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All content following this page was uploaded by Sidnei Raimundo on 26 February 2018.
Sidnei Raimundo
Doutor em Geografia. Professor da EACH-USP. Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo – Campus da Zona Leste
sraimundo@usp.br
Eliane Simões
Doutora em “Ambiente e Sociedade” pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Ex-
gestora do Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar,
licanp@terra.com.br
Resumo
Abstract
The Protect Areas in the São Paulo State has been created based in an arbitrary and
antidemocratic process that had never considered the desires and needs of traditional
human communities, who inhabited the area. These populations had had its modified
ways of life, therefore they had been hindered to practice its traditional systems of
handling. This situation produced environmental and social conflicts, with a low
Introdução
Esse enfoque nos faz voltar a atenção para o uso da terra realizado pelos caiçaras
em seu modo de vida: as práticas agrícolas ditadas pelos ciclos naturais e o baixo grau
de interferência das culturas anuais e mesmo perene (banana), haja vista, os plantadores
de banana de Ubatumirim guardaram muito das técnicas tradicionais na cultura
comercial da banana.
Se o pousio for muito curto, ocorre uma degradação do local e se for muito
longo, se torna impraticável devido à grande extensão de terra necessária. A
agricultura migratória suporta apenas 10 a 20 pessoas por 100 ha, em função
de que a qualquer tempo apenas 10% pode estar sob cultivo; os demais 90%
devem estar nos diversos estágios de pousio. As cerca de 400 pessoas do
Ubatumirim precisariam de cerca de 2 500 ha e a microbacia tem 7.000 ha. É
preciso ainda descontar as áreas impróprias e caminhar para a introdução de
tecnologias que permitam o uso do sistema de aléias e os jardins
multifuncionais.
O sistema de pousio apresenta a grande vantagem de, além de recuperar a
fertilidade das terras, quebrar o ciclo das pragas e ainda, pode e deve ser
usado em combinação com os outros sistemas. Assim, com o tempo,
diminuirá a demanda por novas áreas.
A ferramenta para a liberação do pousio é o planejamento individual da
propriedade, considerando-se a capacidade de uso da terra e não o estágio em
que se encontra a vegetação. Muitas vezes as melhores áreas da propriedade
são justamente aquelas que foram “congeladas” quando da criação do Parque.
Aceitar o pousio agora é considerar a possibilidade de liberar as áreas das
propriedades que tem estágio avançado de vegetação. A área cultivada atual é
de menos de 250 ha, ou seja, menos de 5% da área da microbacia
hidrográfica.
(...) A proibição do pousio representou uma forte interferência externa, que
vem contribuindo de forma marcante e determinante para a destruição do
modo de vida caiçara.
É notório o destaque alcançado pelo Núcleo Picinguaba no âmbito das
pesquisas do meio natural. Cabe agora a urgência de avançarmos com
pesquisas participativas dos elementos históricos e a realização de
diagnósticos estruturais para prover medidas emergenciais que estanquem o
êxodo rural e o parcelamento irregular do solo por falta de retorno econômico
suficiente das atividades rurais motivadas, entre outras razões, pela queda de
produtividade provocada pela proibição do pousio e rotação das áreas de
cultivo.
A proposta da Zona Histórico-Cultural deverá estar atrelada à permissão da
prática cultural do pousio e da utilização das terras de acordo com a sua
capacidade de uso, conforme o planejamento individual da propriedade e
utilizando como principal unidade de planejamento dos recursos naturais - a
microbacia (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ubatuba, 2005, apud
SIMÕES, 2010).
Contudo, não há, na maioria dos bananais, espécies arbóreas plantadas ou com
ocorrência natural em grandes proporções ao bananal, que poderiam ter um melhor
aproveitamento econômico. As árvores nativas existem na borda dos bananais,
entremeadas aos pés de banana e algumas dispersas em seu interior.
Nesse sentido, há ainda um certo ceticismo por parte de alguns produtores em
desenvolver práticas agroflorestais, devido aos impedimentos legais. “O que adianta
plantar essas coisas, se depois vem a ‘florestal’ e não deixa cortar nada” (liderança do
bairro de Ubatumirim, 46 anos e agricultor de banana). Os resultados das reuniões das
Câmaras Técnicas do Núcleo Picinguaba para esse bairro, apontam necessidades de
c) nos vales há talvegues (colúvios e demais deposições nos fundos de vale) com
vegetação conservada, em transição, ou degradadas;
Considerações finais
Nota
1
http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2100076260361857
REFERÊNCIAS
CRUZ, O.; De Ploy, J. Landslides in the Serra do Mar: Brazil. Catena: Braunschweig,
vol. 6, 111-122. 1979.
FEENY, D. et al. A Tragédia dos Comuns: Vinte Anos Depois. In: Diegues, A C e
Moreira, A C (org.) Espaços e Recursos Naturais, NUPAUB – USP, p.17 – 42. 2001.
51-62. 1995.
RAIMUNDO, S. Nos bananais de Ubatuba (SP): dilemas e desafios para a gestão das
unidades de conservação de proteção integral com comunidades tradicionais residentes.
(Dissertação de mestrado) Depto de Geografia. FFLCH-USP, 2001, 161 p.
Recebido em 25/08/2015.
Aceito para publicação em 14/05/2016.