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O EMPREGADOR PODE REPASSAR CONTRIBUIÇÃO

DIRETAMENTE AO SINDICATO DOS


TRABALHADORES?
HENRIQUE CORREIA

- Cláusulas antissindicais: As cláusulas antissindicais são proibidas pelo


ordenamento jurídico brasileiro, pois violam o princípio da liberdade sindical.
Ressalta-se novamente que, apesar da vigência do princípio da unicidade sindical, o
art. 8º da CF/88 assegurou a liberdade sindical como direito fundamental e, por isso,
não pode estar sujeito a determinadas condutas que visam prejudicar sua aplicação.

- Ausência de previsão legal: A nossa legislação trabalhista, infelizmente, está um


pouco ultrapassada nesse sentido. Não prevê de forma clara as atividades
antissindicais, deixando para a jurisprudência e a doutrina o papel de traçar as
hipóteses que configuram afronta ao princípio da liberdade sindical. São exemplos de
cláusulas antissindicais, aquelas que determinam a filiação automática ou forçada de
trabalhadores, aquelas que impedem a filiação dos trabalhadores, as que estabelecem o
controle da atividade sindical por meio de sindicatos pelegos dentre outras.

- Cláusulas que exigem contribuição dos empregadores ao sindicato profissional: é


vedada a cobrança de contribuições aos empregadores para custear o sindicato
profissional, uma vez que há clara interferência do empregador na atividade do
sindicato profissional, o que prejudica a defesa dos interesses dos trabalhadores durante
a negociação coletiva e diminui a possibilidade de pressão do sindicato dos
empregados diante do empregador, pois a empresa passa a ser responsável pela
manutenção da entidade. Há discussão quanto à validade dessas cláusulas, existindo
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posicionamentos distintos do TST sobre o tema ao longo do tempo:

1) Possibilidade de contribuição patronal do empregador para custeio médico e


odontológico (Informativo nº 13 do TST): A SDC do TST estabeleceu que é válida a
cláusula que cria contribuição da categoria patronal visando à melhoria dos serviços
médico e odontológico prestados aos trabalhadores pelo sindicato profissional. Na
ocasião, o TST entendeu que não havia violação à Convenção nº 98 da OIT de
liberdade sindical, pois o recurso financeiro não era destinado à manutenção do
sindicato e nem implicava no controle da categoria profissional.

2) Proibição de contribuição patronal do empregador (Informativos nº 100 e 227


do TST): Em decisões mais recentes (Informativos nº 100 e 227), o TST estabeleceu
que a instituição de cláusulas que preveem o repasse de verbas das empresas aos
sindicatos fere a liberdade sindical. No Informativo nº 100, a SDI-I do TST condenou a
empresa ao pagamento de danos morais em razão de financiamento do sindicato
profissional por meio de taxa negocial, o que impossibilita a autonomia da negociação
coletiva e fragiliza o sistema sindical. Já o Informativo nº 227 do TST prevê
expressamente a vedação de custeio de clínica médica pago pela empresa diretamente
ao sindicato da categoria profissional. A decisão da SDC assenta de forma expressa a
vedação de cláusula que estabelece, a qualquer título, contribuições a serem pagas pelo
empregador diretamente ao sindicato profissional.

- Em resumo (Alteração de posicionamento do TST): Conforme se denotada das


decisões apresentadas acima, o TST nem sempre foi uniforme no que diz respeito ao
repasse de contribuições dos empregadores para custear os sindicatos. Em decisão mais
antiga de 2012 (Informativo 13), houve o reconhecimento de validade de cláusula para
custeio de serviços médicos e odontológicos. Em decisões mais recentes (2015 e 2020),
a SDI-I e a SDC vedaram o repasse das verbas pelos empregadores ao sindicato
profissional por configurar conduta lesiva à autonomia dos sindicatos. É importante
ressaltar, ainda, que a decisão do Informativo nº 227 versa sobre a mesma espécie de
cláusula de custeio médico daquela prevista no Informativo nº 13, o que demonstra
uma mudança no posicionamento do Tribunal.

- Posição da CONALIS: A Coordenadoria Nacional de Liberdade Sindical do MPT,


que é responsável por emitir orientações para a atuação dos Procuradores do Trabalho
em matéria de liberdade sindical, estabelece que o financiamento patronal do sindicato
profissional afronta a liberdade sindical:
Orientação nº 1. Conalis. Custeio patronal a sindicato profissional.
Afronta a liberdade sindical o financiamento patronal do sindicato profissional.

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- Atuação do MPT: Verificada a abusividade da cláusula do instrumento coletivo, é


necessária a atuação do MPT junto ao respectivo TRT na propositura de ação
anulatória de cláusulas convencionais, conforme a sistemática adotada no dissídio
coletivo. Ademais, é fundamental a atuação dos Procuradores do Trabalho em 1ª
instância. Nesse sentido, poderão celebrar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
pelo MPT, que se constitui como solução extrajudicial para o conflito, por meio do
qual o sindicato se compromete a não voltar a celebrar a cláusula abusiva. Além disso,
em não sendo firmado TAC, os Procuradores serão responsáveis por ingressar com
pedido de obrigação de não fazer, ou seja, para que o sindicato, ou qualquer pessoa,
não volte a adotar a mesma prática abusiva no futuro. Trata-se da tutela inibitória
adotada pelo Ministério Público do Trabalho.

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