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CAP.

X – CARATER MASOQUISTA – livro O corpo em Terapia de Alexander Lowen –


Summus Editoral – 1958

O masoquista sofre principalmente de ansiedade. Ele a experiência quanto está sob pressão
profissional ou de relacionamentos sociais enquanto que o caráter oral fica ansioso antes de
se deparar com a situação. Sentimentos negativos conscientes não são nunca encontrados
em outros tipos de caráter, no grau em que são sentidos ou expressos pelo masoquista.

Reich resumiu os principais traços do caráter masoquista, do seguinte modo:


“subjetivamente, existe uma sensação crônica de sofrimento que, objetivamente, aparece
como uma tendência a se queixar; as tendências crônicas à autodestruição e
autodepreciação (masoquismo moral) e uma compulsão a torturar outros, fazem o paciente
sofrer tanto quanto o objeto. Somente quando todos estes elementos estão presentes,
determinando a base da personalidade e suas reações típicas, que se configura a estrutura de
caráter masoquista.

São forçados ou dissimulados e todos contraem o abdômen a fim de conseguir alguma


descarga emocional. É típico de pacientes masoquistas, espremer o pênis durante a
masturbação ou no momento da ejaculação. O masoquista aceita a realidade ao mesmo
tempo em que luta contra ela, admitindo a racionalidade de suas exigências ao mesmo
tempo que resiste a elas.

A falta de uma “sensação de espinha dorsal” faz com que os indivíduos contraiam as
vísceras a fim de conseguirem uma sensação de apoio. É lógico que isso não pode nem
consegue fazê-lo ficar de pé, sendo inevitável o colapso.

O masoquista tem um sistema altamente carregado de energia, que pode se ver embaraçado
entre os dois impulsos antagônicos, embora o afeto possa ser facilmente eliciado.

Reich diz que “ a tortura masoquista, a queixa masoquista, a provocação e o sofrimento,


todos se explicam com base na frustração fantasiada ou real de uma exigência de amor,
excessiva e que não pode ser gratificada. Este é um mecanismo específico do caráter
masoquista, e de nenhuma outra forma de neurose”.

O fracasso justifica sua própria inadequação. Pode-se culpar os outros. Em segundo, o


sucesso é temido porque põe o masoquista em evidência e provoca fortes ansieddes ao lado
de exibicionismo.O masoquista é um indivíduo profundamente humilhado e que se sente
inferior.

O caráter masoquista força a pélvis para a frente, não pode balançá-lo. Faz isso
comprimindo as nádegas uma contra a outra e contraindo os músculos abdominais. Pode-se
entender a pequena quantia de satisfação genital que disso deriva. O próprio ato de
descarga genital no masoquista cria tensões que impedem a ocorrência de uma descarga
efetiva. Normalmente, o balanço pélvico durante a relação sexual é controlado pelas pernas.
Se as pernas são fracas, como no caráter oral, ou imobilizadas, como na estrutura
masoquista, é impossível um movimento pélvico natural.

A estrutura física do paciente masoquista tende a ser pesada, com forte desenvolvimento
muscular. E tanto homem como mulher são fortes fisicamente. Não é a força física do atleta
ágil e lépido; é mais como forma esmagadora do gorila. Lembram um gorila, pois as costas
tendem a ser arredondadas, os pescoços curtos e grossos e as coxas bastante musculosas.
Podemos discriminar sua condição “atarracado (bojudo)” isto é, um comportamento atáxico
(incoordenação )no movimento e na expressão.
A necessidade de sofrer encontra sua expressão tanto nas fantasias masoquistas que
acompanham a excitação sexual, como no comportamento provocativo que leva a castigar
o masoquista e a humilhá-lo. No caso da fantasia, tal como de ser espancado ou amarrado,
esta é uma condição necessária para a habilidade de alcançar a descarga no ato sexual. O
comportamento provocativo leva à tristeza, que traz à tona os sentimentos mais profundos.
Após uma discussão com o parceiro, o masoquista funciona melhor sexualmente.

Estudos analíticos revelaram que o masoquista tem um superego muito severo. A


necessidade de sofrer foi interpretada como uma tentativa de abrandar o superego, de
aliviar as dores de uma consciência culpada. Subjacentes ao comportamento masoquista,
existe ressentimento, ódio. Esse ódio latente do caráter masoquista justificaria plenamente,
a severidade do superego ou consciência, mas estas observações não resolvem a
dificuldade. Fica a questão como é possível que um impulso (ódio), originalmente dirigido
para fora, para o mundo exterior, volte-se para dentro, contra si mesmo?

Na estrutura masoquista, o impulso agressivo está debruçado para dentro como se enormes
pregadores tivessem sido postos nas duas extremidades do organismo. Como resultado, os
sentimentos ternos se vêem comprimidos pelos braços da agressão e sufocados. Eros,
representado pela linha mais fina, luta para quebrar essa sufocação mas, fracassa e sofre um
colapso. Pareceria que é culpa de Eros não conseguir manter os braços da agressão voltados
para fora, o que é o responsável pela agressão se voltar para dentro.

O caráter masoquista não se queixa de sentimentos de vazio interior. Ao contrário, se


queixa de sentir-se estourar, reclama de uma pressão interior e da inabilidade em aliviar a
tensão. Não mostra sinais de privação. Todo masoquista sente que sua mãe o amava. É o
modo como esse amor se expressou, que provocou o distúrbio e não a falta dele. A
expressão “opressão” se aplica a mãe do masoquista.

Para voltar a agressão para dentro, deve-se aplicar uma pressão antes que a agressão se
fundeie na realidade, na função genital e na função mental. A criança reage muito
fortemente a tais pressões. Chora, luta, se afasta. Através do olhar, da gesticulação e do
movimento, apela à sua mãe por simpatia e compreensão. Este apelo aos sentimentos ternos
de sua mãe é ignorado com base no aforismo de que a “mãe sabe mais” ou no de que ela
está agindo no melhor interesse da criança. A negação das necessidades espirituais da
criança graças a uma super ênfase sobre suas necessidades materiais cria o masoquismo.

A supressão resulta em masoquismo,isto é, esta a independência do organismo jovem o ego


em desenvolvimento. A supressão não toma a forma de hostilidade aberta. Opera sob o
disfarce do cuidado extremado, da superproteção, da super preocupação. São empregadas
medidas enérgicas: aborrecer, punir, apelar ao amor da criança pela mãe e, finalmente,
ameaçar de privar a criança do amor materno se ela não obedecer. Esta ambivalência deixa
a criança num estado terrível de confusão, de ambivalência fazendo com que a agressão
seja bloqueada e esta impede a expressão de ternura.

Os músculos se superdesenvolvem a fim de RETER impulsos negativos e controlar os


naturais. A alimentação forçada tende a provocar vômitos que então são reprimidos,
causando uma severa tensão no pescoço e garganta. Uma insistência prematura sobre a
limpeza relativa à excreção, força a criança a empregar os músculos anais elevadores, os
glúteos e os tendões da curva da perna para obter controle anal, dado que os esfíncteres
externos não estão ainda sob controle voluntário.As fortes tensões musculares na cintura
escapular reprimem o ódio e a raiva contra a mãe. Enquanto o masoquismo se desenvolve a
partir de práticas iniciadas durante o segundo ano de vida, a estrutura masoquista não
adquire uma forma definitiva até bem mais tarde. Geralmente há um período intermediário
de luta, acessos de raiva e rebelião e até que esta resistência finalmente ceda, a estrutura
masoquista não se forma, o que se dá na maior parte das vezes após a puberdade.

O medo de uma forte excitação genital faz com que a energia seja retida nos órgãos
pélvicos e nádegas. Aqui a energia se atola, incapaz de se mover para fora numa descarga,
nem tampouco para dentro, em retirada. Resulta um estado de ansiedade intolerável. Pode
ser empregado então um de dos mecanismos alternativos. Apertando muito forte as coxas
uma contra a outra e comprimindo as nádegas, a energia pode ser forçada a ir para os
genitais e descarregar. Esta é a prática masoquista corriqueira durante a masturbação e a
relação sexual, isto é, uma prática anal para a função genital. O outro modo traria uma
descarga mais potente, mas exigiria o uso da força para aumentar a tensão a um ponto onde
fosse impossível segurá-la, então ocorrendo a descarga. O espancamento ou a fantasia de
espancamento masoquistas servem justamente ao propósito de aumentar a tensão.

Não é sempre necessário ter uma fantasia de espancamento. É necessário que essa fantasia
seja suficientemente poderosa para proporcionar ao indivíduo uma forte reação, para
mobilizar a energia adicional necessária a derrubar o bloqueio. A fantasia tenderia a repetir
a situação infantil que produziu originalmente o medo e a tensão, deste modo mobilizando
a agressão, congelada na atitude retentiva. Aqui, a compulsão a repetir se apresenta em sua
forma mais clara, sendo evidente a razão para tal comportamento.

A espasticidade do soalho pélvico no caráter masoquista também se estende até o aparelho


genital, havendo uma retração do penis. Psicologicamente, há uma ansiedade de castração
violenta. O masoquista tem medo de sensações intensas de prazer, nos genitais. A inibição
de excitação aumentada, transforma-se em ansiedade. Então, a falta masoquista.

É característico do masoquismo que quanto maior o esforço, mais desesperançada é a


situação. O masoquista está numa armadilha e quanto mais lutar, mais amarrado ficará. Ele
busca obter aprovação, angariar amor e afeição através da sinceridade de seu esforço.

A fim de conseguir progressos no tratamento do caráter masoquista, deve-se começar


pedindo-lhe que expresse seus sentimentos negativos. Como: “eu não vou fazer” “Odeio
você”

Se no negativo não é incluso o terapeuta deve-se preocupar com isso pois todo caráter
masoquista tem uma atitude especialmente negativa com respeito á terapia ou à análise.
Encoberta pela camada de negativismo está a desconfiança que o masoquista tem do
mundo, da realidade e do terapeuta.Tudo esta tão maculado pela desconfiança, que o
masoquista termina por desacreditar de si mesmo, de suas ações e de suas melhoras.
É importante saber a dinâmica bioenergética do sofrimento e dos gemidos. A energia do
organismo é atrapalhada pela agressão voltada para dentro, a qual cerra as saídas. O desejo
contido, cria o sofrimento. Mas os escapes não estão totalmente fechados isto significaria a
morte. Então, ao contrário, severamente constritos. Flui para fora um mínimo de energia.
Oralmente, esse mínimo de energia ou ar produz o som de gemido. Se o masoquista abrisse
sua garganta e deixasse a voz sair, não gemeria. Nem tampouco seria masoquista.

Uma outra qualidade masoquista são tendências ao dano autoprovocado e á


autodepreciação. Analisados psicologicamente, significam: “Veja como sou miserável. Por
que você não gosta de mim?”. Os pacientes vêm muitas vezes às sessões, com aparência
descuidada e roupas sujas. O desprezo que sentem pelos outros também se volta contra si
mesmos.

Lowen afirma que o masoquista pode ser associado, no nível inconsciente, a uma minhoca
ou uma cobra pela tendência de se contorcer, de pertencer ao solo. É difícil manter o corpo
ereto. Ele teme uma afirmação enfática, do mesmo modo que uma ereção genital potente.
No seu corpo, tolerar as severas tensões musculares impede o desenvolvimento da postura
ereta, advinda de um impulso energético forte. Em conseqüência dos bloqueios ao fluxo
energético, a corrente é hesitante e interrompida. Os movimentos não são diretos, nem
expressos em vigor; são brancos, intervalares e indiretos. É a percepção deste fenômeno
que faz o paciente se sentir como uma minhoca. Os sentimentos autodepreciatórios do
masoquista, expressam tal percepção. O masoquista é um indivíduo que, quando criança,
foi profundamente humilhado, ex; alimentação forçada ás custas dos sentimentos da
criança,treino de limpeza das funções excretoras que invadiram os sentimentos de
privacidade da criança. Supercuidados destroem a privaticidade da criança. A antiga
surra,na qual ficam expostas as nádegas da criança.

Devido as experiências de constrangimento precoces, as tensões do masoquista se


centralizam nas duas aberturas do trato intestinal. Na garganta, existe o conflito criado pelo
medo de que a forçarão a comer ou de que vai vomitar. No ãnus e reto, há o medo de que
seus intestinos funcionem ou de que alguma coisa será introduzida nele. Os ombros são
mantidos erguidos e tensos para proteger a garganta, enquanto que as nádegas e coxas
cumprem a mesma função com respeito ao ânus. A ambas as tensões, subjazem impulsos de
evacuar os conteúdos do trato alimentar.

O caráter masoquista é uma estrutura pré-genital. O problema tem seu início antes que a
função genital se estabeleça. O masoquista cresceu num meio ambiente avesso à expressão
de sentimentos mais ternos, ele só pode reagir com desconfiança á ternura de outras
pessoas. Sua própria mãe não usou seu amor, sua simpatia para humilhá-lo? Não foram
seus apelos e súplicas ignorados? Na medida que dá o sangue por tudo o que faz, é um
trabalhador esforçado. A longo prazo, este contínuo forçar “amarra” as vísceras a um ponto
tal, que é inevitável o colapso

A culpa associada à sexualidade impera sobre o quadro, a vergonha da genitalidade e o


medo de firme posicionamento do ego.

O masoquista é o mais cooperativo dos pacientes do analista, mas é também quem tem os
mais pobres resultados terapêuticos.

O caráter masoquista mostra uma musculatura superdesenvolvida e, reduzida


espiritualmente. É como se o sistema muscular sobrepujasse o lado espiritual do organismo,
esmagando-o. O masoquista é “pé-na-Terra”, pesado e pouco agressivo.

A abordagem terapêutica ao problema do masoquismo é multifacetada. Deve ser


estabelecido um certo contato com o espírito aprisionado, a fim de sustentá-lo e mantê-lo
durante a árdua luta que esta por vir. O tempo todo devem ser oferecidas ao paciente a
simpatia, a compreensão e o apoio do analista, face aos repetidos fracassos, ao desespero, á
desconfiança e ao antagonismo á terapia analítica.

Se nosso conhecimento e fé são mais fortes do que toda a desconfiança e hostilidade que o
paciente consegue reunir, a terapia terá êxito.

CAP.V DO LIVRO BIOENERGETICA – ALEXANDER LOWEN -6ª. Edição, Summus


Editorial, 1975

ESTRUTURA DO CARÁTER MASOQUISTA

A estrutura descreve aquele que sofre e lamenta-se, que se queixa e permanece submisso. A
tendência masoquista predominante é a submissão.
Quando o indivíduo de caráter masoquista exibe uma atitude submissa na conduta
externalizada ,por dentro ocorre justamente o contrário. No nível emocional mais profundo,
a pessoa acolhe sentimentos intensos de despeito, de negatividade, de hostilidade e
superioridade. Contudo, estes sentimentos estão fortemente aquém dos ataques de medo,
que explodiria num violento comportamento social. O medo de explodir é contraposto a um
padrão muscular de contenção. Músculos densos e poderosos restringem qualquer asserção
direta de sim, permitindo somente as queixas,
CONDIÇÃO BIOENERGÉTICA
É dotado de um alto nível de energia, que, no entanto, está fortemente presa no organismo.
Devido á severa contenção interna, os órgãos periféricos estão poucos carregados, o que
impede tanto a descarga quanto a liberação energética, ou seja, as ações expressivas são
limitadas. Assim seguem uma representação:
Copiar gráfico pag. 143

A contenção interna é tão severa que resulta uma compressão e o colapso do organismo, O
colapso se dá na cintura, já que o corpo se verga sob o peso de suas tensões.
Os impulsos que se movem para cima e para baixo são estrangulados no pescoço e na
cintura, o que é responsável por uma forte tendência desta personalidade a experimentar
ansiedade.
A extensão do corpo, no senso de ampliar-se ou de buscar algo fora de si, está severamente
limitada.

CARACTERISTICAS FÍSICAS
Coropo curgo, grosso, musculoso. Por motivos ainda desconhecidos há, em geral, um
crescimento acentuado de pêlos no corpo. Um pescoço curto e grosso que denota um
atarracamento da cabeça.A cintura é mais curta e mais grossa. A projeção da pélvis é feita
para frente havendo um achatamento das nádegas. Uma imagem que poderíamos fazer é a
de um cão com o rabo entre as pernas.
A pele de todas as pessoas de estrutura masoquista tende ao tom acastanhado devido à
estagnação da energia.
CORRELATOS PSICOLÓGICOS
A agressão e a auto-afirmação são reduzidos devido a contenção severa.
Ao invés de auto-assertividade, a pessoa masoquista apresenta queixumes e lamentos.
Apresenta um sentimento de “estar preso num atoleiro”
No nível consciente existe a tentativa de agradar mas no nível inconsciente existe o
despeito, negativismo, e hostilidade.

FATORES ETIOLÓGICOS E HISTÓRICOS


É fruto de um lar onde houve amor e aceitação, ao lado de uma repressão severa. A mãe é
dominadora e sacrifica-se, o pai é passivo e submisso.
É típico dar uma ênfase exagerada á alimentação, e á defecação, fator que se soma à
pressão: “ seja um bom menino. Seja bonzinho para sua mãe. Coma toda a sua comida.
Faça coco direitinho. Deixe a mamãe ver”
Todas as tentativas de resistencia, inclusive os acessos de birra foram esmagadas.
O paciente, quando criança, lutava consigo mesmo, com um profundo sentimento de
humilhação toda vez que deixava-se soltar livremente, na forma de vômitos, de desafios, de
fazer xixi e coco nas calças.
O masoquista tem medo de meter-se em situações delicadas ( ficar sobre um pé só) ou de
intrometer-se (espichar o pescoço) por medo de ser rejeitado.
O INDIVIDUO DE CARATER MASOQUISTA SURPREENDENTEMENTE, é capaz de
estabelecer um relacionamento íntimo, com base na sua atitude submissa. É óbvio que essa
relação só pode ser vista como superficial, mas é mais íntima que qualquer outra relação
estabelecida pelo caráter esquizóide, oral ou psicopático.
CONFLITO BÁSICO DO MASOQUISTA
PROXIMIDADE X LIBERDADE
O conflito é entre amor, proximidade e liberdade. “Se eu for livre, você não me amará”
“Serei seu menino bem comportado e você em troca me amará.”

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