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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

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Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
Campus de Jaboticabal
Curso de Administração

PLANTAS FRUTÍFERAS

Prof. Dr. Ben-Hur Mattiuz


Prof. Dra. Claudia Fabrino Machado Mattiuz
Disciplina de Fundamentos da Produção Vegetal

1. INTRODUÇÃO

Fruticultura é a ciência e a arte do cultivo de plantas frutíferas. Tem por objetivo a


exploração racional de plantas lenhosas que produzem frutos comestíveis.
Fruta é a designação comum aos frutos, pseudofrutos e infrutescências comestíveis,
com sabor adocicado e fruto é o órgão gerado pelos vegetais floríferos, e que conduz a
semente, portanto resulta do desenvolvimento do ovário em seguida à fecundação.
A fruticultura difere da agricultura pela particularidade no tratamento de cada planta.
Enquanto, na agricultura, as plantas recebem um tratamento coletivo, isto é, semeia-se e
colhe-se, como um todo, na fruticultura, para chegar à colheita, além da semeadura, é
necessário as seguintes operações: repicagem, transplante, enxertia, condução, poda,
desbaste, controle fitossanitário e colheita individual, isto é, fruto a fruto, conservação e
embalagem.
A fruticultura se constitui, a um só tempo, em uma atividade econômica, social e
alimentar.
A produção mundial de frutas foi de 690.756.513 toneladas em 2005. A fruta mais
produzida foi a banana, com um total de 105,69 milhões de toneladas, seguida pela
melancia, com 99,39 milhões de toneladas e pela uva, com 66,24 milhões de toneladas.
Laranja, maçã e coco ocuparam a quarta, quinta e sexta colocações respectivamente.
A China é o maior produtor mundial de frutas. Em 2005, apresentando uma produção
de 167 milhões de toneladas. Este país ocupou lugar de destaque nas produções de
melancia, maçã, manga, melão, tangerina, pera, pêssego/nectarina, ameixa e representou
24,2% da produção mundial de frutas neste ano.
A Índia ocupa a segunda colocação e, em 2005, produziu 57,9 milhões de toneladas
apresentando grandes produções de banana, coco, manga, abacaxi, limão/lima e castanha
de caju.

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O Brasil ocupa a terceira colocação na classificação dos principais países produtores


de frutas, sendo que no ano de 2005, participou com uma quantidade de 41,2 milhões de
toneladas, representadas principalmente pelas culturas da laranja, banana, coco, abacaxi,
mamão, castanha de caju, caju e castanha do brasil. O país possui áreas situadas nas
regiões tropicais, subtropicais e temperadas, quer pela latitude, quer pela altitude. Dentro de
uma extensa área de 8.500.000 km2 encontra-se uma imensidade de climas e microclimas,
que possibilitam o cultivo econômico de quase todas as espécies vegetais, limitado aqui e ali
por pequenos fatores, alguns de fácil ou possível solução, outros praticamente insolúveis,
que delimitam a área geoeconômica.
Depois, os Estados Unidos, Indonésia, Filipinas, Itália, México, Turquia e Irã, nesta
ordem, estão entre os dez maiores produtores de frutas do mundo, que, juntos,
representaram 22,90% da produção mundial de frutas no ano de 2005.
O Brasil exporta cerca de 31% de sua produção de frutas. Dos 42 milhões de
toneladas produzidas por ano, 53% são industrializadas e 47% permanecem como fruta
fresca. O Brasil exporta 2% da produção total como frutas frescas e outros 29% como frutas
processadas. Assim, 31% da produção é vendida ao exterior. Se considerarmos somente o
que está disponível para consumo como fruta fresca (19,74 milhões de toneladas), o
percentual de exportação passa dos 4%. Já sobre a parte industrializada da produção (22,26
milhões de toneladas), 55% são exportadas. Isso ocorre porque o Brasil se especializou em
exportar suco de laranja – com produção de 17 milhões de toneladas –, de uva, de maçã e
abacaxi além da castanha de caju e outros processados.
Das frutíferas mais importantes cultivadas em nosso meio, podemos destacar, pelo
seu valor econômico, as seguintes: banana, citros, uva, caju, abacaxi, manga, abacate,
goiaba, caqui, pêssego, mamão, figo, pêra, marmelo, maçã, pecã, ameixa.
O valor econômico da fruticultura não se situa somente na produção de frutos para o
mercado consumidor, mas baseia-se também no aproveitamento dos frutos para a
industrialização, criando riquezas e gerando o bem social.
Baseadas na fruticultura, temos hoje indústrias de vinho, de doces, de massas, de
pectinas, de refrescos, de frutos cristalizados e em calda, de xarope, de licores, de
aguardentes, de vinagres, de sucos etc., que dão uma ideia do potencial econômico e social
que representa a fruticultura para nosso país.
As conservas de frutos e a obtenção de sucos são atividades em expansão em vários
países e contribuem, em proporção cada vez maior, para o aumento do valor total de suas
exportações.

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O valor social da fruticultura é incalculável, já que, tratando-se de cultivo extensivo e


intensivo, exige a presença constante do agricultor e ocupa mão de obra em grande número.
Enquanto a produção mecanizada de grãos emprega apenas 1 trabalhador por 500ha, a
fruticultura necessita de, pelo menos, 1 pessoa/ha.
A fruticultura é fator de fixação do homem à terra e possibilita a subdivisão da gleba
em pequenas propriedades altamente produtivas. Eleva o padrão de vida do lavrador, dos
operários, e sua função estende-se além dos campos, ao integrar milhares de braços na
comercialização, distribuição, venda e industrialização dos produtos. A fruticultura possibilita
um alto rendimento por área, tornando-se uma alternativa para pequenas propriedades.
Além disso, possibilita o desenvolvimento de agroindústrias, principalmente de pequeno
porte, ou familiar. Possibilita a diminuição da importação e aumento nas exportações, como
exemplo cita-se o exemplo da maçã, no sul do Brasil, pois passamos de importadores para
exportadores da fruta.
As frutas desempenham papel importantíssimo na saúde humana, pois, além de
elementos energéticos, catalíticos, sais minerais e vitaminas etc., fornecem celulose e água.
A celulose constitui o meio mais efetivo para promover o funcionamento normal do
organismo, corrigindo a preguiça intestinal e a prisão de ventre, tão comuns nos climas
quentes.
O consumo, segundo os estudiosos, ajuda na redução do colesterol e interfere na
absorção de glicose, favorecendo os diabéticos e os portadores de doenças cardíacas.
As fibras são representadas por um conjunto de substâncias: celulose, lignina,
gomas, mucilagem, pectina e outras hemiceluloses, sendo a mais importante de todas a
celulose. Esta é um carboidrato insolúvel e não é digerida pelas enzimas. As hemiceluloses
auxiliam na eliminação das toxinas.
Quanto às exigências de clima, as plantas podem dividir-se em plantas de clima
temperado, subtropical e tropical.
Essas plantas podem ser divididas, com relação ao frio, em muito exigentes e pouco
exigentes. Dentro de uma mesma espécie, encontramos variedades que se acomodam a
essa exigência, como o pessegueiro, a macieira, a pereira, a ameixeira, a pecã, o caqui.
Existem variedades que produzem satisfatoriamente em regiões de inverno brando, ao
passo que outras exigem inverno longo e rigoroso para frutificar economicamente, que dure
de dois a três meses, com temperatura de 0ºC, podendo atingir, no verão, de 30 a 40ºC.
As espécies de clima temperado podem desenvolver a frutificação na área subtropical
e mesmo na tropical, desde que o repouso hibernal seja substituído por período seco que

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impeça a vegetação, porém as plantas de clima tropical e subtropical dificilmente encontram


condições para prosperar nas zonas temperadas.
A área de distribuição favorável para as espécies frutíferas de clima temperado
concentra-se no sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Encontram-se,
entretanto, dispersas pelo país, regiões microclimáticas, como a serra da Mantiqueira, a
serra dos Cristais e regiões do interior e do norte do Brasil, que compensam a latitude com a
altitude, oferecendo também microclimas favoráveis.
Os vegetais tropicais e subtropicais encontram, a partir do centro do Estado de São
Paulo até o Amazonas, condições ecológicas para o seu desenvolvimento, com exceção
das regiões montanhosas, onde a queda de temperatura oferece microclima favorável às
culturas temperadas.
Pelos conhecimentos adquiridos sobre espécies de clima temperado, subtropical e
tropical, e conhecendo-se as condições ecológicas de cada região, podem-se estabelecer
pomares comerciais com grande probabilidade de êxito.
Assim, as culturas de abacaxi, anona, banana, coco-da-baía, mamão, manga,
tâmara, citros, abacate, goiaba, jabuticaba encontrariam condições ecológicas das mais
favoráveis a partir da parte central do Estado de São Paulo até o norte, incluindo as regiões
central e nordeste, que se enquadram dentro de clima subtropical e tropical. As espécies de
clima temperado, entretanto, como ameixeira, figueira, macieira, oliveira, pecã, pessegueiro,
pereira e videira, encontrariam condições mais satisfatórias do sul do Estado de São Paulo
até o Rio Grande do Sul.
No Nordeste do Brasil, atualmente, as principais culturas são: caju, banana, coco-da-
baía, abacaxi, mamão, graviola, goiaba, manga, havendo possibilidade de se tomar a
principal região do país na produção de tâmaras e grande produtora de uvas finas,
principalmente de casta européia.
Dentre os principais problemas que o setor frutícola enfrenta, podemos destacar:
 Perecibilidade das frutas;
 Falta de transporte, armazenamento, assistência técnica e linhas de crédito
compatíveis;
 Falta de informação e organização dos produtores;
 Falta de classificação das frutas;
 Consumo “per capita” de frutas muito baixo da população;
 Sanidade das culturas;

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 Custo elevado de embarque nos portos e aeroportos.

CULTURA DA MACIEIRA
A maçã possui origem europeia e pertence ao gênero Malus, cuja espécie mais
importante comercialmente é a domestica.
A produção de maçãs no Brasil nas últimas três décadas teve um impressionante
aumento de mais de 6.000%. De importador o País passou não apenas a abastecer todo o
mercado interno, como também a exportar 15% de sua colheita.
Hoje, cerca de 99% da maçã do Brasil é cultivada abaixo do Trópico de Capricórnio.
O estado de Santa Catarina responde por 51% da produção nacional, seguido do Rio
Grande do Sul (44%) e do Paraná (5%). Os três grandes polos produtores são Vacaria (RS),
São Joaquim (SC) e Fraiburgo (SC). Em 2007, estimava-se um total de 2.731 produtores no
País.
As variedades mais cultivadas são a Gala (precoce) e a Fuji (tardia), que variam na
textura e sabor da polpa.
A maçã que compramos em dezembro saiu de sua árvore de origem quase um ano
antes. A variedade Gala é colhida apenas nos meses de janeiro e fevereiro e a Fuji, nos
meses de março e abril. Durante o resto do ano ela é armazenada em câmaras frias de
onde sai para ser colocada no mercado aos poucos.
Por ser um fruto extremamente delicado, que estraga com muita facilidade se
manuseado de forma incorreta, questões ligadas ao transporte, estoque e colheita ganham
importância redobrada. Na hora de descarregar as caixas que chegam dos pomares, por
exemplo, a maçã cai em tanques de água para minimizar o impacto e depois percorre
esteiras especiais para passar por um processo de seleção manual de classificação de
qualidade. Além das maçãs do tipo Extra e das categorias 1, 2 e 3, há as destinadas a uso
industrial aquelas que não apresentam qualidade suficiente para serem vendidas in natura.
A sensibilidade é um dos obstáculos à mecanização da colheita, que precisa ser feita
de forma artesanal, o que exige bom treinamento dos trabalhadores, gerando muitos
empregos: cada hectare plantado gera 1,5 empregos diretos, o que corresponde a mais de
58 mil vagas. Para toda a cadeia, considerando-se matérias-primas, produção, refrigeração
em frigoríficos, beneficiamento, embalagem, distribuição e venda, estima-se em mais de 150
mil o número total de empregos gerados pela cultura da maçã. A produção oferece trabalho

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temporário de novembro a dezembro para o raleio (redução do número de frutos das


macieiras para equilibrar a produtividade das árvores), e de janeiro a abril para a colheita.
Depois, com menos trabalhadores, acontece a limpeza dos pomares, poda e preparação de
novas áreas de plantio.
No Brasil, a cadeia produtiva da maçã foi pioneira na implantação do Sistema de
Produção Integrada (PI). A PI pressupõe o emprego de tecnologias que permitam o controle
efetivo do sistema produtivo agropecuário por meio do monitoramento de todas as etapas,
desde a aquisição dos insumos até a oferta ao consumidor, com mecanismos reguladores
que assegurem uma produção agrária sustentável. O conceito, criado nos anos 1970, teve
como precursores na Comunidade Europeia Alemanha, Suíça e Espanha.

CULTURA DA VIDEIRA
A videira pertence à Vitaceae, gênero Vitis, e espécies labrusca (Isabel, Bordô,
Niágara...) e vinifera (Itália, Rubi, Cabernet...).
A produção nacional de uva está voltada, basicamente, para dois mercados com
características peculiares: processamento industrial (vinho, espumantes, sucos, passas,
doces em massa, geleias, óleo, produtos cosméticos) e consumo “in natura” ou mesa. A
região Sul é a maior produtora nacional de uva, com cerca de 907 mil toneladas,
correspondentes a 68% da produção nacional, de acordo com dados do IBGE. Segundo a
mesma fonte, para a uva de mesa, destacam-se como produtoras as Regiões Sudeste e
Nordeste que, juntas, responderam por quase 87% do volume total produzido.
Em 2004, 48,72% da uva produzida no Brasil foi destinada à elaboração de vinhos,
sucos, destilados e outros derivados Em 2005, face à redução da quantidade de uvas
produzidas no Rio Grande do Sul, este percentual foi reduzido para 44,19%.

CULTURA DA LARANJEIRA
Os citros são originários das regiões tropicais e subtropicais da Ásia e do Arquipélago
Malaio. A sua distribuição está ligada a fatos históricos, principalmente a “cura” do escorbuto
(carência de Vitamina C) por ocasião das grandes navegações. Na América foi introduzida
pelos espanhóis e portugueses.
Pertence à Família Rutaceae, e gênero Citrus, sendo que a espécie das laranjas
comuns é o Citrus sinensis.
O Brasil é o maior produtor de laranjas e maior exportador de suco concentrado
(FCOJ) e não concentrado (NFC) do mundo. O parque citrícola paulista e do triângulo

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mineiro está assentado basicamente sob 4 cultivares principais: Hamlin (precoce); laranja
Pera Rio (meia estação); Natal e Valência (tardias).
O desenvolvimento do agronegócio da citricultura paulista é inibido pela des-
capitalização de parte dos fornecedores das indústrias. Muitos deles cumpriram ou ainda
cumprem contratos vinculados ao dólar, e a moeda americana tem-se desvalorizado nos
últimos anos. As menores receitas e aumento dos custos, decorrente da maior quantidade
de tratamentos fitossanitários, geraram o endividamento dos produtores, hoje na casa de R$
1 bilhão. Por sorte, o preço do suco concentrado começou a subir em meados de 2009, em
razão da redução da oferta.
A diminuição das colheitas deveu-se a diversos fatores econômicos e fitossanitários,
que ainda precisam ser convenientemente avaliados. Mas é certo que um dos agentes do
encolhimento foi o HLB ou greening. A doença avança incansavelmente sobre os pomares,
reduzindo a produção e elevando os custos, seja no Brasil, na Flórida ou em países da
América Central. O levantamento amostral do Fundecitrus, realizado entre maio e junho de
2010, mostrou um aumento expressivo da incidência do greening em muitas regiões,
atingindo 38% dos pomares paulistas.
A redução da oferta eleva o preço da matéria-prima, com perspectiva de continuidade
de preços altos. Mas o repasse dos preços para o consumidor pode inibir o consumo. O
suco de laranja pode perder uma fatia do mercado para bebidas mais baratas. Há um limite
de preço, hoje estimado em torno de US$ 2.400/t, a partir do qual se acredita que o
consumo comece a se retrair. Isso limita o preço da caixa. E depende, em parte, da
eficiência de cada indústria. Mesmo o suco não-concentrado (NFC) de maior qualidade
organoléptica (sabor, cor e aroma) tem limites para a expansão de preços e volumes, por
vezes relacionados ao maior custo de transporte.
O mercado interno do consumo de suco de laranja vem aumentando na
proporcionalidade do aumento da renda da população, constituindo-se como uma excelente
alternativa para o setor.

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