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APOSTILA

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Elaboração e organização: Profªs Geórgia Peixoto Bechara Mothé, Gisele Teixeira Saleiro
Índice
1 - Introdução ..................................................................................................................................... 04
2 - Desenvolvimento Sustentável ................................................................................................... 05
3 - Sustentabilidade .......................................................................................................................... 10
4 - Tecnologias limpas ..................................................................................................................... 11
5 - Energia e o meio ambiente ........................................................................................................ 13
6 - Indicadores de sustentabilidade ............................................................................................... 15
7 - Desenvolvimento econômico x desenvolvimento sustentável ........................................... 17
8 - Considerações finais ................................................................................................................... 18
9 - Referências Bibliográficas.......................................................................................................... 19
Ξ 1 - INTRODUÇÃO
A Revolução Industrial possibilitou a capacidade do homem em utilizar os recursos naturais
com maior interferência no meio ambiente, transformou toda uma população, a introdução
das maquinas modificou a relação de trabalho, os ambientes, trazendo um forte mudança
na organização social, com isso a comunidade cientifica, passou a ter um olhar diferente em
relação as questões do meio ambiente, impulsionados pela preocupação com o acelerado
desenvolvimento tecnológico, propondo os surgimento de santuários ecológicos e proteção
de espécies sensíveis e em extinção

De acordo com Gil, 2005, se pensarmos em diferentes civilizações podemos entender que
o homem nunca se viu como parte do meio ambiente, ele sempre utilizou o meio de acordo
com o seu nível de satisfação. O que mudou ao longo do tempo não foi a sua postura em
relação à destruição ou preservação e sim as diferentes ferramentas para utilização.

A questão ambiental passou a ser uma nova visão, firmados pelo forte impulso de uma
mudança ambiental, começam a surgir os movimentos ambientalistas promovido por
grupos e organizações não governamentais e cientificas, onde defendiam a proteção
e pesquisas de temas ambientais e processos produtivos para a redução da poluição e
eficiência energética, começaram a delinear o conceito de desenvolvimento sustentável
(FILHO, 2004). A preocupação ambiental da década de 60 veio por diferentes motivos, pela
a introdução de produtos ecológicos e também por uma série de acidentes ambientais de
grande proporção como os acidentes de Minamata no Japão nas décadas de 50 a 70, e
naufrágio do petroleiro “Torrey Canyon”, em 1967 que causou danos tanto na costa inglesa
quanto na costa francesa, sendo primordiais nas discussões para que houvesse uma busca
pelo Desenvolvimento Sustentável (DS).

Ainda impulsionada pelos grandes problemas de caráter ambiental e social, como o


aquecimento global; a má distribuição da riqueza natural e humana e consequentemente a
pobreza, foi fundado em 1968 o Clube de Roma. Esse Clube fez um estudo sobre os riscos
da degradação do meio ambiente, no qual relatava que haveria uma repentina diminuição
da população mundial e da capacidade industrial se os níveis de industrialização, poluição,
produção de alimentos e exploração dos recursos naturais fossem mantidos. Com isso a
capacidade dos recursos naturais do Planeta seria atingida em 100 anos, relembrando a
teoria economista Thomas Malthus que em 1798 publicou um ensaio pioneiro sobre o estudo
do crescimento das populações e como isso afetaria o desenvolvimento futuro da sociedade
humana (PEARSON, 2011).

O Clube de Roma propôs através de um documento o crescimento econômico zero e, assim,


influenciou de maneira decisiva, o debate na conferência de Estocolmo, realizada em 1972,
como a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.

04 - Produção Pós-graduação
Ξ 2 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Historicamente, a introdução da discussão em um panorama global que se proponha ao
modelo de Desenvolvimento Sustentável, começou na década de 70 e percorre até os dias
atuais. Essas discussões começaram a ter relevância quando a Organização das Nações
Unidas (ONU) promoveram uma Conferência sobre o Meio Ambiente em Estocolmo em
1972, então o termo desenvolvimento sustentável começou a ser utilizado e a percepção da
degradação dos recursos naturais passou a ser um problema de primeira linha. Ao longo dos
séculos XX e XXI foram promovidas outras conferências e reuniões que levaram a difusão e
discussão do conceito de Desenvolvimento Sustentável.

1972 - Conferência sobre o meio humano das Nações Unidas em Estocolmo

Realizada na década de 70, a Conferencia das Nações Unidas também conhecida como
Conferência de Estocolmo, representou o primeiro grande passo em busca da superação
dos problemas ambientais. Até então, era comum pensar que os recursos naturais eram
inesgotáveis e que a Terra suportaria toda ação humana. Foi a primeira vez que a comunidade
internacional reuniu para discutir sobre meio ambiente tendo a principal recomendação à
realização de uma conferência mundial que direcionasse as questões do meio ambiente e
do desenvolvimento. A Conferência de Estocolmo atraiu mais de quatrocentas instituições
de diferentes governos, bem como Organizações Não-Governamentais (ONGs) e um total
de 113 nações.

Segundo Le Prestre, 2000, a conferência foi realizada para atender quatro fatores: Aumento
e importância da comunidade científica, as mudanças climáticas e sobre a quantidade e
qualidade da água; Aumento da exposição, pela mídia, de desastres ambientais, gerando
um maior questionamento da sociedade a cerca das causas e soluções para tais desastres;
Crescimento desenfreado da economia, e conseqüentemente das cidades e Outros
problemas ambientais, como chuvas-ácidas, poluição marinha, grandes quantidades de
metais pesados e pesticidas.

A partir desta conferencia surgiram dois pensamentos ambientalistas; os marxistas e os


zeristas. Os marxistas atribuíam a culpa ao sistema capitalista e ao consumismo, gerando
uma banalização das necessidades oriundas do meio ambiente obtendo um crescimento
industrial á degradação ambiental. Já os Zeristas tinham com atribuição o crescimento
zero da economia em função do crescimento exponencial da população resultando em uma
escassez dos recursos naturais.

No começo da década de 80 surgiu o novo grupo de pensadores, os “verdes” na qual tinham


como ideologia a ecologia social contra o consumismo, com melhoria na distribuição social
de renda, assim, uma economia voltada para as necessidades e não lucro. Nos dias atuais
podemos observar o movimento do “eco-chatos” onde o desenvolvimento cientifico e novas
tecnologias podem solucionar os problemas ambientais.

05 - Produção Pós-graduação
O conflito se estendeu entre diversos países, alem da disputa dos comunistas e capitalistas, o
confronto norte –sul impossibilitou um consenso, enquanto uns defendiam o preservacionismo,
outros o conservacionismo. Já para o Brasil, de acordo com Lago, 2005, algumas questões
foram discutidas em função da capacidade do Brasil em preservar seu patrimônio, levando
a uma preocupação com a economia e com possíveis estratégias de desenvolvimento
sustentável do país, tendo em vista que o Brasil contém recursos naturais de maior interesse
aos olhos dos demais países, sendo alvo constante em função das suas grandes reservas de
água potável, alem de possuir uma das maiores reservas de biodiversidade do planeta.

Assim, após a Conferência de Estocolmo surgiu à agenda ambiental e o direito ambiental


internacional, e trouxe a elaboração de novos paradigmas econômicos para os países e a
ecologia com referencia.

1987 "O Nosso Futuro Comum" - Relatório Brundtland

Em 1987, o documento intitulado “Nosso Futuro Comum” ou como mais conhecido Relatório
Brundtland, foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD, 1988), divulgado pela primeira ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland,
apresentou a seguinte definição para o conceito: “É a forma como as atuais gerações
satisfazem as suas necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade de gerações
futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”.

O relatório Brundtland ainda considera uma boa qualidade de vida para a população assim como
o atendimento das necessidades básicas de todos de forma igualitária com a participação
efetiva da sociedade na tomada de decisões, através de processos democráticos, para o
desenvolvimento urbano (BARBOSA, 2008).

O desenvolvimento sustentável estaria, de acordo com Brundtland, 1987, “nas limitações


impostas pelo estágio atual da tecnologia e da organização social, no tocante aos recursos
ambientais, e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos da atividade humana”. Mas,
continua o documento, “tanto a tecnologia quanto a organização social podem ser geridas e
aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de crescimento econômico” e não no modelo
de crescimento, baseado na exploração dos recursos naturais e no estímulo ao consumo.

O Nosso Futuro Comum expõe contra os efeitos do liberalismo, no qual preconizava naquela
época o aumento das desigualdades sociais entre os países, e a diferença social como parte
integrante da questão ambiental. Segundo Brundtland, 1987, “a pobreza é uma das principais
causas e efeitos dos problemas ambientais do mundo, sendo inútil falar dos problemas
ambientais sem falar da pobreza e desigualdade internacional”. Em função disso, Introduz-se
a noção da intergeracionalidade no conceito de sustentabilidade, associando-a a noção de
justiça social.

O conceito foi firmado na Agenda 21, documento desenvolvido na “Rio 92”, e incorporado
em outras agendas mundiais de desenvolvimento e de direitos humanos, no qual segundo

06 - Produção Pós-graduação
Canepa (2007), ainda está em construção. Apesar de ainda ser questionável e de não definir
quais são as necessidades da geração presente e nem quais são as necessidades das futuras
gerações, a Agenda 21 ainda assim propõe formas de desenvolvimento econômico, utilizando
os recursos naturais sem danificar o meio ambiente; possibilitando o desenvolvimento
econômico, a preservação do meio ambiente; sem ultrapassar os limites da biosfera de
assimilação de resíduos e poluição, e equidade social; reduzir a pobreza do mundo, de acordo
com o proposto na Comissão de Brundtland em 1987.

1992 Conferência das Nações Unidas do Rio

Após a publicação do Relatório Brundtland, a Assembléia Geral das Nações Unidas decidiu
realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de
Janeiro, em 1992. Essa Conferência, também conhecida como Cúpula da Terra, Conferência
do Rio ou simplesmente Rio-92, em prosseguimento á vinte anos após a realização da
primeira conferência sobre o meio ambiente (Estocolmo, 1972) foi um grande marco para a
proteção ambiental e das questões ligadas ao desenvolvimento, medidas de diminuição da
degradação e o não escassez dos recursos naturais para as futuras gerações, assim foram
discutidos e decididos por representantes de 108 países do mundo.

Nesta conferência, Segundo Trigueiro, 2003, foram gerados documentos com objetivo de
serem utilizados com instrumentos de referência para programas, projetos e políticas na qual
empresas, governo e sociedade em geral pudessem promover como: Agenda 21, trás um
conjunto de diretrizes e recomendações para políticas públicas na qual propõe parâmetros
para a atuação dos governos e da sociedade civil, trazendo como proposta principalmente
o combate a pobreza, a preservação do meio ambiente, sugerindo soluções para problemas
ecológicos.

Alem da Agenda 21, a Conferência das Nações Unidas produziu outros documentos
importantes. No quadro 1, reúne esses documentos. A Declaração do Rio de Janeiro
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ilustra onde a sociedade, de modo geral,
pode modificar o seu comportamento com relação ao meio ambiente. A Declaração sobre
Conservação e Uso Sustentável de todos os tipos de Florestas, um documento no qual
traz a Introdução dos princípios para orientação de projetos de manejo florestal e evitar o
esgotamento dos recursos naturais. A Convenção sobre Diversidade Biológica, na qual propõe
a utilização sustentável dos recursos biológicos desde que acompanhada da distribuição
justa dos ganhos e que teve como uma de suas importantes conseqüências a celebração
do Protocolo de Biossegurança.      A Convenção sobre Mudanças Climáticas que relata os
problemas relacionados ao aquecimento global e os gases causadores do efeito estufa, não
obtendo metas concretas e prazos, essa convenção não produziu um efeito prático no qual
serviu de base ao Protocolo de Kyoto, de 1997 Bernardes, 2003.

07 - Produção Pós-graduação
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Reúne 27 princípios para guiar os países nas suas políticas de Desenvolvimento Sustentável. O artigo 15,
por exemplo, advoga o uso do princípio da precaução.

Declaração de Princípios sobre Florestas


Primeiro acordo global a respeito do manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos
de florestas.

Agenda 21
Programa de transição para o Desenvolvimento Sustentável inspirado no Relatório Brundtland. Com 40
capítulos, tem sua execução monitorada pela Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável da ONU
(CDS) e serviu de base para a elaboração das Agendas 21 nacionais e locais.

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC)


Disponível para assinaturas na Rio-92, vigora desde março de 1994, reconhecendo que o sistema climático
é um recurso compartilhado cuja estabilidade pode ser afetada por atividades humanas – industriais,
agrícolas e o desmatamento – que liberam dióxido de carbono e outros gases que aquecem o planeta
Terra, os gases de efeito estufa.

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC)


Disponível para assinaturas na Rio-92, vigora desde março de 1994, reconhecendo que o sistema climático
é um recurso compartilhado cuja estabilidade pode ser afetada por atividades humanas – industriais,
agrícolas e o desmatamento – que liberam dióxido de carbono e outros gases que aquecem o planeta
Terra, os gases de efeito estufa.

Convenção sobre Combate à Desertificação


Adotada em junho de 1994, fruto de uma solicitação da Rio-92 à Assembléia Geral da ONU, entrou em vigor
em dezembro de 1996.

Quadro 1 – Resumo dos Documentos gerados na Conferência da Rio – 92

Fonte: Radar Rio + 20

2002 - Convenção de Joanesburgo - Rio + 10

No ano de 2002, foi realizado a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, pela ONU
em Johanesburgo, na África do Sul, dez anos após a grande conferência das Nações Unidas
no Rio de Janeiro. Tendo com ponto principal a discussão dos avanços alcançados pela
Agenda 21 e outros acordos feitos em 1992. Um dos pontos mais importantes da conferência
foi à busca por medidas para reduzir à metade o número de pessoas que vivem abaixo da
linha de pobreza, ou seja, pessoas sem acesso ao saneamento e água potável. Outro ponto
foi o aumento da eficiência energética e o uso de energia renovável, ou o aumento ao acesso

08 - Produção Pós-graduação
de serviços de energia moderna. E um terceiro ponto, diz respeito aos produtos químicos, no
qual espera que até 2020 sejam utilizados e produzidos de forma a diminuir os riscos a saúde
e poluição atmosférica (DINIZ, 2002).

Alem disso na Convenção reiterou metas para reduzir a perda de biodiversidade até 2010
e a promoção de parcerias público-privada em questões de conservação ambiental e de
desenvolvimento sustentável. Apesar dessas conquistas, foi considerada a menos produtiva
das reuniões ambientais internacionais, Pois o foco dos debates estava voltado mais na
geopolítica do que nas questões ambientais.

2012 - Rio + 20

Passados 20 anos após a Rio-92, a cidade do Rio de Janeiro abrigou novamente a Conferência
das Nações Unidas, desta vez sobre Desenvolvimento Sustentável. Mais 190 líderes de países
participaram e propuseram mudanças com relação ao modo como estão sendo usados
os recursos naturais do nosso planeta alem do principal tema social que é a erradicação
da pobreza. No documento final da Conferencia foi intitulado “O Futuro que Queremos”
foi reafirmado os compromissos com a erradicação da pobreza, além de promover uma
sociedade justa e igualitária e também renovaram o compromisso com o Desenvolvimento
Sustentável. E a proposta da introdução de uma economia verde foi um novo meio para obter
o Desenvolvimento Sustentável.

Economia verde

A introdução de uma economia verde é uma idéa recente e ganha mais notoriedade a partir
da Conferencia Rio + 20. A PNUMA define a economia verde como a economia que resulta na
igualdade social e no bem-estar da humanidade, contribuindo com uma redução significativa
dos riscos ambientais e escassez ecológica. Ou seja, impulsionados por um investimento
tanto público quanto privado, que direcione os projetos e processos para a redução da
emissão de carbono, eficiência energética, diminuição da perda da biodiversidade. De acordo
com Becker e Romeiro, 2012, a economia verde seria a expressão atribuída a um modelo
econômico que conduz ao desenvolvimento sustentável em função de uma base econômica
no qual preconiza a diminuição dos custos ambientais, levados por um modelo de gestão
ambiental no qual os padrões de produção sejam mais ecoeficientes.

Esse conceito de economia verde, não substitui e nem o torna um sinônimo do conceito de
Desenvolvimento Sustentável, e sim complementos. Para a busca de uma economia verde
deve ser adotado um novo paradigma onde os modelos, políticas, subsídios e incentivos
facilitem as condições específicas, em outras palavras, a implantação de novas tecnologias
limpas na base energética, menor uso dos recursos não renováveis e combustíveis fosseis,
menor utilização dos recursos naturais, ações pontuais que cumpra a transição da economia
“marrom” para a economia verde.

Algumas ações são necessárias para estimular a mudança tecnologia e política, pois por
décadas a economia mundial e o crescimento econômico foram alcançados através do uso

09 - Produção Pós-graduação
desenfreado dos recursos naturais. Essa transição vai ser diferenciada entre as nações, pois
a mudança de economia vai depender do nível de desenvolvimento de cada país e ainda
assim deve ser feito sem prejudicar o meio ambiente e o social do País. Pois a introdução
da economia verde consiste na redução de matéria-prima e do consumo de energia além
da redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), que ainda é movida pela base
energética com combustíveis fosseis.

De acordo com PNUMA, 2011, uma economia verde investe e valoriza o capital natural como
a água, a terra e os minerais além dos serviços ecossistêmicos resultantes, que tornam
possível a vida humana, não só para um progresso econômico sustentável, mas também
para o bem-estar da Humanidade e fonte de novos empregos. Na tabela 1 podemos entender
como os serviços que o meio ambiente contribui na valoração econômica em função de um
ecossistema, de espécies ou genes.

Tabela 1 - Capital natural - Os componentes dos bens e serviços e valores em função da


biodiversidade.

Biodiversidade Bens e serviços do ecossistema Valores econômicos

Regulamentação do uso da água Evita a emissão de GEE através da


Ecossistema
Armazenamento de carbono conservação floresta

Alimento, fibras, combustíveis Contribuição de insetos polinizadores para a


Espécies
Polinização produção agricultura

Descobertas medicinais 25-50% do mercado farmacêutico são


Genes
Resistência às doenças derivados de recursos genéticos

Fonte: PNUMA, 2011.

Em suma, uma economia verde busca alcançar o bem estar de uma nação, modificando sua
matriz energética, mudo de consumo e vida e as demandas em função de uma inovação
tecnológica, propondo o comprometimento de um país com a conservação e recuperação
dos recursos naturais.

Ξ 3 - SUSTENTABILIDADE
Em um sentido lógico, de acordo com Motta, 1998, a sustentabilidade é a capacidade de se
sustentar, de se manter. Podemos dizer que uma atividade sustentável é aquela que pode
ser mantida para sempre, ou seja, a exploração de um recurso natural exercida de forma
sustentável durará para sempre, nunca se esgotará. Esse conceito pode ser atribuído ao
termo sustentabilidade, no qual de forma ecológica mostra a capacidade de reprodução

10 - Produção Pós-graduação
e recuperação dos ecossistemas em detrimento das ações antrópicas e naturais; ou de
forma econômica, trazendo o desenvolvimento no intuito de mudar o padrão de produção e
consumo dos recursos naturais (NASCIMENTO, 2011).

A inserção da sustentabilidade no Meio, ganha expressão política nos processos de


desenvolvimento econômico, em função da grande crise ambiental global. A busca pela
competitividade e o aumento da disputa por mercados, presente nas últimas décadas,
trouxeram inovações tecnológicas, uma nova formação de gestão de pessoas tornando-os
competitivos para agregar valor aos produtos e negócios e, assim, oferecer melhores serviços
aos clientes (DELUIZ, 2001). Essa percepção percorreu um longo caminho até a estruturação
atual, sempre em função de um maior desenvolvimento e consumo, até um momento em que
a humanidade percebe a existência de um risco ambiental global e os pequenos problemas
iniciais não estão restritos a territórios limitados, ou seja, a um fato local.

De acordo com Sachs (2007), o termo sustentabilidade engloba três dimensões (ambiental,
econômica e social). A primeira, ambiental, trás um modelo de produção e consumo que seja
compatível com a base material em que se assenta a economia, como um novo sistema do
meio natural, ou seja, de forma a produzir e consumir e ainda garantir que os ecossistemas
ainda possuem a sua capacidade de regeneração. A segunda, trás a eficiência do consumo e
produção na economia com a utilização dos recursos naturais, preconizando um modelo de
ecoeficiencia. E a terceira, a social, preconiza uma sociedade sustentável onde todos tenham
o mínimo necessário para uma vida digna. Assim, atribuindo essas três dimensões no meio
ambiente pode ser atendido o modelo de sustentabilidade desenvolvido.

Muito se fala da relevância e importância da introdução da sustentabilidade nas populações, e


ainda assim, nos perguntamos o porquê da sua importância. Uma percepção clara nos mostra
que, se pensarmos que fazemos parte do meio, estamos ameaçados com espécie. Segundo
Brown, 2003, informações cotidianas no qual mostra com evidencias o desaparecimento
das zonas de pesca, a redução das florestas, a erosão do solo e o desaparecimento de
espécies em função de um conflito dos sistemas naturais do planeta resumo, a continuação
do modelo de produção e consumo que vivemos que degradará não somente a natureza,
mas também, as condições de vida dos humanos cada vez mais.

Ξ 4 - TECNOLOGIAS LIMPAS
O desafio da sustentabilidade é a introdução de novas tecnologias e que essas sejam cada
vez mais limpas, que tenha um impacto nulo ou quase zero. Como foi dito anteriormente, a
evolução tecnológica trouxe diversos impactos, tanto positivos quanto negativos, tanto sociais
quanto ambientais e para que essa situação fosse arrumada, temas ambientais e sociais nas
políticas e ações pelos esforços governamentais foram criados. Inicialmente a demanda pelo
produto era relacionada diretamente ao consumo, assim como o esforço empresarial atendia
diretamente ao consumidor. Hoje em função das políticas públicas ambientais e do cenário

11 - Produção Pós-graduação
que nosso planeta vem passando, a demanda do produto procura por uma conscientização
do consumidor, assim como o esforço empresarial busca tecnologias limpas.

Uma empresa que se compromete com as ações ambientais ao implantar o Sistema de


Gestão Ambiental (SGA), de acordo com as premissas das certificações, busca a redução
de impactos ambientais e incorpora nos seus processos o sistema de melhoria a continua.
Sejam eles os aspectos ambientais causados pelos processos industriais no qual irá gerar
impactos, sejam eles as pressões sociais no qual irá atingir a melhoria continua em um
menor tempo. Em função dessa ação, duas formas podem acelerar a melhoria contínua em
uma empresa: as mudanças tecnológicas, que reduz custos e os processos ambientalmente
sustentáveis (KIPERSTOK, 1999).

A introdução da tecnologia limpa baseia desde a extração da matéria prima buscando baixo
impacto ambiental e segurança do meio ambiente; passando pelo transporte onde pressupõe
uma geração de resíduos de baixo impacto e eficiência energética; o processamento da
matéria prima onde os processos e os produtos também tenham uma geração de resíduos
de baixo impacto e eficiência energética; e os produtos com modularidade e durabilidade
buscando sempre a eficiência energética.

O conceito de tecnologia limpa foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, sendo introduzido com uma verdadeira abordagem para garantir a conservação
dos recursos naturais. A proposta da PNUMA era fomentar a manufatura de produtos e o uso
contínuo de processos industriais que aumentassem a eficiência assim prevenindo os riscos
de poluição do ar, solo e água, surgiram assim Modelo de Gestão Ambiental e Ferramentas
da Gestão Ambiental que proporcionam a introdução da tecnologia limpa.

Diante da necessidade de redução de custos e adequação de produtos e processos de


produção e de uma modernização no sistema de gestão das indústrias e que ainda contribua
para um desenvolvimento sustentável, busca-se implantação dos Sistemas de Gestão
Ambiental. A ISO 1400:2004 é um dos modelos de gestão ambiental mais adotado no mundo
que podem ser definidos como ferramentas de identificação de problemas e soluções
ambientais baseadas no conceito de melhoria contínua. Em um processo de certificação em
forma de requisitos que exige uma serie de procedimentos alem de exigir que a legislação
ambiental seja cumprida. De acordo com Valle (2002), é a uniformização dos procedimentos
necessários para uma organização certificar-se ambientalmente e suas rotinas cumprindo
assim um roteiro padrão de exigências válido internacionalmente.

Outra ferramenta bastante utilizada na Gestão Ambiental de uma indústria, na qual busca a
inserção de tecnologias mais limpas e de baixo custo e a Produção Mais Limpa (P+L). A P+L
foi iniciada no Brasil no Centro Nacional de Tecnologia Limpas, com a finalidade de implantar
uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos,
para minimizar os resíduos e aumentar a eficiência no uso de matérias-primas como água
e energia trazendo assim benefícios ambientais e econômicos (FERNANDES et. al., 2001).

12 - Produção Pós-graduação
A P+L trás quatro atitudes básicas. A primeira é a busca pela não geração de resíduos,
através da racionalização das técnicas de produção. A segunda atitude proposta pela P+L
é a minimização da geração dos resíduos. A terceira é reaproveitamento dos resíduos no
próprio processo de produção e quarta alternativa para a P+L é a reciclagem. Como essas
atitudes básicas dentro do processo industrial é possível caminhar para um desenvolvimento
sustentável.

Alem dessas, temos a Avaliação do Ciclo de Vida do produto (ACV) que é uma ferramenta
para o acompanhamento dos ciclos de produção e identificação de alternativas de interação
entre processos com a finalidade de identificar melhoria dos aspectos ambientais. Definida
como um estudo da vida completa do produto ou atividade, desde a extração, fabricação,
o transporte e a distribuição alem do estudo do seu uso, reutilização passando pela
manutenção, reciclagem e por fim a disposição final com o intuito de avaliar o impacto
ambiental ao longo da escala. Por isso esse conceito é conhecido pela expressão do berço
ao túmulo, o berço sendo o meio ambiente, onde são extraídos os recursos naturais e o
túmulo também meio ambiente enquanto destino final dos resíduos e consumo. Segundo
Chehebe (2002), o enfoque gerencial da ACV dos produtos trás uma tentativa de integração
da Qualidade Tecnológica do produto, da Qualidade Ambiental e agregando valor para o
consumidor e para a sociedade.

A ecoeficiencia e mais uma forma de gestão ambiental dentro das organizações buscando
uma tecnologia mais limpa no processamento de produtos e serviços. O termo surgiu
em 1996 no Conselho Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, de forma a produzir
produtos e serviços com menor consumo de recursos naturais e menor geração de poluentes,
satisfazendo as necessidades humanas, mantendo a qualidade de vida e impactando
menos o meio. De acordo com Almeida (2002), a ecoeficiencia tem como objetivo estimular
empresas na sua totalidade a se transformarem e ganharem novas relações com meio
ambiente, mantendo a sustentabilidade entre o desempenho econômico e ambiental, ou
seja, maximizando o valor agregado e minimizando os impactos ambientais.

Ξ 5 - ENERGIA E O MEIO AMBIENTE


Impulsionado pelo cenário internacional pela escassez do petróleo e também pela mudança
do clima onde atribui da queima de combustível fóssil, surgem pesquisas voltados para
o desenvolvimento de alternativas na produção de energia a partir de matéria orgânica
animal e/ou vegetal, a partir da força dos ventos, da captação da luz e a partir de pequenas
centrais hidroelétricas. Surgem assim às energias alternativas. A introdução dessas energias
alternativas chega em virtude desse esgotamento da energia mais utilizada no planeta – o
petróleo e também pela grande preocupação global das emissões do dióxido de carbono.
De acordo com Rogner et al., 2007, a maior parte das emissões decorre da utilização de
combustível fóssil .

13 - Produção Pós-graduação
A maioria das fontes de energia (solar, eólica, hidrelétrica, combustíveis fosseis e biomassa)
pode ser considerada como aproveitamento direto ou indireto da energia solar com exceção
da energia nuclear, geotérmica e das marés. A energia nuclear e a energia dos combustíveis
fósseis são consideradas não renováveis, pois os processos de sua utilização são irreversíveis
e geram resíduos prejudiciais ao meio ambiente. As energias renováveis são provenientes de
ciclos naturais sendo inesgotável e não interfere no balanço térmico do planeta assim as
demais energias são renováveis, pois não produzem resíduos e não consomem combustíveis.

Dentre as principais fontes de energias renováveis no mundo temos a Energia solar, ela
incide sob a Terra e pode ser utilizada diretamente para aquecimento de ambientes e água e
para produção de eletricidade, o melhor aproveitamento da energia solar pode ser feito com
auxilio de tecnologias mais sofisticadas como conversão fotovoltaica, a conversão térmica
e a arquitetura bioclimática. Os sistemas fotovoltaicos transformam, diretamente, a energia
solar em energia elétrica. No sistema de aquecimento solar, o coletor transforma a radiação
solar em calor e a arquitetura bioclimática auxilia no conforto térmico, uso de luz natural para
uma menor demanda de energia elétrica. Os impactos ambientais inerentes a esse processo
de obtenção de energia são quase nulos, sendo mais provocado durante a fabricação de
seus materiais e construção das fazendas solares.

Outra fonte de energia renovável e a Energia Hídrica, e através da energia cinética das massas
das águas dos rios que fluem de elevações mais altas para mais baixas, ou seja, a energia
potencial da água é transformada em energia cinética que na turbina é convertida para
energia mecânica, por sua vez transformada em energia elétrica no gerador. A quantidade de
energia produzida vai depender da vazão e da queda da água. De acordo com Leite (2005),
a implantação de hidrelétricas pode gerar impactos ambientais no clima, assoreamento, na
flora, fauna e alteração da paisagem. Em decorrência desses impactos, foram criadas as
Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs) ou mini – hídricas, que gera um menor impacto
ambiental e são facilmente introduzidas no meio urbano.

A energia eólica é uma alternativa energética sustentável, é uma fonte renovável não polui
durante sua operação, logo a utilização dessa fonte reduz a emissão de gases do efeito estufa.
Porem os impactos ambientais gerados pela energia eólica está relacionado principalmente
a geração de ruídos, ao impacto visual e ao impacto sobre a fauna. Esse tipo de energia
dispõe de uma tecnologia comercial amadurecida proveniente da energia cinética do ar em
movimento (o vento), captada por turbinas, cujo rotor está ligado a um gerador elétrico, seja
diretamente ou por intermédio de caixas de engrenagens. Podendo ser instalados em terra
ou em mar dando origem as fazendas eólicas.

A energia proveniente da Biomassa é tão antiga quanto à própria civilização, a primeira fonte
de energia da humanidade era a lenha. A biomassa é a energia química produzida pelas
plantas na forma de carboidrato através do processo fotossintético. Plantas, animais e seus
derivados são biomassa. A utilização como biocombustível pode ser feita de forma bruta –
queima direta – ou através de seus derivados, como o biodiesel e etanol. Muitos impactos

14 - Produção Pós-graduação
podem ser provocados para a obtenção da biomassa, pois necessita de grandes áreas para
plantações. Em função disso, a desflorestação e a destruição de habitats naturais, têm de ser
considerada e realizada com muito cuidado.

A energia das marés também conhecida como energia maremotriz, é uma forma de
geração de eletricidade obtida a partir das alterações de nível das marés altas e baixas. É
necessário o represamento da água de forma semelhante à de uma hidroelétrica. A geração
de energia pode ser obtida ao subir ou baixar a maré ou das duas formas. É uma energia
limpa e renovável que contribui para a redução das emissões dos gases de efeito de estufa,
porém requer elevado capital de investimento, em função da sua complexidade e também
demanda de bastante tempo para finalização do projeto. Os impactos ambientais não estão
restritos na obtenção da energia a partir das marés apesar de serem bem inferiores às
outras energias, mas estão relacionados à fauna e a flora destruindo habitats naturais e
impossibilita a navegação na área.

Outra maneira de obtenção de energia de forma limpa, que cause menos impacto ambiental
e através da energia geotérmica. É uma energia originada do calor proveniente do interior
da Terra, que é dissipado para o exterior através de falhas, choques de placas e aquiíferos
podendo de ficar retido em rochas magmáticas ou em gases entre rochas. É uma fonte de
energia que propõe como solução para alguns problemas atuais de escassez e do meio
ambiente podendo ser utilizada na geração de eletricidade ou uso direto de aquecimento.
Porém a maioria das fontes possui gases sulfurosos com odor desagradável e corrosivo
podendo gerar danos a saúde humana, alem da possibilidade da contaminação do lençol
freático no seu processo de exploração.

Os impactos ambientais a partir da obtenção de energia seja ela renovável ou não existem.
Mesmo não sendo uma energia renovável, mas é base da nossa matriz energética, as
termoelétricas produzem energia a partir da queima em caldeira de carvão, óleo combustível
ou gás natural, e essa queima libera gás carbônico e óxidos de nitrogênio e de enxofre,
poluentes tóxicos que aumentam o efeito estufa e favorecem chuvas ácidas, que alteram o
clima mundial e causam danos à saúde (GOLDEMBERG, 2003).

Porém qualquer forma de obtenção de energia gera impacto ambiental e isso vem sendo
discutido mundialmente. O planejamento integrado de Recursos Energéticos se insere neste
contexto para mitigar os impactos ambientais gerados pela obtenção de energia no qual
interferem enormemente no desenvolvimento sustentável. Renovável ou não, possui pontos
positivos e negativos no qual deve ser atribuído um bom planejamento que possa mitigar
esses impactos.O Brasil possui uma boa

Ξ 6 - INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
A necessidade de se consolidar indicadores de desenvolvimento sustentável está expressa na
própria Agenda 21. Os indicadores são parâmetros selecionados e considerados isoladamente

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ou combinados entre si, sendo especialmente úteis para refletir sobre determinadas
condições dos sistemas em análise. Os indicadores podem comunicar ou informar sobre o
progresso em direção a uma determinada meta. As empresas buscam uma economia com
o desenvolvimento sustentável, para tanto é preciso eliminar qualquer aspecto ambiental
que interfira no desenvolvimento das futuras gerações, sem afetar a parte econômica com a
ambiental e social, Figueiredo, 1996.

Os indicadores ambientais são processos que refletem uma relação significativa entre alguns
aspectos do desenvolvimento econômico e social e relação um fator ou processo ambiental.
Ou seja, quando demonstramos a capacidade de redução do volume, em peso, do lixo
urbano, que a triagem e compostagem podem proporcionar, estamos diretamente ligados
ao desenvolvimento econômico com uma menor geração de resíduo e ao desenvolvimento
social pela implantação do trabalho. Logo um fator ambiental levou a mudança dos aspectos
econômicos e sociais.

Os indicadores ambientais têm como objetivo melhorar a comunicação da sociedade


na necessidade de uma política ambiental além de avaliar condições e tendências com o
componente ambiental, social e econômico; comparar situações entre instituições até uma
nova forma de planejamento ambiental. Além do acompanhamento da gestão ambiental
brasileira, pois tendo em vista que esses indicadores possibilitam avaliar a situação ambiental
e assim proporcionar o melhor encaminhamento das tomadas de decisões e o fomento de
políticas de gestão ambiental em diferentes níveis.

O Painel Nacional de Indicadores Ambientais (PNIA) define que um indicador ambiental nada
mais é que uma variável qualitativa e quantitativa de informações pontuais com a capacidade
de facilitar a compreensão de fenômenos, eventos e percepções. Para tanto, atribui-se
a três funções: a função cientifica que avalia o estado do meio ambiente; a função social
que incentiva a responsabilidade ambiental; e a função política que contribui para avaliar e
identificar as prioridades nas políticas públicas ambientais.

Existem critérios inerentes ao processo da escolha de indicadores de ambientais. A


confiabilidade na qual existe uma validade científica e consistência teórica; a praticidade
que busca a melhor relação custo/benefício; e a Utilidade sendo pouco complexa e de fácil
domínio público. Para isso, empregam-se modelos de indicadores ambientais. O modelo
PER (Pressão – Estado – Resposta) desenvolvido pela Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2008) e divulgado pela ONU, é o método adotado
pelo Brasil e teve como principal objetivo facilitar a variável ambiental na política economia
dos países.

De acordo com a Figura 2, esse modelo permite categorizar os indicadores ambientais,


sociais e econômicos em função da casualidade. Assim classificam-se os Indicadores de

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pressão no qual avaliam a pressão exercida por atividades humanas no meio ambiente (ex:
emissões de CO2 e material particulado no ar; os Indicadores de estado que oferecem uma
descrição da situação ambiental (ex: concentração de mercúrio em um corpo hídrico); e os
Indicadores de resposta que avaliam as ações para resolver um problema ambiental (ex:
financiamentos para a remediação de uma área contaminada).

Figura 2: Estrutura conceitual do modelo PER

Assim, fica entendido que as atividades humanas que estão diretamente ligadas ao padrão
de consumo e produção mostram a intensidade do uso dos recursos naturais, gerando direta
ou indiretamente problemas ecológicos que vão causar pressões sobre o meio ambiente e
os recursos naturais, percebendo assim um impacto ambiental no qual mais tarde deverá
receber compensações para recuperação desse meio.

Ξ 7 - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO X DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

De acordo com Tenório, 2004, o Crescimento econômico não leva a igualdade social e sim
ao acumulo de riquezas. Já o Desenvolvimento econômico tem como objetivo além da
geração de riqueza, a melhoria da qualidade de vida de toda uma população levando também
á qualidade ambiental do planeta. Essa busca pelo equilíbrio entre a tecnologia e o meio
ambiente, estabelece a obtenção do desenvolvimento econômico por meio da preservação
ambiental e social assumindo assim o desenvolvimento sustentável.

O modelo econômico sustentável entende que o sistema econômico depende do ecossistema


seja para obtenção dos recursos naturais, seja para deposito de resíduos. Assim podemos

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perceber que sistema econômico criado pelo ser humano não é mais compatível com o
sistema ecológico que a natureza oferece. Em detrimento dessa ação, surgem maneiras de
avaliar economicamente o meio ambiente, o que ele oferece em forma de recursos, e quanto
de prejuízo é feito. Surge então a valoração ambiental.

A valoração é essencial para a busca do desenvolvimento sustentável, o consumo dos


recursos naturais e a degradação ambiental são adicionados ao valor econômico de uma
empresa ou produto, Embora o uso de muitos recursos ambientais não tenha seu preço
reconhecido no mercado, o valor econômico existe de acordo com o uso e a alteração do
nível de produção e consumo para a sociedade.

Existe uma grande discussão a respeito de valorar serviços e bens ambientais, pois esses
são inalterados, como a vida, paisagens, relações ecológicas. Todos os dias valoraram bens
e serviços, na construção de casas, estradas, hospitais que indiretamente está valorando a
vida humana e o meio ambiente.

Existem diferentes métodos de valoração ambiental e todos tem por objetivo parcelar o
valor econômico do recurso ambiental. Cada método apresenta suas limitações e estará
sempre associada à metodologia usada, a necessidade de dados e informações referentes
às hipóteses sobre comportamento dos indivíduos e da sociedade no meio ambiente
(AMAZONAS, 2001)

Ξ 8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca pelo desenvolvimento sustentável requer o equilíbrio entre o desenvolvimento
econômico e a preservação dos recursos naturais preconizando a utilização desses recursos
com parcimônia, pois a falta de um ambiente saudável, com impactos ambientais negativos
onde não exista uma harmonia entre homem e natureza, entre desenvolvimento econômico
e meio ambiente, não proporciona a qualidade de vida no presente e ainda compromete as
futuras gerações (VEIGA, 2005).

A necessidade de políticas públicas que contemplam a sustentabilidade com vista à


melhoria do quadro socioambiental atrelada as variáveis condições ambientais, que
introduza diferentes formas de obtenção de energia, que assegure a biodiversidade tanto
em nível de flora, quanto em nível de fauna, propondo um novo modelo de consumo pautado
na sustentabilidade com educação ambiental, e economia dos recursos naturais pelo forte
consumismo que ainda se estabelece.

Alternativas de desenvolvimento que propõe ações no sentido da manutenção dos


ecossistemas, preservação de espécies, conservação e preservação de áreas e iniciativas
no sentido de mitigar impactos ambientais, alem da implantação de programas como o de
mudanças de matrizes energéticas, é fundamental para que viabilize as medidas e projetos
sustentáveis para que esses projetos sejam economicamente viáveis já que são fundamentais
para o homem.

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Ξ 9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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20 - Produção Pós-graduação

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