreendente decisão de Tony Stark (Robert Downey Jr.)
em apoio à supervisão e contagem do governo. Capitão América 3 tem direção dos irmãos Joe e
Anthony Russo, produção de Kevin Feige e grande elenco formado por Scarlett Johansson (Viúva
Negra), Sebastian Stan (Soldado Invernal), Anthony Mackie (Falcão), Emily Van Camp (Agente 13),
Don Cheadle (Máquina de Combate), Jeremy Renner (Gavião Arqueiro), Chadwick Boseman (Pantera
Negra), Paul Bettany (Visão), Elizabeth Olsen (Feiticeira Escarlate), Pail Rudd (Homem-Formiga),
Frank Grillo (Ossos Cruzados), William Hurt (General Thunderbolt) e Daniel Brühl (Barão Zenom).
http://www.adorocinema.com/noticias/filmes
Tendo como base a sinopse acima, é correto afirmar que este gênero textual apresenta
muitas semelhanças temáticas e estruturais com:
Ⓐ a resenha crítica, se se considerar que o objetivo principal é retratar a opinião e a visão pessoal do
autor do texto sobre o que está sendo relatado na produção cinematográfica.
Ⓑ a crônica, tendo em vista que a função textual é relatar, de forma concisa, fatos do cotidiano, como o
de se saber antecipadamente o final da história da trama, antes de ir ao lançamento de um filme, de tal
maneira que já se dissipe a expectativa da descoberta dos acontecimentos sobre o desfecho da história.
Ⓒ o gênero resumo, porque se caracteriza como um texto escrito de forma breve e clara, destacando-se
o que é essencial e mais importante para o leitor sobre a obra resumida.
Ⓓ o artigo de opinião, pois é uma espécie de exposição crítica demorada do autor do texto sobre o
objeto-filme analisado.

08. Na sinopse, vemos grande semelhança com o gênero resumo, já que a revista apresenta os
principais acontecimentos de "Capitão América: Guerra Civil", assim como algumas informações
mais técnicas, como os atores participantes associados aos seus respectivos personagens no
filme.

Sobre a configuração linguística e textual da sinopse do filme Capitão América: Guerra


Civil, atente para as seguintes assertivas.
I- Como forma de incitar o leitor a assistir ao filme, a sinopse conta detalhadamente o enredo em seu
início e desenvolvimento, mas não o seu fim.
II- A descrição é a estrutura preponderante na organização dos enunciados da sinopse.
III- Com vistas a divulgar o filme, a sinopse procura, em certa medida, persuadir o leitor a interessar-se
pela obra resumida.
IV- Embora a sinopse relate fatos passados já acontecidos nas cenas do filme, o tempo verbal que
predomina na sinopse é o presente do indicativo para conferir atualidade ao que está sendo contado.

Está correto apenas o que se afirma em:


Ⓐ I e II. Ⓑ III e IV. Ⓒ I e IV. Ⓓ II e III.

09.

Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de linguagem para:
a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

10. Na frase: “O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô”, encontramos a figura de
linguagem chamada:
a) silepse de pessoa
b) elipse
c) anacoluto
d) hipérbole
e) silepse de número

11. Nos trechos: “…nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas
estantes do major” e “…o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja”
encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:
a) prosopopeia e hipérbole;
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) metonímia e eufemismo;
e) metonímia e prosopopeia.

12. (ENEM) –
Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes
Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)

Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a:


a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.

13. (Unicamp) –
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua
Geral).
Quando houve revolução, os soldados
espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.19.)

No poema “Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de Andrade:


a) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, metonimicamente, pela referência ao
Morro da Babilônia.
b) o sentimento do mundo é representado pela percepção particular sobre a cidade do Rio de Janeiro,
aludida pela metáfora do Morro da Babilônia.
c) o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao que é dado a uma pessoa, o que
caracteriza a figura de estilo denominada paronomásia.
d) a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso figurativo do poema, um oxímoro: a relação
entre terror e gentileza no espaço urbano.

14. (UFPA) –

Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)

Nos versos:
“E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo…”
tem-se exemplo de:
a) eufemismo
b) antítese
c) aliteração
d) silepse
e) sinestesia

15. (ENEM) –

O efeito de sentido da charge é provocado pela combinação de informações visuais e recursos


linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à:
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da expressão “rede social” para transmitir a ideia que
pretende veicular.
b) ironia para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”.
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da
população rica.
d) personificação para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família.

16. (Enem 2016)

Pérolas absolutas

Há, no seio de uma ostra, um movimento — ainda que imperceptível. Qualquer coisa imiscui-se pela
fissura, uma partícula qualquer, diminuta e invisível. Venceu as paredes lacradas, que se fecham como a
boca que tem medo de deixar escapar um segredo. Venceu. E agora penetra o núcleo da ostra,
contaminando-lhe a própria substância. A ostra reage, imediatamente. E começa a secretar o nácar. É
um mecanismo de defesa, uma tentativa de purificação contra a partícula invasora. Com uma paciência
de fundo de mar, a ostra profanada continua seu trabalho incansável, secretando por anos a fio o nácar
que aos poucos vai se solidificando. É dessa solidificação que nascem as pérolas.
As pérolas são, assim, o resultado de uma contaminação. A arte por vezes também. A arte é quase
sempre a transformação da dor. [...] Escrever é preciso. É preciso continuar secretando o nácar, formar a
pérola que talvez seja imperfeita, que talvez jamais seja encontrada e viva para sempre encerrada no
fundo do mar. Talvez estas, as pérolas esquecidas, jamais achadas, as pérolas intocadas e por isso
absolutas em si mesmas, guardem em si uma parcela faiscante da eternidade.
SEIXAS, H. Uma ilha chamada livro. Rio de Janeiro: Record, 2009 (fragmento).

Considerando os aspectos estéticos e semânticos presentes no texto, a imagem da pérola configura


uma percepção que
A reforça o valor do sofrimento e do esquecimento para o processo criativo.
B ilustra o conflito entre a procura do novo e a rejeição ao elemento exótico.
C concebe a criação literária como trabalho progressivo e de autoconhecimento.
D expressa a ideia de atividade poética como experiência anônima e involuntária.
E destaca o efeito introspectivo gerado pelo contato com o inusitado e com o desconhecido.

17. (Enem 2016)


Você pode não acreditar
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os leiteiros deixavam as garrafinhas de leite
do lado de fora das casas, seja ao pé da porta, seja na janela.
A gente ia de uniforme azul e branco para o grupo, de manhãzinha, passava pelas casas e não
ocorria que alguém pudesse roubar aquilo.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os padeiros deixavam o pão na soleira da
porta ou na janela que dava para a rua. A gente passava e via aquilo como uma coisa normal.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que você saía à noite para namorar e voltava
andando pelas ruas da cidade, caminhando displicentemente, sentindo cheiro de jasmim e de alecrim,
sem olhar para trás, sem temer as sombras.
Você pode não acreditar: houve um tempo em que as pessoas se visitavam airosamente.
Chegavam no meio da tarde ou à noite, contavam casos, tomavam café, falavam da saúde, tricotavam
sobre a vida alheia e voltavam de bonde às suas casas.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que o namorado primeiro ficava andando com
a moça numa rua perto da casa dela, depois passava a namorar no portão, depois tinha ingresso na
sala da família. Era sinal de que já estava praticamente noivo e seguro.
Houve um tempo em que havia tempo.
Houve um tempo.
SANT’ANNA, A. R. Estado de Minas, 5 maio 2013 (fragmento).

Nessa crônica, a repetição do trecho “Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que...”
configura-se como uma estratégia argumentativa que visa
A surpreender o leitor com a descrição do que as pessoas faziam durante o seu tempo livre
antigamente.
B sensibilizar o leitor sobre o modo como as pessoas se relacionavam entre si num tempo mais
aprazível.
C advertir o leitor mais jovem sobre o mau uso que se faz do tempo nos dias atuais.
D incentivar o leitor a organizar melhor o seu tempo sem deixar de ser nostálgico.
E convencer o leitor sobre a veracidade de fatos relativos à vida no passado.

18. (Enem 2015)


Aquarela
O corpo no cavalete é um pássaro que agoniza exausto do próprio
grito. As vísceras vasculhadas principiam a contagem regressiva. No
assoalho o sangue se decompõe em matizes que a brisa beija e
balança: o verde – de nossas matas o amarelo – de nosso ouro o
azul – de nosso céu o branco o negro o negro
CACASO. In: HOLLANDA, H. B (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso
edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando
A as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.
B a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
C o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura.
D o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.
E as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.
19. (Enem 2014)

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29 out. 2013 (adaptado). Os meios


de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência
sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para
A informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para
erradicá-la.
B denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na
cadeia.
C dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da
denúncia.
D destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos
responsáveis nesse período.
E chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido por
algumas crianças com um pesadelo.

20. (Enem 2013)


Capítulo LIV – A pêndula
Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada.
Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito
mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante
menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a
contá-las assim:
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
— Outra de menos…
O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater
nunca e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou
acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao
despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre.
Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias
tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam
para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados.
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).
O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília,
casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas
românticos, porque
A o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.
B como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.
C na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.
D o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás
Cubas.
E o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.

21. (Enem 2012)


Logia e mitologia
Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois já não palpita fagueiro sabe que há morcegos
de pesadas olheiras que há cabras malignas que há cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma um porco belicoso de radar e que sangra e ri e que sangra e
ri a vida anoitece provisória centuriões sentinelas do Oiapoque ao Chuí.
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento
histórico vivido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que
A o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso.
B “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente.
C o “porco”, animal difícil de domesticar, representa os movimentos de resistência.
D o poeta caracteriza o momento de opressão através de alegorias de forte poder de impacto.
E “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada.

22. (Enem 2012)


Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário
Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia Reclinada, de
Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava bêbado que um gamba. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma
carraspana de pôr de sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de exalcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record,1991.
A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque,
ao longo da narrativa, ocorre uma
A metaforizarão do sentido literal do verbo “beber”.
B aproximação exagerada da estética abstracionista.
C apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
D exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”. E citação aleatória de nomes de
diferentes artistas.

23. (Enem 2009)


Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em que se combinam palavras de sentido oposto
que parecem excluirse mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.
Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da obra Cantares, de Hilda Hilst,
publicada em 2004, em que pode ser encontrada a referida figura de retórica é:
A “Dos dois contemplo rigor e fixidez.
Passado e sentimento me contemplam” (p. 91).
B “De sol e lua De fogo e vento Te enlaço” (p. 101).
C “Areia, vou sorvendo A água do teu rio” (p. 93).
D “Ritualiza a matança de quem só te deu vida. E me deixa viver nessa
que morre” (p. 62).
E “O bisturi e o verso. Dois instrumentos entre as minhas mãos” (p. 95).

24. (Enem 2009 - cancelada)


Metáfora
Gilberto Gil

Uma lata existe para conter algo


Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo-nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber O incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora
Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009.

A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação subjetiva, pela semelhança ou


analogia entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é:
A “Uma lata existe para conter algo”.
B “Mas quando o poeta diz: ’Lata’”.
C “Uma meta existe para ser um alvo”.
D “Por isso não se meta a exigir do poeta”.
E “Que determine o conteúdo em sua lata”.

25. (Enem 2009 - cancelada)


Texto I
O Morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-
me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.

Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do
horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento
analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.
CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).

Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O
morcego apresentase, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de
A reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
B expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
C representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho
existencial.
D abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do
cotidiano.
E conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na
estrutura lírica da poesia.

Você também pode gostar