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Estudos Midiáticos

Aula 9: Teorias funcionalistas da comunicação

Prof. Claudio Abraão Filho


claudioabraaof@uni9.pro.br
2021-2

VAMOS COMEÇAR EM 5 MINUTOS


Primeira distinção
História da comunicação História das teorias da
comunicação
Envolve a história dos meios de Revisão dos conceitos e
comunicação e sua apropriação paradigmas que figuram nos
nas sociedades humanas. estudos acadêmicos e
Tecnologia, antropologia, científicos da comunicação, em
sociologia, midiologia. suas mais diversas vertentes.
Para que servem as teorias?
Cada teórico ou escola oferece uma visão sobre o
que é a comunicação e uma explicação sobre como
ela funciona.

Cada teoria dá ênfase a certos processos,


fenômenos e acontecimentos, desenvolvendo
conceitos e modelos que permitem compreendê-los.

As teorias diferem em termos de objetivos,


problemas e métodos, e estão sempre relacionadas
a determinado contexto social-histórico.
Teorias funcionalistas Teorias críticas
Funções dos meios de comunicação Teoria com teleologia: a
na formação da opinião pública. emancipação humana das diferentes
formas de dominação e servidão.
Efeitos empíricos e aplicações
práticas dos conhecimentos. Avaliação reflexiva sobre a
Métodos quantitativos. sociedade e a cultura, para revelar e
desafiar estruturas de poder.
Escola de Chicago, Mass
Communication Research, Modelo Escola de Frankfurt, Indústria
Linear, Agulha Hipodérmica, Cultural, Situacionismo.
Two-Step Flow.
Teorias culturalistas Teorias da linguagem
Ênfase na cultura e nas mediações Ênfase nas regras e nas práticas
culturais como forças organizadoras linguísticas, envolvendo fonética,
da comunicação. morfologia, sintaxe, semântica e
pragmática.
Estudo das práticas construtivas e
apropriações culturais dos meios de Estudo da produção de sentido nas
comunicação. diferentes linguagens (verbal, visual,
sonora).
Estudos Culturais, Escola de
Birmingham, Escola Semiologia, Semiótica Peirceana,
Latino-Americana Escola de Tartu-Moscou.
As teorias funcionalistas
A noção de função repousa sobre um juízo de valor
que consiste em compreender por “função” as
atividades de uma parte que seriam “boas” para o
funcionamento do todo, pois contribuem para a
manutenção e a integridade de um sistema social.
As teorias funcionalistas
Com base empírica, as teorias funcionalistas buscam entender a
comunicação a partir de regras de funcionamento e de funções
sociais.

A partir dos anos 1920, nos Estados Unidos, diversas pesquisas


sobre as comunicações de massas são desenvolvidas no âmbito
da chamada Escola de Chicago.

Essas pesquisas consolidaram uma visão instrumental da mídia,


entendida como instrumento indispensável para a gestão
governamental das opiniões e para a adesão das massas.
Harold D. Lasswell
o modelo linear e a
teoria da agulha hipodérmica
Harold D. Lasswell (1902 - 1978)
Cientista político e sociólogo, publicou obras importantes com
ênfase nos usos políticos dos meios de comunicação:

● Propaganda Technique in the World War (1927)


● Psychopathology and Politics (1930)
● World Politics and Insecurity (1935)
● Politics: Who Gets What, When, How (1936)
● Power and Personality (1948)
O modelo linear de Lasswell
O modelo linear de Lasswell

Quem o emissor ou comunicador análise de controle


da mensagem

Diz o quê o conteúdo da mensagem análise de conteúdo

Através de qual meio a mídia ou canal (medium) análise da mídia

Para quem o receptor ou a audiência análise da audiência


da mensagem

Com que efeito os efeitos pragmáticos e o análise dos efeitos


feedback do receptor
O modelo linear de Lasswell
Ênfase em dois pontos: a análise dos efeitos e a análise de conteúdo,
que fornecem elementos para orientar a abordagem do público.

Visa à descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo


manifesto das comunicações. A atenção aos efeitos da mídia sobre os
receptores, a constante avaliação, com fins práticos, das
transformações em seus conhecimentos, comportamentos, atitudes,
emoções, opiniões e atos são submetidas à exigência de resultados
formulada por agentes preocupados em pôr em números a eficácia e
uma campanha governamental, publicitária ou de relações públicas.
O modelo linear de Lasswell
Lasswell creditava um grande poder aos meios de comunicação,
usando como metáforas do processo o impacto à distância provocado
pelas mensagens (míssil/bala mágica) e a injeção direta de ideias no
público (agulha hipodérmica).

Os efeitos da comunicação seriam sempre assegurados e quase


ilimitados: todas as ideias comunicadas seriam absorvidas sem
resistência ou interpretação ativa por parte do receptor.

Essa teoria ia ao encontro das elaborações de Gustave LeBon sobre os


métodos de controle das multidões e as descobertas do behaviorismo
radical e da psicologia comportamental (Pavlov, Skinner).
A agulha hipodérmica ou a bala mágica
Características:
● Onipotência da mídia, efeito instantâneo e inevitável das
mensagens

● Receptores passivos e tomados como um todo homogêneo

● Sentido unidirecional da comunicação (transmissão)

● Construção eficaz da opinião pública


Funções da comunicação na sociedade
segundo Lasswell

1. A vigilância do meio, revelando tudo o que poderia


ameaçar ou afetar o sistema de valores de uma
comunidade ou de suas partes

2. O estabelecimento de relações entre os componentes da


sociedade para produzir uma resposta ao meio

3. A transmissão da herança social

4. A diversão e o entretenimento
Paul Lazarsfeld
a teoria do duplo fluxo
two-step flow communication
Paul Lazarsfeld (1901 - 1976)
Financiado pela rede radiofônica CBS, inaugurou
projetos de pesquisa administrativa com estudos
quantitativos sobre audiências.

Aperfeiçoou métodos para análises de programas


(program analyzer) ou máquinas de perfis (profile
machine), registrando reações do ouvinte em termos de
aprovação, aversão ou indiferença.
A pesquisa administrativa
Vontade de formalização matemática dos fatos sociais.

Atitude de “administrador” preocupado em aperfeiçoar


instrumentos de avaliação úteis, operatórios, para os
controladores da mídia, considerados neutros.

Insinua-se a ideia de que uma ciência da sociedade não pode


ter por objetivo a construção de uma sociedade melhor - os
processos de comunicação são abstraídos dos modos de
organização do poder econômico e político.
Two-step flow: fluxo em duas etapas
Descoberta de um elemento intermediário entre o ponto
inicial e o ponto final do processo de comunicação,
pondo em questão o princípio lasswelliano do efeito
direto e indiferenciado.

A partir de métodos empíricos, constatou que os


receptores não formam um todo homogêneo. Ao
estudar os processos de decisão individuais,
redescobrem a importância dos “líderes de opinião”.
Two-step flow: fluxo em duas etapas
A formação da opinião se dá num fluxo de duas etapas: no
primeiro degrau estão as pessoas relativamente bem
informadas, diretamente expostas à mídia; no segundo, há
aquelas que frequentam menos a mídia e dependem dos outros
para obter informação.

A influência das mensagens não é direta; passa pela mediação e


pelo “filtro” dos formadores de opinião. Kurt Lewin e a decisão de
grupo: ganha contornos mais precisos a noção de gatekeeper, ou
controlador de fluxo de informação, o “formador de opinião”.
Two-step flow: fluxo em duas etapas
No domínio eleitoral, Lazarsfeld estudou os estágios sucessivos da
decisão em vias de ser tomada. O método podia ser generalizado no
processo de adoção de uma máquina ou adubo por agricultores, de
um bem de consumo, de uma prática higiênica, de uma tecnologia
etc. Esse modo de ver estabelece degraus ou steps sucessivos
pelos quais devia passar toda a adoção de um novo produto ou
comportamento. Surgiram modelos para codificar graus de
consciência, interesse, avaliação, adoção ou rejeição que serviam
para determinar os modos de comunicação (de massa ou
interpessoais) mais aptos a levar à adoção da inovação.
//www.meioemensagem.com.br/home/marketing/2019/12/05/76-dos-internautas-sao-impactados-por-influenciadores.
Claude Shannon
teoria matemática da comunicação
teoria da informação
Claude Shannon (1916 - 2001)
Matemático e engenheiro elétrico, Shannon foi admitido em 1941
pelos laboratórios Bell, filial da empresa de telecomunicações
American Telegraph & Telephone (AT&T).

Durante a guerra, trabalhou especialmente na área de criptografia e


começou a formular hipóteses da sua teoria matemática da
comunicação.

Shannon propõe um esquema do "sistema geral de comunicação",


cujo problema é "reproduzir, em um ponto dado, de maneira exata ou
aproximativa, uma mensagem selecionada em outro ponto".
A teoria matemática da comunicação
O objetivo é delinear o quadro matemático para quantificar o custo
de uma mensagem, de uma comunicação entre os dois polos desse
sistema, em presença de perturbações aleatórias ("ruídos")
indesejáveis porque impedem o "isomorfismo" ou a plena
correspondência entre os dois polos.

Origina-se das hipóteses de Ralph Hartley sobre a medida precisa da


informação associada à emissão de símbolos, ancestral do bit
(binary digit) e do trabalho de Alan Turing, que concebeu uma
máquina capaz de tratar essa informação.
A teoria matemática da comunicação
A fonte dá forma à mensagem que, transformada em "informação"
pelo codificador, é recebida no outro extremo da cadeia. O que
interessa é a lógica do mecanismo – essa teoria não leva em conta
a significação dos sinais, o sentido que lhe atribui o destinatário e a
intenção dos emissores.

Numerosos estudos nas ciências humanas passam a adotar as


noções de informação, transmissão, codificação, decodificação,
ruído etc., bem como a concepção do processo de comunicação
como linha reta entre um ponto de partida e um ponto de chegada.
Norbert Wiener
a teoria cibernética
Norbert Wiener (1894 - 1964)
Matemático fundador da cibernética, uma ciência da comunicação e
do controle que permite entrever a organização da sociedade futura
com base nessa nova matéria-prima que é a "informação".

Foi professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e


realizou contribuições para o campo da engenharia e da
comunicação eletrônica, e dos sistemas de controle.

Concebeu que todo comportamento inteligente é resultado de


mecanismos de feedback que poderiam ser simulados por
máquinas.
A teoria cibernética
Etimologicamente a palavra cibernética deriva do grego kybernan,
que significa conduzir ou pilotar um navio, figurativamente
relacionada com a arte de dirigir ou de governar (controlar).

Designa uma ampla teoria interdisciplinar referente ao controle de


processos complexos que ocorrem em seres vivos e em máquinas.
Ela reuniu cientistas e pesquisadores das áreas da matemática, da
engenharia e da computação, da psicologia, das ciências cognitivas,
da antropologia, da linguística etc.

Seu princípio básico é o da retroalimentação (feedback), ou da


correção contínua de erros em um sistema.
A utopia cibernética
A informação deve poder circular. A sociedade da informação só pode
existir sob a condição de troca sem barreiras. Ela é por definição
incompatível com o embargo ou com a prática do segredo, com as
desigualdades de acesso à informação e sua transformação em
mercadoria.

Diferentemente de Shannon, e ainda sob impacto da barbárie da


Segunda Guerra Mundial, Wiener não se abstém de comentar sobre a
evolução social, e condena o aumento de controle dos meios de
comunicação – um sistema que deveria contribuir para a homeostase
social e que caiu nas mãos de quem se preocupa acima de tudo com o
poder e o dinheiro.
4 questões sobre as teorias funcionalistas:

https://forms.gle/axgx3HS5bTZjw3WE9

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