Você está na página 1de 3

DEPARTAMENTO DE ADULTOS

NOME- TURMA- ANO-

I. Leia, atentamente o texto e, em grupo, elabore oito perguntas e responda


às mesmas.

Chega de pobres na pandemia


 Opinião
A covid-19 bipartiu o mundo como quase nenhum outro acontecimento. Os
países mais ricos têm doses de vacinas mais do que suficientes para proteger
as suas populações da devastação do vírus, enquanto os países mais pobres não
as têm em número suficiente. Os que residem no Norte Global também têm os
meios para evitar calamidades económicas e perturbações sociais através de
pacotes de estímulo massivos, enquanto centenas de milhões no Sul Global
foram levados à extrema pobreza. Esta divisão desigual deixa a humanidade
muito mais vulnerável ao próximo estágio da pandemia, bem como a qualquer
outra crise sistémica que possa surgir.

Como dirigentes de algumas das maiores instituições filantrópicas do mundo,


há duas coisas de que temos a certeza. A primeira: a história ensinou-nos que
a mudança transformacional tem sido quase sempre desencadeada por alguma
crise profunda. A segunda: só quando o mundo se une é que consegue levar a
cabo a ação ousada e urgente necessária para reverter a grande divergência
que vemos hoje entre os ricos e os pobres. Só através da cooperação e
coordenação poderemos iniciar uma era de progresso transformadora.

Para esse efeito, a Fundação Aliko Dangote, a Fundação Archewell, a Fundação


Bill & Melinda Gates, a Fundação Chaudhary no Nepal, a Fundação Children"s
Investment Fund, a Fundação Conrad N. Hilton, a Fundação Ford, a Fundação
Saldarriaga Concha, o Kagiso Trust, a Fundação MasterCard, a Fundação Mo
Ibrahim, as Fundações Open Society, a OppGen Philanthropies, a Fundação
Rockefeller e a Fundação William e Flora Hewlett uniram forças para
estabelecer uma aliança mundial de fundações. E estamos a convidar outras
entidades filantrópicas para se juntarem à nossa rede.

Na nossa primeira reunião esta semana, concordámos que as nossas


organizações, que até agora se comprometeram coletivamente com três mil
milhões de dólares para combater a covid-19, mobilizarão recursos adicionais,
conhecimento e poder de argumentação para apoiar os esforços mundiais. As
nossas estratégias serão moldadas sob o parecer de instituições como a
Organização Mundial da Saúde e os Centros Africanos de Controlo e Prevenção
de Doenças, bem como grupos da sociedade civil e líderes comunitários em
todo o mundo.
DEPARTAMENTO DE ADULTOS
NOME- TURMA- ANO-

TEXTO

Ao longo do ano passado, as nossas respetivas instituições apoiaram as comunidades e


indivíduos na linha de frente da crise, demonstrando através da sua resposta o que a humanidade
tem de melhor: compromisso, solidariedade, coragem e compaixão. Agora, os líderes dos países
mais ricos e das instituições mundiais têm de fazer o mesmo.

Para encorajar a ação global necessária, a nossa coligação defenderá dois objetivos principais.
Primeiro, o mundo tem de assumir a responsabilidade coletiva de atingir as ambiciosas metas da
OMS de vacinar pelo menos 40% da população em países de baixo e médio rendimento até ao
final deste ano e 70% até setembro de 2022. Apelamos aos líderes governamentais e decisores
políticos - incluindo os participantes das reuniões desta semana do Banco Mundial e do Fundo
Monetário Internacional em Washington, DC, e da cimeira do G20 em Roma no final deste mês -
para fornecerem as doses, recursos financeiros e logística de entrega necessários para atingir
essas metas.

Os governos que armazenaram centenas de milhares de doses de vacinas têm de redistribuí-las


imediatamente para os países com baixa taxa de vacinação antes que expirem nos próximos
meses. E para além desta emergência imediata, temos de fazer investimentos decisivos para criar
capacidades de produção farmacêutica a longo prazo nos países mais pobres, de modo a estarmos
preparados para a próxima crise mundial de saúde pública.

Segundo, para estimular a recuperação económica mundial, recomendamos aos governos dos
países de alto rendimento que voltem a atribuir pelo menos 100 mil milhões de dólares em
direitos de saque especiais reutilizados (DSE, o ativo de reserva do FMI) aos países de baixo e
médio rendimento, em 2021. Também apelamos para que se comprometam a reabastecer o fundo
da Associação de Desenvolvimento Internacional do Banco Mundial com 100 mil milhões de
dólares, para apoiar a resposta à pandemia e a recuperação económica nos países mais pobres do
mundo.

Acreditamos que as fundações, ao trabalharem dentro da nova coligação e por conta própria,
podem desempenhar um papel fundamental no apoio e no reforço dos esforços nacionais e
internacionais. Juntos, apoiaremos aquelas vozes que manterão os líderes sob pressão até
alcançarem os objetivos na saúde pública e na recuperação da economia.

Não há tempo a perder. Cada mês de atraso traz mais riscos e injustiças desnecessários ao
acalentar novas variantes potencialmente mais mortais do novo coronavírus, ao expor mais
pessoas à infeção e à morte, ao ampliar as desigualdades existentes e levar mais pessoas à
pobreza e ao fomentar a

agitação social e política. E temos de enfrentar tudo isto numa altura em que também
enfrentamos a ameaça existencial das alterações climáticas.

Quanto mais arrastamos os pés, mais oportunidades perderemos. A inação traduz-se em mais
negócios que não podem ser iniciados, mais horas de interrupções escolares para alunos ansiosos
por aprender e mais meses de desemprego para pessoas que estão prontas para voltar a trabalhar.
DEPARTAMENTO DE ADULTOS
NOME- TURMA- ANO-
A pandemia está longe de ser o único problema que a humanidade enfrenta, por isso, as nossas
respetivas fundações continuarão a trabalhar em muitos lugares e em muitas outras questões
mesmo depois de as crises económicas e de saúde imediatas terem passado. Mas sabemos que
sem ação hoje, estas crises inter-relacionadas irão agravar os desafios a longo prazo da
humanidade. E sabemos que, juntos, podemos fazer frente a este momento decisivo e ajudar a
garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.

Este comentário também foi assinado por Zouera Youssoufou, Fundação Aliko Dangote; James
Holt, Fundação Archewell; Mark Suzman, Fundação Bill & Melinda Gates; Nirvana
Chaudhary, Fundação Chaudhary; Kate Hampton, Fundação Children"s Investment Fund;
Peter Laugharn, Fundação Conrad N. Hilton; Juan Pablo Alzate, Fundação Saldarriaga
Concha; Boichoko Ditlhake, Kagiso Trust; Reeta Roy, Fundação MasterCard; Nathalie De La
Palme, Fundação Mo Ibrahim; Emmanuel Owusu-Sekyere, OppGen Philanthropies; e Larry
Kramer, Fundação William e Flora Hewlett.

Mark Malloch-Brown, ex-secretário-geral adjunto das Nações Unidas e copresidente da


Fundação das Nações Unidas, é presidente das Fundações Open Society. Raj Shah é presidente
da Fundação Rockefeller. Darren Walker é presidente da Fundação Ford.

© Project Syndicate, 2021.

Você também pode gostar