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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - UFAL

CAMPUS A. C. SIMÕES
CENTRO DE TECNOLOGIA - CTEC
ENGENHARIA CIVIL

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO MACEIÓ MAR ALL


INCLUSIVE RESORT

Dezembro de 2021
Maceió - AL
Alexia Ferreira Moraes
Isabela Dantas de Souza
Matthias Schmidt

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO MACEIÓ MAR ALL


INCLUSIVE RESORT

Trabalho referente à matéria de Controle


Ambiental, do curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Alagoas, solicitado
pela Profa. Dra. Nélia Callado, para fins
avaliativos.

Dezembro de 2021
Maceió - AL

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SUMÁRIO

1 Introdução 4
2 Síntese dos Objetivos do Empreendimento e sua justificativa em termos de
Importância no contexto social da região e do Município 4
3 Situação e Localização 5
4 Descrição do Empreendimento 6
3.1 Aspectos da construção 8
3.2 Áreas construídas e projeção 10
4 Destinação do esgoto sanitário do empreendimento 11
5 Caracterização dos ambientes naturais e antrópicos na área de influência direta do
empreendimento 12
6 Diagnóstico Ambiental 12
6.1 Meio Físico 13
6.1.1 Pressão Atmosférica 13
6.1.2 Precipitação pluviométrica e temperatura média 14
6.1.3 Dinâmica costeira 14
6.1.4 Marés 15
6.1.5 Corpos d’água 15
6.1.5 Clima 16
6.1.6 Correntes atmosféricas 16
6.1.7 Caracterização Hidrográfica 16
6.2 Meio biológico 17
6.2.1 Áreas de preservação permanente 18
6.3 Meio socioeconômico 20
REFERÊNCIAS 23

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1 Introdução

O presente Estudo Ambiental trata da apresentação de um Relatório de Avaliação


Ambiental (RAA) voltado ao licenciamento Ambiental da implementação do Ipioca Beach,
que engloba os seguintes empreendimentos: o apart-hotel denominado Ipioca Beach
Residence (IBR), o residencial Ipioca Beach Life (IBL) e, por fim, o Maceió Mar All
Inclusive Resort. O foco deste relatório será o resort. O presente volume de estudos
compreende uma avaliação de impactos com proposição de medidas mitigadoras que
circunscrevem e a intervenção pretendida, buscando a compreensão da implantação e da
operação do referido empreendimento. De forma complementar, aponta e descreve seus
programas de monitoramento. Tudo em função de uma análise matricial de valoração de
impactos.

2 Síntese dos Objetivos do Empreendimento e sua justificativa em termos de


Importância no contexto social da região e do Município

A implantação de um empreendimento voltado para o setor de hotelaria. Um Resort


que deverá ser implantado na praia de Ipioca, localizado na cidade de Maceió. A implantação
antecedeu uma série de estudos e avaliações capazes de definir medidas e ou ações que
impulsionassem a economia da região norte de Maceió.

Trata-se de um empreendimento de relevante significado para a Região Nordeste e


particularmente, para o Município de Maceió no Estado de Alagoas, uma vez que irá trazer
dentre outros aspectos inerentes à atividade de hotelaria, pode-se destacar os benefícios
econômicos e sociais extremamente importantes a essa região quais sejam:

a) Criação de 600 - 800 novos empregos diretos e inúmeros empregos indiretos;

b) Utilização de mão de obra regional;

c) Elevação do padrão técnico da mão-de-obra;

d) Ampliação do intercâmbio turístico do Nordeste com outras regiões e com o


exterior;

e) Ampliação e diversificação do turismo no Estado de Alagoas;

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f) Ampliação da capacidade de competição turística nos mercados nacional e
internacional;

g) Instalação de uma unidade de treinamentos em Hotelaria para a comunidade local.

Além das vantagens que a região apresenta para o turismo e lazer, o Governo do
Estado, através de suas empresas autárquicas e secretarias, em especial a de turismo, vêm ao
longo desses últimos anos, estimulando o desenvolvimento do turismo através de ações e
publicações nas quais reforçam a idéia de que o Estado possui um forte potencial turístico.

3 Situação e Localização

Figura 1 - Localização do empreendimento


Fonte: Maceió Mar Empreendimentos, 2020

O terreno fica localizado em Ipioca, na cidade de Maceió, na Av. Gunther Frans Olveira, S/N
- Ipioca, Maceió - AL, 57039-700, também conhecida como rodovia AL-101. Conforme
Figura 2, o empreendimento possui duas áreas de preservação permanente.

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Figura 2: Locação e delimitação das áreas de preservação permanente

Fonte: Maceió Mar Empreendimentos, 2020

O ambiente se distribui desde a AL-101 Norte até a praia ipioca, numa faixa de 1.112
metros de extensão por 148 metros de largura, o trecho mais próximo tem características de
ambiente antropizado com espécies frutíferas, como cajus, jaqueira, mangueira entre outros.
No segundo trecho, há um ambiente com ausência de componentes arbóreos e no último
trecho, com 6,35 hectares, próximo à praia, há presença majoritária de coqueiros. Nas duas
áreas de preservação, 100% das árvores nativas encontradas não podem ser cortadas, o que
necessitou de um reajuste urbanístico do ambiente. Nessas áreas de preservação serão feitas
trilhas para que os hóspedes possam aproveitar a natureza.

4 Descrição do Empreendimento

O Maceió Mar All Inclusive Resort está localizado próximo à praia, conforme
destacado em vermelho no masterplan abaixo (Figura 3). Em azul, foi destacado o Ipioca
Beach Life, e em laranja, o Ipioca Beach Residence. Não será edificado nada nas áreas de
preservação ambiental.

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Figura 3: Masterplan

Fonte: Maceió Mar Empreendimentos, 2021

O terreno está inserido no bioma da mata atlântica, na bacia hidrográfica do rio da


Sapucaia, e não afeta o corpo d'água, e está localizado na zona urbana. O resort tem previsão
de entrega em 2024, será edificada numa área com 37.263,43m2 e estão previstos 277
quartos. Na Figura 4, há a locação e situação dos ambientes do resort, como Espaço Kids,
Restaurante, SPA, bistrô fit, bar da piscina e as piscinas.

Figura 4: Locação e Situação do Resort

Fonte: Maceió Mar Empreendimentos, 2021

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3.1 Aspectos da construção

A edificação foi dividida em 4 (quatro) blocos, sendo eles a recepção, em seguida o


R1, R2 e R3. Os blocos R1 e R2 estão em etapa de fundação, enquanto que os blocos R2 e R3
estão em estágio mais avançado, com a sua estrutura finalizada, conforme pode-se observar
nas Figuras 5, 6 e 7.

Figura 5: Bloco R1 e piscina

Fonte: Autores (2021)

Figura 6: Bloco R2

Fonte: Autores (2021)

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Figura 7: Bloco R3 e Recepção, com o IBR ao fundo.

Fonte: Autores (2021)

O Maceió Mar All Inclusive Resort está localizado no ambiente descrito


anteriormente como coqueiral, na Foto 8 está apresentado o terreno vizinho com uma
predominância de coqueiros. Na Figura 9 está a renderização do projeto do resort.

Figura 8: Terreno vizinho ao resort.

Fonte: Autores (2021)

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Figura 9: Renderização do Resort

Fonte: Autores (2021)

Percorrendo todos os empreendimentos, tem o boulevard (Figura 10), onde há


diversas lojas, quiosques, jardineiras, restaurantes e uma piscina próximo a praia, com o
intuito de conectar os empreendimentos e permitir o acesso ao público externo. O projeto do
Boulevard, também denominado Ipioca Beach Clube, busca manter o máximo dos coqueiros
ao longo da sua extensão.

Figura 10: Ipioca Beach Clube, também conhecido como Boulevard

Fonte: Autores (2021)

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3.2 Áreas construídas e projeção

Área do terreno desmembrado, referente ao resort: 25.024,50m²


Restaurante: 297,94 m²
SPA: 232,19 m²
Piscina: 1384,56 m²
Espaço Kids 423,66 m²
Bar da Piscina: 187,45 m²
Prédio: Subsolo: 1531,76 m²
Térreo: 5315,30 m²
1º pavimento: 5125,44 m²
2º pavimento: 4084,64 m²
3º pavimento: 4157,62 m²

4 Destinação do esgoto sanitário do empreendimento

O empreendimento em questão projetado à margem da Rodovia AL-101 Norte, não


dispõe de rede pública coletora de esgotos, sendo necessária neste caso a implantação de um
sistema independente de esgotamento sanitário, incluindo tratamento, reuso e destinação dos
efluentes tratados.

Atualmente a Prefeitura Municipal de Maceió está executando o sistema de


esgotamento sanitário do Litoral Norte o que permitirá o atendimento futuro ao referido
empreendimento hoteleiro e residencial.

O Projeto a ser implantado contará com um sistema de tratamento utilizando


Digestores Anaeróbios de Fluxo Ascendente (UASB) associados a leitos percolantes
hidropônicos do tipo “wetland” seguidos de desinfecção, solucionará a questão,
proporcionando as seguintes vantagens: Produção de um efluente tratado aceitável pela
legislação vigente, a baixo custo de investimento.

O UASB tem custo cerca de duas vezes inferior a alternativas mecanizadas,


apresentando remoção de DBO – demanda bioquímica de oxigênio, em torno de 80%. O
conjunto UASB - leito percolante proporcionará uma eficiência de remoção da carga orgânica
medida como DBO, acima de 90%. A não existência de peças móveis ou consumo energia
fará como o sistema requeira pouquíssima manutenção, e dispense equipe de operação.

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O primeiro estágio do sistema será fechado, semi enterrado, não exalando odores
desagradáveis e ocupará área moderada, não concorrendo com as instalações de hospedagem
do Resort. Os leitos percolantes não apresentarão superfícies de água livres, evitando assim o
desenvolvimento de insetos vetores de incômodos e doenças. A baixa concentração de
sólidos em suspensão, colóides e coliformes torna o efluente tratado adequado para utilização
em irrigação de áreas verdes.

Como equacionamento foi previsto, portanto, um sistema de tratamento garantindo:


remoção de 90% dos sólidos em suspensão, remoção acima de 90% do material orgânico
biodegradável, 99,99% de coliformes fecais e 100% de ovos de helmintos ambos presentes
no esgoto sanitário garantindo no efluente tratado a qualidade e segurança sanitária necessária
para reuso em irrigação, ou disposição em águas de superfície.

5 Caracterização dos ambientes naturais e antrópicos na área de influência


direta do empreendimento

A área de influência direta é aquela onde os efeitos mais significativos, relativos ao


uso e ocupação de um ambiente, são sentidos com maior relevância.

Dependendo do tipo de empreendimento, essa área de influência poderá ter


proporções específicas, podendo ter alguns metros em seu entorno, ou até milhares de
quilômetros, caso sua significante capacidade de ocasionar distúrbios ou oferece ganhos
ambientais assim o permitam. No caso da gleba pertencente ao Maceió Mar All Inclusive
Resort, optou-se em descrever os ambientes existentes, englobando todo sítio de cocos e as
áreas ocupadas com espécies nativas e exóticas, em áreas denominadas por formações
pioneiras, denominadas como restingas.

6 Diagnóstico Ambiental

A caracterização do meio ambiente, ou diagnóstico ambiental, torna-se de extrema


importância no sentido de desenvolver a compreensão da fragilidade do meio natural, definir
medidas disciplinadoras da intervenção bem como procedimentos mitigatórios dos impactos.
Dessa forma, o presente Diagnóstico Ambiental tem por objetivo apontar os fatores

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determinantes de ambiência na área do empreendimento e no entorno da mesma, bem como
embasar as recomendações de controle ambiental.

6.1 Meio Físico

A área em estudo enquadra-se na região litorânea, denominada planície arenosa


costeira, onde prevalecem ambientes dinâmicos e frágeis, ocupados por formações pioneiras,
manguezais, brejos e restingas.

Tratando-se de um ambiente sob alta ocupação em todo litoral alagoano, em que se


observa um franco processo de redução das restingas, formações edáficas de praia,
manguezais, brejos e demais ambientes costeiros, o que resulta numa redução da cobertura
vegetal natural de habitats para fauna, degradação da paisagem e, consequentemente, na
qualidade ambiental regional. Os ambientes costeiros são áreas ou zonas de constante
instabilidade e grande valência ecológica, o que atrai comunidades humanas desde os
primórdios da colonização, o que explica a constante degradação destes ambientes.

As restinga, estuários, praias e recifes constituem ambientes de transição entre o


continente e o oceano, sendo afetadas por processos continentais e marinhos. Todo o litoral
brasilieiro é ocupado por ecossistemas de restingas e dunas de areia, onde apresentam
problemas de intenso antropismo.

A restinga trata-se de uma formação natural onde os processos dinâmicos de


deposição marinha, ventos e outros fatores físicos modelam o relevo e a paisagem, sobre a
feição física.

Conforme Rizzini (1979) a restinga designa também a paisagem formada pelo areal
justamarino com sua vegetação característica. Portanto, o ambiente da restinga não se resume
a um ou outro campo, e sim a um conjunto, onde a vegetação e o meio físico (sedimentos,
ventos, insolação, água doce e salgada, chuvas...), formam um intrincado ecossistema
costeiro, cada vez mais ameaçado em todo Brasil.

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6.1.1 Pressão Atmosférica

A pressão atmosférica é a pressão exercida pela camada de moléculas de ar sobre a


superfície. A pressão é a força exercida por unidade de área, neste caso, expressa a força
exercida pelo ar em um determinado ponto da superfície. O empreendimento está no nível do
mar, a pressão atmosférica é aproximadamente igual a 1 atm.

6.1.2 Precipitação pluviométrica e temperatura média

A tabela abaixo demonstra o comportamento da precipitação e temperatura, na região,


baseando-se nos dados coletados pelo CLIMATE-DATE. A precipitação e a temperatura
desta região merecem destaque devido a sua grande interferência no clima.

Tabela 1: Dados climatológicos para Maceió

Fonte: CLIMATE-DATE, 2021

Analisando-se os dados de temperatura da região de Ipioca, observa-se que a média


dos dados desses postos apontam para uma amplitude térmica anual de 7o C. A menor e a
maior temperatura máxima mensal foram verificadas nos meses de agosto, com 25,4ºC, e
fevereiro com 28,8º C, aproximadamente. As temperaturas mínimas mensais do período
apresentaram uma variação entre 23,5º C em agosto e 26,3ºC em fevereiro,
aproximadamente. Entre as temperaturas máximas mensais, o menor valor (21,9ºC) ocorreu
no mês de agosto e a maior temperatura média (24,4ºC) em março.

Referente a chuva, a maior precipitação ocorreu no mês de junho, e o período chuvoso


foi entre abril e agosto.

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6.1.3 Dinâmica costeira

A dinâmica costeira é a principal responsável pelos processos de erosão e/ou


deposição que mantêm as áreas litorâneas em constante transformação. Esses processos
sedimentares são produto de fatores oceanográficos / hidrológicos,
meteorológicos/climáticos, geológicos e antrópicos (SOUZA, 1997).

Os fatores oceanográficos/hidrológicos envolvem a ação de ondas, marés e ventos, e


as correntes geradas por cada um desses agentes. Os fatores climáticos/meteorológicos têm
maior influência nas variações do nível do mar (diárias, sazonais e de longo período) e na
atuação dos ventos agindo no comportamento do clima de ondas e, consequentemente,
interferindo nas características das correntes costeiras.

Dentre os diversos fatores geológicos atuantes no litoral, os de maior importância para


as praias arenosas são os processos sedimentares responsáveis pelos ganhos (deposição) e
perdas (erosão) de areia, que determinam o seu balanço sedimentar. Os fatores antrópicos
compreendem as interferências do homem nos ecossistemas costeiros, modificando os demais
fatores.

6.1.4 Marés

O regime de marés é outro fator determinante na geomorfologia de áreas costeiras,


além de contribuir no retrabalho dos sedimentos da porção rasa da plataforma continental
(HAYES, 1979).

À medida que a Terra rotaciona as águas oceânicas sobem e descem duas vezes ao dia
na maior parte das costas ocorrendo a deposição de pares de lâminas alternadas de areia e
pelitos (silte e argila), geralmente associadas às ondulações de corrente de pequena (micro
ondulações) até grande escalas (mega ondulações), a depender dos diferentes regimes de
marés.

As marés do litoral de Maceió são semidiurnas, com dois picos de marés altas e
baixas em um período de 24 horas e 50 minutos, e com amplitude entre 2 e 4m (regime de
mesomarés). A máxima amplitude das marés ocorre nos equinócios de março e setembro.

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6.1.5 Corpos d’água

Perto do empreendimento há dois corpo d’água, o primeiro é o mar, na praia, e o


segundo está localizado a aproximadamente 500 metros de distância do empreendimento, no
sentido sul, em relação a rodovia AL-101. Este corpo d’água passa po uma parte da região
urbana do bairro (Figura 11).

Figura 11: Corpo d’água próximo ao empreendimento

Fonte: Google Earth (2021)

6.1.5 Clima

Os parâmetros climatológicos, bem como os valores obtidos permitem caracterizar o


clima da área em estudo. A classificação climática de Köppen estabelece cinco zonas
diferentes de clima na Terra, baseando a classificação no padrão da vegetação e nos valores
de temperatura e precipitação. O clima é definido pela classificação de KÖPPEN do tipo As’,
de acordo com o estudo SEMA/SUDENE/Governo de Alagoas (1979).

6.1.6 Correntes atmosféricas

Os ventos na área são predominantemente de nordeste e, segundamente, ventos de


sudeste. Sua velocidade média é entre 5 a 10 km/h (cinco a dez quilômetros por hora) e,
excepcionalmente, em momentos críticos, chegam a atingir 30km/h (trinta quilômetros por
hora).

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6.1.7 Caracterização Hidrográfica

Na Figura 12 estão as divisões das bacias hidrográficas da cidade de Maceió, e por


meio dela, pode-se identificar que o empreendimento se localiza na bacia do Rio Sapucaia.
Verifica-se localmente, na foz dos rios, uma forte dinâmica hídrica com marcante presença de
carga sólida (sedimentos). O fato impõe e impõe mudanças significativas na paisagem
continental local. Para traduzir os fenômenos ali presentes, observa-se que o rio possui
múltiplas respostas, com escalas de ajustes temporais variáveis.

Figura 12: Divisões das bacias hidrográficas da cidade de Maceió

Fonte: SEMARH, 2008

6.2 Meio biológico

O sítio destinado ao Maceió Mar All Inclusive Resort está localizado no bairro de
Ipioca, em ambiente situado sobre sedimentos arenosos do Quartenário recente e não se
enquadra como restinga (acidente geográfico), mas sua vegetação original se classifica como
Formação Edáfica de Influência Marinha, e que outrora demostrava uma fisionomia arbórea
em quase toda sua extensão. O terreno destinado ao empreendimento insere-se na Planície

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Arenosa Costeira, numa faixa arenosa dominada por formações edáficas alteradas pelo
antropismo, sendo, num passado não muito remoto, um ambiente florestal costeiro. Grande
parte dessas formações foram suprimidas ao longo do litoral e transformadas em sítios de
coco da baía.

O pouco que restou das formações originais está fragmentado e perderam


praticamente sua grande variabilidade de espécies vegetais, e consequentemente, sua fauna
associada. A vegetação presente nesta área é caracterizada como vegetação secundária, a qual
é resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial de vegetação
por ações antrópicas, conforme prevê a Resolução CONAMA nº 28/1994

A área do empreendimento é um bom exemplo de antropismo passado pelos


ambientes costeiros alagoanos, em especial em Maceió, ocupados por coqueirais que aos
poucos vão sendo substituídos por empreendimentos imobiliários e turísticos.

O aumento das atividades humanas tem levado a uma degradação progressiva dos
componentes biológicos e paisagísticos das restingas em Alagoas. Por estar próxima dos
principais núcleos urbanos a ação predatória sobre esses ambientes costeiros deve ser coibida
e tratada de forma séria e eficaz, havendo constantes fiscalizações, campanhas ambientais e
possibilitar alternativas locais de futuros empreendimentos em áreas costeiras de relevante
valor ambiental. O terreno do empreendimento pode ser dividido em 4 áreas, mais próximo
da rodovia AL-101, está o coqueiral e um bosque denso, no centro, um bosque, e mais
próximo da praia há um coqueiral (Figura 13).

Figura 13: Divisão do terreno do empreendimento conforme sua vegetação

Fonte: Google Earth (2021)

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6.2.1 Áreas de preservação permanente

O empreendimento possui duas áreas de preservação ambiental (Figura 14 e 15), onde


não podem ser removidas as árvores presentes nesta região, visando a preservação das
espécies vegetais. Em 2017 foram feitos os levantamentos dessas regiões para a elaboração
do estudo de supressão vegetal. Neste estudo, foi feita a pesquisa dendrométrica, onde foram
constatadas as informações da Tabela 2. O estudo levou em consideração toda a comunidade
arbórea existente no terreno. O Instituto do Meio Ambiente colocou como condicionante duas
áreas de preservação com vegetação nativa em estágio avançado de regeneração que soma
1,41 hectares (correspondente a 7,87% da área do empreendimento).

Tabela 2: Pesquisa dendrométrica

Dados Valores

Árvores 499 indivíduos

Coqueiros 663 indivíduos

Palmeiras 38 indivíduos

Volume de material lenhoso estimado para as árvores 116,42 m³

Volume de material lenhoso para os coqueiros 205,53m³

Volume total de material lenhoso 321,95m²

Fonte: Maceió Mar Empreendimentos, 2017

Figura 14: Área de preservação permanente 1

Fonte: Autores (2021)

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Figura 15: Área de preservação permanente 2

Fonte: Autores (2021)

6.3 Meio socioeconômico

Conforme informações do Censo 2010, proveniente do Instituto Brasileiro de


Geografia e Estatística (IBGE), a população em Ipioca é de 7580 habitantes, onde a
população masculina representa 3.719 habitantes (49,06%) e a população feminina 3.861
habitantes (50,94%). A faixa etária de 15 a 64 anos concentra 59,5% da população, seguidos
do grupo de 0 a 14 anos com 27,2%. A média de moradores por domicílio é de 3.6 pessoas e
há uma proporção de 30% de domicílios não ocupados.

O bairro de Ipioca é um dos bairros mais antigos de Maceió e de extrema importância


social, cultural e econômica. O surgimento e crescimento do então povoado está vinculado à
Igreja de Nossa Senhora do Ó. O povoado nasceu num período em que os poderes políticos
e econômicos eram exercidos por senhores de engenho. Naquela época, as comunidades
eram organizadas em paróquias, onde a igreja cum-pria parte do papel do Estado. Ipioca se
desenvolveu em torno da nascente indústria do açúcar que predominava em toda a região
norte da província (TICIANI, 2019).

Sem infraestrutura a população sofre com os problemas e seus agravantes. Ipioca teve
sua ocupação de forma desordenada em terrenos irregulares e isso é um grande
potencial para o surgimento de problemas urbanos. O município direciona a maior parte

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do recurso para as áreas turísticas, dessa forma as áreas mais periféricas ficam
negligenciadas.

Conforme o Plano de Saneamento Básico de Maceió, Ipioca é uma das áreas ainda
sem acesso a sistema público de esgotamento sanitário. A população carece de saneamento
básico, ocorrendo situações como a demonstrada na Figura 16, onde há presença de esgoto a
céu aberto. Esse plano também informa que 35% da população urbana de Maceió vive em
regiões da área urbana não atendidas por sistema de esgotamento sanitário.

Figura 16: Problemas oriundos da falta de saneamento básico em Ipioca

Fonte: Prefeitura de Maceió

A população flutuante da região, conforme dados do Plano de Saneamento Básico de


2016 em hotéis é de 32 pessoas, representando 0,59% da cidade, e em domicílios é de 7,52%,
totalizando 1606 pessoas. Como recentemente houve a construção do Pratagy All Inclusive
Resort nesse período e de outros hotéis, esse número está obsoleto em relação à realidade
atual, mas demonstra uma realidade não tão distante da localidade.

A pesca artesanal é uma atividade empregadora de muita mão de obra, tanto em


bairros lagunares (Bebedouro, Bom Parto, Pontal da Barra, Vergel do Lago e o distrito de
Fernão Velho) como litorâneos (Ipioca, Pescaria, Pajuçara e Riacho Doce). As margens da
Laguna Mundaú ou da orla atlântica, milhares de homens extraem, anualmente, a segunda
maior quantidade e a mais diversificada produção de pescado estuarino e marítimo do estado:

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arabaiana, atum, bagre, camarão, carapeba, cavala, dourado, maçunim, ostra, pescada,
sardinha, serra, siri, sirigado, sururu, tainha, vermelho e xaréu. A comercialização é realizada
quase toda na própria capital

Pode-se verificar que parte significativa da população de Ipioca possui uma renda
familiar inferior a 1 salário mínimo. Nesse caso, quando é questionado sobre a fonte
pagadora, estes informam ser prestadores de serviços locais, pescadores, trabalhadores de
hotéis ou então,beneficiados por algum programa social do governo federal (bolsa família,
bolsa escola, etc.). Essa realidade associada ao baixo nível de escolaridade são indicadores
contundentes de que a população da região se encontra em um considerável grau de
vulnerabilidade social.

Em Ipioca também estão situados o principal polo turístico do estado (hotéis e


restaurantes), que é outra fonte geradora de empregos. A região está em expansão turística,
pois próximo do empreendimento estão dois resorts, como é o exemplo do Salinas Resort e
do Pratagy Resort, que têm impacto direto sobre a vida dos residentes do bairro e bairros
adjacentes.

A construção do Maceió Mar Resort irá trazer reflexos positivos oriundos de sua
implantação do Resort poderão ser observados através da geração de renda e empregos na
área de sua influência. Isto certamente trará benefícios para as comunidades locais, que terão
um maior acesso a bens de consumo e aos serviços básicos relacionados com o bem estar das
populações. Assim, o Projeto Resort contribuirá para a melhoria da qualidade de vida das
comunidades ao entorno do empreendimento.

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REFERÊNCIAS

CLIMATE-DATE. Clima de Maceió. 2021. Disponível em:


<https://pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/alagoas/maceio-2193/>. Acesso em: 21 dez 2021
Google Earth. Serviço de mapas, Ipioca. 2021.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo. Ipioca. Disponível em:


<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/al/maceio/panorama>. Acesso em: 20 dez 2021

RIZZINI, C. T. 1979. Tratado de fitogeografia do Brasil. v.2. Aspectos ecológicos. Hucitec / Edusp,
São Paulo.

PREFEITURA DE MACEIÓ. Plano de Saneamento Básico do Município de Maceió, Alagoas. Etapa


2: Diagnóstico da Situação do Saneamento Básico e de seus Impactos nas Condições de Vida da
População. Maceió. Junho de 2016. Disponível em:
<http://www.sedet.maceio.al.gov.br/servicos/pmsb/pdf/pmsb/fase2/etapa2/2_5.pdf>. Acesso em 19
dez 2021

TICIANI. Ipioca e a Igreja de Nossa Senhora do Ó. Memória Urbana, História de Alagoas, 29 ago.
2019. Disponível em:
<https://www.historiadealagoas.com.br/igreja-de-n-s-do-o-e-patrimonio-do-povo-alagoano.html.>
Acesso em: 20 dez 2021

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