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II SIMPÓSIO DE BIOQUÍMICA E BIOTECNOLOGIA

SIMBBTEC 2012
21 a 24 de agosto de 2012, Londrina - PR

Produção de Bandejas Biodegradáveis de Bagaço de Mandioca e Álcool Polivnilico


Suzana Mali1, Beatriz Marjorie Marim 2 e Flavia Debiage1

1Departamento de Bioquímica e Biotecnologia; Centro de Ciências Exatas; Universidade Estadual deLondrina; C.P.: 6001; 86051-990; Londrina - PR - Brasil.
2Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos; Centro deCiências Agrárias; Universidade Estadual de Londrina; C. P.: 6001, 86051-990, Londrina - PR
– Brasil

RESUMO
O desenvolvimento e a pesquisa de embalagens biodegradáveis tem sido alvo de inúmeras pesquisas nos últimos anos como uma alternativa
ao aumento do número de resíduos sólidos urbanos provenientes do descarte de embalagens. O amido de mandioca é uma excelente
alternativa para produção destes materiais em escala industrial, devido à sua abundância e baixo custo, no entanto, embalagens de amido têm
baixa flexibilidade e não resistem ao armazenamento sob elevadas umidades relativas, necessitando de tratamentos especiais para melhoria de
suas propriedades. As fibras celulósicas de diferentes fontes têm sido adicionadas às matrizes de amido como materiais de reforço, dando
origem aos compósitos, assim como polímeros sintéticos biodegradáveis, como o álcool polivínilico (PVA). Diante disto, os objetivos do presente
trabalho são a produção de embalagens biodegradáveis no formato de bandejas a partir da mistura do bagaço de mandioca e do álcool
polivinilico e caracterizá-las quanto às suas propriedades físico-químicas e mecânicas.

Palavras-chave: fibra de mandioca, embalagem biodegradável, celulose, álcool polivinilico

INTRODUÇÃO
A dificuldade de reciclagem das embalagens sintéticas convencionais, responsáveis nos últimos anos pelo acúmulo de lixo nos aterros
sanitários tem incentivado pesquisas nacionais e internacionais no sentido de incrementar e/ou desenvolver materiais biodegradáveis com
características que permitam a sua utilização em embalagens.

Dentre os diferentes polímeros biodegradáveis testados, os amidos apresentam algumas vantagens: fonte renovável, fácil
decomposição, abundância e baixo custo. No entanto, a produção de embalagens compostas exclusivamente por amido não é viável, pois
vários estudos já demonstraram que estes materiais são quebradiços e sensíveis ao contato direto com água (MALI et al., 2004; 2005; 2006),
mas, são matérias-primas bastante interessantes, já que podem ser empregadas na produção de embalagens rígidas, flexíveis e expandidas,
desde que em combinação com outros polímeros naturais, sintéticos e aditivos (ALAVI, 2002; CARR et al., 2006; LAWTON; SHOGREN;
TIEFENBACHER, 1999; 2004; MALI et al., 2005; 2006; ROSA et al., 2004; VILLAR; THOMAS; ARMSTRONG, 1995).

As fibras celulósicas de diferentes fontes têm sido adicionadas às matrizes de espumas de amido como materiais de reforço, dentre
elas, as fibras naturais de juta, sisal, bananeira, coco e curauá já foram empregadas com sucesso para este fim (PUGLIA et al., 2003;
ALVAREZ et al., 2004; LAI et al., 2004; TAKAGI; ICHIHARA, 2004; MATHEW et al. 2005; SHIBATA; CAO; FUKUMOTO, 2005). No Brasil,
destaca-se a abundância e o baixo custo de alguns resíduos agroindustriais ricos em fibras, como o bagaço de mandioca, que ainda são
pouco estudados para este fim. A utilização adequada destes resíduos ajuda a minimizar problemas ambientais e energéticos, além disso,
pode gerar produtos com relevantes aplicações na indústria (PELIZER et al., 2007).

O bagaço da mandioca é o principal resíduo sólido produzido nas fecularias (RAUPP et al., 1999). É composto pelo material fibroso da
raiz, contendo parte do amido que não foi extraído durante o processamento. A quantidade de bagaço produzido em fecularias é bastante
elevada, sendo gerados cerca de 900 kg de bagaço com 85 % de umidade para cada tonelada de raiz processada (LEONEL; CEREDA;
ROAU, 1999). A composição em fibra do bagaço de mandioca varia de acordo com a eficiência do processo de extração, quanto maior a
eficiência, maior a proporção de fibras e menor a proporção de amido no bagaço. De acordo com Pandey et al. (2000), o teor de fibras no
bagaço de mandioca pode variar de 20 a 50%, dependendo da sua origem.

MATERIAL E MÉTODOS
Materiais

Os tubérculos de mandioca serão adquiridos no mercado local. O amido de mandioca (Manihot esculenta Crantz) será fornecido pela
Indemil Brasil e o glicerol (PA) adquirido da Synth (São Paulo – Brasil). O álcool polivinilico (PA) será adqurido da Reagen, com grau de
hidrólise entre 86 e 88%.

Métodos

Universidade Estadual de Londrina - Rodovia Celso Garcia Cid, Pr 445, Km 380 - Campus Universitário Caixa Postal 6001 CEP – 86.051 – 990 Centro de Ciências
Exatas - Departamento de Bioquímica e Biotecnologia Fone +55 (43) 3371.4270 - biq@uel.br
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- Espessura
A espessura das bandejas será determinada utilizando-se um micrômetro manual de resolução 1µm (Mitutoyo, São Paulo). A
espessura final será fixada como sendo a média aritimética de 10 medidas aleatórias sobre a área de uma bandeja. Serão realizadas medidas
em todas as bandejas produzidas e o resultado final será uma média destes resultados.

- Densidade
A densidade será determinada através da relação entre peso (g) por volume (cm3) dos materiais (SHOGREN et al., 1998).

- Propriedades mecânicas
Para a análise das propriedades mecânicas, as amostras serão condicionadas nas umidades relativas de 33, 58 e 90%, por cerca de 2
semanas, sob temperatura ambiente. Será empregado nas análises um texturômetro marca Stable Micro Systems modelo TA.TX2i (Inglaterra)
e metodologia de acordo com Salgado et al., 2008. Corpos de prova (25 x 100 mm) serão presos às garras de tração, com distância inicial de
80 mm e serão velocidade de ensaio de 2 mm/s. Serão obtidas curvas de força x deformação que serão empregadas para o cálculo da
resistência máxima à tração (MPa) das amostras.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

- Densidade

Amostra Densidade (g/cm3)

Controle 0,46 ± 0,03 c

F100 0,82 ± 0,06 a

F1 0,57 ± 0,19 c

F2 0,52 ± 0,14 c

F3 0,67 ± 0,06 b

F4 0,55 ± 0,07 c

Letras minúsculas diferentes na mesma coluna significa diferença estatística entre as amostra para a densidade (Teste Tukey p ≤ 0,05).

- Propriedades mecânicas

Tabela geral Propriedades mecânicas (Força)

Umidade Amostras

Controle F100 PVA 2.5 PVA 5.0 PVA 7.5 PVA 10.0

MgCl (33%) 12,10 ± 1,97 b, A 23,52 ± 2,23 b, A 268,51± 23.02 a, A 313,21± 37,40 a, A 239,78 ± 70,55 a, A 226,04 ± 59,73 a, A

NaBr (58%) 6,82 ± 3,53 c, B 19,49 ± 3,54 c, B 167,82 ± 64,00 b, 164,72 ± 27,45 b, B 206,89 ± 23,28 a, A 141,17 ± 28,42 b, B
B

BaCl2 (90%) 1,99 ± 0,68 c, C 3,40 ± 0,64 c, C 31,13 ± 5,89 b, C 36,67 ± 4,79 a, b, C 44,99 ± 6,10 a, B 40,93 ± 7,32 a, C

* Letras minúscula diferentes na mesma linha significa diferença estatística em função das amostras na mesma UR (Teste Tukey p ≤ 0,05).

* Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna significa diferença estatística em função da amostra nas diferentes UR (Teste Tukey p ≤ 0,05).

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Tabela geral % de alongamento

Umidade Amostras

Controle F100 PVA 2.5 PVA 5.0 PVA 7.5 PVA 10.0

MgCl (33%) 1,53 ± 1,53 c, A 1,86 ± 0,74 c, B 3,02 ± 0,49 a, B 1,61 ± 0,52 b, B 2,57 ± 0,79 a, B 1,69 ± 0,47 b, B

NaBr (58%) 1,82 ± 1,16 c, A 2,60 ± 1,87 b, B 5,81 ± 2,90 a, B 1,88 ± 0,60 b, B 5,97 ± 2,81 a, B 2,50 ± 2,03 b, B

BaCl2 (90%) 2,13 ± 1,48 c, A 15,15 ± 3,64 a, b, A 16,50 ± 3,68 a, A 18,35 ± 3,29 a, A 11,37 ± 2,20 b, A 11,20 ± 2,19 b, A

. * Letras minúscula diferentes na mesma linha significa diferença estatística em função das amostras na mesma UR (Teste Tukey p ≤ 0,05).

* Letras maiúsculas diferentes na mesma coluna significa diferença estatística em função da amostra nas diferentes UR (Teste Tukey p ≤ 0,05).

CONCLUSÕES
Deverá conter o fechamento e relevância dos principais resultados do trabalho.

REFERÊNCIAS
As referências (fonte tahoma, 10, alinhado à esquerda) devem estar numeradas em ordem de citação no texto obedecendo às normas da
ABNT, conforme exemplos abaixo.
As referências deverão apresentar os nomes de todos os autores.
Longas séries de referências da mesma citação devem ser evitadas.
Rodapés ou notas de comentário não serão aceitos na lista de referências.

(1) ALAVI, S.H.; CHEN, K.; RIZVI, S.S. Rheological characteristics of intermediate moisture blends of pregelatinized and raw wheat starch. Journal of Agriculture and
Food Chemistry, v.50, p.6740-6745, 2002.

(2) ALVAREZ, V. A. et al. Melt rheological behavior of starch-based matrix composites reinforced with short sisal fibers. Polymer Engineering and Science, v.44, n.10,
p.1907-1914, 2004.

(3) ALVES, V.D. Produção e caracterização de biomateriais a partir de fibras naturais e amidos com polibutileno adipato co-tereftalato (PBAT). Londrina, 2007.
Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) - Universidade Estadual de Londrina.

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(4) ALVES, V.D.; MALI, S.; BELÉIA, A.; GROSSMANN, M.V.E. Effects of glycerol and amylose enrichment on cassava starch films propreties. Journal of Food
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p.656-657, 1988.

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International, v.53, n.10, p.1479-1484, 2004

(8) MALI, S., GROSSMANN, M.V.E., GARCÍA, M.A., MARTINO, M.M.; ZARITZKY, N.E. Barrier, mechanical and optical properties of plasticized yam starch films.
Carbohydrate Polymers, v.56, p. 129-135, 2004.

(9) MALI, S.; GROSSMANN, M.V.E.; GARCIA, M.A.; MARTINO, M.N.; ZARTIZKY, N.E. Effects of controlled storage on thermal, mechanical and barrier properties of
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2007. Tese (Doutorado em Ciência de Alimentos) - Universidade Estadual de Londrina.
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International Journal Series A-Solid Mechanics and Material Engineering, v.47, n.4, p.551-555, 2004.

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