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COMO FUNCIONA A TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADOS?

HENRIQUE CORREIA

1. Transferência de empregados
Entre as possibilidades do jus variandi está a transferência de empregados. Em
regra, a transferência unilateral é vedada. Essa transferência será possível desde que
tenha anuência do empregado. Para configurar transferência, é necessário que acarrete
mudança de domicílio do empregado.
É vedada a transferência do empregado eleito para dirigente sindical, conforme
previsto no art. 543 da CLT.
Excepcionalmente, poderá ocorrer a transferência unilateral do empregado, se
respeitados os limites impostos por lei. A seguir, as hipóteses admitidas:
a) Empregados que exerçam cargos de confiança. Inclusive para esses empregados, é
necessário que o empregador demonstre a necessidade do serviço, ou seja, fundamente a
transferência para evitar abusos e perseguições. Empregados de confiança são aqueles
previstos no art. 62, II, da CLT.
b) Empregados cujo contrato tenham como condição implícita ou explícita a
necessidade de transferência. Também nessa hipótese será necessária comprovação de
real necessidade de serviço, no mesmo sentido da hipótese anterior. Exemplo de condição
implícita: empregados do circo. Condição explícita: no ato da contratação fica expresso
que é condição, na prestação de serviços, a possibilidade de transferência do empregado,
como ocorre em alguns bancos e em empresas com diversas filiais.
c) Extinção do estabelecimento. Nesse caso, a transferência unilateral é permitida para
evitar o término do contrato de trabalho. E, se o empregado se negar a essa transferência,
ocorrerá o pedido de demissão. Exemplo: empregado trabalhava em Belo Horizonte, mas
nessa cidade o estabelecimento foi extinto. Diante desse acontecimento, o trabalhador foi
transferido para a unidade da empresa em Juiz de Fora, MG, sendo lícita essa transferência.
d) Transferência provisória por necessidade de serviço. Nesse caso, com fundamento

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no princípio da lealdade contratual, caberá ao empregado colaborar com a empresa. Há


necessidade, entretanto, de que essa necessidade seja fundamentada na real necessidade de
serviço.

O empregador, portanto, está obrigado a indicar os motivos da transferência. Essa


exigência é um dos raros casos em que o empregador deverá motivar sua decisão. Outra
situação em que o empregador precisa fundamentar sua decisão ocorre na dispensa por
justa causa, ao indicar a falta grave cometida pelo empregador. Esse posicionamento
tem por finalidade evitar atos arbitrários em face do trabalhador. A transferência não
poderá ser ferramenta punitiva. Caso não seja fundamentada, a transferência será
considerada abusiva, possibilitando ao empregado pleitear a rescisão indireta com base
no art. 483, d, da CLT. De acordo com a jurisprudência do TST:
Súmula nº 43 do TST: “Presume-se abusiva a transferência de que trata o § 1º
do art. 469 da CLT, sem comprovação da necessidade do serviço.”

No caso de transferência provisória por necessidade de serviço, mesmo em se


tratando de cargo de confiança e condição implícita ou explícita no contrato, o
empregador ficará obrigado a pagar adicional de, no mínimo, 25%, dos salários que o
empregado recebia na localidade de origem, enquanto durar a transferência. A
jurisprudência majoritária defende o pagamento desse adicional somente no caso de
transferência provisória1. Assim sendo, se ocorrer transferência definitiva, o empregado
não terá direito ao adicional.
Importante ressaltar que esse adicional possui natureza salarial, portanto reflete nas
demais verbas trabalhistas. Enquanto receber esse adicional de transferência, a
remuneração das férias, do 13º salário e os depósitos do FGTS serão acrescidos (reflexo
salarial).
Por fim, há previsão no art. 470 da CLT da ajuda de custo para o pagamento das
despesas resultantes da transferência2. Nesse caso, essas despesas serão suportadas pelo
empregador, e o valor reembolsado ao trabalhador terá natureza indenizatória.
Portanto, não há reflexo da ajuda de custo nas demais verbas
trabalhistas.
Para mais informações, consulte o livro: CURSO DE
DIREITO DO TRABALHO. 6ª EDIÇÃO.

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1 . Orientação Jurisprudencial nº 113 da SDI-I do TST: “O fato de o empregado exercer cargo de confiança, e a
existência de previsão de transferência no contrato de trabalho, não exclui o direito ao adicional. O pressuposto legal
apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a transferência provisória.”
2 . Súmula nº 29 do TST: “Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais distante de sua
residência, tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da despesa de transporte.”

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