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Propósitos dos ciclos iniciais em Língua Portuguesa1

Os propósitos, tal como aqui apresentados, são compromissos que a escola precisará assumir
para garantir que as aprendizagens previstas aconteçam, para criar as condições necessárias
ao desenvolvimento das capacidades e dos saberes que se pretende que as crianças
conquistem. Assim, considerando a proposta expressa nestas Orientações, são propósitos das
escolas no 1º Ciclo:

 Fazer de cada sala de aula um ambiente de trabalho colaborativo, para que os alunos
possam enfrentar sem medo os desafios colocados, sabendo que o erro faz parte do processo
de aprendizagem e que contam com apoio do professor e dos colegas para darem o melhor
de si.
 Garantir o direito de expressão do pensamento e das idéias dos alunos, mesmo que
divergentes das posições do professor e dos colegas, e o exercício de discutir diferentes
pontos de vista, acolher e considerar as opiniões dos outros, de defender e fundamentar as
próprias opiniões e de modificá-las quando for o caso.
 Fazer da escola um lugar de legítimo respeito aos modos de falar que os alunos trazem de
suas comunidades de origem e, ao mesmo tempo, de experimentação dos modos mais
formais de uso da fala, aprendendo a adequá-la às diferentes situações de comunicação oral.
 Comprometer os alunos com propostas que extrapolem os limites da sala de aula e ‘ganhem
a rua’: campanhas na comunidade, cartas aos meios de comunicação emitindo opinião sobre
problemas que lhes preocupam, solicitações a instituições, correspondência com outras
escolas etc., sempre que possível fazendo uso da Internet.
 Criar contextos – projetos, atividades de comunicação real, situações de publicação dos
escritos - que justifiquem a necessidade da escrita correta e da adequada apresentação final
dos textos.
 Elaborar e desenvolver um programa de leitura na escola, articulando todas as propostas em
andamento e outras consideradas necessárias, ações que envolvam intercâmbio com os
familiares e uso dos recursos disponíveis na comunidade, de modo a constituir uma ampla
rede de leitores que se estenda para além do espaço escolar.
 Transformar cada sala de aula em uma comunidade de leitores que compartilhem diferentes
práticas de leitura e escrita, de modo que estas possam se tornar atividades valorizadas e
necessárias para a resolução de vários problemas na escola e fora dela.
 Garantir o acesso dos alunos a diferentes portadores de texto e a textos de diferentes
gêneros e a participação em situações diversificadas de leitura e escrita, com os diferentes
propósitos sociais que caracterizam essas práticas.
 Preservar o sentido que têm as práticas de leitura e escrita fora da escola, buscando a
máxima coincidência possível entre os objetivos de ensino dessas práticas na escola e os seus
objetivos sociais, ou seja, utilizar todo o conhecimento pedagógico para não ‘escolarizá-las’.
 Destinar o tempo necessário, na rotina diária, para que os alunos possam alcançar o melhor
desempenho possível em Língua Portuguesa e Matemática, o que significa aproveitar toda e

1
Estes Propósitos e parte da formulação das Expectativas de Aprendizagem foram elaborados a partir dos seguintes
documentos: Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa de 1ª a 4ª série e de 5ª a 8ª série (1997), Diseño
Curricular para la Escuela Primária de la Ciudad de Buenos Aires (2004), Matrizes de Referência para o 1º Ciclo da
Secretaria Municipal de Educação de Campinas (2007) e Caderno do Ciclo Inicial da Secretaria Estadual do Acre
(2007).
qualquer situação potencialmente favorável como uma oportunidade de trabalho cotidiano
com a leitura, a escrita e os conteúdos matemáticos.
 Assegurar que os alunos possam exercer os seus direitos de leitores, escritores e aprendizes
da Matemática. Ou seja, como leitores, podem fazer antecipações quando lêem, formular
interpretações próprias e verificar sua validade, perguntar o que não sabem, questionar as
intenções do autor, emitir opinião sobre o assunto lido, dentre outros. Como escritores,
precisam produzir textos que façam sentido, em situações de comunicação real, com tempo
suficiente para escrever e revisar conforme a necessidade, podendo solicitar ajuda quando
preciso e elegendo leitores para analisar a qualidade dos próprios textos, dentre outros.
 Transformar a “aula de matemática” num ambiente de trabalho investigativo, em que os
alunos percebam que eles também podem “fazer matemática” no sentido de levantar
hipóteses, formular conjecturas, testá-las, validá-las e não meramente reproduzir técnicas e
que, desse modo, desenvolvam confiança na própria capacidade de aprender matemática.
 Acrescentar outros de outras áreas, se necessário.

Capacidades e Expectativas

As capacidades apresentadas a seguir, como expectativas de aprendizagem, são as capacidades


possíveis de serem desenvolvidas pela maioria dos alunos quando a proposta de ensino é
organizada segundo os pressupostos que orientam este documento.
Evidentemente, a defesa de expectativas como as que aqui se seguem não significa a
padronização das possibilidades da criança, que, afinal de contas, é protagonista do seu
processo de aprendizagem: há alunos que com certeza irão muito além do que está estabelecido
e há os que talvez não tenham condições de conquistar o que se prevê. Isso é natural como se
pode verificar, por exemplo, comparando-se uma criança que aprendeu a ler aos quatro ou
cinco anos de idade e outra cuja família é analfabeta, sem escolaridade anterior e com um
ritmo mais lento de aprendizagem. No primeiro caso, certamente a criança irá superar em muito
a expectativa, porque já terá chegado à escola com um conhecimento mais avançado do que o
previsto para o final da Etapa. E no segundo caso, pode ocorrer, embora não necessariamente,
da criança não conseguir avançar conforme se espera, pois apresenta três características que,
reunidas, tendem a tornar mais lento o processo de aprendizagem.
Entretanto, a clareza a respeito dessas diferenças, naturais e inevitáveis, não justifica a não-
apresentação de indicadores de referência que dizem respeito à maioria e que podem orientar o
trabalho pedagógico dos professores.
Na Rede Municipal de Ensino de São Luís, as expectativas de aprendizagem colocadas para os
dois primeiros anos não são indicadores de promoção/retenção, uma vez que são referências
internas a um ciclo da escolaridade com progressão continuada, diferente da última Etapa,
quando há a necessidade de decidir pela promoção ou retenção do aluno no ciclo. Por essa
razão, após a indicação das capacidades que se constituem em expectativas de aprendizagem,
são apresentados também os critérios de avaliação, que representam os ‘mínimos’ considerados
aceitáveis para a promoção, tendo em conta essas capacidades. O mesmo ocorre, em seguida,
com o segundo ciclo.
Capacidades que são Expectativas em Língua Portuguesa na 1ª Etapa

Tomando-se como referência os propósitos das escolas nos ciclos iniciais e as orientações
pedagógicas contidas neste documento, a expectativa é que, até o final da 1ª Etapa do 1º Ciclo,
os alunos sejam capazes de:

 Comunicar-se oralmente em diferentes situações do cotidiano, se empenhando em ouvir com


atenção e em adequar a fala ao contexto, expressar sentimentos, idéias e opiniões, relatar
acontecimentos, expor o que sabe sobre temas estudados.
 Interagir com materiais diversificados de leitura, experimentando os modos de ler que lhes
forem possíveis, combinando estratégias de decodificação, seleção, antecipação, inferência
e verificação.
 Recontar histórias conhecidas, recuperando características da linguagem do texto recontado.
 Utilizar o conhecimento já construído sobre a escrita alfabética para ler e escrever textos de
alguns gêneros previstos para a Etapa (por exemplo, um bilhete, um trecho de um conto, um
texto que saiba de cor), mesmo que precisem de ajuda na leitura e que, por não terem ainda
compreendido inteiramente como funciona a correspondência letra-fonema, apresentem
falhas na representação alfabética e no registro de dígrafos e encontros consonantais;
cometam erros em relação ao valor sonoro convencional das letras e a outros aspectos
ortográficos; emendem ou segmentem as palavras além do que é preciso.
 Reescrever, ainda que com ajuda, histórias conhecidas, mantendo as idéias principais e
algumas características da linguagem escrita.
 Produzir textos de autoria (bilhetes, cartas e/ou outros trabalhados) ditando para o professor
ou colegas e, quando possível, de próprio punho.
 Revisar textos coletivamente, com ajuda do professor.

Capacidades que são Expectativas em Língua Portuguesa na 2ª Etapa

Tomando-se como referência os propósitos das escolas nos ciclos iniciais e as orientações
pedagógicas contidas neste documento, a expectativa é que, até o final da 2ª Etapa do 1º Ciclo,
os alunos sejam capazes de:

 Comunicar-se oralmente em diferentes situações do cotidiano, se empenhando em ouvir com


atenção e em adequar a fala ao contexto, expressar sentimentos, idéias e opiniões, relatar
acontecimentos, expor o que sabe sobre temas estudados, formular e responder a perguntas,
intervir sem sair do assunto, explicar e compreender explicações, manifestar opiniões,
respeitar os diferentes modos de falar.
 Ler, por si mesmos (ainda que de modo não muito fluente), os gêneros textuais previstos
para a Etapa (ver o Quadro em anexo) 2, sabendo identificar aqueles que respondem às suas
necessidades imediatas e selecionar formas adequadas para abordá-los, com base nos
conhecimentos sobre o tema e as características do portador, do gênero e da escrita.
 Ler, com ajuda do professor, textos para estudar os temas tratados nas diferentes áreas de
conhecimento (de enciclopédias, de revistas e da Internet).
 Utilizar o conhecimento já construído sobre os padrões da escrita (ortografia, segmentação
do texto em palavras, pontuação...) para escrever textos de alguns gêneros previstos para a
Etapa, preocupando-se que estejam na melhor forma possível.
2
No Anexo 1, há um quadro com sugestões para o 1º Ciclo, que é apenas uma referência: cabe a cada escola definir o
seu.
 Reescrever histórias conhecidas, mantendo as idéias principais e algumas características da
linguagem escrita.
 Escrever textos de autoria (dos gêneros previstos e trabalhados), utilizando recursos da
linguagem escrita.
 Revisar textos coletivamente, com ajuda do professor ou em parceria com colegas, até
considerá-lo suficientemente bem escrito para o momento.

Capacidades que são Expectativas em Língua Portuguesa da 3ª Etapa

Tomando-se como referência os propósitos das escolas nos ciclos iniciais e as orientações
pedagógicas contidas neste documento, a expectativa é que, até o final na 3ª Etapa do 1º Ciclo,
os alunos sejam capazes de:

 Comunicar-se oralmente em diferentes situações, ouvindo com atenção e se empenhando em


adequar a fala ao contexto e aos interlocutores, expressar sentimentos, idéias e opiniões,
relatar acontecimentos, expor o que sabe sobre temas estudados, formular e responder a
perguntas justificando as respostas, explicar e compreender explicações, manifestar e
acolher opiniões, argumentar, fazer colocações considerando as falas anteriores, respeitar os
diferentes modos de falar.
 Ler diferentes gêneros textuais previstos para a Etapa, apoiando-se em conhecimentos sobre
o tema e sobre as características do portador, do gênero, da escrita e das convenções
gráficas, utilizando procedimentos pertinentes aos propósitos dos textos e à própria leitura,
bem como recursos para superar dificuldades de compreensão (pedir ajuda aos colegas e ao
professor, reler o trecho, continuar a leitura com a intenção de que o próprio texto permita
resolver as dúvidas ou consultar outras fontes).
 Utilizar o conhecimento já construído sobre os padrões da escrita (ortografia, segmentação
do texto em palavras, pontuação...) para escrever textos de alguns gêneros previstos para a
Etapa, apresentando uma escrita final que mostre não só preocupação com a qualidade, mas
um desempenho compatível com os saberes já construídos a partir dos conteúdos
trabalhados.
 Reescrever e produzir textos de autoria (dos gêneros previstos e trabalhados), com apoio do
professor, utilizando procedimentos de escritor: planejar o que vai escrever considerando o
objetivo, o destinatário, o portador e as características do gênero; fazer rascunhos; reler o
que vai escrevendo para buscar a melhor qualidade para o texto, tanto do ponto de vista
discursivo quanto dos padrões da escrita.
 Revisar textos (próprios e de outros), coletivamente, com a ajuda do professor ou em
parceria com colegas, até considerá-lo suficientemente bem escrito para o momento: isso
pressupõe assumir o ponto de vista de leitor e evitar repetições desnecessárias (por meio de
substituição ou uso de recursos da pontuação), ambigüidades, fragmentações, erros de
concordância verbal e nominal e problemas ortográficos.

Critérios de avaliação da aprendizagem no final do 1º ciclo 3

3
Estes critérios são semelhantes aos que estão previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
do Ensino Fundamental, porém foram ajustados às expectativas de aprendizagem aqui apresentadas.
Tomando-se como referência os propósitos dos ciclos iniciais e as orientações pedagógicas
contidas neste documento, a expectativa é que no final da 3ª Etapa, para efeito de
promoção/retenção, os alunos sejam, no mínimo, capazes de:

Narrar, de maneira autônoma, histórias conhecidas e relatos de acontecimentos, mantendo o


encadeamento dos fatos e sua seqüência cronológica.
Espera-se que o aluno, de forma autônoma, reconte oralmente histórias que conheça,
acontecimentos dos quais tenha participado ou tenha conhecimento, procurando manter a
ordem temporal dos fatos, a relação entre eles e a adequação da linguagem.

Demonstrar compreensão de textos ouvidos por meio de resumo das idéias.


Espera-se que o aluno realize, oralmente ou por escrito, resumos de textos ouvidos de forma que
sejam preservadas as idéias principais.

Coordenar estratégias de decodificação, antecipação, inferência e verificação, utilizando


procedimentos simples para resolver dúvidas na compreensão.
Espera-se que, ao ler, o aluno não se limite à decodificação, mas que utilize coordenadamente
as estratégias necessárias à compreensão do texto: que faça inferências e antecipações e que
busque no texto, pela decodificação por exemplo, pistas que confirmem ou não se elas
procedem.

Utilizar o tipo adequado de leitura para alcançar diferentes objetivos e interesses: ler para
se divertir, ler para estudar, ler para revisar, ler para escrever.
Espera-se que o aluno seja capaz de mobilizar os procedimentos mais adequados para cada tipo
de leitura – por exemplo, em uma leitura de entretenimento, é possível ‘pular palavras’ cujo
sentido pode ser deduzido do contexto, o que não é pertinente em uma situação de estudo,
onde tudo deve ser lido com atenção, com voltas a trechos anteriores, dentre outros cuidados;
quando o desafio é revisar, a leitura é orientada a encontrar o que não está bom e deve ser
melhorado, o que é muito diferente de uma leitura apenas em busca da compreensão do escrito.

Escrever textos considerando características do gênero.


Espera-se que o aluno produza textos dos gêneros trabalhados no 1º ciclo, considerando suas
principais características.

Escrever textos considerando o leitor.


Espera-se que, ao escrever, o aluno considere o leitor, destinatário de seu texto (seja uma
pessoa determinada ou não), e procure ajustar a escrita de modo que seja suficientemente clara
e compreensível a alguém que, no momento da leitura, não poderá contar com explicações do
autor. Nesse caso, o que se pretende não é que o aluno apresente um produto perfeito, mas
que, ao escrever, considere o destinatário do texto, tendo em conta a experiência adquirida
nesse sentido a partir do trabalho realizado pelo professor.

Escrever textos que revelam conhecimento sobre a pontuação e ortografia convencional,


ainda que apresentem falhas e inadequações.
Espera-se que o aluno já demonstre conhecimento de regularidades ortográficas e que saiba
utilizar o dicionário e outras fontes impressas para resolver as dúvidas relacionadas às
irregularidades. Espera-se também que demonstre conhecimento sobre o sistema de pontuação,
segmentando o texto em frases, pontuando diálogos etc. Em qualquer caso, é previsível que
cometa erros, uma vez que não se pode imaginar que, com três anos de escolaridade no Ensino
Fundamental, o aluno já consiga escrever tudo ortograficamente correto e com uma pontuação
impecável...

Revisar os próprios textos com o objetivo de fazê-los chegar à melhor versão possível, tendo
em conta os conhecimentos disponíveis.
Espera-se que o aluno, enquanto escreve ou depois de terminar, volte aos seus textos,
procurando aprimorá-los e dar a eles a melhor qualidade possível, considerando os
procedimentos de revisão e demais conteúdos trabalhados no 1º ciclo.

Capacidades que são Expectativas em Língua Portuguesa da 3ª Série

Tomando-se como referência os propósitos das escolas nos ciclos iniciais e as orientações
pedagógicas contidas neste documento, a expectativa é que, até o final na 3ª Série (2º Ciclo), os
alunos sejam capazes de:

 Comunicar-se oralmente em diferentes situações que requeiram: ouvir com atenção, adequar
a fala ao contexto e aos interlocutores, expressar o que pensa e sente, relatar
acontecimentos, explicar e compreender explicações, manifestar e acolher opiniões,
argumentar e contra-argumentar, fazer colocações considerando as falas anteriores,
respeitar os diferentes modos de falar.
 Utilizar, com ajuda do professor e dos colegas, procedimentos para planejar a fala e recursos
de apoio (anotações escritas, textos de subsídio, apresentações no computador etc.) para
organizar e fazer uma exposição oral (seminário de um tema estudado, por exemplo) que
exija um uso mais formal da linguagem.
 Ler com autonomia os gêneros textuais previstos para a Etapa, apoiando-se em
conhecimentos sobre o tema e sobre as características do portador, do gênero, da escrita e
das convenções gráficas, utilizando procedimentos pertinentes aos propósitos dos textos e à
própria leitura, bem como recursos para superar dificuldades de compreensão (pedir ajuda
aos colegas e ao professor, reler o trecho, continuar a leitura com a intenção de que o
próprio texto permita resolver as dúvidas ou consultar outras fontes).
 Utilizar o conhecimento já construído sobre os padrões da escrita (ortografia, segmentação
do texto em palavras, pontuação...) para escrever textos de alguns gêneros previstos para a
Etapa, apresentando uma escrita final que mostre desempenho compatível com os saberes já
construídos a partir dos conteúdos trabalhados.
 Reescrever e produzir textos de autoria (dos gêneros previstos e trabalhados), utilizando
procedimentos de escritor: planejar o que vai escrever considerando o objetivo, o
destinatário, o portador e as características do gênero; fazer rascunhos; reler o que vai
escrevendo para buscar a melhor qualidade para o texto, tanto do ponto de vista discursivo
quanto dos padrões da escrita.
 Revisar textos (próprios e de outros), em parceria com colegas, até considerá-lo
suficientemente bem escrito para o momento: isso pressupõe assumir o ponto de vista de
leitor e evitar repetições desnecessárias (por meio de substituição ou uso de recursos da
pontuação), ambigüidades, fragmentações, erros de concordância verbal e nominal e
problemas ortográficos.

Capacidades que são Expectativas em Língua Portuguesa da 4ª Série


Tomando-se como referência os propósitos das escolas nos ciclos iniciais e as orientações
pedagógicas contidas neste documento, a expectativa é que, até o final na 4ª Série (2º Ciclo), os
alunos sejam capazes de:

 Comunicar-se oralmente de forma adequada a diferentes situações que requeiram: ouvir com
atenção, adequar a fala ao contexto e aos interlocutores, expressar o que pensa e sente,
relatar acontecimentos, explicar e compreender explicações, manifestar e acolher opiniões,
argumentar e contra-argumentar, fazer colocações considerando as falas anteriores,
respeitar os diferentes modos de falar.
 Utilizar procedimentos para planejar a fala e recursos de apoio (anotações escritas, textos
de subsídio, apresentações no computador etc.) para organizar e fazer uma exposição oral
(seminário de um tema estudado, por exemplo) que exija um uso mais formal da linguagem.
 Ler com plena autonomia os gêneros textuais já trabalhados, utilizando procedimentos
pertinentes aos propósitos dos textos e à própria leitura, recursos para garantir compreensão
(reler o trecho, continuar a leitura com a intenção de que o próprio texto permita resolver as
dúvidas ou consultar outras fontes) e, quando for o caso, pistas que indiquem intenções
implícitas do autor e conteúdos discriminatórios ou persuasivos, mesmo que para tanto ainda
precise da ajuda do professor.
 Utilizar o conhecimento já construído sobre os padrões da escrita (ortografia, segmentação
do texto em palavras, pontuação...) para escrever textos de alguns gêneros previstos para a
Etapa, apresentando uma escrita final que mostre desempenho compatível com os saberes já
construídos a partir dos conteúdos trabalhados.
 Reescrever e produzir textos de autoria (dos gêneros previstos e trabalhados), utilizando
procedimentos de escritor: planejar o que vai escrever considerando o objetivo, o
destinatário, o portador e as características do gênero; fazer rascunhos; reler o que vai
escrevendo em busca da melhor qualidade para o texto, tanto do ponto de vista discursivo
quanto dos padrões da escrita.
 Revisar textos considerando o ponto de vista de leitor, evitando repetições desnecessárias
(por meio de substituição ou uso de recursos da pontuação), ambigüidades, fragmentações,
erros de concordância verbal e nominal e problemas ortográficos (principalmente de
segmentação e de palavras de ortografia regular).

Critérios de avaliação da aprendizagem no final do 2º ciclo 4

Tomando-se como referência os propósitos dos ciclos iniciais e as orientações pedagógicas


contidas neste documento, a expectativa é que no final da 4ª Série, para efeito de
promoção/retenção, os alunos sejam, no mínimo, capazes de:

Narrar, de maneira autônoma, mantendo o encadeamento dos fatos e sua seqüência


cronológica.
Espera-se que o aluno, de forma autônoma, reconte oralmente histórias lidas, procurando
manter a ordem temporal dos fatos, a relação entre eles e a adequação da linguagem.

Demonstrar compreensão de textos ouvidos por meio de resumo das idéias.


Espera-se que o aluno realize, oralmente ou por escrito, retomadas/resumos de textos ouvidos
de forma que sejam preservadas as idéias principais, se necessário, com o apoio de registros
escritos feitos durante a escuta.

4
Estes critérios são semelhantes aos que estão previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
do Ensino Fundamental, porém foram ajustados às expectativas de aprendizagem aqui apresentadas.
Ler de maneira autônoma textos com os quais tenha construído familiaridade, sabendo
coordenar estratégias de decodificação, antecipação, inferência e verificação; articular
informações textuais com conhecimentos prévios; e utilizar procedimentos adequados para
resolver dúvidas na compreensão.
Espera-se que, ao ler, o aluno não se limite à decodificação, mas que utilize coordenadamente
as estratégias necessárias à compreensão do texto (que faça inferências e antecipações e que
busque no texto, pela decodificação por exemplo, pistas que confirmem ou não se elas
procedem) e que, relacionando seus conhecimentos prévios e as informações textuais, deduza do
texto informações implícitas e busque soluções para resolver eventuais dúvidas de
entendimento. O grau de habilidade do aluno no uso desses procedimentos depende do quanto o
professor trabalhou pedagogicamente com eles.

Utilizar o tipo adequado de leitura para alcançar diferentes objetivos e interesses: ler para
se divertir, ler para estudar, ler para revisar, ler para escrever.
Espera-se que, considerando os textos previstos para o 2º Ciclo, o aluno seja capaz de mobilizar
os procedimentos mais adequados para cada tipo de leitura – por exemplo, em uma leitura de
entretenimento, é possível ‘pular palavras’ cujo sentido pode ser deduzido do contexto, o que
não é pertinente em uma situação de estudo, onde tudo deve ser lido com atenção, com voltas a
trechos anteriores, dentre outros cuidados; quando o desafio é revisar, a leitura é orientada a
encontrar o que não está bom e deve ser melhorado, o que é muito diferente de uma leitura
apenas em busca da compreensão do escrito.

Escrever textos considerando características do gênero e o leitor a que se destina.


Espera-se que o aluno produza textos dos gêneros que lhe são familiares (trabalhados no 2º
ciclo), considerando suas principais características, as características dos respectivos portadores
e as restrições próprias do lugar em que esses textos circulam/circularão. Por exemplo, se o
texto é um artigo de divulgação científica (o gênero), que vai ser afixado em um mural (o
portador), deverá ter uma apresentação compatível com essa circunstância (ter boa
apresentação final, letra de tipo e tamanho adequados à leitura em um mural, com um título
destacado para chamar atenção etc.). Espera-se também que o aluno, ao escrever, considere o
leitor, destinatário de seu texto (seja uma pessoa determinada ou não), e procure ajustar a
escrita de modo que seja suficientemente clara e compreensível a alguém que, no momento da
leitura, não poderá contar com explicações do autor. Essa capacidade de ajustar o texto ao
gênero, ao portador e ao tipo de leitor depende de uma experiência construída com o tempo,
por meio da escrita de diferentes gêneros textuais, com destino e destinatários de fato – se essa
prática por alguma razão não aconteceu, não faz sentido tomar esse conhecimento como critério
de avaliação.

Escrever textos que revelam conhecimento sobre padrões da escrita relacionados à


pontuação e ortografia (trabalhados no 2º ciclo), ainda que apresentem algumas falhas e
inadequações.
Espera-se que, em seus textos, o aluno demonstre conhecimento dos conteúdos de ortografia e
pontuação trabalhados pelo professor, ainda que apresentem algumas falhas e inadequações.
Isso significa demonstrar conhecimento principalmente de como segmentar o texto em palavras
e de como proceder no caso das regularidades ortográficas e das irregularidades em palavras de
freqüência alta (sabendo utilizar o dicionário e outras fontes impressas para resolver as dúvidas
relacionadas às demais irregularidades). E significa também demonstrar conhecimento de como
segmentar o texto em frases e de como pontuá-lo para produzir efeitos na compreensão do
leitor. Como estes saberes não são construídos de uma hora para outra, só poderão ser
considerados como critério de avaliação se tiverem sido trabalhados suficientemente pelo
professor.
Revisar os próprios textos com o objetivo de fazê-los chegar à melhor versão possível, tendo
em conta os conhecimentos disponíveis.
Espera-se que o aluno, enquanto escreve ou depois de terminar, volte aos seus textos,
procurando aprimorá-los e dar a eles a melhor qualidade possível tendo em conta os
procedimentos de revisão e demais conteúdos trabalhados no 2º ciclo. Essa busca pela ‘melhor
qualidade possível’ para os próprios textos tem como parâmetros: o que pretende comunicar, as
características do gênero, o tipo de destinatário e a necessidade de adequá-los aos padrões da
escrita.
Anexo 1
Quadro de referência para o planejamento do trabalho com os gêneros textuais

1º. Ciclo
Alguns gêneros 1a Etapa 2a Etapa 3a Etapa
Fala – Escuta Fala – Escuta leitura – escrita
CONTOS
Escrita – leitura [trechos] Escrita – leitura
CONTOS DA TRADIÇÃO Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
POPULAR Escrita – leitura Escrita – leitura
Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
FABULAS
Escrita – Leitura
Escuta Escuta Fala – Escuta
LENDAS
Escrita – Leitura
MITOS Escuta Escuta Escuta
Escuta Escuta Escuta
CRÔNICAS
Leitura
Fala – Escuta Leitura Leitura
QUADRINHOS
Leitura
Escuta – Fala Escuta – Fala Escuta – Fala
PEÇAS DE TEATRO
Leitura Leitura
DÁRIOS DE VIAGEM Escuta Escuta – Leitura Escuta – Leitura
Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
DIÁRIOS PESSOAIS
Escrita – Leitura Escrita – Leitura
BIOGRAFIAS Escuta Escuta Escuta
AUTOBIOGRAFIAS Escuta Escuta Escuta
Escuta – Fala Fala – Escuta Fala – Escuta
CORDEIS
Leitura
Fala – Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
POEMAS
Escrita – Leitura Escrita – Leitura Escrita – Leitura
Fala – Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
ADIVINHAS Escrita – Leitura Escrita – Leitura Escrita – Leitura
Escuta Escuta Fala – Escuta
PROVERBIOS
Leitura Escrita – Leitura
Fala – Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
CANÇÕES
Escrita – Leitura Escrita – Leitura Escrita – Leitura
ARTIGOS Escuta Escuta Escuta
CARTAS DO LEITOR Escuta Escuta Escuta
DEPOIMENTOS Escuta Escuta Escuta
EDITORIAIS Escuta
Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
ENTREVISTAS
Escrita – Leitura Escrita – Leitura
Escuta Escuta Escuta
NOTÍCIAS
Leitura
PROGRAMAÇÕES DE TV, Fala – Escuta Leitura Leitura
CINEMA, ETC. Escrita – Leitura Escrita Escrita
Escuta Escuta Leitura
REPORTAGENS
Escrita
Fala – Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
RESENHAS
Escrita – Leitura Escrita – Leitura Escrita – Leitura
Escuta Escrita – Leitura Escrita – Leitura
TIRAS
Leitura
ARTIGOS DE DIVULGAÇÃO Escuta Escuta Fala – Escuta
CIENTÍFICA Leitura Escrita – Leitura
DEPOIMENTOS Escuta Escuta Escuta
Fala – Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
ENUNCIADOS DE QUESTÕES
Escrita – Leitura Escrita – Leitura
GRÁFICOS Escrita – Leitura Escrita – Leitura Escrita – Leitura
MAPAS Leitura Leitura Leitura
REGULAMENTOS (REGRAS DE Fala – Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
JOGOS, REGIMENTOS) Escrita – Leitura Escrita – Leitura Escrita – Leitura
RELATÓRIOS DE Escuta Escuta Escuta
EXPERIMENTOS
RELATOS HISTÓRICOS Fala – Escuta Fala – Escuta Fala – Escuta
Escuta Escuta Escuta – Fala
TABELAS
Leitura Leitura – Escrita Leitura – Escrita
VERBETES DE Escuta Escuta Escuta
DICIONÁRIO Leitura – Escrita Leitura – Escrita
Escuta-Fala Escuta – Fala Escuta – Fala
VERBETES DE ENCICLOPÉDIA
Leitura – Escrita Leitura – Escrita Leitura – Escrita
........................

NOTA
Este quadro é apenas uma referência: a decisão sobre os gêneros a serem priorizados cabe à equipe da escola e, para tanto, é
importante considerar a necessidade de a cada Etapa do Ciclo priorizar três gêneros, para aprofundar, e de organizar previamente
seqüências de atividades para favorecer esse trabalho. Os gêneros destacados são exemplos do que pode ser priorizado a cada etapa.
Bibliografia

Língua Portuguesa

DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para
reflexões sobre uma experiência suíça. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. et al. Gêneros orais e
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LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre:
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MINISTÉRIO da EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Brasília:
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE CAMPINAS. Matrizes de Referência para o 1º Ciclo.
Campinas, 2007.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Caderno Dois – Alfabetizando. Belo
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SECRETARIA MUNICIPAL DS EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO. Orientações Curriculares e Proposições
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