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Desenvolvimento

Sexual Embrionário

divisão celular que ocorre somente durante a gametogênese. A


GAMETOGÊNESE: maturação dos gametas é chamada de espermatogênese no sexo
masculino e de oogênese no sexo feminino. O ritmo dos eventos
O desenvolvimento humano inicia-se na fecundação, quando um
durante a meiose difere nos dois sexos.
espermatozoide se une ao oócito, para formar uma única célula, o
zigoto.

O zigoto é uma célula altamente especializada, totipotente (capaz de


diferenciar-se em qualquer tipo celular), contém os cromossomos e os
genes derivados da mãe e do pai, se divide muitas vezes e e
transforma-se, progressivamente, em um ser humano multicelular, por
meio da divisão, migração, crescimento e diferenciação celulares.

A gametogênese é o processo de formação e desenvolvimento das


células germinativas especializadas, os gametas
(oócitos/espermatozoides), a partir de células precursoras bipotentes.
Esse processo, que envolve os cromossomos e o citoplasma dos
gametas, prepara essas células para a fecundação. Durante a
gametogênese, o número de cromossomos é reduzido pela metade e a
forma das células é alterada. A gametogênese normal consiste na
conversão de células germinativas em gametas (células sexuais).

O espermatozoide e o oócito (gametas masculino e feminino) são


células sexuais altamente especializadas. Cada uma dessas células
contém a metade do número de cromossomos (número haploide)
presentes nas células somáticas (as células do corpo). O número de
cromossomos é reduzido durante a meiose, um tipo especial de
Meiose: tipo especial de divisão celular que envolve duas divisões
meióticas; as células germinativas diploides dão origem aos gametas
haploides (espermatozoides e ovócitos). A primeira divisão meiótica
é uma divisão reducional, pois o número de cromossomos é reduzido
de diploide para haploide devido ao pareamento dos cromossomos
homólogos na prófase (primeiro estágio da meiose) e pela segregação
deles na anáfase (estágio no qual os cromossomos se movem da placa
equatorial). Os cromossomos homólogos (um do pai e um da mãe),
formam um par durante a prófase e se separam durante a anáfase, com
um representante de cada par indo, aleatoriamente, para cada polo do
fuso meiótico (Na imagem – A a D) O fuso se conecta ao cromossomo
no centrômero (a porção mais condensada do cromossomo). Nesse
estágio, eles são cromossomos de cromátides duplas. Os
cromossomos X e Y não são homólogos, mas possuem segmentos
homólogos na extremidade dos braços curtos. Eles se emparelham
somente nessas regiões. Ao final da primeira divisão meiótica, cada
nova célula formada (espermatócito secundário ou oocisto
secundário) possui o número cromossômico haploide, ou seja, metade
do número cromossômico da célula precedente. A segunda divisão
meiótica vem após a primeira divisão sem uma interfase normal (isto
é, sem a etapa de replicação do DNA). Cada cromossomo de
cromátide dupla se divide e cada metade, ou cromátide, é direcionada
para um polo diferente da célula. Assim, o número haploide de
cromossomos (23) é mantido e cada célula filha formada por meiose
tem um representante de cada par cromossômico (agora um
cromossomo de cromátide única). A segunda divisão meiótica é
semelhante a uma mitose normal, exceto que o número cromossômico
da célula que entra na segunda divisão meiótica é haploide.
Gametogênese Anormal: distúrbios da meiose durante a
gametogênese, tais como a não disjunção, resultam na formação de
gametas anormais cromossomicamente. Se envolvidos na fecundação,
esses gametas com anormalidades cromossômicas numéricas causam
um desenvolvimento anormal, como ocorre em crianças com a
síndrome de Down. Portanto, quando a não disjunção ocorre durante Resumindo: os gametas anormais aumentam com a idade da mão,
a primeira divisão meiótica da espermatogênese, um espermatócito devido à quiescência do ovócito primário (para na prófase), com isso,
secundário possui 22 cromossomos autossomos mais um cromossomo eles vão acumulando mutações. A não disjunção, ou seja, as
X e um Y e o outro espermatócito contém 22 cromossomos anormalidades numéricas são mais importantes.
autossomos e nenhum cromossomo sexual. Da mesma maneira, a não
disjunção durante a oogênese pode originar um oócito com 22 ESPERMATOGÊNESE:
cromossomos autossomos e dois cromossomos X pode resultar em um
oócito com 22 cromossomos autossomos e nenhum cromossomo É a sequência de eventos pelos quais as espermatogônias (células
sexual. germinativas primordiais) são transformadas em espermatozoides
maduros; esse processo começa na puberdade. Após várias divisões
mitóticas, as espermatogônias crescem e sofrem modificações, sendo
transformadas em espermatócitos primários.

Cada espermatócito primário sofre, em seguida, uma divisão mitótica


para formar dois espermatócitos secundários haploides. Em seguida,
os espermatócitos secundários sofrem a segunda divisão meiótica para
formar quatro espermátides haploides. As espermátides (células em
estágio avançado de desenvolvimento) são transformadas
gradualmente em quatro espermatozoides maduros pelo processo
conhecido como espermiogênese, que demora cerca de dois meses
para acontecer e, quando completada, os espermatozoides entram na
luz dos túbulos seminíferos.
Os espermatozoides são transportados passivamente dos túbulos O oócito primário é logo envolvido por um material glicoproteico
seminíferos para o epidídimo, onde são armazenados e tornam-se acelular e amorfo, a zona pelúcida. Os oócitos primários iniciam a
funcionalmente maduros durante a puberdade. O epidídimo é um primeira divisão meiótica antes do nascimento, mas o término da
ducto longo e espiralado. No seguimento do epidídimo vem o ducto prófase não ocorre até a adolescência (começando com a puberdade).
deferente, que transporta os espermatozoides para a uretra. As células foliculares que envolvem o oócito primário secretam uma
substância, conhecida como inibidor da maturação do oócito, que
Resumindo: a espermatogênese inicia-se na adolescência e é o mantém estacionado o processo meiótico do oócito.
processo em que a espermatogônia se torna em células maduras
(espermatozoides). Na puberdade, o menino recebe grande quantidade Maturação Pós-natal dos Oócitos: se inicia na puberdade, quando
de LH com testosterona, fazendo com que as espermatogônias sofram ocorre a ovulação (liberação do oócito do folículo ovariano), exceto
várias mitoses até se transformarem em espermatócitos primários quando contraceptivos orais são utilizados. Nenhum oócito primário
(2n), que sofre a primeira meiose. Esses espermatócitos, após a se forma após o nascimento. Os oócitos primários permanecem em
meiose, se transformam em 2 espermatócitos secundários (n), que vão repouso nos folículos ovarianos até a puberdade. Quando um folículo
sofrer a 2ª divisão meiótica, formando 4 espermátides. As matura, o oócito primário aumenta de tamanho e, imediatamente,
espermátides vão sofrer um processo de espermiogênese/capacitação, antes da ovulação, completa a primeira divisão meiótica para dar
que se formam os espermatozóides. Esse processo demora 21 dias e é origem ao oócito secundário e ao primeiro corpo polar. O corpo polar
sempre realizado. é uma célula minúscula destinada à degeneração.

OROGÊNESE: Na ovulação, o núcleo do oócito secundário inicia a segunda divisão


meiótica, mas ela progride somente até a metáfase, quando a divisão
A oogênese é a sequência de eventos pelos quais as oogônias (células é interrompida. Se um espermatozoide penetra o oócito secundário, a
germinativas primordiais) são transformadas em oócitos maduros. segunda divisão meiótica é completada, e a maior parte do citoplasma
Todas as oogônias se desenvolvem em oócitos primários antes do é novamente mantida em uma célula: o oócito fecundado. A outra
nascimento; nenhuma oogônia de desenvolve após o nascimento. A célula, o segundo corpo polar, também é formada e irá se degenerar.
oogênese continua até a menopausa, que é a interrupção permanente Assim que os corpos polares são expelidos, a maturação do oócito está
do ciclo menstrual. completa.

Maturação Pré-natal dos Oócitos: as oogônias (células sexuais


primordiais) proliferam por mitose (duplicação das células), crescem
e se tornam os oócitos primários antes do nascimento. O oócito
primário circundado por uma camada de células foliculares, constitui
o folículo primário. Conforme o oócito primário cresce durante a
puberdade, as células foliculares sofrem modificações em sua
estrutura, formando, assim, o folículo primário.
Resumindo: acontece do pré-nascimento e vai até a menopausa, onde Cordões epiteliais digitiformes, os cordões gonadais, logo crescem
termina, pois a quantidade de ovócitos primários é a mesma desde o para dentro do mesênquima subjacente. As gônadas indiferenciadas
nascimento da mulher (desde o período fetal). No feto as ovogônias (órgãos primordiais antes da diferenciação) agora consistem em um
sofrem mitoses, formando o ovócito primário (folículo primordial). córtex externo e uma medula interna. Antes da sétima semana, as
Esse folículo sofre a 1ª divisão meiótica, parando na prófase até a gônadas dos dois sexos são idênticas em aparência e são chamadas
adolescência. Na puberdade, quando a mulher ovula, a 1ª divisão gônadas indiferenciadas.
meiótica termina, levando a formação do ovócito secundário (n) e a
liberação do 1º corpo polar. Na ovulação o ovócito secundário inicia Células Germinativas Primordiais: começam a migrar da base da
a 2ª divisão meiótica parando na metáfase. Quando há fecundação vesícula umbilical a partir de 24 dias de desenvolvimento embrionário
termina a 2ª divisão meiótica, formando o óvulo e o 2º corpo polar. até a crista gonadal. Essa migração, da vesícula umbilical até a crista
gonadal, ocorre através do mesentério dorsal do intestino posterior
DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA GENITAL: para as cristas gonadais, onde essas células germinativas são
envolvidas, formando a gônada primitiva indiferenciada. Essa
Características morfológicas masculinas e feminina não começam a migração é estimulada pelos genes stella, fragilis e BMP-4. Sem essa
se desenvolver até a sétima semana. Os sistemas genitais precoces nos estimulação, a gônada primitiva não será funcional, ou seja, não
dois sexos são similares; portanto, o período inicial do produzirá gametas.
desenvolvimento genital é um estágio indiferenciado do
desenvolvimento sexual.

As gônadas são derivadas de três fontes:

1. Mesotélio – epitélio mesodérmico (revestindo a parede abdominal


posterior);

2. Mesênquima – tec. conj. embrionário;

3. Células germinativas primordiais – primeiras células sexuais


indiferenciadas.

Gônada Indiferenciada: Os estágios iniciais do desenvolvimento


Determinação do Sexo: o fenótipo masculino é estimulado pela
gonadal ocorrem durante a 5ª semana, quando uma área espessada de
mesotélio se desenvolve no lado medial do mesonefro, rim primitivo. presença do cromossomo SRY, que determina a produção do fator
Esse mesotélio se une ao mesênquima adjacente, originando as cristas determinante de testículos (FTD), o qual induz a diferenciação das
gonadais, que são duas e recebem as células primordiais gônadas primitivas para se tornar os testículos. Aqui, os cordões
indiferenciadas, compondo a gônada primitiva indiferenciada. gonadais se transformam em cordões seminíferos, que são os
primórdios dos túbulos seminíferos, os quais compreendem as células
germinativas produtoras dos espermatozoides. Além disso, a de canais e os cordões gonadais normalmente degeneram e
diferenciação sexual masculina também é controlada pelos hormônios desaparecem.
testosterona, Di-hidrotestosterona e hormônio antimulleriano. O
hormônio antimulleriano promove o bloqueio do desenvolvimento do Os cordões corticais estendem-se do epitélio de superfície do ovário
em desenvolvimento para dentro do mesênquima subjacente durante
aparelho genital feminino. Além disso, o gene SRY ativa um
o período fetal inicial. Esse epitélio é derivado do mesotélio do
potencializador específico de testículo Sox 9. Assim, duas redes
peritônio. À medida que os cordões corticais aumentam em tamanho,
reguladoras de genes impedem o desenvolvimento dos ovários na
presença do gene SRY, que são as vias Wnt4, Foxl2, Fst e Rspo1, as células germinativas primordiais são incorporadas neles.
enquanto outras aumentam o desenvolvimento testicular, que são as Aproximadamente com 16 semanas, esses cordões começam a se
vias Fgf9, Amh e Dhh. O sexo feminino começa a ser determinado a romper em grupos de células isoladas, ou folículos primordiais, cada
partir da 12a semana, e se desenvolve na ausência desses hormônios, um dos quais contém uma oogônia (célula germinativa primordial).
principalmente do hormônio antimulleriano, e do fator determinante Os folículos são rodeados por uma camada única de células foliculares
achatadas derivadas do epitélio de superfície. A mitose ativa das
dos testículos. Além disso, a determinação do sexo feminino depende
oogônias ocorre durante a vida fetal, produzindo os folículos
da presença de dois cromossomos X e vários genes estão envolvidos,
primordiais.
processo que independe da existência de ovários, apesar de que o
estrógeno participa da maturação das estruturas sexuais femininas. Após o nascimento, o epitélio de superfície do ovário se achata para
formar uma camada única de células contínuas com o mesotélio do
peritônio no hilo do ovário, no qual os vasos e os nervos entram ou
saem. O epitélio da superfície se torna separado dos folículos no
córtex por uma cápsula fibrosa fina, a túnica albugínea. À medida que
o ovário se separa do mesonefro em regressão, ele fica suspenso por
um mesentério, o mesovário.

Desenvolvimento dos Ovários: os cordões gonadais não são


proeminentes no ovário em desenvolvimento, mas eles se estendem
adentro da medula e formam uma rede ovariana rudimentar. Essa rede
Desenvolvimento dos Ductos Genitais: os ductos mesonéfricos
(ductos de Wolf) desempenham uma parte importante no Desenvolvimento de Ductos e Glândulas Genitais Feminino: os
desenvolvimento do sistema reprodutor masculino. Os ductos ductos mesonéfricos dos embriões femininos regridem devido à
paramesonéfricos (ductos de Müller) têm um papel condutor no ausência de testosterona. Os ductos paramesonéfricos desenvolvem-
desenvolvimento do sistema reprodutor feminino. se devido à ausência de AMH. O desenvolvimento sexual feminino
durante o período fetal não depende da presença de ovários ou
Os ductos paramesonéfricos se desenvolvem laterais às gônadas e aos
hormônios. Mais tarde, estrogênios produzidos pelos ovários
ductos mesonéfricos em cada lado a partir de invaginações
maternos e pela placenta estimulam o desenvolvimento das tubas
longitudinais do mesotélio nos aspectos laterais dos mesonefros (rins
uterinas, do útero e da parte superior da vagina.
primordiais). As bordas desses sulcos se aproximam uma da outra e
se fundem para formar os ductos paramesonéfricos. As extremidades Os ductos paramesonéfricos formam a maior parte do trato genital
craniais desses ductos se abrem para dentro da cavidade peritoneal. feminino. As tubas uterinas se desenvolvem a partir das partes craniais
Caudalmente, os ductos paramesonéfricos correm paralelos aos não fundidas desses ductos. As partes caudais fusionadas dos ductos
ductos mesonéfricos até eles atingirem a futura região pélvica do paramesonéfricos formam o primórdio uterovaginal, o qual dá origem
embrião. Aqui eles cruzam ventralmente aos ductos mesonéfricos, ao útero e a parte superior da vagina. O estroma endometrial e o
aproximam-se um do outro no plano mediano, e se fundem para miométrio são derivados do mesênquima esplâncnico.
formarem um primórdio uterovaginal em forma de Y. Essa estrutura
tubular se projeta para a parede dorsal do seio urogenital e produz uma O estroma endometrial e o miométrio são derivados do mesênquima
elevação, o tubérculo do seio. esplâncnico. O desenvolvimento uterino é regulado pelo gene
homeobox HOXA10. A fusão dos ductos paramesonéfricos também
forma uma prega peritoneal que se torna o ligamento largo e forma
dois compartimentos peritoneais, a bolsa retouterina e a bolsa
vesicouterina. Ao longo dos lados do útero, entre as camadas do
ligamento largo, o mesênquima prolifera e se diferencia em tecido
celular, ou paramétrio, que é composto de tecido conjuntivo frouxo e
músculo liso.

1) GLÂNDULAS GENITAIS AUXILIARES FEMININA: as


evaginações da uretra para dentro do mesênquima formam as
glândulas bilaterais uretrais e parauretrais secretoras de muco.
Enquanto as evaginações do seio urogenital formam as glândulas
vestibulares maiores no terço inferior dos grandes lábios.

Desenvolvimento da Vagina: a parede fibromuscular da vagina se


desenvolve a partir do mesênquima circundante. O contato do
primórdio uterovaginal com o seio urogenital, formando o tubérculo
do seio, induz a formação de um par de projeções do endoderma, os
bulbos sinovaginais. Eles se estendem a partir do seio urogenital até a
extremidade caudal do primórdio uterovaginal. Os bulbos
sinovaginais se fundem para formar uma placa vaginal. Mais tarde, as
células centrais dessa placa se decompõem formando a luz da vagina.
O epitélio da vagina é derivado das células periféricas da placa vagina.

Até o final da vida fetal, a luz da vagina é separada da cavidade do


seio urogenital por uma membrana, o hímen. A membrana é formada
Desenvolvimento da Genitália Externa Feminina: até a 7ª semana,
pela invaginação da parede posterior do seio urogenital, resultando de
uma expansão da extremidade caudal da vagina. O hímen geralmente as genitálias externas são semelhantes em ambos os sexos. As
se rompe, deixando uma pequena abertura durante o período perinatal características sexuais distintas começam a aparecer durante a 9ª
(antes, durante ou após o nascimento), e permanece como uma fina semana, mas as genitálias externas não estão completamente
prega de membrana mucosa no interior do orifício vaginal. diferenciadas até a 12ª semana. No início da 4ª semana, o mesênquima
em proliferação produz um tubérculo genital (primórdio do pênis ou
do clitóris) em ambos os sexos na extremidade cranial da membrana
cloacal. As saliências labioescrotais e as pregas urogenitais logo se
desenvolvem em cada lado da membrana cloacal. O tubérculo genital
se alonga formando um falo primordial (pênis ou clitóris). A
membrana urogenital reside no assoalho de uma fenda mediana, o
sulco uretral, que é limitado pelas pregas uretrais. Em fetos femininos,
a uretra e a vagina se abrem para uma cavidade comum, o vestíbulo
da vagina
O falo primordial no feto feminino gradualmente se torna o clitóris. O com um corno rudimentar. O corno rudimentar pode não se comunicar
clitóris é ainda relativamente grande com 18 semanas. As pregas com a cavidade do útero.
uretrais não se fusionam, exceto posteriormente, quando elas se
juntam para formar o frênulo dos pequenos lábios. As partes não Um útero unicórneo se desenvolve quando um ducto paramesonéfrico
deixa de se desenvolver; isto resulta em um útero com uma tuba
fusionadas das pregas urogenitais formam os pequenos lábios. As
uterina. Em muitos casos, os indivíduos são férteis, mas podem ter
pregas labioescrotais se fundem posteriormente para formar a
uma incidência aumentada de parto prematuro ou perda recorrente de
comissura labial posterior e anteriormente para formar a comissura
labial anterior e o monte do púbis. A maior parte das pregas gravidez.
labioescrotais permanecem não fusionadas, mas se desenvolvem em
duas grandes pregas de pele, os grandes lábios.

SÍNDROMES ASSOCIADAS ÀS FALHAS NO DESENVOLVIMENTO :


Defeitos das tubas uterinas são raros; há apenas algumas
irregularidades, incluindo cistos hidáticos, óstios (aberturas)
acessórios, ausência completa e segmentar das tubas, duplicação de
uma tuba uterina, ausência da camada muscular e falta de canalização
da tuba. Vários tipos de duplicação uterina e anomalias vaginais
resultam de paradas do desenvolvimento do primórdio útero-vaginal
durante a 8ª por: desenvolvimento incompleto de um ducto
paramesonéfrico; falha de partes de um ou ambos os ductos
paramesonéfricos em se desenvolver; fusão incompleta dos ductos
paramesonéfricos; ou canalização incompleta da placa vaginal em
formar a vagina.
Ausência de Vagina e Útero: em aproximadamente 1 a cada 5.000
Útero Duplo: resulta de falta de fusão das partes inferiores dos ductos
nascimentos ocorre ausência da vagina. Isso resulta da falha dos
paramesonéfricos. Pode ser associado com vagina dupla ou simples.
bulbos sinovaginais em se desenvolverem e formarem a placa vaginal.
Em alguns casos, o útero parece normal externamente, mas é dividido
Quando a vagina está ausente, o útero usualmente é ausente porque é
internamente por um septo fino.
o útero em desenvolvimento (primórdio uterovaginal) que induz a
Se a duplicação afetar apenas a parte superior do corpo do útero, a formação dos bulbos sinovaginais, os quais se fundem para formar a
condição é chamada útero bicórneo. placa vaginal.

Se o crescimento de um ducto paramesonéfrico for retardado e o ducto


não se fundir com o segundo ducto, desenvolve-se um útero bicórneo
Anomalias nas Tubas Uterinas: as tubas uterinas desenvolvem-se a
partir das extremidades distais não pareadas dos ductos müllerianos.
Entre as anomalias congênitas das tubas uterinas estão óstios
acessórios, ausência total ou segmentar da tuba e diversos
remanescentes císticos embrionários. Entre os remanescentes do
ducto mesonéfrico no sexo feminino estão alguns túbulos cegos
localizados no mesovário, os epoóforos, e outros semelhantes
adjacentes ao útero, coletivamente denominados paroóforos.
Epoóforo e paroóforo podem se desenvolver formando cistos
clinicamente evidentes. Também podem ser encontrados
remanescentes dos ductos müllerianos ao longo do trajeto
embriológico. O mais comum é uma estrutura cística pequena e cega
ligada por um pedículo à extremidade distal da tuba uterina, a hidátide
de Morgagni.

Os cistos paratubários são descobertas incidentais frequentes durante Malformações do Clitóris: embora não sejam comuns, as
cirurgias ginecológicas para tratamento de outras anormalidades ou
malformações clitoridianas congênitas incluem duplicação do clitóris,
são encontrados ao exame ultrassonográfico. Podem ter origem
uretra fálica feminina e clitoromegalia.
mesonéfrica, mesotelial ou paramesonéfrica. Em sua maioria, esses
cistos são assintomáticos e crescem lentamente, sendo descobertos A duplicação clitoridiana, também conhecida como clitóris bífido,
durante a terceira ou quarta décadas de vida. geralmente se desenvolve em associação com extrofia da bexiga ou
com epispadia. O distúrbio é raro, e sua incidência aproximada é de 1
Outras Anomalias Vaginais: a falta de canalização da placa vaginal em 480.000 mulheres. Em mulheres com epispadia, porém sem
resulta em atresia (bloqueamento) da vagina. Um septo vaginal extrofia da bexiga, as anomalias visíveis incluem uretra alargada e
transverso ocorre em aproximadamente 1 a cada 80.000 mulheres. distendida; clitóris ausente ou bífido; lábios (maior e menor) não
Usualmente o septo é localizado na junção dos terços médio e superior fundidos e monte pubiano achatado. Também é comum a associação
da vagina. A falha da extremidade inferior da placa vaginal em se entre anormalidades vertebrais e diástase da sínfise púbica.
perfurar resulta em um hímen imperfurado, a anomalia mais comum
do trato reprodutor feminino que resulta em obstrução. Variações na Outra anomalia clitoridiana é a uretra fálica (uretra no clitóris)
aparência do hímen são comuns. O orifício vaginal varia em diâmetro feminina encontrada em associação à cloaca persistente. A uretra
desde muito pequeno a grande, e pode haver mais de um orifício. fálica abre-se na extremidade do clitóris. Essa anomalia afeta entre 4
e 8% das meninas com cloaca persistente e foi descrita associada à
exposição do embrião à cocaína.
A clitorimegalia é observada ao nascimento é um indicador de Septo Vaginal Transverso: acredita-se que os septos vaginais
exposição de feto feminino a excesso de androgênios. transversos tenham origem na fusão malsucedida dos ductos
müllerianos ou no insucesso do processo de canalização da placa
Malformações Himenais: o hímen é o vestígio membranoso da
vaginal. O septo vaginal transverso pode desenvolver-se em qualquer
junção entre os bulbos sinovaginais e o seio urogenital. Em geral, o nível dentro da vagina, embora seja mais comum na parte superior.
hímen se torna perfurado durante a vida fetal para estabelecer uma Isto corresponde à junção entre a placa vaginal e a extremidade caudal
conexão entre o lúmem vaginal e o períneo. dos ductos müllerianos fundidos.
Há diversas anormalidades possíveis, como o hímen imperfurado, As pacientes com septo vaginal
microperfurado, anular, septado, cribriforme (tipo peneira), transverso geralmente se apresentam com
naviculado (em forma de navio) ou septado. sintomas semelhantes àqueles relatados
O hímen imperfurado é resultado da impossibilidade de canalização nos casos de hímen imperfurado.
da extremidade inferior da placa vaginal, e sua incidência aproximada Suspeita-se do diagnóstico ao palpar uma
é de 1 em 1.000 a 2.000 mulheres. Embora caracteristicamente massa pélvica ou abdominal ou quando
esporádica, há registro de casos de hímen imperfurado envolvendo se encontra uma vagina encurtada com
vários membros de uma mesma família. dificuldade para identificar o colo
uterino. A confirmação do diagnóstico é
As pacientes com hímen microperfurado, cribriforme ou septado feita por ultrassonografia ou ressonância
caracteristicamente se apresentam com irregularidades menstruais ou magnética (RM). A RM é útil
dificuldade para colocar absorventes ou para a relação sexual. O principalmente antes da cirurgia para
reparo de hímens imperfurados ou microperfurados pode ser feito no determinar a espessura e a profundidade
momento do diagnóstico. do septo.

Septo Vaginal Longitudinal: resulta de malformações na fusão lateral


e de reabsorção incompleta da porção caudal dos ductos müllerianos.
Esses septos podem ser parciais
ou se estender por toda a
extensão da vagina. Os septos
longitudinais geralmente são
observados com duplicação
parcial ou total do colo e do
útero. Também podem
acompanhar malformações anorretais. Das mulheres afetadas, até
20% podem apresentar anormalidades renais.
As pacientes se queixam de dificuldades na relação sexual. É possível Ocasionalmente, um cisto remanescente mülleriano causa sintomas
haver sangramento vaginal apesar do uso de tampão, uma vez que o crônicos que determinam sua excisão. A ressonância magnética da
absorvente é colocado somente em uma das vaginas duplicadas. Os pelve pode ser útil antes da cirurgia para determinar a extensão do
casos sem obstrução podem ser tratados de forma conservadora, a cisto e suas relações anatômicas com os ureteres ou com o soalho da
menos que haja dispareunia. Contudo, é possível haver uma variante bexiga. É importante observar que a excisão de cistos vaginais pode
obstrutiva de septo vaginal longitudinal. ser mais difícil do que se imagina, considerando que alguns podem se
estender até o ligamento largo e se aproximar anatomicamente do
curso distal do ureter.

Cistos Vaginais Congênitos: embora, em ambos os sexos, os ductos


de Müller ou de Wolff destinados à degeneração de fato regridam, é
possível haver vestígios remanescentes que podem se tornar
clinicamente evidentes. Os remanescentes mesonéfricos (de Wolff)
podem dar origem aos cistos ductais de Gartner. Os remanescentes
müllerianos clinicamente importantes em geral são encontrados como Anomalis Mullerianas: as anomalias uterinas podem ser congênitas
cistos vaginais. ou adquiridas e as pacientes geralmente se apresentam com
De forma global, há relatos de cistos vaginais em aproximadamente anormalidades menstruais, dor pélvica, infertilidade ou perda de
uma em cada 200 mulheres. Os cistos remanescentes müllerianos gravidez. A incidência real das anomalias müllerianas congênitas, das
geralmente estão localizados na parede anterolateral da vagina, quais as malformações uterinas representam a maioria, é
embora possam ser encontrados em diversos locais ao longo de sua desconhecida. A maioria dos casos é diagnosticada durante
extensão. Em sua maioria são assintomáticos, benignos, medindo investigações para problemas obstétricos ou ginecológicos, mas,
entre 1 e 7 cm de diâmetro, e não requerem excisão cirúrgica. quando não há sintomas, grande parte das anomalias não é
Deppisch (1975) descreveu 25 casos de cistos vaginais sintomáticos e diagnosticada.
registrou uma gama ampla de sintomas. Entre os sintomas relatados
Agenesia ou Hipoplasia Segmentar Mulleriana: alguma forma de
estão dispareunia, dor vaginal, dificuldade para usar absorventes,
sintomas urinários e massa palpável. Se os cistos infectarem e houver aplasia, agenesia ou hipoplasia mülleriana afeta 1 em 4.000 a 10.000
necessidade de intervenção durante a fase aguda, a alternativa mulheres, sendo uma causa comum de amenorreia primária. A
preferida é a marsupializaçãodo cisto. agenesia uterina ocorre em função de insucesso no desenvolvimento
da parte inferior dos ductos müllerianos e geralmente leva à ausência
de útero, colo e parte superior da vagina. Entre as possíveis variações fluxo menstrual retrógrado. A norma é encontrar fundo de útero na
está ausência da parte superior da vagina com útero presente. Os linha média, embora tenham sido descritos hemiúteros bilaterais.
ovários são normais e as mulheres afetadas têm desenvolvimento
fenotípico de resto normal apresentando-se com queixa de amenorreia Agenesia Mulleriana: a ausência congênita de útero e vagina, é
primária. denominada aplasia mülleriana, agenesia mülleriana ou síndrome de
Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser. Na agenesia mülleriana clássica,
Atresia Vaginal: mulheres com atresia vaginal não têm a parte as pacientes apresentam uma bolsa vaginal rasa, com apenas 2,5 a 5
inferior da vagina, mas o restante da genitália externa é normal. cm de profundidade. Além disso, há ausência de útero, colo e parte
Embriologicamente, o seio urogenital não contribui como seria superior da vagina. Caracteristicamente, observa-se a parte distal das
esperado para a formação da parte caudal da vagina. Como resultado, tubas uterinas. Além disso, espera-se encontrar ovários normais,
a parte inferior da vagina, em geral de um quinto a um terço do considerando sua origem embrionária distinta. A maioria das
comprimento total, é substituída por 2 a 3 cm de tecido fibroso. pacientes com agenesia mülleriana apresenta apenas pequenos bulbos
Entretanto, em algumas mulheres, a atresia vaginal se estende até as de Müller rudimentares, sem atividade endometrial. Entretanto, em 2
proximidades do colo. a 7% das mulheres com essa condição, há desenvolvimento de
endométrio ativo e as pacientes caracteristicamente se apresentam
Levando em consideração que grande parte das mulheres afetadas tem com dor abdominal.
genitália externa e órgãos do trato reprodutivo superior normais, a
atresia vaginal frequentemente não se evidencia até a menarca. Em Útero Unicórnio: a impossibilidade de um dos ductos müllerianos de
geral, as adolescentes se apresentam imediatamente após a menarca desenvolver-se ou alongar-se resulta no útero unicorno. Nos casos
fisiológica, com dor pélvica cíclica resultante de hematocolpo ou com útero unicorno, encontra-se útero funcional, colo uterino normal
hematometra. Ao exame físico, observam-se mamas, distribuição de e ligamento redondo e tuba uterina normal de um lado. Do outro lado,
pelos pubianos e anel himenal normais. Mas, além do anel himenal, as estruturas müllerianas
observa-se apenas uma pequena bolsa vaginal. desenvolvem-se de forma anormal
e identifica-se agenesia ou, mais
Agenesia do Colo Uterino: considerando a origem mülleriana
frequentemente, corno uterino
comum, as mulheres com ausência congênita de colo uterino rudimentar. O corno rudimentar
geralmente não apresentam também a parte superior da vagina. pode se comunicar ou, mais
Entretanto, o útero geralmente tem desenvolvimento normal. comumente, não se comunicar com
As mulheres com agenesia do colo uterino apresentam-se inicialmente o útero unicorno.
com quadro semelhante ao de outras anomalias obstrutivas do trato Além disso, a cavidade endometrial
reprodutivo, ou seja, amenorreia primária e dor abdominal ou pélvica do corno rudimentar pode estar
cíclica. Se houver endométrio funcional, a paciente pode apresentar obstruída ou conter endométrio
útero distendido, sendo possível haver endometriose em razão de funcional. A presença de
endométrio funcional em um corno não comunicante terminará por se
tornar sintomática com dor unilateral cíclica. As mulheres com útero
unicorno apresentam maior incidência de infertilidade, endometriose
e dismenorreia.

Útero Didelfo: o útero didelfo é resultado de falha na fusão do par de


ductos müllerianos. Essa anomalia caracteriza-se por dois cornos
uterinos separados, cada qual com sua cavidade endometrial e colo
uterino.
Útero Arqueado: o útero arqueado apresenta apenas um leve desvio
Útero Bicorno: o útero bicorno é o resultado da fusão incompleta dos do desenvolvimento uterino normal. Entre as marcas anatômicas estão
ductos müllerianos e se caracteriza por duas cavidades endometriais. septo discreto na linha média no interior de fundo largo, algumas
vezes com uma ligeira indentação fúndica. A maioria dos médicos
relata não haver piora nos resultados reprodutivos. Por outro lado,
observaram perdas excessivas no segundo trimestre e maior tendência
a trabalho de parto prematuro. A ressecção cirúrgica é indicada
somente em caso de aumento na taxa de perda de gravidez e após
excluídas outras etiologias para abortamento espontâneo recorrente.

Útero Septado: após a fusão dos ductos müllerianos, qualquer


problema na regressão dos segmentos mediais pode criar um septo
permanente dentro da cavidade uterina. Seus contornos podem variar
amplamente dependendo da quantidade de tecido persistente na linha
média. Por exemplo, o septo pode se minimamente a partir do fundo
uterino ou pode estender-se atingindo o canal cervical. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :
Além disso, os septos podem se desenvolver de maneira segmentar, • MOORE, Kate L. Embriologia Clínica. 10ª Edição. Rio de Janeiro:
resultando em comunicações parciais das partições do útero. A Elsevier, 2016: a. Capítulo 2, páginas 11 a 17; b. Capítulo 12, páginas
estrutura histológica dos septos varia de fibrosa a fibromuscular. 260 a 276.
• Joseph I. Scheffer, Barbara L. Hoffman, John O. Shore. Ginecologia
de Williams. 2ª. Edição, Editora Artmed, 2014. a. Capítulo 15 -
páginas 424 a 430 (até o item Microambiente Folicular) b. Capítulo
18 - páginas 481 a 505.
• SanarFlix – Supermaterial: Sistema Genital -
https://aluno.sanarflix.com.br/#/portal/sala-
aula/5daafa4b4340d20011fb2ff7/5f7ebf8a71db4e00111d2e79/docu
mento/5fc886cb803505001c75966c
• Livro Ginecologia MedCurso 2019

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