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Agroindústria

Jackelline Favro2
Delimitação conceitual Alexandre Florindo Alves3

para a economia brasileira1


Resumo – Na literatura, não há consenso em relação às atividades pertencentes à agroindústria
no Brasil, o que é não apenas um problema de definição em si, mas também uma dificuldade no
que se refere à coleta e sistematização de dados. O objetivo deste estudo é fazer uma revisão da
literatura sobre a definição de agroindústria, suas possibilidades analíticas, limitações e adaptações
e concatenar a definição de agroindústria às normas de classificação de atividades econômicas no
Brasil para, assim, apresentar classificações de agroindústria para a economia brasileira, com base
na última versão da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) – a Cnae 2.0 oficial-
mente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional e pelos órgãos federais gestores de registros admi-
nistrativos em 2006. Como resultado deste estudo, duas tabulações são apresentadas – um conceito
amplo e um conceito restrito. Para essa delimitação, foram utilizadas como base as subclasses da
Cnae por ser esse o menor nível possível de desagregação das informações referentes às atividades
econômicas. Essa classificação detalhada pode cooperar para a elaboração de outros estudos, facili-
tando assim o levantamento de dados sobre o assunto, além de contribuir para que formuladores de
políticas públicas tenham maior conhecimento sobre os segmentos da indústria de transformação
que compõem a agroindústria.
Palavras-chave: classificação, Cnae 2.0, subclasse.

Agroindustry: conceptual delimitation for the Brazilian economy

Abstract – It is verified in the literature that there is no consensus regarding the activities belonging
to the agroindustryin Brazil, which constitutes not only a problem of definition in itself, but also a
difficulty regarding data collection and systematization. Thus, this study aims to review the available
literature on the definition of agroindustry, its analytical possibilities, limitations and adaptations and
to concatenate the definition of agroindustry with the classification norms of economic activities
existing in Brazil so as to be able to present agroindustry classifications. For the Brazilian economy,
based on the latest version of the National Classification of Economic Activities (CNAE), CNAE
2.0 officially adopted by the National Statistical System and the federal administrative records
management bodies in 2006. As a result of this study, two tabulations are presented considering a
broad concept and a restricted concept. For this delimitation, the subclasses of CNAE were used as
a basis because this is the lowest possible level of disaggregation of information regarding economic

1
Original recebido em 6/1/2020 e aprovado em 20/5/2020.
2
Economista, doutora em Ciências Econômicas. E-mail: jacke.favro@gmail.com
3
Engenheiro-agrônomo, doutor em Economia Aplicada, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas da Universidade
Estadual de Maringá. E-mail: afalves@uem.br

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activities. This detailed classification may contribute to the elaboration of other future studies,
facilitating the collection of data on the subject, as well as contributing to the public policy makers
having a better knowledge about the segments of the manufacturing industry that make up the
agroindustry.
Keywords: classification, Cnae 2.0, subclass.

Introdução integração do meio rural com a economia de


mercado, emerge a necessidade de se conhe-
De acordo com Silva & Prezotto (2007), cer detalhadamente os segmentos da indústria
compreende-se como agroindústria toda ativida- de transformação. Belik (1992), Campos (2005,
de de beneficiamento e/ou transformação de ma- 2008), Bolliger (2006) e Barros et al. (2014)
térias-primas provenientes de produtos agrícolas, analisam a agroindústria e os segmentos que a
pecuários, pesqueiros, aquícolas, extrativistas e compõem, mas são escassas as pesquisas sobre
florestais envolvendo desde os processos mais o segmento.
simples, como secagem, classificação, limpeza e
embalagem, até os mais complexos que abran- Esta discussão baseia-se na delimitação
gem operações físicas, químicas ou biológicas, da agroindústria, ou seja, o segmento do agro-
como a extração de óleos, a caramelização e a negócio que inclui centros de processamento,
fermentação, incluindo também o artesanato no abatedouros industriais e packing houses4, entre
meio rural. outros. Em termos gerais, o objetivo deste estudo
é fazer um levantamento do conceito de agroin-
Além de ser considerada importante fonte dústria com base na Cnae 2.0 – Classificação
de geração de emprego e renda para as popula- Nacional de Atividade Econômica –, em virtude
ções rural e urbana, outro aspecto importante da de essa classificação melhor retratar a atual es-
agroindústria está no aumento da produção e do trutura produtiva do País.
consumo de seus produtos em virtude tanto do
crescimento mundial da demanda por alimentos
e por produtos agrícolas quanto pelo uso crescen- Definição de agroindústria
te de produtos agrícolas, particularmente grãos
A origem da caracterização das relações
e culturas oleaginosas como matéria-prima para
intersetoriais da agricultura com os demais setores
bioenergia. Esses fatores representam incentivos
da economia resulta da contribuição formal de
para maior atenção às agroindústrias de países em
John Davis e Ray Goldberg. O termo agribusiness
desenvolvimento nos contextos de crescimento
(agronegócio) foi cunhado por eles em 1955 e
econômico, segurança alimentar e estratégias de
denota as atividades comerciais coletivas, da
combate à pobreza, em virtude de a agricultura e
fazenda à mesa do consumidor, realizadas por
o agronegócio serem os pilares de muitas econo-
fornecedores de insumos agrícolas, produtores,
mias (Shepherd et al., 2009; Unido, 2009).
agroprocessadores, distribuidores, comerciantes,
No Brasil, em 2016, foi de 20% a partici- exportadores, varejistas e consumidores (Campos,
pação do agronegócio no Produto Interno Bruto 2005; Konig et al., 2013; Feix & Leusin Júnior,
(PIB) (Cepea, 2018). O segmento da agroindústria 2016).
respondeu por 5,9% do PIB (Embrapa, 2018).
De acordo com Porsse (2003), a agrope-
Em virtude da relevância da agroindústria cuária é visualizada como o núcleo desse sistema
para a economia brasileira como mecanismo de também denominado de complexo agroindus-

4
Estrutura de classificação próxima das roças onde a colheita de vários produtores é descarregada; nela, os produtos são separados e
classificados para formarem cargas maiores para serem levadas aos grandes centros consumidores (Albino et al., 2004).

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trial (CAI). Tal núcleo é interligado com setores Lauschner (1995, citado por Parré, 2000,
a montante, responsáveis pelo fornecimento de p.42) define a agroindústria de duas formas: em
insumos, máquinas e implementos para a produ- sentido amplo, que é “a unidade produtiva que
ção agropecuária, e a jusante, responsáveis pelo transforma o produto agropecuário natural ou
processamento e transformação da produção manufaturado para a sua utilização intermediária
agropecuária e pela distribuição das produções ou final”; e em sentido restrito, como
agropecuária e agroindustrial, além de outros
serviços associados ao agronegócio. [...] a unidade produtiva que transforma para
a utilização intermediária ou final o produto
A agroindústria, juntamente com o setor agropecuário e seus subprodutos não manu-
de distribuição da produção para o consumidor faturados, com aquisição direta do produtor
final, constitui o denominado agregado III ou a rural de um mínimo de 25% do valor total dos
jusante do agronegócio. A agroindústria é ba- insumos utilizados.
sicamente o setor que transforma ou processa
matérias-primas agropecuárias em produtos De acordo com Parré (2000), a separação
elaborados, adicionando valor ao produto (Parré do conceito de agroindústria em amplo e restri-
et al., 2002). to, feita por Lauschner, ocasiona o mesmo pro-
Vale destacar que o termo agroindústria blema identificado por Hoffmann et al. (1985).
tem sido definido de diversas maneiras, ou seja, Para esses autores, o conceito de agroindústria
compreendendo diferentes ramos industriais, o em sentido restrito sofre a influência dos preços
que acaba por gerar muitos graus de abrangên- relativos, podendo, assim, não mostrar a real im-
cia para o conceito. portância da matéria-prima dentro do processo
produtivo.
Muller (1981, citado por Oliveira, 2016,
p.23) O termo agroindústria também é empre-
gado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
define agroindústria, em sentido amplo, como Estatística (IBGE) para designar, de dois modos,
unidade industrial de beneficiamento e/ou um conjunto de indústrias que figuram tanto a
transformação de produtos de origem agrícola. jusante quanto a montante da agricultura: o con-
No contexto da moderna agricultura, insere-se
ceito restrito, que considera apenas as indústrias
nos chamados ‘complexos agroindustriais’,
sendo definida também, como ‘indústria pro-
que transformam pela primeira vez os produtos
cessadora de matérias-primas agrícolas’, ou oriundos da agropecuária ou que destinam sua
simplesmente, ‘indústria da agricultura’. Trata- produção diretamente para a agropecuária;
se, pois, de estabelecimento industrial – de e o conceito amplo, que realiza uma segunda
pequeno, médio ou grande porte – cuja ma- transformação – por exemplo, calçado de couro
térias-primas advém de origem agropecuária. e madeira desdobrada em casa pré-fabricada
(Pesquisa industrial, 2001).
Hoffmann et al. (1985, citados por Parré,
2000) também consideram agroindústria o es- Com relação aos padrões internacionais
tabelecimento comercial que usa matéria-prima de classificação do conceito de agroindústria, o
de origem agrícola. Entretanto, identificam um sistema de Classificação Industrial Internacional
problema quanto ao grau de beneficiamento Padrão das Nações Unidas de todas as ativida-
dessa matéria-prima: se será considerada agroin- des econômicas (Citi) engloba as indústrias de
dústria apenas aquela que efetua a primeira alimentos, bebidas, tabaco, têxteis, vestuário
transformação da matéria-prima ou se incluirá e indústrias de couro, produtos de madeira e
também aquela que, utilizando a matéria-prima madeira, incluindo móveis, impressão e publi-
já preparada, efetua a sua transformação em cação de papel, papel e produtos de borracha
algum produto acabado ou semiacabado. (Marsden & Garzia, 1998).

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Portanto, todos os trabalhos acima citados as indústrias não alimentares. A maioria das téc-
consideram os produtos agropecuários como nicas de preservação é basicamente semelhante
matéria-prima para a agroindústria. Porém, existe em toda uma gama de produtos alimentares
divergência na classificação em termos do grau perecíveis, sejam frutas, vegetais, leite, carnes ou
de processamento desses produtos. peixe. De fato, o processamento dos produtos
Esse grau de processamento industrial en- alimentares mais perecíveis é, em grande medi-
volve transformação e preservação por meio de da, feito para fins de preservação.
alterações físicas ou químicas, armazenamento,
embalagem e distribuição. A natureza do proces- A Tabela 1 mostra as categorias da agroin-
samento e o grau de transformação nesse tipo de dústria por nível de transformação de matérias-
indústria são diversificados e podem variar des- -primas e exemplos de produtos em cada nível
de a preservação simples (como a execução de de processamento. Para Austin (1992), as agroin-
secagem) e operações estritamente relacionadas dústrias podem ser categorizadas na medida em
à colheita até a preservações complexas, como que a matéria-prima é transformada, podendo ser
têxteis, celulose e papel (Austin, 1992; Marsden classificada em quatro níveis de processamento.
& Garzia, 1998). Em geral, investimento de capital, complexidade
As indústrias alimentares são muito mais tecnológica e requisitos gerenciais aumentam à
homogêneas e mais fáceis de classificar do que medida que o grau de transformação aumenta.

Tabela 1. Categorias da agroindústria por nível de transformação de matérias-primas.

Nível I Nível II Nível III Nível IV


Atividades de processamento selecionadas
Cozimento
Pasteurização
Descaroçamento Conserva
Limpeza
Moagem Desidratação Alterações químicas
Classificação
Corte Congelamento Texturização
Armazenamento
Mistura Tecelagem
Extração
Montagem
Exemplo de produtos
Grãos de cereais Laticínios
Carnes Frutas e vegetais enlatados
Especiarias ou congelados

Frutas frescas Alimentos para animais Carnes cozidas Alimentos instantâneos


Vegetais frescos Juta Têxteis e vestuário Produtos vegetais texturizados
Ovos Algodão Óleos vegetais refinados Pneus
Madeira serrada Mobília

Borracha Açúcar

Farinha Bebidas

Fonte: Austin (1992).

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Essa classificação mostra que os segmen- maioneses e margarinas, os produtos energéticos
tos que compõem a agroindústria são compostos e proteicos, como os achocolatados, as farinhas
por produtos com diferentes graus de desenvolvi- industriais vitaminadas ou enriquecidas quimica-
mento tecnológico. Para Cunha (1997), algumas mente e os refrigerantes (Cunha, 1997).
características importantes desses padrões de
Em suma, o enquadramento de produtos
transformação agroindustrial estão relacionadas
agroindustriais em uma trajetória tecnológica es-
na descrição de três agregações agroindustriais
pecífica está relacionado aos interesses tecnoló-
na perspectiva tecnológica, denominadas tra-
jetórias preservacionista, conservacionista e gicos agroindustriais em relação à matéria-prima.
substitucionista. Portanto, pode-se concluir que a agroindústria
é entendida como um componente do setor
A preservacionista abrange os produtos de manufatura em que o valor é adicionado
agroindustriais obtidos de processos que não às matérias-primas agropecuárias por meio de
alteram expressivamente as propriedades da ma- operações de processamento e manuseio com
téria-prima, mas transformam o produto natural o objetivo de preparar produtos agrícolas em di-
em agroindustrial por meio de seleção, lavagem, ferentes níveis de transformação para consumos
amadurecimento (climatização) e embalagem. intermediário ou final.
Esse é o caso típico de frutas, hortaliças, grãos
para consumo alimentar, ovos, mel, carne in
natura e leite in natura (Cunha, 1997). Evidências empíricas
A trajetória conservacionista consiste em Considerando a definição de agroindústria
um processo que visa conservar algumas carac- como a indústria processadora de produtos
terísticas da matéria-prima original, mas altera
agropecuários, é importante delimitar todos os
uma ou mais propriedades, para ocasionar o sur-
seus segmentos. Nos estudos empíricos sobre o
gimento de novos produtos. Os produtos agroin-
assunto, a classificação de agroindústria não res-
dustriais em que o grau de descaracterização das
ponde a uma mesma sinergia, pois a delimitação
propriedades originais é mais intenso são aqueles
dessa atividade industrial constitui um problema
em que a associação do produto final com sua
metodológico quando se examina o agronegócio
matéria-prima principal é menos imediata. Isso
de forma sistêmica. Dependendo dos objetivos
ocorre nos processos de transformação de proces-
sos químicos ou pela adição de outros insumos, dos estudos que buscam estimar o tamanho da
sem, no entanto, perder um vínculo fundamental agroindústria, diversas metodologias são adota-
com sua matéria-prima original. São exemplos, das, que levam a resultados também diferentes e
os produtos derivados e processados de carnes, “ambíguos” (Moretto et al., 2002).
café aromatizado e solúvel, biscoitos, massas e Muitos estudos nacionais e internacionais
pães industriais, comidas preparadas pré-cozidas foram feitos nas décadas de 1980 e 1990 (e tam-
e congeladas, bebidas lácteas, leite em pó e con- bém na de 2000) com o objetivo de apresentar
densado, chocolate em pó, bebidas fermentadas uma análise sobre a agroindústria. Todavia, o
e aguardentes (Cunha, 1997). aprofundamento da integração agricultura-in-
A trajetória substitucionista consiste em dústria tornou cada vez mais difícil separar e
processos de transformação em que o produto analisar cada compartimento isolado do com-
final não guarda semelhanças aparentes com a plexo agroindustrial. Na verdade, as segmenta-
matéria-prima original. São produtos obtidos de ções metodológicas que trabalham com cortes
processos físicos e químicos como destilação, horizontais ou verticais podem ser vistas apenas
refino, quebra química e recomposição, texturi- como indicativas, já que o movimento do capital
zação e recombinação molecular. São exemplos perpassa, ao mesmo tempo, diferentes atividades
o álcool, os óleos comestíveis e derivados como desse complexo (Belik et al., 2000).

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Desses estudos, alguns apresentam a de- Dessa forma, a presente proposta de de-
limitação de agroindústria. Tais pesquisas usam limitação da agroindústria também abrange as
diferentes bases de dados e metodologias: Belik outras fases além do primeiro beneficiamento,
(1992), FAO (1997), Bolliger (2006), Informe que são indissociáveis do moderno processo de
Setorial da Área Industrial (2007, 2012), Campos transformação de produtos agropecuários.
(2008), Gonçalves (2008), Barros et al. (2014), Assim, fez-se uma pesquisa detalhada
Feix & Leusin Júnior (2016), Informe Setorial da em todos os segmentos que estão inseridos na
Área de Agropecuária e de Inclusão Social (2015) indústria de transformação para classificar quais
e Cepea (2017). deles seriam considerados agroindústria. Foram
A Tabela 2 foi construída com base nos consideradas as atividades industriais relacio-
trabalhos mencionados e dá uma visão resumida nadas à agricultura e à pecuária, além daquelas
da diversidade na classificação dos setores que ligadas à silvicultura, à exploração florestal e
compõem a agroindústria. O ponto comum des- à pesca e aquicultura, levando em conside-
ses trabalhos é que eles consideram a indústria ração a Classificação Nacional de Atividades
de alimentos5, bebidas e tabaco nos conceitos Econômicas (Cnae), do IBGE. Essa classificação
de agroindústria. A inserção dos demais setores busca a padronização do código de identificação
depende dos objetivos, da base de dados e da econômica das unidades produtivas do País nos
metodologia empregada no estudo. A confecção cadastros e registros da administração pública
nas três esferas de governo – municipal, estadual
de artigos do vestuário e acessórios é incluída
e federal (Brasil, 2006).
na classificação dos estudos da FAO (1997),
Gonçalves (2008), Barros et al. (2014) e Cepea O critério mais usual de classificação eco-
(2017); a fabricação de móveis é inserida no con- nômica permite o ordenamento das unidades
ceito de Gonçalves (2008), Feix & Leusin Júnior produtivas segundo a principal atividade eco-
(2016) e Cepea (2017); a de produtos químicos, nômica desenvolvida. A atividade econômica
especificamente a produção de borracha, é con- é entendida como a combinação dos recursos
siderada agroindústria para os estudos de Belik – mão de obra, capital, matérias-primas e servi-
(1992) e da FAO (1997); e o comércio atacadista ços –, associada a um processo produtivo, que
é incluso como agroindústria nos trabalhos de permite a produção de bens ou serviços. Nesse
Campos (2008) e Feix & Leusin Júnior (2016). contexto, a Cnae contempla a totalidade das ati-
vidades exercidas pelas unidades produtivas no
País, com base em características do processo
Classificação utilizada para produtivo (Brasil, 2006).
a delimitação do conceito A implementação da Cnae no âmbito da
de agroindústria administração pública no Brasil foi iniciada em
1995 nos órgãos federais e, a partir de 1998, isso
Segundo Kageyama & Silva (l998), para foi ampliado para órgãos estaduais e municipais.
efeito prático, torna-se muito difícil trabalhar A tabela original dos códigos e denominações
com a transformação agroindustrial correspon- das subclasses Cnae-Fiscal, com 1.094 posições,
dente ao primeiro processamento apenas, pois foi oficializada pela resolução IBGE/Concla nº 1,
boa parte da agroindústria processadora é oli- de 25/6/1998 (IBGE, 1998). Os sistemas de infor-
gopolizada e o grau de integração para frente e mação que dão suporte às decisões e ações do
para trás assume uma característica importante Estado ganharam em qualidade e em efetividade
na formatação do segmento. de articulação com o uso de uma classificação

5
Feix & Leusin Júnior (2016) e Cepea (2017) não consideram no conceito de agroindústria a classe 10.66-0, que compreende a fabricação
de alimentos para animais.

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Tabela 2. Classificação setorial da agroindústria dos trabalhos selecionados.

Informe
Setorial da Feix &
Belik FAO Bolliger Gonçalves Campos Santos Barros et al. Área de Leusin Cepea
Setor
(1992) (1997) (2006) (2008) (2008) (2013) (2014) Agropecuária Júnior (2017)
e de Inclusão (2016)
Social (2015) (2)
Setor agropecuário         X   X    
(1)
Fabricação de alimentos X X X X X X X X X X(1)
Fabricação de bebidas X X X X X X X X X X
Fabricação de
X X X X X X X X X X
produtos do fumo
Fabricação de
X(1) X(1) X(1) X(1) X(1)   X(1)   X(1) X(1)
produtos têxteis
Confecção de artigos do
X(1)    X     X(1)     X(1)
vestuário e acessórios
Preparação de couros e
fabricação de artefatos X(1) X(1) X(1) X(1) X(1) X(1)   X(1) X(1)
de couro
Fabricação de produtos
X(1) X(1) X(1) X(1) X(1) X(1) X(1)   X X
de madeira

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Fabricação de celulose,
papel e produtos X(1) X(1) X(1) X(1) X(1)   X(1)   X X
de papel
Fabricação de coque,
de produtos derivados
    X(1) X(1) X(1) X(1) X(1)   X(1) X(1)
do petróleo e de
biocombustíveis
Fabricação de móveis X(1)    X(1)     X(1)   X(1) X(1)
Fabricação de
X(1) X(1)                
produtos químicos
Comércio atacadista         X       X(1)  
(1)
A definição do autor considera apenas uma parte do segmento da indústria de transformação em questão. (2) Inclui 2007, 2009 e 2012.

25
de atividades econômicas estruturada com rigor Tabela 3. Mudanças da classificação da Cnae 1.0
metodológico, comum às três esferas de governo para a Cnae 2.0.
e aplicada segundo regras e procedimentos uni-
formes. Ampliou-se, ainda, a comparabilidade Número de categorias
Nível
com as estatísticas econômicas produzidas no Cnae 1.0 Cnae 2.0 Acréscimos
País e no plano internacional (IBGE, 2007). Seções 17 21 4

Em 2001, a versão original foi revisada Divisões 59 87 28


e substituída pela versão Cnae-Fiscal 1.0, que Grupos 223 285 62
corrigiu algumas denominações e acrescentou Classes 581 673 92
novas subclasses, passando a um total de 1.146 Subclasses 1.183 1.301 118
subclasses. Em 2002, a atualização da Cnae- Fonte: IBGE (2007).
Fiscal 1.1, que vigorou a partir de abril de 2003,
esteve sincronizada com a Cnae 1.0 (IBGE, cional de atividades econômicas mais recentes,
2007). Em 2004, iniciou-se o processo de revi- adotada pelas Nações Unidas, neste estudo de
são da Cnae 1.0 e da Cnae-Fiscal 1.1, de 2002. delimitação da agroindústria usa-se essa versão
O resultado desse trabalho, que se estendeu até como base. Outro ponto a ser destacado é o
2006, reflete-se na estrutura da Cnae 2.0 (IBGE, nível de desagregação. Para este estudo, usam-se
2006). A versão 2.0 teve por objetivo dotar o País as informações referentes às subclasses.
de uma classificação de atividades econômicas
Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA)
atualizada com as modificações da estrutura e (Pesquisa Industrial, 2001), pode-se tomar como
composição da economia brasileira e sincroniza- regra geral que a delimitação das agregações
da com as alterações introduzidas na versão 4 da de segmentos industriais com características
Clasificación Industrial Internacional Uniforme comuns deve ser feita nos níveis mais detalhados
de todas las Actividades Económicas – CIIU/ISIC das classificações, pois, nesses níveis, os graus
(IBGE, 2007). de arbitrariedade nas seleções são os menores
Nessa versão, procurou-se manter o prin- possíveis. Na Cnae, o menor nível possível de
cípio de similaridade na produção e equilibrar desagregação é a subclasse de atividade, que
o compromisso com a harmonização internacio- constitui o quinto nível da classificação e é utili-
nal, a demanda por parte dos usuários, frequen- zado para a codificação dos agentes produtivos
temente por maior desagregação das atividades, em diversos cadastros administrativos, sobretudo
e os critérios de relevância, continuidade e tributários.
comparabilidade (IBGE, 2007). Portanto, foi com base na análise do uni-
A Tabela 3 sintetiza a evolução do número verso das subclasses de atividades da Cnae (ver-
de categorias nos vários níveis da Cnae. Verifica- são 2.0) referente à indústria de transformação
-se que a Cnae 2.0 exibe maior abrangência que se procedeu à seleção dos segmentos que
de setores em todos os níveis hierárquicos em fazem parte da agroindústria.
relação à Cnae 1.0. A diferença significativa em
termos de classificação da atividade produtiva
entre as Cnae 1.0 e 2.0 inviabiliza uma análise
Delimitação do conceito
comparativa no tempo entre as duas classifica- de agroindústria no Brasil
ções, por problemas de compatibilidade. com base na Cnae 2.0
Em virtude de a versão da Cnae 2.0 Com base na literatura revisada, apresen-
apresentar maior detalhamento da estrutura tam-se duas classificações da agroindústria para
produtiva da economia, ser a mais atualizada e a economia brasileira: uma considera o sentido
estar sincronizada com a classificação interna- amplo; outra, o sentido restrito. A principal dife-

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rença entre as duas é que a versão restrita con- conforme apresentado pela FAO (1997) consiste
templa as indústrias que se ocupam da primeira na inclusão do segmento de borracha. Em razão
e da segunda transformações da matéria-prima de dificuldades metodológicas e de representativi-
agropecuária, ou seja, esse critério exclui os itens dade das informações, produtos cuja matéria-pri-
consumidos no varejo depois de outras etapas ma é a borracha natural6 não foram considerados
da indústria, que, por vezes, usa componentes nessa classificação, em virtude de não ser possível
não derivados da agropecuária, como tintas, o desmembramento do segmento nas subclasses
plásticos e couro sintético (Santos, 2013). Já o da Cnae 2.0, pois a subclasse 2033-9, em que o
conceito amplo abrange as atividades industriais produto está inserido, compreende também ou-
que realizam também transformações adicionais tros produtos que são oriundos da borracha sin-
na matéria-prima (Tabela 4). tética7. Com isso, produtos derivados de borracha
Como resultado final da classificação de natural não serão considerados na delimitação de
sentido amplo, obtiveram-se 100 subclasses, agroindústria para a economia brasileira.
inseridas nas seguintes divisões: fabricação de Outra divergência é a inclusão da sub-
alimentos, bebidas e fumo, fabricação de pro- classe 1066-0/00, que consiste na fabricação
dutos têxteis, confecção de artigos do vestuário de alimentos para animais. Na classificação do
e acessórios, preparação de couros e fabricação
Cepea (2017) e em Feix & Leusin Júnior (2016),
de artefatos de couro, fabricação de produtos de
essa subclasse não é considerada no conceito
madeira, fabricação de celulose, papel e produ-
de agroindústria. Entretanto, na classificação
tos de papel, fabricação de coque, de produtos
proposta neste estudo essa subclasse foi consi-
derivados do petróleo e de biocombustíveis e
derada conforme Bolliger (2006), por causa da
fabricação de móveis.
importância dos insumos da produção agrope-
Foram consideradas na classificação do cuária na composição das rações.
sentido restrito 80 atividades industriais. Foram
excluídas do conceito amplo as atividades indus-
triais da indústria de transformação que processam Considerações finais
produtos derivados da agricultura conforme se-
gue: 1) no grupo Têxteis, foi excluída a fabricação Este estudo propôs fazer um levantamento
de roupas e componentes; 2) no grupo Couros e do conceito de agroindústria e exibir uma deli-
calçados, foi excluída a fabricação de calçados e mitação com base nas subclasses da Cnae 2.0.
artefatos de couro; 3) no grupo Papel e celulose, Com base em estudos nacionais e internacionais,
foi excluída a produção de material de consumo realizou-se a classificação dos segmentos que
final e a parte gráfica; e 4) no grupo Produtos de compõem a agroindústria.
madeira, foi excluída a fabricação artefatos de Chegou-se à conclusão da necessidade
madeira. de duas classificações de agroindústria para a
Dessa forma, tem-se uma visão detalhada economia brasileira: uma em sentido amplo,
das atividades industriais que compõem esse que considera até o terceiro grau de benefi-
segmento, tendo como base trabalhos nacionais e ciamento; e outra classificação, um conceito
internacionais. A divergência entre essa delimita- restrito, que considera as atividades industriais
ção da agroindústria em sentido amplo e a classi- de origem agropecuária até o segundo grau de
ficação internacional do conceito de agroindústria beneficiamento.

6
A borracha natural é obtida das partículas contidas no látex, fluído citoplasmático extraído continuamente dos vasos laticíferos da casca
das árvores, por meio de cortes sucessivos de finas fatias de casca, processo denominado sangria (IAC, 2018).
7
A borracha sintética obtida do petróleo possui quase a mesma composição química da borracha natural; suas propriedades físicas são
viáveis para alguns manufaturados, mas são inferiores para luvas cirúrgicas, preservativos, pneus de automóveis, caminhões, aviões e
revestimentos diversos (IAC, 2018).

Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020 27


Tabela 4. Classificação da agroindústria com base nas subclasses da Cnae 2.0.

Divisão Grupo Classe Nome da classe Subclasse Sub. nome Amplo Restrito
Fabricação de produtos alimentícios
Frigorífico - abate de
1011-2/01 X X
bovinos
Frigorífico - abate de
1011-2/02 X X
equinos
Frigorífico - abate de
Abate de reses, 1011-2/03 X X
1011-2 ovinos e caprinos
exceto suínos
Frigorífico - abate de
1011-2/04 X X
bufalinos
Matadouro - abate de
1011-2/05 reses sob contrato - X X
exceto abate de suínos
101
1012-1/01 Abate de aves X X
Abate de pequenos
Abate de suínos, 1012-1/02 X X
animais
aves e outros
1012-1 Frigorífico - abate de
pequenos 1012-1/03 X X
animais suínos
Matadouro - abate de
1012-1/04 X X
suínos sob contrato
Fabricação de produtos
Fabricação de 1013-9/01 X X
de carne
1013-9 produtos de
10 carne Preparação de
1013-9/02 X X
subprodutos do abate
Preservação Preservação de peixes,
1020-1/01 X X
do pescado e crustáceos e moluscos
102 1020-1 fabricação de Fabricação de
produtos do 1020-1/02 conservas de peixes, X X
pescado crustáceos e moluscos
Fabricação de
Fabricação de
1031-7 conservas de 1031-7/00 X X
conservas de frutas
frutas
Fabricação de
1032-5/01 X X
Fabricação de conservas de palmito
conservas de Fabricação de
1032-5
legumes e outros conservas de legumes
vegetais 1032-5/99 X X
e outros vegetais,
103
exceto palmito
Fabricação de sucos
1033-3/01 concentrados de frutas, X X
Fabricação de hortaliças e legumes
sucos de frutas,
1033-3 Fabricação de sucos
hortaliças e
legumes de frutas, hortaliças
1033-3/02 X X
e legumes, exceto
concentrados
Continua...

28 Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020


Tabela 4. Continuação.
Divisão Grupo Classe Nome da classe Subclasse Sub. nome Amplo Restrito
Fabricação de
Fabricação de óleos
óleos vegetais
1041-4 1041-4/00 vegetais em bruto, X X
em bruto, exceto
exceto óleo de milho
óleo de milho
Fabricação de
Fabricação de óleos
óleos vegetais
1042-2 1042-2/00 vegetais refinados, X X
refinados, exceto
exceto óleo de milho
104 óleo de milho
Fabricação de
margarina e Fabricação de
outras gorduras margarina e outras
1043-1 vegetais e 1043-1/00 gorduras vegetais e de X X
de óleos não óleos não comestíveis
comestíveis de de animais
animais
Preparação do
1051-1 1051-1/00 Preparação do leite X X
leite
Fabricação de
1052-0 1052-0/00 Fabricação de laticínios X X
laticínios
105
Fabricação
Fabricação de sorvetes
de sorvetes e
1053-8 1053-8/00 e outros gelados X X
outros gelados
comestíveis
comestíveis
10 Beneficiamento de
Beneficiamento 1061-9/01 X X
arroz
de arroz e
1061-9 fabricação de
produtos de Fabricação de
1061-9/02 X X
arroz produtos de arroz

Moagem de trigo
Moagem de trigo e
1062-7 e fabricação de 1062-7/00 X X
fabricação de derivados
derivados
Fabricação
Fabricação de farinha
de farinha de
1063-5 1063-5/00 de mandioca e X X
mandioca e
106 derivados
derivados
Fabricação de
farinha de milho Fabricação de farinha
1064-3 e derivados, 1064-3/00 de milho e derivados, X X
exceto óleos de exceto óleos de milho
milho
Fabricação de amidos e
1065-1/01 X X
Fabricação de féculas de vegetais
amidos e féculas Fabricação de óleo de
1065-1 1065-1/02 X X
de vegetais e de milho em bruto
óleos de milho Fabricação de óleo de
1065-1/03 X X
milho refinado
Continua...

Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020 29


Tabela 4. Continuação.
Divisão Grupo Classe Nome da classe Subclasse Sub. nome Amplo Restrito
Fabricação de
Fabricação de
1066-0 alimentos para 1066-0/00 X
alimentos para animais
animais
Moagem e
106 fabricação Moagem e fabricação
de produtos de produtos de
1069-4 de origem 1069-4/00 origem vegetal X X
vegetal não não especificados
especificados anteriormente
anteriormente
Fabricação de Fabricação de açúcar
1071-6 1071-6/00 X X
açúcar em bruto em bruto
Fabricação de açúcar
1072-4/01 X X
107 de cana refinado
Fabricação de
1072-4 Fabricação de açúcar
açúcar refinado
1072-4/02 de cereais (dextrose) e X X
de beterraba
1081-3/01 Beneficiamento de café X X
Torrefação e
1081-3 Torrefação e moagem
moagem de café 1081-3/02 X X
de café
108
Fabricação de
Fabricação de produtos
1082-1 produtos à base 1082-1/00 X X
à base de café
de café
10
Fabricação de
Fabricação de produtos
1091-1 produtos de 1091-1/00 X X
de panificação
panificação
Fabricação
Fabricação de biscoitos
1092-9 de biscoitos e 1092-9/00 X X
e bolachas
bolachas

Fabricação Fabricação de produtos


de produtos 1093-7/01 derivados do cacau e X X
derivados do de chocolates
1093-7
cacau, de Fabricação de frutas
chocolates e 1093-7/02 cristalizadas, balas e X X
109 confeitos semelhantes
Fabricação
Fabricação de massas
1094-5 de massas 1094-5/00 X X
alimentícias
alimentícias
Fabricação de
Fabricação de
especiarias,
especiarias,
1095-3 molhos, 1095-3/00 X X
molhos, temperos e
temperos e
condimentos
condimentos
Fabricação de Fabricação de
1096-1 alimentos e 1096-1/00 alimentos e pratos X X
pratos prontos prontos
Continua...

30 Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020


Tabela 4. Continuação.
Divisão Grupo Classe Nome da classe Subclasse Sub. nome Amplo Restrito
1099-6/01 Fabricação de vinagres X X
Fabricação Fabricação de pós
1099-6/02 X X
de produtos alimentícios
1099-6 alimentícios não Fabricação de
especificados 1099-6/03 X X
fermentos e leveduras
anteriormente
Fabricação de gelo
1099-6/04 X X
comum
Fabricação de produtos
10 109 1099-6/05 para infusão (chá, mate, X X
etc.)
Fabricação
Fabricação de
de produtos
1099-6/06 adoçantes naturais e X X
1099-6 alimentícios não
artificiais
especificados
anteriormente Fabricação de outros
produtos alimentícios
1099-6/99 X X
não especificados
anteriormente
Fabricação de bebidas
Fabricação de
Fabricação de 1111-9/01 aguardente de cana-de- X X
aguardentes e açúcar
1111-9
outras bebidas Fabricação de outras
destiladas  1111-9/02 aguardentes e bebidas X X
destiladas
111
Fabricação de
1112-7 1112-7/00 Fabricação de vinho X X
vinho
Fabricação de malte,
Fabricação de 1113-5/01 X X
inclusive malte uísque
1113-5 malte, cervejas e
chopes Fabricação de cervejas
1113-5/02 X X
e chopes
Fabricação
Fabricação de águas
11 1121-6 de águas 1121-6/00 X X
envasadas
envasadas
Fabricação de
1122-4/01 X X
refrigerantes
Fabricação de chá-mate
1122-4/02 e outros chás prontos X X
Fabricação de para consumo
112
refrigerantes Fabricação de refrescos,
1122-4 e de outras xaropes e pós para
bebidas não 1122-4/03 X X
refrescos, exceto
alcoólicas refrescos de frutas
Fabricação de outras
bebidas não alcoólicas
1122-4/99 X X
não especificadas
anteriormente
Continua...

Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020 31


Tabela 4. Continuação.
Divisão Grupo Classe Nome da classe Subclasse Sub. nome Amplo Restrito
Fabricação de produtos do fumo
Processamento
Processamento
121 1210-7 industrial do 1210-7/00 X X
industrial do fumo
fumo
1220-4/01 Fabricação de cigarros X X
Fabricação de cigarrilhas
1220-4/02 X X
e charutos
12
Fabricação de Fabricação de filtros
122 1220-4 produtos do 1220-4/03 X X
para cigarros
fumo
Fabricação de outros
produtos do fumo,
1220-4/99 X X
exceto cigarros,
cigarrilhas e charutos
Fabricação de produtos têxteis
Preparação e
Preparação e fiação de
1311-1 fiação de fibras 1311-1/00 X X
fibras de algodão
de algodão
131 Preparação e
Preparação e fiação de
fiação de fibras
1312-0 1312-0/00 fibras têxteis naturais, X X
têxteis naturais,
exceto algodão
13 exceto algodão
Tecelagem de Tecelagem de fios de
1321-9 1321-9/00 X X
fios de algodão algodão

132 Tecelagem de
Tecelagem de fios de
fios de fibras
1322-7 1322-7/00 fibras têxteis naturais, X X
têxteis naturais,
exceto algodão
exceto algodão
Confecção de artigos do vestuário e acessórios
Confecção
Confecção, sob medida,
de peças de
1412-6 1412-6/02 de peças do vestuário, X
vestuário, exceto
exceto roupas íntimas
roupas íntimas
14 141 Fabricação de
Fabricação de
acessórios do
acessórios do vestuário,
1414-2 vestuário, exceto 1414-2/00 X
exceto para segurança e
para segurança
proteção
e proteção
Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro
Artigos para
Curtimento e outras
151 1510-6 viagem e 1510-6/00 X X
preparações de couro
calçados

15 Fabricação
Fabricação de
de artefatos
artefatos de couro
152 1529-7 de couro não 1529-7/00 X
não especificados
especificados
anteriormente
anteriormente
Continua...

32 Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020


Tabela 4. Continuação.
Divisão Grupo Classe Nome da classe Subclasse Sub. nome Amplo Restrito
Fabricação de
Fabricação de calçados
15 153 1531-9 calçados de 1531-9/01 X
de couro
couro
Fabricação de produtos de madeira
Serrarias com
1610-2/01 desdobramento de X X
Desdobramento madeira
161 1610-2
de madeira Serrarias sem
1610-2/02 desdobramento de X X
madeira
Fabricação
de madeira
laminada e Fabricação de madeira
de chapas laminada e de chapas de
1621-8 1621-8/00 X
de madeira madeira compensada,
compensada, prensada e aglomerada
prensada e
aglomerada
Fabricação de casas de
1622-6/01 X
madeira pré-fabricadas
Fabricação Fabricação de
de estruturas esquadrias de madeira
de madeira e 1622-6/02 e de peças de madeira X
16 1622-6
de artigos de para instalações
carpintaria para industriais e comerciais
construção Fabricação de outros
162
1622-6/99 artigos de carpintaria X
para construção
Fabricação de
artefatos de Fabricação de artefatos
1623-4 tanoaria e de 1623-4/00 de tanoaria e de X
embalagens de embalagens de madeira
madeira
Fabricação Fabricação de artefatos
de artefatos diversos de cortiça,
de madeira, bambu, palha, vime
1629-3/02 X
palha, cortiça, e outros materiais
1629-3 vime e material trançados, exceto
trançado não móveis
especificados Fabricação de artefatos
anteriormente, 1629-3/01 diversos de madeira, X
exceto móveis exceto móveis
Fabricaçõ de celulose, papel e produtos de papel
Fabricação de
celulose e outras Fabricação de celulose
17 171 1710-9 pastas para a 1710-9/00 e outras pastas para a X X
fabricação de fabricação de papel
papel
Continua...

Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020 33


Tabela 4. Continuação.
Divisão Grupo Classe Nome da classe Subclasse Sub. nome Amplo Restrito
Fabricação de
1721-4 1721-4/00 Fabricação de papel X X
papel
172 Fabricação de
Fabricação de cartolina
1722-2 cartolina e papel- 1722-2/00 X X
e papel-cartão
cartão
Fabricação de
Fabricação de
1731-1 embalagens de 1731-1/00 X
embalagens de papel
papel
Fabricação de
Fabricação de
embalagens de
1732-0 1732-0/00 embalagens de cartolina X
cartolina e papel-
173 e papel-cartão
cartão
Fabricação de
chapas e de Fabricação de chapas
1733-8 embalagens 1733-8/00 e de embalagens de X
17 de papelão papelão ondulado
ondulado
Fabricação de Fabricação de
1741-9/01 X
produtos de formulários contínuos
papel, cartolina, Fabricação de produtos
papel-cartão de papel, cartolina,
174 1741-9
e papelão papel-cartão e papelão
ondulado para 1741-9/02 X
ondulado para uso
uso comercial e industrial, comercial e de
de escritório escritório
Fabricação Fabricação de
de produtos produtos de papel
de papel para para uso doméstico
174 1742-7 1742-7/99 X
usos doméstico e higiênico-sanitário
e higiênico- não especificados
sanitário anteriormente
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis
Fabricação de
1931-4 1931-4/00 Fabricação de álcool X X
álcool
19 193 Fabricação de Fabricação de
1932-2 biocombustíveis, 1932-2/00 biocombustíveis, exceto X X
exceto álcool álcool
Fabricação de móveis
Fabricação de
Fabricação de móveis
móveis com
31 310 3101-2 3101-2/00 com predominância de X
predominância
madeira
de madeira
Fonte: elaborado com dados do IBGE (2018).

34 Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020


Quanto às contribuições da classificação abordagem pela classificação nacional de atividades
do conceito de agroindústria, verifica-se que o econômicas. 2008. 211p. Tese (Doutorado) - Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
detalhamento desse segmento pode contribuir
para que formuladores de políticas públicas CAMPOS, M.J. de O. Uma opção de delimitação da
tenham maior conhecimento dos segmentos agroindústria: as agregações alternativas das categorias
da Classificação Nacional de Atividades Econômicas. In:
da indústria de transformação que compõem a CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 12., 2005,
agroindústria, tanto em nível de produção quan- Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: SBS, 2005.
to de exportação e geração de emprego.
CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia
Com base nessas informações, pode-se Aplicada. Mercado de trabalho do agronegócio
propor políticas específicas para o desenvolvi- brasileiro: aspectos metodológicos. Piracicaba, 2017.
mento da agroindústria, nos níveis nacional e CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia
regional, dada a importância desse segmento Aplicada. PIB AGRO. Disponível em: <https://www.
produtivo para a economia brasileira, pois essa cepea.esalq.usp.br>. Acesso em: 6 jun. 2018.
atividade industrial representa o mecanismo de CUNHA, A.R.A. de A. Uma metodologia de análise do
integração da produção agropecuária com a desenvolvimento agroindustrial. Belo Horizonte: UFMG,
economia de mercado. CEDEPLAR, 1997. (Texto para discussão, n.114).
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Disponível em: <https://www.embrapa.br/agroindustria>.
Referências Acesso em: 22 mar. 2018.

ALBINO, R.A.; MARTINS, R.S.; SHIKIDA, P.F.A. FAO. Organizacion de las Naciones Unidas para la
Viabilidade de Packing houses para a pequena produção Agricultura y la Alimentacion. El estado mundial de
de hortifrútis em Toledo (PR). Desenvolvimento em la agricultura y la alimentación 1997. Roma, 1997.
Questão, v.2, p.161-191, 2004. (Colección FAO. Agricultura, n.30).

AUSTIN, J.E. Agroindustrial project analysis: critical FEIX, R.D.; LEUSIN JÚNIOR, S. Estatísticas e indicadores
design factors. 2nd ed. Baltimore: Economic Development do emprego formal do agronegócio: nota técnica. Porto
Institute of the Word Bank, 1992. (EDI Series in Economic Alegre: FEE, 2016.
Development). GONÇALVES, D.F. Produtividade total dos fatores
BARROS, G.S.A. de C.; SILVA, A.F.; FACHINELLO, da agroindústria na região sul do Brasil. 2008. 95p.
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Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020 35


IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (1970 a 2014): a expansão das indústrias processadoras
Resolução Concla nº 1, de 25 de junho de 1998. Aprova de soja, carnes e couros e seu papel na articulação das
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36 Ano XXIX – No 3 – Jul./Ago./Set. 2020

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