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Sara Miller.
Irritado por ter sido trocado por uma garota, puxei meu braço
de tras da minha cabeça e me sentei, colocando meus pes no
chao. Desde que começamos o ensino medio, Hendrix estava me
deixando a esquerda e a direita para passar o tempo com Maddie. O
idiota sempre esteve, mas ultimamente eles estavam sempre juntos.
Maddie era legal e tudo mais, mas ela era uma garota.
— Um namorado.
Jamais.
Eu tinha ouvido os garotos da escola falar e eu sabia o tipo de
coisa grosseira que passava pela cabeça deles. Nao havia como
deixar qualquer garoto se aproximar da minha irma mais nova,
especialmente alguem que pode tentar beija-la.
Um monte de muito.
Eu nao sabia se era legal ou nao. Ty pode ter sido um dos meus
melhores amigos, mas ele tambem era maluco. O idiota tinha uma
namorada diferente a cada duas semanas, e todos na escola sabiam
que ele havia beijado a maioria delas debaixo das arquibancadas de
futebol.
Era repugnante.
— Ate mais.
Sabendo que meu pai gostaria de falar comigo, mais como uma
palestra, antes de sairmos, peguei minha bola de basquete do fundo
das escadas e me dirigi para fora.
— Voce e responsavel por sua irma, amigo. — ele disse, seu tom
serio. — Estou confiando em voce com sua segurança.
— Eu vou.
Pronto para sair, estendi meu braço e estendi minha mao para
Lily tomar.
— Ei, Teacup!
Eu olhei de volta.
Ty abriu a boca para dizer algo, mas fechou quando Lily gritou
novamente.
— Kyle!
Era mentira.
Meus olhos encontraram Lily, junto com o homem com quem ela
estava falando.
— Lily!
Eu os alcancei em segundos.
— Lily!
Eu estava certo.
O que ele estava fazendo com ela, ou para ela, eu nao tinha ideia.
Eu permaneci mudo.
Mais silencio.
Tremores me sacudiram.
Cap me mataria mais tarde por agir como um idiota, mas eu nao
me importei. Ele poderia me colocar no serviço de arrumaçao... me
suspender, fazer qualquer coisa. Naquele momento, a unica coisa
que importava era me afastar de todos e de tudo antes que eu
perdesse a cabeça e atirasse minha raiva em alguem que nao
merecia isso.
Tentei e falhei.
Um olhar para seus olhos sem vida e eu sabia que nao havia
esperança.
Mais dor.
Eu ja sabia.
— Voce ja acabou? — Uma voz irritada latiu. — Ou voce precisa
jogar mais alguns socos e danificar minha estaçao um pouco mais?
— Kyle...
Eu deixei cair a cabeça para tras.
Tao errado.
— Voce pode estar certo sobre a garotinha hoje, mas voce esta
errado sobre a Lily. — Minha voz estava baixa, firme. — Ela morreu
porque eu estraguei tudo, e nada que voce, Hendrix, Ty, ou qualquer
outra pessoa diga, vai mudar esse fato. — Ele abriu a boca para falar,
mas eu continuei falando, nao dando a ele a chance de falar. — Eu
disse a ela que iria protege-la, que sempre estaria la...
— …Eu menti.
— Kyle...
— Sim.
Eu permaneci mudo.
— Voce nao pode estar falando serio. — Uma risada sem humor
derramou dos meus labios. — Voce esta preocupado que eu vou sair
de mim ou algo assim?
Era mentira.
A unica razao que eu nao fiz era por causa da minha mae.
Outra mentira.
Na verdade, nao.
Ridículo.
Feito.
Acabado.
— Kyle!
Era a verdade.
Entao eu fiz.
Eu tinha razao.
— Acredite, Hendrix come tudo a vista, mas duvido que ate ele
toque... — Heidi apontou para a torta — ...nessa coisa. — Ela soltou
um suspiro frustrado. — Acho que vou jogar fora.
Eu ri da idria de Hendrix, o noivo de Maddie, recusando
comida. Nao importava se estava queimado ou nao, ele ainda
comia. O homem era um poço sem fundo.
— Nao, voce nao vai jogar fora. — ele gritou. — A crosta pode
estar queimada, mas o interior ainda esta bom.
Nem um pouco.
— As suas tambem.
Evan riu.
— Daryl!
Heidi desatou a rir quando eu agarrei sua mao e corri para ela,
arrastando-a para tras de mim.
Vovo assentiu.
Eu zombei.
Um namorado? Eu?
Nao e provavel.
— Vamos la.
Depois de passar tres horas na casa de Cap, ele ainda nao tinha
se mostrado.
— Ouvi dizer que voce teve um dia difícil. — Disse ele, sorrindo
para o olhar de morte que eu mandei em seu caminho.
Hendrix assentiu.
Eu balancei a cabeça.
Eu garanto isso.
Hendrix se virou, apoiando o quadril no corrimao.
Era a minha vez de olhar para ele como o idiota que ele
claramente era.
— E a mae delas?
Nunca.
Evan riu.
— Voce vem?
— Esse idiota precisa reivindicar Hope ja. Talvez entao ele pare
de ser tao infeliz o tempo todo.
Ou me derrubar, pensei.
Eu balancei a cabeça.
— Eu estou totalmente batida, Loirinha.
Eu nao estava.
Eu ri.
O que eu sabia era que Heidi nao era apenas minha irma.
Eu respirei fundo.
— Estou cansada.
Eu bufei.
Heidi, que ainda nao havia dito uma palavra, colocou a mao na
minha parte inferior das costas e me empurrou para frente, em
direçao a ele.
Eu gritei, depois tropecei.
Hendrix disse que ela e Heidi eram doces. Ele nao disse nada
sobre a beleza de Carissa. Um olhar para ela me deixou
aturdido. Deslumbrado. E isso era algo que nunca aconteceu
comigo.
Nunca.
Carissa tinha.
Eu a queria sozinha.
Minha reaçao a Carissa nao era normal, nao para mim, e ela
sabia disso. Ela, junto com Hendrix e Maddie, estava bem ciente de
que eu nao dava a maioria das mulheres uma segunda olhada, e com
certeza nunca as ofereci uma carona para casa.
Uma vez que Anthony visse como ela estava bebada, ele a
manteria la.
— Ele passou por muita coisa. — ela disse, uma expressao triste
deslizando no lugar da feliz que ela usava anteriormente. — Se eu
fosse ele, eu seria um ogro tambem.
Vovo assentiu.
— Essa e verdade.
— Eu lembro.
— Eu tambem nao posso. Lily era uma criança tao boa. Uma
garota doce. — Outra lagrima caiu. — Ela nao merecia o que
aconteceu com ela, e nem Kyle. Ele e tao confuso com isso,
Carissa. Voce nao tem ideia...
O medo me paralisou.
Kyle.
Kyle ignorou seu grito de dor e cobriu nossos corpos com o seu.
Primeiro Shelby.
O que diabos ele estava fazendo la, eu nao tinha a menor ideia.
— Todo mundo esta bem. A casa foi alvejada varias vezes, mas
ninguem foi atingido. Quanto a quem fez isso, o criminoso e o ex de
Shelby. O pai de Lucca. — Respirando frustrado, ele bateu as
palmas das maos nos lados do rosto. — A polícia colocou um BO,
mas Anthony nao esta esperançoso. O cara, homem, ele e um
verdadeiro trabalho. Eu nao vou entrar em detalhes porque nao e
minha historia para contar, mas aquele filho da puta fez um numero
em Shelby antes dela escapar. Tentou ferir Lucca tambem. Se ele
colocar as maos em qualquer um deles novamente...
Eu tenho a imagem.
— Ha algo mais que voce deve saber. — Eu olhei para ele por
cima do meu ombro. — Nao e o meu lugar para dizer-lhe, mas desde
que Hendrix e seu melhor amigo, eu acho que voce vai descobrir em
breve, independentemente.
Evan assentiu.
— Isso e exatamente o que estou dizendo a voce.
Lily tambem.
Comigo.
— De nada.
Ainda nao.
O pai dela, Daryl, acho que Hendrix disse que era o nome dele,
estava piscando.
— Quantos anos voce tem? Voce parece muito mais velho que
qualquer uma das minhas garotas.
— Vinte e seis.
— Voce quer dizer que eu tenho que esperar tres anos para
pedir a Carissa para se casar comigo?
Carissa engasgou com o que ela achava que era uma piada.
Pelo contrario, seu pai nao parecia estar longe de ter um ataque
cardíaco.
— Rapaz, se voce sabe o que e bom para voce, voce vai subir de
volta naquele seu Chevy preto brilhante e dar o fora da minha
propriedade. — Ele se virou para Carissa. — E voce... se voce sabe o
que e bom para voce, Carissa Ann, voce vai dizer boa noite antes que
eu seja forçado a atirar... — ele apontou para mim de novo. – ...nele.
Eu quero te proteger.
— Mas se voce quer que eu espere ate que voce termine com o
seu diploma antes de eu te convidar para sair, entao eu vou. — Eu
estava cem por cento serio. Eu sabia o que queria e o que eu queria
era ela. — Nao importa se e um ano, dois, tres. Eu vou esperar.
— So voce. – Eu sorri.
Protegendo-a de longe.
Enorme, na verdade.
Quem disse que a perda fica mais facil com o tempo mentiu.
Perder a mae era uma coisa. Mas perder o amor da sua vida,
junto com o seu filho?
— Ela fez, nao fez? Bem, ela deveria saber. O ceu sabe que eu
ameacei com palmadas a ela e o pequeno traseiro de Ry mais de uma
vez quando crianças. Nao que eu tenha seguido com isso. — Ela
riu. — Eu juro, aqueles dois fugiram de assassinato. Hope ainda o
faz. Basta perguntar ao meu genro. Ele dira a voce.
E pela primeira vez em toda a sua vida, ele tinha uma família.
Kyle Tucker.
Desde que entrou na minha vida, ele estava sempre por perto.
Eu nao achava.
No fundo eu sabia que era ele quem nao estava pronto para
mim.
Seriamente.
O coraçao partido.
O danificado.
O esquecido.
Tudo bem.
Kyle pode ter precisado de alguem para lutar por ele, mas eu
tambem.
Charlotte riu.
Ele deu um passo para o lado, me dando espaço para sair pela
porta.
Eu odiei isso!
— Eu vou.
— Por que?
Inclinei a cabeça para o lado e encolhi os ombros.
— Por ser uma das mulheres mais fortes que ja conheci. — Cada
palavra era a verdade. Todas as mulheres da minha vida eram
poderosas, mas Clara e Shelby eram duas das mais fortes. Elas
conquistaram tantos demonios, superaram tantos traumas. Eu era
durona, mas eu gostaria de retirar tudo que elas suportaram. — E
por escolher ser uma mae tao boa para Bella, mesmo quando voce
nao tem que ser.
Eu a amava tanto.
— Eu sei...
Keith e Charlotte eram outra coisa que mudou nos ultimos dois
anos. Viuvo e viuva, eles se apaixonaram quando menos
esperavam. Pouco depois, Charlotte deixou o emprego no Abrigo das
Mulheres Maltratadas em Memphis e mudou-se para a Georgia para
ficar mais perto de Hope e, por extensao, de Keith. Juntaram-se a
família e agora dividiam um apartamento no ultimo andar do abrigo.
— Brantley tambem?
— Eu acho que ele nao perderia isso.
Eu soprei um de volta.
Era miseravel.
Mesmo que eu nao pudesse ve-lo, eu sabia que Kyle estava la. Eu
podia sentir seus olhos em mim, seu olhar inabalavel em toda a
minha carne. Precisando encontra-lo, e talvez ate mesmo toca-lo,
virei-me pela cintura e puxei a porta do abrigo, verificando se as
travas automaticas haviam se encaixado quando o metal pesado se
fechou atras de mim.
Elas tinham.
Escuridao me engoliu.
Eu estava errada.
Eu respirei um pouco.
— Ter seus labios tao perto dos meus, mas nao conseguir prova-
los.
Obviamente nao.
Ele e Kyle podem ter sido amigos íntimos desde a infancia, mas
ele me irritava. Por que? Porque toda vez que ele via Heidi, seus
olhos demoravam mais do que deveriam.
De modo nenhum.
Ponto final.
Embora ele nao fosse minha pessoa favorita, admito que ele era
bom em seu trabalho. Ele fez nossos moradores se sentirem seguros,
e isso nao era uma tarefa facil. Por isso, ele tinha minha eterna
gratidao; embora ele ainda nao tivesse a minha bençao para
perseguir minha irmazinha.
— Ei voce.
— Oi.
— Namorado?
As características de Ty relaxaram.
Eu balancei a cabeça.
Ty assentiu.
— Apenas checando.
Eu nao percebi o que ele estava fazendo ate meus pes deixarem
o chao.
— Depois,
Eu estava errada.
E eu fazia.
Sinceramente.
— Kyle...
Eu amei.
— Boa noite.
Era agonizante.
Um grande erro.
Sorriso inexistente.
Silencio.
— Eu sei.
— Eu apreciaria.
De jeito nenhum.
O silencio reinou.
Nada alem do som da minha respiraçao pesada encheu a sala.
Por que ela iria? Eu fui responsavel pela morte de sua filha
favorita.
— Kyle, voce nao entende. — Seu sussurro foi tao quieto que foi
um milagre que eu ouvi. — O que seu pai disse, o que ele fez...
— Eu... — eu comecei.
Eu congelo.
Eu nao tinha visto a saia que Heidi pretendia usar, mas eu estava
confiante de que nao era muito curta. Minha irmazinha era linda,
alem de bonita, mas era autoconsciente demais para usar qualquer
coisa que mostrasse muita pele; portanto, eu sabia que papai estava
exagerando.
Como sempre.
Papai zombou.
Ele nao olhou para cima; seus olhos nao procuraram por mim.
Como em tudo.
Ao alcança-lo, parei.
Ele ainda nao olhou para mim.
Maddie?
Oh Deus... vovó?
Serio.
Suspirei de alívio.
Eu balancei a cabeça.
Ou ele me mataria...
— E mesmo?
— Entao me lembre.
Uma mordida de dor passou por mim quando ele agarrou meus
quadris e cravou seus dedos em minha carne. Eu nao estremeci ou
me afastei. Em vez disso, eu gemi baixinho, esperando que ele
apertasse com mais força. Nao fazia muito sentido, mas eu queria. A
unica coisa que me importava era ter suas maos em mim, se seu
toque era aspero ou gentil.
Uma emoçao que nao reconheci brilhou nos olhos de Kyle. Seus
dedos apertaram, respondendo a minha oraçao. Meu peito se
arqueou no dele; meus olhos se fecharam. Eu estava agindo como
uma completa prostituta no meio da cozinha de mamae e papai, mas
eu nao poderia ter me importado menos.
Ele nao me deu tempo para reagir antes de bater seus labios nos
meus. Seus dentes morderam a carne gorda, entao sua língua
deslizou ao longo da costura dos meus labios, exigindo a
entrada. Meus labios se separaram, e sua língua mergulhou dentro,
explorando cada centímetro de mim. Ele tinha sabor de cafe com
sabor de menta, pesado no creme.
Nao estando pronto para me deixar ir, Kyle atacou meu pescoço.
— Kyle...
Ao ve-la, eu congelei.
— Para onde voce vai com tanta pressa? — Ele perguntou, uma
sobrancelha arqueada. — Voce finalmente faz sentido o suficiente
para saber que voce deveria estar fugindo do grande menino e, nao
abraçando ele?
— Obrigada.
Ele soltou minha mao e eu olhei para minha família mais uma
vez.
— Segure se Romeu.
Mesmo se eu quisesse.
— Ponto tomado.
— Quero Ky Ky. — Ela olhou de seu pai para mim. – por favooor.
Algum dia.
Eu pisquei.
Eles estavam errados. Eu nao tinha dito a Kyle que queria ter o
bebe dele. Eu estava apenas me referindo ao fato de que eu queria
uma garotinha como Melody algum dia. Kyle so estava sentado la.
A verdade era que ve-lo com Melody fez minha barriga dar
cambalhotas. Havia algo sobre o sorriso em seu rosto e a adoraçao
em seu corpo que fez meus ovarios queimarem.
Eu sempre quis ser mae, mas ate Kyle, nunca conheci alguem
com quem eu pensasse em ter filhos. Para ser justa, eu nao tinha
saído muito. A experiencia limitada que eu tive com o sexo oposto se
estendeu a um punhado de namorados do ensino medio, nenhum
dos quais eu deixei passar da segunda base graças ao sistema de
crenças que a mamae tinha incutido em mim.
Voce ve, apesar de ser uma crista devota, mamae nunca disse a
Heidi e a mim para nos salvarmos para o casamento como a igreja
exigia que fizessemos. Em vez disso, ela nos disse para nunca deitar
com um homem que nao gostaríamos que fosse o pai de nossos
filhos.
— Voce nao pode agir como uma velha normal por um dia,
mamae?
— Ela fez.
Charlotte riu.
Vovo zombou.
— Oh, silencio. Nem um unico deles esta me observando, exceto
Melody e ela nao tem a menor ideia do que estou falando. Ela tem
uma duzia de anos antes de descobrir a arte do corpo masculino.
Shelby zombou.
— Venha, Melly Belly. Vamos dar uma folga ao tio Kyle e ir ver o
papai.
— Tchau-tchau, Ky Ky.
Quando ela levantou a pequena mao e lhe deu um beijo, meu
coraçao inchou.
Shelby riu.
— Obrigada, mamae C.
— Desculpe.
Eu franzi o nariz.
— E sua culpa, voce sabe. Se voce nao tivesse uma bunda tao
bonita, ela nao sentiria a necessidade de beliscar tanto.
Eu balancei a cabeça.
Dei de ombros.
Espere. O que?
Papai grunhiu.
Hendrix assentiu.
— Desculpe, queridinhas.
— Ty como em Ty Jacobs?
Papai pode ter jogado a alavanca para baixo, mas Heidi ficou
feliz em pega-la de volta.
— Vai, vovo!
Quando seus olhos nao encontraram Kyle, ela olhou para mim.
Diversao dançou nos olhos de vovo quando ela olhou para mim.
Eu pisquei.
— Voce me chamou de gorda?
— Nao!
Kyle endureceu.
Brantley sorriu.
— Sim, senhora.
— Acreditar no que?
Ponto final.
E eu gostava.
Pop, que eu nao tinha visto sair da casa, entrou logo atras dele
e pegou o flutuador.
Como ele nao viu o que estava por vir, nao tenho a menor ideia.
Eu quase engasguei.
Ele se virou.
Eu amei.
— Eu?
E eu nao estava.
— E assim mesmo?
— Se eu tiver algo a dizer sobre isso, voce nunca mais ira a lugar
algum.
— Sim, nos vamos falar sobre isso tambem. Essa merda de dois
empregos precisa terminar. — Ele passou o nariz ao longo do meu
queixo, respirando. — No que diz respeito a trancar voce, tente-me.
Kyle congelou.
— Dizer...
— Eu nunca vou... — ele se afastou e olhou para mim — ...e eu
quero dizer, porra nunca ficar farto de voce.
— Kyle...
— Eu nao fiz.
— Voce nao sabe o que voce significa para mim. — disse ele,
interrompendo-me. — Voce pode pensar que sim, mas Carissa, voce
nao tem a menor ideia.
— Kyle...
Nem um pouco.
Kyle riu.
Obrigada, Deus.
— Sim mas...
Eu respirei fundo.
Foi a ultima coisa que ele disse antes de bater seus labios nos
meus.
CAPÍTULO 17
Carissa
Com o celular na mao, sentei no final da cama de Kyle, minhas
pernas nuas cruzadas uma sobre a outra, ouvindo o chuveiro
corrente do banheiro ligado.
Eu só entro?
Respostas zero.
Minha pele aqueceu sob o olhar dele. Deixando cair meu olhar
para minhas maos, eu escolhi o polimento azul lascado que cobria
minhas unhas.
Em vez disso, ele apenas ficou ali, com uma expressao de dor no
rosto.
— Carissa. — ele disse, sua voz tao grave que eu mal reconheci
isso. — Pare de falar e levante-se.
Eu esperava que ele me tocasse, mas ele nao o fez. Em vez disso,
ele segurou a toalha com mais força e aproximou seus labios dos
meus. A umidade aquecida saindo de sua pele passou atraves do
algodao fino cobrindo meu peito, me banhando em seu calor.
Era obvio que ele ansiava por ver as partes de mim que
eu escondia, desejava explorar minha carne tremula com as
maos, talvez até com a língua, mas o fato de a bola estar na minha
quadra era claro. Kyle pode ter ordenado que eu me despisse, mas a
escolha de obedecer era minha.
— Diga-me se voce nao quer isso. — disse ele, sua voz ainda
mais profunda do que antes. — Nao importa o quanto eu te quero,
princesa, eu nunca vou tocar em voce sem o seu consentimento.
Eu derreti.
Eu lamentei em protesto.
— Eu nao posso esperar. — ele rosnou, ajoelhando-se. — Tem
sido tempo suficiente.
— Kyle!
Eu gritei em desespero.
— Kyle!
Eu desci ate o fim, ate que a ultima gota de prazer fugiu do meu
corpo, deixando o entorpecimento em seu rastro.
Ainda nao.
— Calma, Carissa.
Eu nao queria nada mais do que recuar e enfiar meu pau ate as
bolas dentro dela, mas isso nao era uma opçao. Meu controle seria
disparado para a merda em leva-la, entao, teria feito uma porra suja,
aspera e implacavel. Haveria muito tempo para isso no futuro, mas
Carissa merecia melhor pela primeira vez, e o melhor era tudo que
eu pretendia dar a ela.
Eu soltei suas dobras e bati meu pau pesado contra seu clitoris
inchado, fazendo-a gritar.
Ela assentiu com a cabeça, seus olhos cheios de calor fixos nos
meus. Com o peito arfando, ela moveu o menor pedaço, testando a
sensaçao.
— Nao.
Amor…
Seria uma das coisas mais difíceis que ja fiz, mas Kyle valia a
pena.
— Responda-me, Carissa.
Olhos cheios de uma emoçao que eu nao pude ler, Kyle se sentou
e soltou minha mao.
— Eu sei que e difícil para voce falar sobre ela, e eu nao quero
exagerar ou deixa-lo chateado. Eu so…
— Voce so o que?
Seja honesta com ele, eu disse a mim mesma.
Eu balancei a cabeça.
— Eu entendo.
— Nos nao temos que falar sobre isso, querido. Eu nao deveria
ter...
— Nao. — Ele chegou para mim com este braço livre, e eu fui
ate ele, deitando-me ao lado dele. Sua pele nua estava quente contra
a minha e eu derreti em seu lado como manteiga. — Eu preciso falar
mais sobre ela. Como voce, Lily foi uma das poucas coisas boas da
minha vida. Ela merece ser lembrada.
— Me diga mais.
— Baby...
O que ele passou foi demais para a mais forte das almas
sobreviver; muito mais uma criança.
— Eu menti, Carissa...
Eu balancei a cabeça.
— O caralho que nao foi! — Ele gritou mais alto, seu rosto
vermelho beterraba.
Nem um pouco.
— Entendeu?
Eu continuei indo.
Começando agora.
Eu balancei a cabeça.
— Nao.
— Entao o que?
Ele nao disse nada quando ele soltou o braço das minhas costas
e colocou as maos em cada lado do meu pescoço. Pressionando os
polegares na parte inferior do meu queixo, ele inclinou a cabeça para
tras.
Eu balancei a cabeça.
— Sempre.
— Nove.
Ele assentiu.
— Que horas voce tem que estar de volta amanha?
— Entao e por isso que voce me disse para arrumar uma roupa
de banho.
— Ah, vamos la, querida. — ele brincou. — Voce sabe que sentiu
minha falta. — Seus olhos divertidos encontraram os meus. —
Manha, C.
O panico me assaltou.
Uh-oh ...
Kyle congelou.
— Diga.
— Apenas o que?
— E apenas...
Maddie.
— Ainda e besteira.
Ele assentiu.
— Eu faço.
Maddie seguiu.
— Bem. — disse ela, divertimento em seu tom. — Se isso nao
deixou o homem com bolas azuis, entao eu nao sei o que vai.
Eu nao aguentava.
Mais do que tudo, eu queria pegar meu telefone e ligar para ela,
mas nao consegui. Ela tinha encerrado minutos antes; portanto, ela
provavelmente estava dirigindo para o meu apartamento. Atender o
telefone quando ela estava atras do volante nao era algo que eu
queria que ela fizesse.
— Se voce estragar tudo isso, voce sabe que eu vou bater na sua
bunda, certo? — A voz dura de Ty me puxou dos meus pensamentos.
Com olhos estreitados, eu olhei para cima, encontrando seu
olhar.
Nao era.
Alem disso, Ty nao tinha motivos para dizer qualquer coisa para
começar. Ele nao conhecia Carissa. Na verdade nao. Ele pode ter
abrigado algum protecionismo equivocado em relaçao a ela por
causa de seus sentimentos por Heidi, mas precisava parar.
— Tem certeza?
— Lily.
— Nao, eu quero ouvir o que ele tem a dizer. Vamos la, Ty. — eu
pedi. — Continue falando. A menos que voce seja muito covarde
para fazer isso.
Auto-ilusoes distorcidas?
Culpa equivocada?
Eu posso ter sido torcido, mas eu nao estava delirando, e nada
da culpa que eu carregava estava fora de lugar.
Eu merecia tudo.
— Que verdade?
— Aquele que diz que nao foi nossa culpa. Nos eramos crianças,
nos tres. A unica pessoa responsavel pelo que aconteceu naquele dia
e Edgar Louis, e ele esta morto, Kyle. Tem sido por um longo tempo.
So espero que o filho da puta esteja assando em um espeto nos
recessos mais profundos do inferno enquanto falamos.
Eu nao queria ser lembrado dele, das coisas que ele fez com a
minha irma.
Fora de controle, levantei meu punho para dar outro soco, mas
braços fortes me envolveram por tras, impedindo-me de faze-lo.
Hendrix zombou.
Ty e eu permanecemos mudos.
— Espiral?
Nunca.
Sabendo que ele nao iria sair da minha bunda ate eu satisfaze-
lo, eu puxei meu ombro livre de seu aperto e peguei o
folheto. Minhas sobrancelhas se levantaram quando li as palavras
rabiscadas na frente.
Hendrix endureceu.
Cada palavra que eu falei era a verdade, provando que Chase era
muito mais esperto que eu. Ele se acalmou para manter a garota que
ele queria perto, mas eu nao tinha sido capaz de parar de explodir
na frente da minha.
Eu estou tão fodido...
Mas Ty, ele foi estupido o suficiente para rir antes de dizer.
— Provavelmente.
Eu sorri.
— Tal temperamento.
— Kyle...
— Responda-me quando...
Para sempre.
CAPÍTULO 22
Carissa
Dirija mais rápido…
Fazia vinte e quatro horas desde a ultima vez que eu senti seu
perfume ou toquei sua pele, e estava perdendo a cabeça. Nos
passamos dias sem nos ver antes, mas agora que eu sabia como era
acordar em seus braços, eu nunca seria a mesma.
— Eu posso ver que voce esta com pressa, mas pare com isso,
chumbo. Nao quero morrer hoje! — Ela continuou a olhar pelo para-
brisa. — Eu nem sequer fiz sexo ainda!
Querido Deus, eu orei, por favor, não nos deixe bater porque eu
sou uma idiota.
Sabendo que algo estava errado, ele virou o olhar para o homem
cujo nome eu nao conhecia. Em um instante, um olhar sinistro
cruzou seu rosto, fazendo meu coraçao disparar.
— Ele nao fez nada. — corri para dizer, rezando para que ele
acreditasse em mim. — Eu juro.
Kyle nao disse nada quando envolveu um braço forte em minhas
costas, segurando-me com força contra ele.
Eu planejei ouvir.
Eu balancei a cabeça.
— Tio Henny, voce viu... — Sua voz sumiu. — Uh-oh. O que esta
acontecendo?
Carson deve ter olhado para ela errado, porque a proxima coisa
que ouvi foi um grunhido seguido por Ty dizendo.
Ty tambem.
— Te amo mais.
Kyle riu.
— Sempre, Heidi.
Foi a ultima coisa que ele disse antes de sair do predio e seguir
em direçao a sua caminhonete. Quando chegamos, ele me deixou de
pe e me empurrou contra a porta do motorista. Suas maos voaram
para meus quadris e seus dedos cravaram em minha pele em um
aperto implacavel. Pressionando seu peito contra mim, ele olhou nos
meus olhos, possuindo cerveja em suas pupilas.
— Sim?
Eu balancei a cabeça.
Eu nao aguentei.
Merda.
Eu saí do caminhao.
Carissa seguiu.
Agarrando o cooler, junto com a sacola de praia cheia demais do
banco de tras, fechei a porta atras de mim e segui enquanto minha
garota cruzava o estacionamento e se dirigia para a margem.
Eu parei de andar.
Eu balancei a cabeça.
— Nao deve ter mais ninguem por uma milha e meia em cada
direçao.
— Carissa... — eu comecei.
Precisando confirmar que isso era o que ela queria, deixei cair
o cooler no chao, nao dando a mínima se ele quebrasse ao meio. Um
cooler danificado era facil de substituir, mas consertar uma Carissa
quebrada seria muito mais difícil.
Tick Tack.
Tick Tack.
Entao.
Eu balancei a cabeça.
— Sempre.
— Voce nao tem ideia do que ouvir sua voz faz comigo.
— Conte-me...
— Voce me ama?
Engoli.
— E se eu engravidar?
Silencio.
Entao.
— Um bebe? Nao.
Juro por tudo que e sagrado, ele me quebrou... pelo menos, ate
que ele continuou.
— Agora?
— Para mim, isso nao e cedo demais. Mas se voce quer que eu
use uma camisinha ou puxe para protege-la de ser arremessada tao
rapido, eu vou. Eu sempre farei o que voce quiser.
Tudo o que eu tinha que fazer era dizer duas pequenas palavras.
— Sem preservativo.
Kyle congelou.
Corpo tremendo contra o meu, ele olhou para mim, seus olhos
cheios de esperança nunca se desviando dos meus.
— Diga-me que voce me ama, Carissa. — ele sussurrou. —
Mesmo que seja uma mentira, baby, eu preciso...
Mal sabia ele que cada palavra era a verdade falada diretamente
do meu coraçao.
Forte.
Prendendo seus labios aos meus, ele deslizou para dentro e fora
de mim, arrastando sua dureza contra a minha carne
sensível. Línguas dançando uma com a outra, eu gemi em sua boca
quando a sensaçao de estar sendo levada aos meus limites se
transformou em algo mais.
Muito melhor.
Ou melhor, exigi.
Para cima e para cima eu fui, voando para um lugar que so Kyle
poderia me enviar.
Kyle sorriu.
Eu balancei a cabeça.
Durante muito tempo, temi que eles ficassem com raiva, mas
nenhum deles ficou. De fato, a maioria, incluindo Heidi, tinha ficado
feliz por mim. Sem sequer uma queixa, eles se afastaram, abrindo
espaço para o homem com quem eu tinha certeza de que um dia me
casaria.
Entre elas: por que ele não iria querer passar o dia comigo?
Eu nao entendia.
— Entao, o que e?
Ele olhou para o ceu noturno antes de virar o rosto para o meu.
De um jeito ou outro.
— O que voce permitiu que acontecesse com a Lily? Foi isso que
voce acabou de dizer?
Ele estendeu a mao para mim, mas eu dei um passo para o lado,
fugindo de sua garra.
— Princesa...
— Ve o que?
— Carissa...
Precisando estar mais perto dele, mesmo que fosse pela minha
propria sanidade, eu recuei entre as pernas abertas e caí de
joelhos. Segurando suas bochechas, eu o forcei a olhar para mim.
— Nem uma vez eu admiti isso em voz alta, mas no final, parei
de rezar para que ela melhorasse, e comecei a orar para que ela
partisse. — Um soluço arrancou da minha garganta, tornando difícil
respirar, mas continuei, embora. Colocando minhas trevas para ele
ver. — Papai estava se afogando em contas medicas, estavamos
prestes a perder a casa para o banco, e Heidi nao podia comer, nao
conseguia dormir. E eu te disse, mamae estava com muita dor. — Eu
soltei minhas maos do seu rosto e abaixei a cabeça, incapaz de olhar
para ele por mais tempo. — Mesmo antes de descobrirmos que ela
era terminal, eu rezei para que tudo aquilo parasse. Eu so... — As
palavras morreram na minha língua quando Kyle me levantou em
seus braços e me segurou perto de seu peito. — Eu so queria que
acabasse... — eu gaguejei, mal conseguindo falar. — Entao, uma
noite, caí de joelhos e rezei por Deus para resolver.
— O que aconteceu com a Lily nao foi sua culpa, Kyle. Voce era
apenas uma criança; alguem que nunca deveria ter estado em tal
situaçao para começar. Mas eu? Eu praticamente rezei por minha
mae, a mulher que me deu a vida, para morrer. Se alguem deve ser
punida com uma interminavel culpa e agonia pelas coisas que eles
fizeram e pelos erros que cometeram, deveria ser eu. Voce nao.
— Seu nome era Edgar Louis. — ele sussurrou, sua voz crua, —
e ele era um monstro.
Eu congelo.
— A unica razao pela qual ele foi pego foi porque a garotinha
contou a prima o que estava acontecendo, e a prima contou a uma
professora.
Serio, eu ia vomitar.
— Sua obsessao.
— Sabe o que?
Eu balancei a cabeça.
Eu não entendo...
— Porque ele estava bravo. Com raiva que ele nao conseguiu o
que tinha fantasiado desde o momento em que a viu pela primeira
vez.
— Kyle...
Ele assentiu.
Ah não.
— Ele esta...
Sempre.
Ele riu.
Momentos passavam.
Entao.
Tanto significado.
— Sim?
A confusao começou.
— Tres anos atras, ele me disse que um dia uma mulher iria
aparecer e me bater na minha bunda. — Eu respirei fundo. — Cinco
minutos depois, conheci voce.
— E eu bati em sua bunda?
— Kyle...
Carissa...
Não minta, mas não seja muito direto, eu disse a mim mesmo.
— Por que?
Quando nao respondi imediatamente, ela atravessou a cozinha
e puxou o calendario do lixo. Vestindo uma expressao pensativa em
seu rosto de tirar o folego, folheou os varios meses ate encontrar
Junho.
Virando-se para mim, ela olhou para mim, uma expressao quase
magoada em seu rosto.
— Carissa, fale...
— Perdao?
Mas hoje?
Esqueça isso.
Nunca.
Eu fechei a porta.
O rosto de Ty caiu.
— Foi ele.
Eu comecei a andar.
Vai e volta.
Vai e volta.
— Nao depois dos dois ultimos encontros que tive com ele. Voce
ja sabe que ele tem uma paixao distorcida pela minha garota. O
pedaço de merda obviamente explodiu quando ele nos viu saindo da
estaçao juntos ontem.
Eu o mataria primeiro.
Ty exalou.
— Desculpe?
Ele permaneceu em silencio.
Fiquei espantada.
A serio.
— Bebe...
— OK.
Eu tive morte suficiente para durar uma vida inteira.
Eu queria chorar.
Ver a casa de Kyle era difícil, mas tentar descobrir o que fazer
ou como me comportar quando conhecesse sua mae pela primeira
vez era ainda mais difícil. Fui criada para respeitar os mais velhos,
independentemente da situaçao, mas, ao mesmo tempo, suas
palavras da noite anterior se repetiram em um loop na minha
cabeça.
Minha mãe me odeia, ele disse. Por causa do que eu permiti que
acontecesse com Lily.
Ele assentiu.
Eu pensei errado.
Enquanto isso, meu estomago caiu aos meus pes com a mençao
do nome de mamae. Eu nao tinha ideia de como ela conhecia mamae,
nem tinha a menor ideia de como ela sabia meu nome, mas estava
prestes a descobrir.
Era a verdade.
— Voce esta pronta para ir? — Kyle perguntou, seu tom agudo.
Mas logo em seguida, percebi que ela era minha para salvar
tambem.
— Eu quero.
O silencio seguiu.
Eu ultrapassei?
Ele está com raiva de mim?
— Pronta?
Virando a cabeça para o lado, Kyle olhou para mim, seus olhos
cheios de escuridao.
Lentamente.
Certamente.
— Sim. Eu vou dar uma olhada nela amanha, mas por enquanto
ela precisa descansar. — Ele fez uma pausa antes de falar
novamente. — Antes de irmos, preciso verificar se ela ainda tem
comida na geladeira.
Eu estava la, com minha mao cobrindo minha boca para abafar
os sons dos meus soluços, que eu coloquei sobre as lagrimas que eu
estava segurando.
CAPÍTULO 28
Kyle
Eu fodi tudo...
Dor que ela sentia por minha causa, o homem que jurou sempre
protege-la.
Ty tambem.
Nao importa.
— Voce esta pronto para ir? — Ela perguntou, sua voz pequena
e hesitante.
Eu nao a culpei.
Mais silencio.
Extremamente disso.
— Eu sei o que voce esta pensando. — Sua voz soou mais forte
do que em anos. — E eu quero que voce deixe, Kyle. — Ela deu um
unico passo para frente. — O suficiente e o suficiente. — Seus olhos
voaram para Carissa antes de voltar para mim. — Voce sofreu mais
do que o seu quinhao, menino doce, e tem que parar.
— Mamae...
Eu agarrei.
Um monte de magoa.
— Eu ja fiz.
Era a verdade.
CAPÍTULO 29
Carissa
Acordei com a sensaçao de alguem me observando.
— Kyle!
Espere.
— Volte novamente?
— Gorilas?
O calor se espalhou por mim nas palavras dele. —Eu nao vou,
desde que voce prometa nao derramar os feijoes para minha irma
fedorenta..
Ele assentiu.
— Hmm… Bem, desde que eu sou sua, isso significa que voce
vai me alimentar agora? Porque eu estou morrendo de fome.
Eu deixei cair minha cabeça para tras e permiti que meus olhos
se fechassem.
Alto.
— Eu sei que ja disse isso uma vez, mas Carissa, eu preciso que
voce entenda como eu sinto muito sobre ontem.
Nunca mais.
— Kyle, es...
Eu me encolhi.
— Sim, essa e uma grande parte. Voce viu o rosto dela quando
te apresentei como minha namorada? Ela me cortou naquele
momento, e daquele momento em diante, voce foi quem ela tambem
se agarrou.
— Por que?
— Kyle...
— Fazer o que?
— Eu nao estava...
Kyle sorriu.
— Isso e certo?
Eu balancei a cabeça.
Eu balancei a cabeça.
— E como e isso?
Olhos trancados nos dele, eu respirei fundo.
— Carissa...
A paixão, mais como fixação, que ele tinha na minha garota nao
era normal. Antes de aparecer na estaçao, ele nunca a conheceu,
nunca ouviu falar dela. O mais proximo que ele chegou dela foi uma
foto em preto e branco de ela e Maddie que estavam na mesa de Cap.
De jeito nenhum.
Nao parei para pensar nas repercussoes. Como eu, Hendrix era
cabeça quente e usava os punhos para falar quando a necessidade
exigia. Nao havia duvida em minha mente que ele teria algo a dizer
sobre o que eu tinha acabado de fazer...
— Parece que voce decidiu jogar uma birra e jogar lixo na minha
caminhonete. — A veia na minha testa se inchou. — Tudo porque
voce quer algo que me pertence. — Eu abaixei minha voz para
sussurrar. — Algo que voce nunca vai ter.
Princesa…
Entao eu balancei.
— Mova-se, Cap!
Desapareceu.
Quando nao disse nada em troca, ele voltou sua atençao para
Ty.
— Cara, quao idiota voce pode ser? Voce deixou estes, alem do
Louisville Slugger que voce usou para esmagar o para-brisa de Tuck,
na traseira do seu caminhao.
Uma vez que Carson estava fora de vista, Cap voltou sua atençao
para mim. A decepçao que brilhava em seus olhos era inconfundível.
— Kyle, espere.
Eu sabia.
Eu tinha que melhorar. Se nao fosse por mim, entao que fosse
por Carissa e mamae, ambas.
— Eu ja disse isso uma vez antes, mas vou lhe dizer de novo, ja
que nao afundou na primeira vez. — Cap continuou. — Se voce nao
soltar o veneno correndo em suas veias, ele vai apodrecer de dentro
para fora. Confie em mim, eu sei.
Como agora.
Olhar focado no chao de madeira sob meus pes, eu nao lhe dei
atençao quando ela parou na minha frente, suas maos ossudas
segurando a lapela de seu robe gasto.
Meu coraçao batia forte quando olhei para ela, encontrando seu
olhar de frente.
Eu balancei a cabeça.
— Eu posso nao ter estado la, mas fui eu quem permitiu que
aquele monstro... — sua voz quebrou na ultima palavra — ...chegasse
perto da minha filhinha em primeiro lugar. Se nao fosse por eu
deixar ele dar a ela aquele pirulito, ela nunca teria se aproximado
dele naquele dia no parque.
Desoladora tambem.
— Eu deveria saber que havia algo errado com ele quando ele
ficava me dizendo como a Lily era bonita... — seus olhos se fecharam
— ...como ela era doce.
— Voce nao era burra. — eu disse a ela. — Nao foi antes e nao e
agora.
— Odiar voce? Kyle, baby, nao ha nada que voce possa fazer
para me fazer odiar voce.
— Por que...
— Mas eu...
— Se voce nao me culpou, entao por que voce nao parou o papai
naquele dia no meu quarto? — Andando pela janela de tras, eu olhei
para o quintal. — Por que voce nao disse algo quando ele me bateu
contra a parede, ou quando ele me disse que desejava que tivesse
sido eu a morrer em vez de Teacup?
— Todo dia.
Nao fazia muito sentido, mas ouvir a mae admitir seus erros
juntou uma peça quebrada dentro de mim de volta no lugar.
— Nenhum. – Eu ri.
— Entao quem?
Entao eu fiz.
— Ele quer Carissa.
Eu balancei a cabeça.
— Kyle...
— A unica coisa que ele fez ate agora foi destruir meu
caminhao. Que teve que ter rebocado para ser consertado.
Eu balancei a cabeça.
Mamae assentiu.
— Bom, porque eu com certeza gostaria de ve-la mais por perto.
Inspiraçao atingiu.
— Eu tambem adoraria.
— Sim? Bem, que tal voce vir comigo para busca-la no trabalho
mais tarde? Podemos surpreende-la juntos.
Eu amava Kyle com cada gota do meu coraçao, mas ele nunca
substituiria Heidi.
— Idem.
Marcava 4:55.
— Sim.
— Eu nao sei. Quero dizer, ele nao fez nada ainda, porque ele
nao voltou para a estaçao desde que aconteceu. Mas ele esta
trabalhando em um turno de 8 horas hoje e eu nao tenho notícias
dele.
— Papai!
Ele pode ser uma dor no meu traseiro a maior parte do tempo,
mas eu o amava mais do que as palavras poderiam dizer. Uma
menina do papai desde o dia em que nasci, eu ficaria assim.
Para sempre.
— Por que voce nao me disse que estava voltando para casa?
Pensei que tivesse mais uma ou duas semanas na estrada.
— Ei, Daryl. — disse ela. — Nao sabia que voce estava de volta
ainda.
Eu balancei a cabeça.
Ela sorriu.
Papai zombou.
Papai, sendo a rainha do drama que ele era, jogou as maos para
o ar.
— Vamos la.
— O que?
Ela zombou antes de olhar por cima do ombro para o nosso pai,
que seguia atras de nos.
— Te dizer o que?
Minha pergunta me rendeu outro olho revirado.
O sorriso que ela usava era tao brilhante que era quase
ofuscante. Era tao diferente do que o olhar que ela usava no dia
anterior que me chocou, momentaneamente me derrubando.
— Sou eu.
— Papai, voce esta bem com Dottie e Kyle jantando com a gente,
certo?
Eu rezei para que ele pudesse ler meus olhos cheios de
culpa. Por favor, não seja um bundão...
Eu ri.
Porcaria!
— Pirralha...
Percebendo que essa nao era uma conversa apropriada para ter
na frente de papai nem de Dottie, olhei para Kyle.
Kyle assentiu.
— Vovo... — eu comecei.
Heidi riu atras de mim quando ela pulou de volta em seu novo
Cadillac, ligou o motor, e deu marcha-re. Antes de recuar, ela
estendeu a mao e ligou o radio.
Entao ela sorriu, e quero dizer que ela sorriu grande, quando
vovo lhe deu um lenço para usar. Depois de ajuda-la a coloca-lo, as
duas acenaram para todos nos uma ultima vez.
Ele jurou que estava bem, que nao doía nem um pouquinho,
mas eu tinha dificuldade em acreditar nele. Ele nunca mentiu para
mim antes, mas eu duvidava que ele me dissesse se ele realmente
estava com dor.
— Por que?
— Razao numero tres; ele quer voce, e isso nunca ficara bem
em qualquer estado ou forma.
— Kyle...
— Sobre o que?
— Trabalho.
— Definitivamente e. — Eu sorri.
Eu balancei a cabeça.
Espere um minuto.
— Kyle...
Kyle assentiu.
— Ela faz, baby. Seu coraçao ainda esta quebrado, mas ela me
prometeu que trabalharia em cura-lo, que nós trabalharíamos em
cura-lo. Juntos.
— Sim? Bem, este homem das cavernas diz que voce precisa
beija-lo agora; senao vou jogar voce por cima do meu ombro e leva-
la de volta para minha caverna, onde posso ser muito mau com voce.
— Voce quer?
— Entao pegue-os.
— Esta aberta?
A serio.
— Sobre o que?
— Vovo!
Ignorando-me, ela manteve os olhos focados no meu cara.
Eu abri minha boca para dizer a ela para fechar, mas Kyle falou
antes que eu pudesse.
Eu ja ouvi o suficiente.
— Tortas?
Ela assentiu.
— Sim, tortas. Fez tres, e ela esta indo para a cidade para
algumas mais. Daryl e Felix ja estao sentados a mesa como dois
cachorros a espera de seu jantar. — Ela mais uma vez acenou com a
mao em um gesto desdenhoso. — De qualquer forma, eu peguei
ela. Voces vao se divertir… Mas nao fiquem fazendo nenhum negocio
engraçado no meu carro novo! Eu se encontrar uma unica marca na
cera e vou atirar em voce.
— Sim.
Soltando seus pulsos, dei alguns passos para tras, dando espaço
para ela se afastar da parede.
Sem hesitaçao.
— Fique de joelhos.
Ainda nao.
Um erro de novata.
— O que?
— Jesus, baby.
Ela assentiu, mas isso nao foi bom o suficiente para mim.
Outro sim.
— Eu nao sei.
Porra.
Ainda nao.
Empurrando.
Gritando.
Gozando.
— Obrigada.
Sempre.
Em absoluto.
De sua roupa para sua atitude, vovo era uma rebelde ate o
nucleo.
Vovo pode ser mais louca do que um rato de casinha, mas ela
era amada por muitos. Um olhar ao redor do quintal dela, e as
pessoas que estavam espalhadas em todas as direçoes, eram
evidencias disso.
Eu simplesmente adorei.
— Bem.
Ela riu.
— Essa e a verdade.
— Ei, doçura.
— Cem dolares para que Maddie pode falar sua asma, Cole. —
Ty disparou de volta.
— Ela nao vai viver sob o seu teto para sempre, Moretti. — ele
rosnou. — Lembre-se disso.
Ty sacudiu a cabeça.
E ferida.
Apesar dos problemas que ainda tinham e das lutas que ainda
enfrentavam, naquele momento precioso, nao estavam
sobrecarregados pela culpa, raiva ou arrependimento que ambos
carregavam por tantos anos.
— Eu... — eu comecei.
— Por que, eu nao posso imaginar carregar toda essa culpa por
tanto tempo. — ela interrompeu. — Parece que depois de um tempo
isso destruiria tudo de bom em voce e nao deixaria nada alem de
podridao.
Eu congelo.
— Matou quem?
Eu comecei a cair.
E Dottie
— Nao se atreva.
— O que?
Eu permaneci em silencio.
— Esta pronta?
— Estou pronta.
— Boa menina.
Eu respirei fundo.
Assim como fez todos aqueles anos atras, meu coraçao começou
a doer quando se encheu de tristeza agonizante.
Apesar de lutar para nos segurar, ela estava pronta para ir.
Eu odiava isso.
— Voce nao ve, papai? Se eu nao tivesse sido tao fraca, se nao
tivesse sido tao egoísta, se nao tivesse orado para que Ele aliviasse o
cancer dela, ela poderia nao ter morrido. Foi tudo culpa minha.
Os dedos de Kyle afundaram no meu ombro; seu braço tremeu
contra mim.
— Nao ha nada que voce possa fazer para me fazer odiar voce.
— ela disse, usando sua voz. — Nem uma unica coisa. — Seus olhos
perfuraram os meus, exigindo que eu ouvisse cada palavra que ela
falasse. – E não e sua culpa, e eu nao vou ouví-la dizer nem um
segundo a mais. A unica coisa culpada para a morte de mamae e o
cancer. — O rosto dela se contorceu quando ela mencionou a palavra
em C de que evitamos falar como se fosse a peste. Nao voce.
Ele fez.
— Papai...
Eu permaneci em silencio.
Eu tinha razao.
Espere. O que?
Eu nao entendi.
Eu estava.
— Eu estou.
— Vou pegar uma segunda fatia de torta. Minha bunda tem que
manter seu tamanho de alguma forma. – Heidi riu.
Kyle e eu os seguimos.
Sem dizer uma palavra, ela fechou o espaço entre ela e eu, e
colocou os braços em volta de mim. Ela me balançou de um lado para
o outro, acalmando meus nervos em frangalhos e aquecendo minha
alma.
Papai nao estava muito feliz com isso, mas ele tambem nao deu
muita importancia. Sabendo que ele estava lutando uma batalha
perdida, ele manteve o seu bufar e ofegar ao mínimo; na maioria das
vezes, de qualquer maneira. Ele ainda gostava de lançar um
punhado de ameaças na direçao de Kyle ocasionalmente, e Deus
sabe que um dia nao passou no qual ele nao ligou ou me mandou
uma mensagem perguntando se ele ja precisava cavar um buraco.
Elas mereciam nada menos que pura felicidade; algo que elas
encontraram uma na outra.
Dottie saía de sua concha mais e mais a cada dia e Kyle nao
socava ninguem, nem nada, desde que ele começara a terapia, o que
era um progresso definido. Entao, novamente, Carson nao estava
mais por perto para irrita-lo regularmente.
Uma outra grande mudança com Kyle foi que ele sorria mais
agora, algo que eu amava com cada fibra do meu ser. Ele ate brincava
com Hendrix e Ty em uma base regular.
A primeira vez que Hendrix viu Kyle sacudir a cabeça para tras
e rir de algo que vovo disse, achei que ele fosse desmaiar. Ele e Ty
estavam vendo o seu melhor amigo em comum sob uma nova luz, e
pelo que pude perceber, ambos gostaram do novo Kyle muito mais
do que do antigo.
Era um pacote.
— Carissa?
Hendrix sorriu.
Uh oh...
— Oi querido!
Hendrix zombou.
Eu pisquei.
— O inferno que voce diz! Nos vamos ter que lutar contra esse...
— Ei, Pop!
— Kyle!
— Aqui?
— O que?
— Aqui?
— 59 e contando.
Eu sorri.
Eu nao hesitei.
Ele passou a língua sobre o labio inferior, algo que fazia com
frequencia quando a luxuria fluía desenfreadamente em suas
veias. Sem dizer uma unica palavra, ele alinhou seu pau com a minha
entrada e bateu me preenchendo.
E eu gritei. Alto.
Em segundos, explodi.
Silencio.
Entao.
Kyle sorriu.
Na estação?
— Voce...
— Talvez.
— Voce ladrao...
Entao.
— O que ha de errado?
Assim. Parou.
Merda.
Declan assentiu.
— Todo mundo vai ficar bem. Sua mae e sua irmazinha estao no
melhor hospital da Georgia. Os medicos e enfermeiras cuidarao bem
delas.
5:24 AM
— Sim?
— Eu tive um acidente.
— Sim, ele e o mais legal. Meu irmao gosta do Batman, mas ele
e um idiota, entao nao e nenhuma surpresa.
Declan sorriu.
— Mesmo?
— Absolutamente.
— Ei, Kyle.
— Sim cara.
— Volte a dormir.
— Noite, amigo.
Carissa
Maddie assentiu.
— Sim. Eles colocaram Clara sob anestesia geral, uma vez que
era uma emergencia, e eles nao permitiriam que Brantley fosse
la. Ele nao conseguiu ver Olivia ate que ela estivesse na UTI e mesmo
assim ele nao teve permissao para toca-la. — Ela franziu a testa. —
Clara ainda nao a viu. Quebra meu coraçao para pensar nisso.
— Clara vai ficar bem, mas vai precisar acompanhar Olivia por
um tempo desde que ela foi tao prematura. O neonatologista disse
que ela era forte, entao estou esperançosa.
— Eu tambem.
— Entao pergunte.
A confusao se instalou.
— Seu período.
Eu congelo.
Engoli.
— Quao atrasada?
— Uma semana.
Espere um minuto.
Ela assentiu.
— E?
— E eu estou gravida.
— Eu vou. Eu so...
Uma coisa sobre mim, eu nunca fui capaz de mentir bem; nem
tinha o dom de mascarar meus sentimentos. Tudo o que Hendrix
teria que fazer e olhar para o meu rosto e ele saberia que estavamos
escondendo alguma coisa. Portanto, eu me virei, coloquei minhas
maos no balcao da cozinha, dando aos caras minhas costas.
— Esconda de ambos.
— Perdao?
Eu balancei a cabeça.
— Eu estou.
— Voce vai.
Silencio.
Entao.
Eu balancei a cabeça.
— Um par.
Heidi bufou.
— Thelma e Louise.
Eu quase engasguei.
Meu estomago caiu aos meus pes e o medo que habitava cada
celula do meu corpo se transformou em horror.
Carson riu.
Foi o pior, e eu quero dizer pior, de tudo o que ela poderia ter
dito.
— Eu vou.
Se ela nos perseguisse, algo que ela estava, sem duvida, prestes
a fazer, Carson a mataria, e isso nao era uma opçao. Heidi pode ter
uma lata de spray de pimenta, mas Carson tinha uma faca e delírios
suficientes para encher o Grand Canyon.
— Maddie esta doente, idiota. Claro que ele nao esta aqui.
— Nada, eu...
— Heidi, o que...
Eu fiz uma tentativa para ela assim que ela começou a cair.
— Diga-me! — Eu gritei.
Deixando cair a cabeça para tras, ela olhou para o ceu noturno
enquanto lagrimas escorriam de seus olhos.
— Heidi... eu comecei.
— Cuspa, Bug!
Grávida…
Meu.
Memorias aumentaram.
Eu as empurrei de volta.
— Tem certeza?
Eu balancei a cabeça.
— Foi o que Edgar Louis fez.
Pela primeira vez desde que Carissa foi raptada, permiti que
pensamentos de minha irma se adiantassem. Dezessete anos se
passaram desde que ela foi arrancada de mim por um obsessivo
psicopata empenhado em reivindicar coisas que nao pertenciam a
ele.
So que desta vez nao foi minha irma que foi levada.
Dias.
Anos.
Seculos
Por mais louco que pareça, embora ele tenha me ameaçado com
uma faca e cortado minha barriga com a lamina, nao achei que ele
pretendesse me matar.
Eu nao era tao forte quanto Shelby ou Clara, mas eu tinha uma
espinha dorsal feita de aço e o sangue de meus pais correndo pelas
minhas veias. Eu posso nunca ter jogado um soco na minha vida,
mas quando encurralada em um canto voce pode apostar seu ultimo
dolar que eu sairia balançando.
Sabendo muito bem que agora era a hora de agir, respirei fundo,
me forçando a permanecer calma. Inclinando minha cabeça contra o
assento, virei minha cabeça para encarar Carson. No momento em
que ele sentiu meu olhar em seu rosto, ele olhou, encontrando meus
olhos.
O doente.
— Preparar as coisas.
Meu estomago caiu, mas nao mostrei. Sorriso costurado no
lugar, eu continuei.
Ele assentiu.
— Eu sei tudo sobre o que Tuck fez com voce. Como ele
humilhou voce, fez voce fazer coisas que voce nao queria. — Sua mao
apertou no volante. — Eu assisti ele machuca-la, assisti voce gritar
de dor.
Ele estava assistindo enquanto Kyle fazia amor comigo. Isso era
obvio, mas o que nao era tao obvio era quantas vezes ele tinha feito
isso. Uma, duas, vinte? E doce Jesus, ele pensou que Kyle estava me
machucando? Eu nao podia... bem, eu nao podia acreditar no nível
de insanidade que eu estava lidando.
Meu Hulk nunca me fez sentir nada menos que bonita, mas
Carson me fez sentir completamente suja; e nao de um jeito bom
tambem.
Como, entao.
— O que ha de errado?
Eu adicionei um brilho aos meus dramas, forçando uma
mordaça por tras da minha mao.
Carson assentiu.
Desapareceu.
— Voce me entende?
E ele estava.
Sua segurança.
Seu amor.
Eu so queria ele.
Eu estava feita.
Oficialmente feita.
Osso rachado.
Sangue pulverizado.
Carson lamentou.
Eu sorri.
Ele inclinou-se.
Caindo de joelhos, Carson ofegou de dor.
Kyle tambem.
Ele me disse uma vez que sem mim, ele nao existiria.
Eu acreditei nisso.
Duro.
Isso me apavorou.
Nao importa.
Se eu pudesse apenas...
Farois surgiram.
Eles estavam longe, mas isso me daria tempo para atravessar o
campo.
Banhado pela luz da lua cheia, eu saí correndo mais uma vez.
Kyle.
— Kyle! — Eu gritei.
Eu gritei quando ele, junto com Ty, pularam para fora do grande
Chevy preto e começou a correr em minha direçao. Pulando a cerca
de ma qualidade que ficava entre eles e eu em um salto, seus pes
caíram no chao e eles começaram a se mover.
Eu abri minha boca para gritar de volta, mas nao tive a chance.
Entao, impacto.
Minhas costas bateram no chao e antes que eu pudesse piscar,
Carson estava em cima de mim.
Tudo o que eu pude pensar quando minha visao esvaía era, por
favor, Kyle, depressa...
CAPÍTULO 42
Kyle
Vamos, baby, onde você está?
Nao saber onde ela estava, se ela estava ferida, ou se ela ainda
estava respirando, estava me matando.
— Mais rapido!
Uma segunda voz, essa que pertencia a uma mulher, veio pelo
radio.
Entao.
— Carissa nao vai a lugar nenhum, Tuck, entao nao diga essa
merda. — Ty disse, sua voz mais calma do que momentos antes. —
Ela nao... — Ele estalou a boca, refletindo sobre suas palavras antes
de continuar. — C e forte e inteligente como o inferno. Se alguem
pode passar por algo assim, e ela.
Nunca.
Eu tive o suficiente.
Eu precisava me mover.
Espere…
— Carissa!
Sua boca se abriu, e ela começou a gritar, mas entao Carson
mergulhou para ela, batendo o corpo dele no dela, derrubando os
dois no chao. Incapaz de fazer qualquer coisa alem de correr, eu
assisti com horror quando ele a virou de costas em uma cama de
trigo esmagando e envolvendo seus dedos ossudos ao redor de seu
pescoço.
— Apenas a frente…
Perder os dois.
— Kyle
— Perdao?
Espertinha.
Mamae riu.
— Sim.
— Como?
— Porque eu disse.
Puxando minhas maos para fora dos meus bolsos, cruzei meus
braços sobre o peito.
— Eu nao entendo.
E eu nao fazia.
— Ela teria querido que voce fosse feliz, Kyle. Mais do que tudo,
e o que ela queria.
Carissa ofegou.
— Voce esta...
— Bebe?
Carissa assentiu.
— Dele?
Suas palavras podem ter sido duras, mas seus olhos eram tudo
menos isso. O homem pareceu a meio segundo de cair em lagrimas.
Ela assentiu.
Hora de me perdoar.
— Quero que voce saiba que nao estou mais com raiva de
voce. Embora eu nao concorde com as coisas que voce fez, ou as
escolhas que voce fez, eu nao me ressinto mais de voce.
— Sinto muito que voce tenha sido tao destruído pela sua
propria dor e pesar por ter perdido a Lily e que voce escolheu
descontar em mim, o que fez com que voce perdesse sua unica outra
criança no processo.
— Eu te perdoo pai. Por tudo. Onde quer que voce esteja, espero
que seja lindo, e espero que seja com a Lily.
Eu ri.
Fim
Sobre a autora
JE Parker e uma escritora americana que nasceu e foi criada no
grande estado da Carolina do Norte. Uma beldade do sul no coraçao,
ela e viciada em cha doce, refrigerante de cereja e torta de pessego.
Sara Miller
Tempi Lark