Você está na página 1de 338

Far Too

Tempting
Lauren Blakely
Grupo de Tradutoras & Revisoras
Independentes
A tradução dessa obra foi efetuada pelo grupo de Tradutoras E
Revisoras Independentes – T.R.I., de forma a dar ao leitor, acesso
a obras sem previsão de publicação no Brasil, tendo como único
objetivo o entretenimento e não visando a obtenção de lucros,
direta ou indiretamente.

No intuito de resguardar os direitos autorais, o Grupo de


Tradutoras e Revisoras Independentes poderá, sem aviso prévio,
efetuar o cancelamento ao acesso a Tradução.

A presente tradução é para uso particular, sendo proibida a


venda. Respondem os sites, blogs, fóruns, grupos, pela
disponibilização da tradução, isentando o T.R.I. de toda e
qualquer responsabilidade, perante a legislação Brasileira.

Agradecemos a todos que contribuíram com esta tradução nos


incentivando a continuarmos independente dos obstáculos.
Nossos mais sinceros agradecimentos para a equipe de tradutoras
as quais se dedicaram a esta tradução, abdicando de seu tempo
livre para nos ajudar.

O T.R.I, recomenda a aquisição dos livros originais, seja em obras


físicas ou e-books, com o intuito de resguardar os direitos
autorais, conforme a estabelece a legislação brasileira.
Sinopse
Jane Black escreveu o disco de fim de
relacionamento do século. O álbum que lhe rendeu um
Grammy, uma enorme legião de fãs e uma super pressão
para repetir o sucesso. Claro, o coração partido pelo
abandono não convencional de seu marido poderia servir
como sua inspiração, mas não fez nenhum favor a ela no
departamento de namoro.

Então, quando Matthew Harrigan, o jornalista


especializado em música mais exigente do mercado pede uma
entrevista, Jane concorda, contanto que sua vida pessoal
ficasse totalmente fora da pauta.

Britânico, lindo, e de certa maneira muito tentador,


Matthew é o primeiro cara que atrai Jane desde seu marido.
A medida que ela vai passando mais tempo com ele o
relacionamento dos dois se aquece, porém o mesmo ocorre
com o bloco de anotação dele.

Como pode a rainha do coração partido escrever sua


mais perfeita continuação quando ela está seriamente
apaixonada?
Capítulo Um
Já ouvi música o suficiente para saber que as melhores
músicas e álbuns vêm de corações partidos. Talvez simplesmente
porque não se tenha nada a dizer quando você está desmaiando,
caindo, flutuando, sendo perseguido. Talvez quando você está
deliciosamente, delirantemente feliz, ninguém quer ouvir falar disso.
Mas se o seu coração foi pisado, as suas emoções despedaçadas,
os seus sentimentos loucamente não correspondidos, então você
tem muito mais chance de escrever um grande sucesso.

Se alguém discorda, eu vou apenas dizer “Layla”. E depois


para dar mais ênfase, eu direi “Blood on the Tracks” de Bob Dylan.
E mais uma vez para provar o meu ponto de vista, mencionarei
“Someone Like You” de Adele para esta geração e “Tracks of My
Tears” de Smokey Robinson para a geração passada.

Se ainda duvida de mim, posso apresentar agora o mais


novo álbum de Jane Black, Crushed? É o álbum essencial para
rompimentos da era moderna.

- Mathew Harrigan, Beat, Agosto 14

Há mais na crítica de Mathew Harrigan do meu quarto


álbum, mas eu a memorizei completa agora. Eu a memorizei no
mesmo dia em que saiu. Foi a primeira crítica que eu li para
Crushed, de pé na esquina da Thirty-Four Street e a Avenida
Lexington numa quente manhã de Agosto. Corri pela rua para
comprar uma cópia enquanto os homens do lixo ressoavam e os
quiosques abriam. Não me importava o fato do sol ainda não ter
nascido. Não senti o cheiro do lixo sendo recolhido pelos
caminhões próximos. Tudo que podia sentir era a adrenalina, a
emoção, o absoluto, inalterável êxtase de ser ungida pelo sucesso
numa das mais poderosas revistas de música, cujas críticas
passam na página inicial do iTunes.

Finalmente, tinha chegado, depois de anos agarrando os


restos fracos de esperança de que eu seria uma cantora de rock,
que viveria disso, a sério. Estive tão perto de ceder, de desistir, de
seguir em frente, porque não estava conseguindo nada. Depois fui
chutada pelo meu marido, o pai do meu filho, o amor da minha
vida. Quem teria pensado – nunca me ocorreu no momento, aos
meros vinte e oito anos – que eu acabaria escrevendo o álbum
essencial para rompimentos da era moderna?

Agora, no fim da tarde de certo domingo de Fevereiro e o


nosso carro, uma limusine ridiculamente grande e luxuosa –
quem anda em coisas como estas na vida real? Eu nunca andei –
está uma polegada mais perto do Los Angeles Staples Center, a
casa do Grammy. Espreito pela janela escurecida, o meu estômago
fazendo um duplo-triplo flip enquanto espio o enorme número de
estrelas posando ao longo do tapete vermelho nos seus vestidos
metalizados e ternos de designs famosos. Superestrelas pop como
Pink e Christina Aguilera, e também Beyonce e Jay-Z, misturadas
com lendas como Tom Petty e Eddie Vedder, e à distância eu
posso apenas notar a inequívoca silhueta de Madonna. Eu estarei
na vizinhança, no mesmo edifício, no mesmo palco que a
Madonna. Eu vou até me apresentar na frente da artista feminina
mais bem sucedida de todos os tempos. Porque eu fui nomeada.
Nomeada. Eu devo estar vivendo a vida de outra pessoa porque eu
– uma pequena cantora indie que mal se sustentava, que nunca
teve sequer um single de sucesso, muito menos um álbum de
sucesso, muito menos tinha sido convidada para o Grammy – eu
só via o Grammy na minha TV.

Abano a minha cabeça, depois abro a minha bolsa para


poder sentir por um segundo a página amassada que eu rasguei
da revista Beat naquele dia de Agosto. Eu mantive a revista no
meu bolso como um amuleto nos últimos seis meses, num saco,
dentro da minha bolsa. Vai comigo para todo o lado como um
amuleto da sorte. Eu toco a página já gasta para me lembrar de
que de alguma forma isto é real, que aquelas palavras foram
realmente escritas, que eu estou aqui e não em alguma miragem.
Depois a coloco em segurança de volta dentro da minha bolsa
apertada e colorida que é talvez do tamanho de um selo de
passaporte.

Eu sorrio, dou um grande sorriso louco para a minha irmã


mais velha, Natalie, em seguida, para o meu irmão mais novo,
Owen, ao lado dela, e para o meu filho, Ethan. O meu filho de seis
anos está vestindo um smoking preto, os seus olhos cinza-
azulados chamejando de excitação, o seu cabelo castanho
arenoso, e como de costume, uma verdadeira bagunça. Os Beatles
não têm nada a ver com o meu rapaz; o seu cabelo é mais grosso
do que o de um husky Siberiano no inverno.

“Estamos quase lá, meninos. O Grammy começa daqui a


uma hora,” Owen anuncia, enquanto toca no seu relógio com uma
mão enquanto o carro se arrasta para mais perto do tapete
vermelho aonde o motorista vai nos deixar.

Eu abano minha cabeça, mal conseguindo falar porque há


uma parte de mim que não aceita que a minha vida neste instante
não é uma ilusão de ótica. Que eu vou abrir os meus olhos e
encontrar-me de novo no sofá do meu apartamento de Murray Hill
vendo a festa anual de longe, muito longe. Mas eu ainda estou
neste carro, agarrando minha bolsa, fechando e abrindo,
distraindo-me com o som da enorme frota de nervos que acampou
no meu corpo.

Ethan agita sua gravata borboleta escarlate


momentaneamente, enquanto Owen ajusta a de ouro polido que
está usando. Ethan insistiu que usassem as cores da casa de
Grifinoria de Harry Potter. Depois noto que Ethan tirou os seus
sapatos.

“Ethan! Coloca o sapato de volta.”

“Okay, mas eu não consigo amarrar.” Ethan apanha os


seus tênis, um par de sapatos Converse All Star preto, e empurra
os seus pés dentro deles. Os sapatos foram o seu compromisso.
Ele usaria um smoking se pudesse usar tênis. Eu aprendi a
escolher as minhas batalhas, por isso disse sim.

“Farei isso por você”, eu digo, o instinto maternal


aparecendo. O carro parou de se mover, por isso saio do meu
lugar e ajoelho-me no chão para ajudá-lo. “Viu?”, eu digo,
apertando os laços, agradecida por ter outra coisa em que focar
além dos polichinelos acontecendo na minha barriga. “Você cruza,
depois passa o laço por baixo, e por último faz a orelha de coelho.”

“Jane, esta é realmente a hora para ensiná-lo como


amarrar os seus sapatos?” Natalie pergunta, enquanto apanha as
cartas de baseball de Ethan e as empilha num monte bem
arrumado. O seu cabelo louro escuro está preso num coque sexy e
bagunçado com joias que combinam com o seu vestido de cetim
rosa claro com um decote nas costas. Os seus braços
ridiculamente tonificados são exibidos em toda a sua glória
enquanto ela ajeita as cartas. “E vai bagunçar o seu vestido.
Porque é que está ajoelhada no chão do carro?"

Porque se eu penso sobre o que pode acontecer nas próximas


horas, eu vou estourar com o coquetel de ansiedade e esperança
dentro de mim.

Ela coloca um elástico em volta das cartas e as coloca no


seu bolso.

“Trouxe as cartas de baseball com você?” Eu pergunto.

Ele rola os seus olhos. “Mamãe, são três horas. Eu não


consigo ficar sentado tanto tempo.”

“Está bem,”, eu digo, acenando adiante. “Traz as cartas.”

Eu apanho a minha bolsa, batendo uma vez para dar sorte,


pensando na revista de Harringan enfiada lá dentro em
segurança. Natalie ergue a cabeça e olha para mim. “Está
finalmente pronta agora?”

Pronta. Penso na palavra algumas vezes – ready or not, here


I come. People get ready1 - porque as palavras podem tornar-se
letras algum dia, e a minha gravadora já tem batido na minha
porta, implorando por uma continuação que eu ainda nem sequer
comecei, mas preciso desesperadamente fazer.

Eu sinto um caroço subir na minha garganta. As minhas


emoções vivem perto do limite. Tudo o que preciso é de um gatilho
e as lágrimas que residem perto da superfície estão prontas para
rolar – eu posso chorar em qualquer momento edificante num
livro, em qualquer cena ligeiramente sentimental num filme, em
qualquer artigo de jornal reconfortante.

1
Pronta ou não, aqui vou eu. Pessoa ficam prontas
Natalie pega num lenço e o segura na minha direção,
conhecendo-me demasiado bem. “Não seja uma tola ainda. Espere
até ter aquele prêmio em suas mãos.”

“Não me dê azar.” Abano meu rosto e engulo de novo o


sentimento esmagador que me ameaça neste momento. Eu não
vou deixar uma lágrima cair.

“Eu estou alucinando, certo?”, pergunto, olhando para a


minha irmã e irmão.

“Sim, vai acordar a qualquer momento deste sonho, desde


que saia do carro”, Owens fala na brincadeira, os seus olhos
castanhos brilhando com a mesma incredulidade que infecta a
todos nós, enquanto me enxota para fora.

Depois, no segundo que o motorista abre a porta, tudo


começa.

Nós quatro pisamos no tapete vermelho e imediatamente


estamos cercados. Multidões de fotógrafos gritam para mim olha
para este lado, olha para aquele lado e cem câmeras aparecem na
minha cara. Ethan aperta mais forte a minha mão, e eu aperto de
volta enquanto sorrio para a câmera – não o sorriso treinado que
eu poderia dar facilmente ao entrar e sair do palco durante os
últimos sete anos desde que me formei na faculdade, mas um
sorriso real. O que vem de saber que desta vez, no meu quarto
álbum, coração partido na mão, dor em cada poro do meu corpo,
eu consegui. Depois de três discos completamente medianos, um
trio de música medíocre, eu finalmente venci todas as barreiras e
fiz o que críticos, como Harrigan, disseram que eu deveria ter feito
sempre – parar de contornar as bordas e chegar lá no fundo para
escrever. Eu não vendi muitas cópias desses três primeiros
álbuns. Mas, em seguida, Aidan me deixou, e cara, o meu próximo
disco voou das tabelas digitais.

O seu homem a magoou, por isso ela foi para o estúdio para
o encerramento.

Passou um ano agora desde que Aidan se sentou no sofá,


confessou, segurou a sua cabeça em suas mãos, e foi embora para
sempre. Eu fiquei ali chocada, olhando para a fria e pesada porta
cinzenta do que era o nosso apartamento, sentindo que o que
tinha acabado de acontecer não poderia ter acontecido. Era um
engano, um erro. Aperta no botão de rebobinar e vamos repetir
isto.

Na manhã seguinte, eu comecei a escrever prontamente “I


Don‟t Believe It”, que se tornou a canção número um de Crushed.

Desde o início, ela apanha o ouvinte pelo colarinho da


camisa. A sua voz valente e rouca, estilo Adele, decerto tão parecido
com “Someone Like You”, ainda tão unicamente ela própria, não
consegue senão puxá-lo de volta para o momento de incredulidade
depois do seu maior e doloroso rompimento.

***

O nosso quarteto faz o seu caminho pelo tapete vermelho,


enquanto incontáveis multidões de câmeras gritam direções e
soltam flashs, capturando a parada de músicos para o E!
Enternainment Tonight, MTV, e numerosos outros canais. Depois
entramos na vasta expansão de ar condicionado do Staples
Center.

Eu vejo Matthew Harrigan na entrada, porque é impossível


não vê-lo.
Ele é tão bonito que a minha amiga Kelly uma vez o
chamou de iminentemente lambível, quando estava olhando uma
fotografia dele online antes de Crushed sair. Eu relutantemente
concordei – porque apesar de ele ter rasgado em fiapos os meus
três primeiros álbuns, eu também não conseguia afastar os meus
olhos da tela, igualmente. Ele pode fazer ou destruir um músico,
mas ele podia provavelmente fazer ou quebrar um coração
também, dada a forma como sorri com o mais convidativo sorriso
e dado que ele é um solteirão muito elegível na Cidade de Nova
Iorque. Não apenas por causa do seu posto no topo da crítica de
música, mas por causa do seu pedigree. Ele está observando a
multidão, sempre alerta, vestido para a ocasião num smoking. Ele
é provavelmente o dono do smoking, considerando como assenta
na sua figura alta e bem feita. Então de novo, ele é o tipo de
homem para o qual os smokings foram feitos. O tipo de homem
que tem os meios para possuir um smoking, e não apenas porque
ele foi apelidado o mais poderoso influenciador de opinião da
música rock.

O seu cabelo escuro cai deliciosamente na sua testa, e ele


tem os mais hipnotizantes olhos azuis. Eu juro que eles brilham e
ele pode provavelmente até usá-los para hipnotizar qualquer
mulher para aceitar qualquer coisa que ele queira. E enquanto eu
era cem por cento fiel ao meu marido quando éramos casados, eu
estaria mentindo se dissesse que não tinha notado os olhares de
Matthew cada vez que eu o encontrei num evento. Porque
simplesmente não se consegue afastar o olhar daquele tipo de
cara – aquela mandíbula, aquelas covinhas, aquele maldito sorriso
diabólico.

Mas rompimentos nunca são lineares. Você sofre e lamenta o


quanto você odeia e tem raiva de alguém e depois você reflete, fica
deprimida, quebra coisas e bebe um pouco mais de Macallan. E
então você sente falta de novo.

“Olá Matthew”, eu digo enquanto passo por ele. Ele me dá o


seu sorriso patenteado que envia um rápido ataque de arrepios
por mim.

“Você está absolutamente espetacular, Jane. Vai me dar a


primeira entrevista sentada quando ganhar?” Ele pergunta
naquele delicioso sotaque britânico dele. Sim, se ele não estivesse
já ganhando só com a aparência e trabalho, ele tem o trunfo desse
sotaque que me faz querer desmaiar e dizer sim a qualquer coisa
que ele pergunte. E enquanto eu tenho a certeza que ele está
dizendo que estou espetacular apenas para que eu concorde com
a entrevista, eu ainda me sinto muito bem comigo mesma nesta
noite no meu vestido azul-escuro na altura do joelho, com
estampa de redemoinhos em safira e aqua. Mal há tiras para
abraçar os meus ombros. O meu cabelo impossivelmente
encaracolado foi esticado em submissão esta noite, cortesia de
Natalie, uma especialista com a chapinha. Esta noite ele cai longo,
para o meio das minhas costas.

“Claro, mas eu não vou ganhar,” eu digo, dando-lhe uma


piscadela, por que diabos eu não deveria flertar de volta? O
homem é gostoso, e enquanto me viro, espero que aqueles olhos
azuis dele ainda estejam em mim.

Depois, eu sou levada para o teatro por um organizador,


que me oferece o braço, Ethan, Natalie e Owen ainda ao meu lado.

“Não te dar azar? Não dê azar a si própria, tonta,” Natalie


sussurra ao meu ouvido.

À medida que andamos pelo corredor, eu começo a sentir o


zumbido na sala. Há uma energia e calor, que está bem no meio
desse mar de pessoas bizarras e lindamente pouco vestidas. Um
ruído indefinido vibra no auditório, como um zumbido lento,
subindo pelo chão, passando para os tapetes e, em seguida,
agarrando-se ao ar. É antecipação. O sentimento de que grandes
coisas, coisas boas, descontroladamente implausíveis – eu não
consigo acreditar – podem acontecer. O sentimento de que os
sonhos de infância e de adulto podem ser alcançados. Sonhos que
foram quase arquivados.

Eu nem sequer era para estar aqui, digo a mim mesma


enquanto o organizador nos guia para baixo, baixo, baixo, cada
vez mais perto do palco. Não era para eu supostamente ter isto,
este mero sopro de sucesso. Era supostamente para eu ter
desistido, parado de cantar e encontrado um trabalho sério ou
algo assim, após os meus primeiros três esforços de viver da
música.

Exceto que, de alguma forma, eu estou aqui. O zumbido na


sala aumenta, mas a vibração no meu corpo afoga a sensação
enquanto o organizador nos leva para os primeiros quatro lugares
na terceira fila.

“Você entra as sete e trinta e cinco, então eu estarei de


volta às sete quinze em ponto, para vir busca-la”, ele instrui.
Concordo com a cabeça automaticamente e agradeço-lhe, em
seguida, pego cautelosamente num pedaço de tecido logo acima do
meu joelho para que eu possa me sentar graciosamente. Natalie
aperta a minha mão e Ethan se inclina para me dar um beijo na
bochecha.

“Não se preocupe, mamãe, vai ficar tudo bem.”

Ela mergulha na saudade, no lamento, no onde é que tudo


deu errado, levando-a num passeio de dor, primeiro com as
memórias que se agarram em “Shape of You”, depois a dor
praticamente primal do inevitável protesto em “But You Said” e
perto da cura, visto que surge aos trancos e barrancos, em “It‟s Not
Every Day”.

De fato, realmente não é todo o dia que dói como no


primeiro dia ou no segundo ou no terceiro. A dor tem uma forma
engraçada de subsistir eventualmente, para que possa sobreviver.
Tem a sua forma de não te sufocar cada único dia. Claro, em
alguns dias você ainda é surpreendida pela memória, por um
sentimento, por uma canção. Mas em outros dias, você percebe
que pode ultrapassar essa sensação, a não sentir a claustrofobia,
o medo de nunca voltar a ser normal.

Esta noite, o passado fica para trás e o presente é tudo o


que eu quero. Porque eu não estou pensando em Aidan, ou no que
aconteceu. Recuso-me. Porque esta noite, eu estou sentada na
terceira fila do Staples Center para os Prêmios Grammy e o meu
álbum foi nomeado para Álbum do Ano.

Ela finalmente te puxa no final com “Something Like


Normal”, te deixando pelo menos com o sentimento que talvez,
apenas talvez, poderá tentar de novo sem ser queimado nessa
próxima vez.
Capítulo Dois
As luzes diminuem no palco, um estranho tipo de nevoeiro
se levanta, e a banda toca as familiares notas de abertura de “But
You Said”, e agora, eu estou no meu lugar. Esta é a minha área,
aqui é onde eu pertenço. Cantando o meu coração, porque eu amo
a música, é como a minha força de vida. Com um microfone na
mão, eu canto a canção que conheço tão bem, a canção que eu
vivi, o coro que eu tão duramente …

Mas você disse que me amava

Você disse que ia ficar comigo

E agora eu sou aquela garota

Dizendo essas palavras

Mas você disse, mas você disse, mas você disse

Há mais do que isto, mas você meio que percebe a essência


por essas linhas. Porque é o tipo de essência daquela fase do
rompimento. A negação começar, a implorar, os patéticos
argumentos “mas você disse que me amava”, seja público ou
privado. Como se houvesse um contrato. Por isso tenta negociar a
sua volta ao dizer “O que temos aqui, pela sua honra, é um
homem que prometeu amar esta mulher para sempre. Eu exorto-
te a forçá-lo a honrar a sua obrigação contratual.”
E ainda, não há argumento mais sem sentido – nenhum em
todo o universo – do que aquele que começa com as palavras “Mas
você disse que me amava.” Você nunca irá ganhar, nunca
emergirá vitoriosa como um bem-sucedido debate de estudante na
escola. Não, quando se trata de amor, um documento escrito não
vai trazê-lo de volta.

A última nota morre, a multidão aplaude e aceno para o


publico. Eu sinto a adrenalina familiar da atuação: uma espécie
de alegria pura que nunca envelhece. E a canção, faz isto – cada
vez que a canto, eu sinto como se me remendasse um pouco mais,
como se a música curasse o meu coração pedaço por pedaço.
Talvez a música seja o motivo pelo qual eu comecei a seguir em
frente. A música conserta.

O organizador leva-me para fora do palco e de volta ao meu


lugar na terceira fila. Quando Katy Perry sobe ao palco para
apresentar o prêmio final, as minhas palmas começam a suar e as
borboletas levantam voo na minha barriga, enquanto ela recita os
outros nomes: Coldplay, Florence + the Machine, Adele, e Bianca
Sweetwater, a vencedora do último ano do American Idol.

Será que alguma vez ela dirá o meu, eu me pergunto.

Talvez eu não tenha sido realmente nomeada. Talvez tenha


sido apenas um sonho.

Natalie aperta a minha mão. Ethan começa a bater no meu


braço com excitação.

O tempo abrandou para um arrastamento glacial.


Finalmente, Kate Perry diz “e Jane Black com Crushed”. Okay, eu
fui mesmo nomeada.

Depois, ela para, outra pausa interminável, um hiato


interminável enquanto ela abre o envelope, antes de ela dizer, “E
vencedor para o melhor álbum do ano é…”

Ela não vai dizer o meu nome de novo, ela não vai dizer o
meu nome de novo, ela não vai dizer o meu nome de novo. Não vai
acontecer. Não vai acontecer. Não vai acontecer.

Não há nenhuma maneira. Não há nenhuma maneira. Não


há nenhuma maneira.

“…Jane Black com Crushed.”

Eu coloco a minha mão direita na minha boca com


incredulidade. Isto não acabou de acontecer. Não pode ter
acontecido.

Mas há aplausos animados. Braços à minha volta. Um grito


de alegria. Outro aperto. Um abraço de urso. Sorrisos enormes e
eufóricos nas três pessoas que me rodeiam, como se eles
soubessem o tempo todo, como se estivessem numa brincadeira.

Sim, uma brincadeira. Deve ser uma brincadeira. Uma


grande brincadeira cósmica e Katy Perry e toda a Academia de
Música e até as redes de televisão que organizam este programa
devem estar metidas nela também.

Depois Owen sussurra ao meu ouvido, “Levanta e vai para


o palco.” Eu sigo as suas ordens e passo pela minha irmã pelo
corredor. Ela cutuca gentilmente o meu braço e eu coloco um pé
em frente do outro.

Estou andando pelo corredor, subo os degraus, para o meio


do palco. Katy Perry dá-me um enorme abraço, como se fossemos
amigas desde sempre ou algo do gênero. Depois ela me entrega o
mais adorável pequeno objeto que eu já vi na minha vida – um
gramofone dourado numa base de madeira.
Eu rolo vários palavrões na minha cabeça mais algumas
vezes, super-rápido, para que eu os possa tirar do meu sistema
antes de eu falar ao microfone.

“Puta m…” – Eu começo, depois tento controlar-me. Mas é


demasiado tarde. Ainda sai como “Puta merda.”

Há alguns risos. Oh Deus, será que agora vão me pregar


uma rasteira? Irão multar-me, tirar-me o meu premio, tirar-me do
palco?

Mas eu não posso retirar as palavras, por isso tento fazer o


meu melhor. “Acho que eu deveria ter levado mais a sério aquela
resolução de Ano Novo de não praguejar.”

Mais risos.

Olho para a multidão. “Como podem perceber, eu não


preparei um discurso”, começo, recuperando-me da minha
confusão verbal. “Eu não acreditei que havia a mínima hipótese de
ganhar. Por isso, devo dizer que estou verdadeiramente em
choque. Mas eu estou em êxtase também. Júbilo. Ecstasy. Podem
escolher. Isto é mais do que alguma vez imaginei e tudo que eu
posso dizer é que isto é sem qualquer dúvida a melhor coisa que
me aconteceu profissionalmente.”

Eu mal tomo fôlego antes de continuar. “E há tanta gente a


agradecer.” Eu começo a listar nomes – a minha gravadora, o meu
irmão, a banda.

“E claro, à minha família. Os meus pais que estão me vendo


em casa, no Maine, e a minha irmã que eu adoro, que está aqui
comigo. Às filhas da minha irmã, eu sei que vocês ainda estão
acordadas a esta hora e adoram tudo em Nova Iorque. O meu
incrível filho, Ethan, aqui na terceira fila. E a todo mundo que
comprou o álbum, comprou a canção, ouviu a canção, um
fragmento, uma linha, um verso. Agradeço a todos. E acho que,
bem, que se lixe. Não é segredo que Crushed é um álbum de
rompimento. Por isso acho que esta noite eu posso dizer obrigada,
Aidan, por me ter me deixado.”
Capítulo Três
“Jane, podemos assumir que você está contente que a
Comissão Federal de Comunicações tenha relaxado a cláusula de
palavrões para permitir o uso de um palavrão para ênfase,
especialmente em declarações passageiras e isoladas?”

A voz de Harrigan corre pela sala enquanto ele faz a


primeira pergunta e por um breve momento eu desejo que
estivéssemos só nós dois, ele me entrevistando, para que eu
pudesse ouvir o seu sotaque, digno de me fazer desmaiar toda a
noite, do meu poleiro por trás deste microfone.

Vencedores. Meu Deus, eu devo estar alucinando, mas há


inúmeros repórteres aqui também, todos prontos com uma
pergunta para mim. Para mim! Uma vencedora Grammy!

Harrigan infundiu a sua pergunta com um toque de


brincadeira, que é o seu estilo jornalístico, como eu aprendi desde
as entrevistas que fiz com ele, sem mencionar as vezes que o
encontrei nas festas da indústria, bem como nos buracos das
paredes dos clubes de Manhattan enquanto ambos andávamos
atrás de uma banda em ascensão – o próximo Vampire Weekend
ou Fireflight, falamos diversas vezes um com o outro rapidamente.
Claro, houve o meu efusivo telefonema de agradecimento para ele
depois de ter lido a crítica que mudou a minha vida e os meus
rankings no iTunes.

“Não precisa, claro. Fiz apenas o meu trabalho.” ele tinha


dito há seis meses quando lhe telefonei.
“Mas eu adorei o seu álbum. Eu estava o ouvindo quando
telefonou, na verdade.”

Adorei. Porque os sotaques britânicos têm de ser tão sexy,


especialmente com palavras como adorei?

Eu poderia viver dessa palavra dita dessa forma, e como


envia arrepios pela minha coluna abaixo, como se fosse dita só
para mim. Porque eu queria ser adorada. Eu tenho estado sem
qualquer tipo de adoração por anos.

“Não, você não estava”, eu disse em descrença. Eu ainda


não conseguia computar que o mesmo crítico que condenou os
meus três primeiros álbuns iria classificar algo que fiz como
essencial.

“Na verdade, eu nunca escuto e digo”, ele brincou.

Agora, eu aperto a minha estatueta ainda mais forte. Eu


nunca vou largar isto. “Emocionada,” eu digo, depois acrescento
rapidamente “fodidamente emocionada.”

Eles riem. Estou com um espírito parecido agora, porque se


há alguém que xinga mais do que os músicos, são os repórteres.
“Estou verdadeiramente arrependida disso. Escapou. Bem,
obviamente escapou. Na verdade nunca pensei que ia ganhar. E
sou um pouco supersticiosa, por isso pensei que se preparasse
um discurso estaria tentando o destino. Por isso, quando
aconteceu, essa foi apenas a minha reação. Puta merda.”

“Para o caso de haver alguma confusão,” um repórter da


parte de trás da multidão fala.

Depois um correspondente de um serviço de cabo levanta a


mão e o publicitário do Grammy aponta para ele. Usa um fato e
um laço vermelho escuro. Ele segura o seu notebook de repórter e
um gravador. Eu lembro-me da sua crítica: “Com um toque de
Joss Stone – uma voz rouca, Jane Black canta o sofrimento com
uma voz que é em parte igual ao seu melhor whisky velho e um
novo frasco de mel doce.” Eu gosto dele.

“Houve rumores que considerou desistir antes deste álbum.


Quanto esteve perto de desistir?”

Eu bato um pouco no gramofone. Estou realmente


gostando de como ele fica debaixo dos meus dedos. Eu posso
dormir com ele na minha almofada esta noite. “Na verdade eu tive
uma oferta do meu pai para me juntar a ele no negócio de família
no Maine – construção de barcos. Por isso suspeito que todos os
lagosteiros do Maine podem estar agradecidos esta noite, porque
eu, provavelmente, teria sido uma construtora de barcos abismal.”

Depois uma pequena jovem repórter com cabelo louro preso


firmemente em um coque e com um sorriso de lábios brilhantes
diz, “Houve alguma coisa em particular que a fez decidir ficar no
negócio da música, Jane?”

Ela inclina a sua cabeça para o lado, caneta suspensa,


inocentemente esperando pela resposta. Metade de mim tem
vontade de dizer: Ouviu o álbum? Porque todas as minhas razões
estão no vinil, irmã.

Mas claro, eu ainda estou nas alturas, ainda delirante. Por


isso não digo isso. Eu não posso dizer isso. Em vez disso, ofereço,
“Houve algumas circunstâncias pessoais que me levaram a
continuar a cantar.”

As circunstâncias pessoais sendo um coração partido.


Apenas uns meses antes de Aidan me deixar, eu tinha estado
seriamente contemplando o que fazer a seguir. Eu não tinha tido
um álbum de sucesso. Mal fazia dinheiro suficiente da música
para sobreviver. Era hora de arranjar um trabalho sério? Avril
Lavigne era uma jovem de dezessete anos quando atingiu o
sucesso, Joss Stone um ano mais jovem. Eu estava quase com
vinte e oito anos, com uma família, com nenhum sucesso e
simplesmente orando para que o prédio em que Aidan, Ethan, e
eu vivíamos de aluguel na cobertura, não virasse uma cooperativa
para que eu pudesse dar-me ao luxo de continuar a perseguir o
sonho. Depois Aidan me deu a inspiração de uma vida, a dor que
eu precisava para finalmente ser boa.

O publicitário aponta para outro jornalista, uma mulher


mais ou menos da minha idade e que trabalha para uma revista
nacional: “Jane, pode falar sobre o porquê deste álbum ter tido
tanto sucesso?”

Eu tiro uma mecha errante do meu cabelo da minha cara e


depois respondo: “Quando olha para trás para as coisas da sua
vida que realmente a magoaram, algumas vezes a coisa mais fácil
é coloca-la numa música, certo? Acho que, finalmente, escrevi
sobre algo suficientemente significativo para as pessoas tocarem
no carro.”

Há mais perguntas – como você se sente ao ganhar


(eletrificante), o que vai fazer a seguir (eu voluntariei-me para o
serviço de biblioteca na escola do meu filho esta quarta-feira, por
isso essa é a próxima coisa na minha lista de coisas a fazer), o que
passou pela sua cabeça nos momentos antes (hum, bem, não
xingar no palco?) Eu podia ficar aqui toda a noite, com este copo
de água, segurando este troféu. Eu podia responder a perguntas
até a minha voz ficar rouca. Ainda estou brilhando.

“Jane, na sua canção final de Crushed, em „Something Like


Normal‟, você canta sobre abrir a porta, sair e encontrar algo que
seja normal. Há uma adorável forma de esperança de encontrar o
amor de novo.”

É o Harrigan. Eu olho para ele enquanto ele formula a sua


pergunta, apreciando a gravata preta bem feita, o corte do terno, o
pequeno pedaço de lenço branco que espreita para fora do bolso
tão corretamente, depois o seu cabelo escuro e olhos azuis-
escuros. Tão ridiculamente bonito que é quase injusto. Como se
esse tipo de boa aparência devesse ser banida. “Há alguém ao
redor e acredita que é possível amar assim de novo?”

Eu rio, um riso verdadeiramente autodepreciativo. Eu


tenho de rir assim, de verdade. “Definitivamente não há ninguém
ao redor. Na realidade, eu estou tentando ver se consigo
estabelecer um novo recorde na indústria da música por celibato”,
eu digo, fazendo o meu melhor para manter o corpo de imprensa
entretido. “O Livro de Records do Guiness pode estar tentando
entrar em contato comigo em breve, pelo o que eu ouvi.”

Há algumas risadas abafadas. Depois pauso para


considerar a sua segunda pergunta e dar-lhe uma resposta séria.
Claro, eu tive alguns pensamentos não seguros no trabalho sobre
Matthew, como muitas mulheres fazem. Eu imaginei as minhas
mãos no seu cabelo, nos seus braços, debaixo da sua camisa. A
sua voz no meu ouvido, sussurrando todo o tipo de coisas sexy
que ele faria comigo. Mas ele está fora dos limites. É um crítico,
por isso não posso sair por aí com ele. Além do mais, ele não está
perguntando sobre sexo. Ó sim, eu adoraria ter um fantástico sexo,
de fazer enrolar os dedos dos pés, por favor, me liga. Ele está
perguntando sobre amor, o que é uma história completamente
diferente.

Olho para baixo, para esta fabulosa coisa dourada de


alegria na minha mão. Eu poderia escrever uma música para este
pequeno bebe. Estou feliz agora, neste momento, completamente
feliz. Mas amor? Doida de amor, escrever uma canção sobre amor?
Eu não sei se eu até quero acreditar que é possível de novo. No
entanto, apenas por hoje, não vou ser cínica ou triste ou
aborrecida.

“Sim. Eu acredito que é possível.”

Depois a sua pergunta desvanece e há apenas mais uma.


Ouço uma voz familiar, um inconfundível ganido nasal. Eu sei
instantaneamente que é Jonas Applebaum.

Jonas começou o seu site na internet JonasRipsMusic há


quatro ou cinco anos atrás na casa dos seus pais e ainda vive lá.
O nome do seu “zine” na internet, como ele lhe chama, quer ter
um sentido duplo, mas principalmente ele apenas dilacera
músicos, nem sequer a sua música, mas as suas roupas o seu
cabelo, e as suas expressões. Algumas semanas depois de
Crushed ter sido lançado, ele escreveu: “Black poderia ter
mostrado um pouco mais de peito na capa do álbum.” Sim, é isso
que eu quero fazer – mostrar mais decote, quando eu já venero o
altar do gênio que inventou os sutiãs push-up.

“Jane,” ele começa devagar, claramente apreciando o sabor


do meu nome na sua boca, como se ele o estivesse enrolando em
volta da sua língua como um licor de cereja. “Tem estado
notoriamente silenciosa sobre o motivo pelo qual o seu casamento
terminou”, ele diz, como se notoriamente fosse um palavrão.

Por reflexo, eu balanço a minha cabeça, os instintos de


autoproteção gritando. Eu sei o que está por vir. Eu posso sentir
cada músculo do meu corpo endurecer.

Eu não falei sobre o motivo pelo que o meu casamento


acabou. Mas isso é porque eu mal era uma celebridade na D-List
naquele tempo. Ninguém perguntou. Eu era um adendo, mesmo
na blogosfera da música indie. Mesmo o notoriamente maldoso site
do Jonas não mencionou que eu tinha levado um pontapé no
traseiro ou o porquê. Quando o álbum foi lançado alguns meses
mais tarde e subiu nas paradas, as críticas, como a de Harrigan,
começaram por mencionar que as canções provinham do
rompimento do meu casamento. No entanto, eu não aladroei os
detalhes sórdidos, nem ninguém perguntou sobre eles. Sou uma
pessoa privada. Eu não quero que o mundo saiba os meus
assuntos pessoais.

Jonas inclina sua cabeça para a direita, uma caneta


colocada por trás da sua orelha. Ele está saboreando a sua noite
fora da casa enquanto puxa a caneta, posicionando-a acima do
seu notepad, apreciando o momento, saboreando a sua pausa
dramática, deliciando-se a observar os olhos da imprensa musical
sobre ele.

Depois, na sua melhor imitação de casual, simpático e


repórter jovial, ele encolhe o ombro como se o que ele está prestes
a dizer não seja uma grande coisa. “Estava pensado se está
considerando fazer um cover da canção de Josie Cotton 'Johnny
Are You Queer2?' para o seu próximo álbum. Por isso talvez possa
falar por um minuto sobre o fato do seu ex-marido, a inspiração
para o seu agora vencedor de Grammy de álbum de lançamento,
te deixar para estar com outro homem, te deixar porque ele é, na
verdade, gay?”

Esse é o segredo do meu sucesso, a lembrança agridoce de


que pode escrever um álbum de rompimento e isso pode ser ótimo

2
Na tradução literal, o nome da música é Johnny, Você É Bicha?
e pode ganhar um premio e estar emocionada para além dos teus
sonhos mais selvagens, mas você apenas está aqui porque é a
maior idiota do mundo. Porque amou um homem
descontroladamente, loucamente, apaixonadamente. Mas, oops!
Ele nunca esteve minimamente interessado em você.

Coloca o teu coração para fora, Shania. Chora-me um rio,


Faith Hill.
Capítulo Quatro
Eu volto para Nova Iorque dois dias mais tarde, depois de
um borrão de quarenta e oito horas de entrevistas, encontros,
refeições e festas, determinada não só a colocar Jonas para trás,
mas também manter Matthew com os seus olhos azuis e
perguntas penetrantes longe. Ele é um crítico de rock e algo mais
do que um flerte de longe seria perigoso.

Ter uma criança de seis anos ajuda incomensuravelmente,


porque Ethan passa uma boa parte do voo para casa explicando
um novo jogo de cartas que ele inventou. Eu não compreendo a
maior parte, mas o jogo faz perfeitamente sentido no seu mundo –
é uma combinação de Pokemon, Lego Star Wars e Harry Potter,
porque envolve escolher cartas, criar personagens e tentar
apanhar um capacete de fantasma que se transforma num cão
preto se o usar para combater os vilões antes de ter a pedra
curativa para afastar os feiticeiros das trevas. Ou algo do gênero.
Quando pousamos, pegamos as nossas malas, pegamos um táxi e
voltamos pelo Midtown Tunnel para a nossa casa na Thirty-Sixty
Street, Ethan está exausto da conversa e da viagem.

Uma vez dentro do apartamento que comprei há alguns


meses com os rendimentos de Crushed, ajudo Ethan a se preparar
para ir para a cama, depois o aconchego debaixo do edredom com
a mesma estampa de cães que ele tem desde que nasceu.

“Ethan”, eu digo, batendo na testa quando me lembro que


ele tem dever de casa esta noite.
“É terça-feira, por isso é dia de passagem de som amanhã.”
Essa é a coisa sobre ser mãe, você não consegue escapar da vida
diária, mesmo quando seu marido estende a bandeira do arco-íris,
mesmo quando uma doninha te esfrega isso na cara, mesmo
quando ganha um prêmio que você não se permitia sonhar
ganhar. Na mesma manhã depois de Aidan me deixar, eu ainda
tive de me assegurar que Ethan escovou os seus dentes e comeu a
sua torrada e não tentou vestir a sua camiseta Yoda esburacada
para a escola.

Não há tempo para se afogar no pote de sorvete e comer


brigadeiro, quando tem que acordar às sete da manhã todos os
dias, não importa quanto se sinta bem ou mal.

“Mamãe, podemos não fazer esta noite?” Ethan meio que


geme. Ao mesmo tempo, ele balança as suas pernas para fora da
cama, sabendo que pular o dever de casa não é uma opção. Ele
está no jardim-escolar, por isso o dever de casa é um termo meio
relativo. Mas a sua escola designa o dever de casa “passagem de
som” para os seus alunos. O som esta semana é G.

Ele atravessa o seu quarto, cada centímetro quadrado de


parede preenchido com pôsteres dos filmes de Harry Potter e
prateleiras com livros, para uma mesa pequena para garoto,
pintada de marrom e apanha o seu caderno do Scooby-Doo e um
lápis.

“G para Grammy. Três coisas sobre Grammy,” ele diz.


“Número um. A minha mamãe tem um. Número Dois. São muito
legais. Número Três. Eu toquei num Grammy.”

“Okay, adorei a ideia, minha doçura. Mas, número um, o


Grammy está sendo gravado neste momento, por isso não o
tenho.” Graças a Deus, porque de nenhuma forma eu quero que
aquele pequeno boneco seja levado para a sala do jardim-escola.
“Número dois, precisa ser mais criativo com as suas respostas. E
número três, vamos procurar uma foto dele na internet.”

Cerca de quinze minutos depois ele escolhe: a sua mãe tem


um, é um premio para música e tem a forma de um toca-discos
antigo. Depois ele rasteja de volta para a cama e adormece
imediatamente. Eu ajusto o edredom, aconchegando-o
confortavelmente à volta do seu corpo. Beijo a sua bochecha,
diminuo as luzes, e depois vou até à cozinha, onde encho uma
grande caneca com água da torneira e coloco-a no microondas
durante um minuto.

Pego no meu telefone sem fio para encontrar setenta e duas


mensagens no meu correio de voz. Já atendi outra dúzia delas ou
mais no meu celular – chamadas dos meus pais no Maine, bem
como da minha melhor amiga, Kelly, que mora aqui em Nova
Iorque. Marco o código do meu correio de voz – a data em que
perdi a minha virgindade no banco traseiro do Chevette castanho-
avermelhado de Kyle Sutcliffe no décimo primeiro grau – e pego
uma caneta e um papel, enquanto coloco um saco de chá preto
Ceylon na minha xícara.

Enquanto espero que o chá fique pronto, afundando o saco


para cima para baixo, preparo-me para escutar as mensagens.
Primeiro os amigáveis. O meu vizinho do lado direito, o meu
vizinho do lado esquerdo, o meu porteiro, o entregador de comida
chinesa (odeio cozinhar, por isso tratamo-nos pelo primeiro nome,
lamentando as relações lamentáveis e até partilhamos noodles
frios de vez em quando). Depois, Haley Mauvais dono da loja de
guitarras na minha cidade natal (Quando eu vou voltar para
autografar uma foto para a sua parede?); Kyle Sutcliffe (Como é
que ele obteve o meu número?); Cranberry Morris, o meu agente
de shows (Estou livre para um concerto especial de uma noite no
clube da na moda The Knitting Factory no final de Março porque
eles ficariam deliciados de me ter no seu Espaço Principal? E
posso tocar no Late Show with David Letterman, nesta sexta-feira,
antes do meu concerto no Roseland Ballroom nessa mesma noite?)
Sim e Sim!; e Jeremy, que gere a minha editora.

Eu abraço-me por esta. Eu adoro demais o Jeremy, mas ele


tem deixado dicas do tamanho de uma bigorna de que ele está
pronto para um novo álbum. O problema é que eu não tenho
escrito muitas novas canções, e ainda não descobri como lhe dizer
que a minha musa tirou uma licença alargada por nenhuma
razão. Eu ouço a sua mensagem.

Você sabe que eu te vi há apenas oito horas, mas estou tão


orgulhoso de você e todos nós queremos que apareça no escritório
amanhã para te vermos pessoalmente e celebrarmos.

Okay, eu posso fazer isso. Depois ouço o resto.

E, você sabe, falar sobre o que vamos fazer a seguir. Porque


há aquela pequena coisa chamada momento. Hey, esse seria um
bom nome para uma canção, talvez pudesses trabalhar numa
música chamada “Momentum”.

Respiro profundamente, tranquilizando-me que eu posso


entregar a canção que Jeremy quer. Eu quero escrever um novo
álbum, e inferno, se há alguma coisa que possa ser inspiradora,
tem de ser ganhar um Grammy. Talvez haja um núcleo na ideia de
momentum, afinal.

Eu ouço as outras. Jonas de novo. (Apago). Depois um


repórter da Star. Eu meio que gosto dessa revista. Especialmente
as fotos da política de moda. Talvez lhe telefone de volta. Depois In
Touch Weekly. Depois The Superficial. Todas estas mensagens de
repórteres me fazem lembrar que eu preciso contratar um
publicitário. Eu sempre lidei com os telefonemas da imprensa eu
própria ou confiei em Owen ou no Aidan para ajudar. Mas as
coisas aconteceram tão rápido com Crushed e depois com a
nomeação para o Grammy. Natalie localizou alguns publicitários
potenciais para mim no último mês, mas nenhum se sobressaiu.

Depois eu ouço a próxima mensagem,

“Olá Jane. É Aidan. Eu queria apenas te parabenizar.


Estive torcendo por você toda a noite – nós tivemos uma festa do
Grammy.”

E aqui está a outra metade de nós agora gritando no meu


correio de voz. "Oi, Jane. É Tom. Oh meu Deus, estamos muuuuito
animados por você. Nós estamos muuuuito felizes que você
ganhou.” Sim, na verdade, Tom fala muuuuito. Toda o seu
muuuuito tem múltiplos de u‟s. Então esta é a minha vida. Eu
consigo escalar o maior cume da indústria da música, mas no
cume das montanhas aqui está o que me espera: outra noite na
minha cama vazia e mensagens de congratulações do meu ex-
marido e do seu amante, o homem que me deixou pelo homem
que fala muuuuuuitos.

Eu conheci o Aidan há sete anos, quando tinha vinte e dois


anos e ele vinte e um. Eu tinha acabado de lançar o meu primeiro
álbum pela gravadora de música indie Glass Slipper e Jeremy
enviou um par dos seus artistas favoritos numa excursão pela
Nova Inglaterra nesse verão, onde eu toquei no Pub de Matt
Murphy em Boston, em uma noite em Agosto. A cerca de trinta
segundos de cantar a minha primeira musica, eu vejo Aidan. É
difícil não nota-lo. Ele era deslumbrante – deslumbrante como
uma estrela de cinema. Belisca-me se eu estou sonhando gato. Ele
parecia com Chris Pine, traços cinzelados, olhos verdes que veem
dentro da minha alma, e cabelo louro-dourado, ligeiramente
ondulado. Eu nunca pensei por um segundo que ele estaria
interessado em mim, mas eu tinha uma vantagem e tratei de usá-
la. Era eu que estava no palco, isso é um truque honrado que
funcionou para as estrelas de rock do sexo masculino.

Eu toquei seis músicas e cantei-as todas para ele. O clube


deu cinco minutos de intervalo entre as atuações, por isso eu
caminhei até ao bar onde ele estava pedindo uma cerveja e
conversei com ele. Ambos tínhamos bebido algumas cervejas, e
uma coisa levou à outra. Noutro tempo – honrando a tradição do
rock-and-roll, levei-o de volta para o meu quarto de hotel e lancei-
me sobre ele.

Na manhã seguinte, eu lhe disse que voltaria a telefonar


quando voltasse à cidade, e ele puxou a minha mão para seu rosto
e beijou a minha palma para se despedir. Em retrospectiva, era
bastante óbvio, não era? Ele beijou a minha mão. Ele não beijou
os meus lábios. Ele não passou as suas mãos pelo meu longo
cabelo encaracolado. Ele não passou a língua pelo meu pescoço.
Não, ele beijou a minha mão.

Mesmo assim, eu planejei encontrá-lo de novo. Depois eu


tinha que fazer isso. Porque havia uma grande diferença entre
mim e todos aqueles cantores masculinos reverenciados e
guitarristas e bateristas e baixistas deitando-se com as seguidoras
e as fãs e as garotas gostosas depois de um concerto. Eu fiquei
grávida nessa noite.

Ele foi um cavalheiro quando eu dei a notícia, insistindo


para que tornássemos oficial e formássemos uma família.
Casamos alguns meses mais tarde, e continuamos assim, Senhor
e Senhora Aidan Stoker e Jane Black, um professor de história e
uma cantora lutando, ele na sombra como uma espécie de gerente
da minha carreira, até aquela noite há um ano quando o meu
marido e a verdade do nosso casamento ambos se revelaram.

“E eu estou orgulhoso de você. Eu sabia que ia conseguir


durante todo esse tempo” – Aidan diz enquanto a mensagem do
telefone continua. “Por isso me escuta, eu estou te ligando porque
eu queria ver se está disposta a um encontro das Esposas
Casadas com Homens Gay, o grupo a que ainda vou. Para falar
sobre a sua experiências quando eu saí do armário e talvez ajudar
outras esposas que estão passando pelo mesmo, porque há
mulheres que também vão aos encontros. E muitas delas estão à
procura de alguém que compreenda a sua situação e lhe possa
dar respostas honestas e verdadeiro apoio.”

Eu gemo alto, depois apago a mensagem. Eu não quero ser


a bandeira para esposas hetero deixadas por homens gay. Eu não
quero um lembrete das formas como eu fui ludibriada, das formas
como eu fui estúpida. Eu não estou absolutamente envergonhada
dele ser gay. Eu estaria envergonhada da mesma forma se ele me
tivesse deixado porque ele estava saindo com a babá ou sua
assistente. Estou envergonhada por ter estado fodidamente cega
por tantos anos. Estou envergonhada por ter sido tão estúpida e
perdido todos os sinais, desde a primeira noite, quando ele beijou
a minha mão. Estou chateada por não ter sido desejada por tanto
tempo.

Não tocada, não beijada, não desejada por anos.

Há mais uma mensagem no correio de voz, e é de Matthew


Harrigan. “Lembra-se daquela entrevista que pedi? Eu espero que
não seja demais pedir um pouco de tempo contigo para um artigo
de fundo. Sobre a sua música. Ligue-me no meu celular.”

Ele deixa o número. Eu não me lembro de lhe ter dado o


meu telefone de casa ou a Jonas ou Star ou In Touch. Mas,
evidentemente, toda Manhattan e todas as minhas vidas passadas
o encontraram.

Mas Matthew é o primeiro que terá uma ligação de volta. A


voz de Matthew é a única que eu mais quero ouvir agora, mesmo
ele sendo um repórter. Pelo menos ele não é um lembrete de todas
as formas que eu fui enganada. Eu apanho uma camisola,
atravesso a sala de estar e abro as portas de vidro de correr para o
pequeno balcão com vista para o meu bairro tranquilo. Está
gelado, mas eu sou uma menina do Maine no coração, por isso
não me importo com o frio.

Pego no telefone e ligo.


Capítulo Cinco
Admito que tenho uma grande queda pelo sotaque
britânico. Quando o meu irmão produziu um álbum no ano
passado para o cantor e compositor britânico Jamie Withers,
Owen se queixou que não era justo que Jamie fosse não apenas
um músico, mas também britânico. “Eu não tenho nenhuma
atenção quando saio com ele,” disse Owen. “Se as mulheres já não
estão caídas pelo fato de ele ser uma estrela de rock, estão
babando por aquele oh-tão-adequado sotaque. Os homens
americanos não têm qualquer chance contra isso.”

Eu assenti e ri. Porque isso era verdade.

“Olá,” Matthew diz no seu oh-tão-adequado sotaque, que


instantaneamente me faz querer flertar com ele contra o meu
melhor julgamento.

“Você sabe, eu sei perfeitamente que você estava ouvindo


Johnny Cash”, eu digo, depois de ouvir sons fracos de “Folsom
Prison Blues” desaparecer enquanto Matthew diz olá.

“Oh, você sabe?”

“Sim. Vê, quando você abaixa o volume depois de atender


ao telefone, a outra pessoa ainda pode ouvir o que estava
escutando.”

“Sério? Eu não sabia isso. Acho que da próxima vez é


melhor eu ser mais discreto.”

“Sim, você não quer que alguém saiba que um crítico de


música possa verdadeiramente ter preferências pessoais.” Eu me
sento na minha cadeira da varanda. “A propósito, é Jane Black.”

“Sim, eu sei. O identificador de chamadas é uma ótima


invenção, não concorda?”

“Falando nisso, e não que importe, mas como conseguiu o


meu número de telefone da minha casa?”

“No dia em que me ligou para agradecer, eu anotei o


número do identificador de telefone e o salvei.”

“Cheio de recursos”, eu sublinho, inclinando-me para trás


na cadeira, sentindo as ripas de madeira através da minha
camisola.

“Eu acredito que posso falar pela maior parte dos


jornalistas aqui, quando eu digo que somos muito bons em salvar
números. Entre você e eu,” ele diz, como se estivesse prestes a
partilhar um segredo espalhafatoso, e eu simplesmente adoro a
jocosidade nele, “eu tenho uma base de dados de mais de seis mil
nomes porque eu sou completamente obsessivo com números de
telefone. Cada vez que consigo um, quer no meu celular, no
escritório ou em casa, eu gravo o número na minha base de
dados. Nunca se sabe quando se pode precisar dele.”

“Bem, o meu e-mail é janesecretmail no gmail, para o caso


de também querer.” Eu digo rapidamente, e talvez porque há uma
parte de mim que espera que ele o use. “Então é um homem de
Cash?”

“Você deve adorar os homens de preto, não é?"

“Eu pensei que você ouvia e não contava?” – Eu digo,


provocando-o.

“Bem, falamos de Johnny Cash. Teriam de tirar as minhas


credenciais se eu não o ouvisse diariamente.”

“Isso eu posso compreender.”

“Está no código internacional, seção cinco, parágrafo dois


da ordem secreta dos críticos de rock. Pode conferir”, ele atira de
volta. A sua voz inunda-me, como um Valium, um relaxante
muscular, escondendo a mágoa do correio de voz. “Então, escuta”,
eu digo, indo direto ao assunto. “Eu queria retornar a ligação. Mas
devo dizer que falar com a imprensa não está no topo da minha
lista de coisas a fazer neste momento.”

“Jonas te deixou um pouco pra baixo, não é?”

“Pode se dizer isso.”

“E agora está reservada com a imprensa.”

“Bem, foi uma merda o que ele fez, você não acha?”

“Foi completamente uma merda. Se estivesse no seu lugar,


eu não teria respondido à minha ligação. Eu a teria apagado
diretamente do correio de voz e depois atirado um ovo podre na
minha janela. Simplesmente porque todos os jornalistas são
repugnantes.”

Eu não consigo evitar rir. Mas depois acrescento


sombriamente, “Foi como reviver toda a humilhação de novo.”

Ele suspira, uma espécie de suspiro compreensivo.


“Lamento verdadeiramente o que aconteceu, Jane. Mas você não
deve recuar dos holofotes agora.”

Levanto uma sobrancelha. “Não teria um motivo oculto


para dizer isso, ou teria?”

“Claro que eu tenho um motivo oculto. Eu tenho muitos


motivos ocultos”, ele diz numa voz baixa e sexy que envia rubor
através de mim. Ele está flertando? Será isto uma espécie de
insinuação? Eu não faço ideia, mas deixo a minha mente vaguear
pelos meus próprios motivos ocultos também. Uns que não têm
nada a ver com trabalho e tudo com imaginar como ele está
vestido neste preciso momento.

Monto uma imagem dele parecendo descontraído e


estendido no sofá de jeans e camiseta. Depois ele se despindo, a
camiseta saindo lentamente, para que eu possa verificar a minha
absolutamente preferida parte do corpo deste cara gostoso – os
seus abdominais. Bem, uma das minhas partes favoritas. “Mas
falando sério”, ele continua, voltando para o tom rápido de
repórter, e eu volto a focar “Este é o seu momento. Trabalhou tão
duro por ele. E merece. Tudo. Eu detestaria ver alguém na sua
posição desistir por causa de alguém como Jonas. Você deve
aproveitar ser o centro das atenções neste momento.”

“Aproveitar soa celestial.”

“Então escute. Você realmente me ligou de volta” – ele


aponta. “E eu tenho um palpite, estou apenas adivinhando aqui,
mas eu aposto que Jonas também te deixou uma mensagem.”

“Ele telefonou, na verdade.”

“E, corrija-me se eu estiver errado, mas eu suspeito que já


apagou a sua mensagem. Provavelmente até apertou o botão
apagar com mais força para ter a certeza que ia para o
esquecimento do correio de voz.”

Estou sorrindo agora. “Está bem, eu admito. Eu fiz isso.”

“E vendo que você não fez isso à minha mensagem, isso me


diz que pelo menos vai me ouvir.”

Ouvi-lo. Como eu poderia não o fazer quando falar com ele


é a droga mais doce que alimenta a minha ávida imaginação?
“Está bem, faça o seu arremesso, Matthew. Já sou toda ouvidos.”

Ele ri. “Lá vai. Eu não sou o Jonas Applebaum. Nós


gostamos de praticar jornalismo na Beat, não emboscadas. Então
junto com estas linhas, eu tenho uma ideia fantástica para um
seguimento. Eu adoraria fazer uma entrevista contigo, uma
espécie do que vem a seguir. Mas mais do que isso. Eu queria
fazer algo em que pudéssemos explorar o processo criativo.
Conseguiria me encontrar pessoalmente para talvez conversarmos
um pouco mais?” Depois ele acrescenta, como se em forma de
desculpa, “Mas claro, você deve estar sobrecarregada neste
momento. Tenho certeza que o horário está cheio.”

Sim, mas esse não é o problema. O problema é que eu não


sei o que vem a seguir.

“Não estou dizendo sim, mas eu quero te perguntar uma


coisa”, respondo, porque não importa o quão ele possa ser
delicioso, ele ainda é um repórter, e eu não tenho a certeza que
seja uma boa ideia confiar tão cedo em um após ter sido queimada
publicamente.

“Pergunta. Sou todo sobre igualdade de oportunidades.”

“Eu admiro o seu trabalho e é obviamente bom no que faz


e”, eu começo. Isto é verdade – eu li todas as suas críticas desde
que ele se tornou o crítico principal da Beat há três anos. O gosto
de Matthew é impecável e o seu registro de sucesso é virtualmente
cem por cento. Mesmo antes de ele tomar as rédeas do trabalho de
ser o melhor tastemaker, ele já era bem conhecido por sua
habilidade única de escolher bandas indie prestes a deslanchar.
Acrescente-se a colocação da home page do iTunes ao negócio e
ele é uma força da natureza no negócio da música. No entanto, eu
posso ouvir o zumbido do sotaque nasal de Jonas soando no meu
ouvido e a picada ainda não desapareceu. Não quando eu
trabalhei tanto para manter a minha vida privada assim mesmo –
privada. “Mas eu tive uma série de ligações para entrevistas que
não têm nada a ver com a minha música. Você está apenas
interessado em fazer esta funcionalidade comigo por causa da
revelação do meu marido gay?”

“Claro que não. Para defender o meu caso, eu te perguntei


antes de ganhar – eu até previ que ia ganhar – se eu poderia ter a
sua primeira entrevista sentada. Eu já tinha em mente que eu
queria fazer isto antes de Jonas ter exposto o seu ex.”

“É verdade”, eu digo, lembrando-me da sua pergunta na


entrada do Staples Center.

“Olha, eu compreendo as suas reticências neste momento.


Você teve algo incrivelmente pessoal revelado num fórum
altamente público. E eu sei que não pediu o meu conselho, mas já
falando, você deve apenas ser você mesma. Você sempre foi
honesta e fácil de falar. Não vomita frases feitas, nem nada. É
apenas você. Por isso seja apenas você mesma com os repórteres e
isso vai desaparecer.”

“Desaparecerá?”

“Claro. É tipo a história da semana. Não é mais picante do


que as últimas rugas nas excentricidades românticas de Rihanna.
Interessante por um tempo, depois desaparece. Quer dizer, não é
como se Bono tivesse dito que ele é gay”, Matthew acrescenta
rindo. “E não é como se você fosse lésbica. Quer dizer, não está
saindo do armário para Star. Ou está?”

“Não.”
“Não que haja algum mal com isso.”

“Claro que não.”, eu digo, querendo acrescentar que eu


sempre fui uma grande fã dos homens, especialmente de homens
que gostam de mulheres.

Depois há um som de latido.

“Shhh. Calada, Doctor.” Eu ouço Matthew dizer ao cão.

“O nome do seu cachorro é Doctor?”

“Sim. Mas ela não está aceitando novos pacientes neste


momento.” Ele diz, e eu rio de novo.

“Então você não será a próxima Melissa Etheridge ou K. D.


Lang, já provamos isso. E a realidade é que ninguém está assim
tão interessado nele a longo prazo. Além do mais, ele não é o
primeiro tipo a casar com uma mulher e depois perceber que gosta
de homens, acontece. Por isso se alguém ainda quiser saber como
isso te afetou, eles podem apenas ouvir o maldito álbum.”

Esta é a maior conversa que eu já tive com Matthew e


certamente a primeira que é pessoal. Mas eu posso já ver que ele
tem essa capacidade incomum de passar da graça ao comentário
social, para uma espécie de compreensão crua e muito
honestamente emocional. Gosto da forma como ele pensa. Gosto
que ele seja íntegro. Gosto que ele pareça gostar de falar comigo.

Mas esse é o problema.

Eu me levanto da cadeira da varanda pronta para ir para


dentro. “Olha então,” eu digo enquanto fecho a porta de vidro
deslizante atrás de mim. “Eu te ligo amanhã.”

Porque eu não sei como podia confiar num repórter, por


isso não estou pronta para concordar com a história.
Especialmente quando esse repórter gosta de flertar, e quando eu
já estou tendo pensamentos sobre ele que não tem nada a ver com
trabalho. Eu não sei como confiar em alguém, mesmo nos meus
próprios instintos, por isso eu preciso desesperadamente de um
barômetro. A minha bússola está tão fora de sintonia, que eu já
não sei o que está para cima e o que está para baixo. Eu preciso
pedir emprestada a da minha amiga Kelly.

Vou telefonar-lhe amanhã e contar-lhe pelo poder investido


em mim como sua melhor amiga, que estou declarando para o dia
de amanhã um almoço emergencial com sushi.
Capítulo Seis
"Você me faz esperar agora que é uma estrela?" Kelly
empurra para trás a cadeira e se levanta para me dar, como Ethan
diria, um abraço "extremamente grande".

"Eu sempre te fiz esperar," eu digo com um sorriso, porque


fui pontualmente desafiada. "Eu tive que me voluntariar na escola
de Ethan. Leio para a classe, o dever de biblioteca, você sabe."

Kelly enxota o meu pedido de desculpas por ter 10 minutos


de atraso. "Não há descanso para os famosos."

Nós estamos no nosso refúgio tradicional de sushi,


Harajuku Sushi, um restaurante de cinco mesas encravado em
um espaço de cerca de dez metros de largura na Segunda Avenida.
É uma curta caminhada da escola de Ethan ao meu apartamento,
e está apenas a três quarteirões de distância dos escritórios da
Kelly, onde ela tem seu império de fitness. Ela é um fisiologista do
exercício com um mestrado em medicina esportiva. Mas, mais
importante, ela possui a agilidade de um leopardo da neve, a
resistência de um Clydesdale3, e a personalidade vencedora de um
beagle4 enérgico.

Ela transformou tudo isso no Exercício de Kickin 'Kelly,


uma série de dez minutos de treino de correção rápida que vendeu
milhões de cópias em DVDs e downloads digitais. Ela é a razão
pela qual os braços da minha irmã são tão espetaculares. Natalie

3
um cavalo de uma raça forte poderoso, usado para puxar cargas pesadas
4
Beagle é uma raça de cães de pequeno e médio porte
é uma devota do Kickin 'Kelly. Eu gosto de dizer que eu sou uma
em espírito. Principalmente porque Kelly usa uma de minhas
primeiras canções como uma introdução em sua série de
exercícios de chute.

Foi assim que nos conhecemos, quando sua companhia


pediu permissão de direitos autorais para uma das minhas
canções pop dançantes. Naturalmente, eu disse "sim" e ter
recolhido um cheque de royalties foi agradável e também trouxe
uma amizade maravilhosa.

Sento-me, desabotoo meu casaco cinza e solto o meu lenço.


"Você é uma estrela do rock!" Kelly fala, sorrindo de orelha a
orelha, o cabelo loiro brilhante caindo ordenadamente em um
corte de menino que de alguma forma parece moderno nela. "Eu
sempre quis dizer isso, sabe? Você já recebeu esses e-mails de 'ah-
garota' quando você fez um bom trabalho e seu chefe é como,
'Você é uma estrela do rock!" pontos de exclamação duplos e rostos
sorridentes, também. E você só quer amordaçar. Mas você
realmente é uma estrela do rock!"

"Kelly, quando você já teve um e-mail “ah-garota” de um


chefe? Você administra o seu próprio negócio."

Ela mantém um pauzinho no ar para dar ênfase.


"Exatamente, minha amiga. Exatamente por isso que eu
administro o meu próprio negócio, então eu nunca tenho que
receber um desses e-mails."

Ela posiciona-se mais perto da mesa e se inclina. "Conte-


me tudo. Cada detalhe. Não deixe nada de fora. Eu quero saber se
Christina Aguilera é a sua nova melhor amiga, se P!nk é tão legal
quanto nós suspeitamos, e se Adam Levine é tão gostoso em
pessoa".
Pedimos o almoço especial, arroz integral, hamachi,
sashimi e sopa de misso para ela, com o hamachi colocado fora de
um rolo de abacate para mim, já que eu sou vegetariana. Dou a
Kelly todos os detalhes e depois do meu relatório, Kelly
metodicamente enfia seu cabelo loiro atrás da orelha direita, então
muda para o outro lado para ser simétrico. Ela toma um gole de
sopa de misso e diz, arrastando-o para fora, "Mas..."

Ela sabe que nós chegamos na hora de discutir o motivo


dessa reunião-almoço ter sido marcada em primeiro lugar. E não
era para discutir a minha vitória.

Eu suspiro profundamente. "Aidan quer que eu vá para


uma reunião. Alguma coisa do seu grupo de apoio."

Seu queixo cai. "Sério? Como você vai lidar com isso?"

Suspirando, eu digo: "Eu sei. É chato, porque eu sou,


obviamente, completamente solidária aos direitos dos
homossexuais, casamento gay, e as pessoas devem ser livres para
amar quem quiser. Portanto, há uma parte de mim que se sente
como se eu devesse ir. Mas depois há esse outro lado que deseja
que ele estivesse com raiva ou amargo ou malicioso. Que ele iria
tentar se aproveitar de mim, e tentar me tirar dinheiro ou algo
assim. Ou tentar reivindicar uma parte dos meus royalties de
Crushed. Mas não, ele tem que ser o educado Aidan, o gracioso
Aidan. E agora ele está pedindo por isso muito bem sobre esse
grupo e ajudar outras mulheres. Como se estivesse me dizendo
que já era gay antes de começar a namorar Tom. Apenas um
pouco de cortesia de cabeça erguida. Oi, querida. Estamos
casados há cinco anos e temos um filho. Mas prefiro pau. Queria
te informar antes de eu namorar Tom. Ou Tooooom, devo dizer."

Mas a verdade é que Aidan era sensível. Ele estava


pensativo quando quebrou meu coração, por mais estranho que
possa parecer. Ele não voltou para casa bêbado e com cheiro de
outro cara. Eu não tropecei em pornô gay em seu iPad. E eu não o
peguei tendo um caso com um homem na academia. Mas a noite
que ele saiu foi a pior noite da minha vida. Fui quebrada e deixada
sem palavras, ao mesmo tempo. Ainda me lembro daquela
sensação de choque de que meu Aidan, meu amor, já não era
meu. Já passou um ano e agora a coisa boa é que eu não me
machuco como no início. O flagrante, a escancarada ferida foi
fechada.

E ela estava prestes a ser reaberto, de uma maneira nova,


fresca.

"Ele diz que há outras mulheres lá passando pela mesma


coisa. E isso me faz pensar se eu deveria ir. Para tentar ajudar ou
algo assim," eu digo com um cuidadoso encolher de ombros, as
palavras saindo todas agitadas, porque eu sinceramente não sei o
que fazer. Eu sou uma musicista indie de coração sangrando; eu
sou tudo sobre o que a causa pode se apoiar.

Mas ainda...

Kelly suspira simpática. "Essa é uma pergunta difícil. Por


um lado, você não tem nenhuma obrigação de ir a um grupo de
apoio. Você sabe disso, certo?"

Concordo com a cabeça, e ela continua. "Mas, por outro


lado, você tem um coração tão bom, e está sempre tentando
ajudar as pessoas. Então talvez você devesse ir e ajudar outras
mulheres que estão passando pela dor que você passou."

Eu balancei minha cabeça, desejando que eu soubesse o


que fazer. Tanto da minha vida que é vivida no palco que eu quero
encontrar momentos em que eu só posso respirar e viver
tranquilamente. Mas também sei que a forma como o nosso
casamento acabou pode causar algum tipo particular de dúvida,
para uma mulher, poder alimentar todos os tipos de inseguranças.
E eu quero dizer a todas as outras mulheres passando por isso,
Não é culpa sua.

Mas então, eu tinha certeza que era culpa minha.

"Vendo como eu não tenho a menor ideia do que fazer, o


que posso mesmo dizer a Aidan na próxima vez que vê-lo?"

Kelly inclina a cabeça e franze a testa, considerando a


minha pergunta. Então seus olhos se iluminam. "Deixa comigo!
Você precisa dar-lhe uma resposta simples, mas clara e
completamente diplomática. O mesmo que você faz quando a Star
faz perguntas e você dá a eles algo inofensivo. Faça o mesmo com
Aidan. Basta dizer, 'Eu tenho um monte no meu prato, mas eu
estou considerando o seu pedido e entraremos em contato com
você em breve.‟ Em seguida, boom! Feito!"

Eu aponto o dedo para ela, triunfante. "Você vê! Essa é


outra razão pela qual eu preciso de você. Para esse tipo de
respostas perfeitamente formuladas para ganhar basicamente
tempo".

"Eu sou uma espécie de assistente neste tipo de coisa.


Então, agora, vamos falar de algo mais agradável. Como o
delicioso Britânico", diz Kelly com uma piscadela. Kelly vê como
prioridade ficar atualizada sobre os solteirões mais cobiçados de
Nova York. A lista inclui Matthew Harrigan.

Eu pisco de volta para a nossa conversa na noite passada,


com a facilidade da brincadeira, e depois para os Grammys,
quando ele disse que eu estava deslumbrante. Mas, ainda assim,
eu não sei se algumas das coisas que ele diz são verdadeiras. "Ele
só está interessado numa história", digo, tanto para Kelly como
para me lembrar de não entreter pensamentos não-comerciais de
Matthew.

"Duvidoso. Mas mesmo se esse for o caso, faça-o


interessado em obter mais!"

"Eu não acho que ele estaria a fim de mim."

Kelly bufa. "Claro que não. Você é apenas quente,


inteligente, e uma estrela do rock. O que há para não gostar? Não
consigo pensar em nada."

"Ele também é casado com o seu trabalho. Ele é


completamente impulsionado pela carreira, então eu tenho certeza
que ele está apenas sendo legal comigo para conseguir uma
história. Que é precisamente por isso que eu não posso nem me
deixar pensar em nada mais do que uma história".

"Mas por que não? Ele é delicioso. Qualquer pessoa que


acompanha os homens solteiros quentes de Nova York sabe que
ele está perto do topo da lista. Então, por que você não pode
considerá-lo?"

Porque eu teria meu coração quebrado novamente. Porque


ele provavelmente estaria abrigando algum segredo também.
Porque os últimos sete anos da minha vida acabaram por ser uma
mentira.

Eu dou de ombros. "Chame isso de instinto. A questão é:


devo fazer a entrevista? De um ponto de vista profissional
apenas."

"É uma oportunidade de passar algum tempo com um


barão. Claro," Kelly diz timidamente, com um mexer de seus
cabelos loiros. Ela não pode resistir as possibilidades reais.
Balanço minha cabeça, porque ela é implacável. "Você não
sabe com certeza se ele é um barão."

"Ele pode não admitir isso publicamente, mas quem


conhece essas coisas sabe que ele é o Barão Somerset."

"E você conhece essas coisas, naturalmente, minha amiga


anglófila."

"Anglófila e especialista da nobreza", acrescenta Kelly,


referindo-se ao sistema de títulos na Grã-Bretanha. "Minhas
especialidades são o exercício, o pôquer, e os direitos de
rastreamento."

"Ha. Realeza. É realmente realeza?"

"Tão próximo que nunca vai chegar na América", diz Kelly.


"Então, a história, porque vai ser divertida. Porque talvez você
possa aprender todos os tipos de suculentas, deliciosas coisas
sobre o seu senhorio."

Eu rio porque Kelly tem uma maneira de transformar


situações incertas em sua cabeça. Encontrar a diversão nas
coisas. Encontrar as oportunidades. Neste caso, Matthew nunca
tinha admitido isso publicamente, mas ele supostamente veio de
uma linhagem muito nobre na Inglaterra. Sua família possuía
montes de terra de propriedade, e ele herdou o título, bem como
os direitos a ela. Dizia-se que ele preferia Nova York, porém, e rock
'n' roll, ao invés do estilo de vida de um senhor de volta a sua
terra natal. Assim, ele manteve seu título de barão tão secreto
quanto podia.

Mas as mulheres de Nova York têm uma maneira de


descobrir coisas que fazem os homens intrigantes. E ser um barão
é uma daquelas coisas.
"Olhe isto deste modo. Seus segredos já estão fora. Você é
um livro aberto. Esta pode ser uma oportunidade de descobrir os
segredos dele. Potencialmente, segredos muito interessantes", diz
ela com uma piscadela.

Segredos podem ser sedutores. Mas segredos podem ser


devastadores também.

***

Meu telefone tocou enquanto deixava Harajuku, e abotoava


o meu casaco.

"Jane", digo, atendendo a chamada durante minha


caminhada pela cidade para os escritórios da Glass Slepper.

"Jane Black, é Jayden Trent," o repórter respondeu. "Star


Magazine".

"Oi", eu digo cautelosamente, imaginando como Jayden


conseguiu adquirir não só o meu número de casa, mas agora o
meu celular. Bastardo Bold. Ele é persistente e, devo admitir,
estou perversamente impressionada.

"Primeiro, deixe-me dizer que eu sei como você se sente.


Minha irmã foi abandonada por seu namorado. Deixou-a pelo seu
personal trainer. Um cara."

Eu quase parei o meu caminho. Eu esperava um ataque


dado o seu tom e sua implacabilidade. Mas ele é estranhamente
gentil. "Lamento ouvir isso," eu digo.

"Sim, ela não tinha ideia. Ele era um vereador local,


também. Manteve em silêncio por um longo tempo."
"Isso é duro. Espero que ela esteja aguentando firme", digo,
sentindo um parentesco por sua irmã instantaneamente enquanto
eu ando na rua. Talvez eu devesse ir para a reunião de Aidan.

"Sim", diz Jayden com uma melancolia que-você-pode-fazer


em sua voz áspera. "De qualquer forma, entre ela e você achei que
era hora de fazer uma peça pouco curta. Você tem alguma pista?
Eu tenho que ser direto aqui", diz ele, mas ele não se mostrou tão
abrasivo. Mais como curioso. "Você simplesmente não sabia de
nada?"

É uma pergunta que eu tenho me perguntado inúmeras


vezes, em inúmeras ocasiões, quando estou acordada, quando
estou dormindo, quando estou sonhando, quando eu estou
respirando.

Há alguns meses atrás, eu li um artigo numa revista


chamada "Meu noivo é Gay?"

Aidan já tinha saído, mas eu queria ver se havia sinais,


coisas que eu tivesse perdido, marcadores que poderiam ter sido
úteis. Além do material, ele obviamente não gosta de fazer sexo
com você, especialmente tocar-lhe entre as pernas - a maioria dos
sinais eram risíveis. Os homens homossexuais são mais
propensos a ter o cabelo com espirais anti-horários, por ter um
dedo indicador mais longo que o dedo anelar, e ter irmãos mais
velhos, diz o artigo. Além da coleção de irmãos mais velhos do
sexo masculino de Aidan, eu tenho certeza que mesmo se eu
tivesse andado em torno do nosso casamento inspecionando seu
cabelo e medindo o comprimento dos seus dedos que eu não teria
colocado dois e dois juntos. Além disso, outra coisa que é comum
com os homens gays casados é que muitas vezes são ótimos
maridos porque se esforçam para viver uma vida reta, apesar de
negar sua sexualidade. Para melhor ou para pior, Aidan era um
marido perfeito. Ele era gentil, ele era favorável, ele acreditava em
mim. Ele me cumprimentou todos os dias. Ele cozinhou para mim.
Ele sempre cuidou de Ethan quando eu tinha um show e nunca
reclamou dos horários estranhos que um músico mantém.

Comentários de Kelly sobre ser capaz de ajudar outras


mulheres que atravessam esse eco dentro de mim, e antes que eu
percebesse, estou falando do coração, dizendo para Jayden "Na
verdade, eu me fiz essa pergunta muitas vezes. Inúmeras vezes.
Eu me senti muito estúpida. E eu me batia muito por não ter
percebido. Mas o fato é que eu estava grávida de seu filho e eu
desesperadamente queria que meu casamento desse certo, como
meu trabalho."

Conversamos por mais alguns minutos e, em seguida,


Jayden me agradece pelo meu tempo.

Depois que desligo, lembro-me do conselho de Matthew


para ser eu mesma. Eu não sei se ele está certo ou não, eu não sei
se ele alimentou uma linha acessível que jornalistas usam para
levar as pessoas a se abrir para elas. Mas no final do dia, eu não
quero ser falsa; eu não quero ser artificial. Falei a verdade simples
a Jayden, e acho que ele apreciou.

Quando eu virei para o bloco de Jeremy, eu busquei em


todas essas interações com jornalistas. Em tentar ser eu mesma.
Em responder honestamente. Existe uma música lá dentro? Talvez
seja um estiramento, mas eu preciso de algo, qualquer coisa, para
obter o meu motor criativo estrondoso de novo. Então eu cantarolo
um pouco uma fraca melodia - basta ser você mesmo, ser quem
você é, falar a verdade.

Mas soa tão meloso, isso me faz querer vomitar meu sushi
de almoço. Claramente, não há música ao responder a pergunta
de um repórter honestamente. Então eu perco minha linha de
pensamento quando noto um par de adolescentes praticamente
tropeçando para fora do Starbucks, pendurados em si, um menino
e uma menina, cada um com uma mão no bolso do outro para
trás. Ele chega através dela com a mão livre, empurrando uma
mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha, em seguida, estabelece
um rápido, mas não rápido demais, beijo em seus lábios. Eles
olham um para o outro, eles realmente se olham; quem olha
mais? E depois saem correndo em direção ao metrô mais próximo,
imagino, para pegar um trem para um refúgio para um amasso
em algum lugar.

É como um soco no estômago, uma lembrança nítida, fria


que Aidan e eu nunca cambaleamos para fora de um café no meio
do dia, tontos no nosso amor, tontos com a perspectiva da
pendente nudez. Essas cenas de singelo carinho em público têm
tanta semelhança com o meu casamento como cálculo diferencial
japonês o faça. Mas eu quero o que o casal do Starbucks tem. Eu
quero alguém que me queira. Quero desejar, eu quero ser
admirada, quero ser adorada. A moça que corta meu cabelo tem
uma tatuagem em todo o braço direito em uma letra cursiva legal
que diz: "Eu quero ser adorada." Eu amo essa tatuagem, eu amo a
sinceridade do sentimento, eu amo a coragem em marcá-la em seu
corpo.

Não tenho medo de tatuagens ou piercings para falar a


verdade. Tenho no entanto, um piercing uma tatuagem no meu
tornozelo. A tatuagem é uma pequena ilustração, prateada, de um
sapatinho de cristal. Jeremy é um ex-tatuador; ele lançou o rótulo
quando um cliente rico morreu, deixando sua arte final como um
pedaço grande de mudança na vontade. Jeremy entregou a chave
da loja de tatuagem para seu irmão mais novo e perseguiu seu
sonho ao longo da vida, para criar uma gravadora. Depois que
assinei com o selo, seu irmão me tatuou e eu fiquei surpreendida
com Jeremy alguns dias mais tarde, quando eu mostrei a ele o
meu tornozelo. Ele sabe que nunca vou deixá-lo, mesmo que
outras gravadoras me chamem depois que Crushed disparou nas
paradas para ver se eu ia pular do barco. Eu disse que não. Minha
lealdade está na minha pele.

Mas eu empurro as tatuagens e o desejo adolescente para


fora da minha mente enquanto abro a porta para os escritórios de
Glass Sleppers, no coração de Manhathan no sétimo andar, num
completamente normal prédio de Manhattan. Jeremy queria
chamar a gravadora de Gnarled Sunrise, mas sua esposa gostou
mais de Glass Slipper, então em uma homenagem para ela, ele
batizou o estúdio de gravação que acompanha o seu nome de
escolha. As paredes são cobertas com capas de álbuns de música,
cartazes, comentários de revistas. Eu gastei a próxima hora
comendo o bolo de chocolate mais incrível com creme de manteiga
glacê do Kara Kake Saloon que fica a alguns quarteirões de
distância e conversando com quinze funcionários em tempo
integral da gravadora e um punhado de engenheiros de som
independentes e produtores que trabalham regularmente com os
atos da gravadora.

A grande coisa sobre como trabalhar para uma indie é


apenas isso: trabalhar para uma indie. Glass Slipper é menor,
eternamente menor, do que os Capitols e Ilhas e Virgin Records do
mundo. Nós não temos o dinheiro, os funcionários, ou os recursos
dos grandes caras. Mas, há uma enorme liberdade e fé. Perguntei
a Jeremy uma vez por que ele ficou comigo depois dos meus três
primeiros álbuns, quando a maioria das grandes gravadoras teria
me abandonado. Lembro-me dele recostando-se na cadeira
rangente da mesa, colocando a carne, com tatuagens nos braços
cobertos de dragões, ideogramas chineses para a boa sorte e
saúde, e os nomes de seus três filhos atrás da cabeça.

"Eu gostei de você", disse ele. "Eu sabia que,


eventualmente, você iria produzir algo grande. Você era como este
diamante bruto."

"Um tanto áspero."

"Muito, muito áspera", acrescentou com uma risada


saudável.

Eu terminei o meu bolo e dirigi-me para o escritório de


Jeremy com Owen logo atrás. Ele trabalha com alguns dos outros
atos de Glass Slepper, mas ele também parece passar uma boa
quantidade de tempo em cafés com seu laptop trabalhando em
seu romance. É um conto corajoso, urbano de uma jovem que se
muda para Nova York determinada a encontrar um rapaz que
trabalhava no Museu de História Natural, quando ela visitou na
escola, só para saber que ele é agora um fantasma. Ou assim me
diz Owen. Ele não vai mostrá-lo para alguém além de seu grupo de
escritores.

"Você sabe que é o último bolo que vou deixar você comer",
diz Jeremy de forma improvisada, estabelecendo-se em sua
cadeira rangente.

"Sim", Owen faz coro. "Nós conversamos sobre isso mais


cedo e você vai ter que se tornar tamanho 36, agora que é uma
estrela."

Eu olho para os dois, intrigada e seguro minhas mãos no


ar. "Não é como se eu fosse uma gordinha agora", eu digo, então
aperto minha barriga lisa para dar ênfase. "Veja, não há nada lá."

"Eu não sei, mana. Parece que há um pouco de carne em


seus ossos. Você sabe que há expectativas agora", diz Owen.

Jeremy tenta o seu melhor para esconder um sorriso


entregador.

"Ah, ha, ha. Muito engraçado. Dê-me um complexo por que


não? Acho tamanho 38, e 36 em um bom dia, está muito bem."

"Claro que é. E por falar nisso" Jeremy pega um maço de


envelopes brancos na sua secretária "Eu realmente prefiro
engordar você."

Ele me entrega os envelopes.

"O que é isso?", Pergunto.

"Abra", diz ele em sua voz rouca. Eu faço como mandado e


encontro certificados de presente para Café Cluny, no West
Village, Per Se, no Time Warner Center, Aureole onde o Tony
Upper East Side começa e muitos, muitos mais.

"Jeremy". Eu estou tocada e totalmente surpresa.

"Olha, não é como você gostaria, champanhe ou uma festa


com todos nós em algum lugar estúpido. Ou quaisquer registros
mais malditos ou certificados de presente do iTunes. Eu juro que
se eu conseguir outro cartão de presente iTunes eu vou gritar. Eu
tenho um milhão já."

"Você pode começar a lhes dar aos sem-teto, Jeremy. Deixe-


os vendê-los pela metade do preço. Poderia ser a sua contribuição
de caridade para o ano", diz Owen.

"Desfrute de algumas refeições agradáveis para levar, talvez


encontre um bom rapaz para levar para jantar", diz Jeremy.
Eu torço o nariz para essa ideia.

"O quê?" Jeremy pergunta. "Isso é uma ideia tão louca?"

Eu bufo duas vezes para provar meu ponto.

"Você não pode se lamentar para sempre, mana", diz Owen.

"Eu não estou de luto. Enfim, este é um lindo presente,


Jeremy. E eu terei o prazer de comer no melhor de Manhattan."

"Bem, nós não podemos ter a nossa vencedora do Grammy


sendo vista jantando em algum boteco, né?", Diz ele em sua voz
provocante. Em seguida, desloca-se para um tom rude. "Então,
qual é a história, Black? Você fez algum progresso em algumas
músicas novas?"

Engulo.

Jeremy não mediu palavras. Não mais, pelo menos. Antes


do Grammy Awards, ele era alegre quando perguntava no que eu
estava trabalhando. E o fato de que ele quer outro álbum me faz
vertiginosa como o inferno, porque é isso que eu queria toda a
minha vida, viver de fazer música. Mas e se o meu próximo álbum
for uma porcaria? Eu amo a música como se fosse ar, e eu
desesperadamente não quero ser uma maravilha de um hit.

"Sim", eu digo, blefando. "Eu tenho brincado com algumas


possibilidades."

Ele levanta uma sobrancelha. "Sim? Que tipo de


possibilidades?"

"Você sabe. Canções. Letras", eu digo evasivamente. Deus,


por qual inferno está a minha Musa? Talvez ela esteja debaixo da
minha cama escondida. Talvez ela esteja pendurada para fora no
Central Park alimentando os patos. Eu preciso ir caçar essa
cadela logo.

Com um olhar afiado, Jeremy coloca as mãos ao lado do


seu corpo. "Bem, nós podemos ouvir algumas dessas canções e
letras? Porque eu estou meio ansioso", ele para, separa seu dedo
polegar e indicador para mostrar um pedaço de espaço - "para a
minha primeira vencedora do Grammy e artista mais bem
sucedida de todos os tempos, que estabeleceu um recorde indie,
para fazer outro álbum".

"Em breve", murmuro, brincando com o zíper da minha


bolsa. Sei que sou a pessoa mais sortuda do mundo por ter uma
gravadora que quer lançar outro álbum meu, mas estou
apavorada, não vou viver de acordo com todas estas novas
expectativas. E estou envergonhada que não vou conhecê-los.
Claro, eu tenho brincado com algumas músicas. Eu escrevi duas
ou três músicas mais ou menos, mas eu tenho estado tão louca e
ocupada nos últimos meses com Crushed e sua turnê, para não
mencionar que sou mãe, que eu não tive uma tonelada de tempo
livre para escrever. E verdade seja dita, essas três canções não
estão realmente me encantando. Elas só não embalam o mesmo
impacto como as músicas de Crushed, e eu não sei o porquê.

Jeremy suspira pesadamente. "Black, você sabe que eu te


amo. Mas precisamos atacar, enquanto o ferro está quente. Você
tem ímpeto. O seu nome está lá fora. Queremos fazer outro álbum
em breve." Ele faz uma pausa para olhar duro para mim. "Muito
em breve. Então, talvez agora que toda essa excitação está atrás
de você, você pode simplesmente começar a escrever e foco, foco,
foco." Ele bate a mão na mesa para enfatizar.

Meus ombros apertam. Jeremy me deu uma oportunidade


incrível, e ainda, estou olhando para uma tela em branco, sem
ideia do que pintar. "Eu com certeza vou me concentrar. Quero
dizer, não é que nós iremos fazer outro álbum de rompimento," eu
digo, tentando soar brincalhona, mas a verdade é que eu não
quero revisitar esses sentimentos novamente em música.

"Vai dar um passeio em torno de Manhattan, passear por


sua casa antiga no East Village, onde você escreveu Crushed,
visite um museu de arte, assistir a maré rolar, leia um romance,
dance em um clube de rock tarde da noite. O que for preciso para
encontrar algumas ideias brilhantes para canções. Talvez até
mesmo ir a um encontro. Se apaixonar. Deve haver inspiração",
Jeremy sugere, como se eu pudesse simplesmente sair e fazê-lo
porque ele considera uma boa ideia.

"Isso!" Owen grita, como se ele fosse um treinador de


futebol. "Vamos levá-la de volta na sela. Nada como um novo
homem para fazer as ideias de músicas pipocarem na sua cabeça."

Eu atiro ao meu irmão um olhar irritado. "Sério? Você acha


que é assim tão simples?"

Jeremy se levanta, caminha até mim, e me dá um tapinha


nas costas. Ele está tentando voltar à sua rotina amigável de
papai-urso. "Olha, nós estamos apenas começando a trabalhar
com essa banda hipster, Retractable Eyes. Eu poderia marcar algo
com o vocalista" ele oferece.

Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo, torcendo-as.


"Gente. Eu vou pensar em alguma coisa. Você não tem que me
ligar com outro músico, e você não precisa se preocupar comigo
sendo velha, patética e sem encontros cujo ex não quer, está
bem?" Então, simplesmente para me extrair desta conversa, eu
atiro um osso. Eu preciso tirá-los do cheiro da minha própria falta
de música. "Então Beat quer fazer uma grande reportagem sobre
mim."

Jeremy cai praticamente sobre tudo quando menciono


Beat. Ele rapidamente agarra a borda da mesa, de modo que a
cadeira está agora firmemente enraizada no chão. "A revista Beat!"

"O que, você tem um tesão por Beat?" Owen pergunta.

Jeremy hiperventila. "Qual é a história?"

"O processo criativo, o que virá no próximo, o que sigo", eu


digo, então quero instantaneamente apertar minha mão sobre a
boca, porque essas três coisas são todas as minhas lutas musicais
agora.

"Você vai dizer que sim," Jeremy instrui. "Você fará a


entrevista, e você fará um álbum, e eu fodidamente acredito em
você, e você vai tirar algumas músicas de uma árvore se você tiver
que fazer isso. Porque é a Revista Beat! Harrigan nem sequer tem
ganhos disso. Ele retorna todos os CDs que cada gravadora envia
depois dele analisá-los. Reportagens de Beat não surgem
frequentemente. Isso vai ser incrível para o lançamento de seu
próximo álbum."

"Jeremy", eu digo, empurrando para trás. "Eu não sei se é


uma boa ideia, você sabe, deu tudo certo com a imprensa nos dias
de hoje. Não é como se eu quisesse que a minha vida inteira se
tornasse pública. Eu tenho um filho, e eu quero criá-lo o mais
normalmente possível".

Jeremy alivia-se. "Ei, eu sei que você é uma garota um


pouco tímida. E compreende-se porquê. Mas o que pode doer ouvir
o homem? Vamos fazer Matthew dar seu arremesso."

Owen entra na conversa. "Leve-o para Café Cluny, mana.


Ouvi dizer que é romântico."
Reviro os olhos para o meu irmão, quando Jeremy me
entrega o receptor para sua linha do escritório. "Ligue para ele
agora", ordena Jeremy. "Marque um horário para conversar."

"Tudo bem", eu digo, mas eu tenho que admitir que há uma


parte de mim que está secretamente feliz. Porque isso significa que
tenho uma razão para ver Matthew. E mesmo que eu
absolutamente, positivamente não vá me deixar sentir nada por
ele, eu não me importaria de ter um jantar com um homem que é
tão agradável para os olhos quanto para conversar.

Tem muito tempo desde que tive isso, e fico feliz, quando
ele diz que está livre esta noite.
Capítulo Sete
Quando volto para casa, resolvo ficar no meu sofá com o
meu violão, determinada a dar início ao meu próximo álbum. Eu
tenho que mostrar a Jeremy, Owen, Matthew, e todos os outros
que eu tenho isso em mim, que sou uma musicista de verdade,
não uma cantora de um hit só, alimentada por um desgosto de
alta voltagem. Eu brinco com as três músicas que eu escrevi, mas
elas não me pegam, então passo para algo novo, grata que Ethan
está com o seu pai esta noite para que eu possa me concentrar na
música e depois no jantar.

Duas horas depois eu já criara um pouquinho de uma


pequena melodia que poderia se transformar em uma música
completa com um pouco mais de persuasão. A letra virá com o
tempo, eu digo a mim mesma. Pelo menos, eu espero que ela
venha, porque o meu coração está começando a bater mais rápido,
e eu não tenho certeza se é de medo ou excitação. Talvez seja
ambos, porque estou com medo como o inferno sobre o encontro e
o meu prazo, e eu estou mais animada do que eu deveria estar
sobre o jantar.

Coloco minha guitarra no armário e tomo um banho rápido.


Vinte minutos mais tarde, estou olhando para a minha cama,
cheia de roupas que eu experimentei e rejeitei. Este é apenas um
jantar com um repórter. Não é um grande negócio, e
definitivamente não é um encontro com um homem insanamente
quente. Qualquer que seja a próxima roupa que eu escolher será a
vencedora. Pego meu jeans favorito, minhas botas de couro Black
e um suéter azul-céu vintage, com o decote em V feito de uma
gravata masculina de segunda mão. É muito retro e muito hip e
com apenas uma passada rápida de pó, blush, rímel e eu estou
pronta para ir. Pego meu casaco e bolsa de ombro, desço as
escadas e pego um táxi para o West Village.

Quando chego, pago o taxista e sigo para o pequeno bistrô,


pintado de verde esmeralda e situado no canto de um prédio de
tijolos na Rua West Four com a West Twelfth. Matthew e eu
combinamos de nos encontrar às oito horas e eu estou apenas dez
minutos atrasada, por isso me sinto no horário.

"A outra pessoa já está aqui", diz o anfitrião, que ostenta


uma cabeça totalmente raspada e está vestido com uma camisa de
botão preta e jeans.

Droga. Chego quase a tempo e ainda sou a última a chegar


à mesa. Então, novamente, Matthew, provavelmente, é o tipo que
está sempre na hora certa, para segurar portas, para levantar
quando uma mulher se senta em uma mesa. O anfitrião me leva a
Matthew, que fecha o livro que está lendo e se levanta para me dar
um quase beijo na bochecha. Minhas pálpebras vibram fechadas
por um breve momento ao sentir os lábios macios tão perto de
mim. Um pensamento passa pela minha cabeça, de que eu posso
virar minha cabeça e saber exatamente o quão aqueles lábios são
macios. Descobrir como ele beija, se ele é do tipo que te devora, ou
se ele começa devagar e brinca com beijos que deixam você
querendo mais.

Mas eu me contenho, em vez disso, aprecio as voltas na


minha barriga que ocorrem com seu toque. Eu vou levar o que eu
posso conseguir, e mesmo que a sensação seja boa para mim. Faz
tanto maldito tempo.

"Você quer que eu tire seu casaco?", Ele oferece.

"Claro", eu digo e dou de ombros para fora do meu casaco,


deixando as mangas caírem para os braços à espera. Ele dobra-os
uma vez, em seguida, entrega o casaco para o anfitrião. Matthew
espera por mim para se sentar, em seguida, retornando à sua
cadeira.

Bons modos. Eu gosto deles.

"Jane Black está atrasada", eu começo. "Ela corre para a


mesa e emite um pedido de desculpas padrão, murmurando
alguma coisa ou outra sobre o quão difícil é encontrar um táxi na
cidade. Eu deixo de lado a minha cópia LA Confidential de James
Ellroy e insisto que não é grande coisa. Adoro ser atrasada por
pessoas que não têm respeito pelo tempo de outra pessoa".

Um sorriso se forma no seu rosto.

"Eu só acho que é como a história iria começar", digo,


brincando. "E, em seguida, leva para o típico 'ela pede uma vitela
a parmegiana e então pergunta quantas calorias tem nele', ou algo
assim."

"Espere", diz ele. "Então você está dizendo que eu ia


escrever uma história típica?"

Eu sorrio. "Engraçado, como essa é a única parte que você


digitaria."

"E você está dizendo que sim, que há uma história?"

Eu sorrio novamente. "Boa tentativa. Mas nós não estamos


lá ainda."

"Um, você não tem que pedir desculpas enquanto sou pego
com o livro de Ellroy no momento. Sou fascinado com contos de
Los Angeles. E dois, eu não suporto essas reportagens de
celebridades que todos começam do mesmo-assim-e-assim
sentou-se e vestia uma camiseta branca e pediu uma Perrier. Eles
são todos da mesma banalidade requentada, não são?"

"Absolutamente."

"Então, obrigado por me encaixar em sua agenda lotada e


com não menos que um jantar. Eu nunca estive aqui antes, mas
ouvi dizer que é ótimo."

"Eu também. Nunca estive aqui", eu digo, em seguida,


adiciono, "E sinceramente, isso pode ser porque alguns desses
lugares em West Village são tão difíceis de encontrar."

"Eu tenho que confessar", diz ele, levantando uma


sobrancelha quando ele põe a mão num bolso para tirar o seu
smartphone. "Na verdade, eu tive que usar o GPS no meu telefone.
A última vez que eu vim para a Village - moro no Upper West Side
- eu estava me virando tentando descobrir como chegar a West
Twelfth ou West Thirteenth ou Little West Twelfth".

"Certo? Será que alguém, por favor, pode explicar como


West Fourth e a West Twelfth podem se cruzar aqui?"

"Eu não estou inteiramente certo de que é possível", ele


responde como se eu fizesse uma pergunta séria, e acho que é
completamente cativante que ele está jogando junto comigo, tão
habilmente. "Eu suspeito que seja um túnel do tempo ou um
buraco negro de geografia ou cartografia."

"E depois há aquelas ruas loucas como Gansevoort e


Horatio. Quem sabe até onde elas vão?"

"Como se alguém pudesse encontrar essas ruas malditas",


diz ele, encerrando o GPS em seu telefone com entusiasmo. Se eu
fosse classificar nossas observações de abertura, eu daria um 10
para a química.

Exceto que isso não é um encontro, e ele não é um


pretendente. Ele é um repórter, e eu estou me deixando levar. "Oh,
Deus, você vai escrever isso, não é? Jane Black ainda não sabe
onde a rua Horatio fica", eu digo em terror simulado.

"Dessa forma eu poderia derrubar a sua carreira em um


segundo, se essa história vazar", diz ele, balançando um dedo de
brincadeira. "Mas vou me conter e prometo não deixar nossos
leitores saberem sobre seus pequenos desafios cartográficos."

Ai está. A lembrança que eu preciso ser cautelosa. "Espere,


isso é extra oficial, certo?"

"Ah, o medo que todo mundo tem quando se senta com um


jornalista. Mas, por favor, não se preocupe." Ele chega através da
mesa para apertar a minha mão na sua, e minha respiração trava.
Ele aperta minha mão tranquilizadoramente, e o breve toque dele
é estonteante. Talvez porque tem sido há muito tempo, talvez
porque seja ele, talvez porque eu não tenho a menor ideia se ele
está apertando suavemente a minha mão como repórter ou como o
homem sentado em minha frente numa intimidade, num
restaurante com iluminação suave.

Mas seu toque dá arrepios na espinha. Bons arrepios. Peço


ao universo para ele deixar a mão sobre a minha. O universo
escuta por mais dez segundos, e estes segundos são o contato
mais próximo que tive com um homem diretamente em anos.
"Estou muito ansioso para jantar e bater papo extraoficial. Eu
deveria deixar você saber, porém, que se fosse relatar uma história
de uma forma tão banal, saberia imediatamente, quando pediu
vitela com parmesão, que eu estava jantando com uma
impostora."

Ele coloca as mãos em seu colo, e eu sinto falta delas


instantaneamente.

"Como você sabe disso?"

"Você é vegetariana."

"Sim, mas não é como se eu estivesse vestindo uma


camiseta que diz: 'Comer carne é assassinato'".

"Isso é verdade. Isso é muito verdade. Mas você deu uma


declaração para o Vegetarian Times numa matéria chamada "Nada
com um rosto', que era como um quem é quem de todos os
vegetarianos nas artes", diz ele, e meu coração bate mais rápido
na admissão de que ele sabe todos esses pequenos detalhes sobre
mim, que ele se lembra deles e pode acessá-los. Mas então, ele é
simplesmente bom em seu trabalho. Isso é tudo.

"Então você tem um dossiê sobre mim ou algo assim?"

"Sim, é de dez centímetros de espessura. Toda matéria


sobre você já escrita, cada matéria em que você já foi referida".

Dois anos atrás, ele provavelmente não teria se preocupado


com esse artigo, nem qualquer outro crítico. Mas agora é parte de
seu trabalho de preparação, como a minha história de fundo está
sendo montada. Assim como outras partes da minha história de
fundo estão vindo à luz, as coisas muito mais cintilantes do que
"Ela não come animais."

"Será que você realmente olhou para todas as matérias já


escritas? E isso significa que você sabe o meu nome real
também?" Eu pergunto, porque Black é o meu nome artístico. Meu
nome real é um pouco demais para mim, como Mellencamp.
"Jane Stanchcomb", ele sussurra em voz conspiratória.
"Mas isso não é um segredo, uma vez que é o sobrenome de seu
irmão."

Em seguida, ele ri e eu noto como seus olhos azuis brilham


um pouco enquanto ele diz. Quando eu era jovem, eu queria ter
olhos azuis como Natalie, que teve o olhar arrebatador do lado da
família da minha mãe. Em vez disso, eu herdei a coloração do meu
pai, cabelo castanho escuro, olhos castanhos escuros. Eu sou B
dominante em tudo aqui e nada recessivo no trabalho. Então há
Matthew, e seus olhos são uma espécie de um azul puro, um azul
escuro com quase nada de qualquer outra cor neles – sem
manchas de verde, sem manchas de cinza, não há indícios de
avelã. Eles são apenas azul e eles são quase impossível de perder,
porque eles destacam-se ainda mais contra o seu cabelo muito
escuro com uma onda fraca a eles. As maçãs do rosto são
esculpidas, seus lábios são cheios, o rosto é tão malditamente
bonito que às vezes eu sinto como se tivesse que desviar o olhar.
Mas eu não quero desviar o olhar. Eu quero olhar para ele. É
quase injusto.

"Embora eu ainda gostaria de saber porque você escolheu


Black como seu nome artístico", acrescenta ele, e ele parece
genuinamente intrigado. Mas se ele só estiver intrigado porque eu
sou a cantora do momento?

"Talvez eu vá te dizer um dia," eu digo.

"Eu te deixo um pouco nervosa, não é?", diz ele em voz


baixa.

Mais que cautelosa, mas não é só por causa de resenhas


ruins anteriores de Matthew, ou até mesmo por causa de Jonas e
sua emboscada no Grammy. Estou cautelosa, porque, por um
lado, estou tendo um momento fantástico até agora com Matthew
e ele é realmente muito engraçado, em cima de todos os outros
bens que ele traz para a mesa. Mas, por outro lado, eu me
pergunto se é uma encenação, se é parte de seu esforço para
aterrar uma matéria, parte de seu discurso de vendas. Quero
confiar em meus instintos a gostar dele, mas meus instintos já
estiveram errados antes. Além disso, Matthew tem uma agenda, e
eu deveria me concentrar em querer estar nela, não se eu iria
gostar de passar a mão pelo cabelo dele. Porque, é claro, eu iria
gostar de tocá-lo. Isso é básico. A decisão mais difícil é do negócio.

Eu aceno uma mão no ar, tentando agir casualmente. "Não,


não. Claro que não."

"Por favor, não se preocupe. Eu olhei alguns artigos antes


de sair do escritório. Eu queria estar preparado", diz ele com uma
voz suave que mostra que ele tem um lado doce, um lado
carinhoso. E lá vai ele de novo, acumulando mais pontos a seu
favor.

"Não é nada", eu digo, afobada agora.

"Bem, eu quero que você saiba que eu admiro


completamente sua disciplina em ser vegetariana", diz ele em um
tom muito sério. "Eu adoraria ser particularmente e acho que é
uma decisão bastante certa, moralista e aconselhável a saúde.
Mas eu estou realmente proibido de ser um."

"O que você quer dizer?"

Ele se inclina sobre a mesa para sussurrar, e a proximidade


faz com que minha pele formigue. "Quando eu saí da Inglaterra
para os Estados Unidos, há quatro anos, eu tive que assinar uma
carta que gostaria de defender a imagem das normas de
restaurantes finos da Grã-Bretanha."
Eu rio alto, amando como ele pode mudar de uma
preocupação genuína para a brincadeira em um piscar de olhos.
"E quais são esses padrões?"

"Nós só estamos autorizados a comer cordeiro, salsichas,


peixe e batatas fritas na frente de vocês Yankees."

"Por ordem da Rainha, eu tenho certeza."

"Falando nisso, eu provavelmente deve olhar o cardápio",


diz ele, desviando o olhar quando eu digo Rainha.

Eu não consigo resistir. "Você conhece a Rainha?"

Ele continua a olhar para o seu menu, mas um leve rubor


se arrasta para suas bochechas. "Não. Claro que não. Por que eu
conheceria?"

Uau, eu já o peguei desprevenido agora, e eu meio que


gosto desse sentimento. De controle. Então eu vou pescar por
mais. "Eu imagino que ela estaria particularmente preocupada
sobre como você representou o seu país quando está fora dele."

Seus lábios se retorcem. "Tenho certeza de que ela não se


importa com o que eu faço."

"Hmmm. Certo. Tenho certeza que ela não se importa


nenhum pouco sobre certos colegas." Eu destrincho a última
palavra, fazendo tudo que posso para provocar uma reação.

Ele olha para mim, tentando negar o sorriso em seu rosto.


"Com certeza, eu não sou ninguém."

Concordo com a cabeça de forma exagerada, estreitando


meus olhos, enquanto eu repito uma palavra para trás.
"Certamente."

O garçom aparece. "Posso começar com alguma coisa?"


Matthew aponta para mim. "A dama pode pedir primeiro."

Dama. É claro que ele iria me chamar de dama, sendo um


barão e tudo.

Eu opto pela salada de beterraba e batatas alevinos. Ele


escolhe costelas.

"Não há cordeiro no menu. A rainha vai ficar tão triste


quando eu disser a ela."

"Conte-me sobre este artigo que você tem em mente", eu


digo depois que termino de comer.

Ele se inclina para frente, apoiando os cotovelos sobre a


mesa. "A revista Beat ama a ideia desse azarão que saiu do nada,
a pequena cantoria que podia ganhar prêmios."

Eu olho de lado, um brilho malicioso no meu olho. "Apenas


Beat? E você, Matthew?"

"Bem, é claro que eu amo a ideia, também. Acontece que


meus editores adoram também. O zumbido da Internet inteira e
do marketing que Jeremy comandou foi genial. Agora, a grande
questão é, como você pode cobri-lo? O que você faz para um bis,
uma sequência?"

Eu gemo por dentro, piscando ao lembrar de minhas três


músicas blá. Eu vou precisar encontrar um clube e bater um
pouco de inspiração e tirá-la de mim em breve.

"Mas espere. Nós apenas não queremos fazer isso. Isso é


apenas o ponto de partida. Quero te seguir, passar um tempo com
você, ver você embarcar neste próximo álbum. Quero sentar em
algumas das sessões de gravação, observar como você e Owen
debatem e criam. Para realmente entrar no processo criativo."
"Você quer saber como a salsicha é feita."

Ele rapidamente bate no nariz e aponta para mim como se


dissesse: Você entendeu isso.

"Então você quer se sentar em nossas sessões de gravação


e ter a liberdade para escrever sobre toda a droga que sai antes
que talvez escreva algo remotamente decente?"

"Sim."

"E você quer ter acesso total a Jeremy, Owen e eu?"

"Sim."

"E você quer saber o que vai para este - como planejamos o
álbum, as músicas?"

"Sim. Você já começou, certo?"

"É claro." Três canções medíocres que eu nunca poderia


usar. Mas ei, não havia aquela pequena melodia costuradas esta
tarde no meu sofá. "E você gostaria de saber que marca de pasta
de dente eu uso também?"

Ele dá de ombros, brincando. "Imagino que isso não vá


fazer mal. Dicas de Jane para um sorriso brilhante tem um belo
apelo".

"Você está pedindo muito."

"Eu sei. Então, o que você acha?" Há um brilho infantil nos


olhos.

"Por que eu?"

"Porque Glass Slipper está redefinindo a forma como a


música independente é comercializada, pois Jeremy não dá a
mínima para as aparências e apetrechos corporativos e regras. E
porque eu amei o seu álbum para caralho e eu não posso esperar
para ouvir o que você vai fazer a seguir".

Eu não disse nada imediatamente. Quero aproveitar o


brilho do seu elogio por um momento. Quero saborear o fato de
que ele gosta da minha música. Mas que inferno, eu não tenho a
menor maldita ideia do que eu estou escrevendo, assim, como eu
posso deixar que um jornalista entre em meu processo criativo
quando se está em um impasse? E mesmo que Jeremy queira
isso, eu vou precisar manter Matthew à distância até que eu
comece a escrever algumas palavras e música.

"Talvez", eu respondo.

Ele se inclina para mais perto do outro lado da mesa, olha-


me diretamente nos olhos, e quando ele faz isso a minha
determinação começa a enfraquecer, pois seus olhos são tão
bonitos, e ele não quebra o meu olhar. "Quando você era mais
jovem, quando você era uma adolescente, você lia as revistas de
música?"

"É claro que sim."

"E você leu essas matérias em profundidade onde você


realmente conhece um músico, como ele funciona, como ela
funciona? E você já se perguntou: 'Quando eu for uma estrela do
rock famosa algum dia, eles vão fazer este tipo de matéria sobre
mim?'"

"Será que você conseguiu uma amostra do meu diário de


ensino médio ou algo assim?" Eu digo de brincadeira. Porque,
apesar de eu não manter um diário, Matthew está estranhamente
acertando tudo.

"Eu tenho um palpite de que você não tinha um diário",


Matthew dispara de volta.

Eu sorrio para ele neste momento, mas não deixo ele ver
que está certo. "Eu vou pensar sobre isso. Quando é que você
precisa saber a resposta?"

"Que tal em uma semana?"

"Justo".

Matthew levanta seu copo para brindar. "Para a minha


esperança de que você vá dizer que sim."

Eu brindo o meu vinho contra a sua vodka com água


tônica.

Ele acrescenta: "Então, você está fazendo David Letterman


antes de seu show Roseland na sexta-feira. E vi também no site da
Rádio CRB que você está fazendo Words and Music domingo de
manhã com o Max Cohain."

"Uau. Letterman, Roseland, CRB Radio. Você sabe minha


agenda completa."

"Eu estou tentando impressioná-la. Conquistá-la com o


meu conhecimento enciclopédico de sua carreira agora. Mas
escute, cuidado com Cohain. Ele ama as mulheres bonitas."

Matthew sorri para mim e eu não consigo pensar em nada


para dizer quando uma sensação de formigamento percorre meu
corpo. Bonita. Será que Matthew acha que eu sou bonita? Eu
engulo, um toque de esperança corre nervosamente por mim. Puta
merda. Talvez essa não seja uma rua de mão única. Talvez ele
tenha uma coisa por mim também. Porque ele está segurando o
meu olhar, quase como se ele estivesse esperando que eu dissesse
alguma coisa. Mas eu não tenho a menor ideia de como responder.
Tudo o que sei é que meu corpo está se movimentado, vivo com
possibilidades. Algo muda, também, em sua expressão. Seus olhos
são geralmente tão brincalhões, e eles parecem cintilar. Mas agora
há uma intensidade neles, estão mais escuros. Nenhum de nós diz
nada, e o silêncio elétrico faz meu cérebro ficar embaçado e meu
sangue ficar quente.

"Mulheres bonitas?", Eu pergunto com cuidado, com uma


voz incerta.

"Assim como você", ele responde, olhando-me diretamente


nos olhos. Eu não quero desviar o olhar. Eu não quero mover. Eu
não quero fazer uma única coisa para estragar este momento.

Em seguida, o garçom traz a conta, e o momento e tudo o


que estava me transformando se quebrou. Antes que eu pudesse
pegar minha bolsa para pegar o cartão de presente, Matthew já
entregou ao garçom o seu cartão de crédito e ele já estava fazendo
seu caminho para o caixa.

"Eu ia pagar. Eu disse que tinha um cartão de presente. A


refeição era para ser por minha conta".

Ele acena a mão no ar. "Eu amo que você tenha se oferecido
e seja muito generosa. Mas nós temos uma política na Beat. Não
podemos aceitar qualquer tipo de presentes. Então, eu vou pagar
a conta pelos próximos meses."

Eu sorrio para ele, dando-lhe uma inclinação sedutora de


cabeça. "Você é presunçoso."

"Otimista, eu gosto de pensar", diz ele, enquanto o garçom


retorna com seu cartão de crédito e ele o enfia de volta em sua
carteira. Em seguida, ele acrescenta: "Além disso, mesmo se
estivéssemos apenas jantando eu gostaria de pagar, também."

"Você faria isso?"


"É claro", ele responde e sua voz é despojada de toda
provocação, toda a brincadeira, mesmo com toda a seriedade
jornalística. Ele parece tão completamente sincero em seu tom de
voz, em suas características, e então ele faz aquela coisa de novo,
onde ele pega a minha mão, apertando a sua em cima da minha.
De repente, estou ciente da pressão no meu pulso. Do interior
suave da palma da sua mão. Como sua pele é quente na minha
pele. Eu estou morrendo para que ele deslize seus dedos pelos
meus, porque isso seria um sinal real, certo?

"É claro que eu gostaria de levá-la para sair, Jane."

Eu estou toda quente com suas palavras. O que ele quer


dizer? Que eu sou bonita, que ele gostaria de me levar para jantar,
mesmo que fosse apenas um jantar? Eu não sei como ler as
entrelinhas em suas palavras, ou se deveria. Mas eu quero lê-las.
Eu quero acreditar nesta mão na minha. Que ele quer estar
tocando em mim, tanto quanto eu quero este traço de contato com
ele.

"Você iria?" Eu começo a dizer, mas então eu engulo as


palavras, porque eu não posso confiar nele, e eu certamente não
posso confiar em mim. "Ei, eu tenho uma ideia totalmente
selvagem", digo, sacudindo a insinuação quando faço um gesto na
direção do bolso de trás, onde ele colocou o telefone. "Desligue o
telefone. Vamos tentar encontrar o nosso caminho para fora desse
lugar, sem um mapa."

Ele pega sua jaqueta de couro bem-cortada e coloca-a em


cima da camisa branca de mangas compridas. Em seguida, ele
recupera o meu casaco e me ajuda a colocá-lo, sempre o perfeito
cavalheiro. Deixamos Café Cluny e ficamos na esquina fora do
bistrô no ar frio da noite no final de fevereiro.
"Ok, nós realmente devemos apenas fechar os olhos e girar
em círculos algumas vezes e, em seguida, ir a qualquer direção
que acabarmos apontando quando abrimos nossos olhos", diz ele.

"Mas e se acabarmos em direções diferentes?"

"Você quer dizer, e se eu girar mais rápido ou mais lento ou


algo assim?"

"Nós realmente não podemos ter a certeza de que iríamos


girar na mesma velocidade."

"Você está certa, você está certa, é claro", diz ele, coçando o
queixo enquanto ele compreende o nosso jogo. "Eu não tinha
considerado a possibilidade de variações de velocidade."

"Eu sei. Você fecha os olhos e eu vou girar você. Mas eu vou
fechar meus olhos, também, e, em seguida, apenas para ser justa,
você vai ser o único a dizer pare."

Ele fecha os olhos instantaneamente. Chego até colocar


minhas mãos em seus ombros. Ele é mais alto que eu, estou
adivinhando um metro e oitenta e três ao meu metro e setenta.
Ainda assim, eu pego um leve aroma de sua loção pós-barba, um
cheiro fresco, crocante. Eu estou tão tentada a inclinar-me e
inspirar profundamente. Mas eu resisto, em vez disso cheiro-o em
silêncio por um segundo, deixando-o permanecer em meus
sentidos, deixando-o à deriva em minha mente e para baixo do
meu corpo. Por um momento, eu fecho os olhos, também, e eu me
senti como um cavalo de corrida selvagem, com um pouco de calor
e um pouco de dor misturados no ventre de uma besta. Abro os
olhos rapidamente e começo a girar em torno dele. Uma, duas,
três vezes. Quatro vezes. Cinco vezes.

"Você nunca vai dizer 'pare'?"


"Não, eu realmente gosto de ser girado com os olhos
fechados. É um fetiche meu. Eu fui para a reabilitação, mas,
aparentemente, eu acabei de ter uma recaída."

Eu sorrio e ele diz: "Pare".

Ele abre os olhos, finge oscilar, e agarra meus ombros como


se estivesse prestes a cair. Eu sorrio para ele. "Você está
brincando."

Então ele abre seus lábios, e ele tem o sorriso disfarçado no


rosto. "Brincando, você acha?"

Ele voltou para aquele tom de voz que não consigo ler. Não
é nem uma coisa nem sua brincadeira de verdade. Mas o olhar em
seus olhos está cheio de fome, e então eu sinto o toque mais suave
no meu cabelo. Ele está manuseando uma mecha do meu cabelo
cacheado e estou agora fora do meu corpo que não sei o que fazer
a seguir. Tudo que eu sei é que eu estou inclinada mais para perto
dele, porque esse tipo de toque, de forma tão clara, é a maneira
como um homem que gosta de mulheres toca, é diferente e
extraordinário para mim.

"Sim, eu faria", diz ele com uma voz suave que faz fronteira
com um sussurro.

Meu corpo está como se eu estivesse correndo, e no


momento está cheio de tanta expectativa, tanta possibilidade que
eu poderia engarrafar. Mas ainda assim, eu sinto como se a
calçada sob os meus pés estivesse afundando, e eu preciso saber
qual caminho é para cima.

"Você faria o quê?"

"Eu gostaria de levá-la para sair. Assim como eu gostaria


muito de te beijar."
Eu mal consigo processar suas palavras. Elas são tão
inebriantes, tão estonteantes, tão completamente estranhas para
mim. Ninguém quis me beijar nos últimos sete anos.

"Posso?", Ele pergunta, e eu estou em uma bolha de


felicidade com seu sotaque, seus olhos azuis, e seu requinte total
me perguntando, como um cavalheiro, o que me excita ainda
mais. Eu quero que este pedaço de tempo congele, para que ele
dure, mas eu quero desesperadamente ser beijada. Eu quero ser
beijada por alguém que me quer, por alguém que sabe o que está
fazendo, e por alguém que eu estou imensamente atraída.

Por Matthew.

Que está me olhando firme com aqueles olhos azuis


escuros, da cor de um lago em meu perfeito Maine, e eu não posso
evitar. Eu não consigo desviar o olhar. Eu mal posso falar. Isso é
tão irreal, mas ainda assim, aqui esta ele, querendo me beijar.
Gostaria de entrar em choque, se não estivesse completamente
formigando.

"Sim", eu digo, sorrindo, mas depois o meu sorriso é


apagado por seus lábios enquanto ele os pressiona lentamente
contra os meus, com tanta suavidade, tal sensualidade que meus
joelhos fraquejam, e envolvo meus braços ao redor de seu pescoço
para não cair.

Ele envolve uma mão em volta da minha cintura, puxando-


me para mais perto enquanto ele me beija, e eu perdi toda a
consciência à minha volta, da cidade, dos últimos dias da minha
vida, porque no segundo em que os lábios de Matthew tocaram os
meus, eu sei que é um daqueles beijos.

O tipo que você poderia escrever uma música.


Eu ouvi a palavra incrível impressa no meu cérebro. Lábios
incríveis, beijo incrível, uma sensação incrível, você é incrível. Em
um ponto, eu realmente murmurei a palavra na boca. Beijá-lo é
como uma canção de Chris Isaak. Não é frenético ou apressado ou
uma louca corrida para o fim. É lento e sem pressa, com ar
sonhador de desdobramento maior e maior. É o desejo que se
estende para fora.

Seus lábios explorando os meus, sua língua enroscando


com a minha, suas mãos entrelaçando pelo meu cabelo. Seus
suspiros sensuais que me dizem que ele está saboreando esse
beijo tanto quanto eu estou. Ele me traz mais perto, seu corpo
longo, magro terrivelmente perto do meu. Por um breve segundo,
eu posso senti-lo pressionando com força contra minha coxa, e é
emocionante provocar esse tipo de reação de um homem.

A excitação.

Em seguida, ele quebra o beijo, e eu tropeço. Ele me pega.


"Você está bem?", Ele pergunta, e esta de volta à voz brincalhona
que conheci no Grammy‟s.

"Sim", respondo, e parece que eu estou acordando, porque


tudo parece nebuloso e quente, como se a luz da manhã estivesse
passando através das janelas ao amanhecer. Como se os filmes de
imagem do passado, ocorre-me que pode ser mais do que uma
metáfora. Pode ser uma boa descrição do primeiro beijo em sete
anos que parece como uma via de mão dupla.

"Eu sinto muito", diz Matthew, dando um passo para trás e


assumindo uma postura adequada, equilibrada.

"O quê?" Eu pergunto, perplexa. Agora, o sonho está


terminando, e a vida real aguarda.
"Eu não deveria ter feito isso. Não beijo as pessoas com
quem eu quero fazer entrevistas. Não me envolvo com as fontes.
Eu não posso fazer isso. Não posso ir para lá", diz ele, tão rápido
que as palavras saem em uma confusão. Mas eu posso
compreender a confusão de cada um delas. "Não quero fazer nada
que comprometa a história."

Certo. A história. Estamos de volta à história. "Mas nós


ainda não chegamos a um acordo sobre a história", eu indico.

"Eu sei", diz ele com um suspiro, em seguida, esfrega a mão


em seu queixo. "E talvez isso seja loucura, mas seria possível se
nós só voltássemos no tempo dez minutos? Apagado o que
aconteceu aqui. Estou incrivelmente atraído por você, mas é
provavelmente melhor que eu me concentre no meu trabalho."

Franzo as sobrancelhas e estou tentada a sacudir minha


cabeça com força para o lado, como se eu tivesse acabado de sair
da piscina para ver se há água em meus ouvidos. Mas ainda em
meio a minha confusão, quatro palavras estrondam em alto e bom
som, como uma batida de tambor – incrivelmente - atraído por
você.

Porque eu sinto o mesmo. Estou incrivelmente atraída por


ele.

"Então," ele continua batendo as mãos mais uma vez,


rapidamente, em algum tipo de sinal ficando-estritamente-nos-
negócios. "Muito obrigado por ouvir a minha proposta para o
artigo. Estou tão ansioso para ouvir se você quer fazer a história, e
eu vou ligar para você em uma semana, como prometido, para
conferir a base."

Então ele pega a minha mão, agita-a uma vez, e me mostra


seu melhor sorriso amigável, antes que ele me chame um táxi e
me envia para casa quente, incomodada e completamente
perplexa.

Eu já entrei oficialmente na zona de penumbra.

***

Uma hora depois, estou de volta ao meu apartamento em


pé na porta do quarto de Ethan, passando fio dental nos dentes.

O quarto de Ethan é como um retrato, um momento


congelado no tempo. A cadeira em sua mesa marrom está
inclinada para fora, um pedaço de papel de construção vermelho é
preenchido com imagens pastel de figuras da vara em uma colina,
alinhando ao lado de uma nave espacial. A ponta do seu cinto de
karatê branca paira sobre a borda de sua gaveta da cômoda de
fundo. Seu quarto conta a história de um menino feliz, perdido em
sua imaginação antes de sua mãe gritar para ele, dizendo-lhe para
se apressar ou ele estará atrasado para a escola. Ele afastou-se da
mesa, deixou o desenho semipronto, apressadamente fechou a
gaveta, e correu para a porta da frente.

Sinto falta de Ethan nas noites que ele está com o pai.
Deveria aproveitar esses momentos sem ele. Mas não aproveito.
Ainda estou bem consciente de sua ausência quando ele não está
aqui. Porque nas noites que ele está aqui, mesmo depois de
colocá-lo para a cama e eu estou lendo ou ouvindo música ou
conversando com a minha mãe no telefone, o apartamento me traz
um certo calor, um certo aconchego, devido à presença de uma
criança dormindo. Eu amo o nosso novo lugar. Nós nos mudamos
para cá no verão passado. É a nossa casa, realmente, Ethan e
minha.

No entanto, eu nem sequer tenho que estar aqui em nosso


apartamento hoje à noite porque não há nenhuma criança
dormindo. Eu poderia sair. Poderia ir dar uma caminhada.
Poderia ir a um bar. Eu tenho todo o tempo livre que eu não tive
nos primeiros cinco anos de sua vida. Mas eu ainda me sinto um
pouco vazia e ser um pouco desconfortável como uma mãe sem
uma criança pelos próximos dias.

Volto para o banheiro e atiro o fio dental na lata de lixo, em


seguida, vou para a sala de estar. Pego meu caderno da mesa,
abro uma folha de papel, e me jogo no sofá. Eu cantarolo algumas
notas aleatórias, amarrando junto um pouco de melodia, em
seguida, anoto algumas reflexões.

Beijo sonhador.

Beijo inesperado.

Beijos que vão sempre e sempre.

Respiro profundamente e um pequeno sorriso aparece nos


meus lábios.

São apenas algumas linhas, mas eu estou escrevendo de


novo! Finalmente! Depois de meses de silêncio, novos acordes e
notas e letras estão batendo na minha cabeça. E bastou um beijo
para acender essas possibilidades musicais. Eu posso imaginar os
próximos dias, como músicas e pontes e refrãos surgindo na
minha frente com um abandono imprudente, como a música
derramada como uma tempestade no deserto. Jeremy vai ficar
emocionado. Meus fãs ficarão felizes. Mas mais do que isso, eu
estou feliz de novo, porque fazer música alimenta minha alma. É
meu coração, é o meu sangue bombeando, é o ar que eu preciso
respirar.

Então meu telefone vibra. Eu agarro-o do meu bolso de trás


e clico para abrir uma mensagem de texto.

O jantar foi adorável. Obrigado muito por seu tempo.

E é isso. Nenhuma menção do beijo que abalou através dos


meus ossos. Nenhuma menção da atração fenomenal. Nenhuma
menção de querer me levar para sair novamente.

Matthew realmente apagou aqueles 10 minutos na rua, e


agora é o repórter super-profissional.

Eu fecho a mensagem e volto para o meu notebook. Eu bato


meu lápis contra o papel. Rabisco algumas palavras aleatórias,
como desligá-lo, todos os negócios, em seguida, estou tão irritada.

Mas o ritmo está desaparecido; a inspiração vai lentamente


tomando distância. Eu escrevo as palavras “Mensagens
Contraditórias” no topo da página. Se isso já se tornou uma
música ela vai ter o título perfeito, porque é isso que Matthew está
me enviando.

E eu estou confusa como o inferno.

Eu tento escrever mais palavras, mais música, mais letras.


Mas tudo que eu ouço é uma canção com deformada sonoridade
que não faz sentido. Tal como o meu jantar com Matthew.
Capítulo Oito
Matthew não esperou nem uma semana. Ele me mandou
um e-mail dois dias depois, e seu nome no meu celular faz uma
corrente passar através de mim, apesar de meu aborrecimento
com ele. Eu me forço a ignorar seu e-mail por alguns minutos
enquanto vagueio através do meu velho East Village pisando no
chão a procura de inspiração. Este é o lugar onde primeiro morei
quando me mudei para Manhattan e onde morava quando Aidan
me largou e escrevi o meu álbum épico, então talvez eu possa
achar que minha evasiva musa inspiradora esteja escondida sob
um degrau aqui no meu antigo bloco na Ludlow Street, onde o
cheiro de kimchi e tigelas de Bimini rodeavam nosso apartamento
antigo, graças ao restaurante coreano que ficava embaixo do meu
apartamento. Eu não encontrei o segredo para uma nova canção,
mas o cheiro faz com que eu lembre que estou com fome, então
me lanço para dentro e encomendo o meu favorito: uma tigela
vegana de bibimbap, pegando um banquinho no balcão.

Então me deixo clicar em seu e-mail.

Odeio que há uma parte de mim que quer que a sua


mensagem diga que ele não pode parar de pensar em mim, e que
ele não quis dizer isso quando disse que queria apagar o beijo.

Mas não é isso que diz a mensagem.

de: Mharrigan@beatmagazine.com
para: janesecretmail@gmail.com

Hora: 11:47

Assunto: Re: Artigo

Cara Jane -

Eu sei que eu disse que ia procura-la de volta em uma


semana, mas não pude resistir em enviar esse e-mail de um leitor
que adora o seu trabalho. Eu também queria que você soubesse que
recebi mais de quarenta e sete desses pedidos, solicitando para
cobrir o que você está trabalhando para seu próximo álbum. De
todos os seus fãs. Você tem tantos. Meus contatos no iTunes
também estão bastante ansiosos para executar um perfil estendido
sobre você.

Talvez este surgirá com pressão. Deixe-me assegurá-la, eu


simplesmente quero dar aos meus leitores e as suas legiões de fãs
o que eles querem, mais de você.

Meus cumprimentos,

Matthew

Depois, há um e-mail anexado de um leitor. É uma frase,


mas ele diz, eu amo Jane loucamente!! Por favor, por favor, dê-nos
mais dela!!

Marco a nota, mas só porque eu amo meus fãs loucamente


também. Nunca é demais ouvir isso deles, mas não quero
decepcioná-los, também. Não quero que esta garota sinta-se
decepcionada se o meu próximo álbum for uma mistura medíocre
de canções adequadas. Estou prestes a fechar meu e-mail quando
uma nova mensagem aparece na minha tela, apenas com o
primeiro nome de Matthew, ao invés de seu nome completo.
Intrigada, eu clico no email.

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

Hora: 11:48

assunto: Falha em truques de viajar ao tempo

Eu realmente não deveria dizer isso, mas todo aquele papo


de apagar os últimos dez minutos não funcionou para mim. Eu
ainda estou pensando sobre eles.

de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

hora: 11:49

assunto: Uma moeda pelos seus pensamentos

Interessante. O que exatamente está em sua mente?

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

hora: 11:49

assunto: Crédito Zero de Repórter

O sabor dos seus lábios. Minhas mãos em seu cabelo. Como


eu poderia ter te beijado a noite toda.

P.S Você devia apagar esta mensagem. Não está ajudando


na minha credibilidade como jornalista.
de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

hora: 11:49

Assunto: Crédito homem

E sobre o seu credito como um homem?

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

hora: 11:50

Assunto: Você é a juíza.

Você me diz. Ajudou? Não está ajudando?

de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

hora: 11:51

assunto: Em uma escala de 1 a 10 ...

É alto. Muito, muito alto.

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

hora: 11:51

Assunto: Que tal cerca de 30 minutos?

Agora estou pensando em mais de dez minutos com você.


de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

hora: 11:52

assunto: Ou até mesmo uma hora?

O que você gostaria de fazer em mais de 10 minutos comigo?

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

hora: 11:52

assunto: Poderia fazer isso por horas ...

Eu realmente gostaria de beijar seu pescoço. O oco de sua


garganta. Seu ombro nu.

de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

hora: 11:53

Assunto: Onde posso me inscrever?

Eu gosto do som disso...

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

hora: 11:53

assunto: Merda de Black Keys


Aposto que sua orelha é muito gostosa também. Eu deveria
chupá-las na próxima vez que te ver. Enfim, eu tenho que correr.
Tenho uma entrevista com o The Black Keys agora. E tudo no que
eu vou estar pensando é em você...

Eu coloco o meu telefone ao meu lado no balcão, e estou


sorrindo - de orelha a orelha - como eu fico feliz em ver os
cozinheiros prepararem uma tigela de arroz branco com legumes
sauteé. Eu me pergunto se eles podem dizer que eu estava
flertando, porque agora eu estou brilhando, absolutamente
brilhando, e sei que vou reler os e-mails que trocamos muito mais
vezes do que deveria. Mas eu estou bem com isso. Porque tem sido
assim por muito tempo desde que eu tive este tipo de vai e volta.
Este tipo de atração não é uma mentira.

A mulher atrás do balcão empurra a tigela para mim e me


dá alguns pauzinhos. Eu mergulho em minha comida, e eu estou
realmente cantarolando enquanto como. Largo os pauzinhos, viro
para pegar meu caderno em minha bolsa, e abro-o no título de
trabalho para a minha mais recente canção, "Mixed Messages." Eu
anoto alguns pensamentos rápidos. As coisas que eu posso fazer
em 10 minutos.

Em seguida, uma lasca de dúvida corre através de mim. Ele


não está dizendo essas coisas sensuais para que eu concorde com
o artigo, não é? Minha mente começa a nadar com as
possibilidades, embora a forma como ele me beijou não parecia
falso.

Mas, em seguida, pelo menos eu estou escrevendo


novamente. É uma canção confusa, mas talvez haja algo lá. Talvez
flerte, talvez mensagens contraditórias, é o que eu preciso. Então,
eu verifico meu telefone mais uma vez só no caso.

Há três novas mensagens. Mas eles não são de Matthew.


Há uma de Aidan: Hey Jane, só queria lembrar de novo sobre o
Homens Gays com Esposas Heteros. Espero que você tenha tido a
oportunidade de pensar sobre isso. Conversamos em breve. Aidan.

Então, uma da minha irmã me lembrando que ela tem mais


publicitários em potenciais para eu considerar.

Em seguida, mais uma de Jeremy e é intitulado, Achou um


Clube?

Jack London, disse: "Você não pode esperar pela inspiração.


Você tem que ir atrás dela em um clube." Tempo Studio está
reservado para você daqui a duas semanas. Eu suponho que você
estará pronta. Considere o anexo um de seus clubes.

Eu clico nos anexos. Eles são bilhetes para o Museu de Arte


Moderna, o Museu de História Natural, até o Intrepid Air and
Space Museum.

Eu escrevo de volta: Ar e o espaço? Quer que eu escreva


uma canção sobre marinheiros quentes?

Sua resposta: O que for preciso para fazer um novo álbum,


Black. O que for preciso.

Tick, tock.
Capítulo Nove
Eu pego Ethan na escola naquela tarde, já que é a minha
vez de tê-lo por alguns dias.

"Quer ir ver alguns dinossauros?"

"Rawr!" É a sua resposta, e vamos para o Museu de História


Natural.

"Devo escrever uma canção sobre os dinossauros?",


Pergunto enquanto conferimos o Tiranossauro Rex que nós dois
temos certeza que ganha vida a noite, tal como aconteceu em um
de nossos filmes favoritos.

"Sim! Escreva sobre triceratops. Esses são legais!"

"O que mais?" Nós nos dirigimos para a exposição de


baleias gigantes, onde Ethan olha, de olhos arregalados, para a
enorme baleia azul. "Se você pudesse escrever uma canção sobre
qualquer coisa, o que seria?"

Ele muda sua expressão para uma pensativa. "Você deveria


escrever sobre o carbono. Porque ainda temos que lutar com o
carbono. Você sabia que estamos tentando derrotar o carbono
assim como Voldemort" Ethan diz sério, olhando para mim
enquanto puxa minha mão e me leva até uma réplica de um
coração de baleia pela qual podemos rastejar através. "Mas você
não pode derrotar o carbono porque ele continua sendo feito. Mas
você tem que tentar.”

Eu rio enquanto nos dirigimos para a aorta. "Eu acho que


você ainda está no meio dessa unidade do aquecimento global na
escola."

Passei o resto da semana com meu menino, levando-o para


a escola, utilizando todos os cartões de clubes de Jeremy, e
terminando "Mixed Messages", mesmo que Ethan tenha me dito
que eu deveria escrever sobre baleias, navios de guerra e
guerreiros egípcios. Mas o fato de que eu consegui escrever uma
música me dá confiança de que posso fazer a história com
Matthew. E não apenas porque ele envia os mais fantásticos e-
mails, mas porque eu realmente tenho os ingredientes primordiais
de que todo mundo está vindo pedindo – Qual é o próximo?

Enquanto me preparo para levar Ethan de volta para seu


pai, meu telefone vibra com um e-mail. Minha boca baba quando
eu vejo o endereço de e-mail pessoal de Matthew aparecer.

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

hora: 03:03

Assunto: Distrações

Você tem alguma ideia de como foi difícil me concentrar no


The Black Keys no início desta semana?

de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

hora: 03:04

Assunto: Sugestão
Como foi difícil?

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

hora: 03:05

assunto: Sim.

Extremamente.

Eu fecho o e-mail, e tiro o sorriso idiota do meu rosto e as


imagens sensuais do meu cérebro.

"Hora de ir ver o seu pai," digo a Ethan, e nós estamos


dentro da livraria Bloom na Lexington Avenue. Uma vez lá dentro,
Ethan corre pela loja até sua seção favorita, e eu o encontro
puxando o Capitão Cueca – a história de uma escola primária de
quadrinhos de super-heróis - um por um das prateleiras. Prometi-
lhe tudo o que quisesse, dentro da razão, quando eu ganhei o meu
Grammy. Ele escolheu livros. Isto me faz feliz.

"Você quer que eu ajude a levá-los?", Pergunto quando seus


braços estão cheios.

Ele balança a cabeça. "Eu posso fazer isso."

À medida que caminhamos em direção ao balcão, um livro


de fotos na mesa de café capta minha atenção, é um livro cheio de
imagens de beijos. Eu fico com um nó na garganta, imaginando
talvez que Jeremy estava certo. Talvez eu precise fazer o oposto de
Crushed e escrever canções de amor. Eu compro os livros e
estabeleço-me no café da livraria com meu filho, onde ele lê os
desenhos animados e eu cobiço as fotos das pessoas se beijando,
respectivamente.

"Papai!"

Ethan deixa cair seus livros e corre para Aidan, que está
caminhando em direção a nós no café.

É uma grande responsabilidade – a reação de puro prazer


em um "Papai!" da maioria das crianças quando o pai chega em
casa no final do dia. Ou quando são entregues para o papai para
os próximos dias, conforme o caso.

Aidan o pega e abraça-o. "Ei você aí, pequenino. Como foi a


escola? Mas, mais importante, o que diabos O Capitão Cueca tem
feito?"

Ethan dispara a falar sobre as mais recentes aventuras do


herói enquanto Aidan escuta, pensativo, acena com a cabeça, às
vezes, e arregala os olhos para mostrar seu entusiasmo.

"Eu não posso esperar para você ler algumas dessas


histórias para mim." Em seguida, ele da um tapinha em Ethan
nas costas e lhe diz para ficar sentado na cadeira por alguns
minutos. "Eu preciso falar com a sua mãe." Então ele me puxa
para o lado.

"Hey, Jane", diz Aidan. Ele está vestindo um suéter com


decote em V verde com uma camiseta branca por baixo, calça
preta e sapatos pretos. Simples, mas elegante. Eu juro que ele é o
mais elegante professor de história do ensino médio em
Manhattan. Ele ensina agora em um progressivo colégio particular
no Upper West Side chamado The Blue School.

"Olá, Aidan."

"Como vão as coisas pós-Grammy? Você ainda está nas


nuvens?" Ele estende os braços para me abraçar. Eu mal
respondo, ali de pé rigidamente. Eu sei que é um abraço amigável,
mas qualquer contato dele é estranho. Isso me lembra de como
cada pedacinho de contato entre nós era uma rua de mão única.
Ele nunca me quis como eu o queria.

"Sim, tudo é grande."

"Isso é incrível. Estou tão orgulhoso de você", diz ele com


um sorriso brilhante. Em seguida, ele se torna mais grave. "Então
eu deixei-lhe uma mensagem, mas você provavelmente está
sobrecarregada."

"Recebi a mensagem. E o e-mail também.”

"Oh. Eu não recebi nenhum retorno seu.”

"Sim, bem," eu disse, olhando para o chão de azulejos


branco-gelo no café.

"Então o que você acha?"

Eu dou de ombros e desvio o olhar. Porque se eu olhar para


ele, eu vou sentir tudo novamente. Cada coisa horrível que eu
senti naquela noite, um ano atrás, quando eu soube que ele
precisava de um maldito grupo de apoio.

Eu estava jogando pôquer no apartamento de Kelly, nossa


noite mensal de pôquer com as nossas amigas que já eram mães
também. Éramos uma equipe competitiva. As frequentadoras
eram Kelly e Natalie, e outra amiga – Gretchen. Nós geralmente
ficávamos na casa de Kelly, um apartamento amplo de dois
quartos no Upper East Side. O marido de Kelly é um analista de
pesquisa top em um banco, de modo que ambos podem ter uma
vida confortável. Ele estava fora naquela noite e sua filha, Sophie,
estava dormindo em seu quarto rosa e verde da Pottery Barn.

Todos nós tínhamos um par de taças de champanhe e como


sempre acontece depois de algumas taças, nós começamos a falar
sobre sexo. Gretchen ganhou uma rodada de Texas Hold 'Em, com
três noves e deve ter se sentindo muito bem, pois simplesmente
disse: "Eu transei esta manhã. Terceira vez em uma semana que
eu tive sexo de manhã.”

Como mães, fazer sexo de manhã, para não mencionar tê-lo


três vezes em uma semana, era uma façanha.

"Sexo de manhã é ótimo", disse Gretchen. "Fazemos isso


antes dos meninos acordarem, e eu estou pronta para gozar,
porque só passei as últimos oito horas, com Brad Pitt em meus
sonhos, e depois acabou em dez minutos. E a melhor parte é
quando eu fico para ler à noite, depois que coloco as crianças na
cama."

Em seguida, foi a vez de Natalie se vangloriar de que ela e


seu marido, Trevor, haviam conseguido uma rapidinha em um
táxi, há duas semanas. Todas nós saudamos à rainha e jogamos $
1 de fichas vermelhas para ela com admiração.

Kelly e eu apenas rimos, nem uma de nós oferecendo


alguma história. Eu me perguntava o que estava errado comigo, se
todo mundo estava realmente fazendo sexo uma vez, duas, três
vezes por semana e em táxis. Eu decidi depois que paguei meus
quarenta e cinco dólares em ganhos que definitivamente teria
relações sexuais com o meu marido naquela noite. Nem que eu
tivesse que imobilizá-lo na cama, amarrá-lo, algemá-lo. Porque eu
o queria. Eu sempre o quis, desde aquela noite em que coloquei os
olhos sobre ele no Matt Murphy, em Boston. Eu nunca não o quis.

Apliquei delineador de lábios e o batom na janela do trem a


caminho para casa. Ajeitei meu cabelo no vidro e desapareci pela
porta da frente do nosso prédio. Andei dois lances de escada para
cima e abri a porta para encontrar Aidan, que não estava sozinho.
Ele estava sentado no sofá, com calma, com um homem magro,
provavelmente na casa dos quarenta, com pouco cabelo e um
nariz adunco.

"Este é Calvin", disse Aidan.

Eu estava um pouco tonta do champanhe, por isso estendi


a mão para apertar a mão de Calvin. "Bem, Olá, Calvin, e bem-
vindo ao nosso humilde lar. Vocês estavam assistindo os playoffs
ou algo assim?" Eu não sigo esportes, mas há sempre algum tipo
de jogo passando.

"Na verdade, Jane. Calvin é meu padrinho.”

Padrinho? Meu marido era um bebedor, um viciado em


drogas, e eu não sabia? Ele estava em AA ou NA ou algo mais?

Aidan continuou falando. "Jane, eu disse que tenho ido às


aulas noturnas de história europeia na NYU nos últimos meses.
Isso não é verdade.”

Ele estava mentindo para mim? Meu Aidan, meu obediente,


lindo, bonito, jovem marido e pai amoroso de Ethan estava
mentindo para mim?

"Eu tenho ido a um grupo de apoio. HGEH.”

Calvin deu a Aidan um sorriso solidário.

"Homens Gays com Esposas Heteros", disse Aidan. "Eu


tenho trabalhado com eles para enfrentar quem eu sou e as
decisões e escolhas que fiz na minha vida. E eu quero que você
saiba que eu sou gay.”

Calvin deu um tapinha no joelho de Aidan.

Eu comecei a rir. "Essa é boa, Aidan."


Mas eu era a única a rir. "Jane, eu te amo como uma amiga
e como a mãe do meu filho. Mas eu não te amo como um homem
deve amar uma mulher”, ele continuou. "E eu não posso te dar o
que você quer, precisa e merece em um parceiro. A verdade é que
tenho me sentido atraído por homens desde o colegial e eu beijei
um cara uma vez na faculdade. Mas eu não quero mais esconder.
Eu quero viver, uma vida honesta e aberta. E eu te peço perdão”.

Minha cabeça estava girando, como se alguém estivesse


comprimindo-a entre as duas mãos.

"Ele é seu amante?" Eu disse asperamente, apontando para


Calvin.

Aidan balançou a cabeça. "Não, e eu tenho sido fiel a você.


Mas ele é meu amigo. E ele me ajudou a encontrar a coragem para
sair do armário. Ele fez a mesma coisa 10 anos atrás, quando ele
contou para sua esposa. Agora, sua ex-mulher.”

Era como se eles estivessem falando russo ou algo assim. E


mesmo se eu tivesse um tradutor comigo, as palavras ainda não
fariam sentido. Porque isso não podia estar acontecendo. Eu
queria Aidan. Eu amava Aidan. Eu queria fazer amor com Aidan.

Mas Aidan - meu estômago ainda agita com a memória -


queria fazer amor com Tom. "E eu conheci uma pessoa," ele
continuou. "Não aconteceu nada com ele, porque eu não faria
nada enquanto estivéssemos casados. Mas eu conheci um homem
chamado Tom e temos sentimentos um pelo outro, e queremos ter
a oportunidade de começar um relacionamento.”

Era como aqueles momentos em que você passa de um


zumbido bêbado para embriagado. Você deita na sua cama, você
fecha os olhos, e a cama começa a girar. O álcool ganhou e está
levando você a um passeio no para-choque do carro, deixando-o
ferido e quebrado.

Aidan continuou. "Eu vou me mudar. Arranjei um


apartamento e espero que possamos ter um divórcio pacífico e
compartilhar a custódia de Ethan." Ele abaixou a cabeça,
colocando-a entre as mãos momentaneamente, e depois se
levantou e estendeu a mão para apertar a minha. "Eu sei que é
difícil para você, e eu estou realmente, realmente sentindo muito
por qualquer dor que eu possa estar causando."

"A dor que você pode estar causando?" Eu resmunguei,


colocando uma mão na parede para me equilibrar. Aidan limpou o
que poderia ter sido uma lágrima de seus olhos.

Então Calvin levantou-se e entregou-me um livro chamado


Meu marido é Gay. Ele falou pela primeira vez. "Um monte de
outros cônjuges heterossexuais acham este livro útil no processo
de recuperação. Eu sei que minha ex-mulher achou.”

Ele fez uma pausa e deu um passo em direção à porta com


Aidan, que pegou sua bolsa de ginástica pré-embalada, recheada
presumivelmente com alguns dias de roupas. "Jane, eu espero que
você leia este livro. Ele vai ajudar você a saber que você não está
sozinha e que há apoio lá fora, para mulheres como você."

Mulheres como você.

"Vá embora. E leve seu livro." Eu disse, empurrando-o de


volta para ele, como se fosse algum tipo de criatura doente.

Eles saíram e eu caí no chão, olhando para a porta, muda.

"Então o que você acha?" Aidan pergunta gentilmente, me


trazendo de volta para o aqui e agora.

Que eu odeio o seu grupo de apoio. Que eu sou burra por


odiar o seu grupo de apoio. Isso em um nível racional, lógico, para o
ser humano é incrível que esse grupo exista. Mas em uma questão
pessoal, eu não posso ajudar, porque sinto que eles levaram você
embora.

Mas ainda assim, eu sei que não era o grupo. Não fui eu;
era ele. Mas eu não sou sempre racional. Eu não sou sempre
lógica. Às vezes, eu sou uma besta emocional.

Coloco a mão no meu quadril e estreitando meus olhos,


pergunto-lhe: "Foi você quem disse a Jonas sobre nós?"

"O quê?", Pergunta ele, confuso. "Quem é Jonas?"

"Jonas Applebaum. O repórter que lhe tirou do armário na


coletiva de impressa do Grammy."

"Eu não sei mesmo quem é Jonas".

"Será que foi Tom?"

"Jane", ele repreende.

"Bem, foi constrangedor. E, para o seu grupo-" Então eu


apenas encolho os ombros e seguro as minhas mãos, recordando
o conselho de Kelly. Porque eu não sei se ainda estou pronta para
ser a garota-propaganda deles. "Eu tenho muita coisa para fazer
no momento, mas eu estou considerando o seu pedido e entrarei
em contato com você em breve."

"Obrigado por considerar, então. Você estaria ajudando um


monte de mulheres lá. Elas a veem como um modelo a seguir."

Modelo?

"É por isso tudo? É por isso que você está me convidando?"
Eu pergunto, chocada. Ethan olha para cima de sua cadeira
próxima.

Aidan concorda. "Sim. Por que isso é surpreendente?”


"Eu sou uma cantora. Não estou tentando ser um modelo
para qualquer um que não seja o meu próprio filho. E
definitivamente não quero ser um modelo para as mulheres que
foram enganadas por seus maridos" Eu cuspo de volta.

"Eu já disse que estou arrependido mil vezes e que eu


nunca estive tentando enganá-la", diz Aidan com um suspiro
suave, e então ele muda de marcha. "Precisamos começar a
trabalhar sobre a papelada legal porque já tem um ano. Nós
podemos fazê-lo sem advogados, certo?”

Em Nova York, a menos que tenha motivos para o divórcio -


que incluem adultério, tratamento desumano, ou abandono - você
tem que estar separada por um ano antes que o processo de
divórcio possa começar. O ano terminou, então estamos prontos
para nos divorciar de verdade.

Eu abaixo a minha voz e tento, como um ventríloquo, não


mover minha boca. "Mas eu pensei que não iríamos falar sobre as
coisas legais na frente dele. Então, por que não discutimos isso
outra hora, desde que eu preciso me preparar para me apresentar
no Letterman de qualquer maneira.”

Abraço Ethan, fecho seu casaco, e dou um beijo na sua


testa. Então eu digo a ele que o amo, e depois digo adeus,
mantendo a transição sem nenhum drama possível.

Sento-me no café e folheio distraidamente meu livro de


beijos, olhando pela janela enquanto Ethan e seu pai passam pela
janela. Meu coração está pesado por um momento enquanto os
dois atravessam a rua, de mãos dadas, em seguida, deixam a
minha linha de visão. Tenho saudades dos dias em que éramos
um trio, quando nós dois segurávamos a mão de Ethan e os três
andavam pela rua juntos. Eu sinto falta da normalidade tranquila
de ser uma família. Agora nós somos apenas mais um casal se
divorciando, em Nova York, apenas mais um homem e uma
mulher cujos votos foram vetados, apenas mais um par de ex-
namorados que vivem vidas separadas.

Às vezes, quando me sinto para baixo e mal-humorada,


quando estou cansada, eu gostaria que brigássemos como um
homem e mulher normais. Eu gostaria que pudéssemos
arremessar insultos e injúrias um para o outro com vigoroso
abandono. Então eu posso ouvir "Pretty Hate Machine" do Nine
Inch Nails ou "Angry Johnny" de Poe, e pisar em casa e jogar
coisas. Mas, como agora, como sempre, eu ficava lá gritando
muito, sentindo muito, a única com todas as emoções para o
outro.

Da forma como sempre foi.

Eu fecho o livro de beijos. Não estou mais no clima. Além


disso, tenho Letterman e um show hoje à noite, então pego minha
bolsa, fecho os botões do meu casaco, e deixo a livraria. Eu olho
para o meu relógio. Tenho duas horas para voltar a pé para casa,
trocar de roupa, e pegar um táxi para o teatro de David Letterman
na Broadway. Meu telefone vibra e então eu ouço o ring tone e
escuto o toque especial de Kelly "Girls Just Wanna Have Fun", de
Cyndi Lauper que toca quando ela me liga. A canção é tão retro
que está além de retro, mas é uma das poucas músicas que
podem combinar com o nível de energia de Kelly. Talvez ela possa
me ejetar do meu funk induzido por Aidan.

"Black Jane!"

"Kelly Kickin!"

"Eu tenho que te contar uma coisa!" Quase tudo que Kelly
diz termina com um ponto de exclamação. Sua impertinência é
contagiante. Falar com ela me faz querer escrever músicas, às
vezes. "Eu tenho um novo contador e ele é tão bonito!"

"Conte."

"Eu só o conheci hoje e ele é adorável. Olhos verdes, cabelo


loiro escuro, corpo bonito. Ele usa o tipo de roupa que Henry
Cavill usa no tapete vermelho.”

"As roupas que não são apertadas, mas demonstram


claramente que ele tem um corpo de arrasar?"

"Você sabe o que, menina! Eu poderia só precisar dele


revendo todas as minhas contas. Ele é muito bonito!”

Então eu ouço uma voz melodiosa no fundo. "Mamãe, eu


vou dizer ao papai que você disse que o contador é bonito."

"Onde está você, Kel?"

"Em um táxi. Acabei de pegar Sophie." Em seguida, ela diz


para Sophie, "Você não vai dizer para o papai, eu disse isso. Você
me entendeu, senhorita?"

"Talvez se você me der um cookie, eu não diga," ouço


Sophie ofertar.

"Feito." Em seguida, de volta para mim: "O que posso dizer?


Ela é uma boa negociadora. Então ouça, minha linda. Você sabe
como eu tenho esse pequeno fetiche em fofocas de celebridades?"

"Sim."

"Peguei a Star Magazine e a foto está incrivelmente quente.


Quero mostrar a você. Você está por perto?”

"Lexington com a Twenty-Eighth."

"Nós estamos na Second com a Twenty-Third. Fique aí.


Nós vamos buscá-lo no canto sudeste.”

Quatro minutos depois, Kelly abre a porta de seu táxi e eu


entro.

"Está vendo? A foto é incrível." Kelly vira a revista para


mostrar minha imagem aceitando meu Grammy. Meu cabelo
estava ótimo naquela noite e eu tenho um enorme sorriso no meu
rosto. Talvez Jeremy e Kelly estejam certos - não há muita coisa
ruim com publicidade. Então eu vejo a manchete:

"Debaixo de seu nariz"

Eu olho para Kelly e depois para Sophie, que acena para


mim. "Oi, Jane. Minha mãe tem uma queda pelo contador dela,
mas eu não vou dizer ao papai já que ela me deu um cookie.”

"Soa como um negócio justo."

Eu leio o artigo.

Jane Black pode ter um Grammy, mas ela não tem gay-dar
(Nota: radar gay). De alguma forma, a cantora não percebeu por
cinco anos ou mais que seu marido preferia, como vamos dizer, não
o sexo mais justo. Talvez ela tenha fechado os olhos para o
interesse do marido em meninos; afinal de contas, o ex-Senhor Jane
Black carrega uma semelhança impressionante ao Hollywoodiano
gostoso Chris Pine. "Eu queria desesperadamente que meu
casamento funcionasse," Black disse em uma entrevista exclusiva
com a Star Magazine. Quem não gostaria de manter um gêmeo de
Chris por perto!

***
Eu fico olhando para Kelly, atordoada. "Pelo menos a foto é
boa", ela repete. "Quero dizer, você está incrível. Isso é tudo que as
pessoas vão se lembrar de qualquer maneira. Metade das pessoas
que compram este tipo de revista não pode nem sequer ler.”

Eu nem sei o que dizer. Jayden me enganou com toda a


história a minha irmã tinha um namorado gay, foi astuto, então ele
torceu minhas palavras; ele zombou de mim. Segui o conselho de
Matthew para ser eu mesma. Larguei qualquer fachada
conservadora. E aqui estou eu novamente, o alvo da piada.
Matthew está errado, Jeremy está errado, e eu estou errada
também em pensar que fazer uma história com Matthew seria
nada além de um grande erro.

Pego meu celular da bolsa e ligo para ele.

"Matthew falando", ele responde.

"Oi, é Jane Black."

"A única pessoa que eu quero ouvir."

"Eu não posso fazer a matéria. Sinto muito, mas não faz
sentido.”

"É por causa da história Star Magazine?"

"Você já viu?"

"Bem, sim. Vi-o online. Eu tenho um alerta do Google para


você" diz ele. Estou estranhamente lisonjeada. Ele está fazendo
sua lição de casa. Mas se eu não deixar seus e-mails me
distraírem, certamente não vou deixar um pouco de alerta do
Google fazer isso também.

"De qualquer forma, espero que você entenda." Coloco a


mão sobre o bocal para pedir a Kelly para me deixar na minha
casa a poucos quarteirões de distância. Ela se inclina para frente
para dar o taxista o endereço.

"Vamos falar sobre isso pessoalmente, por favor."

"Por quê?"

"Onde você está? Vou encontrá-la em 30 minutos. Enfim.


Apenas me diga onde está".

"Eu não posso te encontrar agora. Vou estar no Letterman


em duas horas." O táxi estaciona do lado de fora do meu
apartamento. "Eu tenho que ir," digo a ele e desligo.
Capítulo Dez
Quando alcancei a última nota, Dave se aproxima e diz:
"Esta garota está rapidamente em seu caminho para se tornar a
próxima Adele. Uma salva de palmas para Jane Black, que
recentemente ganhou um Grammy de Melhor Álbum com
Crushed." Então ele corta para um comercial, agradece a mim, e
caminha de volta para sua mesa, onde se prepara para o show de
amanhã. Nós rapidamente somos empurrados para fora do palco,
onde vários produtores de espetáculos fazem seus
agradecimentos.

A melhor parte de estar em seu show de hoje é que Dave


não entrevista seus convidados musicais. Eles só entram,
executam uma música, e saem. Então eu não tenho que
responder a qualquer pergunta. Fecho os botões do meu casaco,
pego minha bolsa, e digo a banda que os encontro no Roseland
Ballroom, quando estiver mais perto do nosso show em algumas
horas.

Abro a porta pesada dos bastidores para o Ed Sullivan


Theater. Tem um punhado de pessoas esperando por mim,
pedindo um autógrafo, querendo dizer Olá. Misturo-me por um
minuto, mas a maioria da multidão está esperando por um
vislumbre de Rob Lowe, que passou antes de mim, mas ainda não
saiu.

Eu empurro algumas pessoas para passar pela multidão,


em seguida, só então percebo Matthew na borda do grupo,
claramente esperando por mim, um olhar em seus olhos que é ao
mesmo tempo determinado e animado. Ele está vestindo calça
jeans, sapatos preto, e uma camisa verde desbotada com as
palavras Grelhado, assado, inflamado, queimado. Ele esta com sua
jaqueta de couro. Eu o deixo entrar, seu cabelo escuro, olhos
azuis puros, e uma sombra de cinco horas em seu rosto. Eu
gostaria que ele não fosse tão bonito para se olhar, tão friamente
juntos sem parecer juntos. Eu também queria que meu corpo não
começasse a estremecer toda vez que eu o vejo. Por reflexo, levo
minha mão ao meu peito, lembrando que ele quer beijar o oco da
minha garganta. Imaginando como eu iria responder aos seus
lábios na minha pele.

Meu cérebro diz para eu ir embora; mas meu corpo esmaga


a cabeça. "Eu acho que deveria pensar que você está me
perseguindo", digo a Matthew, quando chego até ele.

"E ainda assim você realmente não se sente dessa maneira


porque sabe que o que estou fazendo realmente é perseguir você",
diz ele, colocando a mão nas minhas costas. Ela fica ridiculamente
bem lá, e é um pouco possessivo, o que eu adoro.

"Você está me perseguindo?" Eu pergunto sem fôlego.

Ele balança a cabeça, os olhos mais escuros, sua expressão


séria, como antes de me beijar na rua. Ele se inclina para perto de
mim, escovando meu cabelo longe do meu pescoço, antes de
sussurrar: "Sim. Eu estou perseguindo você.”

Essa palavra por si só faz o meu sangue cantar com desejo


por ele, mesmo que eu não saiba se ele está me perseguindo como
repórter ou como homem. Agora, com ele tão perto de mim, o resto
das pessoas neste bloco desaparecem, não vou ser capaz de
descobrir a resposta.
Talvez a resposta seja nós dois, mas eu tenho que saber.
Eu tenho que testá-lo. "Eu quis dizer o que falei. Eu não posso
fazer a matéria.”

"Você tem certeza?"

"Sim."

"Não há nada que eu possa fazer para convencê-la?"

"Não."

Ele está cabisbaixo. Ele abre os lábios e sopra uma longa


corrente de ar. Em seguida, levanta as mãos para cima como se
estivesse aceitando a rendição. "Assim seja. Você me deixa sem
escolha, a não ser te comprar uma bebida agora”.

Eu franzo a testa. "Por que você diz isso?"

"Se você não está indo fazer a matéria comigo, então, eu


preciso afogar minhas mágoas, e segundo, eu não tenho que me
segurar por mais tempo. Então me deixe levá-la para Simone‟s ao
virar da esquina, uma vez que o proprietário é o meu melhor
amigo; é bem perto de Roseland, e eu posso fazer algumas dessas
coisas que eu prometi que faria em todos os e-mails que eram
supostamente para você apagar. Então vamos chegar ao clube a
tempo para o seu show, e espero que eu esteja fazendo a coisa
certa, pois você vai estar ridiculamente ligada enquanto estiver
cantando, e eu, pelo menos, terei o prazer de ver você e saber que
eu te deixei assim."

Oh. Meu. Deus.

Eu acho que não posso me mover. Ou falar. Muito menos


respirar.

Essa é a coisa mais sexy que alguém já me disse, e eu estou


morrendo de vontade de puxa-lo para perto de mim e o beijar
desesperadamente aqui na rua Fifty-Third. Porque ele passou no
teste que eu nem percebi que estava dando. E passou com a
melhor nota, porque parece que ele gosta de mim. Eu pressiono
meus dentes contra o meu lábio inferior e gerencio uma respiração
aliviada.

"Precisamos ir ao Simone‟s neste segundo", digo.

Uma vez dentro do bar, com suas mesas de prata, paredes


vermelho-escuro e baixas luzes cromo em cima de nós, pegamos
uma mesa pequena perto da parte traseira. "Só para você saber,
eu vou assistir seu show hoje à noite", diz ele.

"Entendi isso".

"Eu comprei o ingresso há duas semanas. Comprei-os antes


de tudo isso. Porque eu queria ver você cantar, porque eu gosto de
sua música”.

"Você apenas não sabe o caminho para o meu coração", eu


brinco.

A garçonete aparece para anotar a bebida que iremos pedir.


Eu digo a ela que quero um Sam Adams; Matthew diz que vai
querer o mesmo. "Muito obrigado, Sr. Harrigan", ela diz a ele, em
seguida, vai embora.

Assim que ela se vai, sua mão está na minha coxa e ele
acaricia a minha perna com o polegar. Eu poderia entrar em
combustão só com essa sensação.

"Você realmente vai me beijar aqui no Simone‟s? Em um


bar, em público?”

"Você se incomodaria?"
Eu balancei minha cabeça. "Não. O oposto. Tenho a
sensação de que eu gostaria.”

Em seguida, ele inclina a cabeça para o meu pescoço, mas


não me beija. Ele me inspira. Respiro forte, a respiração quente
dele enquanto ele arrasta o nariz pela minha clavícula até chegar
ao meu ouvido. "Seu cheiro é tão bom. Que diabos é isso que você
está usando? Você cheira como uma ilha tropical."

Eu mal consigo pensar direito. "Hum, é este perfume.


Coconut Dream é o nome.”

"Mmm", ele sussurra. "É incrivelmente sexy, porra. Mas


então, tudo em você é.”

Meu corpo inteiro está em chamas, e talvez isso seja um


sonho. Um sonho feliz e quente porque ninguém diz que eu sou
sexy há anos. Ninguém se importou com a maneira que eu cheiro
em anos. E agora este homem que eu tenho achado
eminentemente lambível está fazendo exatamente isso comigo. Ele
está lambendo meu pescoço, e é a coisa mais quente no mundo,
sua língua na minha pele, e ele está me provando, explorando-me,
como ele me disse que queria fazer. Eu estico para o lado, expondo
mais o meu pescoço para ele, querendo mais do seu toque. Ele
chega a minha orelha e mordisca de leve, de brincadeira. "Eu
estava certo", ele sussurra.

"Sobre o quê?", Eu pergunto em uma voz rouca, meus olhos


ainda fechados.

Ele traça a ponta da minha orelha com a ponta do seu


dedo, e eu tremo. "Sobre este lóbulo da orelha", ele responde.
"Tem um sabor delicioso." Em seguida, ele passa a mão pelo meu
pescoço, seus dedos espalhados em minha pele, pressionando
duramente em minha clavícula, me segurando de uma forma que
me sinto completamente dele e cheia de necessidade. Sua
necessidade em me ter, tocar meu corpo, para me afirmar, e isso é
tão estranho, mas tão inebriante.

"E você nem sequer beijou meus lábios ainda", eu brinco.

Ele balança a cabeça, e ri. "Há tantas partes de você que eu


não provei ainda. Mas eu quero.”

É isso aí. Coloque um garfo em mim. Terminei. Estou


oficialmente excitada para além de toda e qualquer razão. "Está
funcionando," eu digo em um sussurro áspero baixo.

"Meu plano para deixa-la completamente excitada antes de


subir ao palco?"

"Sim."

"Eu ainda nem comecei."

Então, ele planta um beijo áspero em meus lábios, me


beijando forte, mordendo meu lábio inferior com os dentes, antes
de quebrar o beijo, se levantar e dizer: "Eu já volto.”.

Eu o vejo caminhar até o bar, meus lábios parecem


machucados, e a maneira fantástica que sua bunda parece
naqueles jeans. Em seguida, ele desaparece por trás do bar,
deixando-me neste estado, querendo saber como eu fui de
vencedora do Grammy Awards a objeto deste, britânico,
possivelmente real, quente crítico de rock e carinhoso. Mas não há
muito espaço no meu cérebro para o processamento, pois Matthew
retorna um minuto depois, pega a minha mão, enrola seus dedos
nos meus, e me levanta. Ele me leva por um corredor, abre uma
porta com a inscrição de escritório, em seguida, fecha-a atrás de
nós.

"Seu amigo?"
Ele balança a cabeça. "Bar do John-Alistair. Vou me
encontrar com ele após o seu show para uma cerveja. Mas não
vamos falar sobre ele agora. Vamos apenas ser grato por bons
companheiros.”

Ele se inclina contra a mesa de seu amigo e me puxa para


perto dele, enfiando os dedos pelo meu cabelo, dando um puxão
rápido.

"Eu amo o seu cabelo", diz ele, em seguida, leva as mãos


para os meus quadris. "E seus quadris." Em seguida, move as
mãos para os meus seios, apertando-os através da minha blusa, e
eu quase grito com a sensação, o acentuado prazer, doce que
dispara pelo meu corpo. "E a maneira como você se move", ele
sussurra, e eu não deixo de notar que ele ama o que faz de mim
uma mulher, todas as partes de mim que Aidan nunca poderia
querer. É tão delirante ser desejada assim. Não por qualquer um,
porém, mas por ele. Por este homem que eu sempre pensei que
era quente como o inferno, e agora eu estou aprendendo que é
engraçado, amável, educado e incansável em sua própria maneira.

Ele me puxa para mais perto, então eu estou de pé entre


suas pernas, e então suas mãos estão no meu rosto, e ele me
beija. A primeira vez que ele me beijou, senti-me como em um
sonho, como se eu estivesse flutuando em um horizonte nebuloso
e quente. Agora, ele está me tocando com o tipo de beijo que leva a
mais, para frenéticas, rapidinhas em mesas se eu o deixasse
chegar lá. Ele me beija vorazmente, sua língua explorando minha
boca, seus lábios articulados com o meu, como se ele quisesse me
beijar por tanto tempo. Ele tem um pouquinho de barba em seu
queixo, e eu amo o áspero, a sensação de lixa contra o meu rosto.

Ele fecha a distância restante entre nós, por isso estamos


firmes, e eu estou perdida em luxúria, inundada de desejo em
todos os cantos do meu corpo. Eu gemo, mas o som é apagado
quando ele me beija mais, e mais, de uma forma que me consome,
que me faz tão insanamente excitada que eu agarro seus quadris e
rapidamente mudo de posição.

Agora estou sentada na borda da mesa, e ele está entre


minhas pernas, e poderíamos tão facilmente foder desta maneira,
se quiséssemos.

"Eu gosto mais deste jeito", sussurro, enquanto corro meus


dedos por seu cabelo macio.

"Qualquer maneira que você goste é bom para mim", diz ele,
e eu puxo-o para mais perto, sentindo o quão duro ele está, e eu
quero cantar, quero chorar, quero gritar, porque ele esta tão
excitado por mim quanto estou por ele. Ele empurra contra mim, e
eu estou pronta, tão pronta para empurrar todos esses papéis no
chão, deitar-me na mesa de seu amigo, e jogá-lo em cima de mim.
Eu o quero em todos os sentidos agora. Quero senti-lo dentro de
mim. Quero-o profundamente dentro de mim. Quero saber o tipo
de orgasmo selvagem que eu sentiria com ele. Envolvo minhas
pernas em volta de sua cintura e me esfrego contra ele. Ele
responde instantaneamente, pressionando-se entre as minhas
pernas, mais duro, mais desesperado, e eu sei que ele quer isso
também.

Ele quebra o beijo por um momento, me dando uma


levantada da sobrancelha. "Suas pernas em volta de mim? Eu
poderia me acostumar com isso.”

Mas ainda assim, eu sei que eu não estou pronta para ir


mais longe. Meu corpo pode estar gritando para ser tomada agora,
mas eu não posso confiar plenamente nos meus hormônios ou
meu cérebro ou meu coração. Então coloco o pé no freio. Por
enquanto. "Eu também", digo. Então coloco minhas mãos em seu
peito. "E estou tão imensamente excitada agora, mas se
continuarmos fazendo isso eu não vou ser capaz de parar."

Ele balança a cabeça. "Ok. Estou completamente bem com


o que você quiser fazer”, diz ele, respirando duro, os olhos ainda
cheios de luxúria. Mas ele se afasta centímetros de distância um
pouco, e eu me encontro ainda mais atraída por ele, já que ele é
um cavalheiro.

Eu olho ao redor. Aqui estamos no bar de seu amigo, dando


uns amassos um no outro completamente vestidos, fazendo isso
com tanta força que eu tenho uma queimadura de sua barba por
fazer, e ele cuidadosamente tem o cabelo despenteado. Então me
acontece um estalo. Ele está aqui comigo mesmo sem matéria. Ele
pode ter querido uma matéria, mas ele também me queria. As
mensagens mistas não estão mais misturadas e, além disso, a
primeira música decente que eu escrevi veio do primeiro beijo com
ele na outra noite.

Talvez este seja o passo certo. Para a minha carreira, para


sua carreira, para a minha gravadora, para os meus fãs. Para
mim.

"Matthew, eu vou fazer a matéria", digo, então sorrio


instantaneamente, à espera, olhando para ver as palavras se
registrarem.

"Você vai?"

Concordo com a cabeça, Observando com vivacidade,


aquele brilho que vi mais cedo no teatro Ed Sullivan assumir seus
lindos olhos azuis.
"Sério?", Ele pergunta, fazendo o seu melhor para conter
seu entusiasmo.

Eu mantenho minhas mãos para cima. "O que posso dizer?


Você foi convincente.”

"Aparentemente eu sou muito brilhante com essa coisa de


perseguição."

"E a coisa de beijar", acrescento.

"Então, eu ganhei você de novo com meus beijos?"

Eu balancei minha cabeça. "Você me conquistou porque


você me beijou de qualquer maneira. Mas eu tenho uma condição.
Eu não quero contar a história sobre meu ex-marido gay. Eu
quero colocar tudo com Aidan para trás.”

Ele balança a cabeça várias vezes, sua voz mudando de


volta para o seu tom profissional. "Eu entendo completamente e
eu vou ser totalmente direto com você. Sem trocadilhos”,
acrescenta com uma piscadela, que ganha um leve sorriso. "Eu
estaria mentindo para você se dissesse que a história não vai falar
como o seu casamento acabou. Provavelmente sim. Em uma linha.
Eu não posso ignorá-lo, mas não é por conta do seu ex-marido
que eu quero fazer esta matéria. Ele não será o foco desta história.
Você será. Sua história, quem você é, a sua música. O que faz
você vibrar. O que faz com que todos esses fãs se conectem com
você."

"Bom. Isso é o que eu quero.”

"Jane", diz ele em voz baixa, conectando-me com seus


puros olhos azuis. "Você tem que saber, você é mais do que o seu
casamento. É mais do que o que lhe aconteceu. Você é muito mais
do que a forma como o seu casamento acabou. Você é envolvente,
cativante e uma insanamente talentosa estrela do rock."

Sorrio. Um sorriso de orelha a orelha. Preciso me lembrar


disso com mais frequência.

"E ouça", acrescenta ele, "isso vai ser sobre o futuro. É


sobre o que vem a seguir. É sobre você no estúdio fazendo um
álbum. É uma história por trás dos bastidores sobre como a arte é
feita.”

Então ele fica sério. "Mas a coisa é, nós provavelmente


devemos desacelerar, enquanto estivermos trabalhando na
história."

Meu queixo cai. "O quê?"

"Eu sei. Eu sei”, ele diz, suspirando pesadamente, enquanto


esfrega a mão no queixo. "Confie em mim. Eu não quero
desacelerar. E não é como se isso seja alguma política da Beat.
Mas é importante para mim. Eu quero estar acima do limite
quando eu faço o meu trabalho."

Meu coração afunda, mas eu entendo. "Eu entendi. Eu


faço."

"Mas então, quando estivermos acabado com a matéria, eu


realmente gostaria de levá-la para um encontro e fazer todos os
tipos de outras coisas para você que esperamos que resulte em
você gritando meu nome com toda a força e seu de cabelo em uma
louca bagunça, como ele está agora.”

Eu bato nele de brincadeira, porque é a única maneira de


deixar minha mente fora das possibilidades que ele está criando.
"Por que não vamos beber as nossas cervejas, para que eu possa ir
cantar o meu coração safado e vigoroso na Roseland?"

"Eu mal posso esperar para assistir sua performance,


sabendo que eu te dei aquele rosado em suas bochechas, e que eu
plenamente tive a intenção de trazer esse olhar daqui algumas
semanas quando tenhamos terminado a matéria."

Ele oferece a mão para fechar o acordo. "Para o artigo? E,


em seguida, para o encontro, correto?"

Aperto sua mão, desejando e esperando que o artigo seja


concluído rapidamente.
Capítulo Onze
Dias depois, corro para o metrô, segurando o corrimão
enquanto viro a esquina e passo meu Metrocard5 através das
catracas. Eu tenho que encontrar Natalie para uma corrida
matinal de domingo no Central Park. Estou presa no trem. Ele se
arrasta por um minuto, ameaçando se arrastar todo o caminho
ate meu destino. Mas em seguida, ele pega velocidade e corre até
minha parada, dez minutos mais tarde.

Eu golpeio o concreto e chego ao nosso ponto de encontro


perto da lagoa apenas cinco minutos atrasada. Felizmente, Natalie
sabe como manter-se ocupada. Ela está fazendo flexões no chão
duro, frio, vestida com calças e em um casaco de lã.

"Ei, Mulher de Ferro," eu a chamo.

Ela se exibe e flexiona um músculo ao posar para mim. "O


que você acha dessas armas?" Pergunta ela, acariciando seus
bíceps de forma deliberadamente auto agradecida.

"Vou precisar de uma lupa para vê-los."

"Eu já fiz bunda, abdominais e braços, muito obrigada," diz


ela, em seguida, começa a correr, gesticulando para eu correr ao
lado dela.

"E escreveu um novo adendo ao tratado de Kyoto limitando


as emissões de carbono também?"

5
Metrocard: é o cartão com tarja magnética que deixa você passar pelas catracas do metrô e dos ônibus
em Nova York.
"Você sabe disso."

Natalie é a primeira filha típica, uma atarefada. Ela foi à


atleta da família, depois de ter se destacado no hóquei de campo e
futebol no ensino fundamental e no ensino médio. Owen e eu a
assistimos marcar muitos gols das arquibancadas. Ela ganhou
notas impecáveis e passou na Brown, graduando-se magna cum
laude6] com uma licenciatura em ciências ambientais. Agora, ela
tem dois filhos – Ben é seu filho biológico e Grace ela adotou na
China.

Natalie consegue manter um emprego de tempo integral que


ela ama, correndo nos mercados do fazendeiro na cidade; pegar
seus filhos na escola todos os dias; passar o tempo com seu
marido todas as noites; e trabalhar todas as manhãs. Se ela
resolvesse escrever o Great American Novel7 ela iria encontrar
uma maneira de fazê-lo em três meses, sem sacrificar qualquer
uma de suas outras atividades. Owen, por outro lado, esta
trabalhando em seu livro por três anos e é solteiro e sem filhos. A
prova de que todos nós somos pessoas diferentes, e essa é a
maneira que vai.

"Então, hoje é a sua entrevista na Radio CRB," Natalie


começa, mudando para o progresso do corredor perfeito que ela
aprendeu com seu treinador, Jill, que a treinou para a Maratona
de Nova York no ano passado. Por que eu corro com a minha
irmã? Ah, certo. Eu sou uma masoquista.

6
Magna cum Laude: (Com Grandes Honras, literalmente) corresponde aos alunos graduados com um
nível acadêmico não menor de dezoito pontos obtidos. No mundo anglo-saxão, é o equivalente a uma
graduação Cum Laude.
7
Great American Novel ("Maior Romance Americano" em português) é um conceito difundido
nos Estados Unidos a respeito de um romance que se distingue tanto artística quanto tematicamente por
ser a representação mais exata do zeitgeist americano da época em que foi escrito. Presume-se que seja
criado por um autor nativo com discernimento do estado, cultura e perspectiva do cidadão comum dos
Estados Unidos e, em termos históricos, costuma ser definido como o equivalente americano ao épico
nacional.
"E a coisa mais importante é o que você veste. Você já
pensou sobre isso? Porque você realmente pode vestir seu pijama
ou mesmo uma camiseta azul hedionda de Matt Murphy que tem
um buraco no decote, mas você não vai jogar fora."

"Muito engraçado."

Ela mantém seu ritmo de conversação perfeito. "Mas,


falando sério, talvez você deva obter uma pessoa do PR 8 para ir
com você. Eu continuo a enviar-lhe nomes."

"Eu ainda não encontrei ninguém."

"Bem, melhor que é uma prioridade a fazer. Fui falar com a


sua agente de reservas e ela tem alguns contatos que vai
compartilhar comigo também para contratar um RP."

"Eu sei, mas consegui lidar com tudo sozinha por um longo
tempo." Eu desacelero, forçando-a a diminuir seu ritmo também.

"E você não acha que os recentes acontecimentos justificam


a necessidade de um? Como aquele artigo da Star Magazine?"

Diminuo minha velocidade ainda mais para conseguir


realmente falar. Ela estreita os olhos, mas sabe que se quiser
continuar com seu sermão de irmã mais velha ela terá que trotar
também. "Eu sei," admito, enquanto continuamos em sentido
norte no Central Park Drive. Ela vai ficar impaciente em breve por
conta do ritmo, então eu decido falar do meu próximo artigo com
Matthew. Isso vai mantê-la entretida, de modo que ela vai ter que
correr no meu ritmo lento. Seu queixo cai depois que eu dispenso
os detalhes e ela toca minha testa momentaneamente, como se eu
tivesse uma febre. "Você perdeu a razão?"

"Por que você pergunta?" Eu estou secretamente gostando

8
PR (Public Relations): Relações Públicas.
dela irritada. Basta imaginar o que aconteceria se eu roubasse
todos os seus DVDs de Kickin 'Kelly. Ela rasgaria seu apartamento
em toda velocidade como seu Rottweiler.

Ela para de correr. Andamos no ar matinal. "Eu entendo


que você gosta dessa abordagem de artista independente. E isso é
legal. Eu respeito totalmente isso. Estou apenas dizendo que,
primeiro foi a Star Magazine, há dois dias e agora esse artigo com
a Beat, eu me preocupo que você está deixando a mídia muito
perto. Você está no centro das atenções, se você optar por estar ou
não. E toda essa „Eu não preciso de um RP, eu posso fazer isso, eu
vou falar com qualquer jornalista, a qualquer hora, em qualquer
lugar‟ coisa poderia ter funcionado muito bem quando você era
uma estrela em ascensão, mas agora você é uma estrela."

"Eu não sou uma estrela," eu insisto. O sucesso é temporal.


A fama é mercurial. Amanhã, eu posso ser ninguém novamente.

Natalie me afasta. "Você é uma estrela, e eu me preocupo


com você. Repórteres estão interessados em você. Isso, minha
querida, é auto evidente. Aposto que mesmo a CRB Radio não será
capaz de resisti em discutir a sexualidade de Aidan. Oh, eles vão
enquadrá-lo em alguma luz socialmente responsável, mas ainda
assim ele vai vir a tona. E esse repórter vindo agora para as
sessões de gravação. Quando você deixa um repórter ir longe
demais, você perde o controle."

"Você se sentiria melhor se o conhecesse, mamãe?"

"Jane, agora é o momento da verdade. Você quis dizer sim


para o cara fazer essa reportagem só porque ele é quente?"

"Como você sabia que ele era quente?"

"Oh, eu não sei. Poderia ter sido quando ele disse Olá para
você no Grammy e lhe disse que você estava fabulosa? Vocês dois
estavam flertando enquanto ele ainda estava na sala."

"Você estava verificando-o?"

"É o meu trabalho como sua irmã mais velha manter o


controle de detalhes como este para que eu possa colocar dois e
dois juntos quando você tomar essas decisões. E ele ser britânico,
também. Tenho certeza de que não desempenha nenhum papel na
sua decisão, qualquer um."

Eu olho para longe. Eu definitivamente não estou dizendo


que seus beijos fantásticos que me enviam em outra estratosfera
também podem ter desempenhado um papel pequeno na minha
decisão. Para não mencionar os seus e-mails e da deliciosa
maneira como me senti quando envolvi minhas pernas em torno
de seus quadris sensuais. Nah, eu vou manter os detalhes para
mim.

"Você acha que eu estou louca por ele, não é?" pergunto
porque amo incitar.

"Jane, eu gosto de meninos também. Só tome cuidado, ok?"

"Eu vou Nat." Então amoleço. "Eu sei que você está apenas
cuidando de mim e sempre tem que ser a sabe-tudo. Mas eu ainda
te amo por isso."

"E agora vou chutar o seu traseiro de artista,” ela declara


com um sorriso e começa a correr. Eu faço o meu melhor para
acompanha-la, contente que consegui pelo menos alguns minutos
em baixa velocidade.

***
A entrevista na CRB é uma explosão. Max Cohain, o
anfitrião semanal do Words and Music, fez todas as perguntas que
qualquer músico deseja ouvir.

"Diga-me quem você escutou crescendo, quem a influenciou


quando era criança?" ele pergunta, inclinando-se para trás na
cadeira, com uma expressão pensativa no rosto enquanto escuta.

Eu não estou vestindo pijama ou a camiseta que não posso


jogar fora. Em vez disso, optei por jeans skinny, botas de camurça
marrom desleixada, e uma camisa de gola V de manga comprida
verde-oliva feito de material macio e fino do tipo que abraça seu
corpo. Não que alguém veja o traje além de Max, mas minha mãe
sempre diz que a maneira de se vestir deve mostrar às pessoas
que você as respeita. Isso faz o truque. Eu pareço casual, mas
conquisto todos.

"Todas as grandes divas, é claro. Aretha foi a minha


menina. Eu poderia tocar "Chain of Fools" uma e outra vez. Eu
usava as ranhuras nesse registro. E eu amei Billie, e adorava Ella.
Existe alguma coisa melhor do que Billie Holiday em uma noite de
verão?"

"Dê-me um copo de limonada e eu estou pronto para ir,"


Max atira de volta, seus dreadlocks9 balançando um pouco
enquanto acena com a cabeça em admiração. "E a sua família é
musical também?"

"Minha mãe dirige o Teatro Musical Maine. Ela


provavelmente teria adorado se eu fosse uma soprano e pegasse o

9
Dreadlocks: é uma forma de se manter os cabelos que se tornou mundialmente famosa com
o movimento rastafari, consiste em bolos cilíndricos de cabelo que aparentam "cordas" pendendo do topo
da cabeça.
papel de Christine em O Fantasma da Ópera. Mas nunca fui de
teatro musical, só que eu amava The Supremes. Então,
praticamente implorei a minha mãe para me deixar ser Effie em
Dreamgirls, o show que ela estava lançando quando eu tinha
dezessete anos. Eu até participei das suas audições. Coloquei um
nome falso. Como se isso fosse enganar a minha mãe. Mas quer
ouvir algo que eu nunca disse a ninguém sobre o nome falso que
eu usei?"

Max sorri amplamente. "Eu gostaria de ouvir algo que você


nunca disse a ninguém," ele entoa no microfone em seu profundo
barítono.

"O nome falso que eu usei se tornou o meu nome artístico.


Meu verdadeiro nome é um bocado desajeitado, então eu olhei em
volta, notei que as cortinas eram negras, e coloquei Jane Black.
Na primeira vez que o usei, minha mãe revirou os olhos quando
entrei no palco. Mas ela me deixou cantar „And I‟m Telling You I‟m
Not Going.‟" Eu cantei uma linha da canção, dando a minha
melhor gutural e grande voz de blues.

"Por favor, me diga que ela a lançou como Effie, porque você
foi feita para cantar essa canção."

"Não. Eu não consegui o papel. Isso pode ser bom para


deixar o seu jogo da menina Annie ou Cossette, mas não há
nenhuma maneira que ela conseguiria me lançar como Effie. Mas
minha mãe disse que ela tinha uma sensação de que ela veria
Jane Black no palco em outro lugar."

"E ela estava certa. Assim, com tudo que você realizou, a
grande questão é," ele começa e eu fico tensa. "O que vem depois?
Como você vai superar Crushed?"

Eu relaxo. Ufa. Fico feliz que ele não perguntou sobre o


meu casamento. Mas então, é essa questão mais fácil?

"Onde você vai encontrar inspiração desta vez?" Pergunta


ele.

Eu faço a varredura do estúdio, o equipamento, o


microfone, as tábuas. Eu nunca cantei sobre uma estação de
rádio, mas o rápido inventário visual me dá uma maneira de
responder. "O mundo em torno de mim," digo em voz muito
brilhante enquanto eu improviso.

Ele balança a cabeça. "O que te inspira sobre o mundo ao


seu redor, Jane? Os dias ensolarados? Amor no horizonte? Ou
talvez apenas o cheiro doce do sucesso?"

Eu rio, principalmente porque eu não tenho a menor ideia


de como escrever sobre o amor. Quando eu estava no amor com
Aidan, minha música era medíocre. Minhas músicas eram médias.
Eu nunca fui conhecida por escrever o tipo de canções over-the-
top de amor que fazem você querer ficar na chuva e torcer em
círculos, como do Matchbox Twenty "Overjoyed". Eu adoraria
escrever uma música como essa. "Eu adoraria cantar sobre
química, também, como Bruce Springsteen em I‟m on fire."

Mas como eu ia começar? Isso não é o meu forte. Eu sei o


terreno irregular do coração, mas não um reparado. Tudo o que eu
consegui é "Mixed Messages" e não é exatamente uma canção de
amor, nem é a minha melhor canção. "Exatamente. É exatamente
sobre isso o que eu vou escrever," eu respondi feliz, praticando
mais dardo e esquivando.

"Eu acredito que falo em nome de todos os nossos ouvintes,


quando digo que não posso esperar pelo o seu próximo álbum.
Vamos agradecer a Jane Black – e sua mãe, por inspirar esse
nome e estágio que tal um pouco Effie agora?"
Max acena para o microfone, e eu preciso desta música
agora, porque às vezes a música é minha única salvadora da
incerteza. Eu vou direto para uma das minhas grandes favoritas,
canções, dando aos ouvintes cerca de trinta segundos ou assim do
coro e sinto a maneira que costumo sentir quando canto, como se
eu estivesse no topo do mundo e ninguém pudesse me machucar.

Quando o show termina, Max me leva pelo corredor até o


elevador. "Eu gostei muito de ter você no show de hoje," ele
começa.

"Eu adorei."

Ele inclina-se contra a almofada de prata com os botões


para cima / para baixo para o elevador, ficando na minha frente.

"Então, Jane." Ele estende a mão para empurrar o meu


cabelo do meu ombro. O leve toque de sua mão em meu corpo não
faz nada para mim. "Talvez eu pudesse levá-la para sair. Para um
clube de jazz, ouvir um pouco de blues, poderia até mostrar-lhe a
minha coleção de discos. Eu tenho todos da Aretha."

Dou-lhe uma risada pouco doce, mas, em seguida, aperto a


minha cabeça. "Obrigada, Max. Mas eu vou passar."

"Não pode culpar um homem por tentar," ele diz e se inclina


para me beijar na bochecha. Eu digo adeus e entro no elevador
quando Max desaparece no corredor. Max Cohain é um cara
bonito. Nós gostamos da mesma música. Mas eu já estou
interessada em outra pessoa. E uma vez que gosto de alguém, eu
só tenho olhos para essa pessoa.

***

O brilhante, refrão The King and I, "Shall We Dance" do


meu celular toca.

Eu respondo imediatamente. "Oi, mamãe."

"Olá," ela diz, sua voz nítida e clara, e profissional. "Esta é a


diretora do Teatro Musical Maine, e estou ligando para saber se
você estaria interessada em fazer audições para a nossa próxima
primavera musical."

"Ora, eu adoraria," digo, enquanto caminho através da


multidão na Avenida Lexington para casa depois da minha
entrevista CRB e do almoço.

"Aliás, eu sabia que era você," diz ela, de volta à sua voz
mãe, e eu posso imaginá-la perfeitamente em nossa casa em
Maine, uma grande casa branca no final de um longo caminho de
cascalho, com vista para um lago azul – safira. "Eu queria ouvir
você cantar de qualquer maneira, então deixei você experimentar."

"Droga. E eu pensei que tinha enganado você o tempo


todo."

"Você nunca pode enganar uma mãe," diz ela. "Mas eu


gostei de sua entrevista. Você estava maravilhosa."

"Você é uma querida em dizer, e obrigada pela atenção.


Então, o que você está fazendo para a primavera musical?"

"Estamos fazendo Tommy."

"De jeito nenhum! Eu não posso acreditar que você está


fazendo uma ópera rock. Você é tão Rodgers e Hammerstein, mãe.
Como isso aconteceu?"

"Eu tenho um extenso repertório de interesses, moça," ela


repreendeu de brincadeira como um motorista de caminhão
quando bate seu chifre no cruzamento. Eu paro para esperar o
sinal piscar verde, caminho. "Você quer vir vê-lo em abril? Pode
até ser durante as férias de primavera de Ethan."

"Claro que sim! Eu não vejo um de seus shows em tempos,"


digo, depois de começar a cantar a letra de "Pinball Wizard,"
enquanto atravesso a rua e passo por uma equipe de construção
perfurando um pedaço da rua. Ela se junta a mim, linha por
linha, gorjeando em seu soprano perfeito, cantando sobre um
surdo, mudo e cego garoto jogando um pinball médio.

"Vou levar Ethan," digo quando terminarmos. "Ele adora


visitar vocês, e isso não é só porque você tem cães."

"Se os cães me ajudam a ver o meu neto mais


frequentemente, que assim seja. Vejo vocês em breve, querida."

"Tchau, mãe."

Quando chego em casa 15 minutos mais tarde, retiro


minhas botas e as jogo no meio da sala de estar. Elas pousam no
meu tapete vermelho-colorido com um baque duplo. Depois, há
uma batida na porta. É Quon de Hunan China. Liguei no meu
modo regular para pedir panquecas em casa com cebolinha e
macarrão frio.

"Eu não vejo você faz duas semanas," diz Quon, quando
abro a porta. "Você está vendo outro homem de entrega?"

"Nunca! Você sabe que eu sou cem por cento fiel a você. Eu
estava em Los Angeles por uns dias," eu digo, então o convido."
Você quer um pouco de macarrão comigo hoje, Quon?"

"Não, não, estou super ocupado hoje."

"Super ocupado, não regularmente ocupado, mas super


ocupado?"
"Super ocupado, super ocupado. Como a minha sobrinha
de seis anos de idade diz."

"Meu filho diz também. Você tem um encontro quente hoje


à noite?"

"Ha-ha. Você é muito engraçada, Jane."

Quon ainda está se recuperando de um coração ferido


quando sua namorada o deixou há seis meses. "Encontro quente
para você?" Ele dispara de volta.

"Eu desejo," eu digo como uma resposta. Eu gostaria de ter


um encontro com Matthew. Mas quanto mais cedo eu começar a
escrever e gravar o corte de um álbum, mais cedo eu posso
explorar todas as possibilidades do homem. Porra, a perspectiva
de conhecê-lo em todos os sentidos, é tudo que eu preciso para
escrever até ficar com a mão doendo esta tarde.

Eu coloco as caixas no balcão da cozinha.

Enquanto pago Quon, acrescentando uma nota de


cinquenta dólares hoje em dia como um agradecimento do
Grammy, meu telefone toca. Quon diz, "obrigado" várias vezes
enquanto caminha para trás até sair pela porta.

"Você foi fantástica." É Matthew, eu sorrio mesmo que ele


não possa me ver.

"Você ouviu?"

Eu ando pela sala de estar para a minha porta de vidro


deslizante, abrindo-a, apreciando tanto o ar fresco e a luz do sol
do meio-dia.

"Claro que escutei," diz ele quando me sento na cadeira


solitária, e uma emoção corre através de mim que ele sintonizou.
Claro, é o seu trabalho. Mas eu espero que ele tenha ouvido por
outras razões também. "O que você está fazendo agora?"

"Estou sentada em meu deck."

"Deck de sorte."

Deck de sorte. Deck de sorte. Dirijo-me essas duas palavras


na minha cabeça. Eu gosto do som delas juntas. Elas se
encaixam.

"Você acha que meu deck é de sorte, não é?"

"Eu gostaria de estar nesse deck sortudo," diz ele.

Eu rio instantaneamente, amando a ousadia no


comunicado. "Talvez um dia," eu brinco.

"Você me deixa saber quando, para que eu possa colocar


esse um dia na minha agenda," ele atira de volta. Depois, limpa a
garganta. "Assim fez Cohain, deu em cima de você?"

Há uma nota de ciúmes em sua voz que não passa


despercebido. Ou um não gostei, e eu não posso resistir de
brincar. "Por uma questão de fato, ele me convidou para sair. Ele
queria me mostrar sua coleção de discos."

"O que você disse?"

"Eu disse que não. Por quê? Você está com ciúmes?"

"Completamente. Embora eu esteja emocionado que você o


tenha dispensado, e não apenas porque eu não quero que você
converse com outros repórteres," diz ele, e se ele vai flertar assim o
tempo todo enquanto trabalhamos no artigo, eu poderia
enlouquecer. Mas então, eu provavelmente acolho esse tipo de
loucura agora.

"Então, como estão os cartões-presente que você está


ganhando?" Pergunta ele, mudando de assunto.

"Queimando um buraco no meu bolso. Tenho mais


dezenove. Espere. Fazer o que, vinte. Você não me deixou usar um
naquela noite."

"Eu ficaria muito contente em não deixar que você use


outro. Em breve, espero," diz ele, tirando da voz toda a
provocação, e falando apenas com o que eu espero que seja
sinceridade. "Você sabe, eu gosto de cozinhar também, apesar de
tudo."

"Eu odeio cozinhar. O que você cozinha? Cordeiro,


salsichas, pudim de pão?"

"Na verdade, minhas ordens da Rainha estão relaxadas em


casa. Eu vou fazer para você uma maravilhosa massa na
primavera. Eu costumo ir ao mercado do fazendeiro às quartas-
feiras, em Union Square para comprar vegetais. É perto do meu
escritório."

"Mentira!"

"Não, eu realmente faço," ele insiste.

Eu rapidamente explico a minha exuberância. "Minha irmã


é executiva do mercado. Eu costumo ir lá também. Não para
comprar comida, é claro. Eu vou para comer."

"Devemos tomar uma xícara de café lá quarta-feira.


Poderíamos começar a fazer o artigo imediatamente. Fazer nossa
primeira entrevista oficial e discutir um calendário para o resto e
agendá-lo, você sabe."

"Claro, eu provavelmente vou para lá por volta das dez. Dá


certo para você?"
"Absolutamente. Vamos nos encontrar no Waffle Guy. Você
sabe onde ele está?"

"Claro."

"Você não trabalha às quartas-feiras?", pergunto curiosa.

"Sim, eu trabalho. Por uma questão de fato, nesta quarta-


feira tenho uma entrevista marcada com a vencedora do Grammy
deste ano de melhor álbum."

"Duh," eu digo, rindo da minha própria gafe.

"Então, é um encontro, então."

"É?" Eu pergunto, querendo saber o que ele vai dizer.

"Provavelmente o mais doloroso que eu uma vez irei já que


vou ter que fingir que não estou morrendo de vontade de te beijar
de novo. E, você sabe fazer um inferno de muito mais do que isso.
Então, eu vou vê-la amanhã."

E nessa nota, eu volto para dentro, pego meu macarrão frio,


e sento minha bunda para escrever uma canção sobre um inferno
de muito mais.

O problema é que não posso me concentrar na música.


Minha imaginação impertinente está muito inquieta, ocupando
cada centímetro de meu cérebro, e um inferno de muito mais.
Capítulo Doze
Eu fui para o mercado dos fazendeiros a trabalho uma vez.
Trouxe o velho violão acústico e sentei de pernas cruzadas em um
cobertor na entrada do mercado, enquanto Aidan fazia balões de
animais para as crianças e Ethan os entregava, sempre o útil
"assistente", como ele gostava de dizer. As criancinhas batiam
palmas para "This Land is my Land," enquanto eu cantava com
todo meu coração para a pré-escola de Manhattan.

Toda vez que volto, não consigo deixar de imaginar a


pequena cantora de rock independente principiante que tocava
para a pequena multidão de crianças de cinco anos, mesmo que
meu pequeno não esteja comigo hoje. É um dia de escola para
Ethan, mas eu só estou aqui hoje como qualquer outra pessoa. Eu
estou vestindo um suéter macio preto, calça jeans, botas e um
casaco quente. Encontro Matthew encostado no caminhão do
Waffle Guy, os olhos fixos nas páginas de seu livro. Sinto-me um
pouco sorrateira, como se estivesse espionando, observando-o de
longe, mas a vista vale a pena. Eu percebo o corte da sua calça
jeans, bem-vestida, bom caimento, o casaco, o mesmo de couro
preto, e seus sapatos, botas de combate pretas neste momento.
Ele não parece arrojado ou adequado. Ele parece à parte, como
um crítico de rock.

Ele parece legal.

"Perdido em um bom livro?" Pergunto ao me aproximar.

"Um livro muito bom," diz ele, fechando-o. Ele agora está
lendo The Big Sleep de Raymond Chandler.

"Você terminou L. A. Confidencial?"

"Só ontem à noite. Comecei este esta manhã. Acho que,


com um metrô e trinta minutos de passeio para os nossos
escritórios em Gramercy Park consigo fazer um monte de leitura."

"The Big Sleep é em Los Angeles também. Então o que é


esse seu fascínio com Los Angeles?"

Ele enfia o livro em sua mochila. "Eu gosto do fascínio com


a superficialidade, a obsessão com as estrelas, o sol galopante.
Nós não temos muito disso, é claro, de volta para casa. E toda a
cidade foi realmente uma grande briga sobre os direitos da água, e
da ascensão e queda da companhia de água foi à fundação da
cidade. A história da LA é fascinante e a cidade está repleta de
histórias. Além disso, meu irmão mora lá, e eu estou determinado
a saber mais sobre LA que ele. Temos de encontrar
constantemente formas de competição."

"Eu nunca fui realmente uma grande fã de LA."

"Bem, eu provavelmente deveria ir agora. Você não gosta de


cozinhar e não gosta de LA. Eu não tenho certeza sobre o que
mais nós vamos conversar."

"Você está certo. Isto é bobagem. Vou voltar para casa.",


finjo que estou prestes a ir embora.

"Espera." Ele pega meu braço. Meus olhos são


imediatamente atraídos para a mão em mim. Mesmo através do
meu casaco e blusa, eu posso sentir a minha pele chamando por
seu toque. "Eu tenho uma ideia, e eu aposto que a vegetariana em
você será incapaz de resistir."

"Tente-me."
"Você quer vir para o meu escritório no almoço? Eu poderia
fazer para você pasta primavera e podíamos conversar lá."

Eu estreito meus olhos. "A Beat tem uma cozinha para seus
jornalistas fazerem massa primavera? Ou é apenas você
chicoteando os vegetarianos?"

Ele ri. "É um pré-requisito para trabalhar lá. Todo mundo é


obrigado a ter um prato exclusivo para cozinhar uma vez por
semana. Ou, pode ser que aconteça de compartilhar espaço de
escritório com uma revista associada de propriedade da mesma
empresa. Tastes Delicious e eles têm uma cozinha completa e
adequada."

Pena que ele não está me levando para seu apartamento.


Porque, então, não seria o vegetariano em mim que é impotente
para resistir. Seria a mulher.

Mas vegetais é o que temos para o momento.

"Vamos ver que tipo de segredos você pode tirar de mim


usando massas como isca," digo, enquanto lhe dou um olhar
desafiador.

"Ah, é só você esperar até experimentar o meu macarrão


primavera. Eu vou ter você comendo na palma da minha mão..."
Então ele para e levanta a mão. "Veja, acho que é muito desafiador
para não transformar tudo em uma insinuação com você,
especialmente quando se trata de coisas como as mãos e comer,"
diz ele, enfatizando a última palavra levantando as sobrancelhas,
em seguida, gira em torno de seu calcanhar indo em direção a
uma barraca recheada com dez mil variedades de cogumelos.

"Cogumelos vão me distrair do quão linda você está hoje",


diz ele em voz baixa enquanto verifica os cogumelos. Eu sorrio
para mim mesma, emocionada com seus elogios.

Em seguida, ele se dirige para uma barraca de comida com


aspargos e outra com cenouras. Ele faz o que jura ser sua compra
– ervilhas verdes – em seguida, anda entre duas barracas que
circundam a borda do mercado.

"É uma pena que não é junho," diz Matthew, e nós dois
paramos para olhar para o céu de inverno, a cor de ardósia.
Nuvens cheias de melancolia cobrem o céu outrora azul.

"Porque seria quente e maravilhoso e poderíamos usar


shorts e tops?"

Ele me observa com seus olhos azuis, demorando-se no


meu peito de uma forma que me deixaria aborrecida se ele fosse
um cara aleatório na rua, mas que, em vez disso, aquece o meu
corpo, uma vez que ele não pode fazer do jeito que quero. "Tops
são um grande sim. Isso, e frutas de verão," acrescenta. "Eu adoro
vir aqui em junho e julho. Eles têm os pêssegos mais
surpreendentes. Pêssegos querida – beijos," diz ele, como se
gostasse da forma como essas palavras tomam forma em sua
língua enquanto ele está olhando para mim. Meu peito fica
quente, e eu mordo meu lábio distraída, mas ao mesmo tempo
ciente do que estou fazendo. Mas ele pega meus sinais, as pistas
que o meu corpo está dando. Ele se inclina para mais perto e traz
a boca no meu ouvido, seu hálito quente contra a minha pele,
enviando arrepios através de mim. "Isso não é uma grande
descrição para pêssegos?"

Eu balanço um pouco, e ele me estabiliza com uma mão no


meu cotovelo. Há uma mesa cheia de pão atrás de mim para que
eu possa derrubar se ele continuar fazendo isso. "Você precisa
parar de falar comigo sobre frutas como se fosse preliminares,"
digo sem fôlego.

"Eu faço isso?" Pergunta ele, muito inocentemente para ser


acreditado.

"Sim. Você faz."

"Por quê?"

"Porque," eu digo em um sussurro irregular.

"Porque, por quê?"

"Porque isso me faz querer mais," eu admito, mesmo tendo


uma parte de mim que está apavorada de dizer isso, mas outra
parte de mim, provavelmente a parte controlada por esta doce dor
aguda no meu corpo é exigente como o inferno.

"São pêssegos incríveis, embora," diz ele, sem tirar os olhos


de mim, enquanto continua a me seduzir no beco do mercado.
"Suculentos e doces. E eles têm cerejas. Cerejas de verão. Vou
comprar uma caixa e manter na minha pia e comê-las todas. Eu
não posso me controlar. Elas têm um gosto delicioso. E damascos
amadurecidas ao sol," diz ele, balançando a cabeça várias vezes
como se estivesse saboreando a memória do gosto em sua língua.
"Eu vou comer um, depois outro, depois mais, por favor..." Ele
permite que as últimas palavras perdurem entre nós,
deliberadamente me queimando.

Eu puxo meu suéter, como se fosse verão e o calor estivesse


furando a minha pele. E, de repente, não está mais frio do lado de
fora. É quente e o sol está batendo em mim e eu quero tirar as
minhas camadas de roupas. Quero levantar o rosto para o sol. Eu
quero inalar o cheiro do fruto maduro, do fruto tentador. Eu quero
prender meu cabelo para cima, deixar a minha pele ficar quente,
sentir os lábios de Matthew na parte de trás do meu pescoço, seus
braços em volta da minha cintura, meu corpo enroscado em seu.

"Você gosta de me torturar," digo.

Ele balança a cabeça. "Não. Eu não gosto disto. Eu amo


isso." Ele coloca a mão nas minhas costas e me guia para fora do
mercado, para a calçada lotada. "Mas você quer que eu pare?"

"Não. Eu não quero que você pare. Esse é o problema."

"Será que faz você se sentir melhor se eu lhe disser que é


uma tortura para mim também?"

"Claro," eu digo, com uma risada. "Isso torna tudo melhor."

"Porque," diz ele à medida que vira para seu bloco, e fala em
uma voz completamente inexpressiva, "Isso realmente é uma
tortura, a espera das frutas de verão."

Eu bato em seu braço de brincadeira. "Obrigada," digo


sarcasticamente. "Esta bem no caminho de deixar uma garota
complexada”.

Ele sorri e encolhe os ombros, admitindo que gosta de se


divertir fazendo isso comigo. Chegamos ao prédio de seu escritório
e andamos pelo lobby até os elevadores. Nós esperamos em
silêncio, e então, assim que entro no elevador, as portas se
fecham, e somos apenas nós, então ele se vira para mim. "Eu
quero mais também," diz com aquela voz baixa e sexy que me
transforma de dentro para fora. "E eu juro que esta será a última
vez por um tempo, mas eu não posso resistir em fazer isso agora."

Ele deixa cair às sacolas do mercado do fazendeiro no chão


do elevador, empurra-me contra a parede, e segura meu rosto.
Minha respiração trava quando ele se aproxima, em seguida,
pressiona seus quadris nos meus, me deixando à sua altura, sua
ereção contra mim, deixando de forma clara o quanto ele me quer
também. Em seguida, ele me da um beijo ardente, profundo,
faminto e desesperado, quase me deixando em chamas. Eu sinto
isso através de cada centímetro da minha pele, dentro de cada
célula do meu corpo, e é como o fim de uma música de rock, uma
cauda escaldante para uma música épica, enquanto ele explora a
minha boca com a sua língua. Uma mão sai do meu rosto, e
segundos depois sinto seus dedos no cós da minha calça jeans.
Ele desenha uma linha rápida em toda a minha barriga com o
dedo indicador, e eu o acompanho, desejando que houvesse mais
tempo para os seus dedos desabotoarem o botão e zíper da minha
calça, em seguida, os deslizasse dentro da minha calcinha e me
livrasse dessa dor excruciante entre as minhas pernas. Mas eu
não tenho essa sorte porque o elevador está perto de parar, e ele
está levando todo o seu tempo em meus lábios, de um jeito
requintadamente cruel, a nota final foi longa e duradoura,
reverberando através de meus ossos.

Nosso momento termina muito cedo. Segundos mais tarde,


as portas se abrem, e eu saio do elevador, em uma espécie de
estado inebriante, drogada, como eu gostaria de ficar por um
longo, longo tempo.
Capítulo Treze
Eu paro no banheiro feminino para jogar água fria no meu
rosto. Sim, eu me tornei essa pessoa. Esta mulher loucamente
excitada que não tem sido tocada nos últimos anos. Agora, dê-lhe
algumas palavras escolhidas ditas em uma voz digna de desmaios,
um beijo quente em um elevador, e ela precisa ser mergulhada em
água fria para que volte a raciocinar.

Eu olho para mim mesma no espelho, por um momento, me


perguntando se posso limpar o desejo estúpido de meus olhos.
Ou, se eu ainda preciso. Então eu transformo essas palavras em
minha cabeça. Estúpida luxúria. Beijo estúpido. Coração estúpido.

Eu pego meu celular no bolso de trás do meu jeans e envio


essas palavras a mim mesma em um e-mail. Quem sabe? Talvez
eles impulsionem uma canção. Porque quanto mais músicas eu
escrevo, melhor nós ficamos. Mas, por agora, eu tenho que
extirpar o beijo de minha cabeça para me concentrar no artigo.

Deixo o banheiro e me junto a Matthew na cozinha gourmet


do prédio de seu escritório. É tudo branco, com aparelhos de aço
inox, e insuportavelmente pequena para o padrão mundial, mas é
enorme para Manhattan. Enorme significa poucos metros
quadrados. "Gostaria de me oferecer para ajudar, mas eu sou um
desastre na cozinha. Posso lavar alguma coisa ou arrumar a
mesa?”

Matthew balança a cabeça enquanto habilmente manuseia


uma faca de aço brilhando, cortando os espargos e os cogumelos.
"Então me diga sobre o seu ódio profundo de cozinhas, comida,
cozinhar. De onde vieram, Jane Black? "

"Tenho certeza que vai voltar para a minha infância.


Lembro-me de uma jovem, que tinha um medo terrível de jarras e
panelas", digo, rapidamente indo junto com a brincadeira. Ela
ajuda a manter o meu cérebro limpo de pensamentos
impertinentes. Além disso, ele já se mudou para esse outro lado,
então eu poderia muito bem ir com ele.

"Eu já ouvi falar disso", diz ele enquanto se move para


começar a cortar as cenouras. "Pode ser uma cicatriz para a vida,
tornando-a completamente dependente de comida chinesa."

"Eu tenho medo que isso já tenha acontecido. Eu tenho


uma linha telefônica para o China Hunan configurada no meu
apartamento. Minha relação com o entregador tem sido a minha
mais íntima com um homem no último ano e eu estou pensando
em ter um gotejamento intravenoso instalado para comida
chinesa".

Ele põe a faca, dá um passo para mais perto, e coloca a


mão na minha testa, como se estivesse medindo a minha
temperatura. Ele acena com a cabeça sabiamente. "Sua condição é
muito mais grave do que eu pensava."

"Eu estava com medo que você dissesse isso." Abaixo minha
cabeça. Em seguida, mudo de assunto. "Você tem algum chá?"

"Se eu tenho qualquer chá? Isso é como uma piada ou um


teste? Armário ao lado da geladeira”, diz ele, apontando.

Movo-me um milímetro ou dois para a direita e abro a porta


do armário. Sou recebida por uma prateleira cheia de latas de chá,
com chá preto em todas as variedades. Pego os saquinhos de chá
Inglês e duas canecas, em seguida, começo a preencher as
canecas na torneira.

"Eu vou fingir que você não acabou de fazer isso."

"Fazer o que?"

Ele se afasta da frigideira onde jogou os legumes picados.


"Eu sou Inglês. Não colocamos nosso chá no micro-ondas. Nós
colocamos a chaleira no fogo, fazendo-o corretamente".

"Oh, desculpe meus costumes americanos", brinco, fazendo


uma nota mental de que ele se refere a si mesmo como o Inglês,
apesar de eu preferir usar mais britânico. Soa tão elegante e
sofisticado. Mas se eu chamá-lo britânico ou Inglês, Matthew é
sempre sexy para mim. Ele dá um passo longe do fogão e se move
alguns centímetros mais perto de mim, alcançando o armário
sobre a minha cabeça. Eu não me movo. Fico ali, seu corpo de
repente perto o suficiente que se eu desse um passo para um ou
dois centímetros mais perto, eu poderia sentir seu peito, sua
barriga, sua fivela de cinto contra mim, como no elevador. Eu
poderia pegar no seu cinto com uma mão e puxá-lo contra mim e
reencenar a cena anterior. Leva-lo ainda mais. Fazer aquele
momento durar mais tempo. Jogar o alarme no elevador para que
ele parasse. Desta vez, eu ia virar a mesa em cima dele. Eu o
apoiaria contra a parede, passaria as mãos pelo seu cabelo, faria-o
gemer, fazer ele me querer desesperadamente. Eu poderia tirar a
sua camisa, correr meus dedos sobre seu peito, traçar as linhas
de seu estômago.

Nós poderíamos terminar o que começamos. Exceto que


estamos em seu escritório, e Matthew já apagou esse momento e
parece estar de volta a esta outra zona, onde estamos em conversa
e brincadeiras, e eu gosto disso. Realmente, eu gosto. Gosto muito
de estar com ele, apesar da facilidade com que ele desliza entre
Matthew o Repórter e Matthew, o quente-como-pecado, beije-me-
no-elevador me deixe excitada. Eu o observo em silêncio, enquanto
ele enche a chaleira com água, coloca num fogão, e depois coloca
os sacos de chá nas canecas. "Eu posso beber chá a qualquer
hora do dia", ele brinca.

Eu poderia te tocar qualquer hora do dia, eu quero dizer.

Poucos minutos depois, nós estamos sentados em uma


mesa pequena, mas resistente de mogno na cozinha. A comida é
deliciosa, crocante, legumes crocantes ao molho de vinho e todo
com massa branca. Quando termino de comer, olho para fora da
janela. "Ei, está começando a nevar!"

Ele se levanta da mesa e se junta a mim na janela do


escritório, olhando para o Gramercy Park. "Por que é que a neve
sempre parece tão mágica?", Pergunto-lhe, não esperando por
uma resposta, mas simplesmente como uma observação.

"Eu não sei, mas é certamente verdade. Parece que você


nunca para de estar animado com a primeira visão de neve. Você
vai acordar a sua namorada ou seu namorado até às três da
manhã para dizer-lhes que está nevando. E, em seguida, leva-o
para a janela e lhe mostra."

Meu coração dispara. Eu amo essa imagem. Longe demais


para o meu próprio bem. Por isso, estou grata pela pausa da
minha imaginação errante quando ele abre seu notebook de
repórter. "Você já deu a Cohain a história de seu nome. Por favor,
posso ter algo tão bom?”

"Você vai ter que fazer as perguntas certas, então."

"Você sempre foi musica", Pergunta ele.


***

Enquanto Natalie trotava no campo de futebol em chuteiras


e caneleiras, Owen e eu gostávamos de brincar no piano de nossa
mãe, tocando nossas próprias variações quando ela não estava
olhando ou ouvindo. Owen e eu tivemos aulas obrigatórias de
piano, e tenho certeza que, como todos os pais, minha mãe nutria
desejos secretos de que gostaria que fossemos como ela, gostaria
que nos tornássemos aficionados do teatro musical. Ela até me
deixava interpretar alguns dos papéis pequenos em seus shows.

Mas quando eu tinha uma pausa durante os ensaios,


andava de bicicleta do seu teatro para uma loja de guitarra nas
proximidades, no centro de Brunswick, a única na cidade.
Chamava-se Play Without Ceasing10, um nome que eu aprendi
mais tarde foi um trocadilho com uma diretiva bíblica do apóstolo
Paulo: "Orai sem cessar". O dono da loja era Haley Mauvais, que
usava botas de cowboy, jeans azul claro, e uma jaqueta jeans da
mesma cor. Ele me ensinou alguns riffs - "Stairway to Heaven",
"Comfortably Numb", "Brown Eyed Girl" - se tornando o meu
primeiro professor de violão. Mas um dia em sua loja, eu
distraidamente comecei a cantar junto com as canções, e ele me
parou ali. Ele levantou uma mão grande. "Whoa. Você tem alguns
tons graves em você.”

Minha mãe sempre me disse que eu tinha uma boa voz,


mas ouvir isso de um estranho tornou mais importante.

"Deixe-me dizer-lhe uma coisa", disse Haley. "Quando você


tem uma voz como essa, você não tem escolha. Você precisa
cantar. Os deuses da música estão obrigando você a cantar. Eles

10
Tocar Sem Cessar,
não dão uma voz como a que você tem para você exercer a
advocacia ou a medicina."

Assim, enquanto minha mãe começava a treinar a minha


voz, Haley procurava treinar o meu estilo. Ele me ensinou o
respeito aos deuses da música. "Às vezes, você não sabe por que
eles querem o que eles querem", ele me dizia. "Mas você tem que
respeitá-los. Você tem que deixá-los guiá-la. Eles sempre vão lhe
mostrar o caminho.”

Eu não entendi completamente o que ele quis dizer no


momento, mas eu o escutei ferozmente, memorizando as suas
palavras para que eu pudesse descobrir mais tarde, quando
entendesse. "É como se algumas vezes há apenas essa musa e seu
trabalho é para levar para ela o que ela quiser", disse ele. "Você é o
instrumento, o navio. Deixe-os usá-la, direcionarem você, e você
vai fazer boa música.”

Peguei a partitura na loja Haley‟s e pus músicas que eu


gostava, "Sweet Child O 'Mine" do Guns N' Roses, "More than this"
de Roxy Music, e "Chain of Fools" de Aretha Franklin. Quando eu
tinha quatorze anos, Owen e eu formamos uma banda chamada
Dog Squeaky e escrevemos nossa primeira música- "Sweet
Summer Mine”

Nós ainda marcamos um ponto na parada de quatro julho


no verão e executamos essa canção sobre a caçamba de uma
caminhonete que rodou ao longo do percurso do desfile a dois
quilômetros por hora. Fomos o hit do desfile e um DJ da estação
de rádio local queria tocar a nossa música no ar. Ainda me lembro
de nossa alegria quando nós pulamos em nossas bicicletas e
descemos as colinas de Brunswick, com um rádio portátil,
pedalando em direção à água, em sintonia com a estação de rádio
durante todo o passeio até que a nossa música tocou.

Matthew balança a cabeça com espanto, a mão direita


ainda correndo pelo notebook para registrar o último pedaço.
"Você era uma criança destemida, tocando no rádio, quando você
tinha apenas quatorze anos."

"E você? Você sempre soube que queria ser um crítico de


rock?”

"Ah, então agora é a minha vez de ser entrevistado."

"Bem, não é justo? Não estamos no seu apartamento onde


eu possa verificar se você tem cartazes de Bruce Springsteen ou
toda uma coleção de vinil ou mesmo algumas de suas colunas
emolduradas."

Ele ri e estende suas longas pernas, inclinando-se para trás


na cadeira da cozinha. "Isso seria um não. Um não. E um não.”

"Então o que você faz em casa, então? Quais são os seus


hobbies, Matthew Harrigan?”, Pergunto em um tom escuro de voz,
como se eu fosse um detetive em busca de pistas.

"Eu acredito na separação entre Igreja e Estado. Eu amo o


que faço. Eu amo meu trabalho. Mas casa é casa. Eu escuto
música quando estou lá, mas se eu puder, e eu tento toda noite,
eu gosto de deixar de ser o crítico de música e ser apenas uma
pessoa por algumas horas. Ler um livro, não pensar em Geffen ou
Island ou Atlantic Records ou quem vai ser a próxima grande
estrela ou se posso convencer qualquer garota para subir ao meu
apartamento de solteiro quando estamos trabalhando em um
artigo”, diz ele com uma piscada.

Eu agito o meu guardanapo, fingindo que eu vou lançá-lo


para ele. "E pensar que eu ia lhe dizer uma pequena coisa
suculenta que nunca disse a qualquer jornalista."

A caneta de Matthew está na mão de novo, pronto para


escrever mais notas. "Eu vou deixar você jogar um prato para mim
se você me disser."

Eu ergo minhas mãos, palmas para fora, para dar ênfase,


pausa dramática. "Esta será a vantagem da sua história."

Ele olha para mim com expectativa, esperando.

"Eu. Collant. Polainas. Eu tive uma fase de extrema


adoração a Olivia Newton-John."

Matthew quebra. "Oh, isso é bom."

"Physical já tinha sido um grande sucesso no início dos


anos oitenta, e quando eu descobri que uma década mais tarde,
eu cantava essa música no meu quarto no andar de cima depois
da escola. Eu colocava meu collant e minhas polainas e dançava
ao redor da sala, saltando para cima e para baixo na minha cama
e cantava essa música o mais alto que conseguisse. Eu não tenho
a menor ideia do que isso significava, mas eu adorava. Todas as
tardes por um ano eu era Olivia Newton-John."

"Eu acho que agora seria o bom momento para admitir que
eu realmente prefiro Poison do Arcade Fire."

Eu rio e provoco-o de volta "Eu acho que eu não vou cantá-


la para você, estou muito sem inspiração para meu gosto."

Ele junta as palmas das mãos, como se estivesse rezando,


implorando com seus lindos olhos azuis. "Gostaria muito de ouvi-
la cantar „Physical‟ agora".

"Eu só me lembro do refrão."

"Então cante o refrão", diz ele, praticamente mandando em


mim agora. Sendo assim, eu canto o refrão da música.

"Uau", ele diz com uma voz atordoada.

"Uau?"

"Você tem que fazer isso no seu próximo álbum."

Eu ergo uma sobrancelha. "Sério?"

Ele coloca a mão no seu coração. "Eu estou falando sério.


Você parece absolutamente fantástica cantando essa canção."

"Mas é uma música tão brega."

"Esse é o ponto. Vesti-lo, retardá-lo, torná-lo a ouvir de


uma forma totalmente nova. Esse é o ponto de um cover. Você faz
as pessoas ouvirem a música de uma maneira nova, fresca, como
se fosse uma nova música."

Eu considero isso por um minuto. "Isso não é uma má


ideia. E iria resolver um pequeno problema.”

"O que é esse pequeno problema?"

Sinto-me imensamente confortável com Matthew. Eu não


sei se é o sotaque britânico, o fato de que ele é um excelente
ouvinte. Ou se é muito mais simples, como 1,83 metros, olhos
azuis, cabelos escuros, o elegante corpo que eu estou morrendo de
vontade de conhecer melhor.

"Eu não tenho muitas canções para o novo álbum," digo


casualmente, como se aquilo não fosse grande coisa.

Matthew senta-se reto. "Jane, você está indo para o


estúdio" Ele revira seu notebook e encontra a página que está
procurando. "Em exatamente 12 dias. Você não tem nenhuma
música?”
"Bem, eu fiz três, mas eles meio que são uma merda..."

"Oh." Ele soa cabisbaixo.

"Eu acho que é melhor eu fazer aquele cover de 'Physical'


então, hein?", brinco.

Ele limpa a frente na simulação gesto "ufa". "Eu me sinto


muito melhor." Ele vira de volta para onde parou no caderno e
escreve em letras corajosas grandes para que eu possa ver, "Jane
Black tem uma música para o novo álbum. Tudo está bem." Então
ele me olha. "Mas, falando sério. Você vai escrever uma música,
não é?"

"Sim. Sim. Sim. Claro."

"Três sim? E um claro?" Ele levanta uma sobrancelha.

"Não se preocupe", eu digo bruscamente. "Você vai ter a sua


história."

"Jane", diz ele, suavizando a voz. Ele coloca a mão na


minha novamente, como fez na primeira noite no Café Cluny, e eu
sinto arrepios por toda parte. Eu amo o jeito que sua mão se
molda na minha pele. Eu amo que mesmo um gesto suave dele me
transforma de dentro para fora.

"Você está pronta para voltar ao estúdio?"

"É claro", eu digo com falsa confiança.

"Podemos adiar a história, se você precisar de mais tempo."

Oh, Deus. Ele poderia ser mais atencioso? Bonito,


pensativo, engraçado? Mate-me agora. "Talvez eu devesse ficar
menos tempo falando com certo jornalista".

Ele me dá um sorriso torto. "Eu não posso imaginar


qualquer cenário em que seria a resposta." Sua mão ainda está na
minha. Outro pequeno aperto, e é tão carinhoso e atencioso e
envia uma corrida quente através de mim. Como ele pode me
beijar sem sentido no elevador e então segurar a minha mão como
se ele fosse o meu namorado e estivesse preocupado que eu não
consiga cumprir o meu prazo de entrega? Mas ele consegue ambos
os lados - o sexy e o atencioso - e se ele continuar assim, minha
mente vai se transformar em mingau porque estou perigosamente
perto dessa ser mais do que um tipo louco de química, mais do
que um pouco de flerte por diversão. Eu podia vê-lo como o
homem da minha vida.

Meus músculos travam quando me bate o que está


acontecendo. Que o físico se transformou. Que quando eu disse
que quero mais, não estava apenas me referindo a mais contato.
Eu quero mais dele. Quero mais momentos. Mais tempo. Mais
conversas.

O que assusta o inferno fora de mim.

"Você costuma trabalhar dessa forma? Você é o tipo de


artista que prospera na pressão de última hora?"

"Hum..." Eu começo, mas não respondo, porque minha


mente está em outro lugar.

Espinhos de preocupação correm sobre meu corpo. Eu olho


para o meu relógio. É quase duas horas. Eu preciso sair daqui. Eu
preciso escapar dele para classificar todas as questões que estão
quebrando em mim de uma só vez. Eu não respondo a ele, porque
eu sou inundada de uma sensação nova, mas que é muito mais
incerta. Uma que eu não sei como explicar.

"Você vai ser capaz de cumprir o seu prazo?", Ele pergunta


mais uma vez.
"Você vai voltar para a Inglaterra e recuperar toda a sua
terra?" Eu tento mudar o foco de cima de mim.

Ele levanta uma sobrancelha, como se quisesse dizer que


estou no caminho certo. Mas ele está em silêncio. Ele nunca
admitiu que é um barão. Volto à pergunta. "Não se preocupe. Vou
conseguir fazer tudo. Hey, eu odeio cortar-nos aqui, mas eu
preciso pegar Ethan da escola em pouco tempo”.

"Você está bem?", Ele pergunta, franzindo a testa.

"Absolutamente", minto.

Eu ajudo-o a limpar, mas estamos tranquilos agora. A


brincadeira fácil foi apagada.

Depressa, eu pego um trem uptown e tento me concentrar


em meu novo álbum, as músicas que vou ter de escrever enquanto
vou para a escola de Ethan buscá-lo. Eu fecho meus olhos e reflito
sobre notas, melodias, palavras.

Mas eu desenho um branco e abro os olhos porque minha


mente não está realmente na música. Em vez disso, eu estou
olhando para os riscados, sujos, para as janelas sujas do metrô,
observando as paredes dos túneis roncarem, e eu estou pensando
sobre a fruta do verão, sobre beijos de pêssego, damascos
amadurecidas ao sol, cerejas quentes sensuais , estourando com
seu vermelho escuro, quase cor de vinho, coloridos.

E Matthew. Estou pensando em Matthew. O homem que eu


quero em mais maneiras que qualquer um.

***
Passei o resto do dia apagando Matthew e música e a
loucura em meu coração. Em vez disso, eu me concentro em meu
filho, porque ele é a única constante em minha vida. Nós
visitamos o nosso restaurante favorito para batatas fritas e milk-
shakes de chocolate para um lanche depois da escola, e eu ignoro
o meu telefone e todas as minhas mensagens e silencio os
pensamentos na minha cabeça por um tempo enquanto Ethan me
mostra um desenho que ele fez na aula de arte de um cachorro
usando uma capa de bruxo.

"Vamos encontrar um livro sobre um cachorro feiticeiro", eu


proponho.

Seus olhos se iluminam, como se eu revelasse que possuo


um mapa de um tesouro enterrado. "Eles têm livros sobre cães
feiticeiros?"

"Eu não sei. Mas há um grande lugar bonito, chamado


biblioteca e eu aposto que podemos encontrar algo lá."

Um bibliotecário útil me acompanha e encontra o livro que


leio para Ethan antes dele cair no sono naquela noite, fazendo o
meu darndest não se preocupar com o meu prazo estúpido que eu
não estou nem perto de terminar, a menos que eu possa fazer
nessa noite uma canção sobre cães mágicos .

Uma vez que ele está na The Land of Nod, pego a minha
guitarra acústica e meu notebook, e tento, tento e tento formar
uma música daquele beijo estúpido. Mas nada funciona, e eu me
sinto mais gasta do que aquela corrida com a minha irmã. Estou
toda torta, e todos os meus músculos doem. Mas é um tipo de dor
sem sentido, porque eu não os exercitei. Eu não fiz absolutamente
nada no departamento de música e eu realmente gostaria de me
chutar na cara agora. Bater algum sentido musical em mim. Algo.
Qualquer coisa.

Escrever é o desejo do meu coração, e eu não posso obrigar


meus braços a escrever mais. E essa dor, é um lembrete constante
de que eu perdi algo importante.

Algo vital para minha própria sobrevivência, como o ar,


como respirar. Porque escrever canções é o meu oxigênio.

Talvez eu precise pedir máscara de oxigênio de outra


pessoa um pouco. Talvez eu precise de uma canção para que os
meus músculos se movam para este treino. Pego meu telefone e
ligo uma das minhas playslists favoritas aparecendo em fones de
ouvido para ouvir Journey "Dont Stop Believing", Queen "We Are
the Champions", e os Beatles "Here Comes the Sun", enquanto
ponho o dia em ordem. Lembram-me a acreditar em mim, que se
eu passei pelo rompimento do meu casamento graças à música,
eu com certeza posso celebrar o outro lado com músicas
maravilhosas também.

Vou tentar de novo amanhã. O dia esta acabando, e eu


preciso deixá-lo ir. Eu caio pesadamente no meu sofá quando
"Here Comes The Sun" acaba, e finalmente verifico o meu e-mail.
A primeira mensagem que eu vejo chegou minutos depois de eu
ter deixado o escritório de Matthew esta tarde.

de: thissideofthepond@gmail.com

Para: janesecretmail@gmail.com

Hora: 14:14

Assunto: Você está bem?

Cara Jane,
Você saiu tão rapidamente que eu queria ter certeza de que
você estava bem. Você parecia frustrada quando perguntei sobre o
seu prazo. Espero que você saiba que eu tenho que fazer essas
perguntas. Quero fazer justiça à história. Quero fazer-lhe justiça. Às
vezes, as minhas perguntas podem irritá-la. Como jornalista, estou
completamente bem em irritar alguém que eu entrevisto de vez em
quando. É a natureza da besta. Mas tirando o meu chapéu repórter,
e falando apenas como um homem agora, eu sinto muito se eu te
chateei. Talvez você ache que é fácil para mim em desligá-lo para
você. Eu lhe asseguro, não é. Ainda estou me repreendendo por
beijar você no elevador quando estou desesperadamente tentando
me concentrar apenas na escrita e nos relatórios da única coisa que
eu sei como fazer. Mas eu não vou fingir que quero apagar aquele
beijo no elevador. Ou o tempo que passei com você na cozinha. Ou
ouvir suas histórias sobre estar no rádio. Mesmo que eu não
estivesse escrevendo sobre você, eu gostaria de ouvi-los. Quanto
mais eu te conheço, mais eu quero te conhecer. Eu sou fascinado
por tudo sobre você, e você tem que saber que é preciso toda a
minha resistência para parar de beijar você.

Matthew

De repente, eu não me sinto tão dolorida. Eu não me sinto


tão vazia, ou, e embora a parte do meu coração que pertence a
música esteja com falta de ar, há essa outra parte que está
começando a encher. Eu deito no sofá, minha mente à deriva a
forma como eu quero conhecê-lo mais, como eu quero ouvir suas
histórias também.

Em seguida, em todas as formas que eu quero quebrar sua


resistência.
Capítulo Quatorze
Uma semana depois está nevando, um frio doloroso, do tipo
de doer os ossos, pelo qual o perverso mês de março é conhecido.

Para completar, está muito gelado dentro do estúdio de


karatê de Ethan, onde eu estou vendo meu filho terminar sua aula
antes de Owen se juntar a nós. Eu tenho um notebook na mão,
pronto para qualquer ideia de música que possa surgir.

Como um raio me atingindo. Porque as chances são as


mesmas. Especialmente desde aquele beijo estúpido que se
transformou em uma confusão estúpida.

Eu sou uma merda.

Além disso, Matthew tem estado fora da cidade em outra


missão, então eu não o vejo há vários dias. Ele está em Los
Angeles, e também está visitando o seu irmão mais novo, que faz
faculdade lá. Tecnicamente, a sua ausência é uma coisa boa.

Mas só tecnicamente.

Porque eu sinto falta dele.

Owen entra. "Eu sei que há brilho mexendo aí dentro. Eu


posso sentir isso." Ele coloca a mão na minha cabeça e está
gentilmente cavando seus dedos em meu couro cabeludo.

"Você vai ter que cavar muito fundo," eu digo com um


suspiro pesado.

Ele puxa uma cadeira de plástico branca e tira seu chapéu


de beisebol, sacudindo a neve fora dele. "Eu não acredito nem por
um segundo." Ele passa a mão por seu cabelo castanho-dourado
para se livrar da sua temporária cabeça de chapéu.

Ele veio para a cidade do Brooklyn supostamente para


almoçar com seu sobrinho e eu. Ethan gosta de dizer que ele tem
um "convidado especial" sempre que Owen ou Natalie se juntam a
nós para o almoço ou jantar. Ethan ficou emocionado ao saber
que Owen seria seu convidado especial de hoje. Owen adora
Ethan, mas eu também aposto que ele arrastou a bunda em todo
o caminho do outro bairro em uma manhã de neve de sábado,
quando ele preferia estar trabalhando em seu romance, para me
pressionar.

"Acredite, Owen Stanchcomb, acredite," eu digo em seguida


para ele e levanto as minhas mãos vazias. "Estou com medo. Eu
não sei o que fazer", eu sussurro, e lágrimas surgem nos meus
olhos. "Eu nunca tive esse tipo de dificuldade para escrever."

Ele não deixa a minha preocupação perturbá-lo. "Está tudo


bem, campeã. Estamos nisso juntos." Ele imita um treinador de
boxe e finge alguns socos, em seguida esfrega os meus braços
como se estivesse me preparando para a luta. "Vamos lá.
Primeiras palavras que vêm à mente".

Espio através do vidro para a classe. "Que tal algo sobre o


movimento", eu digo, improvisando.

"Movimento". Owen acena como se o que eu disse fosse


pura genialidade.

"Ou ação."

"Ação. Isso é bom."

"Talvez alongamento."
Ele olha para o vidro. "Ou chutar", ele oferece, pegando o
jeito facilmente.

"Chutando e gritando?"

Ele balança a cabeça e bate palmas. "É isso. Está vindo."

Eu bato na minha cabeça com a caneta. "Está lá dentro,


infiltrado, repousando."

"Talvez isso possa ser uma canção," Owen começa,


cantando em voz baixa. "Eu quero me infiltrar, repousar, ruminar,
remediar".

"Isso soa como uma canção. Como uma canção INXS!"

Owen ri. "Você me pegou." Ele olha para o teto, como se


estivesse em uma profunda reflexão. Então, ele estala os dedos.
"Eu sei o que nós precisamos fazer. Fazer um almoço rápido e ir
ao estúdio. Você precisa estar rodeada de microfones e caixas de
som. Você precisa colocar aqueles fones de ouvido e estar no
batimento cardíaco de fazer música. Eu tenho as chaves do
estúdio, é um sábado, e ninguém está usando, então vamos lá."
Ele levanta a mão para um high-five11.

Eu bato em sua mão. "Você é o produtor mais


impressionante que eu já tive. E você não é tão velho como um
irmão também."

Ethan corre para fora da aula de karatê. E corre para Owen


primeiro. "Tio Owen!"

Owen o pega e bagunça seu cabelo. "Cara, o que há?"

"Você viu o meu chute frontal?"

11
High Five é um gesto, ou cumprimento presente em diversas culturas, que ocorre quando duas pessoas
tocam suas mãos no alto simbolizando parceria
"Foi fu-Quero dizer, enlouquecedoramente incrível", diz
Owen admirado.

"Oi, mamãe. Eu preciso de um pouco de água" diz Ethan, e


se afasta para o bebedouro de água, enquanto Owen e eu
reunimos nossos chapéus, casacos, cachecóis e outros
suprimentos para enfrentar a neve para um almoço rápido na
Wendy Diner e, em seguida, para o estúdio.

Meu irmão pode ter tido a ideia certa. Porque o primeiro dia
de volta ao estúdio de gravação é como o início do treinamento de
primavera. Quando eu ligo o interruptor de luz ao lado da porta de
Gnarled Sunrise Studios, eu tenho a mesma sensação de começar
de novo, enquanto eu entro na sala ao vivo, tocando o microfone,
olhando através das familiares janelas na sala de controle.

Isso deve ser o que os jogadores de beisebol sentem quando


andam no vestiário para o treinamento na primavera na Flórida
depois de um inverno longe do jogo. É a sensação de tirar a
poeira, esticando seus músculos, voltando ao movimento. Talvez
aqui, na minha matéria-prima, eu encontre inspiração. Se a
melhor música vem do coração, então talvez este seja o lugar que
eu deveria estar procurando.

"Isso é tão legal!" Ethan faz voltas ao redor da sala e bate


nas paredes com as palmas das mãos. Ele corre para o meio da
sala, e agarra o microfone. "Tenha cuidado", eu digo, mas ainda
ligo para ele.

"Tio Owen! Você pode ouvir isso?"

Owen acena com a cabeça vigorosamente do outro lado do


vidro. Ele está sentado na sala de controle, os equipamentos
espalhados diante dele.
"Mas não deveria ser à prova de som?" Ethan pergunta.

A voz de Owen assobia para a sala. "É a prova de som. Mas


é para que as pessoas fora do estúdio não possam ouvir, tipo
alguém andando pelo corredor."

Ethan bate na testa. "Duh! Eu pensei que ninguém pudesse


ouvir." Ele, então, anda ao redor do estúdio, os tênis praticamente
inaudíveis sobre o piso de madeira. Não só as madeiras que
Jeremy implantou acrescentam ao ambiente, eu adoro a calorosa
e íntima sensação caseira da madeira, elas também fazem um
trabalho surpreendente na absorção de som. Já usei minhas
botas mais altas no estúdio, o tipo com saltos perversamente
altos, e é como se alguém abaixasse todo o volume das solas.

"Tudo bem, Ethan. Eu vou cantar. Quer tocar uma guitarra


imaginária?" Pergunto.

"Yeah!" Ele pega a sua guitarra imaginária, pronto para


dedilhar.

Vamos com "Mixed Messages", depois "Physical". Owen me


dá um polegar para cima de seu lugar dentro da sala de controle.
"Agora, só precisamos, oh, digamos, pelo menos mais seis
músicas."

"Mas sem pressão, realmente."

"Nenhuma."

"Na verdade, eu estava pensando em fazer um álbum de


duas músicas. Oh, espere, isso seria um single com um lado B,
não é? E alguns diriam que é o futuro do negócio", eu acrescento,
provocando-o, e provocando a mim mesma. E embora eu não
esteja cantando uma música nova, eu me sinto melhor estando
aqui.
Então meu celular toca. É Aidan. "Olá?"

"Oi, Jane. Como você está?”

"Bem. O que posso fazer por você? "

Não é como se ele estivesse ligando para conversa fiada.


Nós não fazemos mais isso. Já não ligo pra ele para compartilhar
histórias bonitas do Ethan, como eu fazia quando estávamos
juntos. Naquela época, eu iria deixar mensagens durante o dia,
quando ele estava ensinando. Eu diria: "Você sabia que seus
professores de pré-escola o chamam de o prefeito do dia de
Manhattan porque ele conhece todas as crianças, e todos os pais,
e diz oi para todos?" Ou "Ethan insistiu em fazer meu café da
manhã de hoje, então eu tive pão com uvas passas, passados em
leite e açúcar mascavo. Yummy ".

Não foi Ethan que deixou de ser adorável. É que você deixa
de compartilhar as histórias bonitinhas quando você se divorcia.

"Eu queria verificar novamente sobre a reunião. A que eu


lhe pedi para participar. Você disse que iria considerar" diz ele.

Eu vou para o corredor. Eu tinha quase esquecido do seu


pedido. "Eu vou ser honesta aqui, Aidan. Eu tenho um monte de
coisa. Minha gravadora precisa de um álbum que eu mal escrevi,
eu tenho alguns shows chegando, e então há aquele pequeno
problema de levantar o nosso filho metade do tempo."

"Eu sei", diz ele com simpatia. "E se você quiser dizer não,
eu entendo completamente e respeito isso. Eu simplesmente
queria perguntar."

"Ugh", eu gemo, e sua resposta me lembra de como o nosso


casamento era. "Por que você tem que ser agradável e atencioso
pra caralho o tempo todo?"
"Porque eu me preocupo com você, Jane. Você é a mãe do
meu filho. E você é uma pessoa muito legal também", diz ele,
como se a resposta fosse óbvia. "Eu sempre me preocupei com
você. E sempre vou me preocupar.".

Sinto um nó na minha garganta, e as lágrimas que


surgiram nos meus olhos no estúdio de karate aparecem
novamente. Eu odeio que eu ainda me sinto assim. Desejo por um
momento que ele fizesse mais fácil para eu odiá-lo. Ele não
poderia, pelo menos, ter tido a coragem de me trair? Ele não
poderia, pelo menos, ter me dado a satisfação de ter tido uma foda
rápida em uma banheiro? Um longo e sórdido caso com Tom?

Mas ele não é essa pessoa. Ele é um cara bom. Ele é um


homem bom. Ele é um ótimo pai, e ainda, por vezes, tudo o que eu
quero é ser Alanis Morissette com ele.

Como a noite em que apareci em sua nova casa um mês


depois que ele me deixou. O choque inicial tinha passado e raiva
havia se estabelecido. Natalie tinha vindo com comida chinesa, e
depois que eu desabafei – lamentei e chorei - pedi para ela ficar
com Ethan enquanto ele dormia porque eu precisava visitar o meu
ex para falar o que eu pensava.

"Onde está o Tom?", Perguntei depois que ele me deixou


entrar.

"Ele está trabalhando. Nós não vivemos juntos", disse Aidan


calmamente. "Onde está Ethan?"

Eu bati na minha testa. "Eu sou tão estúpida! Deixei-o em


casa sozinho. Você acha que ele pode lidar com isso?"

Aidan não mordeu a isca. Ele simplesmente disse: "O que


posso fazer por você?"
"O que você pode fazer por mim?" Eu repeti, quando
comecei a passear pelo seu apartamento. "O que você pode fazer
por mim? Você poderia revirar os olhos. Você poderia dizer algo
desagradável quando eu faço uma observação sarcástica. Você
pode levantar a sua voz. Que tal isso?"

Aidan se inclinou contra a bancada em sua cozinha. "Qual


seria o ponto de tudo isso?"

"O ponto? Oh, eu não sei. Talvez para demonstrar que você
tem uma emoção. Mas esse é o problema, não é? Você não tem
nenhuma emoção para mim. Não, nem uma única. Assim, você
pode ficar ali todo legal, casual e despreocupado. Mas o que dizer
de mim?"

"O que tem você?"

"Você me enganou por anos! Você me fez uma tola. Você me


fez sentir tão estúpida." Eu empurrei minhas mãos pelo meu
cabelo, raiva como eu nunca havia sentido antes subindo através
de mim.

"Eu sinto muito, Jane. Eu nunca quis machucar você. Você


tem que saber disso."

"Você sente muito? Quem se importa que você está


arrependido? Você não poderia ter descoberto, oh, digamos, talvez
quando tinha vinte anos que preferia homens? É pedir muito?"

"Eu não casei com você pensando que isso iria acontecer.
Eu juro."

"Você beijou um cara na faculdade, Aidan", eu disse mais


calma desta vez. "Não lhe ocorreu que você pudesse ser gay?"

Aidan se virou em seguida, pegando dois copos e enchendo-


os com água de seu filtro Brita na geladeira. "Tome um pouco de
água."

"Eu não quero água! Eu quero saber por que você me levou
a diante. Eu quero saber por que você dormiu comigo. Eu quero
saber por que você não contou antes de se casar."

Ele tomou um gole do seu copo. "Eu não sabia na época.


Eu não tinha certeza. Isto não tem sido fácil para mim, também."

"Foda-se que não tem sido fácil para você! Você é um


covarde, Aidan Stoker. Um covarde. Você não poderia nem mesmo
me contar sem ajuda. Você precisou de um amigo para revelar.
Você tem alguma ideia de quão humilhante foi?"

Ele apenas balançou a cabeça.

"Bem, eu espero que você nunca tenha que saber."

Então eu peguei seu telefone sem fio no balcão da cozinha.


Estendi a mão para ele, levantei o braço sobre minha cabeça, e
joguei tão duro quanto eu podia na parede mais distante da sala
de estar. Ele bateu na parede e caiu no chão de madeira com um
som satisfatório, cuspindo sua caixa de bateria e bateria. Aidan
atravessou a sala, pegou o telefone, e colocou suas peças de volta.
Então, ele voltou para a cozinha e colocou-o a salvo de volta na
base.

Ele pegou meu braço. A sensação de sua mão em torno de


mim me doía muito, me queimando com tudo o que eu pensava
que significava, e tudo o que ele nunca foi.

"Sinto muito, Jane. Eu nunca quis te usar. Eu nunca quis


levar a diante. Eu te amei. Ainda te amo. Eu só não ..." Ele deixou
sua voz morrer. "Eu gostaria de poder dizer alguma coisa para
fazer você se sentir melhor."

Eu balancei minha cabeça e coloquei minha mão na


maçaneta da porta. "Você não pode."

Agora, aqui no salão, as fatias de dor vêm através de mim


novamente. Lembro-me mais uma vez dos conselhos da Kelly, de
que talvez eu possa ajudar alguém. Talvez essa dor será útil para
alguma outra mulher enfrentando o mesmo tipo terrível de
autodúvida.

"Tudo bem. Mande-me os detalhes por email." digo-lhe e,


em seguida, digo adeus, e a dor é imediatamente substituída pela
raiva.

Seguro com força meu telefone, lutando muito contra a


vontade de jogá-lo na parede. Em vez disso, Eu volto para o
estúdio, passo por Owen, sentado à mesa de som com Ethan em
seu colo. Eu empurro com força a porta do cômodo e pego a
guitarra mais próxima. Eu coloco por cima do meu ombro e
empurro minhas mãos pelo meu cabelo, puxando-o para longe do
meu rosto, com um rabo de cavalo para tirá-lo do caminho.

Sem sequer olhar pela janela para a sala de controle, eu


posso sentir dois pares de olhos em mim. Eu posso dizer que meu
irmão e meu filho estão ambos me observando,
interrogativamente, imaginando o que está acontecendo quando
eu começo a tocar.

Mas eu não me importo com quem está assistindo. Eu só


foco nas paredes, no chão, no microfone tão perto do meu rosto, e
em ouvir as batidas já se formando, os acordes que vêm junto, a
melodia da minha raiva, raiva de mim mesma, caindo no lugar,
enquanto eu toco a guitarra .

Dez minutos mais tarde, eu arranjo as palavras no topo,


brutas como as notas, brutas como as minhas emoções.
Não me peça

Para ser seu amigo

Não me peça para ser sua representante

Eu não quero ser seu porta-voz

Então, não, apenas não, por favor, não me peça

Eu vou balançar a cabeça, rejeitando-o

Mas as palavras não saem dessa forma

Então, por favor, não me peça, oh não peça, oh não peça, oh


não peça

***

Mais tarde naquela noite, eu estou sentada no meu deck,


meu deck da sorte, ouvindo meu segundo álbum no meu iPod. De
volta a quando eu pensei que eu era feliz com o meu marido.
Quando eu achava que sabia o que era amor. Mas eu era uma
tola, e essas músicas estúpidas soam bastante tolas agora.

Eu arranco os fones dos ouvidos, desligo a música,


desejando que eu não sentisse tantas emoções malditas
misturadas de uma só vez - o começo de algo com Matthew, e os
efeitos colaterais do fim de Aidan. O problema é que apenas um
desses sentimentos traz a música. Eu finalmente consegui uma
música decente, mas veio de Aidan, a partir da cicatriz do fim do
meu casamento que eu ainda tenho. Nem uma única nota solitária
veio de prazer. Mesmo a única música que escrevi sobre Matthew
não era sobre felicidade - resultou da confusão.
Eu quero seguir em frente musicalmente, e quero ser feliz
pessoalmente. Mas esses bons sentimentos por Matthew não vêm
com todas as notas; eles não estão emparelhados com música;
eles não provocam melodias. Talvez seja apenas a parte quebrada
do meu coração que pode produzir uma música, não a parte que
poderia ser finalmente curada.

E se isso for verdade, eu estou muito bem ferrada.


Capítulo Quinze
Eu ligo para Matthew de manhã, quando acordo. Ainda
estou na cama, minha voz um pouco rouca de sono.

"Você está de volta a cidade?"

"Na verdade, eu estou."

"Escrevi uma música neste fim de semana", digo a ele.

"Excelente. Quando recebo uma prévia?"

"Você realmente não é de rodeios, não é?"

"Que tal amanhã de manhã no Central Park?"

"O que tem no Central Park amanhã de manhã?"

"Mãe Goos", declara, referindo-se a zeladora dos gansos do


Central Park.

"Ela está de volta? Eu amo a Mãe Goos! Não a vejo há


anos."

"Disseram que ela esteve na Califórnia por um tempo, mas


está de volta e tem sua carroça. Encontre-me na esquina da
Seventy-Ninth com o Central Park West, às oito e meia. Eu estarei
lá com o meu cachorro."

"É como encontrar o médico. Tão emocionante. Eu estarei


lá. "

"E Jane", diz ele, em seguida, fazendo uma pausa. "Eu mal
posso esperar para ver você."
"O mesmo aqui", digo, indo até a cozinha para fazer um
chá, desejando que este desejo, essa saudade, se tornasse uma
canção.

***

Eu faço uma varredura para cima e para baixo no Central


Park West procurando Matthew. Mas ele não está aqui. Fico
parada no banco mais próximo e ouço Arcade Fire no meu iPod.
Fecho meus olhos durante a parte lenta de uma das músicas, e
então sinto a inconfundível sensação da respiração de um
cachorro em minhas pernas. Abro os olhos e puxo os fones dos
meus ouvidos.

Matthew está na minha frente, e eu sorrio


instantaneamente ao vê-lo. Já tem uma semana desde que o vi, e
ele esta tão bonito, aqueles olhos azuis me olhando, a maneira
que eles brilham cheios de diversão. "Matthew Harrigan está
atrasado. Ou então Jane Black acha que ele está. Mas o que ela
não sabe é que o inteligente Sr. Harrigan disse a Jane para estar
aqui às oito e meia para garantir que ela estaria aqui na hora
certa. Nove".

Eu não posso evitar um pequeno sorriso se formar em


minha boca. "Você me enganou".

Ele estende a mão para mim e eu de bom grado aceito,


levantando-me do banco. "Eu não tinha escolha. Mãe Goos é
famosa por sua pontualidade e eu precisava de você aqui na hora
certa."

Eu aponto para o grande cão loiro. "Eu gosto do seu cão."


"Eu disse a ela tudo sobre você."

Isso me faz sorrir e querer sufocá-lo com beijos também.


Em vez disso, curvo-me para acariciar seu cão na cabeça. Ela é
uma cachorra grande, provavelmente uns 36 kg ou mais, e parece
que um pouco de cão de caça, um pouco de husky, e um pouco de
Labrador foram lançadas no copo de mistura para fazê-la. Ela tem
uma pelagem espessa de husky, quadris de cão de caça, orelhas
macias, e os grandes olhos castanhos atraentes. "Ela é adorável",
eu digo.

"Obrigado. Vamos?" Ele aponta para o parque. Nós


caminhamos pela Lagoa das Tartarugas, ao norte da rua Seventy-
Ninth. Ele me guia a um banco não muito longe da lagoa.

Eu vi mãe Goos antes. Ela é uma instituição do Central


Park, mas foi para o oeste por um tempo, e agora, evidentemente,
está de volta. Às nove horas, ela se dirige para o caminho a pé, o
cabelo curto, cinza que espreita para fora sob seu boné dos
Yankees, e suas botas de chuva verde-oliva. Ela liga o motor a
vapor do vagão vermelho Radio Flyer, com a placa de licença do
Estado de Nova York, com “GOOS MOM” escrito nele. Seu ganso
de estimação, com a cabeça preta e listra branca, senta-se dentro
da cesta, guardando a ração de ganso ao lado dele. Quando eles
chegam ao lago, o ritual se desenrola. Os gansos voam dentro e
esperam pacientemente na água enquanto ela pega vasilhas de
um galpão. Ela enche cada uma com comida de ganso, coloca-as
simetricamente ao redor da lagoa, e, em seguida, bate palmas três
vezes. Em seguida, eles correm até a comida.

"Eu gostaria de saber quem ela é. Você já falou com ela?"

Ele balança a cabeça. "Não, mas às vezes eu invento


histórias na minha cabeça sobre quem ela é e por que ela cuida
dos gansos do Central Park."

"Você gosta de histórias, não é?"

"Bem, você também. Você conta histórias em suas músicas.


Eu faço isso na minha escrita."

"Mas só as suas são de verdade", eu indico.

"Olha o sujo falando do mal lavado".

"O que você quer dizer?"

"A sua música, especialmente seu último álbum, só poderia


ser verdade também. Fiel aos seus sentimentos", diz ele,
brincando com seu cachorro, que senta obedientemente aos seus
pés. "Seu último álbum foi direto do coração. É por isso que
tantas pessoas sentiram-se conectadas a ele."

Direto do coração. Isso é exatamente como eu escrevi


Crushed. Mas eu não posso escrever com o coração agora. Eu só
posso escrever quando está doendo. Não quando ele está
palpitando para este homem ao meu lado.

"Você sabe disso, certo?" Continua ele. "Às vezes eu acho


que você não percebe o que sua música tem feito para as
pessoas."

Dou-lhe um olhar de soslaio, como se ele fosse louco.

"Você tem alguma ideia de quantas pessoas cantam suas


canções mais e mais?"

"Sim, quando eles estão sofrendo", acrescento, em voz


baixa.

"Então? O que há de errado nisso? A música cura. Você


provavelmente ajudou a curar corações." Ele bate na minha mão
novamente, e o menor toque dele envia uma faísca através de
mim. "Falando nisso, e a prévia da sua música?" Matthew pede.
Ele abre sua mochila e tira seu caderno de repórter que se tornou
tão familiar para mim agora.

"Então, isso vai ser difícil, para não mencionar a capela".

"Anotado".

Portanto, no banco do parque, aconchegada em meu


casaco, no topo de uma colina gramada, umas centenas de metros
da Mamãe Goos, que agora está de pé, com as mãos nos quadris
observando seu rebanho, eu canto, como ele diz que eu faço, sobre
o que é verdadeiro, fiel aos meus sentimentos. Eu canto "Do not
Ask" Eu canto sobre minhas frustrações, minha dor, minha raiva
persistente. Quando canto, fico mais nervosa do que eu esperava
sobre a sua opinião.

"É boa. Faz-me lembrar de algumas das músicas de


Crushed."

"Você não gosta dela."

"Eu gostei. É boa. É a sua melhor canção? Não. Mas é boa.


E vai ser ainda melhor quando você poli-la." Ele faz uma pausa, a
caneta correndo por todo o papel pautado para registrar suas
anotações. "Algo mais?"

"Não é a minha melhor canção?" Eu digo, levantando uma


sobrancelha.

Ele coloca o notebook para baixo e sorri. "Você sabe que eu


gosto do seu trabalho. Você sabe que eu amei o seu último álbum.
Eu lhe disse o quanto. Mas eu sou um crítico também. Este é o
meu trabalho."

"Então," eu começo, pegando o caderno e adotando minha


melhor pose de repórter. Eu abri uma página em branco e tirei a
caneta da mão dele. "Conte-me sobre o crítico de rock em você,
Matthew Harrigan. Como você soube que queria ser um crítico de
rock?"

"Eu vou te dizer, mas isso é quase como o seu fetiche Olivia
Newton-John."

"Oooh, um fetiche", eu sussurro. "O crítico de rock tem um


fetiche."

"Meus pais eram ambos produtores da BBC."

"Esse é o fetiche?"

"Não, isso foi o trabalho deles."

"Isso é tão britânico."

"Sim, eu sei. Uma coisa engraçada – nós somos ingleses. De


qualquer forma, é assim que eles se conheceram, trabalhando na
BBC".

"Mas eu pensei que você fosse..." Eu deixei minha voz


morrer.

Ele levanta uma sobrancelha, desafiando-me a perguntar.

"Bem. Eu só vou dizer isso." eu cuspi. "Pensei que você


fosse um barão".

Sua boca se curvou em um sorriso. "Muitos dos intitulados


ainda têm emprego."

Eu sorrio de volta, porque isso é o mais próximo de uma


admissão que eu vou conseguir.

"Meu pai tinha essa coleção de discos absolutamente


insana. Ele tinha cópias piratas de todas as grandes bandas de
rock inglesas. Ele era um daqueles caras que realmente postavam
anúncios e respondiam a anúncios em revistas de colecionador,
você sabe, comércio ilegal com outros colecionadores. Tivemos
Pink Floyd, Rolling Stones, Beatles, Led Zeppelin, Cream. E nós os
ouvíamos mais e mais. Então, realmente, eu não tinha escolha."

Eu escrevo em letras maiúsculas grandes: SEM ESCOLHA.


Então o espio como se estivesse usando óculos com aros de
tartaruga. "Mas onde está o pé quente e a parte do collant desta
história?"

"Ah, então como é que tudo isto se conecta? Bem, eu fiquei


totalmente obcecado com a música. E eu comecei a ler Billboard.
E, porque meus pais trabalhavam na BBC, eles recebiam a lista
top 100 uma semana antes de ela realmente ser publicada. Não
era nada de especial; todos os meios de comunicação faziam. Mas
eu pensei que era a coisa mais legal do mundo. Então eles
costumavam trazer as miseráveis impressões matriciais preto-e-
branco da lista do top 100 para casa todos os domingos, que era
nove dias antes da publicação na terça-feira seguinte. E eu os
amava. Eu revesti minhas paredes com estas impressões. Então lá
estava eu, um menino de dez anos de idade, em meados dos anos
noventa, que vivia nos arredores de Londres, e eu não tinha carros
ou esportes ou até mesmo cartazes de música. Eu tive este tipo de
impressões ridículas de listas de músicas em seu lugar. E então
eu usava um marca texto de semana em semana para traçar o
movimento das canções".

"Você era um tipo de nerd da música ao que parece."

"Eu era um nerd total de música", ele repete.

A Doctor olha para cima quando uma mosca vibra


passando. Em um lampejo de pele loira, ela pula e pega a mosca
em sua boca. "Sua cachorra tem um pouco de sapo?", Pergunto.
"Ela é mestiça, o que posso dizer? Aparentemente, seu pai
era um inseto saltador de cercas. O pai sapo, que é".

"Então, Doctor. Uma espécie de nome estranho para um


cão. Eu teria pensado talvez em Clash. Ou Clapton. Ou Maxwell
Silver Hammer."

"Ah, você deve me achar um caipira. Que eu não me


aventuraria além do mundo da música".

"Não. Eu não acho isso."

"Eu gosto de ler também. Então talvez eu poderia ser mais


criativo que Clash ou Clapton ou Maxwell Silver Hammer, não que
esses não sejam nomes inteligentes."

"Então por que ela não é Hamlet, Ofélia ou para que o


assunto?"

"Ou Cleópatra."

"Ou Shakespeare, uma vez que alguns dizem que ele era
uma mulher."

Ele levanta uma sobrancelha. "Você não assiste TV


britânica, não é?"

"Você está certo. Eu não assisto TV britânica. Então, qual é


a história?"

"Nós tivemos este cão quando éramos crianças. Uma


espécie de vira-lata Inglês diferente do normal. Nós amamos esse
cão, mas odiávamos o seu nome. Nossa mãe tinha a chamado de
Bitsy. Que nome horrível para um cão, você não acha?", Pergunta
ele, olhando para mim.

"Não é o meu nome favorito", digo diplomaticamente.

"Então, William e eu fizemos um pacto. Nós éramos muito


fãs de Doctor Who. E nós sempre dizíamos a frase 'Eu sou O
Doctor' juntos depois de assistirmos a um episodio. Então nós
decidimos que se um de nós adotasse um cão, nós lhe daríamos
um bom nome. Não Bitsy ou Lady ou qualquer coisa assim. Mas
Doctor. E vendo que William está apenas na faculdade, e eu o
venço com o soco, então eu tive preferência sobre o nome de cão
mais legal de todos".

"Eu gosto disso. É um nome inteligente para um cão."

"Muito obrigado. Eu sempre quis impressionar uma mulher


com as minhas habilidades de nomear um cachorro."

"Bem, você conseguiu então", eu disse, e passei a mão no


seu cabelo por apenas um momento. O momento mudou de
sedutor para terno quando ele inclinou-se em minha mão. O gesto
parece tão íntimo, tão parecido com o que um namorado ou
namorada faria. Em ambos os lados.

A Doctor olha de volta para nós, pacífica e satisfeita. Em


seguida, ela chicoteia a cabeça em direção ao lago. Então emite
um rosnado baixo para um poodle cinza escuro empinado, usando
um colar incrustado de strass vermelho.

"A Doctor odeia poodles", Matthew diz como justificativa.

Aparentemente, a Doctor odeia muito poodles. Porque ela


sai correndo. Ela está galopando, lançando-se violentamente ao
outro lado da grama para o canino que ela despreza, sua coleira se
arrastando atrás dela. "Maldição", diz Matthew com um gemido e
vai persegui-la. Eu o assisto correndo para pegar seu cão,
agarrando-a exatamente quando ela está prestes a atacar uma
massa de cão com um estranho cabelo cinza, crespo, praticamente
com permanente.
Eu olho para baixo e percebo que ainda estou segurando o
caderno de Matthew na minha mão. Eu vejo minhas próprias
anotações bobas da minha entrevista simulada com ele. Folheio
algumas páginas para trás para tentar encontrar o local onde ele
parou antes de eu pegar. Eu vejo a nota que ele escreveu antes na
cozinha: Jane Black tem uma música para o novo álbum. Tudo
está bem. Eu sorrio um pouco com a memória, pela sua gozação
ao escrever isso.

Então percebo que há mais em baixo, as notas que ele deve


ter tomado quando eu fui ao banheiro. Estas notas não estão em
letras maiúsculas. Eles estão em sua caligrafia irregular e
inclinada. Jane Black está na seca com relação ao seu novo álbum.
Menos de 12 dias e ela não tem nada além de uma música cover.
Ela afirma que pode escrever um álbum inteiro em 12 dias. Nota:
pesquisas anteriores álbuns escritos rapidamente. Doze dias parece
insano. Prosseguimento: Pergunte novamente sobre o estado normal
do seu modus operandi. Será que ela escreve todos os álbuns desta
forma? Ela pode fazer dentro do prazo? Se assim for, qual será o
impacto disso?

Que diabos?

Eu levanto os meus olhos do caderno e vejo Matthew


conversando amigavelmente com o dono do poodle. Ele agarra a
coleira do seu cão, mas parece que ele já esqueceu o tumulto de
antes.

Volto para as suas anotações. Envolva a música. Ele


escreve como se fosse um palavrão. Foi a maldita ideia dele depois
de tudo.

Ela discute. Deixe-o tentar escrever um álbum quando um


crítico de rock está seguindo-o.
Pergunte a ela novamente. Sim, pergunte-a mais uma vez,
realmente. Porque esse é o ponto disso tudo. Fazer-me perguntas.
Obter informações. Escrever uma história. Meu Deus, eu fui tão
estúpida em pensar que seus e-mails eram verdadeiros. Que seus
beijos eram reais. Tudo o que ele quer era me perguntar
novamente sobre o prazo do álbum. Ele quer me pressionar sobre
o que escrevi até agora. Ele quer saber se eu posso fazer o meu
prazo para que ele possa fazer o seu.

Eu atiro com força o caderno de Matthew no banco, cruzo


os braços, cerro os dentes e espero ele voltar. Logo, ele está
andando direto em direção a mim, a Doctor ao seu lado. Ele olha
para mim com curiosidade.

"O que está errado? Você parece chateada."

"Existem algumas coisas que você queira me perguntar,


Matthew?", Eu pego o caderno e abro na página ofensiva.
"Pergunte novamente sobre o estado normal do seu modus
operandi," leio para ele. Então agito o caderno e digo: "Então, vá.
Pergunte".

"Jane", diz ele suavemente.

"Bem, eu vou te dizer. Eu não tenho um modus operandi


normal. Eu só escrevo o que eu escrevo. Ah, e isso é em parte
porque ninguém deu a mínima quando eu produzi outro álbum
até agora. Porque eu costumava ser uma merda. Lembra-se?"

"Ok", ele diz, ainda um pouco desconfiado de mim.

Eu olho para o caderno. "Se eu posso fazer o meu prazo,


você quer saber? Sim. E vamos abordar este último item. “Jane
Black está na seca”. Então eu olho para ele.

"Ok..."
"Bem, isso não é uma coisa muito agradável para dizer, é?"

"É falso?", Pergunta ele, finalmente me respondendo de


volta. Bom, porque eu amo uma boa luta. Eu não quero um
homem que só concorda.

"Esse não é o ponto."

"Mas esse é o ponto. Você está lutando para escrever, não


é?"

E é tudo culpa sua, eu quero dizer. É tudo culpa sua, porque


estou completamente distraída por você, e não posso escrever
quando tudo que penso é o quanto eu amo suas mãos em mim e
seus e-mails e nossas conversas e sua encantadora e irresistível
personalidade. "Sim, eu estou. Mas por que você tem que escrever
assim?"

"Essas são notas. Não é a história completa. Eu ainda nem


comecei a escrevê-lo", diz ele suavemente, mas eu não vou ser
seduzida.

"E," eu continuo, tocando o dedo indicador contra o bloco


de notas para enfatizar "você escreveu apenas uma música cover.
Foi ideia sua que eu fizesse uma música cover!"

"E você deve fazer a música. Mas você também tem um


prazo."

"E você também, aparentemente."

"Eu quero que nós façamos os nossos prazos", diz ele,


suavizando. "Mas vamos ser honestos aqui. Você é que tem o
bloqueio de escritor, não é?"

Suspiro profundamente e fecho os olhos. "Sim."

"Bem, o que podemos fazer sobre isso? Posso ajudá-la de


alguma forma? Levá-la para a propriedade da família na Inglaterra
e deixá-la escrever em paz?"

Abro os olhos e encontro os seus azuis cintilantes. Ele


admitiu. Para mim.

"Você é? Um barão?"

Ele balança a cabeça, em seguida, coloca um dedo sobre os


lábios. "Não diga a ninguém."

"É o nosso segredo."

Ele se aproxima de mim. Esta segurando a coleira do cão


em uma mão e coloca a outra mão na minha perna, roçando a
minha coxa. Um pequeno gemido escapa da minha garganta.

"Nós temos outros segredos também", diz ele em uma voz


baixa e sexy.

"Será que nós temos, mesmo?", Pergunto. "São verdadeiras


todas as coisas que você diz em seus e-mails? Ou as coisas em
seu caderno que são?"

"Elas são todas verdadeiras." Ele olha para mim e se ele


está mentindo, eu não saberia. Seus olhos são tão puros, tão
sinceros enquanto ele fala para mim. "Tudo o que eu digo a você é
verdade. Eu nunca mentiria para você ou te manipularia. Você
tem que saber isso. Eu não faria isso com ninguém. Mas eu
também sei o que você passou, e nunca iria brincar com seus
sentimentos", diz ele, em seguida, desliza a mão dentro do meu
casaco, passando os dedos em volta da minha cintura e abaixa a
voz ainda mais. "Você realmente não sabe o quanto eu te quero?
Porque não há palavras suficientes para descrever o quanto.
Insanamente, imensamente, ridiculamente. E eu poderia
continuar."
Suas palavras enviam uma carga elétrica em minhas veias.
"É difícil para mim confiar em um homem," admito.

"É difícil para mim resistir a você", ele sussurra. Em


seguida, levanta sua mão direita e coloca-a suavemente na parte
de trás da minha cabeça, a palma da mão mal descansando
contra o meu cabelo. "Incrivelmente difícil", diz ele, sua voz áspera
com o desejo e insinuações.

Eu estou suando, acelerando de raiva e caindo de cabeça


na luxúria. Mas eu tenho que segurar o sinal de alerta em um
ponto muito importante. "Por favor, não brinque com o meu
coração", digo com uma voz que ameaça romper.

"Eu não vou", diz ele.

Eu escolho acreditar nele. Eu faço a escolha de confiar. E


eu escolho dizer-lhe algo que se tornou claro para mim na noite
passada. Mal respirando, eu digo: "Eu não posso escrever. Por
causa de você."

"O quê?" É como se eu tivesse tirando o ar dele. Ele se


afasta um pouco para me olhar nos olhos.

"Devido a isso." gesticulo dele para mim.

"O que você quer dizer?" Pergunta ele com cuidado.

"Porque eu gosto de você. Porque eu quero você".

"Eu também gosto de você. Eu quero você também. Pensei


que isso estava bem claro", diz ele com um sorriso torto.
"Abundantemente claro. Apenas, você sabe, para falar mais uma
palavra".

Balanço minha cabeça. "Eu gosto muito de você, e isso está


mexendo com a minha cabeça. E não consigo me concentrar na
escrita. As únicas músicas que eu consegui são aqueles sobre
raiva. Como aquela que você disse que soou como Crushed. Não
posso escrever sobre como estou me sentindo, porque eu não sei
como escrever quando estou começando a me sentir assim."

"Será que eu deveria ver como um elogio que sou a causa


do seu bloqueio de escritor?"

"Sim."

"O que nós vamos fazer, então?", Ele pergunta, e eu amo


que ele diz nós, que de alguma forma estamos juntos nessa. "O
que você quer fazer a respeito?"

Desde o início, eu não tenho ideia. Mas, então, deixo essa


palavra ressoar. Querer. Eu sei o que eu quero. Eu sei o que eu
preciso. Porque esta é a forma como o casal da Starbucks começa.
Isto não é cálculo diferencial. Isto não é japonês. Este é o serviço
postal e Rilo Kiley. Este é Johnny Cash e Arcade Fire. Não estou
imaginando isso. Neste momento, tenho zero dúvidas sobre
homens e mulheres.

"Eu sei o que quero", digo, e minha voz é sussurrada


enquanto ele desliza seu polegar ao longo do meu queixo.

"Diga-me."

"Eu quero quebrar a sua resistência", sussurro.

Ele fica tenso por um momento, e depois segura meu


queixo, então estou olhando para ele. "O que você quer dizer?"

Jogo a precaução ao vento e deixo que as palavras saiam,


segurando seu olhar o tempo todo. "Com bloqueio de escritor ou
sem bloqueio de escritor, eu só quero tocar em você. Está me
deixando louca não fazer isso. Quero tirar sua roupa, e sentir você
todo. Quero minhas mãos em seu corpo. Quero saber como você
reage a mim. Eu quero provar você. Quero ter você na minha
boca."

"Foda-se", diz ele, expirando uma longa corrente de ar.

"Posso?" Eu olho nos olhos dele, precisando disso tão


desesperadamente. "Eu quero você todo para mim."

Ele me olha como se estivesse tonto; sua expressão é


nebulosa. Ele balança a cabeça várias vezes, como se estivesse
tentando limpar seu cérebro enquanto desliza a mão no queixo.
"Eu vou te dizer uma coisa sobre os homens heterossexuais", diz
ele, e então engole. "Quando você está com uma mulher, e ela diz
que quer te chupar, nunca há qualquer resposta, apenas sim. E
agora. Então me deixe chamar a porra de um táxi imediatamente."

Minutos depois, chegamos a sua casa.

Imaginava o apartamento de Matthew transbordando de


registros. Mas eu não vejo um único pingo de música - não há um
aparelho de som, um leitor de iPod, ou uma coleção requisito-
muito-legal-para-escola de vinil, e suas prateleiras estão cheias de
livros. Mais de Raymond Chandler e James Ellroy, e as obras
completas de Shakespeare. Ele diz a Doctor para se deitar no sofá,
e ela obedece imediatamente, curvando-se em uma bola. Ele tira
as botas e as meias, e então ele levanta uma sobrancelha,
inclinando a testa para o quarto.

Estou nervosa, mas ao mesmo tempo não. Porque o quero.


Ele me quer. E agora tudo o que quero é deixá-lo louco por mim.
Talvez isso me faça egoísta. Talvez isso me faça parecer carente.
Talvez eu pareça ambos, e muito mais. Pego sua mão porque
comecei isso e o guio até seu quarto.

Ele fica ao lado da cama, com os braços bem abertos. "Você


está no comando. pode fazer o que quiser."

"Eu posso?"

Ele balança a cabeça. "Sim. Eu quero que você faça o que


quiser."

Seu corpo é o meu parque de diversões.

Pressiono meus dentes contra os meus lábios, afiados,


arrepios doces irradiam da minha barriga até as pontas dos meus
dedos. Eu fico mais perto e alcanço o botão da sua camisa de
manga longa. Puxo-o, meus dedos arranhando a dura superfície
plana de seu estômago. Ele prende a respiração quando o toco, e
aguardo sua reação para guardar no meu arquivo de momentos
surpreendentes. Em seguida, ele levanta os braços para mim, e eu
tiro a sua camisa, tomando meu tempo puxando-a sobre a sua
cabeça, para que eu possa beber dele com os meus olhos. Eu
corro minhas mãos para baixo em seus braços, saboreando a
sensação de seus músculos tonificados. Ele não é um sarado de
academia; ele só está em boa forma, e eu amo tudo sobre o seu
corpo. Eu exploro seu peito, e ele fecha os olhos por um momento,
seu peito subindo e descendo enquanto eu aprendo os contornos e
a forma dele. Paro minhas mãos no cós da calça jeans,
arrancando um gemido baixo dele. O som é inebriante, e envia
uma onda de calor entre as minhas pernas. Mas é claro que eu
estou excitada. Nunca tive duvidas disso. Eu quero deixá-lo
excitado, quero fazê-lo gozar, vê-lo perder o controle por mim.

Eu desabotoo sua calça jeans, em seguida, abaixo o zíper, e


eu estou tão fodidamente ansiosa para tocá-lo, sentir o que eu
faço com ele, para descobrir que eu posso fazer isso com um
homem . Ele enfia os dedos no meu cabelo. "Por favor", sussurra.

Ajoelho-me e abaixo seu jeans, e ele está usando cuecas


boxer preta justas que revelam tudo. Estou inflamada. Estou toda
quente quando coloco a mão em sua ereção através do algodão de
sua cueca. Ele está tão duro, e se contorce contra a palma da
minha mão, e isso é tudo por minha causa. Eu inclino meu rosto
contra ele, inalando-o, sentindo o quanto ele está pronto para
mim.

"Eu preciso tirar todas essas roupas", digo, enquanto traço


meus dedos contra sua cueca.

"Sim, você precisa."

Pressiono minha mão contra a sua barriga lisa, e empurro-


o para a cama. Ele cai facilmente, dando-me um sorriso rápido,
fazendo com que o lado travesso e brincalhão dele reapareça
brevemente. Ele se apoia em seus cotovelos, olhando para mim
enquanto eu tiro sua calça jeans, deixando-a em uma pilha no
chão. Então minhas mãos fazem seu caminho pelas suas pernas,
até chegar ao cós de sua cueca boxer, e eu as puxo para fora,
minha boca salivando de ver o quanto ele está duro.

Estou completamente vestida e ele está totalmente nu


deitado em sua cama, e esta assimetria é o que eu preciso mais do
que o ar no momento. Sua respiração superficial cresce, seus
olhos se arregalam quando ele me assiste envolver uma mão em
torno de seu comprimento duro. Eu tremo com o contato, porque
eu amo isso. Estou terrivelmente perdida. Eu tinha quase me
esquecido o que é gostar de estar com um homem que quer o meu
toque, quer minhas mãos sobre ele, minha boca sobre ele.

Mas este homem, meu Deus, é o sentimento mais


emocionante e poderoso saber que ele quer mais de mim. Ele pega
a minha mão, envolve seus dedos com os meus, para que eu
possa apertá-lo mais forte. Cada pequeno gesto dele me afoga
mais profundamente em desejo e poder.

Ele guia a minha mão para cima e para baixo, e sussurra


com a voz rouca: "Deus, eu amo isso pra caralho."

Cascatas de prazer atravessam o meu corpo. "Eu também."

Então ele pega meu rosto com a outra mão, traçando meus
lábios com um dedo. Primeiro a parte de cima, então a parte
inferior. "Eu quero a sua boca em mim, Jane", ele diz, sua voz
áspera e toda faminta, enquanto ele coloca a mão em volta do meu
pescoço e me puxa para perto dele. Eu nunca senti tanto desejo
quanto o de satisfazer a sua necessidade febril.

"Eu quero que você assista", eu digo curvando minha


cabeça para mais perto.

"Isso pode ser arranjado", diz ele, em seguida, suas


palavras se transformam em um gemido alto e glorioso quando eu
corro minha língua pelo seu comprimento duro, provocando-o,
brincando com ele, lambendo cada centímetro fabuloso, e
trilhando beijos molhados quentes ao longo dele, até que ele está
agarrado a mim, e praticamente implorando com o seu corpo para
eu suga-lo todo. Ele enfia os dedos no meu cabelo, e só esse
movimento me deixa louca.

Eu sou poderosa. Eu sou sexy. Eu sou bonita.

Para um homem. Para o homem que eu quero.

Sua respiração acelera quando eu levo-o mais


profundamente, aproveitando cada centímetro dele com meus
lábios, minha boca, minha língua, tudo ao mesmo tempo,
explorando suas coxas, seu abdômen liso, até mesmo o volume
fabuloso de sua bunda com as minhas mãos. Ele geme alto,
soltando uma sequencia de palavrões enquanto eu corro minha
língua para cima e para baixo nele, e eu sorrio tanto quanto sou
capaz, com o prazer da sua resposta para mim.

"Porra", ele sussurra, e então lentamente começa a


balançar seus quadris em mim, sua respiração se torna irregular e
afetada. Em seguida, mais rápida, respirações pesadas, seu peito
subindo e descendo rapidamente. Eu olho para ele, e como
prometido, ele está me observando, seus lindos olhos azuis loucos
de desejo no momento. Sua boca está aberta, ele passa sua língua
ao longo de seus dentes, e eu acelero o meu ritmo, querendo
devastá-lo com um poderoso orgasmo. Eu quero fazer a sua visão
embaçar, reduzindo-o a apenas tremores em seu corpo enquanto o
mundo em torno dele é esquecido.

Isso não é nada como andar em uma moto. Isso é um


milhão de vezes melhor, porque estou a ponto de fazê-lo despencar
do penhasco com a minha boca, meus lábios e minhas mãos, e o
fato de que eu sou a mulher que ele quer.

Ele agarra meu cabelo, e geme meu nome tão alto que os
vizinhos devem ouvi-lo, e nada no mundo poderia me emocionar
mais do que essa reação dele a como eu o faço gozar, suas mãos
segurando minha cabeça apertado como se eu acabasse com ele, e
ele estremece mais uma vez.

Então, eu rastejo até ele, e caio ao seu lado na cama,


sentindo o maior sentimento de realização.

Tudo bem, foi apenas um boquete.

Mas ainda assim, para uma mulher que não era desejada
por seu homem por anos, é como se eu estivesse no meu caminho
de novo, e inferno se isso não é absolutamente fantástico para
mim.
Ele se desloca do seu lado. Passa a mão dos meus seios
para a minha cintura e para meus quadris. "Então, sim", diz ele
com uma voz inexpressiva, balançando a cabeça várias vezes.
"Isso funcionou muito bem para mim. O que você acha?"

Eu sorrio. "Fico feliz em ouvir isso."

Então, ele mexe as sobrancelhas, e brinca com o cós do


meu jeans. "É a minha vez?"

Eu balanço minha cabeça.

Seus olhos se arregalam com surpresa. "Você vai me negar


o grande e absoluto prazer de te chupar?"

Eu sorrio profundamente, amando o jeito que ele fala. "Você


não tem ideia do quanto eu quero isso. Mas eu preciso hoje, agora,
que isso seja unilateral, ok?"

Ele circula a mão no meu pescoço. "Você é uma pequena


megera americana. Você quebrou toda a minha resistência em um
segundo. Você encontrou uma maneira de me transformar em um
jornalista completamente, 100% tendencioso, que mal pode fazer o
seu trabalho corretamente mais por me oferecer um fantástico
boquete do caralho", ele brinca. "E você não vai mesmo me deixar
enterrar meu rosto entre suas pernas lindas e te provar?"

Eu estou morrendo para ele fazer isso, e a doce dor no meu


corpo quase responde por mim. Mas eu permaneço firme. "Talvez
esperar vai me ajudar a escrever, o que vai ser bom para nós", eu
digo.

"É melhor escrever muito rápido, então."

***
de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

horário: 23:01

Assunto: Quantas músicas...

Você já escreveu desde esta manhã? Por favor, diga que


escreveu o suficiente para um álbum inteiro.

de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

horário: 23:08

assunto: Nenhum

Mas eu estou deitada na cama agora, pensando sobre o que


eu neguei para você. E talvez fazendo mais do que pensar ;)

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

horário: 11:09

Assunto: O mesmo aqui

Engraçado, porque exatamente a mesma coisa está em


minha mente também...

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

horário: 23:12
Assunto: Ainda pensando?

???

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

horário: 23:15

Assunto: Espero que eu esteja fazendo um bom trabalho

Será que o meu eu imaginário está me representando bem?

de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

horário: 11:19

assunto: Deixe-me pendurado

É melhor não colocá-la para dormir.

de: janesecretmail@gmail.com

para: thissideofthepond@gmail.com

horário: 11:21

assunto: Mmmm...

Eu menti... Eu estava pensando e fazendo mais do que


pensar sobre o que eu neguei a você, e o que eu fiz para você...
ambos me mantiveram ocupada... talvez amanhã eu acorde
cantando.
de: thissideofthepond@gmail.com

para: janesecretmail@gmail.com

horário: 23:23

assunto: Até amanhã

Um homem pode sonhar.


Capítulo Dezesseis
Jeremy ficou como um sentinela na porta de Gnarled
Sunrise Studios, um andar abaixo da Glass Slipper. Seus braços
musculosos estão nus como de costume e cruzados na frente de
seu peito. A tatuagem de dragão azul no baixo de seu antebraço
começou a desaparecer ao longo dos anos. "Outro dia no
escritório", diz ele, em seguida, dá-me um tipo corpulento de um
abraço e um tapa nas costas.

"A vida é áspera como uma moradora de cubículo, não é?"

Ele segura a porta. Entramos no estúdio, onde Owen já está


estacionado em sua cadeira giratória regular, fones enormes
descansando em volta do pescoço. Seus pés, arrastam-se, batem
nas botas pretas que estão empoleiradas no tampo.

"Então, vamos rever o plano", diz Jeremy, que define as


datas que ele precisa para mixagem e masterização, em seguida,
pressionando o álbum, em seguida, enviá-lo para as lojas e online.
Engulo em seco quando ele recita detalhes. Tenho menos de dois
meses para escrever um álbum que eu apenas comecei. Um álbum
que eu deveria ter terminado antes mesmo de entrarmos em
estúdio.

"Você tem três canções sólidas agora. Portanto, precisamos


de outras seis ou mais e vai estar bom para começar. Talvez até
mesmo revisitar aquelas anteriores que você estava trabalhando.
Veja se você pode fazê-los bem. Temos uma grande campanha de
marketing para entregar. Estamos colocando anúncios na Beat,
Rolling Stone, Spin, Interview, People, Entertainment Weekly
antes do lançamento. Eu também conversei com meu cara da
Apple esta manhã, estes caras da Califórnia estarão às cinco e
meia da manhã. Você acredita que ele me ligou enquanto andava
de bicicleta até Redwood Gulch ou algo assim? E ele não estava
com o mesmo fôlego. De qualquer forma, nós vamos lançar um
single no iTunes, dois meses antes."

Minha cabeça está girando de repente. Tudo é tão grave. Eu


era há pouco uma cantora indie mediana, menos de um ano atrás.

Jeremy me dá um leve soco no ombro. "Jane, eu sei que


você pode fazer isso. Eu sei que você vai fazer isso", acrescenta
com uma voz firme. "Além disso, eu gostaria de lhe pedir para
fazer isso, se você não pode fazer isso?"

Ele não espera que eu responda. Ele balança a cabeça,


respondendo à sua própria pergunta. "Os Beatles lançaram
Please, Please Me e With The Beatles em sessenta e três, e Hard
Day‟s Night e Beatles For sale em sessenta e quatro, Help! e
Rubber Soul, em sessenta e cinco, Revolver em sessenta e seis, o
Sargent Pepper e Magical Mystery Tour em sessenta e sete", diz
ele, claramente impressionado com o feito da banda de Liverpool.
"The White Album em sessenta e oito, Yellow Submarine e Abbey
Road, em sessenta e nove, e Let it Be em setenta."

Ele se levanta, inclinando a cabeça para o lado e passando


a mão pelo cabelo espetado, cinzento. "Você sabe, eu não escuto
Rubber Soul há um tempo. Vou colocar quando voltar ao meu
escritório." Ele se arrasta até a porta. "Além disso, o jornalista
britânico está chegando em dez minutos. Aposto que ele gosta de
The Beatles. Vou mandá-lo descer quando terminar".

Eu mexo com uma pulseira, para que ele não me veja sorrir
de emoção sobre ver aquele jornalista britânico.

Jeremy sai. Eu faço contato visual com Owen, pela primeira


vez e ele está olhando fixamente para mim, um olhar sabedor em
seus olhos.

"O quê?"

"Por que você tem um sorriso estúpido em seu rosto?"

"Eu não tenho ideia do que você quer dizer," blefo.

"Sim, certo. Você está animada para ver Matthew".

Reviro os olhos, como se essa fosse a ideia mais ridícula.

Ele balança a cabeça, orgulhoso que me pegou. "Jeremy


nos deu um prazo insano e você só pensa no seu namorado,"
Owen circula a minha volta.

"Ele não é meu namorado."

"Continue dizendo isso a si mesma".

"Por que você diria isso?", pergunto, desde que não


mencionei qualquer uma das minhas atividades extracurriculares
com Matthew a ninguém, e certamente não para o meu irmão.

Ele revira os olhos. "Eu não estou espionando vocês, mas


não é como se você tivesse convidado algum repórter feio para o
estúdio com a gente. Além disso, Natalie me disse que você está a
fim dele e pediu para eu ficar de olho em você", diz ele, de cabeça
baixa como se admitisse a verdade.

Eu bufo. "Ela é como uma sabe-tudo".

"Eu acredito que essa é a definição oficial de irmã mais


velha. Enfim, vamos fazer um plano para essa agenda louca. Você
veio com três músicas boas em duas semanas, "Do not Ask" e
"Mixed Messages” mais sua melodia de capa. Temos dois meses
para fazer isso, de modo que é uma música por uma semana ou
algo parecido."

"Não sei se você percebeu isso, mas eu não escrevi


'Physical'."

Owen dá de ombros. "Então, você escreveu duas músicas


em duas semanas. Eu conheço um cara que pode te fornecer
cafeína sem parar por pouca coisa. Venha para um beco escuro no
Brooklyn e nós vamos cuidar de você."

"Eu preciso de algo forte. Envie-me inspiração de algum


lugar."

"Você fez aquela música no outro dia no estúdio. Nós vamos


chegar lá." Owen pega o boné de malha marrom e branco,
colocando-o em seus cachos castanho claro que saem pelos lados.
Ele aponta para a camisa. "Eu tenho a camisa mágica. Você tem
os tubos de mágica. Vamos fazer um álbum de magia."

Ele estende o punho, fazendo um aperto de mão pseudo-


secreto. Eu bato o punho algumas vezes com o meu, então mexo
os polegares, fazendo um aperto de mão improvisado. "Façamos o
seguinte. Vamos fazer um acordo. Você termina seu romance nos
próximos dois meses, e eu termino este álbum".

"Ouch. Você está enfiando uma estaca no meu coração,


JB".

Encaro-o.

"O que estamos apostando?", Pergunta ele.

"Direito de se gabar. Obviamente."

Ele acena com a cabeça, cedendo. "Fechado."


***

"Então, eu ouvi que Jeremy está comparando você a The


Beatles agora", diz Matthew enquanto se junta a mim no final do
dia, enquanto Owen saiu para comprar um sanduíche. Eu olho
para ele e desvio o olhar, e desta vez não escondo o sorriso
perverso que está se formando no meu rosto enquanto me lembro
da última vez que o vi. O que fiz com ele. Como ele me provou e
mudou e gemeu. Ele deu nenhuma pista de que estava pensando
nisso também, enquanto se senta no sofá, o mesmo bege, sofá de
couro rachado, onde Jeremy me deu seu papo motivacional de Os-
Beatles-fizeram-isso-então-você-também-pode. Matthew usa uma
camiseta laranja desbotada, tendo dois gnomos barbudos com
chapéus vermelhos pontiagudos e as palavras Relaxando com
meus Gnomos em uma fonte engraçada embaixo. Eu me pergunto
se ele está me olhando demais, e eu estou feliz que tirei minha
camisa de manga longa, uma vez que está quente no estúdio, e eu
estou usando uma regata azul, jeans e minhas botas pretas com
saltos de três polegadas. Eu amo botas, porque elas parecem ser o
que uma estrela do rock deve vestir.

"Será que ele dará a listagem completa também sobre as


datas de lançamento de todos os seus álbuns?"

"Capítulo e versículo." Matthew bate seu notebook contra


sua coxa. "Você sabe, foi muito impressionante, você não acha?"

"Foi uma boa entrevista?" Eu pergunto, porque eu o amo


ouvir falar sobre seu trabalho e sua paixão pela comunicação.

"Ótimo. Realmente ótimo. Falamos sobre você, os Beatles, e


nossa predileção compartilhada por músicas bregas dos anos
oitenta."
Meus olhos iluminam. "Eu amo músicas bregas dos anos
oitenta também. Como nunca discutimos músicas bregas dos
anos oitenta antes?"

Ele levanta uma sobrancelha. "Eu não faço ideia. Mas eu


sei por que não discutimos da última vez que te vi. Porque você
me deixou incapaz de fazer qualquer outra coisa o dia todo, a não
ser fantasiar sobre devolver o favor, de modo que pode ser por isso
que Duran Duran escorregou da minha mente", diz ele com um
brilho em seus olhos, e eu estou pronta para deslizar em seus
braços e beijá-lo com força, quando meu irmão entra.

***

Passamos o resto do dia em estúdio trabalhando em "Do


not Ask". Owen oferece várias sugestões de como fazer a música
melhor. Ele adiciona um riff aqui, corta uma linha ali, e de repente
transforma-a em uma melodia mais forte. Matthew toma notas
furiosamente durante todo o tempo, registrando sugestões de
Owen, suas ideias, as idas e vindas entre o músico e seu produtor.

Ethan está com Aidan, esta noite, por isso trabalhamos até
o início da noite.

Às seis horas, Owen anuncia que quer passar pelas


canções mais uma vez antes de encerrar a noite. Mas ele precisa
alimentar seu vício primeiro. "Tem chacoalhado aqui a tarde toda",
diz ele, apontando para sua cabeça enquanto ele se levanta e pega
sua carteira. "Quando você não o alimenta o suficiente, ele bate
nas portas da jaula. O vicio pode ser perverso se não tiver sido
alimentado, se você negar cafeína. Você sabe o que ele faz?"
"O que ele faz, Owen?" Eu ouvi a história do vício de cafeína
inúmeras vezes. Mas é como "Hey Jude". Você sempre pode ouvi-
la novamente.

"Ele pega o cabelo e puxa na parte de trás de sua cabeça,


puxa-o até que você vai fazer qualquer coisa para agradá-lo,
inclusive tomar dois Excedrin porque eles vêm com cafeína
também. Eu os mantenho no meu bolso de trás," diz ele,
acariciando seu jeans.

"Não é bonito, esse vicio."

"Você está dizendo, JB. De volta em quinze anos." Ele está


fora da porta.

"Vocês dois têm um ótimo relacionamento. Tem sido


sempre assim?"

"Sempre, desde o início dos tempos, para todo o sempre e


sempre e sempre e sempre." Eu pego seu caderno de anotações e
arremesso-o no chão. "Não há mais notas!" Declaro com um floreio
e mexo meu braço. "Eu estou pronta para estar extraoficial".

"Tudo bem, mas você não se importa se eu colocar o


notebook em minha mochila?" Ele pega o notebook, pegando-o e o
afastando de mim.

"Se meus cálculos estiverem corretos, nós dois estamos


muito jovens para estar desfrutando de música dos anos oitenta,
quando lançada pela primeira vez, mas ainda assim, eu estou
disposta a apostar o geek da música em que você sabe tudo sobre
os seus tempos nas paradas."

"Ah, você desentocou meu pequeno segredo sujo que eu era


fã de Depeche Mode, Prince, Madonna, Van Halen, bem como A-
Ha e inúmeras outras bandas de um hit maravilhosas também."
"Ok, então, menino Billboard. Pense de volta com o seu
marcador verde, suas impressões brancas, o início de seu dom
geek musical. Quero o nome da sua música brega favorita dos
anos oitenta." Eu pego sua mão e levo-a para fora da ilha de Owen
e para o estúdio ao vivo, meu território. A porta bate fechando e eu
pego o microfone.

Sua resposta é rápida e imediata. "Thompson Twins. 'Hold


Me Now'". Alcançou a posição número três."

Eu ligo o microfone. "Cante comigo," Eu ordeno.

"Cantar com você?"

"Cante comigo."

"Mas você é uma cantora, e eu sou um escritor."

"Eu vou cantar mais alto se isso vai fazer você se sentir
melhor."

"É melhor."

Eu prendo o microfone e começo a música. Eu começo as


linhas de abertura cantando sobre uma foto, enquanto Matthew
acrescenta onde ele está preso. Nós unimos para as próximas
linhas e eu gosto que ele está cantando bem, que ele não é tímido,
que ele é espontâneo.

Nós seguimos nosso caminho através do verso seguinte e,


em seguida, eu exijo outra canção. "'Centerfold'", ele chama
imediatamente. "Seis semanas no número um." Nós matamos
algumas linhas da melodia de J Geils Band, em seguida,
abordamos a sobrevivência no topo das paradas de "Eye of the
Tiger", só apenas para lembrar mais das palavras.

Eu estou pronta para outra quando Matthew se afasta.


"Você aceita pedidos, Jane? É hora da vingança."

"Mande-me seu melhor tiro."

"Oh, você é muito boa. Mas essa não é a música que eu vou
pedir." Ele se inclina contra a parede acolchoada, suas longas
pernas alongadas na frente dele enquanto ele enfia as mãos nos
bolsos da frente da calça jeans, os gnomos excêntricos me
encarando. "'Rio' Hit número dois no Reino Unido em 1982. Quero
Duran Duran no volume máximo, a todo vapor, dê-me tudo o que
você tem."

Eu tiro o microfone de sua base, limpo a garganta, e então


começo as primeiras linhas, sobre uma menina e como ela se
move, cantando como se eu estivesse no palco. Em seguida, para
um sorriso como o creme de cereja gelado enquanto eu dou-lhe
um olhar de cumplicidade. Dou um passo para a direita, depois
para a esquerda. Com as palavras, eu faço o meu caminho mais
perto e passo minha mão livre em direção ao seu rosto, arrastando
meus dedos ao longo de sua bochecha, enquanto eu canto mais
linhas com ele, fingindo que sou aquela garota no palco cantando
para aquele cara.

Em seguida, Matthew faz mais do que cantar junto. Ele


estende a mão e leva até o meu pulso. Ele me encara com um
olhar sombrio sério que eu não vi nele antes. A atmosfera no
quarto muda instantaneamente.

Ele limpa a garganta. "Eu disse ao meu chefe."

Eu quase largo o microfone. "O que você disse ao seu


chefe?"

"Que estava envolvido com você."

Falou no pretérito. Uma nova preocupação percorre através


de mim enquanto ele está terminando isso antes mesmo de
começar. "Estava?"

O escritor nele pega a minha questão imediatamente.


"Estou", ele corrige. "Estou envolvido."

"E?" Minha boca está seca. Meu estômago está dando


voltas. Eu não sei onde isso vai dar, ou até mesmo como lidar com
a próxima curva da estrada.

"Eu disse a ele, que não me sentiria bem com o meu


trabalho, se eu não falasse. Eu me sentiria como se nada disso
fosse certo."

"E o que isso tudo significa?"

"Ele disse que eu não seria o primeiro repórter a se


apaixonar por um músico", diz ele, rolando os olhos, zombando de
si mesmo. "Eu perguntei se ele me queria fora da história."

"Você fez isso?"

"Eu fiz. E ele disse que eu poderia continuar, mas que ele
iria atribuir um segundo editor de fato verificando tudo, e que iria
incluir uma nota no final do artigo, divulgando o nosso
envolvimento."

Minha necessidade de certeza me consome, então eu


pergunto: "O nosso envolvimento? Será que estamos envolvidos
agora?"

Ele balança a cabeça. "Acredito que sim. Eu quero estar.


Espero que você também. Mas mesmo se você não fizer isso, eu
precisava ser sincero sobre a situação com meu chefe. Meu
trabalho é muito importante para mim."

Concordo com a cabeça, como se eu pudesse de alguma


forma descobrir se essa conversa é sobre o trabalho, ou mais.
"Certo. Claro."

Ele aperta a mão no meu pulso. "Eu quero estar com você",
diz, e ele parece nervoso. "Eu não quero manter isso no
comprimento do braço por mais tempo. Por favor, me diga que
você escreveu as canções. Eu te imploro, tenho que fazer."

Eu coloco minha mão em seu peito, tanto para tocá-lo,


como para segurá-lo até que eu saiba o que está próximo. "Por que
você quer tanto que eu escreva? Responda-me com sinceridade.
Diga-me a verdade", eu digo, querendo mesmo dizer cada palavra.

"Porque esperar é a minha nova definição de inferno." Ele


desliza a mão sob a minha, laça seus dedos nos meus, e me puxa
para mais perto. "Eu quero que você seja capaz de escrever de
novo. Mas eu decidi que esperar não é absolutamente a resposta.
Na verdade, eu tenho um sentimento que você pode encontrar
inspiração se não esperar", diz ele, enquanto escova os lábios
contra meu pescoço. "O que você diz sobre isso? Quer dar uma
chance? Veja se ele pode fazer o truque em desbloquear todos os
tipos de notas e melodias." Ele desliza a outra mão no meu
pescoço, em meu peito, e depois para o topo dos meus seios.
"Deixe-me quebrar a sua resistência agora".

Então ele me beija, de modo suave, delirantemente como


ele me beijou pela primeira vez, e eu derreto contra ele. Querendo
mais. Querendo-o. Ele leva o seu tempo me beijando, passando a
língua contra a parte suave do meu lábio inferior, em seguida,
contra a parte superior, em seguida, lentamente, pressionando
primorosamente seus lábios nos meus, e eu gemo contra sua
boca, em seguida, quebro o beijo.

"Você acha que o sexo pode curar o meu bloqueio de


escritora?"

Ele balança a cabeça várias vezes. "Sim, e eu estou disposto


a ser a sua cobaia."

"Vamos ver se você pode curá-la," eu digo, e em segundos


ele pegou sua mochila, eu peguei minha bolsa, e deixamos o
estúdio à prova de som fechado pela noite. Owen não é burro.
Quando ele retornar com seu suco para seu vicio, ele vai saber
exatamente onde estamos. A sós.
Capítulo Dezessete
Matthew chama um táxi. Eu entro primeiro e, em seguida,
ele está ao meu lado, já me tocando enquanto eu digo ao taxista
meu endereço. "Estou muito mais perto." Eu sinto a necessidade
de justificar minha escolha de destinos. Mas ele não se importa,
ele não me respondeu, ele apenas fica me tocando, e o calor no
meu corpo sobe pelo caminho até porque Matthew me toca e nós
não vamos parar esta noite.

Esqueça o calor líquido. Isto é lava derretida. Meu cabelo


ainda estava quente. Eu poderia deixar o táxi em chamas
enquanto entro em combustão em poucos segundos.

Ele escova seus lábios contra meu pescoço, beijando uma


trilha para minha garganta enquanto ele passa a mão pela minha
coxa, então entre as minhas pernas. Eu fecho minhas coxas em
sua mão, e a pressão me deixa nas nuvens.

Estamos no meu apartamento poucos minutos mais tarde.


Matthew pega sua carteira, mas eu já dei ao taxista uma nota de
dez dólares e estou saindo do carro. Ele me segue até meu prédio
e para o elevador. Eu o puxo para mim, e ele move suas mãos
para o meu rosto, cobrindo meu rosto, pressionando seu corpo
contra o meu. Já nos imaginei, eu já o provei, mas sabendo que é
isso, que nós vamos fazer, é quase demais. Mas estou faminta por
ele, e vou querer tudo.

Ele joga meu cabelo para trás, move meus cachos loucos
para longe do meu ouvido, e fala em voz baixa: "Eu realmente
quero fazer você gozar hoje à noite."

Basta jogar água fria em mim, por favor. Porque cada


centímetro quadrado do meu corpo está pulsando, tonto, pesado
com o desejo. Matthew puxa para trás e olha para mim, então
pergunta: "Você vai me deixar?"

Meu Deus, é mesmo uma pergunta? Meus lábios estão


entreabertos. Eu os lambo uma vez, então respiro. "Deus sim", eu
respondo.

O elevador nos deixa no quarto andar e nós saímos dele,


ainda nos tocando enquanto pego as minhas chaves. Ele está
levantando meu cabelo e traçando a ponta da língua em toda a
volta do meu pescoço enquanto abro a porta. Eu quero suspirar,
quero gemer, quero gritar. Eu não quero que nada disso pare.
Nunca.

Nós deixamos cair nossas bolsas e casacos pela porta. Nós


nem sequer vamos para o quarto. Ele me empurra para o sofá e
me despe, tirando a minha camisa de manga comprida, e então
minha blusa. Ele desabotoa meu sutiã depois. Ele está beijando
minha garganta, meus seios, minha barriga, meus quadris,
sacudindo sua língua contra a minha pele logo abaixo do cós da
minha calça jeans. Não há nenhuma maneira que isto esteja
acontecendo; não há realmente nenhuma maneira disso poder
estar acontecendo. Não tive isso em anos. Queria ter tido isso há
tanto tempo. Ele abaixa a cabeça mais baixo, então ele está me
beijando entre as minhas pernas enquanto desabotoa minha calça
jeans.

Eu fecho os olhos brevemente. Cada sensação é mais viva e


intensa do que qualquer coisa que eu senti nos últimos anos. É o
mundo real vezes dez. É tudo amplificado. Eu quase não aguento
mais, do jeito que ele está me enviando através do telhado com
cada toque.

Abro os olhos para vê-lo tirar minha calça jeans, tirar as


minhas botas, correndo um dedo ao longo da minha tatuagem de
sapatinho de cristal. Minhas roupas estão espalhadas pelo chão e
há Matthew, ajoelhando-se sobre mim. Ele está sorrindo para
minha calcinha branca de cintura baixa com uma única rosa
vermelha desenhada perto do osso do quadril.

"Meu Deus, essas são fantásticas", diz ele, admirando a


minha calcinha. Ninguém admirava minha calcinha há anos. "É
como se estivesse ficando cada vez melhor."

Eu sorrio um pouco.

"Eu as amo tanto que eu quase não quero tirá-las."

"Tire-as", eu instruí. "Tire-as agora." Saindo pelo telhado,


estou no meio do caminho em um estilingue para Plutão agora. Eu
estou tão excitada que dói. Eu sou como um jack-in-the-box
sinuoso, pronto para estourar.

Ele obedece, lentamente puxando para baixo uma perna,


depois a outra, antes que ele se instale entre as minhas pernas,
ombros contra as minhas coxas. Então, sua boca está em mim e
eu estou no céu em um instante com seu toque. Estou em êxtase
absoluto, e neste momento, quero deleitar-me em todas estas
sensações que eu não tenho experimentado em anos.

Eu quero memorizar cada delicioso segundo dolorosamente


para que eu possa recuperá-lo sempre que eu precise saber a
definição de insanamente virou-de-dentro-para-fora-com-prazer.

Sua língua é suave, e ele desliza para cima de mim, como


se ele estivesse me bebendo. Ele coloca as mãos suavemente sobre
minhas coxas, me abrindo mais para ele. Meus joelhos caem
aberto enquanto ele me prova, desenhando linhas deliciosas em
toda a minha umidade e sacudindo a língua de uma maneira que
me faz sentir como se eu estivesse em um sonho, um sonho
aquecido, febril, onde nada existe, além desse êxtase requintado.

Eu enfio meus dedos em seu cabelo, e acho que eu poderia


morrer da intensidade dos sentimentos, e isso seria um inferno de
um caminho a percorrer. Porque em breve, estou balançando
meus quadris em seu rosto, e ele está segurando a parte de trás
das minhas coxas e me trazendo ainda mais perto de sua boca, e
este é o caminho que deve ser. Esta é a própria natureza do
desejo, a atração. Nós somos isso agora, eu querendo Matthew, ele
me querendo.

Nós nem sequer tivemos tempo de ligar a música. O


apartamento está silencioso, e eu posso ouvir tudo. Eu ouço
minha respiração acelerando, enquanto passo para ele, meu corpo
tem uma mente própria. Ouço meus gemidos, cada vez mais
fortes. Mas há algo a mais também. Algo ainda melhor do que a
minha própria reprimida necessidade louca para ser tocada. Posso
ouvi-lo também. Eu posso ouvir os suspiros satisfeitos que ele
está fazendo enquanto trabalha a língua para cima e para baixo, e
depois ali, bem ali, em seguida, seus gemidos também, os sons de
que ele praticamente cobiça o meu corpo. Eu estou ciente de todos
os detalhes, o formigamento da minha pele, meu rosto
esquentando, minhas mãos cavando mais fundo em seu cabelo
macio, escuro, o baixo crepitar do radiador, os sons suaves de
carros muito, muito fora da minha sacada com painel de janela
dupla, minha própria respiração acelerada.

Ele envolve suas mãos em volta da minha bunda, me


trazendo ainda mais perto, como se ele não se cansasse de mim,
enquanto ele lambe e prova e saboreia a deliciosa dor entre
minhas pernas. Isso é tudo o que preciso para mim enquanto
gozo, com onda após onda de prazer caindo pelo meu corpo.

Tem a duração de anos, ou assim eu sinto porque eu fui


desbloqueada, libertada de anos de não saber disso, de não ter
isto, nem mesmo chegado perto.

Agora, eu faço, e parece que eu estou voando, e eu nunca


mais quero tocar o chão.

Logo, eu abro os olhos, e ele se move para cima para beijar


minha barriga, e planta doces, macios, beijos quentes no meu
corpo que me fazem tremer.

"Será que podemos fazer isso de novo?", Pergunto com um


sorriso tonto.

Ele beija meus seios, em seguida, fazendo o seu caminho


até o meu pescoço, dando-me um sorriso muito satisfeito. "Eu
sabia que poderia torná-la uma viciada."

"Eu estou compensando o tempo perdido", digo.

"Eu ficaria feliz em ajudar neste projeto. Você quer que eu


faça isso de novo agora?", Ele pergunta, e há uma parte dele que
parece tão sério, tão disposto, e eu não consigo acreditar que isso
é real. Mas ainda assim ele está aqui comigo.

Eu balanço minha cabeça. "Você já me liberou", eu digo,


brincando. "Agora eu tenho que ter você dentro de mim."

"Isso é música para os meus ouvidos", diz ele, e depois toca


minha testa uma vez. "E espero que você esteja pensando em
músicas. Você precisa de mim para fazer um strip-tease para
você? Será que te inspirou?" Ele se levanta, gira os quadris, como
Magic Mike, e eu sorrio.
"Você não acha que eu sou um bom stripper, não é?", diz
ele com um biquinho.

"Nós só precisamos tirar a sua roupa", eu digo, feliz que ele


pode fazer piadas durante um momento como este.

Sento-me, e para alcançar seu zíper. "Você tem camisinha?"

"Quem você pensa que eu sou? Algum tipo de homem que


não está completamente obcecado em transar com sua mulher
esta noite? Claro que eu tenho um preservativo." Ele arranca um
de sua carteira, enquanto eu abaixo seu jeans pelas suas pernas.
Ele sai deles, tira a camisa, e tira sua cueca boxer.

Ele está pronto, completamente pronto, e eu sei que isso


não deve me surpreender, porque é uma reação normal. Mas
ainda é emocionante para mim, e eu quero me deleitar com ela.
Nele. Em nós. Minhas mãos são atraídas para seu corpo
instantaneamente, a sua barriga lisa, as pernas, e para o seu
comprimento de aço fabuloso que eu tão desesperadamente quero
dentro de mim.

"Deus, você é tão bonito, porra", eu digo, enquanto o toco, e


as risadas e brincadeiras são apagadas, e agora somos
completamente necessidade, desejo e luxúria. Eu vejo enquanto
ele rola um preservativo, e calor se espalha pelo meu corpo com a
visão. É um ato tão erótico, vendo as mãos sobre si mesmo e seus
olhos em mim.

Em seguida, ele abaixa-se entre as minhas pernas, e eu


tremo com antecipação, querendo-o tão fortemente.

"Oi", ele sussurra enquanto começa a entrar em mim.

"Oi", eu digo, então ele mergulha mais profundamente,


enchendo-me, e eu estou em chamas com sensações que são tão
intensas que eu tenho que fechar meus olhos e apenas sentir.

"Isso é incrível. Você é incrível", digo, e eu estou zumbindo e


pulsando com o calor, como uma corrida de carga elétrica através
de minhas veias, iluminando o meu corpo, irradiando a partir de
minha barriga até a ponta dos meus dedos. Eu agarro sua bunda
para levá-lo mais profundamente, e ele geme, em seguida, beija o
meu pescoço, trabalhando o seu caminho até a minha orelha, me
lambendo enquanto ele sussurra. "Você está tão molhada, e eu
amo isso para cacete. Você precisa saber disso. Você precisa saber
como é boa para mim. Como é surpreendente estar dentro de
você. Sentir você perto de mim", ele me diz, e eu quase entro em
combustão. Ele sabe o que eu preciso; ele sabe o que eu quero
ouvir.

E ser desejada.

E ser desejada.

Abro minhas pernas mais largamente, e ele entra mais


profundamente. Estou respirando com dificuldade já, e em breve,
muito em breve, posso sentir um aperto na minha barriga, e então
estou correndo para longe enquanto ele se move mais rápido,
frenético dentro de mim, com as mãos às voltas com o meu cabelo,
a boca plantando beijos no meu pescoço, e estou correndo,
mergulhando, caindo, flutuando neste lugar arrebatador,
enquanto o fogo se espalha pelo meu corpo e eu balanço com ele,
gozando, mais uma vez, e eu não sou a única. Porque segundos
depois, ele está lá comigo, sua própria respiração parando e
acelerando, enquanto ele empurra mais uma vez profundamente
dentro de mim, então cai sobre mim.

Melhor. Sexo. Da. Vida.

Então eu decido que não há motivo para manter esse


pensamento para mim mesma. "Esse foi o melhor sexo que já
tive", falo.

Ele sorri contra o meu pescoço. "Eu me sinto da mesma


maneira." Então escova os lábios contra meu pescoço, e eu tremo,
saboreando seus doces, beijos sensuais enquanto deitamos nos
braços um do outro. Em seguida, ele olha para mim, um brilho
nos olhos. "Na verdade, eu vou esperar uma canção amanhã de
manhã na minha mesa intitulada apenas isso. Melhor. Sexo. Da.
Vida. Além disso, por favor, dedique a mim e use meu nome na
música, e se refira a mim como Matthew Deus do Sexo Harrigan."

Saúdo-o. "Eu estou nessa. Letra da música já está se


formando."

"Agora, se você me dá licença por um minuto", diz ele, e em


seguida, vai ao banheiro descartar o preservativo. Quando ele
retorna, estou deitada no sofá, distraída enrolando uma mecha do
meu cabelo, saboreando o deleite. Ele se deita ao meu lado e imita
a marcação fora de uma caixa de seleção. "Eu sempre quis transar
com uma celebridade. Agora está feito."

Eu jogo nele um travesseiro do sofá. "E Keira Knightley e


Scarlett Johansson foram ambas resistentes a seus encantos?"

Ele apoia-se sobre um cotovelo. "Não, eu sempre quis você."

"Sai daqui", eu digo, empurrando-o para fora do sofá.

"É verdade. Você se lembra da primeira vez que nos


encontramos pessoalmente?"

"Não foi aquele show do Snow Patrol, quando o último


álbum deles saiu?"

Matthew passa a mão em meu quadril. "Sim, e você estava


naquele vestido lindo. Era branco, eu me lembro, comprimento no
meio da coxa, com algum tipo de estampa verde descolada".

"Eu acredito que elas são chamadas de bolinhas."

"Bolinhas. Certo." Ele se inclina para sussurrar. "Eu não


quero parecer que sei alguma coisa sobre moda." Ele coloca um
beijo suave no meu ombro. "Mas eu quis você, desde então."

"Pare com isso! Você está tirando sarro de mim."

Ele fica sério. "Eu realmente não estou. Quer dizer, eu


tenho sido conhecido por importunar de tempos em tempos-"

Eu salto. "Tempos em tempos, Matthew?"

"Bem. Talvez um pouco mais frequentemente. Mas o ponto


é, eu estou falando completamente sério. Eu sabia que você era
casada e eu tinha uma namorada, então, eu não ia fazer nada
sobre isso. E, obviamente, a prova do pudim está em comê-lo. Não
fiz nada sobre isso. Não tentei ter um caso com você. Mas agora
eu posso ter você só para mim".

"Você gosta de me ter?" Eu pergunto, porque pedir é uma


das melhores partes dessa fase. Eu não tenho experimentado isso
por tanto tempo, mas eu certamente não era virgem antes de
Aidan, não por qualquer trecho da imaginação, e agora estou de
volta naquele lugar maravilhoso onde novos amantes encontram o
seu caminho para o quarto infinitamente fascinante. Eles podem
revisitar os momentos que foram cheios de dicas e dissecá-los,
entregá-los, deleitar-se com eles no passado.

"Sim", diz ele, colocando a mão no meu cabelo e escovando-


o para trás do meu ombro. "Você estava tão linda no Grammy.
Você sabe que é por isso que perguntei na conferência de
imprensa se você estava vendo alguém. Perguntei para mim."

Minhas entranhas vibram com as suas palavras, palavras


em que eu quero me encasular. A ideia de que ele gostava de mim
por tanto tempo é uma droga que eu não posso obter o suficiente.
Eu quero outra batida, outra alta. E enquanto não há uma parte
vestigial do meu coração que ainda não confia em palavras, eu
aprendi da maneira mais difícil que as coisas nem sempre são o
que parecem, ele provou em suas ações. Não apenas no quarto,
mas no fato de que ele colocou a história na linha dizendo ao seu
patrão.

"Então eu acho que é apenas um jogo justo para mim que


você saiba que eu pensei que você parecia muito lindo no Grammy
também. Na verdade", eu digo, arrastando minhas mãos ao longo
dos seus braços, apreciando essa liberdade de tocá-lo inteiro.
"Minha amiga e eu te chamamos eminentemente de lambível."

Ele levanta uma sobrancelha apreciativa. "Eu aprovo


totalmente esse apelido, mas só se você testar completamente."

Eu começo em seu pescoço e traço meu caminho até a


cintura. Ele geme e me vira. Mas, então, ele parece distraído.
"Merda. Eu quase me esqueci da Doctor."

Eu fico tensa, e meu coração goteja. Ele vai sair. Isto


apenas começou e ele vai me deixar para dormir sozinha,
especialmente porque ele tem a desculpa de alimentar sua
cachorra. Eu mordo o interior do meu lábio, sem saber o que fazer
a seguir. Mas foda-se. Eu não quero que ele vá embora. "Existe
alguma possibilidade de você poder ficar a noite toda?"

Seus olhos se iluminam. "Eu estava esperando você pedir.


Porque eu tenho planos para você. Deixe-me dar um telefonema."
Então ele se levanta e caminha até sua mochila para o seu
telefone, e eu o vejo, saboreando o fato de que há um homem nu
lindo no meu apartamento que quer passar a noite e tem planos
para mim. "Preciso ligar para a Sra. Haffenreffer. Ela mora no
andar de cima, e ela é uma pessoa totalmente amiga de cão. Ela
caminha com a Doctor para mim durante o dia", explica ele, e eu
me apaixono por ele um pouco mais por cuidar de seu cão. Após
um rápido telefonema, ele retorna para mim. "Ela ama ficar lá. A
Sra. Haffenreffer tem dois corgis, Mr. Darcy e Miss Elizabeth, e
então Doctor chega para chefiá-los por aí, porque ela é o cão alfa,
você sabe. Temo que ela não possa querer voltar para casa."

"Então me diga sobre esses planos."

Ele estende a mão e me puxa do sofá, e nós vamos para o


meu quarto.

"Sente-se comigo." Ele aponta para minha cama, e depois


se senta de pernas cruzadas no meio, me puxando para perto
dele, e envolvendo minhas pernas em volta dele. "Eu estou a ponto
de deixá-la a par de outro segredo sobre os homens
heterossexuais", diz ele, e eu sorrio instantaneamente, amando os
seus segredos sobre este assunto. "Quando você finalmente
consegue a mulher que você quer, você não para de uma vez.
Tenho planos de passar a noite inteira adorando seu corpo."

"Não diga. O que adorar meu corpo envolve?", Eu pergunto


e eu estou amando isso, estou transbordando de felicidade, e eu
pretendo saborear cada segundo dessa noite. Não só porque eu
não sou mais uma cifra sexual, mas porque ele é o único que eu
quero que adore o meu corpo, e isso é, em parte, por causa de
quão divertido ele é. "Você quer que eu diga um pequeno segredo
sobre as mulheres como eu?"

"Diga-me", diz ele, encarando-me com um olhar falso sério.

"Eu não tenho ideia do que significa ter o meu corpo


adorado."
"Oh, bem, minha pequena cantora", diz ele balançando a
cabeça, brincando. "É melhor colocar isso em seu álbum, porque
eu vou lhe mostrar exatamente o que significa. Permita-me
começar com todas as coisas que eu amo sobre o seu corpo."

"Em primeiro lugar". Então ele solta um suspiro. "Eu não


sei por onde começar. Há tantas partes que eu amo." Ele balança
a cabeça, como um cão agita fora da água. "Vamos começar com o
seu cheiro. Como de coco."

"Coconut dreams."

"Sim. Esse. Eu sinto seu cheiro", ele faz uma trilha com seu
nariz ao longo do meu pescoço e inala, "e imagino sexo tropical
com você."

"Como em uma cachoeira?"

"Praia, cachoeira, piscina, areia. Espere. Não areia. Areia é


irritante. Todo o resto. Avançando". Ele arrasta os dedos ao longo
do meu quadril e eu tremo ao seu toque. "A curva de seus quadris.
São tão fantásticos para se agarrar. Amo-os."

Então seus olhos se iluminam enquanto ele olha para o


meu peito, e ele é um personagem de desenho animado cobiçando
uma deliciosa refeição flutuando. Suas mãos se direcionam e em
envolve meu seio com a mão. "Os peitos são, literalmente, uma
das maiores invenções de todos os tempos. Sério. Eu não posso
nem imaginar um mundo sem eles. Eu morreria", diz ele com
tristeza fingida, e eu sorrio mais, enquanto ele coloca a cabeça
entre meus seios. "Suaves, como travesseiros. São essas criações
divinas. Deus abençoe os seios." Ele suspira feliz, então olha para
mim de novo. "Sabe o que mais eu considero imensamente sexy
sobre você?"
"Diga-me. Diga-me," eu digo com avidez, porque se eu
achava que o sexo estava fora deste mundo, então eu estou
realmente em outro sistema solar agora. Eu poderia viver dentro
deste tipo de louvor. Ele se inclina para o meu pescoço, em
seguida, beija o oco da minha garganta. "Este é um local bastante
requintado em você."

Eu laço minhas mãos em torno de seus ombros e inclino a


cabeça para trás, dando-lhe mais espaço para beijar meu pescoço.

"Mas eu quase esqueci de suas pernas", diz ele, trazendo as


mãos até meus tornozelos, em seguida as desliza lentamente pelas
minhas pernas. "Eu amo a sua pele lisa. A falta de pelos nas
pernas é definitivamente apreciada."

"Estou feliz que toda a depilação que eu faço esta servindo


para alguma coisa", brinco.

Então ele mergulha as mãos no meu cabelo, entrelaçando


os dedos por meus longos fios. "Todo esse cabelo longo,
encaracolado emoldurando seu rosto. Posso agarrar o cabelo
enquanto eu te como".

Eu gemo, gostando da ideia. "Devemos fazer de novo,


então."

"Não adianta tentar me distrair da minha missão de fazer


com que você obtenha inspiração." Ele agita o dedo na minha
frente. Então pega meu rosto em suas mãos. "Sabe o que eu
realmente amo sobre seu corpo?"

"O que você realmente ama?"

Ele revira os olhos como se em prazer, como se este é o


momento culminante de sua adoração. "O fato de que você não
tem barba em seu queixo. Eu não posso nem começar a dizer-lhe
como imensamente atraente é você não ter barba por fazer", diz
ele, começando a rir junto comigo.

"Esse é um fato favorito sobre mim também", acrescento.

Então ele muda de tom, e desta vez ele está falando sério.
Não jogando-sério, não fingindo-sério. Mas a coisa real. "Mas você
é mais do que um corpo bonito e uma bela mulher. Você é você. E
eu sou louco por você."

Esqueça o outro sistema solar. Agora, eu tenho disparado


para um outro universo, que é composto exclusivamente desse
tipo de bem-aventurança. "Eu sou louca por você também."

"Agora você não me deixa escolha. Eu tenho que transar


com você agora."

"Você está certo. Você não tem escolha."

Ele desliza para baixo de mim e me puxa para baixo contra


o seu peito. "Mas você vai estar em cima agora. Porque esse é o
último segredo que eu estou compartilhando esta noite. Eu quero
ver você se movendo em mim e tocar sua cintura e seus seios e
seu cabelo enquanto você me fode."

Então vamos nós de novo, e é tão boa como a primeira vez,


e espero - eu verdadeiramente, profundamente - espero-que ele
esteja certo sobre isto ser inspirador. Porque eu não quero desistir
disso. Eu não quero desistir dele. Eu o quero, e eu quero a
música.

Eu quero tudo.
Capítulo Dezoito
"Eu nem sequer tenho que perguntar onde você foi a noite
passada." Owen cruza os braços sobre o peito e olha para mim.

"O que você quer dizer?"

"O que eu quero dizer?", Ele zomba. "É tão óbvio que é além
do óbvio. Você poderia muito bem ter um sinal colocado na sua
testa, estamos com tesão um pelo outro."

Eu sorrio porque não consigo me conter. Estou contente,


pois nossos sentimentos eram totalmente transparentes para um
estranho. "Achei que você iria descobrir."

"Sim, não é difícil com as pistas do tamanho de uma


bigorna que vocês deixaram." Em seguida, ele acrescenta,
imitando um sotaque Inglês, "Eu acho que ele é um cara decente."

Este é o mais próximo que Owen vai chegar a algum tipo de


"bênção". Ele poderia trabalhar comigo, mas ainda era meu irmão
e, portanto, é geneticamente programado para desaprovar
qualquer um que namore uma irmã.

Mas Matthew é muito mais do que uma cara decente. Ele


saiu logo após a sessão final desta manhã para caminhar com seu
cachorro, tomou banho, e foi para o escritório. Senti uma pontada
momentânea quando ele estava saindo, a paranoia passageira
que, apesar de sua ternura, apesar de sua confissão de ter
sentimentos por mim há muito tempo, eu poderia ter sido um caso
de uma noite. Ele diminuiu esses medos rapidamente, quando se
vestiu e se ajoelhou ao meu lado, enquanto eu estava sentada no
sofá lendo um livro que Owen tinha me dado. Eu estava colocando
uma boa mascara, fingindo que podia lidar com a noite passada.

"Eu quero ver você hoje à noite. Quero levá-la para jantar.
Eu sei de um bom restaurante vegetariano perto. É chamado de
Happy Cow. Devo fazer reservas?"

Ethan estaria com Aidan novamente, então eu disse que


sim. Então ele me deu um beijo de adeus e eu flutuei todo o
caminho até o banheiro, no chuveiro, incapaz de conter o
ridiculamente enorme sorriso quando deixei a água quente, bater
em mim, curtindo cada sensação da vida. Eu cantava no chuveiro
enquanto um deus do sexo adorava meu corpo. Era uma música
ridícula, mas me deixou feliz. Então, depois que eu vesti e sequei o
cabelo, abri Garage Band no meu computador e fiz uma gravação
rápida.

"Eu tive um encontro ontem à noite também", diz Owen.

Eu me sento no sofá do estúdio, pronta para seu relatório.


"Quem era?"

"O nome dela é Taryn. Ela é, na verdade, do meu grupo de


escritores." Ele não parece animado. "E ela é muito bonita. E ela é
muito engraçada. E me convidou para sair."

"Qual é o problema?"

"Eu acho que ela está me usando." Ele brinca com alguns
dos mostradores no tampo.

"Por que você diz isso?"

"Nós todos compartilhamos o nosso trabalho um com o


outro. Esse é o ponto do grupo de escritores. Nós criticamos os
romances um do outro. E o material dela é muito bom, mas ela
tem estado travada por algumas semanas".

"Então, como é que ela está usando você?"

Ele toma um gole de café expresso. "Porque o lugar que ela


está travada no livro é essa parte romântica, é a cena de amor. E
quando estávamos fora ela continuou a me fazer perguntas
aleatórias, como foi com a minha primeira namorada, e que tipo
de música que eu gostava, qual era a minha comida favorita."

Eu o encaro como se ele fosse louco. "Eu não entendi."

"Jane!", Ele grita. "Ela está me garimpando para obter


informações! Eu sou seu rato de laboratório."

Eu balanço minha cabeça. "Ela está baseando um


personagem em você?"

"Eu não sei. Mas ou ela está baseando um personagem em


mim ou vai usar a minha história de fundo para seu interesse
amoroso ou ela vai usar o jeito que eu a beijei como modelo para
seu protagonista."

"Uau!", Eu seguro sua mão. "Qual é o problema com isso?


Isso é algo lisonjeiro. Qualquer uma dessas opções. E você disse
que a beijou?"

"Sim, eu a beijei ali mesmo no bar."

"E ela tomou notas sobre o beijo, meu irmãozinho


paranoico? Houve uma associação da colina gramada com um
caderno e caneta na mão?"

"Não, idiota", ele diz, revirando os olhos. Então, ele aponta


um dedo no ar para dar ênfase. "Mas eu sei como escritores
operam. Quando eles ficam travados, eles roubam as histórias de
vida de outras pessoas."
"Talvez eu devesse escrever sobre sua história de vida,
então. Devo roubar suas ideias?"

"Você pode ficar com elas." Ele finge atirar páginas e


páginas de histórias para mim. "Se isso trouxer um álbum feito,
você pode roubar, tomar, e moer as minhas histórias de vida em
um liquidificador, se quiser."

Eu arrepio seu cabelo castanho claro, suave ao toque. "O


que é que eu vou fazer com você? Você está completamente louco.
Certo".

"Eu vou encontrar Taryn novamente esta noite."

"Você está tornando difícil para eu apoiar suas teorias de


conspiração com a sua vontade de participar.", tiro meu casaco e
o arremesso para o braço do sofá.

"Sim, ela provavelmente só quer mais forragem para o seu


livro."

"Talvez você vá ficar com alguém, então," eu digo com um


sorriso.

Mas a verdade é que Owen não está realmente com medo


de alguém roubar suas histórias. O que Owen tem medo é de uma
outra Kacea. Ela é uma mulher irlandesa por quem ele se
apaixonou alguns anos atrás. Eles tiveram um caso louco,
apaixonado por alguns anos e ele estava tão louco por ela, eu juro
que ele teria lambido as botas até limpar se ela pedisse para ele.
Ela mantinha a promessa de que deixaria o marido. "Na próxima
semana, eu vou deixá-lo", ela dizia. As esperanças de Owen eram
despertadas, apenas para serem frustradas sete dias mais tarde,
quando Kacea dizia a Owen que ela precisava de mais uma
semana, mais um mês. Ele ficou mês após mês, à espera de sua
Sra. Robinson, até o dia em que ela disse a Owen que seu marido
tinha sido transferido para o Texas e ela iria com ele. Agora, Owen
procura motivos para sabotar as relações antes mesmo de
começarem.

"Falando nisso," disse Owen, em seguida, mudando de


assunto, erguendo as sobrancelhas sugestivamente.

"O quê?" Eu pergunto, toda indignada e um pouco mais.

Ele abre as mãos largamente. "Você teve alguma ação? Um


pouquinho de amor, para você cantar?"

Eu pisco de volta para a música que eu gravei esta manhã,


sorrindo para mim. Não é uma música utilizável. É apenas por
diversão. Ainda assim, ela me dá uma emoção.

"Olá? Terra para a garota com prazo final! Canção. Nós.


Precisamos. De. Uma. Música".

Eu me enraízo de volta ao presente. "E quanto a essas três


canções assim-assim? Podemos tentar formar algo com delas?"

Ele me enxota para a sala ao vivo. "Vamos ver se há alguma


coisa lá."

***

Oito horas e várias visitas ao revendedor de suco dos vícios


depois, fechamos pelo dia, não mais perto de virar meu trio de
orelha de porco em uma bolsa de seda. Mas tudo bem, eu digo a
mim mesma. Tenho um encontro, e eu vou colocá-lo para um bom
uso em mais de um sentido. Lanço a palavra mais e mais na
minha cabeça enquanto ando em toda a cidade, deixando espaço
compartilhado em meu cérebro entre meu encontro com
"Bittersweet Symphony" do Verve, que toca no meu iPod.

Então eu lembro que deixei meu celular no silencioso desde


que o dia escolar de Ethan terminou. O pego de dentro das fendas
da minha bolsa tipo saco azul claro no ombro só para ver que
perdi várias interpretações de "Girls Just Wanna Have Fun." Eu
ligo para Kelly de volta.

"O que está acontecendo?"

Sua voz chorosa deixa escapar: "É Grant. Ele me acusou de


ter um caso. Você pode vir?"

"Já estou indo." Ergo a minha mão para o ar para chamar o


táxi mais próximo, mesmo que eu devesse estar voltando para
minha casa em Murray Hill para tomar banho e me trocar para
encontrar Matthew.

Quando chego ao prédio da Kelly no Upper East Side, o


porteiro sinaliza para eu entrar. Chamo o elevador, aperto seu
andar e corro para a casa dela. Ela está em pé metade no
corredor, metade em sua casa, segurando a porta aberta para
mim. Ela está chorando, mas seus olhos estão agora secos. A pele
ao redor deles está inchada e vermelha. Seu cabelo loiro eriçado
está puxado para trás em um rabo de cavalo, mas desarrumadas
mechas alinham seu rosto.

"Obrigado por ter vindo. Eu não perguntei se Ethan estava


com você. Falei sem pensar." Seu tom é suave, sua voz despojada
de sua leveza habitual. Mesmo que ela seja a minha melhor
amiga, eu nunca a tinha visto assim, nunca a vi menos que
perfeita, menos que pronta. Gostaria de saber se esta é a forma
como eu fiquei na noite que Aidan me deixou.
"Ethan está com Aidan. Mas eu viria mesmo assim. Podia
tê-lo apenas o deixado com a babá." Eu aponto para a TV em uma
tentativa grosseira de melhorar o humor.

Mas o meu débil esforço faz com que ela comece a chorar
novamente. "O que foi, querida?" Eu pergunto, colocando a mão
nas costas dela e a guiando para o sofá marrom-chocolate,
carregados com travesseiros ouro, laranja e roxo e um lance creme
chenille.

"Grant saiu com Sophie. Junto com a babá", diz ela,


começando a explicar. Estendo a mão para a caixa de lenços,
escondida dentro de uma caixa de bom gosto de cobre na mesa de
canto. Ela retira vários, um por um, e agarra-os em um chumaço
no colo.

"Grant era para voltar para casa amanhã da sua


conferência de pesquisa. Mas, então, ele voltou para casa mais
cedo e não me disse que estava voltando mais cedo. Ele queria me
surpreender."

Quando ouço Kelly dizer a palavra surpresa, começa a ficar


claro por que ela está chorando. Acusação, caso, e surpresa são
palavras que nenhum cônjuge quer ouvir espalhadas ou juntas
em uma tarde, e muito menos numa frase ou telefonema.

"Quando eu estava no telefone com ele, eu disse que Sophie


estava com a babá e eu estava indo para uma entrevista com o
contador", acrescenta ela.

Eu levanto uma sobrancelha. Ela balança a cabeça


imediatamente. "Nada aconteceu, Jane. Eu juro."

Eu coloco minha mão sobre a dela. "Você não tem que


provar nada para mim. E você sabe que eu acredito em você."
Kelly assoa o nariz, em seguida, recomeça sua história. "Eu
sei que eu disse que ele é bonito, e ele é. Mas meu último contador
foi um desastre total e meus livros estão uma bagunça. Assim, a
reunião continuou por duas horas e meia. No momento em que eu
saí, eu tinha", ela passa as mãos pelos cabelos, segurando-o
firmemente em frustração- "nada menos do que oito chamadas
não atendidas de Grant."

Eu tenho um palpite de que a Pequena Miss Sophie não


cumpriu seu acordo que resultou nela ganhando um cookie.

"Eles começam com „Eu espero que você esteja desfrutando


de sua tarde com o contador bonito e „pós-graduado' Eu estou
levando Sophie e eu nem sei se vamos chegar em casa hoje à
noite. Espero que tenha valido a pena a tarde com seu contador."

Eu cubro minha boca com a mão. Estou chocada com a


linha de pensamento de Grant, a sua capacidade de tirar
conclusões precipitadas.

"Eles vão voltar, certo?", ela me pergunta, preocupada.

"Claro. É claro que eles vão voltar. Ele não está fugindo do
país com ela ou coisa assim."

"Isso me faz sentir como se estivéssemos pendurados por


um fio e ele pode voltar para casa e levar Sophie e nem sequer me
dizer. Isso é o que as pessoas fazem com os outros quando eles
têm divórcios realmente vingativos, certo?"

Eu estou a ponto de dizer: "Eu imagino que sim" quando


ouço o som característico de uma chave abrindo a fechadura. Nós
duas nos viramos para a porta da frente automaticamente, nos
preparando para o retorno de Grant. A grande porta de madeira
branca se abre. Sophie entra, seu rosto salpicado com os restos do
que foi provavelmente um sundae de chocolate. Grant, ainda
vestindo uma camisa branca e gravata, entra em seguida. Ele olha
para Kelly, então me olha.

"Oi, querido", Kelly diz timidamente, dando um passo em


direção a ele como um cachorro com o rabo entre as pernas.

"Sophie está cansada. Ela queria voltar para casa".

Sophie abraça sua mãe ao redor da cintura e diz: "Eu estou


pronta para dormir, mamãe."

Grant olha para Kelly. "Nós precisamos conversar."

Eu dou um pulo. "Por que eu não coloco Sophie na cama


assim vocês dois podem conversar?"

Estendo a mão e pego na de Sophie e levando-a para seu


quarto, enquanto Kelly e Grant vão para a cozinha. Depois que eu
ajudo Sophie a tomar banho, escovar os dentes e pentear os
cabelos, nós escolhemos o pijama. "Rosa com as estrelas
amarelas, por favor", Sophie instrui, um bocejo escapa de sua
boca. Digo a Sophie que eu preciso fazer uma ligação rápida.

"Jane Black está atrasada", Matthew responde alegremente.

"Como você está?"

"Excelente. Eu já estou aqui, mas não se preocupe. Tenho


um livro. Além disso, a anfitriã disse que iria me trazer um pouco
de cascas e raízes para roer se me deixar faminto enquanto
espero."

"Na verdade, eu vou me atrasar muito", eu digo, em


seguida, dando uma brevíssima explicação enquanto Sophie mexe
em suas calças de pijama. Matthew faz uma pausa. Não fala de
imediato.
"Eu entendo completamente. Não tenha pressa. Nós
podemos remarcar", Matthew diz, e eu adoro a forma como ele é
um cavalheiro, mas ainda posso ouvir um tom de irritação em sua
voz.

"Posso te ligar quando eu sair?"

"Claro."

Eu termino a chamada e expiro. Eu não posso deixar de


lembrar algo que minha mãe costumava dizer sobre estar atrasado
- há sempre desculpas, mas nunca motivos. Pontualidade era
como respirar para ela, e isso, obviamente, pulou uma geração
comigo, já que eu nunca pude chegar a algum lugar no horário.
Mas isso é mais do que atraso. Isto é deixar alguém pendurado,
atrapalhando seus planos, de pé. Sophie puxa seu pijama para
baixo sobre seu umbigo e sorri para mim. Mas a doce pequena
Sophie parece tanto uma boa desculpa e uma boa razão.

"Jane, eu fui ao Serendipity. E tomei um sundae", Sophie


relata enquanto ela desliza sob sua colcha verde e rosa.

"Foi bom?"

Sophie acena com entusiasmo. "Foi delicioso", diz ela,


inclinando-se sobre a borda da cama para arrancar livros de sua
mesa de cabeceira. Então ela se vira para mim, seu rosto cheio de
tristeza. "Mas..."

"Mas o que, querida?"

"Eu fiz uma coisa ruim."

Eu me ajoelho ao lado dela. "O que você quer dizer?"

"Eu não queria, Jane! Saiu sem querer. Eu estava tão


anima de ver o papai, e então eu disse que a mamãe estaria em
casa logo depois de encontrar o contador e eu soltei. Eu disse:
'Mamãe diz que ele é um gostoso'".

Uma lágrima rola pelo rosto de Sophie. Eu a puxo ao meu


lado, seu corpo um pouco mole em meus braços. "Está tudo bem,
Sophie. Você não queria."

"Mas agora o papai está com raiva de mamãe", Sophie


sufoca.

"Shh... não se preocupe, querida. Eles vão resolver o


problema."

"Eu não sou muito boa em manter segredos, sou, Jane?"

"Você não deveria estar mantendo-os", eu digo, sorrindo


para ela. "Você tem seis. Agora passe para lá para que eu possa
ter algum espaço para ler para você."

Dois livros mais tarde, Sophie esfrega os olhos e escorrega


mais sob as cobertas. Eu beijo sua bochecha, diminuo as luzes, e
digo boa noite. Ao deixar o quarto, olho para trás mais uma vez.
Ela já está dormindo. É como se alguém a enfiasse um Ambien12.

Eu ando devagar em toda sala de Kelly, para ouvir sons. Eu


pego algumas frases de sua conversa na cozinha.

"Você tem que acreditar em mim. Não há nada


acontecendo..."

"Eu não sei se posso acreditar nisso...”

Eu não quero ouvir essa conversa. Eu prefiro ouvir a versão


de Kelly no Harajuku. Eu prefiro estar lá para ela antes de ser
uma mosca na parede durante a conversa. Eu decido que o
melhor a fazer é andar alto, o som de minhas botas ecoando em

12
Medicamento usado para tratamento de insônia.
toda a sua espaçosa sala de estar, bato na porta da cozinha, e
enfio a cabeça dentro.

"Sophie está dormindo", eu anuncio.

Ambos se viram para mim. "Muito obrigada, querida", diz


Kelly.

"Obrigado, Jane," Grant fala.

"Eu vou saindo." Eu fecho novamente a porta da cozinha,


feliz por ser de grande ajuda, mas igualmente feliz por estar indo
embora. Enquanto chamo um táxi, minha mente voa de volta para
as discussões que eu nunca tive com Aidan. Nós não éramos
combatentes. Nós não discutíamos. O máximo que fizemos foi
brigar de vez em quando sobre se ele estaria sempre limpando
enquanto cozinhava e se eu tinha algum direito de criticar já que
eu nunca cozinhava. Nós sempre nos demos bem, a nossa
pequena charada de um casamento que era uma bomba-relógio
silenciosa.

Ainda assim, eu tenho que saber se havia uma venda que


não me deixou ver. Se eu precisasse de Kelly para colocar Ethan
na cama uma noite, durante um dos nossos "Você acha que você
pode sempre limpar quando você cozinhar?" Mini-dicas que ela
teria sido capaz de detectar o que havia de errado com o nosso
casamento? Porque eu sinto naqueles poucos segundos, quando
testemunho Grant e Kelly juntos, crus, expostos e vulneráveis, eu
vejo o núcleo do seu casamento. As peças que talvez eles não
entendessem. Que Grant é o palito de fósforo e
descontroladamente preocupado. Que Kelly está com medo de
perdê-lo. Que Sophie se tornaria uma espécie de peão, se eles se
separassem.

Quando eu saio, me pergunto se Kelly vê algo além disso.


Todos nós usamos óculos cor de rosa, às vezes, talvez na
maioria das vezes, nunca deixando que os outros vejam o que não
vemos, ou queremos ver sozinhos.
Capítulo Dezenove
Matthew não veio me buscar. Eu atravessei o parque da
Avenida Columbus ligando e ele não atendeu o telefone. Tento
uma terceira vez. Recebo os mesmos cinco toques, a mesma
gravação, no mesmo tom.

Eu nem tenho certeza do que dizer ao motorista de táxi


para onde eu vou. Matthew deve ter deixado o restaurante agora.
Eu digo ao taxista para parar na Ninety-First com Amsterdã. Eu
só fui à casa de Matthew uma vez, mas posso lembrar do prédio e
lembro que ele mora no segundo andar.

Acho uma nota de dez dólares na minha carteira, pago o


motorista, e saio do táxi em frente ao apartamento de Matthew. O
nome dele está do lado de fora, junto com os dos outros
inquilinos, então eu pressiono a campainha no 2B.

Ziiimmm.

Ziiimmm.

Ziiimmm.

Escuto o som fraco de um cão latindo bem desanimado um


piso acima de mim. Acho que Doctor esta sozinha em casa.

Bato meu pé no chão, chateada comigo mesma. Olho pelos


andares do prédio, para as varandas dos apartamentos. Mas não
vejo, um homem alto e bonito em lugar nenhum.

Rapidamente mudo de ideia e vou ao restaurante, no caso


dele ainda estar lá.

Eu corro devagar, segurando a bolsa com minha mão


direita para que ela não caia do meu ombro, mesmo sabendo que
os nova-iorquinos devem estar achando que sou uma louca
correndo pela rua de saltos, agarrando minha bolsa. Eu não me
importo agora, no entanto. Corro ruidosamente, saltos batendo ao
longo dos dois blocos, até que vejo o letreiro de Happy Cow, o
restaurante vegetariano. Desacelero o passo, tirando a mão da
minha bolsa e dando a meus pulmões fôlego, para eles se
acalmarem. Correr dois blocos usando botas quase me deixa mais
sem fôlego do que correr com Natalie.

Estou prestes a empurrar a porta quando avisto uma


pequena lojinha bem ao lado do restaurante. Uma placa de
madeira antiga, como o sinal de uma taberna, paira acima da
entrada. Um livro aberto. Sob o nome tem uma imagem
convidando as pessoas a entrarem.

Um livro aberto.

Eu conheço alguém que não resistiria a um livro aberto.


Que é incapaz de desviar o olhar de um conto. Ele está lá, eu sei
disso. Entro e pareço estar observando o lugar, enquanto escaneio
as fileiras de prateleiras recheadas de livros, em um espaço menor
do que os cafés na maioria das grandes livrarias. Matthew não
está na seção de ficção, não está na de mistério, não está na de
literatura.

Eu me viro para a seção de não-ficção, derrotada. Matthew


não leria sobre algo que realmente aconteceu.

Mas lá está ele, inclinado contra uma das prateleiras,


folheando um livro, totalmente em casa. Eu toco-lhe no ombro.
"Não achei que te veria aqui. Eu nunca pensei que iria encontrá-lo
na seção de não-ficção."

Ele coloca um dedo sobre os lábios. "Shh ... não conte a


ninguém."

"Eu tentei ligar para você. Mas você não atendeu, então eu
fui para o seu apartamento e depois para o restaurante e depois
aqui. "

Seus olhos se iluminam. "Você me procurou por toda


parte."

"Eu tive que procurar por você, mesmo nesta pequena


lojinha".

Ele suspira. "Eu tenho que admitir que estava um pouco


irritado."

"Você estava?"

Ele balança a cabeça, um pouco envergonhado.

"Você estava me evitando?", pergunto baixinho. "Quando


tentei ligar?"

Ele balança a cabeça. Em seguida, faz uma pausa e encolhe


os ombros, olhando para longe. "Talvez. Eu não sei. Eu realmente
queria vê-la e depois me senti um idiota sentado lá esperando."

"Desculpe-me se eu fiz você se sentir assim", digo, e coloco


a minha mão em seu rosto para ele olhar para mim. Tanta coisa
não foi dita na casa de Kelly, tanto estava escondido com Aidan e
eu. Eu não quero ser assim com Matthew. Eu não quero ser
selada com segredos ou com medo. Tenho uma oportunidade de
ouro para começar de novo, e não quero adivinhar cada
movimento, como Owen está fazendo, ou reagir de forma
exagerada como Grant. Eu quero uma relação baseada na
confiança, honestidade e transparência. Então, dou-lhe isso. "Eu
queria ver você também. Pensei em você o dia inteiro."

Um breve sorriso cintila seu rosto. "E eu nem sabia se você


ia aparecer. De qualquer forma, não é grande coisa. Eu sabia que
tinha que ajudar sua amiga. Eu só queria te ver." Então, ele para
e me dá um olhar um pouco mais doce. "Eu já disse isso, não
disse?"

Eu sorrio de volta para ele e aceno. "Sim, você já disse."

Em seguida, seus lábios encontram os meus e de repente


ele não é louco, eu não estou o rejeitando e meu coração está
batendo mais rápido, mas não por ter corrido dois blocos de salto
alto. Mas pelo homem que eu quero e o homem que me quer, está
me beijando em público. O mundo é redondo novamente. Certo é
certo e se é para o bem eu não tenho que querer ser o casal do
Starbucks mais. Eu sou o Casal Starbucks agora.

Ele pega minha mão. "Gosto muito da ideia de você me


procurado, apesar de tudo." Seus dedos deslizam entre os meus e
caminhamos até o balcão, já de mãos dadas um dia depois, como
um casal. Eu gosto tanto do gesto e da forma como o calor de suas
mãos se transferem para as minhas enquanto seus dedos se
enrolam com os meus.

Ele compra o livro que estava lendo, sexo, drogas, e


atualizando sua página no Facebook. Eu vi o livro na mesa de
Jeremy. Supostamente é para ser o olhar definitivo de como os
artistas têm impactado as vendas através de interação com os fãs
na Internet. É uma escolha estranha, porque mesmo um
especialista do setor de música, Matthew me disse uma vez que
ele não lê não-ficção. Assim que ele está a salvo fora do escritório,
o telefone, e a grande quantidade de almoços da indústria da
música, jantares e festas depois do trabalho, ele está fora do seu
turno e pronto para mergulhar em uma história.

Mas antes de eu perguntar sobre a escolha de leitura


incomum, saímos na Broadway, e ele se vira para mim. "Eu estava
me perguntando se você ainda merece jantar agora, ou se eu
deveria levá-la de volta para o minha casa e espancá-la em vez
disso."

Eu abaixo minhas pálpebras, olhando para a calçada, em


seguida, apoio-me em Matthew. Estou quase envergonhada que
uma rápida explosão de desejo inunda meu corpo quando eu
admito, "Eu nunca fui espancada."

Um sorriso toca em seus lábios. "Você gostaria de ser?"

"Eu não sei. Será que eu gostaria?"

"Eu ficaria mais que feliz em ajudá-la a descobrir se você


gosta disso."

Eu dou de ombros e sorrio maliciosamente, em seguida,


coloco a minha mão ao redor de seu pescoço, brincando com a
parte de trás de seu cabelo enquanto caminhamos. "Há muito
para descobrir, não é?"

"Felizmente, eu sou um intrépido explorador."

Eu gosto do som disso, assim eu paro, agarro seu braço e o


puxo para perto. "Explore-me", digo-lhe em voz baixa.

Seus olhos azuis se iluminam com fome, e isso me


emociona porque reconheço esse olhar, o sentimento. Que não há
confusão de minha parte, como o que ele quer. "Porra mulher,
você deveria me dar um bolo com mais frequência. Isso deixa você
animada." Em seguida, ele abaixa a voz. "Mas eu estou realmente
feliz que você não me deu um bolo."
"Eu também", digo baixinho. "Você quer pedir uma pizza?"

"Você está se convidando de novo?"

Eu aceno.

"Peça-me gentilmente, Jane."

"Matthew Harrigan, posso por favor passar a noite com você


e saber se gosto de ser espancada?"

"Eu pensei que você nunca pediria".

***

Acontece que eu não me importo com uma surra. Eu não


me importo de jeito nenhum. Talvez seja porque eu já estou
bastante transtornada e eu já gozei duas vezes com a represália
fantástica que Matthew fez comigo no meu sofá na noite passada.

As coisas que este homem pode fazer com a língua me


espanta. As coisas que ele pode fazer com a língua e os dedos ao
mesmo tempo surpreende-me, e eu tenho certeza que tenho algum
tipo de recorde de velocidade da mais rápida mulher a ter
orgasmos múltiplos desde que ele avançou em mim minutos atrás,
logo que a porta fechou e ele tirou todas as minhas roupas. Agora,
ele está sentado em uma cadeira de madeira à mesa da cozinha,
eu estou montada nele, e ele está massageando minha bunda.

Eu aperto seus ombros enquanto me movo para cima e


para baixo sobre ele, montando-o, em seguida, na descida, há um
outro tapa.

"Ouch", eu digo, mas a palavra é seguida por um gemido


baixo, então ele traz a mão de volta para a minha bunda com um
tapa rápido.

"Você gosta disso?"

Concordo com a cabeça e sorrio, e minha resposta o faz


gemer e ele curva a mão livre no meu pescoço, me puxando para
um beijo rápido. Seus lábios são deliciosos, e eu posso provar
quando estou sobre ele.

"Você tem um gosto bom", eu sussurro.

"Isso é porque eu tenho seu gosto."

"Como é meu gosto pra você?"

"De uma mulher excitada. É por isso que você é tão


fodidamente deliciosa", diz ele com uma voz quente, áspera.

Eu pressiono as palmas das minhas mãos contra o peito


dele, deslizando-as para cima e para baixo, enquanto balanço
meus quadris contra ele.

Então sinto uma dor aguda no meu traseiro, e inalo uma


respiração profunda. "Oh Deus," Eu suspiro, e isso é seguido por
um tapa leve. Eu sinto uma aceleração na minha barriga, e sei
que estou perto. Há uma outra pancada suave, e em seguida, ele
esfrega a palma da mão contra a minha bunda enquanto continua
seu movimento, e eu estou no meu limite, sensações que eu
nunca senti correm e se espalham por todo o meu corpo. Ele se
movimenta forte, no mesmo ritmo que eu, de novo e de novo,
enchendo-me tão profundamente que começo a chegar ao clímax,
prazer rasgando-me em um frenesi feroz, apagando tudo o mais
no mundo agora, exceto ele, os sons que ele faz, a maneira como
ele diz meu nome, seu pau duro dentro de mim mais uma vez.

Logo, eu respiro fundo, abro os olhos e sorrio como uma


pessoa bêbada estúpido para este homem lindo. "Então, talvez
possamos tentar algemas da próxima vez?”, levanto minhas
sobrancelhas.

"Poderíamos amarrá-la também. Traga alguns lenços e eu


vou amarrá-la a cama e fazer o que quiser com você a noite toda",
diz ele, dando beijos quentes no meu pescoço que está úmido de
suor.

"Você já faz o que quiser comigo," eu digo a ele.

"Eu sei", diz ele com um suspiro suave. "E eu adoro isso."

Uma hora mais tarde, depois de devorar uma pizza meio-


cogumelo, meio salsicha, estamos em sua cama debaixo de seu
edredom quase branco. Ele diz que escolheu essa cor para
combinar com o cabelo de Doctor, já que ela tem o hábito de
dormir na cama, enquanto ele está no trabalho, um hábito que ele
não se importa, nem é capaz, de impedir. Digo a Matthew sobre a
minha noite, o telefonema de Kelly, o mal-entendido, a briga na
cozinha, colocar Sophie para dormir. Eu não compartilho os
detalhes particulares, que seu marido erroneamente suspeita que
ela está o traindo agora. Esses não são os meus detalhes para
contar.

"Então foi por isso que não consegui ir para casa tomar um
banho ou ficar toda arrumada."

Matthew me cheira. "Sim, você está um pouco suja agora."

"Pare com isso." Eu finjo que estou prestes a disparar um


travesseiro em sua direção.

"Mas, falando sério, isso só serve para mostrar o quão


incrivelmente complicada as relações são. Quero dizer, você já
sabe devido o seu casamento. Mas se você descascar as camadas
de qualquer relacionamento, vai encontrar em todos algum tipo de
estranheza que compromete o que você não pode sequer imaginar
a partir do exterior. E depois há os compromissos que você não vai
fazer. "

Ouço a respiração rítmica da cachorra enquanto ela dorme


ao pé da cama, bancando a cachorra obediente quando ele está
em casa. Matthew coloca os braços atrás da cabeça. "Sua
namorada de um ano atrás?", pergunto.

Ele balança a cabeça. Eu espero por ele me dizer mais. Não


quero sondar neste assunto, na fase inicial, quando os
relacionamentos, como o recém amadurecimento de frutas, pode
machucar em um instante.

"Eu não sei se você já percebeu isso, mas eu sou um pouco


protetor com meu currículo."

"Tenho notado," eu digo.

"Eu não quero que as pessoas gostem de mim ou cheguem


até mim por causa da minha família. Por causa de um nome. Ou
um título."

"Claro."

"Eu estava namorando essa mulher aqui e ela era inglesa.


Nós nos conhecemos em Nova York e foi todo aquele 'Oh, você é de
Inglaterra, eu sou da Inglaterra' esse tipo de coisa."

Ele conta a história deitado metade debaixo das cobertas,


seu osso do quadril exposto, as luzes da rua de Manhattan
atravessando as janelas entreabertas, cobrindo o peito nu com
sombras e luz. "O nome dela era Angeline e", ele faz uma pausa,
"ela era modelo."

Eu gemo. Então ele me dá um sorriso diabólico.


"Brincadeirinha sobre essa parte."
Eu sorrio, porque só Matthew teria uma piada bem no meio
de uma história séria.

"Na verdade, ela tinha uma profissão terrível. Ela era


advogada corporativa. Longe de ser tão cativante como uma
estrela do rock", diz ele, mordiscando meu pescoço.

"Não pense que você pode fazer isso comigo agora." Ainda
que eu respire aliviada que ela não era uma modelo. Eu também
estou feliz por ter um trabalho mais legal do que o exercício da
advocacia. Se há uma maneira infalível de assustar alguém em
um coquetel, apenas diga que você é um advogado.

"De qualquer forma, ficamos juntos por um ano mais ou


menos. E quando ela descobriu sobre a minha família, eu pedi a
ela para ser discreta e o motivo. Acontece que eu gosto de
privacidade. Então me processe. No dia seguinte, ela foi e contou
praticamente para todo mundo."

"E foi assim que você terminou com ela?"

"Não", ele diz com uma risada. "Bem, acho que sim. Não foi
muito legal quando ela pediu para se casar com o Barão Somerset
e eu disse que não, de jeito nenhum."

Nós dois rimos, e em seguida, ele muda de assunto. "Conte-


me sobre seu filho. Eu adoraria conhecê-lo um dia."

"Eu quero que você o encontre algum dia. Algum dia em


breve."

"Como é que ele é?"

Eu sorrio. "Oh, você sabe o caminho para o coração de uma


mulher. Deixe-la falar sobre o amor de sua vida."

Então, eu faço isso, dizendo a Matthew sobre Ethan e nossa


obsessão com Harry Potter partilhada, sobre karate, sobre os
caprichos da criação de regras de Ethan em seu jogo de cartas.
Sobre o quanto ele ama cães.

"Meus pais têm três cães. Todos border collies. E Ethan fica
louco com eles sempre que visita meus pais em Maine. Vou levá-lo
lá em Abril para ver a produção da minha mãe de Tommy, e tenho
certeza que Ethan vai passar a maior parte do tempo com os
cães”.

"Devemos apresentá-lo a Doctor, em algum momento,"


Matthew oferece.

Eu me ilumino. "Isso, na verdade, provavelmente, é a


maneira perfeita para ele encontrar o homem da minha vida."

"Eu gosto de ser o homem da sua vida", diz ele, e então me


beija novamente. Eu hesito em seus lábios por um minuto, em
seguida, vou até o pescoço onde eu provo o salgado quente de sua
pele, misturado com o cheiro desaparecendo de sua loção pós-
barba, um cheiro que, neste instante esta impregnada no meu
pensamento e eu já ligo esse cheiro como sendo meu. Eu poderia
andar ao longo dos anos nas ruas a partir de agora e colidir com a
minha memória com o gosto de seu pescoço, pela clareza do
recolhimento, pela crença de que seu cheiro me pertence. Mesmo
que isso acabe, mesmo que termine hoje à noite, ou em duas
semanas ou dois meses ou dois anos, eu quero grava-las em meus
sentidos para que eu nunca esqueça. Porque estou sendo
reprogramada agora, reaprendendo tudo sobre como é se sentir ao
saber que alguém pode ser seu, que você poderia ser dele também,
e nem um de vocês tem que ser Sísifo13 empurrando uma pedra

13
Sísifo é um herói grego que foi condenado pelos deuses por ter se rebelado contra eles e revelado seus
segredos para os homens. E sua condenação foi aquela que mais sofrimento pode trazer a um homem que
pensa: a realização de um trabalho sem sentido.
até a colina por toda a eternidade.

Quando fecho meus olhos, minha mente voa de volta ao


longo do dia. Para Owen e suas suspeitas infundadas de Taryn, a
Kelly e seu medo de gelar os ossos com a palavra divórcio, de
Matthew e as exigências que ele não iria cumprir, para Aidan e eu.
Pelas últimas semanas, eu balançava para trás e para frente entre
querer Matthew e duvidar de Matthew, entre ser brincalhona com
ele e perguntando em particular se ele estava flertando para
conseguir o artigo. Para aprender a confiar. Para desfrutar de
confiar em alguém, e aqui estamos de mãos dadas na rua,
passando noites juntos, falando sobre ex-namorados, navegando
em pequenas luzes. Estamos passando rapidamente todos estes
momentos obrigatórios em um novo relacionamento com cores de
voo. No entanto, eu não posso evitar, mas pergunto que tipo de
segredos, mentiras e compromissos tranquilos Matthew e eu
poderíamos estar fazendo quando eu deixá-lo entrar de vez na
minha vida.

Mas o problema é que tenho um sentimento que esse


compromisso pode ser um naufrágio para mim.

Tento desejar afasta-lo, fazendo pouco caso dele. "Ei!", luto


para sair da cama. "Eu esqueci que tenho algo para você."

Saio correndo para a sala, pegando minha bolsa, e pego


meu telefone. O trago de volta para o quarto, e ele levanta uma
sobrancelha quando ele me vê segurando meu telefone. "Eu tenho
que desenhar a linha em fotos nuas postadas no Facebook", diz
ele.

"Sim. Não se preocupe com isso, Barão Somerset. Isso é um


limite difícil para mim também."

Volto para a cama, e encontro a gravação que mandei pra


mim mesma por e-mail mais cedo. "Eu fiz isso no Garage Band
esta manhã."

"Você escreveu uma música?", Pergunta ele, e sua voz se


eleva com a felicidade.

"Mais ou menos", digo, e aperto play, e ele ouve a


musiquinha que eu chamo de "Deus do sexo Inglês adora meu
corpo." É uma musica boba, nada que eu nunca realmente vá
liberar. Mas ele ri dos versos como, de Zero a Molhada em menos
de sessenta segundos e Deus abençoe peitos, este homem diz.

Quando ele termina envio para seu e-mail. "E esse é o


primeiro presente oficial que dou para você", digo, e ele me puxa
para outro beijo.

"É o meu presente favorito de sempre", diz ele. Em seguida,


em voz baixa, pergunta: "Você já escreveu alguma coisa?"

Balanço minha cabeça. "Não. Gostar de você transformou


todas as minhas células cerebrais musicais para a pieguice".

Eu olho para ver a avaliação de Matthew que está em


choque.

Talvez não haja nada a dizer quando você está desmaiando,


caindo, flutuando, sendo perseguido. Talvez quando você está
deliciosamente, delirantemente feliz, ninguém quer ouvir sobre
isso.

Quem teria pensado que ele iria identificar com precisão o


problema no meu trabalho?

De cair.

De ser feliz, verdadeiramente deliciosamente feliz, sem


perguntas, sem fingimentos, sem dúvidas.
Eu não sou mais triste. Eu já não possuo um coração
quebrado, machucado, destruído para me guiar, inspirar palavras,
letras, músicas que você possa tocar no carro. Meu coração não
está mais quebrado. Ele está curado, e evidentemente, o romance
não combina com música para mim.

"Isso não é bom, Jane", diz ele em um tom sério.

"Eu sei. Não é bom em um monte de níveis", eu digo, mas


eu termino com isso mesmo, porque não quero verbalizar todas as
maneiras que esse bloqueio de escritor poderia jogar fora não mais
música, sem mais músicas, não ha mais o desejo do coração.

Então, talvez a resposta seja não ter mais Matthew.

Eu odeio essa resposta.


Capítulo Vinte
Se eu fosse uma cientista ou uma neurologista ou talvez até
mesmo uma psicóloga, eu poderia saber qual parte do cérebro
abre o coração novamente. Eu poderia saber qual sinapse é
acionado. Eu poderia saber qual lobo controla sentimentos e
medos.

Mas eu não sou uma cientista. Eu sou uma cantora e


compositora, ou pelo menos eu fui algum dia e tudo o que sei é
que há uma parte que solicita que você tente uma segunda vez.
Talvez seja a parte que faz uma mãe esquecer o quanto dói dando
a luz, a parte que não pode mais se lembrar dos beijos ruins, a
parte que faz que com o tempo um analgésico seja melhor que
morfina, como meses e anos lançam um verniz transparente sobre
as dores do passado. É a parte que tem ajudado Kelly e Grant a
seguir adiante. Ela me disse que ambos admitiram que deixam
seus medos tirar o melhor deles, mas eles estão tentando ser mais
honestos em tudo.

Seja qual for a parte do cérebro que insiste que você tente
novamente, ele está trabalhando em mim, já que com Matthew e
eu caímos em um ritmo instantâneo um com o outro ao longo das
próximas semanas, nos falando todos os dias ao telefone, mesmo
nos encontrando com amigos um do outro. Outra noite jantamos
com John-Alistair e sua esposa no Simone‟s, e algumas noites
mais tarde, teve o jantar com Kelly e Grant.

Mas agora é a minha vez com Ethan. Eu amo quando os


meus quatro dias com meu filho, começa na quinta-feira ou na
sexta-feira, então no fim de semana ele ainda é meu. É tempo
suficiente para me acalmar e me dar uma falsa sensação de
segurança, a sensação de que quase não tenho que entregá-lo
para o pai em poucos dias.

O clima ainda esta um pouco frio, mas já migramos para


jaquetas em vez de casacos agora que estamos em abril. Eu
disparo um Frisbee preto para Ethan. Ele é como um Labrador
quando se trata de Frisbee. Corre para pegá-lo e volta com a
língua de fora, ofegante, pronta para outra.

"Mais uma vez!", Ele ordena. Estamos jogando no nosso


parque favorito, Stuyvesant Square na rua Seventeenth com a
Second Avenue. É um pequeno parque, tranquilo e protegido das
ruas por enormes árvores com folhas que parecem uma grande
esmeralda no verão. Os ramos estão nus agora, mas eles vão ficar
cheios em breve.

Eu jogo o Frisbee para Ethan novamente. O logotipo da


fabrica de confecção de malhas que se transforma em um borrão
de roda. Eu posso sentir um deslize no meu passo, um sorriso que
eu não posso apagar. Estou feliz, verdadeiramente presa à algo
novo, o êxtase que é um novo amante. Eu sinto como se pudesse
arremessar este Frisbee para sempre. Eu me sinto como um
garoto. Eu me sinto como o Labrador. Sinto-me como Ethan. Eu
sempre ficava entediada com Frisbee, a repetitividade, parecia
quinze anos, depois de 30 minutos. Mas hoje eu não vou parar.
Toda vez que eu jogo Frisbee lembro-me: a mão na minha mão, os
lábios sobre os meus ombros, o delicioso sotaque do meu novo
homem britânico.

E isto. Tempo com meu filho.


Eu sorrio amplamente sem nenhuma razão. E isso só me
faz ver o quão boa é a vida. Como eu tenho tantos motivos para
ser feliz, mas especialmente porque eu estou aqui, agora, do lado
de fora, brincando. Quando eu lanço o Frisbee, é como se
estivesse deixando ir tudo o que me entristece, tudo o que me
esmaga.

Eu estou jogando fora as minhas dúvidas.

Com exceção de uma. A única grande coisa que está


faltando.

A minha música.

É como um membro fantasma, e como um membro


amputado, ele não vai voltar. É ausente sem licença. Desapareceu
sem deixar vestígios. Lágrimas picam as costas dos meus olhos
com o pensamento, e eu tento disfarçar quando Ethan pega e
aplaude.

"Olha o meu lance do morcego cego", Ethan grita,


apertando os olhos fechados e jogando o Frisbee artisticamente e
habilmente de volta para mim. Eu pulo talvez duas polegadas,
arrancando o Frisbee do ar, em seguida, a jogo para trás,
concentrando-me em nosso jogo, não no pedaço oco por dentro
que está roendo em mim.

Ethan pega o Frisbee e, em seguida, arremessa seu corpo


no chão, aterrissando em sua barriga. "Eu não posso mais fazer
isso", declara.

Eu caio ao lado dele e dou-lhe um beijo. Ele ri


brilhantemente forte, uma verdadeira gargalhada que me lembra
que se eu não posso escrever música, eu posso fazer outras coisas
também. Eu sou uma boa mãe. Eu sou uma boa irmã. Eu sou
uma boa amiga. Eu sou uma boa namorada. Eu sou uma estrela
do rock que escreveu um álbum incrível que ajudou a curar uma
tonelada pessoas. Eu sou mesmo uma boa ex-esposa, desde que
eu estou indo para a reunião de Aidan em dois dias.

Isso tem que ser o suficiente, certo?

***

Deixo Ethan no apartamento de Natalie na avenida West


End. Ele corre com Ben e Grace de volta para os quartos das
crianças, enquanto Natalie fica ao lado do fogão, mexendo sua
assinatura caseira, chocolate quente orgânico.

Ela remove um termômetro de seu especial invólucro-negro


um termômetro real aconchegante e mergulha na panela em seu
fogão. Ela testa a temperatura no leite, em seguida, se encontra a
esperar no fogão todo o tempo, esperando o leite aquecer, pronta
para dar o bote sobre o acendedor no segundo que atingir a
temperatura adequada. Sua precisão e atenção aos detalhes pode
ser a razão pela qual ela faz o melhor chocolate quente que eu já
provei.

"Owen diz que você está fazendo toneladas de progresso no


novo álbum," Natalie diz pegando o termômetro. Ela é como um
pelicano olhando a presa de cima, nunca desviando o olhar sobre
o peixe abaixo.

"Oh, é?" Eu levanto uma sobrancelha, uma vez que esta é


uma mentira. Por outro lado, Owen está defendendo o seu fim da
aposta e da escrita como um demônio.

Natalie concorda e, em seguida, rapidamente enterra seu


termômetro na chaleira, como perfeito mergulho-bomba do
pelicano para aproveitar o seu jantar. Ela mantém o tubo de prata
cheio de mercúrio com um brilho triunfante em seus olhos, em
seguida, puxa a panela do fogão, derrama os pedaços de
chocolate, e leva os dois ingredientes para que o chocolate derreta
no leite. "Sim, ele disse. E eu tenho um nome para o seu novo
álbum."

"É?"

"Você deveria chamá-lo 'Eu tenho um namorado novo e


esqueci de dizer a minha irmã'." Natalie sacode os quadris de
forma breve e me dá um olhar cúmplice.

Eu ergo minhas mãos, a minha admissão.

"Você sabe que não há nada que eu não posso conseguir de


Owen," Natalie continua, despejando a mistura em um bule de
cerâmica branca com uma ilustração da torre Eiffel. Um presente
da nossa mãe da sua última viagem a Paris. "E eu poderia apenas
acrescentar que eu previ que isso iria acontecer."

"Eu sei, eu sei. Você sempre sabe mais. E você sabe tudo."

Ela acena com apreço. "Bom. Eu gosto de ouvir você dizer


isso. Mas isso é mais uma prova de que você precisa de um
publicitário e tenho feito progressos. Cranberry e eu temos falado
e ela me colocou em contato com Ezra Koening sobre o uso de seu
agente, uma vez que ela é sua agente de reserva também. Eu
preciso ligar para ele de volta esta noite, quando as crianças forem
dormir. Mas nós temos conversado e ele tem um grande
representante RP, por isso vai dar certo."

Natalie faz uma pausa para escrever um lembrete.


Aparentemente, ela é a melhor amiga agora dos vocalistas da
Vampire Weekend. Ela acaricia a nota no balcão, então me lança
um olhar aguçado. "Quando você ia me contar sobre esse novo
homem?"

Encolho os ombros. "Eu não sei."

"Você percebe que eu não aprovaria."

"Jesus, eu me pergunto de onde eu iria tirar essa ideia."

"Oh, minha pequena Jane. O que eu vou fazer com você?


Tão jovem, tão impressionável", diz ela, apertando minhas
bochechas como uma avó faria. "Então você gosta de Matthew?"

Eu sorrio.

"Você gosta, então," Natalie declara.

Eu aceno.

"Muito?"

Concordo com a cabeça novamente.

Natalie começa derramar chocolate quente em copos de café


expresso. "Experimente um pouco." Natalie me dá uma caneca.
"Então, você e Aidan estão se reunindo com os advogados hoje à
noite ou algo assim sobre o divórcio?"

"Nós acabamos com a conversa sobre Matthew?"

"Se você está feliz, eu estou feliz."

"Onde é que as pessoas colocaram a minha irmã?" Eu


pergunto, desconfiada, fingindo procurar ao seu redor.

"Então, você vai ter advogados lá, certo?"

Ah, eu entendi agora. Ela está jogando bonito sobre o novo


homem, o mesmo que ela me alertou para não ficar muito perto
um mês atrás, para que ela possa jogar duro em como eu cuido do
meu divórcio. Que é o que eu disse a ela que eu estaria fazendo
com Aidan esta noite, discutindo o acordo do divórcio. Ela me
mataria se soubesse que eu estava indo para uma reunião de
Homem Gay Com Esposas.

"O seu advogado é agressivo o suficiente?" Natalie pergunta


friamente. "Porque você está fazendo algum dinheiro sério agora. E
Aidan é um professor. Concedido, em uma pequena escola
particular elegante. Mas, ainda assim, você está finalmente
fazendo dinheiro real, Jane. Assim, apenas certifique-se que o
advogado não vai jogar bonito. Você precisa proteger seu
patrimônio", Nat continua, determinada a falar a sua sabedoria.

"Você gostaria de vir comigo, talvez segurar minha mão?",


Pergunto em voz de uma menina, em seguida, provo meu primeiro
gosto de seu chocolate quente. Não surpreendentemente, é
fantástico.

"Eu conheço você, Jane. Você acha que tem que ser tão boa
o tempo todo, para à imprensa, para o seu ex ...", Natalie começa.
Eu me assusto com isso. Se ela soubesse onde eu estou indo
realmente hoje à noite, ela iria me bater. Não, ela iria comigo e
diria poucas e boas para Aidan na frente de todas pessoas na
reunião.

"Em homenagem a você, eu vou ser uma grande cadela esta


noite."

Natalie levanta uma sobrancelha e balança a cabeça em


aprovação. "Isso é o que eu gosto de ouvir. É melhor você chegar
ao seu encontro, sua grande cadela."

"Obrigada, Nat. E obrigado por cuidar de Ethan". Então


acrescento, "Você pode conseguir uma babá na sexta-feira? Você e
Trevor podem vir ao meu show no Knitting Factory?"
"Eu sou sua irmã mais velha, ou eu sou sua irmã mais
velha? É claro que eu marquei uma babá. Não perderia por nada
no mundo."

"Matthew vai estar lá," eu digo a ela.

"Então eu vou dizer a ele que é melhor que ele seja bom
para você", diz ela com um sorriso, por mais de uma bênção que
ela vai falar.

Eu a abraço, dando um rápido beijo no meu filho, e depois


pego um trem do centro, imaginando o encontro de Natalie e
Matthew e como minha irmã se comportaria. Mas eu gosto dessa
imagem. Eu gosto muito que Owen e Matthew estão ficando
próximos. Durante nossos dias no estúdio juntos, eles estão
fazendo piadas, recitando trivialidade de rock, partilhando
recomendações de livros. Owen ainda disse a Matthew sobre
Taryn, já que ele está vendo-a regularmente agora. Ele mencionou
isso no início desta semana, quando estávamos todos no estúdio.

"Então ela ainda está usando você?", provoquei.

"Por uma questão de fato, ela estava e ainda está me


usando", disse ele. "E eu não me importo. Porque você sabe o que
ela me disse no nosso terceiro encontro?"

"O que ela te disse?"

"Que ela não tinha mais um bloqueio de escritor, que eu era


o seu melhor beijo de sempre, e que planejava usar o meu beijo
como o modelo para o protagonista masculino em seu romance e
estava tudo bem comigo", Owen relatou com um brilho em seu
olho.

"Espere. Eu pensei que isso era o que você tinha medo?"

"Eu estava, mas depois ela admitiu, pediu permissão, e


além disso é uma coisa bem legal para uma mulher, vocês gostam
de usá-lo como modelo para apelo sexual de sua personagem, não
é?"

Ele ergueu a mão e deu um toca aqui em Matthew, que


acrescentou: "Bem ali com você, companheiro. Essa é a bajulação
final."

Eu ri junto com eles, mas secretamente me perguntei se


Matthew se sentiu decepcionado porque ele não teve o mesmo
efeito sobre mim. Ele não tem sido uma inspiração para mim,
como Aidan era. Mas talvez eu só possa escrever sobre o amor não
correspondido. Então eu sorrio privadamente. Talvez a reunião de
hoje à noite vá me irritar, e eu vou escrever uma melodia. Eu
levaria isso. Eu pegaria tudo agora, até mesmo um lamento
furioso.

O trem faz barulho na parada do centro da cidade, e eu saio


e vou para a igreja onde se realiza a reunião. Aidan não me notou
de imediato, porque ele está em pé sobre os degraus com Tom,
face-a-face. Eles estão olhando nos olhos um do outro, sorrindo,
incrivelmente felizes. Aidan pega a mão de Tom e aperta-a quando
Tom dá um rápido beijo de adeus em Aidan. Em seguida, Tom sai
e Aidan olha para ele por um segundo ou dois.

Tom, seu amante, seu namorado, não vai a reuniões com


ele, claramente.

Em seguida, isso me bate.

Talvez isso é o que está me impedindo de escrever música.


Talvez eu não precise ser a garota propaganda para as esposas.
Porque não é mais quem eu sou. Eu não sou a mesma mulher que
Aidan deixou. Eu não sou a mesma mulher que escreveu musicas
quando estava magoada. Mas se eu pisar naquela reunião, eu vou
ser. Eu vou ser a mulher que foi enganada. Eu estou cansada de
ser essa pessoa.

Preciso deixar isso pra lá. Mas não Aidan. Eu preciso dizer
adeus para a mulher que eu costumava ser. Porque há um melhor
de mim agora. Um mais forte de mim, um mais feliz comigo. Eu
sou a pessoa que quero ser. Não preciso de um homem para ser
feliz, e eu não preciso de um homem para ser infeliz. Eu só
precisava de mim, e eu gosto de quem eu sou, mãe, irmã, filha,
amiga.

O som de minhas botas estalando na calçada chegam a


Aidan. Ele se vira e olha para mim. E sorri. "Ei, muito obrigado
por ter vindo", diz ele com a voz que é tão familiar para mim, puro,
claro, tenor.

"Sim, sobre isso ..."

Mas ele não me ouve mais quando o som de uma


ambulância de repente passa correndo.

"Você está pronta?", Pergunta ele.

Pronta. Essa palavra de novo. Eu estou de volta para a


noite dos Grammys, o mais legal da noite sem-a-dúvida da minha
vida profissional. Estou pronta. Estou pronta para seguir em
frente.

Eu balancei minha cabeça. "Eu não vou."

"O que você quer dizer?"

"Eu estava indo mas agora eu não estou mais", digo com
naturalidade.

Aidan descansa a mão no corrimão aos longos degraus da


igreja, me olhando frustrado. "Mas todo mundo estava esperando
por você."

Eu fico no meu lugar, os meus pés firmemente enraizados


na calçada enquanto olho diretamente nos olhos verdes do homem
que eu estou me divorciando. "Eu sei. E eles só vão ter que se
decepcionar hoje à noite. Assim é a vida. As pessoas ficam
desapontados com as outras pessoas. As pessoas têm seus
corações quebrados por outras pessoas. Mas você sabe o que eu
lhes teria dito? "

Ele olha para mim.

"Eu teria dito a eles que eu não parei de querer você no


segundo que você me deixou. Isso mesmo, que você ainda poderia
ter me amado como um amigo, como uma pessoa, eu ainda estava
apaixonada por você, e eu pensei que era tudo minha culpa que
você não se sentia da mesma maneira. Eu pensei que não era boa
o suficiente. Eu pensei que não era bonita o suficiente ou sexy o
suficiente ou interessante o suficiente. Mas não é culpa minha.
Você sabe o que eu estou decidindo agora, esta noite, neste
momento?"

Aidan ainda está segurando o corrimão, eu ainda estou de


pé, de longe olhando diretamente para ele. "Estou me perdoando
por não saber", digo, porque não é minha culpa que ele gosta de
homens. "E eu estou bem com o fato de que você não sabia e eu
não sabia. Eu estou bem com a forma como tudo aconteceu."

Chega um momento em que a cura é simplesmente uma


escolha, quando se segue em frente é uma escolha. Você escolhe
amar, você escolhe se comprometer, você escolhe ser fiel. Eu
escolho curar.

"Jane", Aidan começa com uma espécie de voz


estrangulada. "Sinto muito."
"Pelo quê?"

"Por tudo. Desculpe-me que eu não sabia quando te


conheci. Desculpe-me, eu não descobrir isso mais cedo. Desculpe-
me, que eu trouxe Calvin comigo para te dizer. Isso foi injusto, e
uma merda. E eu sinto muito, eu realmente não entendo o quanto
eu te machuquei". Então ele ri, mas é um riso auto-depreciativo.
"O mundo inteiro sabia, desde o seu álbum. E de alguma forma,
eu era um idiota insensível, e eu só estava pensando em mim
mesmo, em descobrir quem eu era". Ele faz uma pausa para
considera as palavras. "Como ser este novo eu."

Uma lágrima desliza pelo meu rosto. Mas não é uma


lágrima de tristeza. É uma lágrima de desapego. De quem éramos.
De quem eu era. Impulsivamente, eu lhe dou um abraço. Ele me
abraça de volta. Não há nada de romântico entre nós, nada
sexual. Somos duas pessoas que viveram juntas, que fizeram uma
família, e que se separaram.

Isso é bom. Tem que ser. É o único caminho. Como Aidan,


eu estive tentando descobrir como ser este novo eu. Mas acho que
descobri. Eu sou essa agora. Talvez este seja o passo final que eu
precisava fazer para ir para o outro lado, e talvez ele vá trazer
minha música de volta para mim. Para dizer adeus à inspiração
do meu coração não correspondido.

"Obrigada. Tenha um bom encontro."

"Obrigado. Tenha uma boa noite."

E vou embora.
Capítulo Vinte e Um
Meu coração está literalmente pulando.

Isso ainda me intriga que as pessoas que eu não conheço e


não subornei e que não sou relacionada apareçam em meus
shows.

Mas Cranberry disse ao The Knitting Factory que eu havia


vendido completamente todos os ingressos do meu show. Ela está
na frente da casa pendurada em Dom, o gerente do clube, e
Natalie e com seu marido. Owen está lá fora em algum lugar no
meio da multidão com Taryn. Jeremy está aqui também, junto
com sua esposa, Vicki, e sua filha de dezessete anos de idade. O
único ausente é o meu filho, mas ele não vem aos meus shows
ainda, e ele está com o pai esse fim de semana. Então, em alguns
dias ele é meu de novo e vamos para o Maine ver meus pais.

O resto da multidão cochicha ao grande desconhecido. Eu


amo as pessoas que eu não conheço, as pessoas que eu nunca vi e
que gostam da minha música. Eu provavelmente falei com alguns
deles via Facebook em um momento ou outro. Alguns vão me
esperar na porta do palco após o show e se apresentar. Vou ficar
lá o tempo que eu tiver, dando autógrafos, conversando com os
fãs. Isso é o que eu amo; isso é o que me alimenta. Talvez no palco
eu encontre minha nova inspiração. Vou aprender o que os deuses
da música tem para mim, e então eu posso atender ao, muito se
aproximando, grande prazo muito real que eu enfrento.

Viro-me para o espelho para aplicar o batom. Quando pego


o lápis de boca, escuto uma batida na porta.

"Entre", falo.

"Eu não falaria isso ainda, se fosse você".

Posso sentir os pelinhos dos meus braços se levantarem.


Tenho arrepios em todos os lugares. Minha pele está formigando.
Viro-me para encontrar os olhos de Matthew, seu mais azul dos
azuis, olhando-me. Ele está quente e sexy em seus jeans, botas e
uma camiseta com gola arredondada de manga longa com um
badalado padrão cruzado no meio. Ele se inclina para mim,
desliza a parte de trás da sua mão no meu rosto, arrastando os
dedos em direção a minha boca. Quando ele faz isso, viro meu
rosto em sua mão, inclinando-me, observando seu rosto enquanto
saboreio a sensação de seu toque.

"Eu tenho que ir em quinze minutos."

Ele olha para mim. "Será que você está usando essa saia
para mim?"

Minha minissaia jeans é curta, mas não no comprimento da


minha bunda. Para no meio da coxa e parece deliberadamente
bem-vestida.

"Sim."

Matthew manuseia a barra da minha saia. "Será que a sua


porta tem tranca?"

"Sim." Eu ando até a porta, passo rapidamente o bloqueio


atrás de mim.

Sua mão encontra a minha cintura, seu polegar aperta


contra a carne do meu quadril. "Você está em forma."

"Forma?"
"É como o equivalente ao Inglês para quente. Se ela é muito
quente, como você é, dizemos que ela está em forma para caralho.
Você está em forma pra caralho, Jane Black."

Ele passa as mãos pelos meus braços, então pega meu


cabelo dos meus ombros e o prende em uma pilha grande na parte
de trás da minha cabeça. Ele olha para mim, com as mãos ainda
imitando um rabo de cavalo. "Você é linda, Jane. E você não sabe
mesmo. Você não sabe o quão sexy, o quão bonita, como
absolutamente divina você é. E é por isso que você é tão sexy,
porque você não percebe isso. Você apenas é."

Estou chocada. Digo "obrigada", sem nem mesmo saber


como responder a isso, uma homenagem tão deliciosa e
inesperada. Ele está de pé a centímetros de distância, sua altura
na minha frente. Em minhas botas eu ainda estou quatro
centímetros mais baixa, altura para o beijo perfeito. Eu inclino
meu rosto em direção a ele, esperando um beijo. Mas ao invés
disso ele deixa meu cabelo cair, dá um passo para trás, e começa
a falar.

"Eu adoro você, Jane," ele diz. E isso que ele disse me bate,
que ele me adora. Eu devo estar sonhando, imaginando isso,
porque eu não posso acreditar que eu realmente estou vendo isso
desenrolar na minha frente. Matthew está olhando diretamente
para mim, seus olhos azuis presos aos meus. "E eu estou
absolutamente e completamente apaixonado por você."

Estou completamente despreparada. Estou sem palavras.


Eu quero responder. Eu quero dizer algo, mas antes que eu possa
até mesmo formar uma resposta, ele coloca um dedo nos meus
lábios para me calar. "Você não tem que dizer nada. Eu queria
dizer isso. Eu tinha que dizer isso."
Então, ele está ajoelhado, resmungando de brincadeira: "Eu
posso fazer muito em quinze minutos." Suas mãos roçam minhas
coxas, chegando debaixo da minha saia, tirando minha calcinha.
"Eu quero que você faça algo, Jane", diz ele.

"O que você quer que eu faça?"

"Eu quero que você feche os olhos, encoste-se contra a


parede, e diga-me o que sente."

"Você quer que eu narre?"

"Sim", diz ele, muito sério. "Confie em mim."

Ninguém me pediu para dar um passo a passo antes. Eu


me sinto tímida agora, nervosa. Mas ele me disse que estava
apaixonado por mim, sem agenda, sem qualquer expectativa de
conseguir o "Eu estou apaixonada, também" em troca. Eu fecho
meus olhos e me encosto contra a parede do camarim, enquanto
ele beija meu pescoço, meus ombros, meus braços.

Concentro-me nas sensações. "Parece como..." eu gaguejo,


procurando palavras, compreendendo para descrever a incrível,
surpreendente sensação dele. "Parece como toque," eu começo,
incerta do que isso significa. Mas isto é matéria-prima; este é do
momento. "Como ponta de dedos, como calor."

Ele está de joelhos novamente, beijando minhas pernas,


abrindo caminho com beijos suaves, beijos molhados até o interior
da minha perna, então a minha coxa. "Com a visão difusa. Tudo
está embaçado. Eu não consigo ver direito", eu digo, mesmo que
meus olhos estejam fechados, mas o mundo parece que está
inclinando em direção a um estado alterado. Ele muda para
minha outra perna, lambendo seu caminho até o meio das minhas
pernas, o interior da minha coxa, então acima de minha saia, me
expondo a ele.

Ele envolve suas mãos em torno de meus quadris.


"Continue falando. Eu adoro ouvir a sua voz. É tão sexy", ele me
diz, então arrasta sua língua e lábios deliciosamente macios por
dentro da minha coxa, tão perigosamente perto de onde eu estou
ansiando por seu toque. O homem é um especialista em
provocações, insultos, e está me enviando num calor febril por ele,
e ele faz isso agora, traçando em mim o desenho de linhas através
de minha umidade com os dedos talentosos.

Eu arqueio para ele. "Sinto-me como em uma longa e lenta


provocação", digo entre o meu arquejar.

"Eu vou parar de provocar", ele sussurra. Ele sopra um


hálito quente contra mim, fazendo-me gritar, e então sua boca
está sobre mim, e eu gemo instantaneamente. Ele é tão bom, sua
língua me penetrando enquanto seus dedos percorrem a pele
macia das minhas coxas, a parte de trás das minhas pernas. As
sensações explodem através do minha carne e meu corpo está
chamando por ele.

"É uma sensação quente, como o calor, como o sol," eu digo


com a voz rouca. Eu enfio a mão pelo seu cabelo, agarrando-o com
força enquanto ele quase me consome com sua língua fantástica,
beijando-me profundamente com a boca, e me sacudindo
exatamente onde eu mais o quero, enviando faíscas através de
minhas veias, o sentimento inebriante mais maravilhoso no
mundo. Eu me inclino contra a parede, tonta com cada delicioso
golpe de sua língua, cada suspiro que ele faz quando ele me prova.
"É como nadar, como mergulhar, como correr. Está subindo e
enchendo."

Ele continua, suas mãos fortes agora agarrando minha


bunda, abrindo-me mais para ele, enquanto seus polegares se
afundam contra minha carne.

Eu gemo alto, porque me sinto bem pra caralho. Agarro seu


cabelo, puxando-o com urgência para mais perto, mais perto,
porque não posso ter o suficiente disso, não quero qualquer
distância, eu quero sentir todas as sensações deliciosas que ele
está dando a todo o meu corpo quando me lambe e me beija e
começa a me deixar no limite.

Balanço meus quadris contra ele, meus músculos se


contraem brevemente quando explosões de prazer atravessam o
meu corpo, irradiando em todas as direções. Não me sinto tímida;
Não me sinto nervosa. Eu me entrego ao que ele quer, para a
narração, ofegando as palavras em meio a minha respiração
ofegante. "Parece ... parece, como desejo. Parece que o desejo,
mais e mais e mais ".

Eu quero gritar. Eu quero gritar seu nome no topo dos


meus pulmões, muito alto, pelos meus pulmões muito poderosos.
Mas eu não faço. Em vez disso, coloco a mão na minha boca e
silencio-me, deixando o orgasmo me rasgar, não deixando
nenhuma parte do meu corpo intacto em seu rastro.

Tremo, passando minhas mãos pelo seu cabelo após os


choques passarem. Eu suspiro profundamente, ainda em outro
mundo quando ele se levanta, passa a mão rapidamente em sua
boca. "Eu acredito que você está pronta para ir ao palco agora."

Eu balanço minha cabeça, dando-lhe um pequeno sorriso


travesso. "Não. Eu não estou", digo timidamente.

"Por que não?"

"Porque você levou apenas cinco minutos, e pelos meus


cálculos você tem mais dez minutos."

Estendo a mão para sua calça jeans e começo a abrir o


fecho rapidamente. Ele levanta uma sobrancelha e me lança um
sorriso. "Eu amo o jeito que você está sempre pensando", diz ele,
pegando uma camisinha de sua carteira, antes de empurrar sua
calça jeans para baixo. Em seguida, ele rola a camisinha, levanta-
me e me abaixa em cima dele.

Ele geme quando me preenche. "Olhe para você. Tão


molhada."

"Você me deixou desse jeito", digo, colocando minhas


pernas ao redor de seus quadris, meus braços ao redor de seus
ombros. Minhas costas estão contra a parede, e ele empurra para
dentro de mim, movendo-se rapidamente, afundando cada vez
mais.

"Eu amo o efeito que eu tenho em você", diz ele, em


seguida, se inclina para o meu pescoço, me inspirando até que
chega ao meu ouvido. "Você acha que eu posso fazer você gozar
duas vezes antes de entrar no palco?"

"Se eu fosse uma mulher apostando, eu teria que dizer que


há uma maldita boa chance."

"O que eu tenho que fazer para chegar lá? Quer mais forte?
Mais lento? Você quer que eu fale sacanagem?"

"Qualquer coisa que você faz é bom," eu digo quando ele


flexiona seus quadris e se move mais profundamente dentro de
mim. "Mas você sabe o que eu quero em vez de conversar
sacanagem?"

"Diga-me", diz ele com uma voz de fome.

"Eu quero que você diga novamente. O que você me disse


antes de me chupar", sussurro.

Ele empurra mais fundo, então geme quando me segura


com força sobre ele. "Que eu estou apaixonado por você?"

Essas palavras. Essas deliciosas palavras surpreendentes


me excitam mais do que qualquer coisa. Aquelas palavras que
significam tudo, um gancho de direita no meu coração. "Diga de
novo", eu lhe peço, entre respirações interrompidas.

"Estou apaixonado. Eu estou lá. Eu caí de amores por você,


Jane", diz ele, movendo-se comigo, dando-me ardentes beijos ao
longo do meu pescoço, deixando-me eletrizada. Minha coluna
formiga, e eu posso sentir o orgasmo começar novamente. Eu cavo
minhas unhas mais fundo em seus ombros, gemendo e ofegando
enquanto ele balança em mim, cada movimento me deixando mais
perto do esquecimento, deixando-me mais feliz, deixando-me mais
perto da doce rendição. Então, em segundos, eu gozo junto com
ele, e nenhum de nós se preocupa em silenciar nossas vozes neste
momento.

Em breve, vamos afundar no chão em uma pilha de corpos


quentes e suados. Eu ainda estou toda enrolada nele, braços
enrolados em volta dele, mas consegui olhá-lo nos olhos e dizer,
"Eu estou apaixonada por você também."

***

Basta dizer que eu nunca comecei um show neste estado de


espírito. Nunca subi no palco completamente saciada, não dessa
forma. Então, hoje estou tocando com um pequeno segredo, estou
cantando com um pequeno pedaço de algo doce no meu bolso de
trás. Eu me sinto manhosa, me sinto sexy, me sinto misteriosa
esta noite. Acabei de transar nos bastidores, e além disso, estou
apaixonada.

Jane Black, a cantora de corações partidos, esta


apaixonada e aqui estou eu, na frente da multidão, e meu
namorado absolutamente delicioso, que está inequivocamente em
forma para caralho, está na fila da frente. E lá estão minha irmã,
meu irmão e meu chefe. E eu amo todos eles. Eu desfilo pelo
palco, levantando os braços no ar, enquanto a banda toca. Eu
inclino a cabeça para trás, em seguida, atiro o meu cabelo para a
frente, meus loucos e em cascata cachos, e canto o refrão da
música favorita de todos, desde Crushed.

"Mas você disse que me amava", eu canto, derramando para


presença da multidão de 400, capacidade total, todos em pés,
todos cantando junto, tudo me deixa ainda mais animada do que
qualquer um deve legitimamente sentir depois de ter feito isso
antes de um show.

Eu termino a música favorita de todo mundo e dou uma


volta. "Obrigada, muito obrigada. Vocês foram adoráveis esta noite
e eu adoro todos vocês. Gostariam de outra canção?"

Eles aplaudem ruidosamente. "Eu não sei. Eu realmente


não estou certa de que vocês querem." Eu finjo dar adeus. Eles
estão gritando ainda mais alto agora, mais estridente, quando eu
finjo que estou indo embora.

"Vocês realmente querem outra canção? Vocês realmente,


realmente, realmente querem uma?"

Eles estão gritando agora, rugindo por outra música. "Vocês


conhecem essa?", eu pergunto, deixando a banda tocar os acordes
iniciais de "Something Like Normal." A música sobre a qual
Matthew me perguntou no Grammy. Há uma adorável forma de
esperança de encontrar o amor de novo, ele disse. Há alguém ao
redor e acredita que é possível amar assim de novo?

Sim.

A multidão grita seus sins, ecoando o meu próprio.

"Vocês gostam dessa?"

Eles indicam que sim. Matthew está na frente, batendo


palmas junto com a multidão. Eu encontro seu olhar. "Essa é para
você", eu digo a ele e início a música, cantando para ele o tempo
todo, sabendo com certeza que estou do outro lado, em todos os
sentidos agora.
Capítulo Vinte e Dois
Quando o show acabou, fui me misturar com o público,
dizer oi para as pessoas que conheço e dizer oi para as pessoas
que eu não conheço. Logo a multidão diminuiu. Minha irmã e seu
marido voltaram para casa; Owen e Jeremy estão longe em um
canto, concentrados em uma conversa. Mas vi Matthew,
parecendo tranquilo e descontraído, bebendo uma cerveja,
conversando com o gerente do clube. Eu bato no ombro de
Matthew, cumprimentando-o com um enorme sorriso. Ele me
puxa contra ele por isso as minhas costas estão pressionadas
contra sua barriga. Dom faz um gesto me oferecendo uma bebida,
e eu aceno. Ele se afasta e eu me inclino em Matthew,
descansando minha cabeça em seu ombro. “Não acho que passou
despercebido quando você falou como um britânico hoje à noite",
diz ele em voz baixa.

Viro-me e ficamos cara-a-cara.

"Do que você está falando?"

" Vocês foram adoráveis esta noite e eu adoro todos vocês",


ele me imita. "Isso é muito Inglês, Jane. Adorável e adoro. Palavras
muito inglesas".

"Os britânicos têm direito de preferência sobre essas


palavras?”, Pergunto enquanto Dom retorna com uma cerveja.

"Claro que sim", responde Matthew, enquanto eu pego a


bebida.
"Entretanto eu amo a maneira como você fala. Eu amo seu
sotaque, o jeito que você diz as palavras com uma ênfase um
pouco diferente da nossa, e como você tem todas essas palavras
do seu jeito, como cargas e lixo e latidos. Palavras que nós nunca
soltaríamos."

"Não se esqueça de exausto. Está é outra. Depois, há


brilhante, à direita, treinadores, feriado, fantasia. Eu poderia
continuar."

"E outra coisa. Eu decidi que sotaques britânicos são muito


mais sexy do que sotaque australianos. Os australianos te
enganam. No começo você pensa, 'Oh, sotaque legal. Muito sexy.'
Mas, então, quanto mais você ouve, eles são um pouco fanhosos e
você percebe que o sotaque britânico realmente é o melhor".

"Como nação, nós realmente nos esforçamos para ter o


sotaque mais sexy", diz ele, passando um braço em volta da
minha cintura.

"Então eu posso objetivar por sua nacionalidade?"

Ele me puxa para mais perto. "Objetive-me o quanto você


quiser, Jane."

"Eu planejo isso quando eu tiver você de volta na minha


casa, em poucos minutos," eu digo e eu estou prestes a listar
todas as outras partes dele que eu posso objetivar quando Jeremy
caminha. "Bem feito, Black," Jeremy grita, então me dá um
tapinha nas costas.

"É bom ver você de novo, Matthew," ele diz e aperta a mão
de Matthew.

"E você também, Jeremy."

Em seguida, Jeremy se vira para mim. "Eu preciso que você


faça uma coisa amanhã. Acabei de falar com os caras da Flint”,
diz ele, referindo-se à rede de música que atualmente desempenha
vídeos musicais, em vez de reality shows sobre jovens quentes,
suados, vivendo juntos em um local pequeno. "Você sabe que é
totalmente de última hora, mas uma grande oportunidade veio à
tona. Algo que pode trazer de volta a suas raízes ganhadoras de
Grammy e colocar mais um pouco de inspiração na sua cabeça",
diz ele, tocando minha testa. "Sabe que é amanhã? Dez de abril?"

Reviro os olhos. "O que você acha que eu sou? Um garoto?"

Jeremy olha para mim com expectativa, à espera de uma


resposta.

"O dia que os Beatles se separaram, Jeremy", eu digo.

"Você está certa. E você sabe como Flint quer comemorar?"

"Como é que Flint quer comemorar?", pergunto.

Jeremy aponta para mim. "Eles querem que você vá ao Paul


e Mike Morning Rock Show. Ser uma anfitriã convidada fazer a
contagem regressiva com eles das dez melhores canções de todos
os tempos. Você começa em qualquer parte dos dez. Jane Black
tem dez canções para um coração partido. Deixe isso para Flint-
qualquer outra rede iria fazer contagem regressiva com canções de
fim de relacionamento no Dia dos Namorados, como um antídoto.
Mas esses caras, eles estão fazendo isso no dia mais triste da
história do rock 'n' roll. 10 de abril de 1970 para ser mais
preciso”.

Ele espera um momento, aguardando uma resposta.

"Isso é incrível." Então eu pergunto: "Mas por que eu?"

"Porque você é isso e veio do Paul a Rainha do fim de


relacionamento."
"Uau. Rainha do fim de relacionamento", eu digo
secamente, olhando para Matthew, que está tomando outro gole
de sua cerveja, tentando ficar fora da conversa.

"Então, é um sim?"

É claro que eu não vou deixar a chance de ser a anfitriã


convidada de um show inteiro. Ou compartilhar minhas escolhas
para as melhores canções de término de todos os tempos. Tenho
várias e várias canções tristes no meu iPod, em minhas listas de
reprodução. Eu vivi com elas ao longo do último ano. Adormeci
com Lou Reed "Sweet Jane", acordei com o Guns N 'Roses
"Patience", eu chorei na pia da cozinha lavando os pratos ao som
de Pearl Jam, com "Black". Lembro-me de esfregar molho de soja
fora de um prato de jantar tão bonito como o barítono de Eddie
Vedder, quase como a voz dele estava quebrando, quase como se
ele estivesse prestes a chorar. E eu fiz o mesmo. Eu chorei ali
mesmo na pia, as lágrimas escorrendo para fora, ombros
tremendo, a cabeça em minhas mãos ainda molhadas por alguns
minutos antes de perceber que tinha pressionado o sabão e a
esponja suja contra a minha testa e que o meu filho tinha
perguntado: "O que há de errado, mamãe?"

Há tantas músicas para escolher. Como posso sequer


começar a reduzir em dez para minha aparição como Rainha do
fim de relacionamento amanhã de manhã?

Eu aceno para Jeremy. "Sim, é um sim."

"Boa. E talvez, enquanto você estiver lá, você possa escrever


algumas músicas sobre fim de relacionamentos. Você os faz muito
bem", ele sugere.

"Você quer que eu escreva mais músicas de separação?"


"Claro. Por que não? Talvez esse seja o seu verdadeiro
nicho, Black". Ele para um pouco, então se inclina para falar em
voz baixa. "Toque com angústia. Com confusão. Talvez até mesmo
ter uma briga com seu novo namorado. Veja onde isso te leva. Ou
melhor ainda, pegue alguns dias de folga, e veja se você pode
escrever."

Em seguida, ele sai.

Sua sugestão bateu forte no meu peito. Eu não consigo me


mover por um minuto, mal posso respirar. Há um caminhão no
meu peito, as rodas estão girando, e eu estou presa. Não há saída,
não há nada que eu possa fazer, e eu estou sendo esmagada por
uma realização gritante.

Porque eu estou presa.

Absolutamente e inequivocamente presa.

Eu pressiono minha mão contra minha testa, cavando


meus dedos em minhas têmporas, como se pudesse conseguir
uma música dessa forma. Como se pudesse exumar todos os
pedaços da música que estão enterrados tão profundamente em
mim. Porque se eu conseguir simplesmente agarrá-los, então eu
não vou ter que fazer a coisa horrível que ele está sugerindo.

A coisa horrível, e também completamente verdadeira e


razoável que ele está sugerindo.

É a única resposta se eu quiser fazer música novamente.

Porque é o amor. Ou a música.

Eu estive enganando a mim mesma que poderia escrever


sobre o amor. Eu tentei e tentei nos últimos meses, e não
consegui nada esse tempo todo. Não há canções de amor em mim;
não há canções sensuais em mim. Apaixonar-me não me faz
querer cantar. Estar com alguém não inspirou qualquer música,
mas o melhor sexo da minha vida me deixou sem nada também.
Mesmo me afastando do passado, deixando de lado toda a minha
dúvida, eu não consegui liberar o bloqueio do meu cérebro. Tire
minha dor, tire minha mágoa, e eu sou um ovo de ganso de
criatividade, uma bola gigantesca de nada.

Os deuses da música me deram material de separação, isso


é tudo. Quem sou eu para desafiar os deuses da música? Por eles
eu sou eternamente grata por finalmente terem me dado
inspiração no ano passado para transformar a minha carreira, por
me deixarem fazer boa música. Eles dão e tiram, não cabe a mim
desafiar a ordem do universo.

Eu não sou nada, ninguém, apenas uma simples cantora


de rock indie. Mas eu não posso desistir da música. Porque eu sou
uma adulta. Tenho uma hipoteca, uma criança, um prazo, uma
carreira. Eu tenho responsabilidades. Estou entre uma rocha e
um lugar duro.

Se algum dia eu quiser escrever de novo, só há uma


maneira infalível de poder fazer isso.

Romper com Matthew.

Eu dou uma respiração profunda e dolorosa enquanto vejo


Jeremy sair. Viro-me para Matthew. Ele ergue as sobrancelhas, a
preocupação gravada em suas feições. "Jane?"

É como se eu tivesse sido pega em flagrante. Ele ouviu.

"Você vai me deixar?" Ele parece tão abalado quanto eu me


sinto. Eu engulo de volta o caroço na minha garganta, o
nervosismo no meu estômago.

"Não", eu digo, passando os braços em volta dele. "Eu


nunca faria isso."

Pelo menos, eu não vou fazer isso hoje à noite. Vou me dar
o fim de semana. Além disso, eu preciso passar as próximas horas
selecionando as top-dez canções de separação de todos os tempos.
Isso realmente vai me deixar com vontade de enfiar uma faca no
meu próprio coração estúpido.

***

Quando entro no estúdio de Flint, no quinto andar de um


prédio próximo ao centro, sou recebida por uma menina gótica.

"Você deve ser Jane Black. Eu sou Savron Woods e sou a


assistente de Paul, estou tão animada que você está aqui!", ela diz
apertando minha mão. Ela não está soltando e eu estou chocada
que alguém vestindo tanto preto -botas pretas, jeans, camiseta,
blazer, bandana, pulseiras, e os grandes brincos circulares ônix
que se conectam um grande buraco no lóbulo da orelha, podia
falar em frases exclamativas, e muito menos usar a palavra
"animada" e querer dizer isso. Mas ela está brilhando de
felicidade, como se o próprio Kurt Cobain tivesse saído do
elevador, ressuscitado.

"Obrigado, Savron. Eu realmente aprecio isso", digo fazendo


o meu melhor para fingir felicidade, embora cada passo que dou
me traz mais perto do inevitável.

Ela me orienta para a sala verde do programa, apontando


seus dois dedos para essa curva no corredor, como uma
aeromoça. Todo o tempo me elogia, algo que eu mal mereço agora.
"Seu álbum é bombástico, Senhorita Black. Ele realmente me
ajudou na minha separação".

"Eu sinto muito em ouvir sobre o término de seu


relacionamento."

Ela emite um suspiro. "Foi realmente o melhor; ele era um


idiota e eu o superei. Graças a você!". Ela olha para mim,
mostrando seus dentes brancos e brilhantes, cada um deles. Ela
tem branco em seu guarda-roupa, branco permanente. Seus
dentes estão me cegando.

"E eu quero que você saiba que a sua lista de separação


arrebenta além das palavras!"

Mandei por e-mail minha lista para o produtor do programa


ontem à noite. Savron continua: "Foi o meu trabalho retirar todos
os vídeos de nossos arquivos. Eu senti como se estivesse em
comunhão com o santo padroeiro dos corações partidos."

Eu reprimi um tremor quando ela falou isso. Mas, ainda


assim, é a verdade fria e dura. É quem eu sou. É tudo que eu
sempre serei.

"Isso é doce," consigo dizer, segurando as lágrimas de


autoaversão que me ameaçam.

"Você apenas tem um sexto sentido para isso, você sabe.


Não apenas você pode escolher as melhores músicas de separação
de todos os tempos, você também fornece a sua própria. Quero
dizer, esta é a sua marca, Jane. Isto é o que você faz. Afinal,
Crushed é o álbum de rompimento essencial para a idade
moderna.“ Ela encolhe os ombros, então admite timidamente:
"Essas não são minhas palavras. Matthew Harrigan disse isso em
Beat. Mas é tão verdadeiro."

Eu quero dizer a ela que eu conheço essa fala. Eu a tenho


na minha bolsa. Mas agora, pela primeira vez, há uma parte de
mim que quer rasgar essa avaliação pela metade.

"Aqui estamos nós!" Assim como Vanna White


apresentando as cartas na Roda da Fortuna 14 ela acena para a
sala verde. "Você pode ficar a vontade neste sofá. A maquiagem
estará com você em um minuto."

Eu coloco meu casaco, chapéu e lenço no sofá. Um minuto


depois, Paul, um dos co-apresentadores, aparece na sala verde.
"Tão bom te ver novamente, Jane." Ele dá um beijo na minha
bochecha direita. “Primeiramente adorei a sua lista. Obrigado por
ter feito de última hora. Vamos direto para a lista e você vai
apresentar todos os vídeos, conversar um pouco sobre cada um
deles. Em seguida, um curto noticiário, talvez passar 30 segundos
falando sobre o seu novo álbum. Jeremy disse que você está
lançando alguns singles com antecedência, um vídeo no iTunes."

O produtor de Paul põe a cabeça para dentro do quarto


verde. "Está na hora de você voltar Paul."

Paul da um pulo e desaparece por trás da porta do estúdio,


deixando-me sozinha por cerca de um breve segundo. Em seguida,
abre a porta traseira, sussurrando e apontando para seu produtor
que está escondido lá dentro. "Ele adorou Crushed. Disse que o
ajudou a superar quando sua esposa o deixou. E Savron, a
recepcionista, adorou também!"

Ele se foi novamente, levando sua energia maníaca com ele.


E eu estou sozinha na sala verde, a Rainha do fim dos
relacionamentos. Sim, essa sou eu. Padroeira da Infelicidade.
Guardiã dos corações partidos. Defensora dos sem amor.

14
é um game show exibido nos Estados Unidos que consiste em adivinhar palavras escondidas em um
painel
***

"E é isso por hoje, roqueiros", Mike diz enquanto a música


de encerramento flutua pelo estúdio frio.

"Nós vamos vê-los novamente amanhã e vamos balançar


um pouco mais", acrescenta Paul. “Dê uma mão grande para a
nossa anfitriã convidada e Guardiã dos Corações Partidos, Jane
Black."

O operador da câmera silenciosamente conta três, dois, um


com os dedos e, em seguida, aponta para a saída.

"E isso é um envoltório", Paul declara a mim.

"Lista impressionante", acrescenta Mike.

Digo adeus a Mike, para Paul, para o produtor, a Savron, e


vou embora, como um prisioneiro caminhando fortemente para o
seu destino terrível.

Paul e Mike estão certos. Era uma lista impressionante.


Não porque eu compilei, mas porque a música a cargo da dor tem
uma maneira de você trabalhar mais. Começamos com
"Something I Can Never Have" do Nine Inch Nails, então
mergulhado na mais raivosa canção da separação que conheço
"Shitlist", do L7 a música que você precisa quando sentir vontade
de cortar os pneus do seu ex. Fui com "You Broke My Heart” da
banda de punk rock de Londres Os Vibrators, em seguida, fui
para The Police com "Every Breath You Take".

"Você quase acha que é uma canção de amor, a maioria das


pessoas acham, alguns até mesmo usam como sua música de
casamento", disse durante o programa. "Mas escute a letra de
novo e você vai saber por que deve ser o seu hino de divórcio ao
invés disso."

O rei da escuridão, Morrissey, veio em seguida. Eu fui com


"I Know It‟s Over” dos Smiths, porque nada melhor do que esta
canção quando se trata de renúncia que chegou ao fim. Nós nos
deparamos com U2 e "One", de forma inequívoca maior canção da
banda, um conto ambíguo sobre duas pessoas que querem se
conectar, mas não podem. Em seguida, salto para o grande
sucesso de Sinead O'Connor, "Nothing Compares 2 U". Fomos
depois para Dionne Warwick "Walk On By", o meu assentimento a
alma.

"Só me deixe lamentar, a mulher se implora. Quem não


sentiu isso?", Eu disse quando tocou a melodia R & B. Troquei
engrenagens na seguinte, indo para o monstro de Bonnie Tyler
"Total Eclipse of the Heart". Argumentei apaixonadamente para
essa música com Paul e Mike, que o chamou de um "ajuste." Eu
exaltei suas virtudes, dizendo: "Eu desafio qualquer um, qualquer
um, que já foi dispensado para me olhar nos olhos e dizer-me que
não escutou essa música e cantou essas letras."

Finalmente, para completar as músicas de separação de


Jane Black, eu facilmente escolhi a que me deixou incapaz de
perceber, com uma esponja e sabão sujo na minha cara - Pearl
Jam com "Black".

Eu me sinto como se tivesse acabado de passar horas na


terapia intensiva. Eu me sinto gasta, drenada, exausta. Eu fui
através do toque, minhas emoções agitadas de novo pelo poder da
música. Matthew estava certo em sua análise. As melhores
músicas vêm de corações partidos.

As melhores músicas que eu escrevi veio do meu coração


partido.
Agora eu vou ter que quebrá-lo novamente.

Eu ligo para Matthew e o convido para vir a minha casa


esta noite. Eu quero uma última noite com ele.

***

A luz é baixa no meu quarto, a música suave, e o meu


coração está pesado. Eu lanço meus braços ao redor do pescoço
de Matthew e puxo para perto de mim, envolvendo minhas pernas
em volta dele. Eu deixo a mágoa por alguns momentos, e é um
alívio, terrivelmente temporário. Mas eu vou fazê-lo gozar, vou
ficar com ele uma última vez, fazer amor com ele. Eu tento
memorizar tudo. A forma como a proximidade que me toca,
profundamente em meus ossos. A maneira como as sensações
inundam todos os cantos do meu corpo. Como ele me beija com
ternura. Como ele respira e suspira, como ele sussurra meu
nome, e acima de tudo, como eu me sinto com ele. Como se isso
nunca tivesse que acabar.

Ele se move em mim, no escuro, debaixo das cobertas, me


levantando, eu o seguro, nunca querendo deixa-lo ir.

Mas sabendo que eu vou ter.

Desejando que isso não tivesse que ser a última vez.

Quando acabou, ele envolve seus braços em volta de mim,


me abraça apertado, toca meu cabelo no meu pescoço com os
dedos.

"Você está bem? Você não parece a mesma desde o clube."

Como você mesma.


Eu não pareço comigo. Porque isso não sou eu. Isso é algo
que eu nunca faria.

Concordo com a cabeça contra seu peito. "Eu estou bem",


consigo dizer, e eu vou ter que encontrar uma maneira de ficar
bem.

Eu não posso fazer isso. Eu não posso ir até o fim. Não


posso deixar esse homem ir. Eu não quero ser a cronista de
corações partidos. Eu prefiro ser medíocre novamente do que ficar
sem amor.

***

Acordo no meio da noite com um pensamento, as palavras


de Matthew na Sexta-Feira no clube pairando na minha mente
acordada.

Objetivar tudo o que quiser.

Eu pressiono minhas mãos sobre meus olhos, tentando


puxar uma ideia, fazer as palavras saírem novamente da minha
mente sonhadora. Elas estavam lá, o início de uma canção. Talvez
até duas músicas. Minhas palavras no camarim. Então suas
palavras também. Não me lembro agora. Eles estavam circulando
entre si em um sonho, no estado crepuscular de sono. Eu me
mantive em dizer que lembro delas, tranquilizando minha mente
sonolenta para não me preocupar. Mas eu não tinha um caderno
Moleskine no meu cérebro e agora a música está me escapando,
um esboço indistinto desaparecendo.

Mas eu não posso deixá-la ir. Eu preciso perseguir aquele


pequeno bastardo evasivo com tudo o que tenho. Eu pulo fora da
cama e corro para a sala, pegando um envelope na minha mesa de
café. Uma caneta. Agora eu preciso de uma caneta. Onde diabos
está a caneta? Eu procuro uma ao redor no escuro, até que
encontro um lápis que caiu no chão debaixo da mesa.

Eu me ajoelho e escrevo.

Objetivar a mim. Objetivar você. Vou objetivar você.

Eu começo a cantarolar, uma temperamental e sexy batida


baixa, a essas palavras.

"Eu vou objetivar você, eu vou objetivar você", eu canto


para mim mesma, então algo explode dentro de mim, e caem
lágrimas. Puta merda. É o início de uma canção. Uma música
real. É só o refrão, é apenas uma linha, mas ela está lá, ela existe,
tem som e ritmo, e uma batida. Eu caio no chão, seguro a cabeça
em minhas mãos, e digo um obrigado silencioso para os deuses da
música.

Sim!

Este é o começo de algo, e ele veio da felicidade; que foi


inspirado a partir de um momento com Matthew.

Sento-me de novo, e anoto mais palavras. Desejo, caindo,


flutuando, corrida, calor, sol, mergulho. Eu aperto o papel com
força, como se fosse uma joia preciosa que eu descobri
profundamente dentro da caverna de Aladim. De alguma forma, de
algum jeito, eu vou fazer esta música. Eu vou estar apaixonada, e
vou cantar. Eu não vou ter que escolher. Eu não vou ter que fazer
uma escolha insustentável.

Corro para o meu quarto, meus olhos se ajustando ao


escuro. Matthew está dormindo tranquilamente, deitado de
bruços, as costas descobertas até a cintura. Fracos fluxos de luz
em toda a sua volta. Eu sigo o raio de luz para a janela e olho para
fora para ver a neve descendo. Eu toco suas costas brevemente;
ele mexe um pouco, mas permanece adormecido. Eu bato em
Matthew no ombro, no forte contorno de seu deltóide.

"Mmm..."

"Olá..."

Seus olhos se abem por um momento. Eu bato nele


novamente. Desta vez, ele rola e esfrega os olhos. "Oi."

"Está nevando."

Ele empurra os cotovelos, ficando meio sentado na cama.


Eu pego sua mão e o levo para a janela. Você pode ouvir o silêncio,
sentir a quietude dos flocos brancos flutuando para baixo. Eles
acalmam a cidade, eles aliviam a noite, eles transformam tudo em
Nova York em um lugarejo de paz.

"Está nevando mesmo", diz ele, olhando para fora da janela,


hipnotizado pela mesma neve caindo, corações caindo.

Eu coloco a mão em seu rosto e o viro suavemente para


mim. "Eu comecei a escrever."

Seus olhos se iluminam. Seu rosto quebra em um sorriso.


"Você escreveu?" Ele não pode mascarar o seu entusiasmo.

"É um pouco de alguma coisa, mas é alguma coisa", digo-


lhe, e não posso esconder a minha felicidade também.

Ele segura minhas bochechas, e me beija. "Nada me faria


mais feliz do que você escrever música de novo."

"Eu também", eu sussurro.

Em seguida, viro e olho para fora da janela. Ficamos assim


por um tempo, enroscados, observando as calçadas, as ruas e os
espaços entre os prédios se preencher com branco.
Capítulo Vinte e Três
A cidade inevitavelmente se transformou em lama, em lodo,
em sujeira, na marrom enlameada água suja. Os desvios
imaculados viraram poças e piscinas que ameaçam confundir
você, molhando seus pés durante todo o tempo e enrugando a
pele, deixando pegajoso, como um pano molhado agarrado em
você.

Neve em Nova York é apenas uma ilusão. É um aviso dos


céus enquanto está caindo; é o diabo e seus escravos no dia
seguinte, e no próximo.

Eu salto uma poça na esquina da Sétima Avenida, no


caminho para o estúdio, as minhas ideias de músicas nascentes
enfiadas dentro da minha bolsa, ansiosa para dividir com Owen.
Eu corro o último trecho de calçada infestada de poça como um
personagem de Frogger15, então entro em uma das partes da porta
giratória e vou para o andar de cima, para o estúdio. Eu tiro meu
chapéu de tricô, afofando meu cabelo um pouco, e desenrolando
um lenço do meu pescoço.

Trabalhamos durante toda a manhã, criando um coro


inteiro para "I‟ll Objectify You"16.

"Agora escreva o resto das letras," Owen ordena. "Você está


indo embora para o Maine amanhã, e seu namorado vai estar aqui
em breve", acrescenta ele, já que Matthew é esperado em breve
15
um jogo de Video game criado em 1981 onde o jogador controla um sapo que deve atravessar, com
tempo limitado, uma estrada movimentada e um rio cheio de obstáculos até chegar ao seu ninho.
16
Eu vou Objetivar Você
para outra sessão para o artigo.

A matéria que vai finalmente acontecer.

Eu me escondo em um escritório vazio no Glass Slipper


durante a hora seguinte, então me junto a eles no estúdio. Owen
está falando novamente sobre Taryn, como eles estão se acertando
agora, escrevendo fervorosamente, ambos se aproximando do fim
de suas novelas.

"Eu estou a um capítulo de acabar" diz Owen e eu sou


sacudida de volta para o momento.

"Você acabou de dizer o que eu pensei que você disse?"

"Você ouviu aqui primeiro, JB".

"Você vai terminar com esse livro, realmente terminar,


depois de três anos?" Eu levanto a mão para ele me dar um hight
five. Ele bate de volta.

"Você sabe. Hey, Jane, você que é quase famosa. Você


poderia me apresentar a um agente literário?"

Eu sorrio. "Eu não conheço nenhum agente literário."

"Mas você tinha. Você deveria ser conectada".

"Você está na mesma indústria que eu!"

"Mas você é a única que todo mundo quer puxar o saco.


Você não conhece nenhum agente de livro?"

"Deixe-me ver se entendi", eu digo, com um sorriso bobo no


meu rosto, porque estou feliz por ele, mesmo achando que ele é
louco. “Você quer que eu o apresente a um agente literário que
não conheço para um livro que você não vai me deixar ver e ainda
nem terminou de escrever?"
Ele balança a cabeça.

"Você é louco."

Em seguida, Matthew entra na conversa. "Eu vou te


apresentar o meu agente, companheiro."

"Isso seria ótimo," Owen sorri.

Eu atiro a Matthew um olhar curioso. "Você tem um agente


de livro?"

"Bem, mais ou menos."

"Eu não sabia que você tinha um agente," digo friamente.


"Eu não sabia que você estava escrevendo um livro também."

"Eu não estava procurando por um. Mas eu tive uma


ligação há três semanas de um agente literário que estava lendo
minhas colunas."

"É uma grande coisa ter um agente," eu digo, mais pra mim
mesma. Então Owen bate na mesa, um som de emoção. "Você tem
agentes solicitando você, cara. Esse é o sonho de um escritor."

"Quando você ia me dizer? Quero dizer, nos?", rapidamente


me corrijo, acenando vagamente para Owen e eu. Mas eu
realmente quis dizer "nós", como Matthew e eu. Eu lhe conto tudo.
Eu abri meu coração para ele sobre todas as minhas lutas, todos
os meus desafios para escrever. Mas, ainda assim, eu sei tão
pouco sobre o seu trabalho além dos lampejos que ele me deixa
ver neste artigo.

"Bem, não aconteceu nada ainda”, diz Matthew, remexendo


com a ponta do seu notebook, incapaz de encontrar o meu olhar.
Eu nunca o vi perturbado antes. “Nós estamos apenas jogando
ideias ao redor e discutindo uma possível proposta do livro para
as editoras."

"Qual o assunto do seu livro?", Eu pergunto novamente em


uma voz mais firme.

"Jane, não há nenhum livro ainda", diz ele, no tom


característico de alguém forçado a recuar.

"Bem, sobre o que seria este livro hipoteticamente?"

Ele suspira pesadamente. “Seria sobre a indústria da


música", diz ele, como se fosse uma confissão.

"Alguma coisa em particular? Talvez a música indie?", Eu


ofereço, como se estivesse jogando a ideia, enquanto eu estou
rezando para que eu esteja errada. Na esperança de que ele diga
que o livro é sobre outra coisa. Porque de repente o seu interesse
em sexo, drogas e atualizar sua página no Facebook faz muito
mais sentido. Ele não estava levando o livro por educação. Ele
estava verificando a competição. Ele nunca disse nada naquela
noite. Ele nunca mencionou por que estava comprando aquele
livro. Em vez disso, ele me levou para seu apartamento e me deu
umas palmadas.

Puta merda. Eu sou a porra de uma tola total.

"Provavelmente algo sobre o desaparecimento da grande


etiqueta, marketing de Internet da música, o surgimento de
bandas indie e cantores, como a música é feita", diz ele, olhando
para baixo, olhando para longe de mim, tudo e qualquer coisa
para desviar a conversa. Ele sabe que foi pego. Ele sabe que violou
a minha confiança. Ele sabe que deveria ter me dito.

"Como a música é feita”, repito devagar, balançando a


cabeça. "A música de alguém em particular?"

"Jane”, diz ele, estendendo a mão para coloca-la na minha


perna. Eu reajo instintivamente, puxando meu corpo para longe.
"Jane, não é o que você pensa."

Não é o que você pensa. Se isso não é uma desculpa, eu


não sei o que é. "O que eu penso? Isso é sobre mim? É a sua
proposta sobre mim? Você está usando isso" - aceno para o
quarto, o estúdio, para nós três – "para a sua proposta? Você está
me usando para a sua proposta?"

"Bem, sim. Quero dizer não. Não, eu não estou usando isso.
Mas sim, seria parte da proposta. Mas não está saindo nas
livrarias na próxima semana. Não é como se fosse uma biografia
não autorizada."

"Não, isso não. Claro que não. Eu não autorizaria isso."

Matthew balança a cabeça. "Não foi isso que eu quis dizer."

"O que você quis dizer, então?"

"É só uma coisinha, algumas páginas. Algo que eu brincava


ontem à tarde."

"Ontem, foi?"

"Sim", ele responde com cuidado.

Depois de sexta à noite no clube. Depois de tudo o que ele


me disse. Tudo o que sentimos. Depois que eu tinha tanta certeza
de que ia ter que romper com ele, e ainda assim não poderia
sobreviver a isso. E para quê? Eu estava certa o tempo todo. Eu
tinha essa dúvida incômoda no início que ele apenas flertava para
a história, só era amável para eu me abrir. Mas eu empurrei esses
medos de lado e o deixei entrar, mais e mais a cada dia, até que,
finalmente, eu me convenci de que era seguro confiar de novo, que
ele não estava me enganando, que eu poderia deixar meus velhos
medos irem embora.
Não admira que ele fez uma grande coisa sobre como não
havia garantias sobre a história. Porque não era só uma história.
Era um maldito livro completo. E me apaixonei por sua rotina,
como eu me apaixonei pelo de Aidan "Eu sou hetero", como
sempre me apaixono pelos caras quentes. Eu me apaixono
primeiro, pergunto depois. E onde é que isso me leva? Me deixar
estúpida. Uma e outra vez e de novo.

Todos os meus instintos me disseram para dizer não para a


história, para proteger a minha privacidade, para proteger meu
coração. Então ele me beijou, e eu comecei a querer aceitar. Mas
eu ainda lhe disse que não depois do show David Letterman, e ele
me beijou mais forte, e me disse que não se importava com a
história, ele só me queria. E eu acreditei nele, caralho. Eu
acreditava muito dele. Porque eu queria.

Eu estava errada em acreditar nele.

Eu mal notei Owen, encolhendo-se na cadeira, de repente,


fingindo um interesse incrível em sua placa de som, apertando um
botão para reproduzir alguns graves. Pego meu casaco, em
seguida a minha bolsa e ponho sobre o meu ombro, olhando para
o meu relógio para o efeito. "Eu tenho que ir buscar Ethan."

Deixo o estúdio, pegando o ritmo, andando quase correndo


até o elevador. Pressiono o botão repetidamente, batendo mais
forte e mais rápido, como se isso o fizesse vir mais rápido.
Matthew está bem atrás de mim, colocando a mão suavemente no
meu ombro. Eu me afasto.

"Jane, por favor, não vá. Deixe eu me explicar."

Viro-me para ele, minha voz já quebrando. "Você me usou.


Era tudo sobre o artigo, o livro, tudo. Eu lhe disse para não ferrar
com o meu coração, e você prometeu que não faria, mas você fez
isso de qualquer maneira."

"Jane..."

Eu aponto o dedo para ele. "Porque se você não estivesse


me usando, você teria me contado. Puro e simples. Você tinha três
semanas para me dizer e você não fez. Tudo o que você queria era
o acesso. Você sabia como eu estava nervosa sobre o artigo em
primeiro lugar. Você sabia o quanto era difícil para mim, confiar
em um repórter. Sem mencionar confiar em um homem. Mas eu
fiz as duas coisas. Eu deixei você entrar e eu compartilhei tudo
com você. Eu lhe disse tudo."

Ele tenta falar, mas eu o interrompo, minha voz subindo.


"Você me deu essa rotina inteira de música e dança sobre como
você estava indo bem, sendo honesto, justo, e ético. E então nós
dormimos juntos e você disse outra vez, que você é um repórter
justo. Eu pensei que você fosse diferente. Eu pensei que você era
honesto."

Estou tremendo agora, profundamente, lágrimas ardentes


furam a minha garganta, grandes salpicos de água salgada
ameaçam transbordar dos meus olhos. Porque agora, todos os
meus medos, todas as minhas dúvidas, estão caindo em torno de
mim novamente. Esta sou eu acreditando em algo tão
profundamente para depois descobri que eu estava enganada.

"Eu juro. Não é dessa maneira. Você tem que me deixar


explicar."

"Mas você disse:", eu começo, então eu paro. Eu cubro meu


rosto com as mãos. Eu não posso acreditar que eu disse. As linhas
de minha própria música de sucesso. Aqui eu estou vivendo tudo
de novo, mas de uma maneira nova, fresca. Eu não vou fazer isso
de novo. Eu entro no elevador, tocando no botão de fechar,
levantando a minha mão livre para deixar claro que ele não deve
me seguir.
Capítulo Vinte e Quatro
A grande parte de ser um artista é que isso lhe dá licença
para ser excêntrico. Você pode fazer atos espetacularmente
egoístas como deixar um estúdio de gravação ao meio-dia que foi
reservado para você pelas próximas semanas. Você pode não
retornar as chamadas para o número do seu irmão produtor ou
seu namorado, que te ligam duas, três e quatro vezes,
respectivamente.

Desculpe, eu quero dizer ex-namorado.

Matthew tenta "explicar" em suas mensagens. Eu apago


cada uma delas. E Jeremy e Owen também, apenas para uma boa
medida. Eu desligo o e-mail do meu celular. Eu não confio em
mim mesma para não olhar se Matthew me enviar um de seus
patenteados e-mails. Esses e-mails inspiradores que me viciaram
em primeiro lugar. Não. Eu não vou cair em mais uma de suas
explicações perfeitamente formuladas.

Escritor maldito. O homem sabia como usar as palavras a


seu favor e ele me enrolou de novo com elas.

Naquela noite, Ethan e eu nos isolamos no apartamento,


pedindo uma pizza de abacaxi e queijo para o jantar. Ele insiste
em fazer uma demonstração de Lego Star Wars para mim,
mostrando-me como ele pode fazer Yoda com a cabeça de Han
Solo e corpo de um soldado tempestade para afastar caçadores de
recompensas na cantina. Ou algo parecido. A hora de dormir vem
em seguida e eu o convenci, pelo menos por uma noite, a tentar
um novo livro. Então eu li o de Roald Dahl: A Girafa, O Pelly e eu.

"Essa é uma boa história, também. Você vai lê-la


novamente amanhã no avião?"

"Claro, querido. Boa noite," eu digo, então o cubro, grata


como sempre pela única coisa verdadeira na minha vida.

Meu filho.

Agora, ele está dormindo e eu já recorri à minha lista Flint.


Dionne Warwick "Walk on By" está explodindo nos meus fones de
ouvido enquanto faço as malas para Maine. Permito-me chorar, de
fato. Depois de algumas músicas, eu abaixo o volume e ligo para
minha mãe.

"Oi, mãe", eu digo em voz estéril quando ela responde.

"O que está errado? Você não soa como você."

Nada passa por minha mãe. Ela tem radar para identificar
estados de espírito e emoções de sua filha. "Oh, apenas um longo
dia," eu digo a ela.

"Você tem certeza?"

"Eu garanto".

"Nós mal podemos esperar para ver vocês dois amanhã. Eu


já arrumei seu quarto para você, mas eu deveria deixar você saber
que os cartazes do Duran Duran sumiram."

Uma imagem daquela noite no estúdio cantando para


Matthew passa por mim.

"Está tudo bem, mãe. Eu superei Duran Duran."

Então digo adeus e termino de empacotar. Eu puxo uma


saia preta do meu armário, deixando-o em minha mala. Mesmo
que eu acredite que jeans são adequados para quase todas as
ocasiões, vestir e tirar, eu sei que minha mãe vai apreciar a saia.
Eu adicionei algumas camisetas para Ethan, um moletom Star
Wars, e uma de manga comprida abotoada para ele usar no show.
Ele odeia camisas sociais, mas ele respeita as regras
indumentárias acerca de ocasiões especiais.

Deixo a mala quase cheia no chão do meu quarto. Vou


terminar amanhã de manhã, quando puder adicionar produtos de
higiene pessoal. Eu vou para a cozinha, pego a caixa vazia de
pizza, e ponho no saco do lixo. Então vou para o corredor para
lançá-los na lata de lixo antes de viajar.

Quon está andando em minha direção, carregando um saco


de papel, provavelmente cheio de comida.

"Hey," eu chamo, e estreito meus olhos para ele. "Não me


diga que você está vendo outras pessoas no meu prédio."

"4E chamado em uma hora, mas ninguém está lá. Vai


entender. Agora eu tenho duas caixas de macarrão sem um lar."
Em seguida, ele espia minha caixa de pizza. "Mas você encontrou
o homem pizza. Isso me deixa muito triste", diz ele, e esfrega os
olhos, fingindo chorar.

Então, meus olhos começam lacrimejar, e eu não tenho que


fingir o choro. Eu faço isso de verdade.

"Você está bem?", Ele pergunta suavemente.

Eu balanço minha cabeça.

"Você está triste novamente. Como estava antes", diz ele, e


eu aceno. Porque, por mais estranho que possa parecer, Quon
estava lá para conversar comigo durante muitas das minhas
noites solitárias após Aidan. "Precisamos de um pouco de
macarrão então. Isso sempre te animou. Aqui". Ele empurra o
saco de papel para mim. "Dê-me o lixo."

Eu entrego-lhe o saco de lixo e a caixa de pizza, e ele os leva


para a rampa de lixo no final do corredor, em seguida, retorna
para mim. Nós voltamos para dentro do meu apartamento vamos
para o deck.

Ele tira duas caixas brancas e vermelhas do saco e me


entrega pauzinhos. "Coma um pouco de macarrão e me conte
tudo."

Eu suspiro e lhe digo a história. A história toda, capítulo e


versículo.

Quon acena no final da história, sua testa enrugada, os


sulcos momentâneos sinalizando algum tipo de pensamento
profundo. Ele habilmente manobra seus pauzinhos em torno do
macarrão, chupando-os em um movimento contínuo. Então, com
os implementos alimentares de madeira pronta no ar, ele declara:
"Você está procurando inspiração no lugar errado."

Ele enrola outra porção de macarrão, ele poderia ser um


pescador profissional .

Reviro os olhos. "Quon, isso soa como um biscoito da sorte.


E um dos ruins. O que isso quer dizer?"

"Eu não posso te dizer. É um antigo provérbio chinês", ele


brinca.

"Muito engraçado. Mas talvez você pudesse me dizer para


onde olhar em vez de apenas dizer-me onde não olhar."

Tento olhar para baixo. Ele mergulha a mão no saco de


papel marrom e arranca dois biscoitos da sorte. Ele entrega um
para mim e leva outro para si mesmo.
"Eu vou ser abençoado com a sorte nos negócios e no
amor", ele lê em voz alta. "Meu número de sorte é sete. Oh, é um
bom número de sorte."

"Isso não é justo", eu lamento. Eu quero sorte nos negócios


e no amor. "Talvez esse fosse realmente meu."

Ele encolhe os ombros. "Você sempre terá a fortuna que


você precisa."

Eu abro o meu biscoito e desenrolo o pequeno pedaço de


papel. Franzo a testa para Quon. "Você fez isso de propósito."

Ele balança a cabeça com firmeza. "Eu nunca bagunço com


os biscoitos da sorte. Não era nem mesmo o seu pedido, mulher
louca!"

"O meu diz: Você vai encontrar respostas quando parar de


procurar."

Ele acena com a cabeça sabiamente, como se a antiga


sabedoria dos mais velhos fosse de fato repassada, geração a
geração, de pessoa a pessoa, através do veículo da açucarada,
massa cozida.

Então eu viro. Meu número de sorte? "Treze".

Eu quero agitar os punhos para os deuses da música, gritar


que isso é injusto, ir contra o seu pequeno jogo de roleta. Mas,
realmente, o que eu posso fazer?

Exceto dizer adeus a Quon e começar a trabalhar no meu


próximo álbum de rompimento.

***
Ethan e eu passamos a segurança e encontramos minha
mãe e meu pai esperando por nós.

"Vovô!" Ethan grita. Ele corre para o meu pai, lançando-se


para ele. Meu pai levanta Ethan bem alto e dá-lhe um grande
abraço.

"Você está um menino grande. Como você ficou tão alto?"

"Eu não sei, vovô. Qual é o seu patrono?", Pergunta ele,


referindo-se a um encanto dos assistentes da série quando Harry
Potter está sendo perseguido por dementadores.

Meu pai afaga o queixo, pensativo, então tem um dedo no


ar. "Um guaxinim".

"Um guaxinim!" Ethan grita. "Eu nunca ouvi falar de um


guaxinim para um Patrono!"

Olhamos para baixo na esteira de bagagens, pegamos a


nossa mala, em seguida, percorro a curta distância até o carro dos
meus pais, em frente ao terminal. Eu amo pequenos aeroportos.

Eu deslizo para o banco de trás do carro, pronta para voltar


para o lar que eu amo, a casa onde eu morava quando descobri as
alegrias da melodia, ritmo e harmonia. Este não será um regresso
a casa tão alegre musicalmente, mas pelo menos eu, finalmente,
tenho material.

O bastardo que me usou.

É melhor eu escrever isso. Isso vai ser o single que


lançaremos primeiro no iTunes. Que apropriado.

***
"Seu irmão me contou o que aconteceu."

Minha mãe está em seu estúdio com sua bolsa de couro


marrom no dia seguinte, enfiando a partitura de Tommy nela.
Estamos prestes a ir para o Teatro Musical Maine. Eu vou assistir
a preparação final antes do desempenho de hoje à noite. Meu pai e
Ethan estão passando a tarde no barco no lago com os cães. Eles
vão nos encontrar no teatro na cortina.

"Por que você está trazendo a música com você?", Eu


aponto para os papéis que acabaram de ser depositados em sua
bolsa. "Eles não sabem as músicas de cor até agora?"

"Seu irmão me contou o que aconteceu", ela repete. Minha


mãe é fenomenalmente boa em permanecer na mensagem. Mas eu
não quero falar sobre o que aconteceu. Embora, isso seja um bom
título para uma canção.

"Você acha que eu poderia tocar a Acid Queen, talvez


apenas para uma performance?" Eu corro minhas mãos sobre os
cartazes emoldurados de todos os shows que ela dirigiu pelo
Grand Hotel, 42nd Street, South Pacific, e assim por diante. Cada
um vem completo com autógrafos de todos seus atores e atrizes.

"Seu irmão me contou o que aconteceu", diz ela, mais uma


vez, enquanto coloca a bolsa de ombro no braço e gesticula que é
hora de ir. Ela não vai voltar atrás, então eu encontro o seu olhar
enquanto nós saímos de casa.

"Qual parte?"

"Toda ela", diz ela, enquanto entra em seu carro.

Owen me ligou novamente ontem também: "Eu sei que você


está aí com a mãe e o pai e eu só quero que você saiba que
Matthew é realmente um..."
Eu tinha passado por alto, então pulei novamente sobre a
mensagem de Matthew, e então a voz de Jeremy começou logo
após. "Jane, eu realmente sinto muito por ter pressionando você,
tanto no álbum, quanto no artigo. Isto é tudo culpa minha. Não
era justo colocá-la sob esse tipo de pressão. Eu quero que você
saiba que eu ficaria feliz em ter o seu próximo álbum, sempre que
você sentir vontade de fazê-lo. Sempre", acrescentou mais uma vez
para dar ênfase. A sua foi a única mensagem que eu ouvi inteira.

"As notícias correm rápido nesta família."

"Nós sempre fomos uma família tagarela", diz ela, em


seguida, coloca gentilmente a mão no meu queixo assim, eu estou
olhando para ela enquanto dirige. "Você pode sentar aí parecendo
irritada ou você pode chegar na minha bolsa e pegar um pouco do
meu chocolate escuro especial de Paris para comer enquanto você
me escuta. Ele tem pedacinhos de laranja nele ".

"Mãe! Você é tão estranha. Eu não posso acreditar que você


tem chocolate em sua bolsa", eu digo, mergulhando minha mão
para encontrar o chocolate.

"Claro que eu tenho chocolate na minha bolsa", diz ela,


como se viajar sem chocolate fosse simplesmente insano. "Agora,
Jane, eu não vou fingir todos os detalhes, mas você deve saber
que Matthew já apresentou Owen para o agente literário. Owen
estava tão animado com a perspectiva de obter seu livro na frente
de um agente que ele foi para casa na noite de ontem e passou a
madrugada acordado e terminou o manuscrito. Ele até perguntou
a Matthew se ele queria vê-lo primeiro antes de fazer a introdução.
Matthew disse que não, que confiava nele e sabia que seria bom".

Eu quebrei um pedaço da barra de chocolate e dei uma


mordida, saboreando o escuro chocolate, o tempero da fruta. Tem
o gosto que imaginei de Paris. Eu nunca fui, mas o gosto é como
se eu estivesse olhando para a Torre Eiffel com um amante, como
se eu estivesse passeando pelo Musée d'Orsay, como se eu
estivesse distraída passando minhas mãos através das lombadas
dos livros em Shakespeare & Co., meus olhos sobre o homem de
cabelos escuros ao meu lado, encantada em um livro de sua
autoria.

Um livro de sua autoria.

Sobre mim. Sem a minha permissão. Não autorizado. Eu


termino meu devaneio sobre Paris, lembrando-me que Matthew
estava me usando como conteúdo para um livro.

"Eu estou lhe dizendo isso porque é algo que você deve
saber." Nós entramos no estacionamento. "E se ele iria fazer esse
esforço para o seu irmão, talvez você devesse ouvi-lo."

Saímos do carro e caminhamos para o teatro. "Tem certeza


que você não quer que eu seja o Acid Queen?", pergunto mais uma
vez.

Minha mãe olha para mim e coloca a mão no meu ombro.


"Se você fosse o Acid Queen, você teria uma cena com Haley
Mauvais. Ele canta "Eyesight to the Blind", a canção que leva em
cena a Acid Queen".

"Haley Mauvais! Eu não o vejo há anos."

Haley Mauvais. O guru, o professor, o mestre. A autoridade


sobre os deuses da música.

Nós caminhamos até os bancos no teatro que é


praticamente uma segunda casa para a minha mãe. Eu paro
meus dedos ao longo dos assentos estofados vermelhos. Ela olha
para o relógio. "Ele vai fechar a sua loja às seis hoje para poder
estar no teatro a tempo."

"Mãe, você se importa se eu usar o seu carro para visitar


Haley na loja?"

Ela pega sua bolsa e me entrega as chaves. "Aqui está."


Então, inclina-se para me dar um beijo na bochecha. "E talvez
você queira fazer um telefonema em seu caminho, também."

Mas eu não tenho que fazer um telefonema em meu


caminho. Porque assim que eu abro as portas, saindo do interior
escuro do teatro e indo para o sol brilhante da tarde, vejo
Matthew.
Capítulo Vinte e Cinco
"O que você está fazendo aqui?", deixo escapar.

"Eu estou fazendo uma matéria sobre o teatro musical


regional para a Beat. Eu pensei que este seria um bom lugar para
começar" diz ele apontando para o teatro. Ele está vestindo jeans e
uma camiseta que diz “Culpe o gato” sob sua usual jaqueta de
couro.

"Mas o que você está mesmo fazendo no Maine?", protejo


meus olhos do sol, em seguida, enfio minha mão na minha bolsa
para encontrar um par de óculos de sol. Eu os coloco. Assim é
melhor. Ele não pode ver meus olhos. Meus óculos são outra
camada de proteção entre mim e ele.

"Você me disse que você e Ethan estavam vindo para


Maine", diz ele com uma voz suave. "Então eu fui para a sua casa
primeiro e já que ninguém estava lá, eu vim aqui."

Eu o interrompi. "Mas por que você está aqui?"

Ele estende uma mão para tocar meu ombro ou o braço ou


algo assim, mas eu puxo de volta, de pé firmemente contra o tijolo
duro da parede externa do teatro.

"Jane, eu esperei por você do lado de fora do Ed Sullivan


Theater, depois de Letterman para te convencer a fazer a história.
Você acha que eu não viria até o Maine por você?"

"Não me ocorreu que você iria aparecer, de qualquer modo.


Considerando que você nunca esteve interessado em mim. Tenho
certeza de que você está aqui apenas indo em busca do seu livro"
eu digo bruscamente, enfatizando a palavra que ele usou quando
me fez dizer sim depois de Letterman, quando ele me enganou me
fazendo pensar que ele me queria. "Porque isso foi tudo que eu
sempre fui para você. Agora você pode realmente se divertir com
isso. Cantora de um único sucesso. Não pode escrever novamente.
Pobre, triste Jane." Eu toco um violino imaginário, zombando do
meu próprio estado lastimável.

Ele dá um passo mais perto. "Você sabe que não é verdade.


Por favor, diga-me que você sabe que não é verdade."

Eu ergo a mão, tentando falar. Respire. Tente novamente.


"É verdade", eu digo. "É claramente verdade. Você não me quer.
Você só queria ter acesso."

Ele chega mais perto. Desta vez, ele pega os meus óculos de
sol com as duas mãos e empurra-os para o topo da minha cabeça.
Ele me olha nos olhos, e eu não posso esconder mais. Ele não me
deixa desviar o olhar. Eu não tenho escolha, a não ser encará-lo.

"Eu não vou fazer o livro", ele começa.

"O que você quer dizer?"

"Eu não vou fazer o livro. Liguei para Alicia, que é o nome
dela, a agente, e disse-lhe que não estava interessado. Você é mais
importante para mim do que um livro. Você é mais importante
para mim do que uma história. Você é a pessoa mais importante
do mundo para mim."

"Eu sou?", pergunto, em total descrença. Não há nenhuma


maneira disso ser verdade.

"Você é", diz ele, e não há nenhuma provocação, nenhuma


brincadeira, nenhuma das zombarias de costume. "E eu ferrei
tudo. Eu deveria ter dito mais cedo, mas eu estou tão acostumado
a manter essa firmeza com o meu trabalho e proteger o que estou
escrevendo. E eu sinto muito. Estou verdadeiramente,
profundamente arrependido. Eu nunca mais quero te machucar. A
última coisa que eu quero é que você ache que isso não é real" diz
ele apontando dele para mim. "É completamente real, e
completamente verdadeiro. Eu ia falar sobre o livro, Jane. Eu sei
que parecia que estava guardando segredos de você e você pensou
que eu estava te usando, e me sinto terrível que não lhe disse
mais cedo. Eu me sinto tão absolutamente horrível que poderia
me chutar na cara" diz ele, e eu quase rio porque eu tenho
pensado sobre eu chutar a minha cara, às vezes também. "A
verdade é que eu não acho que foi um grande negócio. O livro,
quero dizer. Porque não é um grande negócio para mim. Alicia me
telefonou um dia do nada. Ela estava lendo minhas colunas e
queria ver se eu estaria interessado em escrever um livro. E eu
nunca tinha pensado nisso antes. Então foi por isso que eu
comprei Sexo, Drogas, e atualize sua página no Facebook aquela
noite que eu vi você no An Open Book. Mas eu mal podia passar
por isso. Você me conhece, eu prefiro a ficção."

"Você é um fanático por ficção," eu digo, suavizando um


pouco. Então percebo que estou de repente falando em seu nome,
explicando seus desejos, seus gostos, suas aversões. Isso não
passa despercebido por Matthew. Um pequeno sorriso se forma
em sua boca.

"Em todo caso, eu finalmente terminei o livro no dia do seu


show. No Knitting Factory" acrescenta ele, para refrescar minha
memória. Mas eu tenho uma lembrança nítida desse show. Cada
solitário segundo do início ao fim. "E eu falei com Alicia naquela
tarde e disse que talvez eu estivesse interessado em algo que
explore o negócio da música indie. Então, nós sugerimos algumas
ideias. Eu mencionei que estava fazendo este artigo com você, ela
gostou da ideia, e então eu disse a ela que teria que ver como você
se sentiria."

"Você queria ver como eu me sentia sobre isso?", estreito


meus olhos, como se de alguma forma pudesse dissecar melhor a
verdade assim.

"Sim, que você deixou bem claro no início desta semana",


diz ele, brincando. Então eu me lembro de uma das muitas razões
pelas quais eu amo Matthew - a maneira como ele provoca, o jeito
que ele brinca com as coisas, mesmo no meio de um momento
sério. "No entanto, eu ia te perguntar no show, mas, em seguida,
logo que eu entrei no camarim..." A voz de Matthew falha, os
cantos de seus lábios se enrolando.

Eu olho para ele com expectativa, lutando contra um


sorriso também. "Assim que você entrou no meu camarim", eu
digo, fazendo um gesto com a mão direita para que ele continue de
onde parou.

"Você estava tão linda e eu queria muito te dizer que eu


estava loucamente apaixonado por você", diz ele, segurando as
mãos bem apertadas. "E por causa disso eu sinceramente esqueci
o livro e tudo mais"

Arrepios sobem pela minha pele, e eu quero expulsá-los


para poder ficar brava. Eu quero afastá-los, mas não posso,
porque ele está me derretendo novamente. Como ele sempre fez.
"Você me queria tanto que se esqueceu de todo o resto", repito,
deixando a enormidade dessa declaração, do sentimento, se
registrar. Ele me queria tanto que não conseguia pensar direito.
Desde a primeira noite em que ele me beijou eu me senti querida
por ele. Mas, para ser muito querida, muito amada...

É completamente o oposto do meu casamento e


completamente maravilhoso.

Estes são os acordos silenciosos que as pessoas fazem para


estar juntos. Estas são as danças preliminares de um novo
relacionamento, o movimento frágil de novos corações se unindo,
meio sem jeito, às vezes. Estes são os segredos que um
relacionamento pode sustentar porque são segredos que não estão
mais escondidos.

"Sim, eu queria você. Eu quero você. Eu te amo. Eu sou


completamente louco por você, Jane, e a vida é um inferno sem
você. Então eu vim aqui para lhe dizer isso. Para te dizer que eu
nunca estive te usando. Para dizer que você significa mais para
mim do que um livro, do que um artigo. Para te dizer que eu não
posso suportar a ideia de nunca mais te beijar de novo, e que a
única coisa pior do que não te beijar é não ser capaz de estar com
você", diz ele em uma voz tão baixa, tão sincera que eu me vejo
avançando para perto dele.

Lembro-me que na primeira noite que Matthew me beijou


eu senti o mundo escapar. Suas palavras hoje dizem mil vezes
mais. Este é o homem que me disse que estava apaixonado por
mim, sem nenhuma expectativa. Este é um homem que veio até o
Maine para me dizer isso de novo. Este é um homem que disse a
seu chefe que ele estava se apaixonando por mim. Este é o homem
que se segurou até que eu insisti que tinha que tê-lo.

Até que eu quebrei sua resistência.

"Eu sinto muito, também," eu disse, balançando a cabeça.

"Por que você está triste?", Ele pergunta, curioso.


"Porque eu fiz isso impossível para você aguentar. Aquele
dia no parque depois que vimos Goos Mom. Lembra-se?"

Ele ri. "Sim, eu me lembro daquele dia. Cada detalhe."

"Eu sabia que você estava tentando se comportar, e eu não


deixei."

"Oh meu Deus", ele diz, e passa a mão pelo meu braço.
"Você está brincando comigo? Estou tão feliz que você não se
comportou. Estou tão feliz que você me levou de volta para minha
casa e me seduziu." Ele se inclina para perto de mim, descansa
sua testa contra a minha. "Por favor, deixe-me te beijar de novo.
Eu não posso aguentar. Eu não suporto isso. Faça o que quiser.
Objetive-me novamente. Eu não suporto não estar com você."

Objetivar.

Isto de novo, e a palavra ecoa mais alto dessa vez, voltando


para mim. Mais alto, mais claro, e posso quase ouvir as letras, as
palavras que devem seguir o refrão. Eles estão soando baixo na
parte de trás do meu cérebro, mas eles estão lá.

Eu coloco minhas mãos em seu queixo barbado, amando a


sensação dele, mas precisando resistir. "Mas se você me beijar, eu
não quero parar."

"Eu sei. Esse é o ponto. Não vamos parar. Não vamos parar
nada. Vamos apenas continuar" diz ele, me implorando, e eu estou
louca para ceder.

Há algo que eu preciso fazer primeiro, no entanto.

Eu respiro fundo, em seguida, digo-lhe toda a minha


verdade. "Eu pensei que tinha que terminar as coisas com você.
Eu estava pensando em romper com você" eu digo, cada palavra
áspera e calejada na minha língua.
Ele fica tenso e se afasta um pouco. "Eu tinha a sensação
de que você estava pensando nisso. Quando Jeremy sugeriu".

Eu mordo meu lábio brevemente, odiando ter que admitir


isso, mas sabendo que tenho que ser honesta com ele. "Eu pensei
que eu tinha que deixá-lo para escrever. Mas eu não consegui ir
até o fim. E uma vez que eu sabia que não poderia ir até o fim, eu
comecei a escrever novamente. Não muito, mas era alguma coisa,
e eu finalmente comecei a me conectar com a música... mas, em
seguida, a possibilidade do livro me fez ter certeza que eu tinha
que voltar para canções de separações".

"Você quer voltar a escrever canções sobre separações?" Ele


pergunta, sua voz crivada de angustia.

Eu fecho meus olhos por um momento, ouvindo tudo. Eu


posso emitir o menor som, e acho que talvez eu possa saber onde
encontrar a música que eu perdi.

Abro os olhos. "Não." Eu ergo meu dedo indicador direito.


"Mas há um lugar que eu tenho que estar agora."

***

"Você finalmente chegou para assinar a sua foto."

Haley anda em minha direção, parecendo que saiu da


minha memória intacta. Ele ainda está usando as mesmas botas
marrons de vaqueiro, o mesmo brinco de diamante, e os mesmos
jeans justos e uma jaqueta jeans. Ele tem pés de galinha ao redor
dos olhos e seu cabelo é salpicado de cinza, mas diferente do que
poderia ser uma fotografia de Haley de muitos anos atrás.
Trocamos a conversa obrigatória: como estão as crianças
(eles tem vinte e cinco e vinte e sete anos agora), como é segurar
um Grammy (fabuloso, é claro), ele está nervoso ou emocionado
em se apresentar hoje à noite (um pouco dos dois). Ele expandiu
sua loja nos últimos anos, ele me diz, acrescentando mais bateria
e teclados quando a loja de iogurte fechou e ele "anexou".
Acostumado a extrair iogurte congelado, agora extrai músicas.

Ele puxa uma guitarra da parede. É uma Les Paul,


vermelha, e parece quente. Alguns adolescentes em uma banda de
garagem vão adorar. "Quer ouvir este bebê?"

Ele acaricia a Les Paul com amor e a conecta a um


amplificador. Então ele arranca os acordes de abertura para "All
Along the Watchtower", de Jimi Hendrix.

"Eu não posso pegar uma guitarra sem tocar isso, apesar
de que Hendrix era um homem Fender Strat".

"Os deuses da música estão comandando você", eu digo,


rapidamente chegando ao motivo que estou aqui.

Ele aponta o braço da guitarra para mim, sorrindo e


acenando.

"Falando disso. O que você faria, Haley, se você se sentisse


como se estivesse em desacordo com eles?"

"Você tem um desentendimento com os deuses da música,


Jane?"

Eu ergo o meu polegar e dedo indicador e deixo há apenas


um centímetro de espaço entre eles. "Um pouquinho. Vem
acontecendo há alguns meses. Mas eu acho que pode estar
chegando ao fim. Queria falar com você primeiro. Quero entender
completamente o que você me ensinou quando eu era mais
jovem."

Ele coloca a guitarra na prateleira, acariciando-a mais uma


vez, e me leva para fora. Sentamos em um banco do lado de fora
de sua loja. Ele não está com pressa, então olha para o céu, para
o estacionamento e para mim. "Os deuses da música te deram o
seu dom, certo?"

Eu aceno.

"E você precisa respeitar isso, como eu disse a você quando


era mais jovem."

"Certo."

"Mas, Jane, eles não existem para ter divergências com


eles."

"O que você quer dizer?"

Ele coloca as mãos sobre as pernas, inclinando o rosto para


o sol, neste claro dia quente de abril enquanto desce o pôr do sol.
"Eles são guias, eles estão lá para ajudá-la, não para lhe dizer o
que fazer." Ele coça o queixo, em seguida, continua. "Eles pairam
ao fundo, eles permanecem, esperando que você encontre
inspiração onde quer que você precise encontrá-la Em seguida,
eles a ajudam."

Eu olho para o sol; o disco laranja salta como uma pedra


mais baixa no céu. "Onde quer que eu precise de inspiração?",
pergunto, arqueando uma sobrancelha, ansiosa para ouvi-lo
confirmar o que eu estive pensando. "Então, eu poderia encontrá-
la em outro lugar?"

"Você pode encontrá-la na sua frente. Você pode encontrá-


la atrás de você. Ela pode ser o que quiser que ela seja. Você nem
sempre vai encontrá-la no mesmo lugar."
Concordo com a cabeça, e tudo faz sentido. Estou
começando a entender a ideia de uma música que está se
formando na minha cabeça. Estou começando a ver que a música
está voltando para mim.

Não apenas em um cantinho do meu coração. Mas, em todo


o meu coração.

"O que estou dizendo é que eles não controlam você", Haley
continua. "Eles não dizem o que fazer. Eles não estão no comando.
Você está. E se alguma coisa está ficando no caminho de fazer
música, tire do caminho. E eu suspeito que talvez você esteja
começando do seu jeito. Assim que sair do seu próprio caminho e
ouvir o que os Deuses da Música têm para você."

"Sério?"

Haley irrompe em uma torrente de riso, batendo na minha


coxa com a mão. "Jane, você está cismada com isso." Ele se
levanta, abrindo os braços, erguendo as mãos para o céu. "A
música virá a você quando você estiver pronta para isso. E quando
isso acontecer os Deuses estarão lá para ajudá-la. Deixe-os
canalizarem você. Deixe-os usarem você. Deixe-os ajudá-la
quando eles te acordarem no meio da noite."
Capítulo Vinte e Seis
Mas não são os Deuses da Música que me despertam às
três da manhã. É Hammerstein, o mais velho dos border collies.
Ele está lambendo meu rosto, pedindo para ir lá fora fazer xixi. Eu
me pergunto por que ele não acorda a minha mãe. Ele é
praticamente seu filho, seguindo-a por onde passa. Ele até veio
para o show desta noite, curtindo os bastidores, enrolando seu
pequeno corpo preto-e-branco nas asas, conhecendo a rotina
depois de anos de prática.

Se eu não levantar, ele vai passar o resto da noite andando


de um lado pro outro pela minha cama. Eu coloco um moletom e o
sigo até o andar de baixo. Quando chegamos à porta da frente, ele
cutuca meu tênis. Eu enfio meus pés dentro deles, abro a porta e
deixo o cão da minha mãe do lado de fora. Ele fica na varanda da
frente, em seguida, faz círculos em volta de mim como se ele
estivesse me pastoreando.

"Ok. Eu vou com você."

Nós descemos os degraus em direção ao quintal,


preenchido por toda a grama, grossa e esponjosa. Os últimos
vestígios de inverno permaneciam na forma de manchas esparsas
de dura neve compacta de alguns dias atrás. A queda de neve que
cobriu Manhattan atingiu toda a costa leste também.

Caminhando em um pequeno espaço no jardim, eu o sigo,


apreciando o som do estalar da grama debaixo de mim.
Então Hammerstein começa latir, latindo estridentemente,
ali mesmo no meio do quintal. Eu o repreendo, mas ele não
escuta. Ele aumenta o volume, transformando seu ladrar em um
latido com vontade, antes de decolar para o lago com uma corrida.
Seu rabo é um borrão, com as pernas ciclones. Quando ele corre
para a beira da água, vejo o cão de Matthew perseguindo um
poodle no Central Park. Só Hammerstein não está perseguindo
outro cão; ele está interessado em uma família de gansos nadando
ao longo da margem do lago, que estão dando um mergulho ao
luar. Quando ele derrapa até parar, continuando seu grito de
guerra, eles se dispersam, voando para longe, seus corpos
castanhos logo se misturam com o céu escuro da noite até que eu
não possa mais vê-los.

Satisfeito com seu trabalho, Hammerstein trota de volta em


minha direção, parando no caminho para empurrar o nariz contra
algo. Ele cutuca um pouco mais até que eu possa ver que é uma
maçã verde. Ele bate na maçã mais uma vez, mostrando o lado
meio comido. Meu pai deve ter comido isso de almoço em alguma
tarde. Em seguida, jogou-a no quintal em vez da lata de lixo,
preferindo deixar a comida para os esquilos, em vez de adicionar a
aterros sanitários.

Estou pronta para voltar para a porta da frente, mas o


border collie corre para a parte de trás da casa. Eu o sigo para a
nossa extensa varanda de trás, onde ele se espalha rapidamente
na madeira, com as pernas esticadas para trás em linha reta atrás
dele e as patas dianteiras cruzadas. Sento-me ao lado dele em
uma das cadeiras da assinatura do meu pai, e vejo a lua. Depois
de um minuto na calma, o frio da noite, sem sons, além da
respiração de Hammerstein e minha própria respiração, eu
começo a sentir a madeira na parte de trás da cadeira deixando
sua marca nas minhas costas.

Assim como eles fazem em casa, em Nova York. Quando eu


sento no meu deck na mesma cadeira, igual a esta cadeira.
Quando eu sento no meu deck da sorte.

Meu deck da sorte. Meu baralho da sorte.

De repente, eu sento-me em linha reta. Eu começo a


cantarolar, baixinho, praticamente sob a minha respiração. As
palavras estão lá, a música está lá, a melodia está lá.

Eu tenho um baralho de cartas da sorte esta noite...

É irregular e são apenas algumas palavras, mas eu meio


que gosto disso, e é meio eu. Eu tenho um deck da sorte. Eu
tenho uma vida de sorte. Eu sou uma garota de sorte, e agora
tenho o começo de outra canção.

"Quer ir para dentro, menina?"

Em seguida, isso me bate. Hammerstein não é uma


menina; ele é um menino. Mas eu estou pensando em Doctor
perseguindo o poodle no parque quando eu disse a Matthew que
queria quebrar sua resistência, e depois a meia-maçã comida aqui
e a fruta tropical que Matthew elogiou no mercado do agricultor, e
então as manchas de neve crocante aqui e as frescas coisas
caindo quando eu disse a Matthew que estava escrevendo
novamente.

De repente, as palavras e as notas e melodias e pedaços de


canções estão batendo na minha cabeça, batendo os seus
símbolos, batendo seus tambores, como uma sinfonia, um coro.
Eu nem sequer tento analisá-los, eu só deixo vir como chuva em
cima de mim, os sons de uma voz, uma menina e um fantasma,
neurônios e sinapses, mechas e pontas dos dedos. Sons brilhantes
gloriosos e acordes tocando na minha cabeça mais e mais e mais.

Todos os sons dos últimos dias que estavam jogados


levemente na minha cabeça agora são altos e claros.

Eu me sinto como aquela menina em um vídeo de música.


Ela está fora em um campo verde brilhante, estendendo seus
braços como se estivesse voando. Ela se vira em círculos, com o
rosto para o céu, a chuva de verão batendo nela, um sorriso tão
largo quanto o mar. Ela está ficando encharcada até os ossos, e
não se importa. Ela está feliz, delirantemente feliz.

Eu me curvo e beijo Hammerstein em seu nariz preto


molhado. Hoje à noite Hammerstein é um cão-guia de verdade. Ele
me ajudou a encontrar meu próprio caminho.

Eu salto para dentro pela porta de trás, Hammerstein nos


meus calcanhares, e dirijo-me para o escritório da minha mãe,
digitando em seu computador, procurando voos de Nova York para
Portland amanhã. Então eu compro um bilhete e pego o telefone.
Eu ligo para a única pessoa que eu posso ligar a qualquer hora do
dia, a qualquer hora da noite.

Ela responde, com apenas um traço de sono em sua voz.


Seu mantra é "Eu vou dormir quando estiver morto até lá, existe a
cafeína.”

"Oi, mamãe. Tudo bem?"

"Owen, sou eu."

"O filho pródigo retorna. Bem, minha filha."

"Adivinhe o que você fará amanhã."

"Um 'Sinto muito' seria bom."

"Sinto muito. Realmente sinto muito. Imensamente


desculpa. Eu vou fazer isso para você de alguma forma, eu
prometo. Eu vou te dar uma adesão ao Starbucks pelo resto da
vida ou algo assim. Mas, por agora, eu preciso que você venha a
Portland amanhã. Reservei o voo das nove horas. Vou buscá-lo no
aeroporto."

"Jesus, Jane. Vou ter de me levantar às seis e meia para


chegar ao LaGuardia a tempo."

"Eu reservei para você a primeira classe e tem uma


limusine que passará na sua casa para lhe dar uma carona. Basta
colocar em um boné e sair de casa."

Eu desligo o telefone, mas não vou dormir. Em vez disso,


Eu remexo no meu armário do quarto, procurando
silenciosamente um velho acústico, para que o barulho não acorde
Ethan. Eu o encontro em uma prateleira na parte de trás, um
pouco maltratado, seu corpo suportando os arranhões do tempo.
Eu puxo-o para baixo, em seguida, volto para o deck.
Hammerstein me segue.

Eu afino a guitarra, uma tarefa que demora vários minutos,


devido à sua falta de utilização por um longo tempo. Mas quando
eu começo a arrancar as cordas, soam da mesma forma. Elas
fazem música da mesma forma. Então, eu fico acordada a noite
toda, escrevendo músicas, às vezes pedaços de canções, às vezes
um refrão, às vezes um diálogo aberto. O sol nasce, rosa e
cintilante sobre o lago e eu continuo tocando. Eu não estou nem
remotamente cansada. Estou além de energizada.

***

Eu levo o carro do meu pai para o aeroporto, pegando


Matthew em seu hotel. Ethan escolheu ficar e ajudar vovô a
construir um barco. Eu ligo para Haley do meu celular.

"Esse é o estúdio que vocês reservaram para o fim de


semana?"

Matthew coloca um CD no som do carro. Eu espio uma


etiqueta branca manuscrita na frente do CD que diz, "Pink Floyd,
Hamburgo, 1972." Eu dou a Matthew um sinal de positivo para a
sua seleção de músicas, imaginando que deve ser uma cópia de
uma daqueles cópias ilegais que seu pai negociava quando
Matthew era um garoto.

"Não neste fim de semana. Tem alguém em mente para


mim?" Haley pergunta.

"Por que você não pega o vermelho Les Paul que estava
tocando ontem e coloca um sinal de fechado na loja? Temos
algumas musicas para tocar!"

***

Eu sinto que estou em uma banda de garagem novamente.


É como se eu estivesse de volta na gravação de alta escola "Sweet
Summer Mine." Porque sou eu e Owen em um pequeno estúdio em
nossa cidade natal que não é nada como o que estamos
acostumados em Nova York. Este mal tem qualquer
preenchimento nas paredes. O equipamento é velho, arranhado,
áspero em torno das bordas. O tampo pode utilizar alguns WD-40
e o microfone cheira um pouco a mofo.

Mas nada disso importa, porque nós estamos fazendo


música. Os três de nós presos em um estúdio, Haley tocando
guitarra, deleitando-se em colocar a placa de sessão de gravação
na porta do estúdio. Sendo ele um pequeno empresário atencioso,
ele nunca iria apenas fechar a loja para o fim de semana. Sua
filha mais jovem Camille está em casa para o fim de semana,
então ela está cuidando da loja.

Ah, e Matthew, também está aqui, tomando notas


furiosamente o tempo todo. Ele está escrevendo o artigo, depois de
tudo. E, eu tenho que admitir, é uma história muito boa quando a
cantora em questão bate a cabeça contra uma parede de tijolos de
dois meses, foge de seu estúdio em Nova York, foge para Maine, e
finalmente percebe que ela não tem que escrever mais sobre a dor.
Ela pode encontrar inspiração em outros lugares. Talvez até
mesmo – o que é um louco-pensamento – da felicidade.

Continuamos assim durante todo o fim de semana a sexta-


feira, sábado e o domingo, começando cedo, trabalhando todos os
dias, dando a Haley tempo suficiente para fazer a peça de Tommy.
Em seguida, Owen, Matthew, e eu ficamos até a meia-noite,
reabastecendo nossos suprimentos de cafeína a cada poucas
horas no AM / PM a uma quadra. Ethan gasta todo o fim de
semana com os avós, dizendo-me tarde de domingo que eles
querem que ele leia O Hobbit depois, para que eles possam
continuar com seu intergeracional17 clube do livro para esse fim.

Eu me despeço de Haley, agradecendo-lhe por seu estúdio,


pelo seu tempo, e acima de tudo, por sua sabedoria. Em seguida,
Owen e eu voltamos para a casa, para ter uma última refeição
com meus pais – a truta que Ethan e meu pai pegaram no barco e
a salada que minha mãe fez para mim, e depois vamos para o
aeroporto pegar um voo para Nova York. Matthew pegou um voo a

17
Entre gerações.
tarde, uma vez que ele teve que terminar sua coluna regular
semanal que tem que ser entregue amanhã.

"Estou triste que estamos indo embora, mãe", diz Ethan,


sem se preocupar em reprimir um bocejo enorme quando coloca
sua cabeça em meu ombro depois que nos instalamos em nossos
lugares. "Podemos fazer isso todo fim de semana?"

"Talvez não todo fim de semana, mas nós definitivamente


podemos fazer isso de novo." Eu acaricio o cabelo de Ethan e ele
está dormindo, antes mesmo do avião sair do chão.

Viro-me para Owen, que tem uma compilação do nosso fim


de semana em sua bagagem de mão. "Nada mal para um fim de
semana."

"Épico. É épico." Owen acrescenta com um bocejo de sua


autoria, o cansaço do debate de ideias chegando nele também. Ele
enfia a mão no saco sob o assento. "Aqui está uma coisa para
você." Ele me dá o seu eReader, e abre. "Imaginei que você
finalmente queira ler o meu livro."

"É sobre o tempo." Eu olho para a página de capa na tela –


Conte-me Uma História De Fantasma por Owen Michael
Stanchcomb. "Ooh, você está usando o seu nome real. Você é
poser18".

"Você quer ser Mariah Carey."

"Você é um pau de escritor".

"Eu sou Jane Black e este é o meu Grammy e puta merda",


ele me imita em voz estridente, feminina.

18
Poser é, portanto, uma gíria – usada com mais frequência no universo musical, mas que pode se
estender para outros contextos culturais – que designa alguém que apresenta uma personalidade
influenciável, que segue as tendências da moda sem se preocupar com o seu gosto e o faz com o intuito de
fazer parte do grupo, abrindo mão de sua autenticidade.
"Bem. Você ganhou."

"Bom." Ele fecha os olhos e inclina a cadeira para trás. "Não


se esqueça que eu ganhei o direito de me gabar muito. Eu
terminei o meu primeiro romance. E você também deve a meu
vicio uma vida em fornecimento de alimentos ".

Eu não vou esquecer também. Eu nem me importo em


pagar mesmo. Mas, por agora, eu tenho um livro para ler.
Capítulo Vinte e Sete
"Please, Please Me e With The Beatles em sessenta e três,
A Hard Day‟s Night e Beatles for Sale em sessenta e quatro, Help!
e Rubber Soul, em sessenta e cinco, Revolver em sessenta e seis,
Sgt. Pepper‟s. Magical Mystery Tour em sessenta e sete, The White
Album em sessenta e oito, Yellow Submarine e Abbey Road em
sessenta e nove, e Let it Be nos anos setenta."

Eu fico olhando para Jeremy, que está parecendo um


pouco perplexo sentado atrás de sua mesa. Ele não está
acostumado a ninguém lhe dando de volta para ele nome e data
de acontecimento.

Eu levanto os meus braços para o alto, fazendo um V de


vitória. "E agora, senhoras e senhores, gostaria de apresentar
Jane Black. Ela segue Crushed e um ano mais tarde com - "Faço
uma pausa para o efeito, ao ouvir o rufar de tambores na minha
cabeça 'Lucky Deck'."

Eu bato o flash drive com o álbum que Owen e eu fizemos


na mesa de Jeremy e jogo na cadeira em frente ao meu maior
campeão, tatuador transformado em empresário de gravação,
Jeremy Battenbrock.

Mas antes que ele possa falar, eu rapidamente


acrescento: "Mil desculpas para você, meu amigo. Eu ser
petulante. Eu ser infantil. Eu sinto muitíssimo."

Ele acena a mão no ar. "Primeiro, eu estou acostumado a


músicos e suas pequenas birras." Ele aponta o dedo para mim,
repreendendo e amando ao mesmo tempo. "A sua não foi nada,
minha amiga. Existem tantas histórias que eu poderia te contar...
Em segundo lugar, vamos acionar este bad boy." Ele conecta o
pen drive em seu computador e abre o arquivo.

Há um brilho de selvagem alegria infantil em seus olhos


enquanto ele aperta o play. Tudo para aquele momento em que
você ouve uma banda, um cantor, uma música que você ama.

Eu sento e escuto quando seu escritório se enche com as


canções que meu irmão e eu gravamos quando voltei do Maine.
Jeremy já ouviu "Mixed Messages", "Don‟t Ask" e minha versão de
"Physical". Agora seu escritório enche de novas canções.

"Lucky Deck" toca em primeiro lugar, uma canção


otimista com um som de guitarra rápido, então vai para a próxima
"I‟ll Objectify You." É lento, mal-humorado, sexy, o tipo de música
que você canta para um amante. A música que me acordou na
noite que eu não consegui romper com Mathew.

"A forma como você fala comigo, o jeito que você me olha, o
jeito que você me toca, eu vou objetivar você, eu vou objetivar você,
eu vou objetivar você..."

Depois, há "Breakdown", e é sexy e romântico. "Eu quero


quebrar a sua resistência. Eu quero te deixar selvagem. Eu quero
fazer você cair."

Depois disso vem "The Girl e The Ghost", uma canção de


blues, estilo Ella Fitzgerald, sobre dois amantes que não
conseguem se tocar. "Nada além de ar, de fumaça, nada além de
tênues contornos de você."

Em seguida é "Honey Kissed", um pouco mais rápido, um


pouco de diversão, com um gutural estilo vocal sexy para ele.
"Querida beijou, sol amadureceu para você, cerejas verão, fruta
quente para dois..."

Nós passamos para "If I Were a Scientist", uma doce


canção romântica suave sobre como não temos a menor ideia por
que nos apaixonamos. "Se eu fosse um cientista, eu gostaria de
saber o que é isso, se eu fosse um cientista, eu poderia dissecar o
amor."

O próximo é "Feels Like Desire", uma canção pura suja,


com muitas batidas lentas, inspiradas por Matthew me pedindo
para narrar meu orgasmo no camarim no clube. "Sinto como se
subindo, preenchendo, nadando, flutuando, caindo, voando, indo...
Parece com desejo, sobre e sobre e outra vez, se sente como o
desejo, sobre e sobre e outra vez."

Depois, há o último, o meu favorito por completo. É uma


canção de amor simples, que é tudo o que é chamado "Tell Me the
Snow." Eu gosto muito dessa.

“Diga-me a neve está caindo

Diga-me a chuva está batendo

Diga-me o sol está batendo

Diga-me a neve está caindo

Diga-me a chuva está batendo

Diga-me o sol está batendo

Conte-me tudo e nada toda a noite”


Jeremy deixa a canção acabar antes de abrir os olhos.
Ele está contemplando, considerando, deixando a música cair
sobre ele. Eu, porém, estou inclinada para frente na minha
cadeira, impaciente por sua reação. Ele ajeita sua cadeira,
sentando-se em linha reta. Posso dizer que ele quer um charuto.
Ele gosta de fumar e fazer pronunciamentos. Em vez disso, ele faz
barulho, "Eu assinei com uma nova banda na semana passada.
Vi-os no Mercury Lounge após o seu show Knitting Factory. Seu
nome é Deception Vacation. Bom nome, não é?"

Eu aceno. "Sim, é um grande nome."

"Eu reservei-os para o estúdio hoje. Eu o mantive livre


para todos vocês na semana passada, no caso de você decidir nos
agraciar com sua presença novamente. E você sabe o quê? Eu
estou chutando-os para fora, esta tarde. E você vai entrar no
estúdio amanhã e terminar este bebê!"

Ele se levanta e caminha vagarosamente em torno da


mesa para me envolver em um abraço de urso. "Eles estão apenas
de brincadeiras de qualquer maneira. Eles não estarão prontos
para gravar por mais um mês."

"Eu não quero que você perca o seu prazo", digo. Então
eu olho-o diretamente nos olhos. "Você realmente gosta dele?"

"Eu sempre acreditei em você, Black. Eu sabia que você


poderia fazê-lo."

Eu o abraço com força. "Obrigada por não desistir de


mim."

Deixo o escritório de Jeremy e caminho toda a cidade de


volta para o meu apartamento, ainda cantarolando minhas
músicas novas. Eu gosto de acreditar que elas vieram a mim em
uma tempestade, em uma tempestade de neve, em um momento
de loucura, fertilidade absoluta. Mas, na verdade, elas estavam lá
o tempo todo, durante os últimos dois meses, paradas na minha
cabeça, esperando-me para sair do meu próprio caminho. Os
pedaços de vida que se tornaram a base para o meu quinto álbum.
A vida que se foi em torno de mim, não só a dor, não só desgosto.

A batida de "I‟ll Objectify You" rola pela minha mente e eu


me lembro da primeira vez que a cantei toda apenas alguns dias
atrás, em Maine. No minúsculo estúdio de Haley, eu segurei o
microfone apertado entre as mãos e comecei a cantar sobre
Matthew. Quando fiz isso, a caneta lentamente parou de se mover
ao longo da página. Ele olhou para mim quando percebeu que
suas mãos, sua voz, tudo dele, tinha-se tornado um muso para
mim. Quando cheguei ao refrão, seus olhos estavam em mim,
aqueles olhos azuis escuros, olhos da cor do lago dos meus pais
sob um céu claro, encarava-me firmemente. Ele continuou
ouvindo, assistindo, vendo através de mim quando depois eu
comecei a cantar "Tell Me The Snow".

Nós dois sabíamos que naquele momento, com certeza,


com confiança, sem qualquer pergunta que muitas dessas novas
músicas não vieram de um coração partido, mas de um que estava
cheio de amor.
Capítulo Vinte e Oito
Eu limpo minha garganta e adoto um sotaque britânico.
Tenho o mais recente exemplar da revista Beat na minha frente. O
garçom no The Tavern, um bar no Upper East Side, acaba de
trazer nossas bebidas. Esta é a terceira vez que estive fora como
um quarteto nos últimos três meses e eu gosto de Taryn um
pouco. Eu nunca conheci a infame da Kacea, então eu não sei
como comparar as duas, exceto favoravelmente para Taryn porque
ela é SOLTEIRA. Mas Taryn também é muito bonita, com cabelo
liso e arrumado castanho claro, olhos verdes, e uma figura
esbelta. E ela é engraçada, espirituosa, e totalmente apaixonada
por Owen.

"Aham," eu começo, segurando o meu dedo indicador no


ar e assumindo um tom bastante adequado da voz. "Nota do
Editor: Durante o curso da reportagem para este artigo, o
jornalista da Beat, Matthew Harrigan começou a namorar Jane
Black. Os dois ainda estão juntos."

Eu baixo a revista. "Deus, isso é tão adulto, não é? É


quase como quando dizem 'O papel do Dr. Marcus Larrington será
interpretado hoje por John Smith'."

"Basta ler", ordena Owen. Eu pego o olhar de Matthew


sobre a mesa, deslizo o pé do meu chinelo e secretamente esfregar
meus dedos contra sua perna nua. Eu ainda tenho certa emoção
de ter alguém para flertar embaixo da mesa. É julho, meu álbum
só saiu há quatro dias e está quente como o inferno em Nova York,
por isso estamos todos vestindo shorts e sandálias hoje à noite.

Eu começo a ler. "A criatividade é uma coisa engraçada.


Alguns dias você tem isso, alguns dias você não tem."

"Isso não é verdade", Owen faz coro, compartilhando um


sorriso com Taryn. Ambos sofreram com o bloqueio de escritor.

Eu dou a meu irmão mais novo, um olhar aguçado.


"Podemos ter um pouco de calma na galeria de amendoim?"

Ele balança a cabeça. "Não é provável."

Eu elevo minha voz, mas ainda mantendo o mesmo


sotaque Inglês falso que usei quando eu li todos os sete livros de
Harry Potter para Ethan.

"Criatividade não é uma situação das nove às cinco, como


a cantora de rock indie e vencedora do Grammy Jane Black
aprendeu ao elaborar seu recém-lançado, Lucky Deck.
Imaginação, criatividade, invenç- "

"Você estava tendo um caso de amor com sua


enciclopédia quando escreveu essa frase?" Owen interrompe para
perguntar a Matthew.

Matthew levanta seu copo. "Você sabe que sim,


companheiro."

Taryn cotovela Owen. "Ei você aí. Eu vi que você se


enrolou com a sua, apertando-o em seu sono"

"A verdade vem à tona", Matthew interrompe.

"Ok, crianças. Alguém realmente quer ouvir o artigo de


Matthew?"

Matthew joga a mão alto no ar. "Outros artigos dos


jornalistas ficam velho. Mas o meu eu posso ler mais e mais."
Owen ri. "Não vivemos?"

Eu passo por cima, pegando de onde parei. "A


imaginação, engenhosidade e inventividade são caprichosas. Eles
vêm em ondas e você tem que saber quando a sua está chegando."

"Alguma vez você já foi mesmo surfar?" Owen pergunta.

Matthew balança a cabeça. "Não e não é como se você


fosse da Califórnia, por isso, não me diga que você já foi", Matthew
dispara de volta. Owen mantém as mãos para cima, sabendo que
foi pego em flagrante.

"Essa é a marca do artista. Eles têm sentidos aguçados e


sabe quando essa onda está quebrando. Ao invés de deixá-lo
passar, eles o pegam e montam nesse otário todo o caminho para
a praia."

Viro-me para Matthew e faço com a boca "bom". Volto


para a revista. "A história da Lucky Deck, cujo primeiro single “I‟ll
Objectify You” foi número 1 no iTunes, começou em um estúdio de
gravação no coração do bairro de Maine quando, notoriamente
tarde, Jane Black realmente chegou a tempo, mas com apenas
três canções prontas para gravar."

Eu li o resto do artigo em voz alta. O artigo é puro,


Matthew é preciso, espirituoso, inteligente e cheio de ricos
detalhes que fazem o leitor sentir como se ele ou ela estivesse lá.
Ele traz os leitores para os bastidores, como prometeu, detalhando
o meu bloqueio de escritor, e, finalmente, como eu o retirei no
final e aprendi que eu não tenho que ser uma compositora que faz
canções tristes, que eu poderia fazer mais do que isso.

Quando eu termino, ofereço um brinde. "Para Oz nos


bastidores."
"Para inspiração", Matthew acrescenta.

"Para os dois de vocês que tem agentes recebendo seus


livros." Eu aponto minha cerveja para Taryn e Owen.

"Para ser escritor e ter escrito:" Taryn acrescenta.

"Para o meu divórcio sendo finalizado!", Acrescento eu.

Matthew levanta a taça de vidro e brinda. "Graças a Deus


eu não sou a patroa. Eu estou cada vez melhor agora."

Eu o empurro afastando, sacando um par de vinte e


deixando-os sobre a mesa. "As bebidas por minha conta. Eu tenho
um jogo de poker para ir."

Inclino-me para beijar Matthew na bochecha. "Vejo você


mais tarde", digo a ele. Então digo adeus a Taryn e Owen e
caminho algumas quadras para o apartamento de Kelly.

Meu divórcio saiu há duas semanas. Nós dois assinamos


a papelada sem drama ou alarde, apenas duas assinaturas
simples. Em seguida, um abraço e um "boa sorte" de nós dois
para o outro. Nós nos damos bem. Temos um grande acordo.

Eu decidi usar a RP que Natalie tinha encontrado para


mim. A vida tem sido mais ocupada e ela ajuda imensamente. Ela
e Natalie convivem sem dificuldades, o que realmente ajuda, uma
vez que Natalie é oficialmente minha empresária agora. Minha
irmã pode encontrar tempo para tudo, então ela simplesmente
encontrou uma maneira de encaixar isso em seu dia também.
Além disso, ela era, para todos os efeitos, a minha empresaria no
último ano de qualquer maneira. Agora ela é paga para isso,
embora ela insista que não está fazendo isso por dinheiro, então
ela doa todo seu salário a cada mês para causas ambientais.

Quanto a Owen, Alicia é sua agente. Ela se apaixonou


por Tell Me a Ghost Story, embora tenha sugerido que ele mudasse
o título para The Ghost in the Museum. Ela apresentou o
manuscrito para editoras há dois meses e ele recebeu algumas
rejeições, mas ela acredita que é apenas uma questão de tempo
antes que alguém se apaixone por ele. Eu também.

Depois que voltamos de Maine, eu disse a Matthew que


se ele quisesse escrever o livro sobre a indústria da música, eu
ficaria bem com ele. Eu confiei nele com tudo o que ele queria
escrever. É um sentimento bom confiar em alguém, deixar-se
confiar em alguém. Mas Matthew disse que não estava interessado
no livro.

"O fato é que eu não sou tão selvagem sobre não-ficção,


como você sabe. Eu passo o dia todo escrevendo histórias reais. E
à noite, a última coisa que eu quero fazer é ir para a cama com a
Sony ou Universal Music Group, sabe o que eu quero dizer? Eu
não leio não-ficção, à noite, por que eu iria querer escrevê-la?",
Disse. "Além disso, se eu quisesse escrever, eu ia escrever um
romance... talvez algo sobre uma estrela do rock que se apaixona
por este crítico diabolicamente belo e tenta ficar com ele, sem
sucesso."

Como se tornou meu costume, eu bati nele com um


travesseiro.

***

"O sexo matinal durou apenas algumas semanas,"


Gretchen anuncia, recolhendo uma pilha de 1 dólar em fichas da
mesa, tendo acabado de vencer a última rodada de Texas Hold
'Em.

"Espere, isso é sobre o sexo matinal que você estava


tendo um ano e meio atrás?" Natalie pergunta a Gretchen.

"Sim", Gretchen admite, em seguida, se inclina sobre a


mesa, tocando a mão de Natalie. "Bem, o que acontece com você,
garota-sexo-no-táxi? Vamos, dê-nos o seu mais recente conto."

"Não há mais incidentes de táxi. Mas nós fizemos isso na


cozinha, na semana passada." Natalie finge olhar tímido, mas
posso dizer que ela está secretamente orgulhosa.

"Lembre-me de não comer em sua casa tão cedo", brinca


Kelly.

"E quanto a você, Kel?" Gretchen gira em torno de


enfrentar Kelly, atingindo a bacia azul mais próxima a ela para
pegar um punhado de balas com sabor de cereja. Ela coloca uma
em sua boca, então repousa o queixo nas mãos, esperando pela
resposta de Kelly.

"Está tudo muito bem", diz Kelly, de volta para a persona


brilhante e enérgica que a define. "Nós tivemos essa briga épica, e,
então, concordamos que precisávamos fazer uma melhor
comunicação no casamento. Que eu sei que soa totalmente brega,
mas é verdade. Por isso, falamos mais, e também temos mais
sexo."

Gretchen lança um punho no ar, em seguida, olha para


suas cartas. Eu faço o mesmo, e estou satisfeita com a minha
mão. Não só tenho três jacks, mas um homem lindo está me
esperando em casa. Eu vou com tudo, empurrando meu vermelho,
branco e blue chips na pilha de centro, exageradamente, para o
efeito, não me importando em agir de forma legal ou colocar em
um cara de pau. Eu tenho uma mão vencedora.

"Então, Jane," Gretchen chama, a quarta taça de


champanhe bate nela a todo vapor quando ela revela que ela só
está segurando uma rainha alto, “você não nos conta quaisquer
histórias de sexo e olha que você é a única com um novo homem.
Você tem as coisas boas".

Eu espero por Natalie, a último à esquerda. Kelly dobra.


Minha irmã mostra suas cartas, dois Ases, duas Damas. Deito os
meus três Valetes. Há um momento na mesa quando nós todas
olhamos uma para a outra, como se perguntássemos quem
ganhou. Afinal de contas, nós nunca fingimos que poderíamos
derrubar qualquer um em um torneio. Gretchen saca sua folha de
fraude, uma lista de todas as mãos de poker.

"E o pote vai para a morena!"

Eu envolvo meus braços em torno dos chips, puxando-os


todos para mim, sabendo que Ethan ficará emocionado ao saber
que ganhei e que eu vou levá-lo para comer pad thai amanhã à
noite, quando é o meu tempo com ele. Enquanto eu conto as
minhas fichas para trocá-las, Gretchen tenta novamente. "Vamos,
Jane. Dê-nos alguma coisa. Conte-nos uma história."

Parte de mim quer dizer-lhes-tudo que Matthew é o


amante mais incrível do sistema solar, galáxia, universo. E que eu
tenho sorte de tê-lo. Mas isso é justo? Eu já ganhei 103 dólares
hoje à noite e eu tenho que tê-lo também. Um embaraço de
riquezas, de fato.

Mas você tem que dar ao público algo. "Eu não gosto de
beijar e contar," eu digo timidamente, enrolando uma mecha de
cabelo com o meu dedo indicador para o efeito. "Mas eu vou deixar
você com esse pensamento."
Então eu adiciono uma pausa dramática. Então eu retiro
meu lápis de boca da minha mochila azul, aplico-o, em seguida,
adiciono o batom. Eu coloco a bolsa por cima do meu ombro e fico
de pé, colocando ambas as mãos sobre a mesa. "Todas as noites,
minhas amigas. Cada noite solitária".

***

Eu pego um táxi para minha casa em Murray Hill,


ansiosa para ver meu homem. Ele tem uma chave agora, então me
mandou uma mensagem dizendo que já estava lá e que estaria
esperando pacientemente por mim. Matthew sabe como se manter
ocupado. Ele está perfeitamente satisfeito com o que ele é agora.
Ele come livros.

Mas ele vai estar lá quando eu chegar em casa em poucos


minutos. Ele vai sorrir quando eu entrar e continuar a leitura
enquanto escovo meus dentes, lavo o rosto, e me junto a ele no
quarto. Ele vai assistir enquanto eu me dispo e deslizo na cama ao
lado dele. Em seguida, ele vai colocar seu livro na mesa de
cabeceira, a mesma cabeceira onde guardo a matéria que ele
escreveu só para mim na gaveta.

Ele não é mais capaz de analisar meus álbuns para Beat,


devido ao conflito de interesses. Mas o dia que meu álbum foi
lançado, ele me deu um comentário escrito à mão, em sua agitada
caligrafia inclinada e disse: "Isto é o que eu teria escrito".

Eu disse uma vez que as melhores músicas vêm de


corações partidos. Eu vou precisar emitir um adendo a essa
declaração. Eu ainda acredito que é verdade, mas também há
grandes canções que não têm nada a ver com amor em tudo como
vemos do The Clash "London Calling", do Nirvana, "Smells Like
Teen Spirit", de John Lennon "Imagine" e então há grandes canções
que são todas sobre o amor, de cano cheio, frontalmente, louco-
sobre-amar você. Pense em Johnny Cash "I Walk the Line", "I Want
to Hold Your Hand", dos Beatles, Os Marvin Gaye "Let 's Get It On".
Oh, espere, isso é sobre sexo. Bem, há algumas boas canções sobre
isso também. E Jane Black adicionou ao cânone romântico de
canções com alguns números próprios inebriante de seu novo
álbum.

Eu não enquadrei essa analise. Mas depois que eu li isso,


decidimos fazer uma lista de todas as grandes canções sensuais.
Isso está na gaveta do criado mudo e também várias músicas já
estão riscadas. Porque eu fiz uma promessa de fazer amor com
todas as músicas sexy já escritas. Acontece que lá fora tem um
inferno de um monte dos demais.

Eu abro a porta e o encontro descansando no meu sofá,


lendo um livro. Ele joga o livro na mesa de café, levanta-se e
caminha até mim.

Ok, então talvez ele não pode esperar até que eu escove
os dentes e vá para a cama com ele, e isso está bom para mim.

"Por favor, me diga que você ganhou o suficiente para me


aposentar e viver a vida nos braço doces da estrela mais sexy do
rock que eu já conheci", diz ele, pressionando as palmas das mãos
em uma prece melancólica.

Eu sorrio amplamente. "Como se você pudesse se


contentar com doces abraços."

"Eu estaria disposto a tentar", ele brinca, então me puxa


para um beijo. Assim que seus lábios tocam os meus, eu estou
toda quente, minha pele formigando. Eu angulo meu corpo contra
o dele, sinalizando que não posso esperar muito mais tempo
também.

"Eu quero mais", digo a ele.

"Você sempre vai ter mais comigo, Jane. Você não


percebe nem agora? Tenho um apetite absolutamente insaciável
quando se trata de você." Ele pega minha mão e me leva para o
quarto, abre a gaveta do criado mudo, e pega a lista. Ele bate na
lista com um lápis. "Oh, olhe o que está nela. "Physical".

Eu sorrio quando ele joga o papel na mesa de cabeceira e


me puxa para a cama. "Nós não estamos fazendo isso com a
minha música."

"Por que não?"

"Isso é estranho, você não acha?"

"Então você quer usar a versão de Olivia Newton-John?"

"Eu tenho que pegar minhas polainas então."

"Por incrível que pareça, eu ainda gostaria de encontrar


você, mesmo em polainas", diz ele, em seguida, me prendendo em
baixo dele e me enchendo de beijos ao longo do meu pescoço, em
seguida, indo do meu queixo para minha orelha. "Ou podemos
apenas usar qualquer uma dessas músicas que você escreveu
sobre o deus do sexo inglês que você está loucamente
apaixonada."

"Hmm," eu digo como se estivesse perdida em


pensamentos. "Eu escrevi algumas músicas sobre você. Algumas
músicas sobre o quanto eu te quero, e quanto eu te amo", eu digo,
envolvendo minhas pernas em volta de sua cintura.
"Tenho a intenção de lhe dar inspiração em ambos os
casos por um tempo muito longo. Para sempre, na verdade."

"Sempre?"

Ele balança a cabeça resolutamente. "Sempre. Porque


isso é quanto tempo eu vou querer você, e isso é quanto tempo eu
vou te amar."

Eu gosto do som disso. Eu gosto muito.

Você também pode gostar