Você está na página 1de 7

Professor Henrique Correia

Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

Professor Henrique Correia


Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

INFORMATIVO Nº 222 DO TST

(Trabalho em feriados no comércio)

Comércio varejista de supermercados e hipermercados. Fixação de jornada de


trabalho aos feriados. Autorização em convenção coletiva. Imprescindibilidade.

É permitida a fixação de jornada de trabalho aos feriados no comércio varejista de


supermercados e hipermercados, desde que haja prévia autorização em convenção
coletiva e seja observada a legislação municipal, conforme preconiza o artigo 6º-A da
Lei nº 10.101/2000. Nesse sentido, ainda que o Decreto nº 9.127/2017 tenha inserido o
comércio varejista de supermercados e hipermercados no rol de atividades autorizadas
a funcionar continuadamente, permanece a exigência de negociação coletiva por se
tratar de regra prevista em lei, cuja regulamentação, materializada no decreto, não pode
inovar no ordenamento jurídico, sob pena de ofensa ao princípio da separação de
Poderes e quebra da coerência do sistema normativo brasileiro. Com esses
fundamentos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos por
divergência jurisprudencial e, no mérito, por maioria, negou-lhe provimento, vencidos
os Exmos. Ministros Renato de Lacerda Paiva, Hugo Carlos Scheuermann, Aloysio
Corrêa da Veiga, Alexandre Luiz Ramos e Maria Cristina Irigoyen (Informativo nº 219)

Comentários:

1. TRABALHO NO DSR E FERIADOS


O trabalho em dias de repouso semanal remunerado e em feriados é excepcional,
apenas podendo ocorrer nos casos em que a execução do serviço seja imposta por
exigências técnicas da empresa, nos termos do art. 8º da Lei nº 605/1949 e do art. 6º do
Decreto nº 27.048/1949:

Professor Henrique Correia


Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

Art. 8º da Lei nº 605/1949: Excetuados os casos em que a execução do serviço for


imposta pelas exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho em dias feriados,
civis e religiosos, garantida, entretanto, aos empregados a remuneração respectiva,
observados os dispositivos dos artigos 6º e 7º desta lei.

Art. 6º do Decreto nº 27.048/1949: Executados os casos em que a execução dos


serviços for imposta pelas exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho nos
dias de repouso a que se refere o art. 1º, garantida, entretanto, a remuneração
respectiva.

O Decreto nº 27.048/1949, que regulamentou o tema em questão, estabelece que


constituem exigências técnicas as atividades que, em razão do interesse público, ou pelas
condições peculiares às atividades da empresa ou ao local onde as mesmas se exercitarem,
tornem indispensável a continuidade do trabalho, em todos ou alguns dos respectivos
serviços (art. 6º, § 1º do Decreto nº 27.048/1949).

Dessa forma, é possível a seguinte divisão entre as autorizações para trabalho no DSR
e feriados:

1) autorização para trabalho em feriados e DSR de caráter permanente –


estabelecidas no Anexo de referido Decreto; e

2) Autorização para trabalho em feriados e DSR de caráter transitório – disciplinada


pela Portaria nº 945/2015 do Ministério do Trabalho, no caso de atividades em geral.

3) Já o trabalho em domingos e feriados no comércio é regido pela Lei nº


10.101/2000, conforme será visto a seguir.

1.1. Autorização para o trabalho em domingos e feriados em atividades em geral

O trabalho em domingos e feriados recebe regulamentação distinta a depender da


atividade exercida pelo empregador, podendo a autorização se dar de forma permanente
ou transitória:

1) Autorização permanente: Nesse sentido, caso elencada no Anexo do Decreto nº

Professor Henrique Correia


Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

27.048/1949, a autorização para o trabalho será permanente, aplicando-se o disposto no art.


2º, “b” da Portaria nº 417/1966 do antigo Ministério do Trabalho1. Nesse em um período
máximo de sete semanas de trabalho, cada empregado deve usufruir de, pelo menos, um
domingo de folga2.

2) Autorização provisória: Caso, entretanto, a atividade não conste do Anexo do Decreto


nº 27.048/1949, o trabalho em domingos e feriados poderá ocorrer por meio de autorização
provisória, que deverá obedecer ao previsto na Portaria nº 945/2015 do Ministério do
Trabalho. Essa autorização pode ocorrer:

a) mediante acordo coletivo específico firmado entre empregadores e entidade


representativa da categoria profissional de empregados;

b) mediante ato de autoridade competente do Ministério do Trabalho, baseado em


relatório da inspeção do trabalho, por meio de requerimento do empregador.

Caso a previsão de trabalho em domingos e feriados se dê mediante acordo coletivo,


deverá haver disposição acerca do descanso e folga compensatória no próprio instrumento
coletivo. Todavia, na hipótese de autorização pelo Ministério do Trabalho para trabalho
em domingos, entendo que deverá ser observado o período máximo de sete semanas de
trabalho para que cada empregado usufrua de, pelo menos, um domingo de folga (art. 2º,
“b” da Portaria nº 417/66 do Ministério do Trabalho).

Cabe destacar, ainda, que há previsão de revezamento quinzenal para as mulheres


quando houver trabalho no domingo para que seja favorecido o descanso semanal
remunerado:

Art. 386, CLT – Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de
revezamento quinzenal, que favoreça o repouso dominical.

Por fim, a Reforma Trabalhista trouxe novidade no tocante à possibilidade de troca


do dia de feriado por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho nos termos do

1. Com a promulgação da Lei nº 13.844/2019, em decorrência da conversão em lei da MP nº 870, o Ministério do Trabalho
foi extinto e suas atribuições foram transferidas aos Ministérios da Economia, da Justiça e Segurança Pública e da
Cidadania. O Ministério da Economia concentrou a maioria das antigas atribuições do Ministério do Trabalho, como a
fiscalização do trabalho, a segurança e saúde do trabalho, a regulação profissional, a política salarial, entre outras. Para
isso, foi criada a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
2. Confira as atividades constantes no Anexo do Decreto nº 27.048/1949 na legislação ao final do capítulo.
Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

art. 611-A, XI, da CLT. Pensa-se que essa possibilidade de negociação pode ser benéfica
ao trabalhador, já que não se fala em supressão, mas apenas alteração de dia do feriado.

Art. 611-A da CLT (Inserido pela Reforma Trabalhista): A convenção coletiva e o


acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros,
dispuserem sobre: (…) XI – troca do dia de feriado;

O Brasil é criticado pela quantidade de feriados previstos. O dispositivo foi criado


para que os feriados prolongados possam ser suprimidos. Por exemplo, feriado que ocorre
em uma terça-feira é transferido para a segunda-feira, evitando a redução do serviço
prestado caso houvesse o prolongamento na segunda e na terça-feira.

1.2. Trabalho em domingos e feriados no comércio em geral

As disposições acima citadas, todavia, não se aplicam aos empregados do comércio


em geral, tendo em vista a existência de regulamentação específica a tais trabalhadores.
Assim, as atividades de comércio em geral têm autorização legal (Art. 6º da Lei nº
10.101/2000) para funcionar no domingo, desde que: a) observada a legislação municipal;
e b) o DSR coincida, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas, com o
domingo. Esse período de três semanas poderá ser modificado desde que haja instrumento
coletivo (convenção ou acordo coletivo):

Art. 6º da Lei nº 10.101/2000: Fica autorizado o trabalho aos domingos nas


atividades do comércio em geral, observada a legislação municipal, nos termos do art.
30, inciso I, da Constituição.

Parágrafo único. O repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma
vez no período máximo de três semanas, com o domingo, respeitadas as demais
normas de proteção ao trabalho e outras a serem estipuladas em negociação coletiva

Já nos casos de trabalho em feriados no comércio em geral, é necessária expressa


autorização em convenção coletiva, ou seja, negociação ajustada entre os sindicatos
representativos dos trabalhadores e empregadores (art. 6º-A da Lei nº 10.101/2000). Com
base no princípio da proteção, o TST adotava entendimento no sentido de que o trabalho
Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm

em feriados não poderia ser autorizado por acordo coletivo3.

De acordo com o Informativo em análise, a exigência de previsão em convenção


coletiva é imprescindível para a fixação de jornada de trabalho em feriados no comércio
varejista por expressa previsão no art. 6º-A da Lei nº 10.101/2000. Cabe ressaltar que o
Decreto nº 9.127/2017 estabelece que o comércio varejista é atividade que pode funcionar
continuamente. No entanto, para que possa ser exigido trabalho, é necessária a previsão
autorizando a abertura nos feriados por convenção coletiva, pois o decreto é norma
infralegal e o entendimento em sentido contrário violaria a separação dos poderes.

3. Informativo nº 17 do TST (confira texto integral no final do capítulo).


Professor Henrique Correia
Procurador do Trabalho

Professor de Direito do Trabalho

Autor e Coordenador de diversos livros para concursos públicos pela Editora Juspodivm
O material foi retirado do livro Direito
do Trabalho da Coleção Concursos
Públicos – 5ª edição/2019 da Editora
JusPodivm, que conta com 20 vídeos
inéditos gravados pelo autor, com acesso
via QR Codes. O livro está totalmente
atualizado com as últimas novidades
legislativas e jurisprudenciais acerca do
Direito do Trabalho, sendo ideal para
advocacia, prática profissional e para
estudos mais aprofundados na seara
trabalhista.
https://www.editorajuspodivm.com.br/c
oncursos-publicos-direito-do-trabalho-
2019

Preparei um site com conteúdo especial


para aquelas e aqueles que estudam e
trabalham na área trabalhista. O site é
Direito do Trabalho. Coleção
alimentado frequentemente com dicas de
Concursos Públicos. 5ª edição 2019.
estudos, materiais gratuitos, atualizações
Editora Juspodivm
legislativas e jurisprudenciais e muito
mais. Confira em:
www.henriquecorreia.com.br.

Você também pode gostar