Você está na página 1de 24

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES: IMPORTÂNCIA,


CLASSIFICAÇÃO E SUA DINÂMICA NAS PASTAGENS TROPICAIS*

NATURAL DISPERSION OF SEEDS: IMPORTANCE, CLASSIFICATION AND DYNAMICS


IN TROPICAL PASTURES

Deminicis, B.B1, H.D. Vieira2, S.A.C. Araújo3, J.G. Jardim4, F.T Pádua5A e
A. Chambela Neto5B

1
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. UENF. Av. Alberto Lamego, 2000. CEP 28013-
600. Campos dos Goytacazes, RJ. Brasil. brunodeminicis@hotmail.com
2
LFIT/UENF. Brasil. henrique@uenf.br
3
UENF. UFRRJ. Rodovia BR 465, km 7. CEP 23890-000. Brasil. araujosac@yahoo.com.br
4
Universidade Estadual do Oeste do Paraná. UNIOESTE. Rua Pernambuco, 1777. Marechal Cândido
Rondon. CEP 85960-000. Paraná. Brasil. julia@zootecnista.com.br
5
UENF. Brasil. Aftpadua@uenf.br; Bchambela@gmail.com

PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS ADDITIONAL KEY WORDS


Plantas forrageiras. Dispersores. Ruminantes. Forage plants. Dispersers. Ruminants.

RESUMO
A propagação de plantas pela dispersão de a trajetória dos estudos sobre dispersão de
sementes é reconhecida como um dos fatores sementes, com ênfase nos sistemas de
fundamentais que afetam o recrutamento das classificação, os tipos, os dispersores, o processo
plantas e é um importante passo do ciclo de dispersão de sementes entre habitats, avaliação
reprodutivo da maioria delas. A dispersão reduz do potencial de dispersão de espécies vegetais
os níveis de predação nas proximidades dos através de ruminantes e as aplicações e limitações
adultos da mesma espécie, aumenta as chances atuais da dispersão de sementes, e assim contri-
de germinação das sementes e estabelece novos buir para a construção dessa nova concepção de
habitats favoráveis a colonização. Além disso, a desenvolvimento baseada na sustentabilidade dos
dispersão de sementes também gera a distribuição sistemas de produção agropecuários.
espacial dos indivíduos adultos da população.
Embora seja reconhecida a importância da SUMMARY
ressemeadura natural na renovação e persistência
de espécies em pastagens, o entendimento do The plant propagation by seed dispersion is
processo de dispersão sob nova perspectiva recognized as one of the fundamental factors that
dentro dos modernos modelos de produção, que affect the recruitment of the plants and is an
se pautam na sustentabilidade, onde temos, lado important step of the reproductive cycle of most of
a lado, animais silvestres e produção pecuária them. The dispersion reduces the predation levels
baseada em pastagens é um assunto pouco in the proximities of adult plants of the same
conhecido. Com essa revisão, objetivou-se traçar species, increases the chance of seed germination
and establishes new habitats favorable to the
*Financiada pela Fundação Carlos Chagas Filho de colonization. Besides, the dispersion of seeds
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro also generates wider spacial distribution of adult
(FAPERJ), pelo Conselho Nacional de Desenvolvi- plants population. The importance of natural
mento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela seeding in the renewal and persistence of species
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de in pastures is recognized, but it is a little known
Nível Superior (CAPES). subject, the understanding of the dispersion

Recibido: 9-12-08. Aceptado: 2-4-09. Arch. Zootec. 58 (R): 35-58. 2009.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

process under a new perspective from the point dimento que antecede à colonização de plan-
of view of modern, sustainability based, production tas, assumindo grande importância no
models, where wild animals are compatible with entendimento da regeneração natural de
agricultural production based on pastures. With ecossistemas vegetais. Essa colonização
this revision, it was aimed to trace the path of the
desempenha um papel fundamental no estabe-
studies on dispersion of seeds, with emphasis in
the classification systems, the types, the
lecimento, desenvolvimento e evolução das
dispersers, the seeds dispersion processes espécies vegetais, permitindo, assim, o
among habitats, the evaluation of the dispersion intercâmbio de material genético dentro e
potential of vegetable species through ruminant, fora de diferentes populações.
and the applications and current limitations of O processo de dispersão, independente
seeds dispersion, and contribute for construction da forma de ocorrência, é muito complexo e
of a new development conception based in envolve relações muito específicas entre
sustainability of the agricultural production plantas e diferentes agentes dispersores. Já
systems. os mecanismos de dispersão das sementes
poderiam ser encarados como os meios pe-
INTRODUÇÃO los quais a espécie vegetal tenta " promover
As plantas produtoras de sementes essa conquista por novas áreas. O estudo
provavelmente apareceram há cerca de 350 da dispersão de sementes por animais prova
milhões de anos e as sementes teriam surgi- ser uma ferramenta útil para a análise da
do como uma extensão da heterosporia em estrutura dos ecossistemas das pastagens,
resposta a pressões ambientais (Carvalho e merecendo ser mais e melhor aproveitada. A
Nakagawa, 2000). O grande sucesso da dispersão de sementes também é importan-
semente como órgão de perpetuação e de te para a recuperação de áreas degradadas
disseminação das espécies vegetais deve- por atividades antrópicas pois, para que se
se, provavelmente a capacidade de distri- obtenham sistemas auto-sustentáveis, é
buir a germinação no tempo e no espaço. A necessário considerar a sucessão vegetal
semente tem como papel biológico a na recuperação dessas áreas.
conservação e a propagação da espécie,
devendo germinar quando as condições são CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE
adequadas para a manutenção do crescimento DISPERSÃO NATURAL
da plântula e subseqüente desenvolvimento
da planta. No passado, foram desenvolvidas várias
A dispersão de sementes é um processo classificações dos tipos de dispersão natu-
fundamental do ciclo de vida de cada espécie ral de sementes (Dansereau e Lems, 1957;
vegetal e se trata do deslocamento dos Müller-Schneider, 1977; Luftensteiner, 1982;
propágulos vegetais a partir da planta-mãe Van Der Pijl, 1982; Grime et al., 1988; Jenny,
(para distâncias "seguras") (Cordeiro e 1991; Frey e Hensen, 1995). Porém, algumas
Howe, 2003). As chances de recrutamento destas classificações ignoram certos mo-
próximo à planta-mãe podem ser muito baixas dos de dispersão, como a dispersão através
devido à competição e predação de sementes. da água (Luftensteiner, 1982) ou todos os
À medida que as sementes se afastam da tipos de dispersão por atividade humana
planta mãe, maior é a probabilidade de (Van Der Pijl, 1982; Jenny, 1991). As
sobrevivência das plântulas. Do ponto de classificações existentes falham claramente
vista técnico, a disseminação ou dispersão ao separar os modos de dispersão apenas
natural das sementes se constitui num im- por caracteres morfológicos das plantas
portante meio para a regeneração natural e dispersas.
perpetuação de povoamentos vegetais. A simples dedução de que, na maioria
podendo ser considerada como o proce- dos casos, um único tipo de dispersão

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 36.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

baseada apenas em características morfoló- Schneider, 1986), podem ser dispersas em


gicas torna óbvio que estes estudos por altas quantidades em longas distâncias por
décadas foram falhos (Berg, 1983). Além bovinos (Fischer et al., 1996). Mas, de
disso, provavelmente estes pesquisadores acordo com esta classificação, o potencial
que criaram os sistemas de classificação de dispersão destas espécies é limitado em
dos tipos de dispersão, nunca tenham medi- curtas distâncias.
do ou observado as espécies vegetais no Desta forma, este fato indica a existência
campo. Embora as características morfológi- de modos alternativos de dispersão. Nestes
cas das sementes sugiram informações im- casos, a dispersão em longas distâncias
portantes sobre o potencial de dispersão, a não tem sido efetuada somente por atividade
classificação rígida baseada em certas ca- humana (por cultivo, etc.) ou hidrocoria (ao
racterísticas morfológicas das sementes, longo dos rios) (Hartmann et al., 1995).
concebendo só um modo de dispersão, pode Estes exemplos ilustram aquelas espécies
resultar em uma interpretação completamen- que podem ser dispersas potencialmente
te errada do real potencial de dispersão das através de diferentes vetores ("policoria").
espécies vegetais. Por exemplo, muitas Porém, os tipos de dispersão atuais também
espécies de gramíneas que são classificadas dependem da estrutura do ecossistema em
como baixo potencial de dispersão por que estão inseridas as espécies, bem como
apresentar autocoria ou semacoria (Müller- das faixas agrícolas e diferentes tipos de

Tabla I. Classificação de tipos de dispersão baseados no vetor de dispersão. (Classification


of dispersion types based on the dispersion vector).

Tipo de dispersão Dispersão por...

Autocoria Balocoria Expulsão pela planta-mãe (cápsulas ou bagas secas)


BlastocoriaDeposição ativa pela planta mãe
Herpocoria Mecanismos de turgor ou movimentos hidroscóspicos.
Barocoria Disseminação da semente pelo peso do fruto
Semacoria Movimentos de ramos e galhos da planta mãe causados por
forças externas (vento)
Anemocoria Anemocoria Vento
Hidrocoria Ombrocoria Expulsão causada por gotas de chuva
Nautocoria Flutuação na superfície da água
Bythisocoria Correntes de água: transporte submerso, onde a correnteza atua
sobre estruturas como pêlos ou arilóides
Zoocoria Mirmecocoria Formigas
Ornitocoria 1 Pássaros 2
Mamaliocoria 1 Mamíferos2
Antropocoria Homem2
Ictiocoria Peixes (por ingestão)
Saurocoria Répteis (por ingestão)
Outros 1 Outros animais 2
Hemerocoria Agocoria Ação humana (movimento do solo)
Speirocoria Cultivo de lotes de sementes com sementes de plantas daninhas
Ethelocoria Cultivo de sementes comerciais

epizoo-, endozoo-, zoogeo-; 2na superfície do corpo, por ingestão ou via transporte para alimentação.
1

A negrita indica alto potencial de dispersão. Adaptado de Hansson et al., (1992).

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 37.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

uso do solo. Por isso, a classificação dos viabilidade das espécies em uma determina-
tipos de dispersão (tabela I) deve ser também da paisagem, não considerando apenas as
baseada em vetores de dispersão e não populações, mas sim um jogo de populações
apenas em características morfológicas das na paisagem; várias possibilidades de
sementes das espécies estudadas. espécies dispersas dentro de um habitat e a
falta de vetores adequados para dispersão,
CLASSIFICAÇÃO DE CARACTERÍSTI- embora os potenciais de dispersão possam
CAS DE PLANTAS PARA DISPERSÃO ser altos. As características que foram con-
DE SEMENTES sideradas como relevantes nesta proposta
de classificação estão brevemente
Várias características da unidade de detalhadas a seguir.
dispersão (semente) ou da planta inteira Tempo e período de dispersão afetam o
podem afetar a "dispersabilidade" por certos potencial de todos os tipos de dispersão,
vetores. Para avaliar o potencial de determinando se as sementes são liberadas
dispersão de uma espécie, temos que obser- quando um vetor de dispersão específico
var quais características estão relacionadas está disponível, como por exemplo, animais
aos diferentes tipos de dispersão, ou pastejando durante o período das chuvas,
afetando o tipo de dispersão ou ainda a bem como a altura e densidade de vegetação,
distância de dispersão. Durante os últimos queda de liteira e mudança de velocidade de
anos, poucos estudos foram capazes de vento durante as estações (Johnson 1988).
avaliar a "dispersabilidade" relacionando A altura das plantas, dos frutos e sementes
espécies vegetais ou características das nas plantas: não só determina se uma
sementes a diferentes tipos de dispersão semente está dentro do alcance de certo
(Hodkinson e Thompson, 1997; Thompson vetor (por exemplo, um animal, certas má-
et al., 1999). quinas e/ou em alguns casos também da
Por muito tempo não houve nenhuma água), mas também a trajetória e a distância
proposta para um novo sistema de de dispersão no caso de anemocoria (Bonn,
classificação que incluísse a associação de 2004). Alto número de sementes produzidas:
características da planta e da semente com as mais variáveis distâncias e as maiores
o potencial de dispersão, levando em áreas de dispersão podem ser garantidas
consideração todos os possíveis vetores por certos vetores de dispersão. Além disso,
de dispersão. Contudo, Bonn (2004) propôs a distribuição de sementes por área pode ser
um sistema de classificação (tabela II) que aumentada. Finalmente, aumento do núme-
leva em consideração os tipos e o potencial ro de sementes aumenta a chance de pelo
de dispersão entre populações ou novos menos algumas germinarem e chegar a se
habitats (dispersão em "longa distância", tornarem uma planta adulta, conduzindo a
Hasson et al., 1992). dispersão absoluta nas mais altas distâncias.
Embora os tipos de dispersão se Desta forma, todos os tipos de dispersão
restrinjam a um potencial de dispersão de são afetados por esta característica. A
curta distância, são importantes para a ocorrência de hidrofilia ou hidrofobia: sig-
estrutura, dinâmica e determinação das nifica que a cápsulas, onde as sementes
populações locais (Husband e Barrett, 1996), estão abrigadas, abrem exclusivamente de
por isso Bonn (2004) em sua proposta para acordo com as condições climáticas, e é
novo sistema de classificação, decidiu ex- especialmente importante no caso de
cluir todos os tipos de dispersão da dispersão por anemocoria, por exemplo: a
classificação. Sua principal justificativa foi baixa umidade oferece melhores condições
de manter um banco de dados tão simples para sementes aladas, assim uma seca favo-
quanto possível, baseado em análises da rece a dispersão em longas distâncias. Em

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 38.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

contraste, espécies dependentes de alta trato digestivo dos animais dispersores,


umidade abrem suas cápsulas durante os isto porque sementes pequenas e esféricas
dias chuvosos (Van Der Pijl, 1982). apresentam maiores taxas de sobrevivência,
O tamanho e forma das sementes podem justamente porque são menos suscetíveis
afetar a sobrevivência após passagem pelo aos danos de mastigação e por que

Tabla II. Características relevantes de sementes e plantas para dispersão a longa distância.
(Important characteristics of seeds and plants for long distance dispersion) .

Características Anemo- Zoo- Hidro- Hemero-


Ep Ed Zg Na By Sp

I. Características das plantas e dos frutos


Tempo e duração da propagação de sementes
começo e fim em meses A A A A A A A
durante meses A A A A A A A
Produção de sementes
número A A A A A A A
Sementes dispersas por ciclo
número A A A A A A A
Altura dos frutos e sementes a serem dispersos (na planta)
metros A A A A B B A
Xenofobia (hidrofilia) ou Hidrofobia
sim ou não A - - - B - -

II. Características morfológicas das sementes


Classificação segundo tamanho e forma
comprimento (mm) C C C - C B A
largura (mm) C C C - C B A
altura (mm) C C C - C B A
forma (nº calculado) C C C - C B A
Morfologia das sementes
categorização (carrapicho, pluma, tegumento duro...) C C C - C - B
Peso das sementes/ gravidade específica
[mg]/[g/ml] C C C B C B A

III. Parâmetros indicativos


Velocidade final
[m/s] A - - - - - -
Capacidade de aderência (em diferentes tipos de pelagem)
%/unidade de tempo - A - - - - -
Tolerância a passagem pelo trato digestivo
(taxa de sobrevivência) % - - A - - - -
Flutuabilidade
dias - - - - A - -

#
Ep: Epi-; Ed: Endo-; Zg: Zoogeo-; Na: Nauto-; By: Bythis-; Sp: Speiroc-.
A: característica de alta importância para certo tipo de dispersão; B: possuem importância secundária
ou importância apenas para algumas espécies; C: podem resumir os parâmetros adequados. Adaptado
de Bonn (2004).

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 39.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

freqüentemente passam mais rapidamente nalmente, estes parâmetros podem facilitar


pelo trato digestivo dos animais (Gardener a classificação dos processos de dispersão,
et al., 1993a). Além disso, sementes desde que possam ser considerados como
pequenas podem ser dispersas através de parâmetros de contribuição direta para os
epizoocoria, ou seja, aderidas externamente mecanismos de dispersão.
à estes animais, como por exemplo nos Porém, informações sobre a maioria
casacos de javalis e lã de ovelhas (Schneider destes parâmetros são escassas. Neste sen-
et al., 1994; Mrotzek et al., 1999). Espécies com tido, uma padronização dos métodos
sementes pequenas apresentam dispersão empregados para obter estes parâmetros é
distribuída ao longo do tempo, enquanto um aspecto importante a ser considerado
sementes grandes têm dispersão concen- em pesquisas futuras (Bonn, 2004). A
trada em determinados períodos (Marimon velocidade final de dispersão é um desses
e Felfili, 2006). O Peso das sementes e parâmetros indicativos que já foi utilizado
gravidade específica tem importância em como padrão para uma grande quantidade
diferentes tipos de dispersão, pois podem, de espécies (Tackenberg, 1999; Thompson
por exemplo, afetar a capacidade das et al., 1999). A associação com as alturass
sementes serem dispersas por endozoocoria, das plantas e altura das sementes na planta
porque podem influenciar no tempo de (flores e frutos) pode ser usado como uma
retenção no trato digestivo dos animais alternativa para avaliar o potencial de
(Gardener et al., 1993a). Obviamente, o dispersão de sementes de diversas espécies,
tamanho e forma das sementes também principalmente as dispersas por anemocoria
afetam a epizoocoria, a nautocoria (Van Der (Tackenberg, 1999).
Pijl, 1982), a anemocoria (Greene e Johnson, Um parâmetro relativamente preciso para
1993) e na dispersão através da colheita com se avaliar o potencial de dispersão de
sementes de plantas daninhas (McDonald e sementes por epizoocoria é a observação da
Smith, 1990). capacidade de aderência de sementes na lã
A morfologia das sementes (superfície ou pele de animais. Esta determinação cão
com ganchos, "asas" e tegumento duro): se dáatravés da porcentagem de sementes
afeta todos os tipos de dispersão de zoocoria afixadas por unidade de tempo, obtidas
(Mrotzek et al., 1999). No caso de epizoocoria através da aplicação de sementes sobre um
a existência de ganchos, ou cerdas, que animal, em uma única vez, e sua devida
"grudam" na pele ou pêlos, faz com que as movimentação simulada (Fischer et al.,
sementes sejam transportadas com eficiência 1996). Outro método usado é realizado
(Stender et al., 1997). No caso de sementes através da avaliação do potencial de
com tegumento duro e liso aumentam a sobrevivência das sementes à passagem
chance de sobrevivência ao trato digestivo pelo trato digestivo dos animais, sendo a
dos animais. Embora o vento possa funcio- taxa de sobrevivência medida in vitro
nar como vetor de dispersão, a existência de (Godínez-Alvarez e Valiente-Banuet, 1998).
tipos de "asas" nas sementes favorece a Finalmente, a "flutuabilidade" de uma
dispersão em longas distâncias. Além disso, semente se caracteriza no potencial de
a morfologia pode afetar a flutuação das dispersão em água corrente e/ou água para-
sementes na água (Özer, 1979). da. Este parâmetro pode ser medido como a
Para vários tipos de dispersão é possível proporção de sementes que ainda flutuam
medir o valor agregado das várias caracte- depois de períodos definidos de tempo (Bill
rísticas morfológicas das sementes. Estes et al., 1999). Problemas podem surgir quando
parâmetros permitem uma avaliação mais são usadas características das plantas para
precisa e mais fácil do potencial de dispersão calcular o potencial de dispersão por
por certo vetor (Andersen, 1991). Adicio- hemerocoria, embora este modo de dispersão

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 40.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

afete fortemente composição e riqueza de te milênios foi o mais importante uso do solo
espécies em diferentes habitats (Bonn e e, desta forma, teve grande influência na
Poschlod, 1998a,b; Poschlod e Bonn, 1998). formação de diversas paisagens em todo
Por outro lado, a ethelocoria parece não ser mundo. Por causa desta influência, seu pa-
afetada por qualquer característica das plan- pel deve ser considerado no contexto atual
tas ou das sementes. Embora Hodkinson e das práticas agrícolas, já que estas podem
Thompson (1997) citem que, neste caso, a introduzir espécies não desejadas a um sis-
dispersão esteja associada a certas caracte- tema agrícola, por meio da dispersão de
rísticas das plantas e das sementes, mas não sementes (Bonn, 2004). Porém, com o uso de
depende diretamente das mesmas. algumas destas práticas agrícolas pode-se
Outras características afetam o poten- introduzir, de forma proposital, algumas
cial de dispersão, mas são muito difíceis de espécies de interesse agrícola ou zootécni-
serem mensuradas para a maioria das co, como por exemplo, Cavariani et al. (1994)
espécies. Por exemplo, o potencial de e Rezende et al. (2007) que misturaram
dispersão por anemocoria e epizoocoria é sementes de gramíneas com fertilizantes para
afetado pela "resistência de uma semente o plantio das mesmas.
em se separar da planta mãe" (Greene e
Johnson, 1992). No caso da anemocoria, por DISPERSÃO DE PLANTAS DANINHAS POR
exemplo, a alta "resistência de uma semente LOTES DE SEMENTES CONTAMINADOS
em se separar da planta mãe" limita a A infestação de lavouras e pastagens
dispersão das sementes à condições de por muitas ervas daninhas sempre foi muito
vento suficientemente fortes. Devido à comum e normalmente esta espécies são
"resistência de separação variável" de uma introduzidas através de lotes de sementes
semente, as forças necessárias para separar contaminados. Embora métodos simples
uma semente da planta-mãe podem variar para limpeza de sementes já existam há muito
consideravelmente (Augspurger e Franson, tempo (Knörzer, 1971), a limpeza de sementes
1987). permaneceu bastante ineficaz até o fim do
Portanto, pode-se afirmar que a dispersão século XIX. Durante milênios, a colheita de
de sementes tem estreita relação entre plantas semente conteve altas quantias de sementes
e dispersores, o que pode tornar crítico a de ervas daninhas (Schneider et al., 1994).
manutenção do sistema, uma vez que a Um método bastante simples de limpeza de
remoção de um ou outro pode afetar de modo sementes tem sido amplamente utilizado
irreversível o equilíbrio das populações, sendo pelas empresas de sementes, é a separação
sua importância principal atribuída ao au- das impurezas (palha, gravetos, torrões de
mento da sobrevivência de plântulas solo, sementes de plantas daninhas, etc.)
(Saravy et al., 2003). Nas regiões tropicais, por máquinas ou manualmente, baseada em
a dispersão de sementes por hemerocoria diferenças no tamanho, peso e morfologia
(práticas agrícolas) e por zoocoria são as das sementes (Tackenberg, 2001). Na
principais formas de dispersão de sementes, verdade, quando falamos limpeza, esta-
por isso são importantes contribuições para mos nos referindo ao Beneficiamento de
a recolonização e reestruturação de sua sementes, que é um conjunto de operações
vegetação natural. que se estendem desde a colheita até o
armazenamento e que visam retirar as impure-
DISPERSÃO DE SEMENTES ATRAVÉS zas das sementes, deixando-as puras para a
semeadura e/ou comercialização (Schumacher
DE PRÁTICAS AGRÍCOLAS
et al, 2002).
No passado, a agricultura também in- Para Silva et al. (1993), beneficiamento
cluía o uso de áreas de florestas, que duran- consiste num conjunto de técnicas

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 41.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

empregadas para retirar impurezas e senescente), etc., como também de excre-


sementes de outras espécies, promovendo mentos de bovinos, aves e suínos, entre
a homogeneização do lote em relação às outros animais (figura 1). Sendo que o
características de tamanho, peso e forma de esterco animal contém milhares de sementes
suas sementes. Segundo Nogueira (2002), o de espécies vegetais.
beneficiamento de sementes é feito A adubação orgânica é uma pratica agrí-
baseando-se em diferenças de característi- cola muito utilizada para a melhoria das
cas físicas entre a semente e o material propriedades químicas e físicas do solo,
indesejável, ou seja, o beneficiamento con- atuando no fornecimento de nutrientes às
siste na retirada de sementes chochas, culturas, na retenção de cátions (Severino
imaturas, quebradas, sementes de outras et al., 2006), e na complexação de elementos
espécies, pedaços de frutos, resíduos da tóxicos, a exemplo do alumínio trocável (Lima
colheita, insetos, dentre outras impurezas. et al., 2007) e de micronutrientes, estruturação
Assim, o lote de sementes vai apresentar do solo, infiltração e retenção de água,
maior pureza física e, conseqüentemente, aeração e redução da compactação do solo
melhor qualidade. (Hoppe e Witschoreck, (Costa et al., 2006). Porém, os ganhos pro-
2004). movidos por esses fertilizantes, podem ser
Entretanto, de acordo com estudos rea- reduzidos já que pode promover várias
lizados por Kauter (2002), até mesmo após perdas, pois cada um destes fertilizantes
realizado beneficiamento de um lote de contém certa quantidade de sementes de
sementes, ocasionalmente, são encontra- plantas invasoras/daninhas e que serão le-
das sementes de plantas daninhas. Isto vadas ao campo (Bonn, 2004). Atualmente,
acontece especialmente em regiões de a transferência direta de fertilizantes de
produção de grãos, mas que, com o cultivo, outros habitats, como de florestas, é quase
acabam propagando plantas daninhas e que inexistente, exceto em alguns países da
estas acabam se perpetuando na região e Europa onde os produtores rurais tradicio-
quase que se tornando uma espécie cultiva- nalmente aproveitam resíduos de suas flo-
da (Konold e Hackel, 1990). restas. Na maior parte do mundo, a
fertilização dos solos é realizada com o uso
D ISPERSÃO DE SEMENTES ATRAVÉS DE de fertilizantes minerais ou esterco animal,
DIFERENTES FERTILIZANTES que na sua maioria é isenta de sementes de
As limitações químicas devido à acidez qualquer espécie ou contém normalmente
do solo e a deficiência crônica de nutrien- poucas sementes.
tes, bem como o continuo uso do solo são A causa mais óbvia para o baixo
características históricas marcantes na agri- conteúdo de sementes no esterco é que as
cultura tradicional, conduzindo ao uso de forrageiras, utilizadas na alimentação de
uma grande variedade de corretivos e ferti- bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos são
lizantes. (Kauter, 2002). Tradicionalmente, a utilizadas sob curtos períodos de corte ou
adubação orgânica acompanhou o homem rebrota (intervalo entre pastejos), o que não
na sua agricultura, predominando até as permite na maioria das vezes a produção de
primeiras décadas do século XX, e o uso sementes por essas forrageiras ou por inva-
deste tipo de fertilizante garantiu a dispersão soras. Entretanto, se observa frequentemente
de espécies entre diferentes habitats. Justa- no Brasil manejos inadequados em termos de
mente por que a adubação orgânica freqüência de corte/pastejo, que permitem a
tipicamente consiste no uso de uma grande emissão de inflorescências pelas forrageiras.
variedade de resíduos orgânicos como: Apesar disto, a longevidade das sementes
palhas, cascas, carcaças de animais mortos, no esterco é freqüentemente mais baixa que
liteira de floresta (folhas mortas e material em fezes frescas, devido ao período de

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 42.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

armazenamento (curtimento), temperatura é determinada em grande parte pelos méto-


de armazenamento e a toxidez por amônia, a dos de colheita. Na antiguidade, a colheita
qual promove forte seleção de espécies era realizada manualmente ou por cortes
(Kellerer e Albrecht, 1996). Todavia, as com facas, sendo que a altura de corte/
sementes com tegumento duro são menos colheita era semelhante a de espécies
sensíveis a amônia, o que significa que a daninhas, fazendo com que essas espécies
dispersão de sementes nas pastagens pela tivessem suas sementes colhidas junto com
distribuição de esterco curtido será limitada as da cultura cultivada, desta forma foi
(Rieder, 1966). responsável por contribuir para a dispersão
destas espécies. A colheita de espécies de
DISPERSÃO ATRAVÉS DE MÉTODOS DE porte baixo ou decumbentes também favo-
COLHEITA rece a colheita de espécies de plantas
A dispersão de plantas daninhas em daninhas (Willerding, 1986). Apesar destes
pastagens e campos de produção de cereais fatos, os métodos de colheita não mudaram

Figura 1. Fertilizantes utilizados nas lavouras e nas pastagens no passado e no presente.


Adaptado de Bonn (2004). (Fertilizers used in the farms and pastures in the past and present.
Adapted from Bonn (2004)).

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 43.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

muito ao longo do tempo. Por exemplo, na tes dos tecidos vegetais em suaalimentação.
colheita manual ou mecânica do milho, rea- Todavia, diversos estudos têm demonstrado
lizada quando da maturação dos grãos, há a que as diferentes espécies de animais não
separação da palha e da semente, mas na apresentam a mesma eficiência como
palha permanece parte das sementes das dispersoras (Galetti e Francisco, 2002).
plantas daninhas, e essa palha volta ao Vários fatores podem influenciar na
campo, contribuindo para a dispersão das eficiência deste processo, tais como, o nú-
plantas daninhas. Essa palha também pode mero de sementes dispersas por defecção,
ser recolhida e fornecidacomo forragem à a qualidade do tratamento dado à semente
bovinos, caprinos ou ovinos,, oque promove (via tubo gastrointestinal), qualidade do
a infestação das fezes com essas sementes, tegumento das sementes, bem como a
e conseqüentemente, volta à lavoura ou qualidade da deposição destas sementes.
pastagem. Outro exemplo de dispersão Segundo Mikich e Silva (2001), o período
através da colheita por máquinas pode ser mais propício para a dispersão das sementes
comprovada por Strykstra et al. (1996), onde e para o estabelecimento das plântulas é
os autoresconstataram que o maquinário durante a estação chuvosa) provavelmente
utilizado para fenação é um importante vetor em função de condições climáticas e da
de dispersão de plantas daninhas em cam- maior atividade dos animais dispersores
pos de produção de feno. Resumindo, dife- neste período do ano.
rentes métodos de colheita influenciam os
padrões de dispersão de espécies de plan- DISPERSÃO DE SEMENTES POR FORMIGAS
tas daninhas nas lavouras e nas pastagens (MIRMECORIA)
e podem ter grande impacto econômico, A mirmecocoria é a dispersão de
pois as espécies invasoras competem por sementes por formigas. Esse fenômeno não
luz, água e nutrientes com a cultura cultiva- é considerado especializado, já que há o
da (Ghersa et al., 1993). envolvimento de uma grande diversidade
de formigas associadas às sementes. Passos
DISPERSÃO DE SEMENTES POR e Ferreira (1996), estudando a dispersão de
ANIMAIS (ZOOCORIA) sementes de Croton priscus Croizat
(Euphorbiaceae), identificaram 11 espécies
Há na literatura especializada grande de formigas que interagem com as sementes.
número de trabalhos demonstrando o papel Horvitz e Schemske (1986) observaram cin-
de animais como agentes dispersores de co espécies de formigas em contato com
sementes (Pizo e Simão, 2001; Cazzeta et al., sementes de Calathea ovandensis Matuda
2002; Galetti e Francisco, 2002; Castro e (Marantaceae). Muitos gêneros de Formi-
Galetti, 2004; Krügel et al., 2006), através do cidae são relatados como dispersores de
consumo das mesmas, sendo que parte delas sementes, como é o caso de Formica,
é destruída e outra parte sobrevive e germi- Myrmica e Aphaenogaster, comuns nas
na (Gardener, 1993; Malo e Suárez, 1995; florestas temperadas da Europa e América
Stender et al., 1997; Pakeman et al., 2002; do Norte, além de espécies de Rhytidopone,
Bonn, 2004; Deminicis, 2005). Estima-se que, Pheidole e Iridomyrmex, provenientes da
em regiões tropicais, até 90% das espécies Austrália (Handel e Beattie, 1990). Nas
possuem suas sementes dispersas por regiões de Cerrado do Brasil foram identifi-
animais (Liebsch, 2007). Nesta interação, as cados, por Leal e Oliveira (1998), vários
plantas necessitam de agentes dispersores gêneros de Attini, dispersores de sementes,
eficientes que garantam a sobrevivência e o como Cyphomyrmex, Mycetarotes, Mycoce-
desenvolvimento de suas sementes. Como purus, Myrmicocrypta, Sericomyrmex e
contrapartida, os animais utilizam os nutrien- Trachymyrmex, incluindo ainda as cortadeiras

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 44.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

Atta e Acromyrmex. Contudo, o papel das sua reconstituição. Assim, a dispersão na-
formigas cortadeiras como dispersoras de tural de sementes tem sido avaliada como
sementes de plantas não-mirmecocóricas um fator de importância na recomposição e
permanece pouco conhecido (Silva, P.D. et para a conservação de ecossistemas
al., 2007). As espécies de formigas que (Bancroft et al., 1995). Desta forma, alguns
interagem com sementes diferem na trabalhos (Pizo et al., 2002; Cazetta e Galleti,
morfologia e na biologia, assim como as 2007) têm investigado a dieta frugívora de
espécies de plantas mirmecocóricas diferem algumas espécies de aves, com o objetivo de
no tamanho das suas sementes (Santo, fornecer subsídios para o desenvolvimento
2007). Sementes pequenas tendem a ser remo- de planos de manejo agroflorestal sustentáveis.
vidas por formigas pequenas e sementes gran- Estes estudos se baseiam na compreensão
des, por formigas grandes, que possuem fortes da dispersão de sementes, tendo como
mandíbulas (Peternelli et al., 2004). premissa o respeito à capacidade de
resiliência da natureza.
DISPERSÃO DE SEMENTES POR AVES
(ORNITOCORIA) DISPERSÃO DE SEMENTES POR PEIXES
Grande parte dos estudos sobre dispersão (ICTIOCORIA)
de sementes por animais envolve a utilização A maioria das espécies arbóreas de flo-
de aves, devido a sua abundância e restas de várzea frutifica no período da
freqüência com que se alimentam de cheia, possibilitando que frutos e sementes
sementes (Francisco e Galetti, 2002). Entre- sejam dispersos tanto pela água quanto por
tanto, a maior parte destes estudos têm se peixes. Esses frutos e sementes são fontes
baseado apenas na observação da utilização energéticas importantes para a alimentação
de uma única espécie de planta por várias de peixes (Waldhoff et al., 1996), incluindo
espécies de aves (Francisco e Galeti, 2002; espécies de valor comercial, como o tambaqui
Krügel et al., 2006). (Colossoma macropomum), sardinhas
Diferentes espécies de plantas apresentam (Cyphocarax gilbert), pacus (Piaractus
características que podem influenciar na mesopotamicus) e mandis (Pimelodus spp.),
atração das aves frutívoras, como a que se reúnem sob as árvores que estão
quantidade de frutos produzidos, o valor frutificando (Goulding, 1980; Araújo-Lima e
nutritivo dos frutos, a presença de compostos Goulding, 1998; Claro-Jr et al., 2004).
secundários e a variedade de cores (Fran- Gomiero e Braga (2003), observando os
cisco et al., 2007). Geralmente, o grupo de itens alimentares do lambari (Astyanax
aves consumidoras de uma determinada altiparanae), sugeriram que o mesmo é um
espécie de fruto é constituída por uma ampla dispersor de sementes de sangra-d'água
variedade taxonômica, exibindo grande (Croton urucurana), mas que a intensidade
diversidade trófica e morfológica (Galetti e e a efetividade dessa dispersão devem,
Pizo, 1996). Por outro lado, diversos estudos ainda, ser investigadas. Piedade et al. (2003)
têm demonstrado que as espécies de aves estudando a dispersão de sementes de
que consomem sementes não apresentam a palmeira (Astrocaryum jauari), nos igapós
mesma eficiência como dispersores. Apesar do Rio Negro na Amazônia brasileira,
disto, como agentes dispersores de sementes, observou que 16 espécies de peixes exploram
as aves têm um imprescindível papel na os frutos desta palmeira, sendo 10 possíveis
regeneração de florestas, além de introdução dispersoras. Pela ausência de estruturas
de espécies em pastagens, principalmente para flutuação, quando na água, as sementes
em áreas onde há reservas de mata, pois da palmeira Astrocaryum afundam e, em
carregam as sementes das matas para áreas condições hipóxicas, ocorre morte das
impactadas ou degradadas, promovendo a sementes. Desta forma, a ictiocoria foi

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 45.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

apontada por este autores como mecanismo pos de vertebrados que apresentam
essencial para colonização de novos variações em seu regime alimentar (Pough et
habitats por essas plantas. al., 1993). A partir do estudo da dieta desses
animais, outras informações podem ser
DISPERSÃO DE SEMENTES POR RÉPTEIS obtidas, como a interação planta-animal. A
(SAUROCORIA) evolução das interações permitiu que o
Os répteis foram, juntamente com os peixes, mutualismo entre plantas e animais atingisse
os primeiros vertebrados a interagirem com seu clímax nas regiões tropicais.
plantas que possuem sementes (Tiffney, Nascimento et al. (2004) observou que
1984). Os frutos são parte da dieta de muitas a cutia (Dasyprocta azarae) é o principal
aves, mamíferos e répteis tais como dispersor de sementes de acuri (Attalea
tartarugas e lagartos (Iverson, 1985; Jordano, phalerata Mart. ex Spreng) no Pantanal,
2000). As tartarugas e os lagartos consomem pois consomem e não destroem as sementes
grande variedade de espécies de frutos,
dos frutos que se alimentam, espalhando
além de folhas, flores, botões florais e
sementes em até 50 m de distância, e muitas
sementes (Nogales et al., 1998; Lord e
vezes as enterram sem danos (Dubost, 1988).
Marshall, 2001; Cooper e Vitt, 2002; Cooper
Pequenos roedores são freqüentemente
et al., 2002).
conhecidos por seu papel como predadores
Os lagartos são, talvez, os mais conhecidos
répteis frugívoros (Castro e Galetti, 2004) de sementes, ocasionalmente agindo
Evidências estão sendo lentamente obser- também como dispersores efetivos de plan-
vadas de que eles podem ser importantes tas tropicais, por carregarem sementes de
mutualistas em muitas regiões tropicais e um local para outro para estocagem, além
temperadas (Olesen e Valido, 2003). disso, as sementes ingeridas que passam
Entre os lagartos, muitas espécies se por seu trato digestivo não perdem seu poder
alimentam de frutos, destacando-se as germinativo, como pode ser comprovado por
famílias Gekkonidae, Scincidae, Iguanidae, Azambuja et al. (2007).
Lacertidae, Varanidae e Teiidae (Cooper e Alonso-Paz et al. (1995), em áreas de
Vitt, 2002). Na família Teiidae, existem rela- planícies abertas no Uruguai, encontraram
tos do consumo de frutos por Ameiva, grande quantidade de sementes de Butia
Cnemidophorus, Kentropyx (Vitt et al., 2001; (Butia capitata) dispersadas através das
Cooper et al., 2002) e principalmente fezes de cachorro-do-mato (Cerdocyon
Tupinambis (Mercolli e Yanosky, 1994). thous). Rocha et al. (2004) estudando, em
Castro e Galetti (2004), estudando a Londrina-PR, o cachorro-do-mato como
frugivoria e edispersão de sementes pelo dispersor de sementes, constataram que o
lagarto teiú Tupinambis merianae, verificaram mesmo dispersa nove diferentes espécies
que os mesmos possuem uma dieta gneralista, de plantas, com relevante importância para
podendo agir como importantes dispersores a germinação de algumas sementes que
de sementes em florestas semidecíduas do passaram pelo trato digestivo do animal, o
sudeste do Brasil Assim, segundo estes que o caracteriza como importante dispersor
mesmos autores, estes animais podem ser de sementes. Alémdisso, como este animal
dispersores de sementes de diversas sobrevive em áreas degradadas, age como
espécies vegetais, devido ao grande núme- grande agente de recuperação destas áreas.
ro de sementes e frutos encontrados em seu Entre os mamíferos, os morcegos se
no sistema digestivo. destacam por serem os dispersores mais
importantes, podendo carregar sementes
DISPERSÃO DE SEMENTES POR MAMÍFEROS por 10 km (Phyllostomidae) ou até 50 km
(MAMALIOCORIA) (Pteropodidae) (Fleming e Sosa, 1994).
Os mamíferos constituem um dos gru- Segundo Gardner (1977), os morcegos

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 46.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

podem dispersar sementes de pelo menos (Guimarães Jr. e Galetti, 2001), os ruminantes
96 gêneros e 49 famílias de plantas nas domésticos têm sido apontados como os
regiões tropicais. Eles podem dispersar cen- principais vetores de dispersão de um gran-
tenas de sementes por noite (Fleming e de número de espécies de plantas. Princi-
Sosa, 1994) e milhares em um período de palmente porque, durante séculos, as
frutificação. Diversos estudos demonstram pastagens foram cultivadas com grande
a importância de morcegos frugívoros na número de variedades de espécies vegetais,
regeneração de ecossistemas florestais com os ruminantes normalmente se alimen-
(Charles-Dominique, 1991; Whittaker e tando dessas plantas, como é demonstrado
Jones, 1994; Medellín e Gaona, 1999). Desta através de numerosos estudos (Bonn e
forma, estes animais são imprescindíveis e Poschlod, 1998a).
necessários na conservação das florestas Depois da extinção de numerosos "gran-
tropicais (Sato et al., 2008). Bizerril et al. des mamíferos", há cerca de 10 mil anos
(2005) analisando fezes de antas (Tapirus (Guimarães Jr. e Galetti, 2001), os ruminantes
terrestris), coletadas em 6 áreas de cerrado domésticos têm sido apontados como os
no Brasil Central e no zoológico de Brasília, principais vetores de dispersão de um gran-
constataram que este animal é potencial de número de espécies de plantas. Princi-
dispersor de sementes, pois é importante palmente porque, durante séculos, as
consumidor de frutos do cerrado e as pastagens foram cultivadas com grande
sementes excretadas em suas fezes têm alta número de variedades de espécies vegetais,
porcentagem de germinação. Primatas com os ruminantes normalmente se alimen-
representam uma porção significativa dos tando dessas plantas, como é demonstrado
frutívoros vertebrados nas comunidades através de numerosos estudos (Bonn e
tropicais (Garber e Lambert, 1998). Poschlod, 1998a, Levine e Murrell, 2003;
Segundo McConkey (2000), os primatas Andrade et al., 2005).
possuem importância como agentes Particularmente com relação aos
dispersores, pois ingerem grande número ruminantes domésticos (bovinos, bubali-
de sementes dos frutos que consomem que nos, caprinos e ovinos) existem trabalhos
permanecem viáveis após serem eliminadas que observaram a germinação de sementes
nas fezes (Chapman, 1989). Todavia, de nas fezes destas espécies (Santos, 1999;
acordo com Figueiredo (1993) e Lapenta Rodrigues, 2002) e outros que trataram de
(2002), em geral os primatas não apresentam estudar a dispersão de sementes, propriamente
um efeito consistente na germinação de dita (Bray et al., 1998; Michael et al., 2006).
sementes, pois beneficiam apenas algumas Contudo, no Brasil, os trabalhos não tratam
espécies, enquanto prejudicam a porcentagem o assunto como dispersão, abordam apenas
e/ou o tempo da germinação de outras. a germinação de sementes recuperadas em
Lapenta (2002) estudou o papel do mico- fezes bovinas e ovinas (Machado et al.,
leão-dourado (Leontopithecus rosalia) 1997; Rosito et al., 2000). Outros trabalhos
como dispersor de sementes, na reserva tratam a dispersão de sementes por bovinos
ecológica União/IBAMA, Rio das Ostras- como um problema, pois admitem apenas a
RJ, e verificou que este animal é responsável dispersão acidental de plantas daninhas ou
pela dispersão de 57 espécies de árvores e eventual intoxicação de bovinos por
de pelo menos 17 famílias. sementes (Tokarnia, et al. 2000; Afonso e
Pott, 2001). Em contraste com a necessidade
Dispersão por ruminantes domésticos em óbvia de migrações de plantas e dispersores
pastagens específicos (Cain et al., 1998, 2000; Clark et
Depois da extinção de numerosos "gran- al., 1998; Pakeman, 2001), a relevância da
des mamíferos", há cerca de 10 mil anos dispersão de sementes por ruminantes do-

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 47.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

mésticos em pastagens é raramenteenfatizada Até agora, apenas algumas sementes de


para a manutenção da biodiversidade de espécies tropicais foram submetidas ao tra-
plantas e qualidade das pastagens (Fischer to digestivo de bovinos, tendo sido obser-
et al., 1996; Bonn e Poschlod, 1998a,b; vado que entre 2 e 53% das mesmas
Poschlod e Bonn, 1998). permaneceram viáveis (Simão Neto et al.,
Todavia, a dispersão de sementes por 1987; Deminicis, 2005, Silva, T.O. et al.,
ruminantes pode afetar a estrutura ecoló- 2007). Por isso, a sobrevivência das
gica das pastagens (Janssen, 1992). Em sementes após passagem pelo trato diges-
conseqüência deste fato, pode ocorrer tivo dos ruminantes é fator de grande
diferenciação crescente das espécies nas relevância para a dinâmica populacional de
pastagens e, em longo prazo, a extinção espécies forrageiras numa pastagem. Um
local de algumas espécies, com perdas grande número de sementes sobrevive a
crescentes, por causa da competição que essa passagem e, posteriormente, é disper-
algumas espécies invasoras impõem. Por sa em diferentes áreas. Assim, esses animais
um lado, a falta de adubação de pastagens podem ser utilizados para introduzir uma ou
pode ser compensada pela deposição natu- mais espécies desejáveis em pastagens,
ral do esterco dos bovinos na pastagem disseminando sementes por um método natu-
(Abel, 1978). Apesar dos danos sofridos ral, mas também podem ser responsáveis pela
pelas sementes na passagem através do disseminação de espécies não desejáveis em
trato digestivo dos ruminantes e na novas áreas (Gardener, 1993).
decomposição das fezes, as mesmas podem Diante deste fato, fica óbvio a grande
germinar e colonizar determinadas áreas com importância do potencial de dispersão de
algumas espécies vegetais. No trato diges- espécies de vegetais por endozoocoria,
tivo ocorre um processo anaeróbico, realiza- principalmente por bovinos. Portanto, são
do por bactérias proteolíticas e celulolíticas, de extrema relevância, no contexto da
além de um processo enzimático ligado ao conservação e recuperação de pastagens,
abomaso e intestino grosso, no qual as os estudos que têm o intuito de entender as
sementes são banhadas em ácido (pH 2-5) e variações das comunidades vegetais e pre-
enzimas proteolíticas, amilolíticas e lipolíticas ver a biodiversidade vegetal em uma
(Teixeira, 1997). Na placa fecal, a germinação pastagem. Porém, até hoje, a quantificação
das sementes é afetada pelo processo de do potencial de dispersão de espécies
decomposição da matéria orgânica, efetuada vegetais não é possível, pois há baixo nú-
pela ação de fatores abióticos, isto é, tempe- mero de estudos e pesquisas.
ratura, umidade, precipitação e luz (Carvalho
et al., 2000), pela ação de certos organis- Avaliação do potencial de dispersão de
mos, como fungos e bactérias, e de um certo espécies vegetais através de ruminantes
número de insetos (Blume, 1984; Catts e A dispersão de sementes após passagem
Goff, 1992). Na estação chuvosa, as pelo sistema digestivo de ruminantes é um
sementes germinam sob alta umidade. Na mecanismo natural importante em pastagens.
estação seca, ou ambientes secos, a A avaliação do potencial de dispersão de
germinação na placa fecal será fortemente plantas é então crucial no contexto de
afetada, justamente pelo prolongado perío- conservação e recuperação de pastagens.
do de desidratação da placa (Gardener et Porém, métodos para avaliar este potencial
al.,1993a, b). Apesar dessas informações são restritos (Bonn, 2004), de maneira que.
certamente serem úteis, elas não são poucas espécies foram testadas.
conclusivas, pois a sobrevivência de Contudo, foram testadas várias metodo-
sementes de várias espécies, após passagem logias para achar uma alternativa mais fácil
pelo trato digestivo, é pouco conhecida. e rápida para avaliar o potencial de dispersão

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 48.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

de sementes. A maioria dos estudos é das sementes, após passagem pelo trato di-
baseada em experiências de bovinos e ovi- gestivo destes animais (Bonn, 2004).
nos com sementes introduzidas em sua Apesar dos déficits de aproximações
alimentação. A mastigação, digestão micro- existentes que tentam simular a digestão,
biana e química são considerados os três uma aproximação experimental parece ser o
passos básicos do sistema digestivo dos modo mais exato para quantificar potencial
ruminantes que devem ser simulados in vitro. de dispersão de sementes por endozoocoria.
De acordo com Bonn (2004) a mastigação Porém, é clara a relevância de ensaio em
simulada (tensão mecânica por uma barra de degraus, considerando uma aquisição
ferro) e a digestão ácida (imersão em 0,1 M contínua de dados, de sobrevivência das
de HCl por 8 horas) apresentam alta sementes ao sistema digestivo dos
correlação com os resultados obtidos ruminantes. Embora a sobrevivência após
através de ensaios in vivo em ovinos e digestão in vitro apresente a melhor
bovinos. Para leguminosas e outras espécies correlação com a germinação nas fezes, esta
com dormência física, a determinação da metodologia não deve ser usada exclusiva-
proporção de sementes duras é proposta mente para essa avaliação, pois pode
como um método alternativo para avaliar superestimar ou subestimar a resposta de
potencial de dispersão. algumas espécies.Uma semente pode morrer
Embora, alguns estudos tenham obser- durante a digestão em ruminantes pela destru
vado correlações entre algumas caracterís- içãopela ação da mastigação dos dentes,
ticas das sementes e a taxa de sobrevivência pelos processos microbianos e químicos,
das mesmas após passagem pelo trato di- ou ainda, por simples inibição dos sucos
gestivo de ruminantes (Simão Neto et al., digestivos. Desta forma, ocorre baixa
1987; Russi et al,. 1992), como a massa das correspondência entre taxas de sobrevivência
sementes (Thomson et al. 1990), e a de sementes submetidas à digestão in vivo
gravidade especifica (Gardener et al., 1993a), e às submetidas àdigestão in vitro. Por
o grau de confiança nestas correlações ainda exemplo, o efeito da mastigação durante a
é insuficiente para prever o potencial de apreensão dos alimentos e/ou durante a
dispersão de sementes de diversas espécies ruminação pode ser perdida em métodos de
vegetais por endozoocoria, justamente por simulação existentes in vitro. Além disso, a
conta da diversidade observada entre a maioria quebra mecânica de partículas é uma
das sementes das espécies estudadas. condição prévia importante para uma
Uma alternativa experimental para digestão adequada dos alimentos pela mi-
avaliação do potencial de dispersão de crobiota ruminal. Por outro lado, ensaios
sementes por endozoocoria tem sido utiliza- de digestão ruminal associados à tensão
da com certo grau de sucesso, e é baseada mecânica das sementes podem ser úteis
em métodos de digestão simulada in vivo, para melhorar as correlações entre em taxas
in situ e in vitro (Ocumpaugh e Swakon, de sobrevivência das sementes, após
1993; Stern et al., 1997; Godínez-Alvarez e passagem pelo trato digestivo dos ruminantes
Valiente-Banuet, 1998; Remešová, 2000, (Mcallister e Cheng, 1996).
Deminicis, 2005, Deminicis et al, 2008).
Porém, a maioria destes estudos foi apenas PROCESSO DE DISPERSÃO DE
com gramíneas e leguminosas, ou incluiu
SEMENTES ENTRE HABITATS
apenas um passo da digestão com líquido
ruminal de animais fistulados, o que é Várias hipóteses a respeito do processo
indesejável como um método padrão para de dispersão de sementes entre habitats
outros estudos, pois apresentaram correlações foram resumidas por Zobel (1998) e a maioria
não satisfatórias com taxas de sobrevivência destas hipóteses assume que todas as

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 49.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

espécies têm a mesma mobilidade ou, até objetivo de produção de madeira e/ou
mesmo, que todas as espécies podem produção animal (leite ou carne); Pastejo
alcançar todos os habitats, e que a riqueza de temporário em áreas de lavoura após colheita/
espécies vegetais em diferentes ecossistemas queima e/ou terrenos que encharcam duran-
é considerada função de fatores abióticos te certa época do ano; Pastejo em áreas de
como água, nutrientes e luz, bem como de rotação de culturas; Pastejo em áreas com
fatores bióticos, como os microrganismos plantio de inverno, usadas no verão com
do solo (Van Der Pijl, 1982; Ozinga et al., lavoura.
1997). Embora seja óbvio e improvável que Desta forma, os ruminantes domésticos
isto possa ocorrer, a maioria dos pesquisadores conectam não só as áreas de lavouras e
mantém a crença nessa possibilidade. pastagem, mas também brejos, turfeiras
As paisagens naturais são caracteriza- (regiões com solos impermeáveis e mais de
das por grande variedade de espécies 70% de matéria orgânica) e florestas.
animais e vegetais, que, em sua maioria, Contudo, a maioria destas conexões está
estão conectadas através de processos de reduzida ou mesmo limitada, justamente pela
dispersão de sementes (Pott, 1988). Por profissionalização da pecuária com a
exemplo, áreas cultivadas com lavouras e utilização de forrageiras melhoradas,
posteriormente utilizadas como pastagens, pastoreio com lotação rotativa, irrigação
são normalmente, dependendo de fertilidade das pastagens e uso de pesada adubação
do solo, reabitadas por espécies nativas da química (Burrichter et al. 1993).
região (Selter, 1995). Bonn e Poschlod
(1998a) observaram que, após a colheita de APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES ATUAIS
trigo durante anos e, posteriormente utiliza- DA DISPERSÃO DE SEMENTES
da como pastagem, foi constatada a presença
de diversas espécies da floresta antecessora Até pouco tempo atrás, a dispersão de
ou de reservas próximas. A irrigação também sementes não era discutida como fator
é responsável pela conexão entre habitats, limitante à viabilidade de populações
pois utiliza fontes de água que podem conter vegetais (Fenner, 1992). Porém, com a
sementes de espécies de outros habitats. fragmentação crescente de habitats naturais,
Lagoas artificiais ou açudes são estabelecidos a dispersão tem sido identificada como um
em fazendas para suprir a demanda de fator de importância fundamental na
irrigação e, assim, além da água, o esterco de sobrevivência de várias espécies, tanto
curral e de esterqueiras que são utilizados na vegetais quanto animais, pois garante a
fertirrigação pode contribuir na dispersão/ manutenção do manutenção do ambiente
introdução de espécies nestas áreas natural (Opdam, 1990). Desde que o conceito
(Kleinschmidt e Rosenthal, 1995). de metapopulação (grupo de populações da
Levando em conta que os ruminantes mesma espécie, separadas espacialmente e
domésticos sempre foram criados em flores- que podem interagir de algum modo)
tas ou em sua sucessão, podem ser conside- começou a ser utilizado para interpretar a
rados, provavelmente, como os vetores mais dinâmica e analisar a viabilidade de
importantes na dispersão de espécies entre populações de plantas, tem sido discutida a
habitats (Burrichter et al., 1993). A atividade importância da dispersão neste processo
pecuária de ruminantes é praticada até os (Silvertown e Lovett-Doust, 1993).
dias atuais que, com suas variações, são Desde que o conceito de metapopulação
definidas de forma mais moderna como: Pastejo (grupo de populações da mesma espécie,
de forrageiras em bosques e sub-bosques; separadas espacialmente e que podem
Pastejo em sistemas agrosilvipastoris, com interagir de algum modo) começou a ser

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 50.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

utilizado para interpretar a dinâmica e Tränkle e Poschlod, 1995; Biewer e Poschlod,


analisar a viabilidade de populações de plan- 1996).
tas, tem sido discutida a importância da
dispersão neste processo (Silvertown e CONSIDERAÇÕES FINAIS
Lovett-Doust, 1993).
Considerando que a discussão era A dispersão de sementes por animais é
ultraconservadora, a dispersão era consi- uma atividade ecológica fundamental e
derada apenas em caráter ecológico. Nos comum nas regiões tropicais do mundo todo.
dias atuais ficou mais claroque nas Este mecanismo ajuda a manter pastagens,
paisagens artificiais (lavouras, pastagens e bosques e florestas vivas e ricas em ambien-
florestas plantadas), os vetores de sementes, tes que, muitas vezes, sofreram degradação
combinados com práticas racionais de uso por uso indevido do solo e/ou manejo
do solo, são a chave da sustentabilidade inadequado. A compreensão da dispersão
dos sistemas produtivos e do respeito ao de sementes, aliada ao conhecimento das
meio ambiente (Bonn e Poschlod, 1998a,b; características das plantas que se pode dis-
Poschlod e Bonn, 1998). Assim, a revisão persar em determinadas áreas é uma ferramenta
das diferentes práticas de uso do solo mostra extremamente útil para a conservação/
que há uma forte tendência para a percepção manutenção de áreas em equilíbrio, além da
ambiental, na tentativa de compreender o recuperação de áreas degradadas. Desta for-
processo dinâmico evolutivo, que deve cada ma, assumindo que os ruminantes domésti-
vez mais, associa os componentes de mane- cos (bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos)
jo, as espécies vegetais nativas de cada são, atualmente, os vetores de dispersão
região, o processo de dispersão e vetores, mais importantes para espécies de plantas
em cada sistema de produção. Por isso, além herbáceas em pastagens, especialmente com
da polinização, a dispersão é um importante respeito a longas distâncias, e levando em
fator na manutenção do fluxo gênico das conta que esses animais são extremamente
populações e indivíduos e, então, não é só difundidos em todo o Brasil, sendo criados,
uma chave importante para a sobrevivência além das pastagens "solteiras", em sistemas
em longo prazo de populações vegetais, agroflorestais, em sistemas de integração
dos sistemas de produção agrícola, pecuário lavoura-pecuária e pastagens consorciadas,
e florestal, mas também para o planeta. Desta têm papel de grande importância nestes siste-
forma, o seu uso deve ser considerável em mas de produção.
todos os sistemas de produção agropecuários Vários estudos sobre a dispersão de
e florestais, para conservação ambiental sementes vêm sendo desenvolvidos nos
(Kwak et al., 1998, Oostermeijer et al., 1996). trópicos, especialmente estudos com aves,
Mesmo que os processos de dispersão não morcegos e estudos de frugivoria, entretan-
possam ser restabelecidos totalmente, está to pouco se conhece sobre a dispersão de
claro que qualquer esforço em promover sementes por bovinos, bubalinos, caprinos
seu uso local ou regional tem grande e ovinos e as interações animais-plantas
relevância na manutenção das espécies nas pastagens e nos sistemas agroflorestais
animais e vegetais (Poschlod et al., 1998; brasileiros.

BIBLIOGRAFIA
Abel, W. 1978. Geschichte der deutschen tóxicas para bovinos. 1ª ed. Embrapa, Informação
Landwirtschaft vom frühen Mittelalter bis zum, Tecnológica. Brasília. Embrapa Gado de Corte.
19. Jahrhundert. 3ª ed. Ulmer. Stuttgart. 333 p. Campo Grande. 51 p.
Afonso, E. e A. Pott. 2001. Plantas no Pantanal Alonso-Paz, E., R. Rodriguez-Mazzini y M. Clara.

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 51.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

1995. Dispersión de la "palma butiá" (Butia Benth. (leguminosae) by the lowland tapir in the
capitata) por el "zorro de monte" (Cerdocyon cerrado of central Brazil. Braz. J. Biol., 65: 407-
thous) en montes nativos de la Reserva de 413.
Biosfera Bañados del Este, Uruguay. Comuni- Blume, R.R. 1984. Parasites of Diptera associated
caciones Botánicas del Museo de Historia whith bovine droppings on a pasture in east
Natural de Montevideo, 104: 1-4. central Texas. Southw. Entomol., 11: 215-22.
Andersen, M. 1991. Mechanistic models for the Bonn, S. 2004. Dispersal of plants in the Central
seed shadows of wind-dispersed plants. Amer. European landscape. Dispersal processes and
Naturalist, 137: 476-497. assessment of dispersal potential exemplified
Andrade, L.A., F.X. Oliveira e F.C. Ramalno. 2005. for endozoochory. Dissertation (Doktorgrades
Avaliação dos impactos causados pela algaroba der Naturwissenschaften). Universität Regens-
(Prosopis julifora Sw.D.C.), sobre a fitodiversidade burg. Stuttgart. Germany. 156 p.
e a estrutura da caatinga. (Relatório de Pesquisa Bonn, S. und P. Poschlod. 1998a. Ausbreitungs-
do Projeto, financiado pela Fundação o Boticário biologie der Pflanzen Mitteleuropas. Grundlagen
de Proteção a Natureza). 80 p. und kulturhistorische Aspekte. Quelle und Meyer.
Araújo-Lima e C.M. Goulding. 1998. Os frutos do Wiesbaden. 404 p.
tambaqui: ecologia, conservação e cultivo na Bonn, S. und P. Poschlod. 1998b. Bedeutung
Amazônia. Sociedade Civil Mamirauá/CNPq. dynamischer Prozesse für die Ausbreitung von
Brasília. 186 p. Pflanzenarten seit dem Postglazial. Schrift. f.
Augspurger, C.K. and S.E. Franson. 1987. Wind Landschaftsp. Natursch., 56: 147-171.
dispersal of artificial fruits varying in mass, Bray, S.G., L. Cahill, C.J. Paton, L. Bahnisch and R.
area, and morphology. Ecology, 68: 27-42. Silcock. 1998. Can cattle spread giant rats tail
Azambuja, B.O., D.O. Lima, V.L. Camilotti e N.C. grass seed (Sporobolus pyramidalis) in their
Cáceres. 2007. Dispersão de sementes por feces? Proceedings... Australian Agronomy
pequenos roedores na encosta da serra geral, Conference, 9. Wagga Wagga. Australia.
Rio Grande do Sul. In: Congresso de Ecologia do Burrichter, E., J. Hüppe und R. Pott. 1993.
Brasil, 8. Anais... Sociedade de Ecologia do Agrarwirtschaftlich bedingte Vegetations-
Brasil. Caxambu-MG. bereicherung und -verarmung in historischer
Bancroft, G.T., A.M. Strong and M. Carrington. Sicht. Phytocoenologia, 23: 427-447.
1995. Deforestation and its effects on forest- Cain, M.L., H. Damman and A. Muir. 1998. Seed
nesting birds in the Florida Keys. Conserv. Biol., dispersal and the holocene migration of
9: 835-844. woodland herbs. Ecol. Monogr., 68: 325-347.
Berg, R.Y. 1983. Plant distribution as seen from Cain, M.L., B.G. Milligan and A.E. Strand. 2000.
plant dispersal: General principles and basic Long-distance seed dispersal in plant
modes of plant dispersal. Sonderband populations. Amer. J. Bot., 87: 1217-1227.
naturwissenschaftlicher Verein Hamburg. 7: Carvalho, N.M. e J. Nakagawa. 2000. Sementes:
13-36. ciência, tecnologia e produção. 4ª ed. FUNEP.
Biewer, H. und P. Poschlod. 1996. Wiederver- Jaboticabal. 588 p
nässung und Wiederherstellung artenreicher Carvalho, L.M.L., P.J. Thyssen, A.X. Linhares and
Feuchtwiesen im Naturschutzgebiet "Südliches F.A.B. Palhares. 2000. A checklist of arthropods
Federseeriet" (vegetationskundlicher Teil). associated with pig carrion and human corpses
Keimung und Etablierung von Arten nach Ansaat in Southeastern Brazil. Mem. Inst. Oswaldo
und Mähgutausbringung. Veröffentlichungen Cruz, 95: 135-38.
PAÖ, 16: 205-216. Castro, E.R.C. e M. Galetti. 2004. Frugivoria e
Bill, H.C., P. Poschlod, M. Reich and H. Plachter. dispersão de sementes pelo lagarto teiú
1999. Experiments and observations on seed Tupinambis merianae (Reptilia: Teiidae). Pap.
dispersal by running water in an alpine Avuls Zool., 44: 91-97.
floodplain. Bull. Geobot. Inst. ETH, 65: 13-28. Catts, E.P. and M.L. Goff. 1992. Forensic
Bizerril, M.X.A., F.H.G. Rodrigues and A. Hass. entomology in criminal investigations. Annu. Rev.
2005. Fruit consumption of Dimorphandra mollis Entomol., 37: 253-72.

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 52.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

Cavariani, C., J. Nakagawa e E.D. Velinil. 1994. Óleos, Gorduras e Biodiesel, 2. Brasília. Anais...
Mistura de fertilizantes fosfatados com sementes BIPTI. Brasília-DF.
de Brachiaria decumbens Stapf e Brachiaria Dansereau, P. and K. Lems. 1957. The grading of
brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf. Rev. dispersal types in plant communities and their
Bras. Sem., 16: 163-167. ecological significance. Contributions de l'Institut
Cazzeta, E., P. Rubim, V.O. Lunardi, M.R. Francis- Botanique de l'Université de Montréal, 71: 1-52.
co e M. Galetti. 2002. Frugivoria e dispersão de Deminicis, B.B. 2005. Germinação de sementes de
sementes de Talauma ovalata (Magnoliaceae) leguminosas forrageiras tropicais sob tratamentos
no sudeste brasileiro. Ararajuba, 10: 199-206. químicos, físicos e biológicos. Dissertação
Cazetta, C. e M. Galetti. 2007. Frugivoria e (Mestrado em Zootecnia). Universidade Fede-
especificidade por hospedeiros na erva-de- ral Rural. Rio de Janeiro. UFRRJ. Seropédica,
passarinho Phoradendron rubrum (L.) Griseb. RJ. 47 p.
(Viscaceae). Rev. Bras. Bot., 30: 345-351. Deminicis, B.B., H.D. Vieira, J.F. Coelho da Silva,
Chapman, C. 1989. Primate seed dispersal: The S.A.C. Araújo, H.M. Vásquez, F.N. Lista e M.C.
fate of dispersed seeds. Biotropica, 21: 148- Blume. 2008. Sobrevivência de sementes de
154. leguminosas forrageiras tropicais submetidas
Charles-Dominique, P. 1991. Feeding strategy and à degradabilidade in situ. In: Congresso Inter-
activity budget of the frugivorous bat Carollia nacional de Zootecnia, 10., Anais... Universidade
perspicillata (Chiroptera: Phyllostomidae) in Federal. Paraíba. João Pessoa-PB.
French Guiana. J. Trop. Ecol., 7: 243-256. Dubost, G. 1988. Ecology and social life of the red
Clark, J.S., C. Fastie, G. Hurtt, S.T. Jackson, C. acouchy, Myoprocta exilis. Comparisons with
Johnson, G.A. King, M. Lewis, J. Lynch, S. the orange-rumped agouti, Dasyprocta leporina.
Pacala, C. Prentice, E.W. Schupp, T. Webb and J. Zool., 214: 107-123.
P. Wyckoff. 1998. Reid's Paradox of rapid plant Fenner, M. 1992. Seeds. The ecology of
migration. Dispersal theory and interpretation of regeneration in plant communities. CAB
paleoecological records. Bioscience, 48: 13- International. Wallingford. 373 p.
24. Figueiredo R.A. 1993. Ingestion of Ficus enormis
Claro-JR, L., F. Ferreira, J. Zuanon e C. Araújo- by howler monkeys (Alouatta fusca) in Brazil:
Lima. 2004. O efeito da floresta alagada na efects on seed germination. J. Trop. Ecol., 9:
alimentação de três espécies de peixes onívoros 541-543
em lagos de várzea da Amazônia Central, Bra- Fischer, S.F., P. Poschlod and B. Beinlich. 1996.
sil. Acta Amazon., 34: 133-137. Experimental studies on the dispersal of plants
Cooper, W.E., J.P. Caldwell, L.J. Vitt, V. Perez- and animals on sheep in calcareous grasslands.
Mellado and T.A. Baird. 2002. Food-chemical J. Appl. Ecol., 33: 1206-1222.
discrimination and correlated evolution between Fleming, T.H. and V. Sosa. 1994. Effects of
plant diet and plant-chemical discrimination in nectarivorous and frugivorous mammals on
lacertiform lizards. Can. J. Zool., 80: 655-663. reproductive success of plants. J. Mammal.,
Cooper, W.E. and L.J. Vitt. 2002. Distribution, 75: 845-851.
extent, and evolution of plant consumption by Francisco, M.R. e M. Galetti. 2002. Aves como
lizards. J. Zool., 257: 487-517. potenciais dispersoras de sementes de Ocotea
Cordeiro, N. and H. F. Howe. 2003. Forest pulchella Mart. (Lauraceae) numa área de
fragmentation severs mutualism between seed vegetação de cerrado do sudeste brasileiro.
dispersers and an endemic African tree. Proc. Rev. Bras. Bot., 25: 11-17.
Nat. Acad. Sci. (USA), 100: 14052-14054. Francisco, MR., V.O. Lunardi and M. Galetti. 2007.
Costa, F.X., N.E.M. Beltrão, L.S. Severino, V.L.A. Bird attributes, plant characteristics, and seed
Lima, M.M.B. Guimarães e A.M.A. Lucena. 2006. dispersal of Pera glabrata (Schott, 1858),
Resposta do efeito da compactação do solo (Euphorbiaceae) in a disturbed cerrado area.
adubado com torta de mamona nos macro- Bras. J. Biol., 67: 627-634.
nutrientes das folhas da mamoneira. In: Frey, W. und I. Hensen. 1995. Lebensstrategien
Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, bei Pflanzen: ein Klassifizierungsvorschlag. Bot.

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 53.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

Jahrb., 117: 187-209. Grime, J.P., J.G. Hodgson and R. Hunt. 1988.
Galetti, M. e M.R. Francisco. 2002. Aves como Comparative plant ecology: A functional
potenciais dispersoras de Ocotea pulchella approach to common British species. Unwin
Mart. (Lauraceae) numa área de vegetação de Hyman. London. 742 p.
cerrado do sudeste brasileiro. Rev. Bras. Bot., Guimarães Jr., P. and M. Galetti. 2001. Frutos
25: 11-17. dispersos por mamíferos extintos. Ciência Hoje,
Galetti, M. and M.A. Pizo. 1996. Fruit eating by birds 29: 83-85.
in a forest fragment in southeastern Brazil. Handel, S.N. and A.J. Beattie. 1990. Seed dispersal
Ararajuba, 4: 71-79. by ants. Sci. Amer., 263: 76-83.
Garber, P.A. and J.E. Lambert. 1998. Introduction Hansson, L., L. Söderström and C. Solbreck. 1992.
to primate dispersal. Primate as seeds The ecology of dispersal in relation to
dispersers: Ecological processes and directions conservation. In: Hansson, L. (Ed.) Ecological
for future research. Amer. J. Primatol., 45: 3- principles of nature conservation. Elsevier
8. Applied Science. London. p. 162-200.
Gardener, C.J. 1993. The colonization of a tro- Hartmann, E., H. Schuldes, R. Kübler und W.
pical grassland by Stylosanthes from seed Konold. 1995. Neophyten. Biologie, Verbreitung
transported in cattle faeces. Austr. J. Agric. und Kontrolle ausgewählter Arten. Ecomed.
Res., 44: 299-315. Landsberg. 302 p.
Gardener, C.J., J.G. Mcivor and A. Jansen. 1993a. Hodkinson, D.J. and K. Thompson. 1997. Plant
Passage of legume and grass seeds through dispersal: The role of man. J. Appl. Ecol., 34:
the digestive tract of cattle and their survival in 1484-1496.
faeces. J. Appl. Ecol., 30: 63-74. Hoppe, J.M. e R. Witschoreck. 2004. Sementes e
Gardener, C.J., J.G. Mcivor and A. Jansen. 1993b. mudas florestais. In: Aspectos silviculturais e
Survival of seeds of tropical grassland species ecológicos dos plantios florestais. UFSM. Santa
subjected to bovine digestion. J. Appl. Ecol., 30: Maria. p. 27-40.
75-85. Horvitz, C.C. and D.W. Schemske. 1986. Seed
Gardner, A.L. 1977. Feeding habits. Special dispersal of a neotropical myrmecochore:
publications of Museum. Texas Tech University. variation in removal rates and dispersal distance.
13: 293-350. Biotropica, 18: 319-323.
Ghersa, C.M., M.A. Matinez-Ghersa, E.H. Satorre, Husband, B.C. and S.C.H. Barrett. 1996. A
M.L. Van Esso and G. Chichotky. 1993. Seed metapopulation perspective in plant population
dispersal, distribution and recruitment of biology. J. Ecol., 84: 461-469.
seedlings of Sorghum halepense (L.) Pers. Iverson, J.B. 1985. Lizards as seed dispersers?
Weed Res., 33: 79-88. J. Herpetol., 19: 292-293.
Godínez-Alvarez, H. and A. Valiente-Banuet. Janssen, C. 1992. Flora und Vegetation von
1998. Germination and early seedling growth of Halbtrockenrasen (Festuco-Brometea) im
Tehucan Valley cacti species: the role of soils nördlichen Harzvorland Niedersachsens unter
and seed ingestion by dispersers on seedling besonderer Berücksichtigung ihrer Isolierung in
growth. J. Arid Environm., 39: 21-31. der Agrarlandschaft. Braunschw. Geobot. Arb.,
Gomiero, L.M. and F.M.S. Braga. 2003. O lambari 2: 1-216.
Astyanax altiparanae (Characidae) pode ser Jenny, M. 1991. Diasporenausbreitung in ariden
um dispersor de sementes? Acta Sci. Biol. Sci., Standorten und ihre Klassifikation am Beispiel
25: 353-360. einer Annuellenflur im Wadi Araba (Jordanien). In:
Greene, D.F. and E.A. Johnson. 1992. Fruit B. Schmid, J. Stöcklin, (eds.) Populationsbiologie
abscission in Acer saccharinum L. with der Pflanzen. Birkhäuser. Basel. p. 36-52.
reference to seed dispersal. Can. J. Bot., 70: Johnson, W.C. 1988. Estimating the dispersability
2277-2283. of Acer, Fraxinus and Tilia in fragmented
Greene, D.F. and E.A. Johnson. 1993. Seed mass landscapes from patterns of seedling esta-
and dispersal capacity in wind-dispersed blishment. Landsc. Ecol., 1: 175-187.
diaspores. Oikos, 67: 69-74. Jordano, P. 2000. Fruits and frugivory. In: Fenner,

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 54.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

M. (Ed.). Seeds, the ecology of regeneration in Lima, R.L.S., L.S. Severino, G.B. Ferreira, M.I.L.
plant communities. CABI. Wallingford. p. 125- Silva, R.C. Albuquerque e N.E.M. Beltrão. 2007.
165. Crescimento da mamoneira em solo com alto
Kauter, D. 2002. "Sauergras" und "Wegbreit"? Die teor de alumínio na presença e ausência de
Entwicklung der Wiesen in Mitteleuropa matéria orgânica. Rev. Bras. Oleagin. Fibr., 11:
zwischen 1500 und 1900. Berichte des Institutes 15-21.
für Landschafts- und Pflanzenökologie der Lord, J.M. and J. Marshall. 2001. Correlations
Universität Hohenheim. Beiheft 14, 226 p. between growth form, habitat, and fruit colour
Kellerer, C. und H. Albrecht. 1996. Ausbreitung in the New Zealand flora, with reference to
von Pflanzen der landwirtschaftlichen frugivory by lizards. N.Z. J. Bot., 39: 567-576.
Nutzflächen durch Rindergülle. Verhandlungen Luftensteiner, H.W. 1982. Untersuchungen zur
GfÖ, 26: 729-736. Verbreitungsbiographie von Pflanzengemein-
Kleinschmidt, C. und G. Rosenthal. 1995. schaften an vier Standorten in Niederösterreich.
Samenbankpotential und Diasporenverdriftung Bibl. Bot., 135: 1-68.
in überschwemmten Feuchtwiesen. Kieler Machado, L.A.Z., R.N. Denardin e A.V.A. Jacques.
Notizen, 23: 40-44. 1997. Percentagem e dureza do tegumento de
Knörzer, K.H. 1971. Urgeschichtliche Unkräuter im sementes de três espécies forrageiras recupe-
Rheinland. Ein Beitrag zur Entstehungsges- radas em fezes ovina. Rev. Bras. Zootecn., 26:
chichte der Segetalgesellschaften. Vegetatio, 42-45.
23: 89-111. Malo, J.E. and F. Suárez. 1995. Herbivorous
Konold, W. und A. Hackel. 1990. Beitrag zur mammals as seed dispersers in a Mediterranean
Geschichte der Streuwiesen und der dehesa. Oecologia, 104: 246-255.
Streuwiesenkultur im Alpenvorland. Zeitschr. f. Marimon, B.S. e J.M. Felfili. 2006. Chuva de
Agrargesch. Agrarsoziol., 38: 176-191. sementes em uma floresta monodominante de
Krügel, M.M., M.I. Burger e M.A. Alves. 2006. Brosimum rubescens Taub. e em uma floresta
Frugivoria por aves em Nectandra megapo- mista adjacente no Vale do Araguaia, MT, Brasil.
tamica (Lauraceae) em uma área de floresta Acta Bot. Bras., 20: 423-432.
estacional decidual no Rio Grande do Sul, Brasil. Mcallister, T.A. and K.J. Cheng. 1996. Microbial
Iheringia, Sér. Zool., 96: 17-24. strategies in the ruminal digestion of cereal
Kwak, M.M., O. Velterop and J. Van Andel. 1998. grains. Anim. Feed Sci. Technol., 62: 29-26.
Pollen and gene flow in fragmented habitats. McConkey, K.R. 2000. Primary seed shadow
Appl. Veg. Sci., 1: 37-54. generated by gibbons in the rain forest of Barito
Lapenta, M.J. 2002. O mico-leão-dourado Ulu, Central Borneo. Amer. J. Primatol., 52: 13-
(Leontopithecus rosalia) como dispersor de 29.
sementes na reserva biológica união/IBAMA, McDonald, D.W. and H. Smith. 1990. Dispersal,
Rio das Ostras, RJ. São Paulo, 2002. dispersion and conservation in the agricultural
Dissertação de Mestrado (Mestrado em ecosystem. In: Bunce, R.G.H., D.C. Howard
Ecologia). Universidade de SãoPaulo. São (Eds.). Species dispersal in agricultural habitats.
Paulo. 96 p. Belhaven Press. London, New York. p. 18-34.
Leal, I.R. and P.S. Oliveira. 1998. Interactions Medellin, R.A. and O. Gaona. 1999. Seed dispersal
between fungus-growing ants (Attini), fruits bats and birds in forests and disturbed habitats
and seeds in cerrado vegetation in southeast of Chiapas, Mexico. Biotropica, 31: 478-485.
Brazil. Biotropica, 30: 170-178. Mercolli, C. and A.A. Yanosky. 1994. The diet of
Levine, J.M. and D.J. Murrel. 2003. The community- adult Tupinambis teguixin (Sauria: Teiidae) in
level consequences of seed dispersal plants. the eastern chaco of Argentina. Herpetol. J., 4:
Annu. Rev. Ecol. Evol. Syst., 34: 549-574. 15-19.
Liebsch, D. 2007. Síndromes de dispersão de Michael, P.J., K.J. Steadman, J.A. Plummer and P.
diásporos de um fragmento de floresta ombrófila Vercoe. 2006. Sheep rumen digestion and
mista em tijucas do sul, PR. Rev. Acad., 5: 167- transmission of weedy Malva parviflora seeds.
175. Austr. J. Exp. Agric., 46: 1251-1256.

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 55.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

Mikich, S.B. and S.M. Silva. 2001. Composição in agricultural habitats. Belhaven Press. London,
florística e fenologia das espécies zoocóricas New York. p. 3-17.
de remanescentes de floresta esta estacional Özer, Z. 1979. Über die Beeinflussung der
semidecidual no centro-oeste do Paraná, Bra- Keimfähigkeit der Samen mancher Grün-
sil. Acta Bot. Bras., 15: 89-113. landpflanzen beim Durchgang durch den
Mrotzek, R., M. Halder und W. Schmidt. 1999. Die Verdauungstrakt des Schafes und nach
Bedeutung von Wildschweinen für die Mistgärung. Weed Res., 19: 247-254.
Diasporenausbreitung von Phanerogamen. Ozinga, W.A., J. Van Andel and A.M.P. Mcdonnell.
Verhandlungen GfÖ, 29: 437-443. 1997. Soil heterogeneity and mycorrhiza as
Müller-Schneider, P. 1977. Verbreitungsbiologie determinants of plant species diversity. Acta
(Diasporologie) der Blütenpflanzen. Veröffent- Bot. Neer., 46: 237-254.
lichungen des Geobotanischen Instituts ETH Pakeman, R. 2001. Plant migration rates and seed
- Stiftung Rübel, 61: 226. dispersal mechanisms. J. Biogeog., 28: 795-
Müller-Schneider, P. 1986. Verbreitungsbiologie 800.
der Blütenpflanzen Graubündens. Veröffent- Pakeman, R.J., G. Digneffe and J.L. Small. 2002.
lichungen des Geobotanischen Instituts ETH Ecological correlates of endozoochory by
- Stiftung Rübel, 85: 261. herbivores. Funct. Ecol., 16: 296-304.
Nascimento, V.L.A., L.L. Souza, J.A. Ferreira, Passos, L. and S.O. Ferreira. 1996. Ant dispersal
W.M. Tomas, P.A.L. Borges, A. Desbiez e A. of Croton priscus (Euphorbiaceae) seeds in a
Takahasi. 2004. Utilização de frutos de acuri tropical semideciduous forest in southeastern
(Attalea phalerata Mart. ex Spreng) por Brazil. Biotropica, 28: 697-700.
cutias (Dasyprocta azarae) no Pantanal da Peternelli, E.F.O., T.M.C. Della-Lucia e S.V. Martins.
Nhecolândia. In: Simpósio Sobre Recursos 2004. Espécies de formigas que interagem com
Naturais e Sócio-Econômicos do Pantanal, as sementes de Mabea fistulifera Mart.
4., Anais... Embrapa Pantanal. Corumbá-MS. (EUPHORBIACEAE). R. Árvore, 28: 733-738.
Nogales, M., J.D. Delgado and F.M. Medina. 1998. Piedade, M.T.F., P. Parolin e W.J. Junk. 2003.
Shrikes, lizards and Lycium intricatum Estratégias de dispersão, produção de frutos e
(Solanaceae) fruits: a case of indirect seed extrativismo da palmeira Astrocaryum jauari
dispersal on oceanic island (Alegranza, Canary Mart. nos igapós do Rio Negro: implicações para
lslands). J. Ecol., 86: 866-871. a ictiofauna. Ecol. Apl., 2: 31-40.
Nogueira, A.C. 2002. Coleta, manejo, armazenamento Pizo, M.A. and I. Simão. 2001. Seed deposition
e dormência de sementes. In: Restauração da patterns and the survival of seeds and seedlings
Mata Atlântica em áreas de sua ocorrência of the palm Euterpe edulis. Acta Oecol., 22:
natural. Embrapa Florestas. Colombo. p. 4552. 229-233.
Ocumpaugh, W.R. and D.H.D. Swakon. 1993. Pizo, M.A., W.R. Silva, M. Galetti and R. Laps. 2002.
Simulating grass seed passage through the Frugivory in coingas of the Atlantic Forest of
digestive system of cattle. A laboratory southeast Brazil. Ararajuba, 10: 177-185.
technique. Crop Sci., 33: 1084-1090. Poschlod, P. and S. Bonn, S. 1998. Changing
Olesen, J.M. and A. Valido. 2003. Lizards as dispersal processes in the central European
pollinators and seed dispersers: an island landscape since the last ice age - an explanation
phenomenon. Trends Ecol. Evol., 18: 177-181. for the decrease of plant species richness in
Oostermeijer, J.G.B., A. Berholz and P. Poschlod. different habitats. Acta Bot. Neer., 47: 27-44.
1996. Genetic aspects of fragmented plant Poschlod, P., S. Kiefer, U. Tränkle, S. Fischer and
populations. In: Settele, J., C. Margules, P. S. Bonn. 1998. Plant species richness in
Poschlod, K. Henle (Eds.). Species survival in calcareous grasslands as affected by
fragmented landscapes. Kluwer. Dordrecht. p. dispersability in space and time. J. Appl. Veg.
92-101. Sci., 1: 75-90.
Opdam, P. 1990. Dispersal in fragmented Pott, R. 1988. Entstehung von Vegetationstypen
populations: The key to survival. In: Bunce, und Pflanzengesellschaften unter dem Einfluß
R.G.H., D.C. Howard (Eds.). Species dispersal des Menschen. Düsseldorfer Geobot. Koll., 5:

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 56.


DISPERSÃO NATURAL DE SEMENTES EM PASTAGENS TROPICAIS

27-54. L.F. Braga e M.P. Sousa. 2003. Síndrome de


Pough, F.H., J.B. Heiser e W.N. Mcfarland. 1993. dispersão em estratos arbóreos em um frag-
A vida dos vertebrados. Atheneu. São-Paulo. mento de floresta ombrófila aberta e densa em
839 p. alta floresta - MT. Revista do Programa de
Remešová, I. 2000. The viability of weed seeds in Ciências Agro-Ambientais, Alta Flor., 2: 1-12.
farmyard manure. Rostl. Výroba 46: 515-520. Sato, T.M., F.C. Passos e A.C. Nogueira. 2008.
Rezende, A.V., G.B.S. Almeida, H.H. Vilela, P.R.C. Frugivoria de morcegos (Mammalia, Chiroptera)
Landgraf, D.A. Nogueira e V.R.S. Correa. 2007. em Cecropia pachystachya (Urticaceae) e seus
Germinação de sementes de gramíneas efeitos na germinação das sementes. Papéis
misturadas ao adubo químico para plantio. In: Avulsos Zool., 48: 19-21.
Congresso de Forragicultura e Pastagens, 2., Schneider, C., U. Sukopp und H. Sukopp. 1994.
Anais... Núcleo de Estudos de Forragicultura e Biologisch-ökologische Grundlagen des
Pastagens. UFLA. Lavras-MG. Schutzes gefährdeter Segetalpflanzen. Schrift.
Rieder, G. 1966. Der Einfluß des Schwemmistes f. Vegetationsk., 26: 1-356.
auf die Unkrautverbreitung und die Anwendung Schumacher, M.V., J.M. Hoppe e J.A. Farias. 2002.
der Tetrazolium-Methode bei Unkrautsamen. Manual de instruções para a coleta e beneficia-
PhD thesis. University of Hohenheim. 119 p. mento, armazenamento e análise de sementes
Rocha, V.J., N.R. Reis e M.L. Sekiama. 2004. Dieta florestais. Projeto Bolsa de Sementes de
e dispersão de sementes por Cerdocyon thous Espécies Florestais - AFUBRA/UFSM. 1. 28 p.
(Linnaeus) (Carnívora, Canidae), em um frag- Selter, B. 1995. Waldnutzung und ländliche
mento florestal no Paraná, Brasil. Rev. Bras. Gesellschaft. Landwirtschaftlicher "Nährwald"
Zool., 21: 871-876. und neue Holzökonomie im Sauerland des 18.
Rodrigues, F.H.G. 2002. Biologia e conservação und 19. Jahrhunderts. Forschungen zur Regio-
do lobo-guará na estação ecológica de águas nal-geschichte, 13: 482.
emendadas, DF. Tese (Doutorado em Ecologia). Severino, L.S., G.B. Ferreira, C.R.A. Moraes, T.M.S.
Universidade Estadual de Campinas. Unicamp. Godim, G.D. Cardoso, J.R. Viriato e N.E.M.
96p. Beltrão. 2006. Produtividade e crescimento da
Rosito, M.J., E. Marchezan e M.G. Rocha. 2000. mamoneira em resposta à adubação orgânica e
Avaliação da coleta e germinação de sementes mineral. Pesq. Agropec. Bras., 41: 879-882.
de duas forrageiras de inverno recuperadas Silva, A., M.B. Figliolia e I.B. Aguiar. 1993. Secagem,
em fezes de bovinos sob pastejo. In: Reunião extração e beneficiamento de sementes. In:
Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Aguiar, I.B., F.C.M. Piña-Rodrigues, M.B.
37., Anais... Sociedade Brasileira de Zootecnia. Figliolia, (Org.). Sementes florestais tropicais.
Viçosa-MG. Associação Brasileira de Tecnologia de
Russi, L., P.S. Cocks and E.H. Roberts. 1992. The Sementes. Brasília. p. 303-332.
fate of legume seeds eaten by sheep from a Silva, P.D., I.R. Leal, R. Wirth and M. Tabarelli. 2007.
Mediterranean grassland. J. Appl. Ecol., 29: Harvesting of Protium heptaphyllum (Aubl.)
772-778. March. Seeds (Burseraceae) by the leaf-cutting
Santo, M.M.E. 2007. Secondary seed dispersal of ant Atta sexdens L. promotes seed aggregation
Ricinus communis Linnaeus (Euphorbiaceae) and seedling mortality. Rev. Bras. Bot., 30: 553-
by ants in secondary growth vegetation in 560.
minas gerais. R. Árvore, 31: 1013-1018. Silva, T.O., J.C.C. Almeida, N.S. Rocha, Z.S. Costa,
Santos, E.F. 1999. Ecologia alimentar e dispersão G.P. Lima, P.H. Grassi, T.C. Ferreira, R.P. Araújo
de sementes pelo lobo-guará (Chrysocyon e J.B.R. Abreu. 2007. Dispersão e germinação
brachyurus) em uma área rural no sudeste do de leguminosas forrageiras tropicais através
Brasil (Carnivora: Canidae). Dissertação das fezes de bovinos. In: Congresso Interna-
(Mestrado em Zoologia). Universidade Estadual cional de Zootecnia, 9., Anais... Universidade
Paulista Júlio de Mesquita Filho. UNESP. Rio Estadual de Londrina. Londrina-PR.
Claro, SP. 68 p. Silvertown, J.W. and J. Lovett-Doust, 1993.
Saravy, F.P., P.J. Freitas, M.A. Lage, S.J. Leite, Introduction to Plant Population Biology.

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 57.


DEMINICIS, VIEIRA, ARAÚJO, JARDIM, PADUA E CHAMBELA NETO

Blackwell. Oxford. 210 p. Thompson, K., K.J. Gaston and S.R. Band. 1999.
Simão Neto, M., R.M. Jones and D. Ratcliff. 1987. Range size, dispersal and niche breadth in the
Recovery of pasture seed fed to ruminants. I. herbaceous flora of central England. J. Ecol.,
Seed of tropical pasture species fed to catle, 87: 150-155.
sheep and goats. Austr. J. Exp. Agric., 27: 239- Tiffney, B.H. 1984. Seed size, dispersal syndromes
246. and the rise of the angiosperms: evidence and
Stender, S., P. Poschlod, E.Vauk-Hentzelt und T. hypothesis. Ann. Miss. Bot. Gard., 71: 565-576.
Dernedde. 1997. Die Ausbreitung durch Tokarnia, C.H., J. Döbereiner e P.V. Peixoto. 2000.
Galloway-Rinder. Verhandlungen GfÖ, 27: 173- Plantas tóxicas do Brasil. Ed. Helianthus. Rio de
180. Janeiro. 310 p.
Stern, M.D., A., Bach and S. Calsamiglia. 1997. Tränkle, U. und P. Poschlod. 1995. Vergleichende
Alternative techniques for measuring nutrient Untersuchungen zur Sukzession von Steinbrü-
digestion in ruminants. J. Anim. Sci., 75: 2256- chen unter besonderer Berücksichtigung des
Naturschutzes-Ergebnisse und Schlußfolgerun-
2276.
gen. Veröffentlichungen PAÖ, 12: 167-178.
Strykstra, R.J., R.M. Bekker and G.L. Verweij.
Van Der Pijl, L. 1982. Principles of dispersal in
1996. Establishment of Rhinanthus angustifolius
higher plants. 3ª ed. Springer-Verlag. New York.
in a successional hayfield after seed dispersal
Vitt, L.J., S.S. Sartorius, T.C.S. Avilla-Pires and
by mowing machinery. Acta Bot. Neer., 45: 557-
M.C. Esposito. 2001. Life at the river's edge:
562.
ecology of Kentropyx altamazonica in Brasilian
Tackenberg, O. 1999. Bedeutung der Ausbreitung
Amazonia. Can. J. Zool., 79: 1855-1865.
von Diasporen durch die Luft bei variablen Waldhoff, D., B. Sant-Paul and U. Furch. 1996.
meteorologischen Bedingungen. Schlussbe- Value of fruits and seeds from the floodplain
richt des Teilprojektes III (FIFB-Verbundprojekt) forests of central Amazonia as food resource
an das BMBF. 137 p. for fish. Ecotropica, 2: 143-156.
Tackenberg, O. 2001. Methoden zur Bewertung Willerding, U. 1986. Zur Geschichte der
gradueller Unterschiede des Ausbreitungs- Ackerunkräuter Mitteleuropas. Göttinger
potentials von Pflanzenarten. Dissert. Bot., 347: Serien zur Vorund Frühgeschichte, 22: 1-369.
1-138. Whittaker, T.J. and S.H. Jones. 1994. The role of
Teixeira, J.C. 1997. Nutrição de ruminantes. frugivorous bats and birds in the rebuilding of a
Edições FAEPE. Lavras. 239 p. tropical forest ecosystem, Krakatau, Indonesia.
Thomson, E.F., S. Rihawi, P.S. Cocks, A.E. Osman J. Biogeog., 21: 245-258.
and L. Russi. 1990. Recovery and germination Zobel, M., E. Van Der Maarel and C. Dupré. 1998.
rates of seeds of Mediterranean medics and Species pool: the concept, its determination and
clovers affected to sheep at a single meal or significance for community research. J. Appl.
continuously. J. Agric. Sci., 114: 295-299. Veg. Sci., 1: 55-66.

Archivos de zootecnia vol. 58(R), p. 58.

Você também pode gostar