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2.3. uma auditoria à dívida pública refere-se aos compromissos assumidos pelo
sector público (incluindo dívida privada garantida pelo Estado) perante credores
residentes e não-residentes;
2.4 uma auditoria à dívida privada refere-se aos compromissos assumidos pelos
bancos, empresas e famílias e indivíduos residentes perante credores residentes e
não-residentes;
2.5. uma auditoria à dívida externa refere-se aos compromissos assumidos pelo
sector público, pelos bancos, pelas empresas e pelas famílias e pelos indivíduos
residentes em Portugal perante credores não-residentes.
3.1 Uma auditoria externa ou independente é uma avaliação da dívida feita por
elementos exteriores ao Estado português. Embora as auditorias externas sejam,
teoricamente, independentes, isso não se verifica em todos os casos.
3.2. Uma auditoria cidadã é uma verificação coordenada pela sociedade civil.
1. Uma auditoria externa pode ser efectuada por qualquer entidade auditora,
desde que a mesma não pertença à estrutura orgânica do sector público;
2. Uma auditoria externa pode não ser independente. As quatro grandes audi-
toras (Ernst&Young, PricewaterhouseCoopers, KPMG e Deloitte) mantêm, desde
há vários anos, relações contratuais com diversas instituições públicas, re-
gimes de responsabilidade limitada e um oligopólio que previne e diminui os
seus incentivos à prestação de contas perante os cidadãos. Não garantem um
grau adequado de transparência numa auditoria à dívida pública. Nesse senti-
do, são auditoras externas, mas não independentes ou credíveis para o efeito;
3. Uma auditoria cidadã é uma avaliação efectuada por uma comis-
são constituída por membros da sociedade civil. Ou seja, é uma audi-
toria externa, porque a comissão não é estatal, embora possa incluir
titulares de cargos públicos, e é uma auditoria independente, porque
garante, desde logo, um grau adequado de transparência e prestação
de contas aos cidadãos. Contudo, a independência de uma comissão
cidadã deve exigir a colaboração da mesma com instituições públi-
cas específicas, como o Tribunal de Contas, o Instituto de Gestão da
Tesouraria e do Crédito Público e o Banco de Portugal.
6.1. Dívida legítima: Compromissos assumidos pelo sector público nos termos da
lei, em igualdade de circunstâncias entre devedor e credor, e em benefício (subjec-
tivo/objectivo) do interesse geral;
6.2. Dívida ilegítima: Compromissos assumidos pelo sector público nos termos
da lei, mas sem que se verifique a situação de igualdade de circunstâncias entre
devedore e credor, e/ou em prejuízo (subjectivo/objectivo) do interesse geral;
6.3. Dívida ilegal: Compromissos contraídos pelo sector público em violação do
ordenamento jurídico aplicável;
6.4. Dívida odiosa: Compromissos contraídos por regimes autoritários em pre-
juízo claro dos interesses dos seus cidadãos;
6.5. Dívida insustentável: Compromissos assumidos pelo sector público cujo pag-
amento é incompatível com o crescimento e criação de emprego (o volume de en-
cargos com dívida e juros respectivos asfixia as finanças públicas).
7. Quais as consequências?
Se os resultados de uma auditoria cidadã à dívida pública determinarem a existência
de uma das três combinações que leste no ponto anterior, a consequência deve ser a
reestruturação da dívida, imediata ou faseada. É importante enfatizar isto: a dívida
contraída de forma legítima será identificada como tal - por exemplo, certificados de
aforro ou certificados do Tesouro. O objectivo de uma auditoria cidadã é descritivo e
analítico: a comissão de auditores deve proceder a uma análise rigorosa e exaustiva
de todos os compromissos assumidos pelo sector público, para poder classificá-los da
forma apropriada e comunicar os resultados de forma clara, simples e compreensível
à sociedade civil, de modo a que a mesma possa usá-los para exigir uma reestruturação
imediata ou faseada.
O corolário lógico de uma auditoria cidadã tem duas dimensões: