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DEBATE

INTRODUÇÃO
Os comportamentos suicidas são, infelizmente, algo bastante comum na nossa sociedade,
atualmente são muitas as pressões escolares, pessoais e sociais a que estamos sujeitos, que nos
levam a ter a hipótese do suicídio em conta. De facto, todos os problemas a que somos sujeitos
podem, por vezes, ser muito complicados de gerir e fazem-nos sentir sem apoio e sem esperança
de os conseguirmos resolver, tornando, assim o suicídio numa opção. Desta forma, sentimo-nos
inúteis e incapazes de mudar a nossa vida e, portanto, a ideia de suicídio dá-nos ilusão de algum
controlo sobre a situação. Neste sentido, pensamos que o suicídio é um ato legítimo, e que este é
cometido, muitas das vezes, com a intenção de acabar com a dor e não com a vida, e a dor que
cada um passa é apenas percebida e sentida por essa mesma pessoa. Desta maneira, os problemas
que cada pessoa enfrenta, bem como a tristeza e a angústia que sentem, não devem ser ignorados,
mas sim discutidos e, acima de tudo, devemos tentar mostrar que tudo pode mudar e que o
suicídio, sendo uma decisão tão permanente, não é a única saída.

ARGUMENTOS
1) Covardia VS Coragem
É comum o suicídio ser reduzido às elementares definições de duas palavras com significados
bastante distintos: covardia ou coragem. No entanto, não podemos ver este ato de decisão
extrema de maneira tão simplória. O suicídio é, sim, algo que revela a autonomia da decisão de
alguém que chegou ao “limite dos limites”, independentemente da coragem ou da covardia.
Efetivamente, é recorrente ouvir -se “Para mim o suicídio é um ato de covardia, para fugir aos
problemas.” ou “Só egoístas é que tiram a própria vida, pois não pensam nos filhos, nem nas suas
famílias.”. Este tipo de pensamento é bastante retrógrado, visto que reduz uma decisão tão
extrema como tirar a própria vida a uma “fuga dos problemas” ou “ato egoísta”. Desta forma, não
há nada mais importante para uma pessoa do que as pessoas que ela ama incondicionalmente ou
do que a própria vida, e isto não muda para uma pessoa que cometa o suicídio. Portanto cometer o
suicídio não é sinal de covardia, egoísmo ou tampouco é uma solução proposital que se encontra
para fugir aos problemas. É simplesmente um ato de condição impulsiva decorrente da depressão e
que jamais deverá ser julgado ou tratado como a última opção consciente para se alcançar paz
física e espiritual.
Neste sentido, por exemplo, se pensássemos agora, neste preciso momento, em formas de acabar
com a nossa vida e nos pedissem para escolher uma, por exemplo:
1- Pegar numa arma carregada, apontar para a cabeça e apertar o gatilho;
2- Segurar numa faca contra o peito e pressioná-la até que somente o cabo fique à mostra;
3- Tomar uma quantidade de comprimidos que nos permita ter uma overdose;
4- Amarrar uma corda a um sítio qualquer, dar um nó, envolvê-la no próprio pescoço, subir a uma
cadeira e saltar.
Agora estamos todos a pensar no mesmo “Que horror, não consigo escolher e até me custa pensar
numa coisa destas” e tenho a certeza de que nenhum de nós se consegue a imaginar a fazer alguma
das hipóteses que dei acima e sabem porquê?!
Porque nós estamos a viver o que conhecemos por estado de “consciência sã”. Exatamente o
raciocínio lógico que falta a um suicida no momento em que ele decide pôr fim à própria vida.
Desta forma, chegar a esse “limite dos limites”, como já referimos antes, é o ato mais corajoso da
mente humana justamente porque se ela estiver em pleno funcionamento e saudável ninguém se
torna capaz de tal feito. Neste sentido quanto o suicida está a” preparar o seu funeral”, nessa
fração de tempo não é a pessoa em si que está lá, na verdade, é até impossível saber no que se
transforma o suicida nos instantes que antecedem a sua morte e quem de facto está a tomar tão
extrema decisão.
Assim, é muito fácil julgar uma pessoa que se matou chamando-a de covarde, quando as tuas
faculdades mentais correspondem exatamente aos estímulos racionais comuns à nossa espécie,
como o medo, que é a grande defesa do instinto para nos manter distantes de qualquer perigo que
coloque a nossa vida em risco.

2) Direito á vida
Está claro que o direito à vida é comum a todos os cidadãos e, portanto, parte de cada usufruir dele
plenamente ou não. Isto é, ninguém tem o direito de tirar a vida a alguém, mas quando se trata da
nossa própria vida a palavra final é nossa.

3) Deus
O argumento de que Deus é que nos criou e que, portanto, apenas ele é que decide quando é que a
nossa viagem aqui na terra termina ou não é apenas válido para aqueles que acreditam em Deus e
nos sus mandamentos e, mesmo para esses, se cometem o suicídio é, porque, no limite das suas
forças e da capacidade de suportar uma dor inimaginável optam pela última saída que consideram,
portanto válida, mesmo indo contra os princípios da sua religião.

Uma pessoa poder se suicidar é uma liberdade é uma liberdade de decide sobre si e não sobre
outra pessoa

Não apoio a morte de ninguém, mas também não posso proibir ninguém de se suicidar, isto teria
sempre de ser uma opção da própria pessoa. Esta proibição pode acabar por mostrar um ato de
egoísmo por parte dos familiares ou amigos da pessoa que quer por termo à sua vida. Estas não
terão a capacidade de por de parte os seus sentimentos, querendo que a pessoa continue viva,
mesmo que em sofrimento, para impedirem a sua própria dor por perderem alguém que amam.

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