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Como criar

Roteiros de Estudos
Personalizados
Caminhos para a construção de sentidos

ALEXSANDRO SUNAGA
Vamos passear? 3
Conheça seus estudantes 4
Escolha o destino 5
Valorize o caminho 6
O tempo e o custo 7
O mapa da viagem 8
Divirta-se! 9
Sobre o autor 10
Referências 11

Como criar roteiros de estudos personalizados


Quando vamos a uma agência de viagens, uma das primeiras perguntas do agente
é aonde gostaríamos de ir, parece óbvio, não é mesmo? Por quê essa mesma
curiosidade não acontece em nossa sala de aula?

Quando adultos, exercemos nossa


autonomia para planejarmos os caminhos que
vamos tomar para realizarmos nossos sonhos e
sanar nossas necessidades. Quando crianças,
porém, somos tolidos com frequência e nossa
curiosidade vai aos poucos diminuindo, assim
como nosso desejo de aprender e aventurar-se.
Certamente a maioria das vezes que um adulto
nos proibiu de mexermos em algo foi para a nossa
própria segurança. Porém o modo como foi dito
nem sempre foi amigável ou seguido de uma
explicação cogniscível.
No caso do agente de viagens, ele já possui
um esboço de roteiro no qual estão equilibradas
segurança e qualidade, basta adaptá-lo às
características de seus clientes. Pode-se assim
aumentar as chances de uma viagem de sucesso
na qual todos vivenciam momentos felizes
visitando lugares incríveis.
Como professores, podemos também
trabalhar como agentes de viagens em nossas
aulas, adaptando nosso roteiro predefinido de
acordo com as caraterísticas e necesidades de
nossos alunos.

As crianças são naturalmente curiosas e inquietas, vívidas para explorar e conhecer. Quando adultas,
muitas vezes também percebem-se motivadas quando estão interessadas por algo novo e passam a direcionar
suas ações para conhecer mais e sanar sua curiosidade. Com é possível despertar esse interesse em nossos
alunos e direcioná-los nesta viagem ao conhecimento?

“Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando”


(Freire, 2007)

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Conheça seus estudantes
Os tipos de avaliação mais No início de cada ano é muito frequente o uso de avaliações
comuns diagnósticas para verificar as habilidades dos seus estudantes. Os
professores preparam uma prova com questões de nível básico, médio e
Diagnóstica alto, muitas vezes baseadas nos conteúdos abordados no ano anterior.
Acontece no início do ciclo letivo, não vale Ao corrigir estas provas, os professores muitas vezes percebem que
nota, mas serve para detectar deficiências precisam retomar alguns pontos, pois muitos alunos da turma
e planejar atividades futuras.
apresentaram dificuldades. O próximo passo do professsor é a
elaboração de aulas de revisão que retomam estes pontos com
Formativa
dificuldades e a partir daí as aulas normais acontecem.
Acontece durante ou após as atividades
O problema desta abordagem é que ela não respeita os alunos
didáticas, normalmente não vale nota,
mas serve para verificar se os alunos que demonstraram domínio sobre aqueles tópicos. Para eles, a aula de
atingiram algum objetivo pedagógico. Ex: revisão não permitiu um avanço em seus conhecimentos.
Tarefa de casa, elaboração de um texto Uma abordagem mais adequada seria a elaboração de atividades
sobre o que aprendeu com um filme, etc.
diferenciadas aos estudantes de acordo com o resultado da avaliação
diagnóstica. Outra sugestão é organizar grupos de estudos, nos quais os
Somativa
alunos que demonstaram sufiência nos temas são os tutores
Acontece após um conjunto de atividades
didáticas, vale uma nota que é utilizada responsáveis por ajudar os alunos com dificuldades.
como instrumento de aprovação ou não
do aluno junto aos órgãos educacionais.
“Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender”
(Freire, 2007)

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Escolha o destino

A Base Nacional Comum Curricular é um documento elaborado pelo MEC em parceria com
representantes das secretarias de educação de todos os estados, com as aprendizagens esenciais requeridas a
todos os alunos ao longo da educação básica. Ela destaca 10 competências gerais que ao serem estimuladas
nos alunos, contribuirão para a formação de uma sociedade mais justa e voltada à preservação da natureza.
Este documento tem mobilizado entidades e educadores de todo o país para a reelaboração dos
currículos de suas escolas voltados ao desenvolvimento destas competências gradualmente desde o início da
vida escolar do aluno. Os currículos de cada estado e município podem ser adaptados de acordo com suas
características regionais, porém, o núcleo deve ser obrigatoriamente comum. A BNCC estabelece o que deve
ser aprendido ano a ano, porém ela não especifica como se dará a aprendizagem.
Sendo assim, vemos que mais importante que o currículo escolar são os princípios que levaram à sua
elaboração. Muitas vezes o professor não tem noção do porque se ensina tal conteúdo e assim não avalia
adequadamente se sua finalidade foi atingida.
Ao conhecer bem estes princípios, também fica mais fácil elaborar atividades didáticas que focam no
desenvolvimento de habilidades e competências e não em avançar no conteúdo curricular pura e
simplesmente.

Dimensões e Desenvolvimento
das Competências Gerais da BNCC

A Base Nacional Comum Curricular

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Va l o r i ze o c a m i n h o

Quando eu saio de férias seguindo um roteiro de


viagens, não estou interessado somente em chegar ao
destino final, mas vivenciar cada etapa da aventura,
conhecendo lugares e pessoas, cultura, história,
gastronomia, etc.
Assim também é a aprendizagem. Não estou
interessado somente em atingir um objetivo final, mas
alcançá-lo valorizando múltiplos objetivos e suas
interações. Assim como existem diversas formas de
aprender, também há diversas formas de ensinar. Como
professor devo libertar-me do simples uso do giz e da
louza e explorar métodos mais eficazes de ensino.
Quando o aluno passa a ser elemento ativo em
nossas aulas, ganhamos tempo para dedicar-se aos alunos
com mais dificuldades, enquanto os outros estão se
desenvolvendo cada um em seu próprio ritmo.
Diferenciar os métodos de ensino é respeitar os
Na aprendizagem mão na massa os alunos desenvolvem seus
métodos de aprender de seus alunos.
conhecimentos através da elaboração de projetos colaborativos
que requerem a criatividade, habilidades sociais, manuais,
estéticas…

O pensamento adaptativo

Ensino tradicional Metodologias ativas

Geralmente é composto por aulas expositivas, As metodologias ativas de aprendizagens


leitura de textos, visualização de vídeos e consideram a diversidade das formas de aprender e
demonstração de fenômenos através de colocam o aluno no centro do processo. O professor
experiementos. O aluno é um elemento passivo que passa a ser um tutor, facilitador, curador de
atesta a aquisição de informações através de conteúdos. Atuando como um designer educacional, o
exercícios e provas no final dos ciclos. professor elabora e promove atividades que
desenvolvem nos alunos a autonomia necessária para
se tornar o ser o responsável pela construção do seu
conhecimento.

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Assim como há liberdade para a elaboração dos
currículos na BNCC, o professor também tem liberdade
Ensino
para preparar atividades que abordem os conteúdos
Híbrido
curriculares e promovam as competências e
habilidades desejadas. Cabe a cada professor Design Problem
estabelecer as melhores estratégias de acordo com seu Thinking a-tização
tempo e recursos disponíveis.
A aplicação de certos métodos envolvem
Metodologias
necessariamente certos recursos. Por exemplo, para a ativas
aplicação eficaz do ensino híbrido, os alunos precisam
ter acesso à internet de alguma forma, seja na escola
através de qualquer dispositivo ou em casa. Esta Mão na Projeto
disponilidade pode habilitar ou não o uso de certos massa s
modelos deste método.
A aprendizagem baseada em projetos também Times
pode ser facilitada com o uso de tecnologias da
informação e comunicação, visto que é necessário
realizar pesquisas online que enriquecerão a qualidade
e aplicabilidade do produto final. Exemplos de metodologias ativas

Porém, muitos professores deixam de inovar devido ao tempo para capacitação e preparo das aula, mas
será que é este mesmo o problema?

O tempo e o custo
A evolução da sociedade está atrelada à evolução tecnológica. Através do aprimoramento de técnicas e
dispositivos pode-se economizar tempo e dinheiro. Como exemplo, o deslocamento de pessoas e objetos são mais
rápidos, a comunicação entre pessoas e computadores é instantânea e a baixo custo através do telefone ou
internet, a automação das fábricas permite o funcionamento contínuo e eficaz das linhas de produção com
economia de energia, mão de obra e tempo.
Nas escolas o surgimento dos livros permitiu a aprendizagem sem a presença do professor, a impressão de
provas e listas de exercícios economizou tempo de escrita em lousa e cópia dos alunos, o uso da TV permitiu a
gravação de aulas e sua retransmissão a milhares de estudantes. A internet, por sua vez, nos permite gerenciar a
aprendizagem através da distribuição de conteúdos próprios ou de outras fontes, realizar avaliações,
comunicações, promoção de trabalhos em grupo, demonstração de experimentos, jogos, etc.
Certamente que leva-se algum tempo para que as novidades tecnológicas sejam adotadas pelas escolas.
Em geral elas são introduzidas inicialmente por professores inovadores que buscam sempre o aprimoramento de
sua prática. A partir deles outros são inspirados e convencidos de suas vantagens.

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O Mapa da viagem

Todo roteiro de viagem é acompanhado por


mapas que destacam os pontos mais importantes. MAPAS MENTAL E CONCEITUAL
Eles alimentam nossas expectativas e diminuem as
No mapa mental pode-se fazer relação entre
chances de nos desviarmos e perdermos tempo. diferentes tipos de objetos, já no mapa conceitual
No caso da educação, temos os chamados faz-se relação somente entre conceitos.
mapas conceituais, que são diagramas indicando a
relação entre conceitos.

Seu uso correto ajuda a estruturar o pensamento, pois permite mostrar como o conhecimento sobre
determinado assunto está organizado dentro da estrutura de pensamento do autor do mapa.
David Ausubel (Ausubel, 2003) , um psicólogo da educação americano, destacou que o conhecimento é
composto por conceitos organizados hierarquicamente. Assim, para que a aprendizagem seja significativa e
correta, é importante que esta estrutura seja bem planejada e assimilada pelo professor e pelo aluno.
Seu início deve sempre basear-se nos conhecimentos prévios dos alunos, segue-se então com uma
seleção dos conceitos relacionados a um tema principal. Cada conceito pode também estar relacionado a mais
de um conceito o número de interrelações demonstra a familiaridade do professor com o tema.

Construindo mapas
conceituais com alunos

Forneça um conjunto de conceitos chave que


são fundamentais para compreender um tema
principal. Peça aos estudantes que construam
um mapa conceitual formando relações entre
eles e acrescentem conceitos adicionais
relevantes. Com esta atividade os alunos Mapas conceituais
podem perceber suas relações e engajar-se
melhor na sua aprendizagem, pois seu sentido com o Lucidchart
estará mais claro.

Title of the book 8


Divirta-se!

Agora que está tudo muito bem planejado, resta-nos embarcar e seguir para esta grande aventura! Siga
junto com seus alunos vibrando a cada novidade e parabenizando-os pelas conquistas.
O melhor método de ensino é aquele no qual aprendemos juntos com nossos alunos. A cada momento
em que nos relacionamos com pessoas e objetos somos transformados, ou seja, somos novos professores a cada
aula que ministramos e eles são novos alunos. Se conhecemos bem o caminho que vamos trilhar, saberemos
melhor o tipo de pessoas que queremos ser.
Podemos assim melhorar a sociedade influenciando positivamente a vida de nossos alunos e ensinando-
os a alcançar seus sonhos traçando os melhores caminhos.

Como construir caminhos de aprendizagem

Os pontos de inflexão da educação

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Sobre o autor

Alexsandro
Sunaga

Autor e formador de professores na área de Metodologias Ativas.

Trabalha como consultor em inovação tecnológica do Colégio Objetivo, professor de Matemática na

ESAMC, de jogos no Colégio Objetivo de Sorocaba e robótica no Colégio Progresso de Campinas.

Co-autor do livro Ensino Híbrido: Personalização e tecnologia na educação.

Autor de cursos online de formação de professores na UDEMY.

Facebook: https://www.facebook.com/alesunaga/

Site pessoal: https://www.alexsandrosunaga.com/

Cursos online: https://www.udemy.com/user/alexsandrosunaga/

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Referências

AUSUBEL, D.P. (2003). Aquisição e Retenção de Conhecimentos:


Uma Perspectiva Cognitiva. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
DAVIES, Dan et al. Creative learning environments in education—A
systematic literature review. Thinking Skills and Creativity, v. 8,
p. 80-91, 2013.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 35ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
TAVARES, Romero. Construindo mapas conceituais. Ciências &
Cognição, v. 12, p. 72-85, 2007.

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